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Por dentro do governo

como funciona a máquina pública


Antônio Augusto de Queiroz

Por dentro do governo


como funciona a máquina pública
Por dentro do governo: como funciona a máquina pública

Ficha técnica
A série Estudos Políticos é uma publicação do Diap
(Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar)

Supervisão
Ulisses Riedel de Resende

Pesquisa e texto
Antônio Augusto de Queiroz

Revisão
Sarah Pontes
Alex Cojorian

Colaboradores da equipe do Diap


André Luiz dos Santos
Alysson de Sá Alves
Iva Cristina Pereira Sant´Ana
Marcos Verlaine da Silva Pinto
Neuriberg Dias do Rego
Ricardo Dias de Carvalho
Viviane Ponte Sena

Editoração eletrônica e capa


F4 Comunicação

Impressão:
Gráfika Papel e Cores

Queiroz, Antônio Augusto de.


Por dentro do governo: como funciona a máquina pública /
pesquisa e texto: Antônio Augusto de Queiroz. -- Brasília: DIAP, 2009.
p. 262 (Série estudos políticos)

ISBN 978-85-62483-04-2

1. Administração pública, Brasil. 2. Poder Executivo, Brasil. 3. Es-


tado moderno, Brasil. 4. Políticas públicas, Brasil. I. Título. II. Série.

CDU 354(81)
Apresentação

É com grande satisfação que o Diap (Departamento Intersindical de


Assessoria Parlamentar) lança a publicação Por dentro do governo: como fun-
ciona a máquina pública, mais uma edição da série Estudos Políticos, dentro
do esforço de esclarecimento e valorização das instituições que formam o
Estado brasileiro.
A publicação, de autoria do jornalista, analista político e diretor de
documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, segue o mesmo
padrão de outro sucesso editorial da entidade, o livro Por dentro do processo
decisório – como se fazem as leis, cuja tiragem já superou 10 mil exemplares.
Este novo livro nasceu da constatação de que poucas pessoas no Brasil
sabem o que são, para que servem, o que fazem e como funcionam as ins-
tituições do Estado, o que, do ponto de vista da cidadania, é uma tragédia,
pois ser cidadão é, antes de tudo, ter consciência e fazer valer seus direitos e
cumprir seus deveres, cujo processo de construção e implementação passa
pelas instituições.
Em nosso país, infelizmente, as editoras, as escolas e os veículos de
comunicação não têm dado a devida atenção ao papel das instituições
públicas, com esclarecimentos sobre sua importância estratégica para a
sociedade, seja na regulação das relações entre as pessoas ou entre estas
e o Estado, seja no provimento de políticas públicas que requeiram a
alocação de recursos orçamentários.
O livro, destinado a instruir ações de cidadania, proporciona ao leitor
uma visão sistêmica do arranjo institucional do Estado brasileiro, com análise,
dicas e informações sobre o processo decisório nos Poderes da República,
em particular no Poder Executivo, para que a sociedade civil e os cidadãos,
informados da estrutura e das regras da tomada de decisão, possam atuar
no acompanhamento, formulação, implementação, avaliação e fiscalização
das políticas públicas.
Com mais esta publicação, esperamos suprir tal lacuna na literatura
brasileira, que, como dito, tem dado pouca importância à divulgação do
papel e da forma de atuação do Estado brasileiro.

Celso Napolitano
Presidente do Diap
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Agradecimentos

À equipe do Diap, nas pessoas dos jornalistas Alysson de Sá Alves,


assessor parlamentar, que deu importante contribuição na redação e
conferência dos dados relativos aos Ministérios; e de Viviane Ponte Sena,
jornalista, assessora de imprensa, pela revisão e contribuições na mon-
tagem da publicação.
Às entidades que incentivaram e apoiaram esta publicação ANABB,
ANFFA SINDICAL, ANFIP, ANPPREV, CGTB, CNTI, CONDSEF,
CSPB, CTB, CUT, FECOMERCIÁRIOS-SP, FENAJUFE, FENAPEF, FORÇA
SINDICAL, NCST, SIMERS, SINAL, SINAIT, SINDIFISCO-NACIONAL,
SINDILEGIS, SINDIRECEITA, SINPRO/SP, SINPROFAZ e UGT.
Aos especialistas e profissionais que leram criticamente e apresentaram
sugestões, especialmente Aldemario Araujo Castro, professor e procurador
da Fazenda Nacional; Alexandre Marinis, economista político e diretor da
Mosaico Consultoria Política; Geraldo Rodrigues Costa Júnior, coordenador
de informação e articulação externa da Estratégia da Petrobras; Luiz Alberto
dos Santos, mestre em Administração Pública, doutor em sociologia, consultor
legislativo do Senado e Subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas
Governamentais da Casa Civil da Presidência da República; Marcos Augusto
de Queiroz, jornalista e analista da Consultoria Política Arko Advice; Maria
Clara Bicudo Cezar, bibliotecária; Maria Lúcia de Santana Braga, doutora em
sociologia e professora universitária; Miguel Gerônimo da N. Neto, especialista
em processo legislativo e consultor da Câmara dos Deputados; Paulo Mendes,
especialista em regulação da Anvisa; Pedro Robson Neiva, mestre e doutor
em Ciência Política, Rômulo Osório Castelo Branco, advogado, economista e
diretor da Consultoria Política Arko Advice; Ulisses Rapassi, analista político
e diretor da Consultoria Política Macropolítica.
À equipe da F4 Comunicação, na pessoa de Fernanda Medeiros da
Costa, pela criação da capa, programação visual e formatação dos textos.
Finalmente, um agradecimento especial à Diretoria do Diap, nas pes-
soas de Celso Napolitano, presidente; Epaminondas Lino de Jesus, superin-
tendente; Izac Antônio de Oliveira, diretor-tesoureiro; e Ulisses Riedel de
Resende, Diretor-Técnico e supervisor deste livro, pelo incentivo e apoio na
realização desta publicação.

Brasília, dezembro de 2009.


Antônio Augusto de Queiroz

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Índice/Sumário

Introdução ............................................................................................................................................ 11
1. O Estado moderno e seus monopólios......................................................................................... 13
2. Formas e sistemas de governo ...................................................................................................... 17
3. Organização Política Brasileira ..................................................................................................... 20
4. Organização dos Poderes ............................................................................................................... 22
4.1. Poder Legislativo: composição e atribuições ....................................................................... 23
4.2. Poder Executivo: administração direta e indireta ............................................................... 27
4.3. Poder Judiciário: estrutura e atribuições .............................................................................. 30
4.4. Funções essenciais à Justiça .................................................................................................... 33
4.4.1. Ministério Público.......................................................................................................... 34
4.4.2. Defensoria Pública ......................................................................................................... 34
4.4.3. Advocacia-Geral da União ........................................................................................... 37
5. Prestação jurisdicional.................................................................................................................... 45
6. Processo decisório no Poder Executivo ....................................................................................... 49
7. Dinâmica da administração pública ............................................................................................. 52
8. Processos institucionais: funcionamento da administração pública ....................................... 54
9. Lógica de formação do governo: comandos políticos e técnicos ............................................. 57
10. Mensuração de influência de órgãos e cargos .......................................................................... 59
11. Livre provimento de cargos e profissionalização do serviço público ................................... 66
12. Sistemas estruturadores do governo federal ........................................................................... 69
13. Relações governamentais ou institucionais: governo versus sociedade ............................... 74
14. Condições para interação entre sociedade e governo.............................................................. 78
15. Políticas públicas e ciclo orçamentário ...................................................................................... 81
15.1. Políticas públicas.................................................................................................................. 81
15.2. Processo de interação na formulação de políticas públicas ........................................... 82
15.3. Ciclo orçamentário............................................................................................................... 84
16. Estrutura da Presidência da República ...................................................................................... 89
16.1.Órgãos essenciais da Presidência da República ............................................................... 92
16.2. Gabinete Pessoal do Presidente da República ................................................................. 92
16.3. Casa Civil da Presidência da República ........................................................................... 94
16.3.1. Subchefia de Acompanhamento e Análise de Políticas Governamentais ....... 96
16.3.2. Subchefia de Articulação e Monitoramento ......................................................... 97
16.3.3. Subchefia para Assuntos Jurídicos ........................................................................ 98
16.4. Secretaria-Geral da Presidência da República ................................................................. 99
16.5. Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República ........................... 100
16.6. Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República ........................... 103
16.7. Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República ............................. 105
16.8. Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República ................................ 106
16.9. Órgãos de assessoramento imediato ao Presidente da República.............................. 107
16.9.1. Assessoria Especial do presidente da República ............................................... 108
16.9.2. Advogado-geral da União .................................................................................... 108
16.9.3. Conselho de Governo ............................................................................................ 108
16.9.4. Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social ......................................... 110
16.9.5. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional ............................. 110
16.9.6. Conselho Nacional de Política Energética .......................................................... 111
16.9.7. Conselho Nacional de Integração de Política de Transporte........................... 112
16.10. Órgãos de consulta da Presidência da República ....................................................... 112
16.10.1. Conselho da República ..................................................................................... 113
16.10.2. Conselho de Defesa Nacional .......................................................................... 113
16.11. Órgãos integrantes da Presidência da República........................................................ 114
16.11.1. Controladoria-Geral da União ......................................................................... 114
16.11.2. Secretaria-Executiva .......................................................................................... 115
16.11.3. Corregedoria-Geral da União .......................................................................... 115
16.11.4. Ouvidoria-Geral da União ............................................................................... 116
16.11.5. Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas........... 116
16.11.6. Secretaria Federal de Controle Interno .......................................................... 117
16.12. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres....................................................... 118
16.13. Secretaria Especial dos Direitos Humanos .................................................................. 118
16.14. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial .......................... 119
16.15. Secretaria Especial dos Portos........................................................................................ 120
17. Agências reguladoras ................................................................................................................ 121
18. Ministérios.................................................................................................................................... 125
18.1. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ................................................. 127
18.2. Ministério das Cidades ..................................................................................................... 133
18.3. Ministério da Ciência e Tecnologia ................................................................................. 137
18.4. Ministério das Comunicações .......................................................................................... 143
18.5. Ministério da Cultura ........................................................................................................ 147
18.6. Ministério da Defesa.......................................................................................................... 153
18.7. Ministério do Desenvolvimento Agrário ....................................................................... 157
18.8. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ............................... 161
18.9. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ......................................... 167
18.10. Ministério da Educação .................................................................................................. 173
18.11. Ministério do Esporte ...................................................................................................... 179
18.12. Ministério da Fazenda..................................................................................................... 183
18.13. Ministério da Integração Nacional ................................................................................ 191
18.14. Ministério da Justiça ........................................................................................................ 197
18.15. Ministério do Meio Ambiente ........................................................................................ 203
18.16. Ministério de Minas e Energia ....................................................................................... 209
18.17. Ministério da Pesca e Aquicultura ................................................................................ 217
18.18. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão ..................................................... 221
18.19. Ministério da Previdência Social ................................................................................... 227
18.20. Ministério das Relações Exteriores................................................................................ 231
18.21. Ministério da Saúde......................................................................................................... 235
18.22. Ministério do Trabalho e Emprego ............................................................................... 241
18.23. Ministério dos Transportes............................................................................................. 247
18.24. Ministério do Turismo .................................................................................................... 251
19. Consideração finais ..................................................................................................................... 253
20. Principais siglas utilizadas......................................................................................................... 256
21. Referências bibliográficas .......................................................................................................... 260
Introdução

O propósito deste livro é oferecer aos leitores – especialmente aos que


gostam de política – uma visão do funcionamento do Estado brasileiro, com
foco no Poder Executivo.
Serão apresentados, de modo acessível, dados e informações sobre a
estrutura político-administrativa, as atribuições dos agentes políticos, os re-
cursos de poder dos órgãos e instituições da administração pública, além de
identificados os principais centros de formulação, implementação e avaliação
das políticas públicas no governo federal.
A publicação, para efeitos de clareza e objetividade, foi organizada em
capítulos curtos, e começa com noções básicas sobre a evolução do Estado
moderno, com detalhes sobre seus monopólios e dimensões de poder, bem
como sobre as principais conquistas da humanidade nos últimos quatro sé-
culos, especialmente as diversas gerações de direitos, passa pelos sistemas
e formas de governo, pela organização política brasileira e pela composição
e funcionamento dos poderes Legislativo e Judiciário, até chegar ao Poder
Executivo, objeto de análise detalhada.
A ideia, portanto, é proporcionar ao leitor uma visão sistêmica do
arranjo institucional do Estado brasileiro, cujas bases estão consagradas no
ordenamento jurídico, particularmente nas leis e na Constituição do país,
e jogar luzes sobre o que são, como são, o que fazem e como funcionam as
instituições públicas, especialmente do Poder Executivo.
O livro, assim, visa cumprir o objetivo de esclarecer sobre o funcio-
namento do aparelho de Estado, seus órgãos, agentes e espaços, para que
a sociedade civil e os cidadãos, informados da estrutura e das regras do
processo decisório no Poder Executivo, possam atuar no acompanhamento,
formulação, implementação, avaliação e fiscalização das políticas públicas.
A publicação cuida essencialmente dos princípios, estruturas, regras
e procedimentos que regem a administração pública, bem como de suas
atribuições, competências, hierarquia e importância. Registra a estrutura
hierárquica de cargos nos diversos órgãos, instituições e instâncias de-
cisórias, sem mencionar nomes dos atuais titulares. O leitor poderá ter
acesso aos ocupantes dos cargos e postos de mando na administração

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POR DENTRO DO GOVERNO

pública federal consultando os endereços eletrônicos e portais informados


ao longo dos capítulos.
Finalmente, chama atenção para os avanços no governo federal em
matéria de profissionalização, transparência e controle, e alerta para a ne-
cessidade de aprovação de leis que institucionalizem a prestação de contas,
o acesso à informação e a participação no processo decisório, bem como
ampliem os espaços de atuação da sociedade na relação Estado-cidadão, es-
pecialmente na formulação de políticas públicas e na gestão governamental,
dentro do princípio da governança participativa.

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COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

1. O Estado moderno e seus monopólios

Neste tópico, o objetivo é situar o leitor em relação aos pilares do


Estado, especialmente os monopólios e as dimensões do Estado moder-
no; chamar a atenção para as conquistas da humanidade nos últimos
séculos, notadamente para as cinco gerações de direitos (civis, políticos,
sociais, difusos e coletivos, e o biodireito ou os direitos bioéticos), além
de alertar para a necessidade de fiscalização e controle, pela sociedade,
dos poderes do Estado.
O processo civilizatório criou o Estado moderno – cujos elementos
constitutivos são o governo soberano, o povo, o território e fins – e reservou
para ele, sob a forma de monopólio, os direitos de punir, de tributar e de
legislar, como condições necessárias e suficientes para organizar a vida em
sociedade e evitar a tirania dos fortes sobre os fracos.
O direito de punir, ou primeiro monopólio, que consiste no poder
de polícia e de arregimentação de exército, é uma prerrogativa exclusiva
das instituições estatais. Ninguém, pessoa física ou jurídica, poderá se
armar, punir ou constranger cidadãos com o emprego da força física.
O monopólio do Estado sobre o uso da violência, como dizia o sociólo-
go alemão Max Weber, foi instituído para preservar a vida de todos os
cidadãos.
O direito de tributar, ou o segundo monopólio, representado pela
licença para cobrar tributos (impostos, taxas e contribuições) de modo com-
pulsório de toda a sociedade, é outra prerrogativa exclusiva estatal. O Estado
é o único ente com o poder de tributar, além de gerir e alocar o excedente
econômico, mediante retirada de parte da riqueza produzida pela sociedade
sob a forma de tributos.
O direito de legislar, ou o terceiro monopólio, consubstanciado no po-
der de editar leis com vigor universal, valendo para todos e para cada um
dos cidadãos, é também uma prerrogativa exclusiva do Estado. Ninguém,
além do ente estatal, poderá definir o que os indivíduos, grupos ou classes
sociais devem fazer obrigatoriamente.

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POR DENTRO DO GOVERNO

Os poderes do Estado moderno possuem ou se expressam em cin-


co dimensões, segundo Júlio Nabais,1 que devem ter como pressuposto a
legitimidade e a efetividade. São elas: Estado poder; Estado ético; Estado
estratégico; Estado técnico e Estado servidor.
A primeira dimensão, de Estado poder, deve ser exercida, responsavel-
mente, em benefício e para satisfação dos interesses coletivos. A segunda,
de Estado ético, pauta-se por princípios, rege-se por valores e confiança.
A terceira dimensão, de Estado estratégico, precisa ter visão, projetos
de futuro, prioridades claras e desejo de inovação. A quarta, de Estado
técnico, visa à organização, ao desenho, à informação e à capacidade de
gestão. Por fim, a quinta dimensão, do Estado servidor, relaciona-se com
a prestação de serviços, com a cultura de atendimento aos cidadãos, com
presteza e urbanidade.
O exercício dos três monopólios e das cinco dimensões do Estado
moderno, na República, está a cargo dos poderes Judiciário, Executivo e
Legislativo, um controlando o outro. É o que Guillermo O’Donnel chama
de controle horizontal.
O controle horizontal ou estatal, entretanto, nem sempre estabelece o
equilíbrio necessário, por isso a necessidade e a importância da fiscalização
da sociedade, por intermédio do controle vertical.
Segundo O’Donnel, o controle horizontal aparece para complementar
o controle vertical, já que a sociedade não pode exercê-lo sempre. O controle
vertical estaria presente, principalmente, nas eleições.
Os poderes atribuídos ao Estado precisam ser fiscalizados e contro-
lados – afinal, são exercidos por pessoas, agentes políticos, que possuem
preferências e visão de mundo de acordo com sua formação, ideologia, in-
teresses etc. Do mesmo modo que podem ser empregados em favor do bem
coletivo, podem ser direcionados para a proteção de interesses individuais
ou de determinados grupos em detrimento do conjunto da coletividade.
Nos quatro últimos séculos, graças à organização e à pressão
social, a humanidade deu grandes saltos de qualidade em matéria de
direitos e liberdades, sempre na perspectiva da organização da vida
em sociedade e da garantia dos direitos de cidadania.
1 Conferir palestra “A situação na administração pública portuguesa”, proferida no Fórum sobre a implementação de Políticas de Conflitos de
Interesses no Serviço Público, Rio de Janeiro, 5-6 de maio de 2004, p.5.

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COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Ao longo desse período, foram conquistadas cinco gerações de direitos,


cuja implementação tem possibilitado melhoria significativa nas condições
de vida dos povos em diversos continentes.2
Na primeira geração, conquistada no século XVIII, estão os direitos
civis e as liberdades, como direito à vida, à propriedade, à segurança, à in-
tegridade física, de acesso à justiça e da ampla defesa, bem como à liberdade
de ir e vir, de pensamento, de opinião e expressão, entre outros.
Na segunda geração, que surgiu no século XIX, estão os direitos polí-
ticos, como o de associação e reunião, de organização política, partidária e
sindical, de participação político-eleitoral (votar e ser votado), de sufrágio
universal, liberdade de imprensa e de alternância no poder, entre outros.
Na terceira geração, adquirida a partir da segunda década do século XX,
estão os direitos sociais, econômicos e culturais, os primeiros a implicarem
custos para governos e empresas. Inclui o direito ao trabalho, ao salário justo,
à jornada de oito horas, ao descanso semanal remunerado, à aposentadoria
digna, ao seguro-desemprego, à saúde, à educação e ao lazer, entre outros.
Na quarta geração, conquistada a partir da segunda metade do século
XX, estão os direitos difusos (com um sujeito indeterminado) e coletivos
(humanitários e válidos para todos). No primeiro caso, incluem-se os direitos
do consumidor, das mulheres, das crianças e adolescentes, dos idosos, das
minorias étnicas, sociais, dos portadores de deficiências ou necessidades
especiais, entre outros; no segundo, estão o direito de autodeterminação dos
povos, ao desenvolvimento autossustentável, à qualidade de vida e a um
meio ambiente equilibrado, à paz e ao bem-estar social.
Na quinta geração, uma realidade do século XXI, estão os direitos
bioéticos, como a interdição da intervenção indébita na estrutura da vida,
o direito de regular as novas formas de vida produzidas por engenharia
genética (transgênicos), os direitos do nascituro, a questão da eutanásia, o
aborto, entre outros.
A implementação desses direitos variou e se altera de acordo com o
grau de desenvolvimento de cada país. No Brasil, por exemplo, o usufruto
dessas conquistas só se tornou realidade a partir do século XX. Embora
nos últimos dez anos a renda dos 50% mais pobres tenha crescido 22%,
2 Conferir o artigo de Regis de Morais, “Direitos humanos: uma edificação de séculos”, publicado no livro organizado por Arnaldo L. Filho e all.
Sociologia geral e do Direito, Campinas: Alínea, 2004, pp. 181-196.

 15 
POR DENTRO DO GOVERNO

os 10% mais ricos ainda concentram 43% da riqueza no Brasil, e possuem


renda 40,6 vezes superior à dos 10% mais pobres. Somente sete países no
mundo, entre 182 comparados pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, apresentam situação pior que o Brasil em termos de
concentração de renda.
O desafio do século XXI é aprofundar as conquistas da humanidade,
mediante a organização das pessoas, e garantir o exercício pleno da cidadania,
com o acesso aos direitos sociais (educação, trabalho, previdência, saúde,
lazer e cultura), aos direitos políticos (votar e ser votado) e aos direitos civis
(liberdade de expressão, liberdade de ir e vir etc.), entre outros.
A perspectiva deve ser de intensificação da pressão sobre os governos,
parlamentos e organismos internacionais para a completa e generalizada
implementação desses novos ou recentes ramos do direito, como direito do
consumidor, ambiental, dos negros, dos idosos, deficientes, das crianças e
adolescentes, da mulher.
Nesse sentido, a organização e a participação são indispensáveis, tanto
para evitar abusos no emprego, pelo Estado, dos monopólios (de punir, tri-
butar e legislar), quanto para defender a universalização desses direitos.
Assim, deve-se fiscalizar para que a justiça seja a mais simétrica e
equitativa possível, aplicando-a igualmente para ricos e pobres; com carga
tributária equilibrada e de acordo com a capacidade contributiva, e com
garantia da contrapartida em bens e serviços pelos impostos arrecadados;
e que as leis alcancem a todos, indistintamente.

 16 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

2. Formas e sistemas de governo

Neste tópico, trataremos de alguns conceitos e definições a respeito


das formas e sistemas de governo praticadas no mundo, tanto no passado
quanto no presente. O propósito é facilitar a compreensão de alguns conceitos
geralmente citados no debate político e parlamentar.
Conceitualmente, a forma de governo relaciona-se com o modo como
é estabelecido o poder na sociedade e a maneira como se dá a relação entre
governantes e governados, ou seja, cuida de quem exerce o poder e como o
exerce num determinado país. Convencionalmente, são três as formas pos-
síveis de governo: Monarquia, Aristocracia e República.
A Monarquia, governo de um só, de origem hereditária e vitalícia, é uma
das formas mais antigas de governo, que nos seus primórdios não possuía
vínculos de legitimidade. Nasceu como uma instituição militar, em que o
rei era o chefe militar de seu povo, e, com a criação e fixação dos povos
em territórios, evoluiu para uma instituição política. Ela passou por três
estágios evolutivos: o feudal, o absolutista e o constitucional. Nos dois
primeiros, o abuso de autoridade era comum. Os monarcas ou reis frequen-
temente eram tiranos, opressores e cruéis com seus povos.
A Aristocracia, governo de poucos, é uma forma de organização social
e política liderada por classes privilegiadas, formadas em geral por nobres,
fidalgos ou membros de castas. Como regra, ela se transformava em oligar-
quia, governo de um mesmo partido, família ou classe social.
A República é a forma de governo que se baseia no consenso dos cidadãos,
obtido por meio de instituições que lhe são próprias. Como regra, é um regime
no qual há alternância no poder, com eleições regulares. Em sentido puro, seria
o governo guiado pela coisa pública, pelos interesses da coletividade.
Sua degeneração leva à demagogia ou à anarquia.
Já o sistema de governo, conceitualmente, tem a ver com relação
entres os poderes, notadamente o Legislativo e o Executivo, no exercício
das funções governamentais.
Os tipos de sistema de governo são três: presidencialismo, parlamen-
tarismo e misto ou semipresidencialista. Esta última modalidade, também
conceituada como híbrida, tornou-se muito diversificada, com a sua expansão
nas novas democracias, especialmente no leste europeu.

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POR DENTRO DO GOVERNO

Para facilitar a compreensão, citaremos presidencialismo e parlamen-


tarismo puros, quando nos referirmos aos modelos clássicos, e apenas pre-
sidencialismo ou parlamentares, quando tratarmos dos sistemas mistos.
O presidencialismo puro é o sistema de governo em que o presidente
da república acumula as funções de chefe de governo, chefe de Estado e líder
da nação. É eleito, possui mandato fixo e, exceto por impeachment,3 não está
sujeito a destituição.
Como regra, o presidencialismo concentra muitos poderes nas mãos
do governante e são escassos os mecanismos para solução de crise ou im-
passe com outros poderes, levando, em algumas situações, a regimes de
exceção. No tópico 17 (Estrutura da Presidência da República), a seguir,
estão detalhadas as atribuições do presidente da República do Brasil nas
três dimensões.
O parlamentarismo puro, diferentemente do presidencialismo,
separa as funções de chefe de governo e chefe de Estado. O governo é
exercido por um conselho de ministros, tendo o primeiro-ministro ou o
chanceler as responsabilidades de chefe de governo, respondendo pela
administração do país.
Nesse sistema, o primeiro-ministro é indicado pelo partido ou por coa-
lizão majoritária e eleito pela maioria do legislativo, situação em que possui
a prerrogativa de dissolver o parlamento, com a consequente convocação
de eleição extraordinária.
No sistema parlamentarista, o gabinete assume funções de governo,
cabendo ao parlamento a sustentação política do primeiro-ministro e de seu
conselho de ministros, sejam estes parlamentares ou não. A responsabilidade
pela administração, portanto, passa a ser do parlamento.
As crises no sistema parlamentarista puro, diferentemente do presiden-
cialismo, são resolvidas com a censura ou a retirada de confiança ao gabinete,
que resulta na queda do primeiro-ministro e seu conselho, ou na dissolução
do parlamento, com convocação de eleições extraordinárias.
Assim, a seguir, estão sintetizadas as diferenças entre presidencialismo
e parlamentarismo puros.

3 Impeachment é uma palavra inglesa que se refere ao procedimento utilizado no processo de cassação de mandato do chefe do Poder Exe-
cutivo, a exemplo do ex-presidente Fernando Collor.

 18 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

No parlamentarismo, o governo nasce do congresso, é escolhido pelo


congresso, e depende da confiança dos parlamentares para executar seu
programa de governo, bem como para a continuidade do gabinete.
No presidencialismo, há dupla legitimidade. Assim, tanto o presi-
dente da república quanto os parlamentares são eleitos pelo voto direto da
população. O presidente da república possui mandato fixo, é independente
do legislativo e é o único titular do poder presidencial, sendo os ministros
de Estado meros auxiliares de sua livre escolha,4 embora, em alguns casos,
sua investidura dependa de aprovação do poder legislativo, como ocorre
nos Estados Unidos para cargos como secretário de Estado e do tesouro,
que exercem funções ministeriais; e no Brasil, para o cargo de presidente do
Banco Central, que tem status ministerial.
O sistema misto ou semipresidencialismo, segundo Sérgio Praça,5 possui
três características: i) o presidente é eleito por toda a população; ii) o presidente
possui grandes poderes, como o de dissolver o parlamento; e iii) o primeiro-
ministro e seu gabinete possuem poderes executivos, mas a investidura e a
permanência no cargo dependem da confiança do parlamento.
O primeiro-ministro, como regra, é designado pelo presidente da re-
pública e, uma vez aprovado pelo congresso, é nomeado juntamente com os
demais integrantes do gabinete. A permanência no cargo, entretanto, depende
do apoio do poder legislativo, que aprova ou rejeita o programa de governo
do gabinete ou conselho de ministros.
No sistema misto, em que convivem um presidente eleito e um gabinete
(primeiro-ministro e seu conselho) escolhido e sustentado pelo parlamento,
existe a possibilidade de o primeiro-ministro pertencer a um partido diferente
e até de oposição ao presidente. São bons exemplos desse sistema: Portugal,
França e Finlândia. Em caso de impasse, o presidente tem a prerrogativa de
dissolver o parlamento.

4 O presidencialismo nos Estados Unidos é exceção, já que lá são eleitos os delegados que, por sua vez, elegem o presidente.
5 Nota de aula 03, Parlamentarismo e presidencialismo: sistema de Governo, consultada em 16 /10/2009 no portal:
www.socialdemocrata.net/.../Curso%20de%20Formação%20Política%20-%20Aula%2003.htm

 19 
POR DENTRO DO GOVERNO

3. Organização Política Brasileira

Neste tópico, o propósito é discorrer sobre o desenho federativo, a re-


partição dos poderes e os níveis de governo, e as funções dos três poderes,
com informação sobre as formas de escolha de seus titulares. Cada país, por
intermédio de sua constituição, define sua estrutura e princípios, expressos
na organização política e administrativa, que detalhamos a seguir.
O Estado se organiza e se compõe a partir da constituição, que, no caso
brasileiro, estabelece a sua estrutura e princípios programáticos, tais como
o regime político (democrático), a forma de governo (república), o sistema
de governo (presidencialista) e a ordem econômico-social, com relevo
para garantias e direitos individuais, que são disciplinados na legislação
infraconstitucional.
A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel
dos estados, municípios e Distrito Federal, que se constitui em Estado De-
mocrático de Direito, e tem como fundamentos: a soberania; a cidadania,
a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa e o pluralismo político.
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, segundo
o artigo 3º da Constituição Federal, são: i) construir uma sociedade livre, justa
e solidária; ii) garantir o desenvolvimento nacional; iii) erradicar a pobreza,
a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e iv) pro-
mover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade, e
quaisquer outras formas de descriminação.
Já as macrofunções do Estado, indispensáveis à garantia da ordem
econômica e da ordem social, são: i) função política, que consiste na definição
de direitos e deveres; ii) função executiva, voltada para a implementação de
políticas; iii) função jurisdicional, direcionada à solução de litígios; e iv) função
fiscalizadora, ou seja, de controle da ação estatal.
De acordo com a Constituição Federal, a ordem econômica (art. 170), fun-
dada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por finalidade
assegurar a todos existência digna. Já a ordem social (art. 193), tem como base o
primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social.
O Estado, assim, exerce papel indispensável na formulação de po-
líticas públicas, na regulação da competitividade e na promoção do bem
comum da sociedade.
Para o cumprimento desses postulados, a República Federativa
do Brasil, do ponto de vista da organização política, adota os princípios

 20 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

da repartição do poder em três níveis de governo (União, estados e


municípios) e da separação funcional dos poderes (Executivo, Legis-
lativo e Judiciário).
Dos três níveis de governo, o município é a menor unidade, sendo o
Brasil o único país no mundo em que o município é considerado uma Unidade
da Federação. Em sua estrutura, há duas diferenças em relação à União e aos
estados e uma em relação ao Distrito Federal: o município e o DF não possuem
Constituição (são regidos por Lei Orgânica) e o município não possui os três
poderes, mas apenas dois: o Executivo (prefeito) e o Legislativo (Câmara de
Vereadores). Já a União, os estados e o Distrito Federal possuem os três poderes
em sua estrutura, conforme a tabela I, a seguir.
Tabela I – Poderes nos três níveis de governo
PODER PÚBLICO EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO
Conselho Nacional
de Justiça, Tribunais
Presidência da Congresso
Federal Superiores, Tribunais
República Nacional
Regionais e Juízes de
Primeira Instância
Assembleia
Tribunal de Justiça
Legislativa
Estadual/DF Governadoria e Juízes de Primeira
ou Câmara
Instância
Legislativa
Câmara de
Municipal Prefeitura -
Vereadores

Os poderes políticos da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) são


independentes e harmônicos entre si, com responsabilidades e atribuições
específicas, que se complementam. Com exceção do Judiciário, cujos mem-
bros possuem caráter vitalício, os demais poderes são legitimados pelo voto,
dentro do espírito republicano de alternância no poder.
A importância dos agentes políticos na direção de dois dos três poderes
nos três níveis de governo pode ser medida pelo número de cargos ocupados
por eleição no Executivo e no Legislativo brasileiro: 59.223.
No Poder Executivo, são 5.591 cargos, sendo um de presidente da Re-
pública, 27 de governadores e 5.563 de prefeitos. No Legislativo, são 53.632,
sendo 81 senadores, 513 deputados federais, 1.059 deputados estaduais e
51.979 vereadores. A partir de 2013, quando entrará em vigor a Emenda
Constitucional nº 58/2009, que amplia o número de vagas nas Câmaras
Municipais, o número de vereadores subirá para 59.791.

 21 
POR DENTRO DO GOVERNO

4. Organização dos Poderes

Neste tópico, o objetivo é tratar da organização e das funções dos poderes,


com informações sobre as formas de escolha de seus titulares, bem como suas
competências e atribuições, conforme disciplina a Constituição Federal.
A Constituição Federal, em seu Título IV, tratou da Organização dos
Poderes em quatro Capítulos, e destinou o Capítulo I ao Poder Legislativo,
o Capítulo II ao Poder Executivo, o Capítulo III ao Poder Judiciário e o Capí-
tulo IV às “Funções Essenciais à Justiça”, incluindo neste último o Ministério
Público, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública.
Os constituintes, ao colocarem as instituições que exercem funções
essenciais à Justiça no Capítulo da Organização dos Poderes, mas sem su-
bordinação a nenhum dos Três Poderes, quiseram valorizar e caracterizar a
independência e a autonomia operacional dessas instituições em relação aos
poderes, uma nova tendência nos sistemas de controle.6
Durante considerável período histórico, o sistema de freios e contra-
pesos próprio da divisão ou das funções dos poderes, idealizado pelo pen-
samento liberal, foi considerado um importante (e suficiente) instrumento
de controle da atuação estatal, notadamente para conter abusos e desvios
no seio do Poder Público.
Ocorre, entretanto, que a crescente complexidade da vida econômica,
política e social, inclusive com o alargamento do papel e do “tamanho” do
Estado, decretou a insuficiência dos instrumentos clássicos ou tradicionais de
controle da vida democrática dentro e fora do Poder Público, em particular
o aludido sistema de freios e contrapesos.
No Brasil, a consciência, cada vez mais presente, da necessidade de
controles mais efetivos sobre as ações multifacetadas do Poder Público re-
sultou na construção de importantes instituições nas últimas décadas, como:
i) as Cortes de Contas; ii) o Ministério Público; iii) os sistemas de Controle
Interno; iv) a Advocacia Pública; e v) a Controladoria-Geral.
Trata-se de um fenômeno contemporâneo caracterizado pela mul-
tiplicação de órgãos constitucionalmente autônomos com nítidas fun-
6 No caso da Advocacia-Geral da União, contudo, sendo a instituição responsável por exercer as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo, sua vinculação a esse Poder, inclusive do ponto de vista hierárquico, é inquestionável. O mesmo princípio aplica-se
às Procuradorias dos estados e do Distrito Federal.

 22 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

ções de controle, uma verdadeira pluralização de centros de poder para


tornar mais eficientes os controles recíprocos no exercício das funções
públicas.
Todos esses fatores resultam neste tópico, destinado a descrever o que
fazem os poderes e seus agentes, no qual também incluímos as instituições
que exercem funções essenciais à Justiça, na exata ordem em que estão lis-
tadas no Título IV da Constituição Federal.

4.1. Poder Legislativo: composição e atribuições

O Poder Legislativo Federal é bicameral, composto pela Câmara dos


Deputados, que representa o povo, e pelo Senado Federal, que representa
as entidades federadas (os estados e o Distrito Federal), e se reúne ordina-
riamente em Brasília no período de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de
agosto a 22 de dezembro.
Os deputados, com mandato de quatro anos, são eleitos pelo sistema
proporcional. Cada um dos 26 estados e o Distrito Federal podem eleger o
mínimo de oito e o máximo de setenta, dependendo do tamanho da popu-
lação, limitada a composição total da Câmara Federal a 513 deputados. Já os
senadores, em número de 81, são eleitos pelo sistema majoritário para um
mandato de oito anos, sendo três por Unidade da Federação, alternando a
eleição de um terço numa eleição e dois terços na seguinte.
O Congresso Nacional exerce suas atribuições constitucionais, isola-
damente, na Câmara e no Senado, ou conjuntamente, em sessão das duas
Casas num mesmo plenário. São três as principais atribuições do Congresso:
representar o povo e as Unidades da Federação, fiscalizar a aplicação dos
recursos públicos e legislar.
Em sua função representativa, os deputados e senadores, como inte-
grantes do Congresso Nacional, falam em nome da população, participam de
eventos, mediam conflitos sociais, intermediam demandas, abrem canais de
diálogo, negociação e encaminhamento de soluções entre representantes de
segmentos sociais, lideranças políticas e autoridades do governo, proferem
discursos, enfim, articulam consensos, conciliam interesses das diversas
correntes e segmentos sociais ou econômicos.

 23 
POR DENTRO DO GOVERNO

No exercício das funções de fiscalização e controle, que são praticadas


nas dimensões política e constitucional, os congressistas dispõem de ins-
trumentos e meios – entre os quais as comissões de fiscalização financeira
e controle e as comissões parlamentares de inquérito –, da prerrogativa de
requisitar documentos e, para efeito externo, do Tribunal de Contas da União,
como órgão auxiliar do Congresso Nacional, que realiza a fiscalização finan-
ceira, orçamentária, contábil e operacional da União, quanto a legalidade,
legitimidade e economicidade, a aplicação das subvenções e renúncias de
receitas dos poderes do Estado.
A dimensão política do controle consiste em criticar atitudes, compor-
tamentos e atos do governo, convocar autoridades, investigar fatos determi-
nados, aprovar nome de autoridades, acusar, processar e julgar o presidente,
seu vice e ministros, apreciar vetos presidenciais, sustar atos que exorbitem
do poder regulamentar ou da delegação legislativa, julgar as contas do Pre-
sidente da República, entre outras.
A dimensão constitucional da fiscalização e do controle compreende
os aspectos contábeis, financeiros, orçamentários, operacional e patrimonial
da União e das entidades da administração direta e indireta, cuja operacio-
nalização se processa por intermédio das peças orçamentárias e fiscais, de
conformidade com os prazos e ritos definidos na lei e na Constituição.
No plano legislativo, compete ao Congresso Nacional deliberar
sobre todas as matérias de competência da União, envolvendo desde as
leis de caráter regulatório, passando pelas que criam, majoram ou redu-
zem impostos, taxas e contribuições, como também pelas que ampliam
ou restringem direitos sociais, sem se furtar de disciplinar a alocação e
aplicação dos recursos públicos.
O processo ou procedimento legislativo, segundo o artigo 59 da Cons-
tituição, compreende a elaboração de: i) emendas à Constituição; ii) leis
complementares; iii) leis ordinárias; iv) leis delegadas; v) medidas provisó-
rias; vi) decretos legislativos; e vii) resoluções. Além da tipologia, o processo
legislativo inclui o rito de elaboração, redação e consolidação das leis, assim
como a iniciativa, a tramitação, a votação, a sanção e a publicação.
As competências legislativas, ainda de acordo com a Constitui-
ção, possuem três dimensões: ii) as privativas da União (art. 22 da CF);

 24 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

ii) as comuns à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios


(art. 23 da CF); e iii) as concorrentes entre a União, os estados e o Distrito
Federal (art. 24).
As atribuições legislativas do Congresso, para facilitar o entendimento,
podem ser classificadas em três níveis, segundo a Constituição Federal (CF):
geral, exclusiva e privativa.
As atribuições gerais (art. 48 da CF) consistem em elaborar as leis da
República, com a sanção do Presidente da República, e emendar a Consti-
tuição, fazendo uso do poder constituinte derivado.
As exclusivas (art. 49 da CF) compreendem atos que prescindem de
sanção e, portanto, são imunes ao veto presidencial. Entre essas, incluem-se
a aprovação dos tratados internacionais que acarretem encargos ou compro-
missos gravosos ao patrimônio nacional, dos quais o Brasil faça parte, e as
Propostas de Emenda à Constituição (PECs).
As privativas estão relacionadas aos assuntos internos da Câmara, do
Senado e do Congresso, aos temas que lhes foram delegados pela Carta Po-
lítica, ou destinadas à ratificação de atos dos Poderes Executivo e Judiciário,
entre outros assuntos previstos na Constituição Federal.
As atribuições privativas da Câmara (art. 51 da CF) podem ser reunidas
em cinco itens: i) autorizar a instauração de processo contra o presidente da
República, seu vice e os ministros de Estado; ii) proceder à tomada de contas
do presidente da República; iii) dispor sobre organização e funcionamento
interno, inclusive polícia; iv) eleger membros para o Conselho da República;
e v) elaborar e modificar o seu regimento interno.
O Senado Federal, igualmente, possui atribuições privativas (art. 52
da CF). Entre elas, as mais importantes são: i) a prerrogativa de proces-
sar e julgar o presidente da República, seu vice e os ministros de Estado;
ii) a aprovação de nomeações de magistrados, ministros do Tribunal de
Contas da União, diretores do Banco Central e de Agências Reguladoras;
procurador-geral da República e outros titulares de cargos públicos; iii) a
autorização de empréstimos externos aos estados e municípios; iv) a fixação
de limites de endividamento dos entes federativos (União, estados, DF e
municípios); e v) a sustação da execução de lei declarada inconstitucional
por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.

 25 
POR DENTRO DO GOVERNO

O Congresso Nacional, em reuniões e sessões mistas, em que deputados


e senadores se reúnem conjuntamente, também por determinação constitu-
cional, delibera sobre matérias orçamentárias (Plano Plurianual – PPA, Lei de
Diretrizes Orçamentárias – LDO, Lei Orçamentária Anual – LOA, Créditos
Adicionais), aprecia os vetos presidenciais, elabora seus regimentos internos,
recebe o compromisso do presidente da República e de seu vice, além de
inaugurar a sessão legislativa.
Registre-se, ainda, que o Congresso Nacional desempenha três papeis
na esfera legislativa: i) legislador federal; ii) legislador nacional; e iii) legislador
como Poder Constituinte Derivado. O primeiro consiste na aprovação e vali-
dação das leis que obrigam as pessoas e entes no plano da União. O segundo
refere-se às leis que, além das pessoas e instituições na esfera federal, aplicam-se
aos estados e municípios. Por sua vez, o terceiro diz respeito à prerrogativa de
alterar a Constituição Federal, nos limites por ela mesma definido.
Em suas funções legislativas, o Congresso Nacional – assim como
a Câmara e o Senado separadamente – deve observar alguns preceitos,
indispensáveis à legitimidade do processo de elaboração das leis, como:
i) participação plena dos parlamentares; ii) respeito às normas regimen-
tais, o que garante a legalidade e publicidade dos debates e decisões;
iii) preservação dos direitos de minorias; iv) decisão colegiada; v) conhe-
cimento prévio da pauta de votações; e vi) possibilidade de negociações,
nos limites admitidos regimentalmente.
As atividades das Casas do Congresso estão organizadas em torno de
funções de direção, deliberação, controle interno; e função auxiliar. A função
de direção é exercida pelas Mesas da Câmara, do Senado e do Congresso
Nacional; a deliberativa, pelo Colégio de Líderes, pelo Plenário e pelas Co-
missões; a de controle interno, pelas Corregedorias, Ouvidorias e Secretarias
de Controle Interno; e a de auxílio ou auxiliar, pelas Procuradorias.
O Poder Legislativo é o mais transparente e aberto à participação da
sociedade. Como exemplo, cita-se a apresentação de proposições, o acesso à
Comissão de Legislação Participativa, a apresentação de projeto de iniciativa
popular, como também o amplo acesso aos seus bancos de dados, via internet,
ou a presença em audiência pública, comissões gerais e outras instâncias de
contato com os cidadãos.

 26 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

A missão dos parlamentares (deputados e senadores) nas democracias


é exatamente a de reconhecer, garantir e proteger as liberdades e os direi-
tos fundamentais da cidadania, da qual são delegados. E ao cidadão, como
titular do poder, compete fiscalizar o desempenho dos eleitos, cobrando
compromissos e ética no exercício das funções públicas.
Assim, cabe à sociedade em geral, e aos setores organizados em par-
ticular, monitorar as atividades dos Poderes, especialmente do Legislativo
e do Executivo. Contudo, para acompanhar e influenciar nas tomadas de
decisões, nos três níveis e esferas de governo, é fundamental conhecer o
processo decisório, incluindo as táticas e estratégias empregadas, os atores
envolvidos, os instrumentos e as regras utilizadas.7

4.2. Poder Executivo: administração direta e indireta

Ao Poder Executivo compete, entre outras atribuições, exercer a direção


superior da administração federal; participar do processo legislativo, por
meio de iniciativa de leis, adoção de medidas provisórias, aposição de vetos
ou sanção aos projetos de lei, promulgação, publicação e regulamentação das
leis; arrecadar e administrar os tributos; nomear e exonerar seus servidores
públicos, inclusive ministros de Estado; celebrar tratados, declarar guerra e
fazer a paz; comandar as Forças Armadas; decretar estado de defesa e estado
de sítio; decretar e executar intervenção federal nos estados.
O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República e auxiliado
pelos ministros de Estado. Suas atividades são desenvolvidas e realizadas
pela administração pública que, segundo o art. 37 da Constituição, deve
obediência aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, pu-
blicidade e eficiência.
As competências dos órgãos da Presidência da República, as atri-
buições dos ministérios e o vínculo das entidades compreendidas na
administração indireta, além da estrutura básica dos ministérios e dos
órgãos da Presidência da República, estão disciplinados na Lei nº 10.683,
de 28 de maio de 2003.

7 A este respeito, recomenda-se a leitura do livro Por dentro do processo decisório: como se fazem as leis, editado em 2006 pelo DIAP – De-
partamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.

 27 
POR DENTRO DO GOVERNO

Essa Lei, editada no primeiro ano do governo Lula, define claramente


o funcionamento dos órgãos governamentais, que segue um padrão proce-
dimental, tanto na administração direta como na indireta, cujo conhecimento
ajuda a compreender como as decisões são tomadas no governo.
A administração pública divide-se entre direta ou centralizada, exercida
por meio dos ministérios e órgãos da Presidência da República; e indireta ou
descentralizada, conduzida pelas autarquias, fundações, empresas públicas
e sociedades de economia mista.
A administração direta é formada pelo conjunto de órgãos que integram
a estrutura administrativa da União (Presidência da República e ministérios)
e responde pela direção superior, regulamentação e administração.
Em novembro de 2009, a administração direta tinha a seguinte com-
posição: a) a Presidência da República, Vice-Presidência e mais treze órgãos
cujos titulares possuíam status ministerial (Advocacia-Geral da União, Banco
Central do Brasil, Controladoria-Geral da União, Casa Civil, Secretaria-Geral,
Secretaria de Relações Institucionais, Secretaria de Comunicação, Gabinete
de Segurança Institucional, Secretaria de Assuntos Estratégicos, Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, Secretaria Especial dos Portos, Secretaria Especial
de Direitos Humanos); e b) 24 ministérios.
O número de ministérios e órgãos com status de ministério varia de go-
verno para governo, sendo atribuição do presidente da República defini-los,
segundo o grau de prioridade dado aos temas a cargo dessas instâncias.

Tabela II – Quantidade de Ministérios por Governo


José Fernando Itamar FHC I FHC II Lula I Lula II
Sarney Collor Franco

15/03/1985 15/03/1990 02/10/1992 1º/01/1995 1º/01/1999 1º/01/2003


a a a a a a 1º/01/2007
15/03/1990 02/10/1992 1º/01/1995 1º/01/1999 1º/01/2003 1º/01/2007

25 + 3 17 + 2 21 + 7 24 + 2 30 + 4 24 + 9 24 + 13
(status)* (status) (status) (status) (status) (status) (status)

*Ministérios e secretarias especiais com titular nomeado com status de ministro de Estado.

 28 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Já a administração indireta, que responde pela execução de atividades,


é constituída pelas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades
de economia mista, com características próprias definidas em lei, inclusive
os regimes trabalhistas, que são diferentes entre as empresas e instituições.
As autarquias são entidades autônomas, de personalidade jurídica
de direito público, com gestão administrativa e financeira descentralizada,
criadas por lei para exercer atividades típicas de Estado, com patrimônio
próprio e gozo de imunidade tributária, sujeitas ao regime jurídico único de
pessoal da administração federal. No uso de sua autonomia administrativa
e financeira, as autarquias são responsáveis por seus atos.
Entre as autarquias de maior importância e visibilidade, destacam-se
o Banco Central do Brasil, o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS),
o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Superinten-
dência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o Instituto Nacional da Pro-
priedade Industrial (Inpi), a Superintendência de Seguros Privados (Susep)
e todas as agências reguladoras.
As fundações públicas são entidades autônomas sem fins lucrativos,
de personalidade jurídica própria, com gestão administrativa e financeira
descentralizada, criadas mediante autorização legal para desenvolver ativi-
dades que não sejam exclusivas de Estado, custeadas com recursos da União
e de outras fontes. Gozam de alguma imunidade tributária, são vinculadas
ao Ministério da área correlata, e seus funcionários, segundo o caput art.
39 da CF, são regidos pelo regime jurídico único da administração pública
federal. O seu regime jurídico pode ser de direito público ou privado, e lei
complementar deverá definir as áreas de sua atuação.
Entre as fundações públicas de maior destaque estão a Fundação
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação Nacional
de Saúde (Funasa), a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Fundação
Nacional de Artes (Funarte), a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e a Fundação Universidade de Brasília (FUB).

 29 
POR DENTRO DO GOVERNO

As empresas públicas são entidades autônomas, criadas mediante


autorização legal para prestar serviço público ou para explorar atividade
econômica, de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio e capital exclusivamente público, com pessoal regido pela Consoli-
dação das Leis do Trabalho (CLT).
Entre as principais empresas públicas estão o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (ECT), a Caixa Econômica Federal (CEF), a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), a Casa da Moeda do Brasil, a Empresa de Tecno-
logia e Informações da Previdência Social (Dataprev) e o Serviço Federal
de Processamento de Dados (Serpro).
As sociedades de economia mista são entidades criadas mediante
autorização legal para a exploração de atividade econômica, de personalidade
jurídica de direito privado, sob a forma de sociedade anônima, com patrimônio
e recursos próprios. Supervisionadas pelo ministério da área, têm seu pessoal
contratado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Entre as principais
estão o Banco do Brasil, a Petrobras e a Eletrobrás e suas subsidiárias.
O número de órgãos e entidades na administração pública direta e indire-
ta, em 2009, somava 282 órgãos e entidades, sendo, na administração direta, 24
ministérios e 13 órgãos com status ministerial; e, na indireta, 154 autarquias, 37
fundações públicas, 39 empresas públicas e 13 sociedades de economia mista.8
A estrutura, as atribuições, as competências, os processos institucionais,
a lógica de formação e funcionamento do governo e da máquina pública,
assim como as disputas que envolvem o processo decisório, serão detalhados
nos próximos tópicos desta publicação.

4.3. Poder Judiciário: estrutura e atribuições

O Poder Judiciário, cujos integrantes são vitalícios e inamovíveis, é o


principal pilar da prestação jurisdicional, que também inclui o Ministério
8 Conferir apresentação de Sheila Maria Reis Ribeiro, Oficina: nº 3 – “Organização e funcionamento da administração pública brasileira”, de
Sheila Maria Reis Ribeiro, na VI Semana de Administração Orçamentária, Financeira e de Contratações Públicas, Brasília, consultado em
09/11/2009 e disponível em: https://www.gespublica.gov.br/folder_publicacoes/pasta.2009-07-27.7881034804/pasta.2009-09-03.8383125787/Semana%20
Orcamentaria%20Federal%20-%20Organizacao%20e%20funcionamento%20da%20administracao%20publica%20-%20atualizada%20-%2020-08-2009.pdf

 30 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Público, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública. Sua função, no Estado


Democrático de Direito, é julgar a aplicação da lei, fazer o controle de cons-
titucionalidade e promover a justiça.
A função jurisdicional, que consiste na obrigação e na prerrogativa
de compor os conflitos de interesse em situações concretas, mediante um
processo judicial, com a aplicação de normas gerais e abstratas, é a missão
maior da magistratura.
Em termos gerais, o controle de constitucionalidade, realizado
sempre por provocação, que analisa os atos ou normas legais à luz da
Constituição, possui dois sistemas: i) o difuso, feito por todos os órgãos
do Poder Judiciário, mas válido apenas para o caso objeto de decisão; e
ii) o concentrado, feito pelo Supremo Tribunal Federal, mediante ação
direta de inconstitucionalidade e outras ações como ação declaratória
de constitucionalidade, cuja decisão favorável ataca a lei ou ato nor-
mativo em tese.
A promoção da Justiça se materializa com a prestação jurisdicional,
ou seja, a decisão com ganho de causa a quem de direito, e, de preferência,
com a celeridade para que haja reparação de danos ou evite prejuízos irre-
paráveis às partes em litígio.
Segundo o artigo 92 da Constituição, o Poder Judiciário é exercido
pelos seguintes órgãos:
I – Supremo Tribunal Federal;
II – Superior Tribunal de Justiça;
III – Tribunais Regionais Federais e juízes federais;
IV – Tribunais e juízes do trabalho;
V – Tribunais e juízes eleitorais;
VI – Tribunais e juízes militares; e
VII – Tribunais e juízes dos estados e do Distrito Federal e Território.
A estrutura do Poder Judiciário, com duplo grau de jurisdição, é or-
ganizada por instâncias, dentro de um sistema hierárquico, observada a
competência dos diversos órgãos.
O Poder Judiciário está organizado em duas esferas de governo – federal
e estadual – de acordo com a competência de cada ente. À justiça estadual

 31 
POR DENTRO DO GOVERNO

compete julgar ações que não estejam reservadas à Justiça Federal, inclusive
em grau de recurso.
Os processos de primeira instância, em razão do duplo grau de juris-
dição, podem ser revistos pelas instâncias superiores. A decisão de primeira
instância é individual, de um juiz isoladamente, enquanto nas instâncias
superiores as decisões são colegiadas.
Um processo trabalhista, por exemplo, ingressa numa vara e, havendo
recurso, pode ser remetido para o Tribunal Regional, chegar ao Tribunal
Superior do Trabalho e até ao Supremo Tribunal Federal, se houver matéria
constitucional e recursos nesse sentido.
Ao Poder Judiciário da União, que aplica e administra a Justiça Federal
ou Comum e também a Especializada, compete julgar os conflitos, contro-
lar o abuso de poder ou de autoridade, reparar danos e, principalmente,
assegurar a soberania da Justiça e a realização dos direitos individuais nas
relações sociais.
A Justiça Federal ou Comum é composta pelos Tribunais Regionais
Federais e juízes federais e responde pelo julgamento das ações envolvendo
a União, as autarquias e fundações públicas federais.
A Justiça Especializada é formada pela Justiça do Trabalho, Eleitoral e
Militar. A primeira concilia e julga os conflitos individuais ou coletivos nas
relações de trabalho. À segunda, além da organização, fiscalização, apuração
das eleições e diplomação dos eleitos, compete julgar os casos de inelegibi-
lidade ou de abuso de poder econômico, entre outros. À terceira e última
compete processar e julgar os crimes de natureza militar definidos em lei.
O Supremo Tribunal Federal, composto de onze membros, é o órgão
máximo do Poder Judiciário, que tem como função primordial a guarda da
Constituição Federal, enquanto o Superior Tribunal de Justiça, composto de
33 ministros, responde pela guarda do direito nacional infraconstitucional
por intermédio da harmonização das decisões proferidas pelos tribunais
regionais federais e pelos tribunais estaduais de segunda instância.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), criado em 2004, faz parte do es-
forço de modernização, controle e transparência administrativa e processual
do Poder Judiciário, tanto no aspecto financeiro, quanto no cumprimento
dos deveres funcionais dos juízes.

 32 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Trata-se de um órgão do Poder Judiciário com sede em Brasília e


atuação em todo o território nacional, que tem por finalidade aperfeiço-
ar o serviço público de prestação da Justiça. Criado dentro da reforma
do Judiciário (Emenda Constitucional nº 45/2004), nos termos do art.
103-B, da Constituição Federal, é presidido pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal.
O CNJ é composto de quinze membros com mais de 35 e menos de 66
anos de idade, dos quais nove são magistrados indicados pelos Tribunais
Superiores e seis externos ao Poder Judiciário, sendo dois membros do Minis-
tério Público, indicados pelo procurador-geral da República, dois advogados,
indicados pelo Conselho Federal da OAB, e dois cidadãos, de notório saber
jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e ou-
tro pelo Senado Federal, que, após terem seus nomes aprovados pela maioria
absoluta do Senado Federal, serão nomeados pelo presidente da República,
para mandato de dois anos, permitida uma recondução.

4.4. Funções essenciais à Justiça

Os órgãos que exercem funções essenciais à Justiça, segundo os artigos


127 a 135 da Constituição, são o Ministério Público, a Defensoria Pública e
a Advocacia Pública, que, ao lado da advocacia privada, são instituições
auxiliares, mas externas, aos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
O advogado ou a advocacia privada, conforme o artigo 133 da Constituição,
também é indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por
atos e manifestações no exercício da profissão.
A advocacia pública, organizada na União, nos estados e no Distrito
Federal, classifica-se, segundo Diogo de Figueiredo, em três dimensões,
embora não se limite a isto: i) da sociedade, a cargo do Ministério Público;
ii) dos necessitados, de responsabilidade da Defensoria Pública; e iii) do
Estado, de competência da AGU e Procuradorias.
No plano municipal, as leis orgânicas, especialmente dos grandes
municípios e capitais, têm criado Procuradorias nos mesmos moldes das
Procuradorias nos Estados, utilizando como parâmetros os princípios do
artigo 132 da Constituição Federal.

 33 
POR DENTRO DO GOVERNO

4.4.1. Ministério Público

O Ministério Público, de acordo com o artigo 127 da Constituição


Federal, é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, a quem cabe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Está dividido entre Minis-
tério Público da União e Ministérios Públicos dos Estados, sendo o primeiro
desmembrado em Ministério Público: i) Federal; ii) do Trabalho; iii) Militar;
e iv) do Distrito Federal e Territórios.
Espécie de fiscal da sociedade e da lei, o Ministério Público, cujas funções
estão disciplinadas no artigo 129 da Constituição, tem como chefe o procurador-
geral da República, nomeado pelo presidente da República entre os integrantes
da carreira maiores de 35, após aprovação do seu nome pela maioria absoluta
do Senado Federal para mandato de três anos, permitida a recondução.
Ao procurador-geral da República compete, entre outras funções,
manifestar-se previamente em todos os processos de sua responsabilidade
perante o Supremo Tribunal Federal, cabendo-lhe, ainda, propor a Ação
Direta de Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual,
além de ações penais e civis públicas e pedidos de intervenção federal nos
estados e no Distrito Federal.
O procurador-geral da República, além de chefe do Ministério
Público da União, é o procurador-geral eleitoral e o presidente: i) do
Colégio de Procuradores da República; ii) do Conselho Superior do Mi-
nistério Público Federal; iii) do Conselho de Assessoramento Superior
do Ministério Público; e iv) da Comissão de Concurso.
A carreira do Ministério Público Federal é constituída dos cargos de
subprocurador-geral da República, procurador regional da República e pro-
curador da República, sendo este o cargo inicial da carreira.

4.4.2. Defensoria Pública

À Defensoria Pública, outra instituição essencial à função jurisdicional


do Estado, compete a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e

 34 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e


coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, entendendo-se como
tal os pobres ou os indivíduos que comprovarem insuficiência de recursos,
nos termos dos artigos 5º, inciso LXXIV, e 134 da Constituição Federal.
Nos termos constitucionais e das Leis Complementares nº 80/94 e
132/2009, compete à Defensoria Pública, entre outras atribuições:
– prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em
todos os graus;
– promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios,
visando à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio
de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e
administração de conflitos;
– promover a difusão e a conscientização dos direitos humanos,
da cidadania e do ordenamento jurídico;
– prestar atendimento interdisciplinar, por meio de órgãos ou de ser-
vidores de suas carreiras de apoio para o exercício de suas atribuições;
– exercer, mediante o recebimento dos autos com vista à ampla defesa
e o contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos
administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instân-
cias, ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes de
propiciar a adequada e efetiva defesa de seus interesses;
– representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos hu-
manos, postulando perante seus órgãos;
– promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de
propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais
homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupos de
pessoas hipossuficientes;
– exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos
e individuais homogêneos e dos direitos do consumidor, na forma do inciso
LXXIV do art. 5º da Constituição Federal;
– impetrar habeas corpus, mandado de injunção, habeas data e mandado
de segurança ou qualquer outra ação em defesa das funções institucionais e
prerrogativas de seus órgãos de execução;

 35 
POR DENTRO DO GOVERNO

– promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos neces-


sitados, abrangendo seus direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos,
culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de ações capazes
de propiciar sua adequada e efetiva tutela;
– exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos da criança e
do adolescente, do idoso, da pessoa portadora de necessidades especiais,
da mulher vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos sociais
vulneráveis que mereçam proteção especial do Estado;
– acompanhar inquérito policial, inclusive com a comunicação ime-
diata da prisão em flagrante pela autoridade policial, quando o preso não
constituir advogado;
– patrocinar ação penal privada e a subsidiária da pública;
– exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei;
– atuar nos estabelecimentos policiais, penitenciários e de internação de
adolescentes, visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer circunstâncias,
o exercício pleno de seus direitos e garantias fundamentais;
– atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de
tortura, abusos sexuais, discriminação ou qualquer outra forma de opressão
ou violência, propiciando o acompanhamento e o atendimento interdisci-
plinar das vítimas;
– atuar nos Juizados Especiais;
– participar, quando tiver assento, dos conselhos federais, estaduais e
municipais afetos às funções institucionais da Defensoria Pública, respeitadas
as atribuições de seus ramos;
– executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atu-
ação, inclusive quando devidas por quaisquer entes públicos, reservando-
as a fundos geridos pela Defensoria Pública destinados, exclusivamente,
ao aparelhamento da Defensoria Pública e à capacitação profissional de seus
membros e servidores; e
– convocar audiências públicas para discutir matérias relacionadas às
suas funções institucionais.
A Defensoria Pública está organizada, embora ainda de modo insu-
ficiente, nos planos federal e estadual. Na Administração Pública Federal,

 36 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

vincula-se, administrativamente, ao Ministério da Justiça. Na esfera estadual,


goza de autonomia.
O defensor público, cargo cujo ingresso exige formação jurídica e
aprovação em concurso público, é independente no exercício de sua missão,
podendo litigar em favor dos interesses de seus assistidos em todas as ins-
tâncias, independente de quem ocupe o polo contrário da relação processual,
seja pessoa física ou jurídica, a administração pública ou a administração
privada, em todos os seus segmentos.
As áreas de competência são amplas, tanto no plano federal quanto
no estadual, e incluem o ajuizamento e acompanhamento de ações nos
campos cível, penal, prisional, de direitos humanos, violência doméstica,
infância e juventude, tutelas coletivas e consumidor, regulação fundiária,
entre outras.
As maiores demandas são na área de família e sucessão, como alimen-
tos, paternidade, guarda e tutela; e na fazenda pública, especialmente no for-
necimento de medicação, internação hospitalar, educação, transporte etc.

4.4.3. Advocacia-Geral da União

A Advocacia-Geral da União (AGU), órgão essencial à Justiça, cujo titu-


lar ocupa cargo político de ministro de Estado, faz a representação judicial e
extrajudicial da União (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), com atu-
ação no contencioso na defesa dos três poderes. Exerce, ainda, as atividades
de consultoria e assessoramento jurídico no âmbito do Poder Executivo.
No contencioso, a Advocacia-Geral da União, por intermédio dos
Advogados da União, dos Procuradores da Fazenda Nacional e dos Pro-
curadores Federais, responde pela representação judicial nas ações em
que a União, incluindo as autarquias e fundações, figura como autora,
ré, ou, ainda, terceira interessada, promovendo a defesa das políticas,
do interesse, do Erário e dos agentes públicos, com excelentes resultados
favoráveis à administração direta federal e suas autarquias e fundações
públicas. A representação extrajudicial é exercida perante entidades não
vinculadas à Justiça, como órgãos administrativos da União, dos estados
ou municípios, inclusive em contratos internacionais.

 37 
POR DENTRO DO GOVERNO

A AGU, na representação judicial, possui uma série de prerrogativas


comparativamente aos demais usuários da Justiça. Entre as vantagens
pode-se mencionar o direito à intimação pessoal dos advogados públicos,
o prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar, o triplo
grau obrigatório ou o reexame necessário, a dispensa de pagamento
para interposição de recurso, a facilidade para suspensão de liminares
e cautelares contra a União, a prerrogativa de ingressar, a pedido do
presidente da República, com Ação Declaratória de Constitucionalidade
(ADC), entre outras.
No consultivo, a atuação da AGU é voltada para o controle interno
da legalidade e constitucionalidade dos atos da Administração, a partir do
assessoramento e orientação aos dirigentes e aos órgãos do Poder Executivo
Federal, suas autarquias e fundações, com iniciativas de natureza preventiva
e de solução de controvérsias entre órgãos a fim de dar segurança jurídica
aos atos administrativos, especialmente em matéria de políticas públicas,
licitações e contratos e, ainda, na proposição e análise de medidas legislativas
(leis, MPs, decretos e resoluções).
O papel da Advocacia-Geral da União não tem sido suficientemente
divulgado perante a sociedade, que desconhece o poder dessa importante
instituição de Estado. Além do contencioso, do consultivo, da conciliação
e da arbitragem, a AGU é a instituição responsável pela elaboração das
manifestações do presidente da República perante o Supremo Tribunal
Federal, especialmente em ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade,
ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade e ADPF – Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental, bem como pela edição de
pareceres que, aprovados pelo presidente da República, vinculam toda
a Administração Pública Federal.
Nos termos do art. 40 da Lei Complementar nº 73/1993, os enunciados e
súmulas da AGU, após aprovados pelo presidente da República e publicados,
constituem jurisprudência obrigatória e vinculante na administração direta
e indireta da União. Os pareceres aprovados e publicados com despacho
presidencial equivalem a enunciado ou súmula da AGU. Parecer aprovado,
mas não publicado, obriga apenas as repartições interessadas, a partir do
momento em que dele tenham ciência.

 38 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Além da formatação jurídico-constitucional às políticas públicas, com


a finalidade de preservar os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos,
e da prevenção do surgimento de litígios e disputas jurídicas, a AGU, sob a
coordenação do Consultor-Geral da União, desenvolve atividades de concilia-
ção e arbitramento, cujo objetivo é resolver administrativamente litígios entre
União, autarquias e fundações, ou entre estes entes da União e os estados da
Federação, contribuindo para desafogar o Poder Judiciário.
A Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, que trata da
organização e das atribuições da Advocacia Pública Federal, definiu a com-
posição da AGU da seguinte forma:
– Órgãos de direção superior: Advogado-Geral da União, Procuradoria-
Geral da União, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Consultoria-Geral
da União, Conselho Superior da Advocacia-Geral da União e Corregedoria-
Geral da Advocacia da União.
– Órgãos de execução: Procuradorias Regionais da União, Procurado-
rias Regionais da Fazenda Nacional, Procuradorias da União nos Estados
e no Distrito Federal, Procuradorias da Fazenda Nacional nos Estados e no
Distrito Federal, Procuradorias Seccionais da União, Procuradorias Seccio-
nais da Fazenda Nacional, Consultoria da União e consultorias jurídicas nos
ministérios.
– Órgãos vinculados: procuradorias e departamentos jurídicos de
autarquias e fundações públicas federais, órgãos de execução da Procura-
doria Geral Federal, criada pela Lei nº 10.480, de 2 de julho de 2002, com
o objetivo de racionalização da representação judicial e extrajudicial da
administração indireta.
A Lei nº 10.480, de 2002, posterior à Lei Complementar nº 73/ 1993,
criou a Procuradoria-Geral Federal (PGF), que responde pela defesa judicial
e extrajudicial das autarquias e fundações públicas federais. Anteprojeto de
lei, elaborado pela AGU, foi enviado à Presidência da República propondo
a inclusão da PGF na Lei Complementar nº 73, dando-lhe o status de Órgão
de Direção Superior da Advocacia-Geral da União, o que de fato já ocorre.
Desse modo, a estrutura destinada às atividades finalísticas da AGU
inclui, além do Gabinete do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, o
Gabinete do substituto do advogado-geral da União, que também respon-

 39 
POR DENTRO DO GOVERNO

de pela Secretaria-Geral de Consultoria; a Consultoria-Geral da União; a


Procuradoria-Geral da União; a Procuradoria-Geral Federal; a Secretaria-
Geral do Contencioso; a Corregedoria-Geral da Advocacia da União; e a
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
Ao substituto do advogado-geral da União, que responde pela ad-
ministração da instituição, incumbe – além de substituir o titular em seus
impedimentos, licenças ou férias – coordenar, consolidar e submeter ao
advogado-geral o plano de ação global da instituição e de seus órgãos
vinculados. Compete-lhe, ainda, supervisionar e avaliar a execução dos
projetos e atividades da AGU, bem como promover a articulação entre
os órgãos de direção superior, assim como destes com os demais órgãos
e entidades do Poder Executivo.
Na dimensão de secretário-geral de consultoria e ocupante de cargo de
natureza especial, o substituto do advogado-geral exerce a coordenação dos
trabalhos jurídicos dos consultores da União, assiste ao advogado-geral da
união no exame de questões que lhes são submetidas por órgãos ou entida-
des da administração, mantém contato com autoridades, órgãos e entes da
administração para dar-lhes ciência de providências judiciais de interesse
deles, bem como coordena a elaboração de atos normativos referentes a
concursos públicos das carreiras integrantes da AGU, após sua aprovação
pelo Conselho Superior da AGU.
O Consultor-Geral da União, ocupante de cargo de natureza es-
pecial, é o responsável pela produção de pareceres, notas, estudos,
informações e outros trabalhos jurídicos destinados ao assessoramento
do presidente da República, e pela preparação das informações a serem
prestadas pelo presidente da República ao Supremo Tribunal Federal.
Atua na representação extrajudicial da União, inclusive perante o Tri-
bunal de Contas da União, e coordena a conciliação e solução de contro-
vérsias jurídicas entre órgãos ou entidades da administração, além de
orientar e coordenar a atuação das consultorias jurídicas dos ministérios
ou órgãos equivalentes.
O consultor também assiste o advogado-geral da União no controle
interno da legalidade dos atos da administração e coordena a elaboração de
anteprojetos de leis, de medidas provisórias e de outros atos normativos,

 40 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

bem como promove a análise dos projetos de lei submetidos à sanção do


presidente da República. Promove também a interpretação da Constituição,
das leis e dos tratados e demais atos legais, uniformizando o entendimento
a ser seguido pelos órgãos e entidades da administração federal.
A Procuradoria-Geral da União (PGU), cujo titular ocupa cargo de
natureza especial, faz a representação judicial dos poderes Legislativo e
Judiciário, e da administração direta federal, atuando no contencioso, da
primeira instância até os tribunais superiores. O PGU, que atua junto aos
tribunais superiores, supervisiona, orienta e acompanha o trabalho das pro-
curadorias regionais, das procuradorias da União nos estados e no Distrito
Federal e das procuradorias seccionais da União.
É atribuição do PGU ainda assistir ao advogado-geral da União nas
causas de interesse da União, munindo-o de dados e informações para a
tomada de decisão sobre o melhor procedimento, além de recomendar
estratégias e ações, num verdadeiro serviço de inteligência, para o êxito na
disputa judicial em favor do Estado.
A Procuradoria-Geral Federal (PGF), cujo titular ocupa cargo de nature-
za especial, representa judicial e extrajudicialmente as autarquias e fundações,
incluindo atividades de consultoria, assessoramento jurídico, apuração de
liquidez e certeza de créditos, além da inscrição em dívida ativa para fins
de cobrança amigável ou judicial. Responde, ainda, pelo contencioso fiscal
relativo às contribuições sociais perante as justiças Federal, do Trabalho e
dos Estados, naquilo que não seja de competência privativa da Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional.
A PGF também faz a cobrança judicial de multas instituídas pelas
Agências Reguladoras e pelas autarquias, como o Ibama; promove o acom-
panhamento de ações civis públicas por desmatamento, além de fornecer
suporte jurídico aos atos legais das agências e autarquias, como a demarcação
de terras ou quebra de patentes.
A Secretaria Geral do Contencioso, cujo titular ocupa cargo de na-
tureza especial, tem como principal função assistir o advogado-geral da
União em sua atuação perante o Supremo Tribunal Federal nos controles
concentrado e difuso de constitucionalidade, assim como nos processos
de competência originária.

 41 
POR DENTRO DO GOVERNO

Compete-lhe, ainda, a elaboração das peças processuais, dos memoriais


e demais manifestações relativas aos processos judiciais em andamento no
STF, além da propositura de enunciados de súmulas da Advocacia-Geral da
União e de instruções normativas resultantes da jurisprudência iterativa dos
Tribunais Superiores e do Supremo Tribunal Federal.
A Secretaria-Geral do Contencioso – além da defesa dos interesses da
União, do presidente da República, dos ministros, membros dos Poderes
Legislativo e Judiciário, Tribunal de Contas da União e do Ministério Públi-
co da União – promove o acompanhamento de todos os feitos estratégicos,
particularmente as Ações Diretas de Inconstitucionalidade, as Ações Declara-
tórias de Constitucionalidade, as Ações de Arguições de Descumprimento de
Preceitos Fundamentais, reclamações, suspensões, mandados de segurança,
Ações Originárias e Ações Cíveis Originárias e demais ações definidas como
de especial interesse para a União.
A Corregedoria-Geral da Advocacia da União (CGAU), cujo titular
ocupa cargo de natureza especial, fiscaliza as atividades funcionais dos
membros da Advocacia-Geral da União, promovendo correição nos órgãos
da AGU com o propósito de verificar a regularidade e eficácia dos serviços
para seu aprimoramento.
Entre as atribuições da CGAU estão as de instaurar, de ofício ou por
determinação superior, sindicâncias e processos contra membros das carreiras
da AGU ou apreciar representação relativa à atuação dos advogados públicos,
bem como coordenar o estágio confirmatório, com emissão de parecer sobre
o desempenho do avaliando, recomendando a efetivação ou exoneração do
cargo. À Corregedoria, cabe ainda supervisionar e promover correições nos
órgãos vinculados à Advocacia-Geral da União.
A partir de 2008, a CGAU passou a desempenhar um importante papel
no processo de transformação cultural da Advocacia Pública Federal. O
órgão tem participado decisivamente na construção de novos paradigmas
de atuação funcional, notadamente na delimitação da independência técnica
do advogado público e na racionalização das atividades recursais.
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, cujo titular ocupa car-
go de natureza especial, possui dupla atuação, de um lado cumprindo o
papel de consultoria jurídica do Ministério da Fazenda, a quem responde

 42 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

administrativamente; e, de outro, como braço da Advocacia-Geral da


União, representando a União nas causas de natureza tributária e fiscal,
que incluem tributos federais, infrações à legislação tributária, emprés-
timos compulsórios, apreensão de mercadorias, decisões de órgãos do
contencioso administrativo fiscal, benefícios e isenções, créditos e estí-
mulos fiscais à exportação, entre outros.
No âmbito do Ministério da Fazenda, a PGFN responde pelo exame
prévio da legalidade dos contratos, concessões, acordos, ajustes ou convênios
que interessam à Fazenda Nacional, inclusive os referentes à dívida pública
externa, além de apurar a liquidez e certeza da dívida ativa da União, tribu-
tária ou de qualquer outra natureza, inscrevendo-a para fins de cobrança,
amigável ou judicial.
Na esfera da AGU, compete-lhe representar privativamente a União na
execução de sua dívida ativa, tanto da União quanto do INSS; defender os
interesses da Fazenda Nacional nos contratos, acordos, avais e empréstimos
em que a União seja parte, bem como junto à Câmara Superior de Recursos
Fiscais, aos Conselhos de Contribuintes, ao Conselho de Recursos do Sis-
tema Financeiro Nacional, ao Conselho de Recursos do Sistema Nacional
de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização,
ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e outros órgãos
de deliberação colegiados, além das assembleias de acionistas.
Finalmente, as consultorias jurídicas dos ministérios e autarquias, que
respondem por parte significativa da assessoria e consultoria jurídica em atos
administrativos relevantes, como contratos e licitações, além de opinarem
sobre as políticas públicas no âmbito dos órgãos a que servem. O fato de 210
dos 536 profissionais do Direito, que exerceram atividade durante o ano de
2008 em 27 órgãos jurídicos, não pertencerem às carreiras da Advocacia-Geral
da União, bem como a constatação de que 46% dos 331 cargos de direção e
assessoramento superior foram ocupados em 2008 por pessoas estranhas ao
serviço público, é motivo de preocupação.
O problema está no fato de que cada ministro ou titular de órgão deseja,
em sua consultoria jurídica, ter seu “advogado-geral” particular, porém, sem
os requisitos nem as qualificações exigidos constitucionalmente ao titular
da AGU ou mesmo para os integrantes das carreiras da instituição, que são

 43 
POR DENTRO DO GOVERNO

recrutados por concurso público. O critério para escolha dos consultores


jurídicos, quando alheios aos quadros da AGU, são: lealdade, amizade ou
relação política com a autoridade, ficando em segundo plano o conhecimento
ou domínio dos ritos e normas para a formulação de política pública.
Isto, em parte, pode explicar a baixa qualidade dos atos produzidos
pelas pessoas de “confiança” da autoridade, muitos deles devolvidos ou re-
feitos pelas Subchefias da Casa Civil, que zelam pela qualidade e harmonia
com as diretrizes governamentais dos textos submetidos à assinatura do
presidente da República. A AGU deve evitar abusos cometidos pelas autori-
dades e limitar drasticamente os cargos de livre provimento nas consultorias
jurídicas, para reduzir os desvios de finalidade e evitar o comprometimento
da qualidade do trabalho produzido pela instituição.
O trabalho dos órgãos que exercem funções essenciais à Justiça é
fundamental para a segurança jurídica dos atos e normas, para a qualidade
da justiça e das políticas públicas e, principalmente, para a celeridade da
prestação jurisdicional.

 44 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

5. Prestação jurisdicional

Este tópico destina-se a chamar a atenção para os gargalos e obstácu-


los à prestação jurisdicional, composta por cinco importantes instituições:
a Magistratura, como Poder que julga; o Ministério Público, que acusa na
defesa de interesses gerais da sociedade; a Defensoria Pública, encarregada
da defesa dos necessitados; a Advocacia Pública, que promove a defesa dos
agentes, do patrimônio e das políticas públicas; e a Advocacia, que defende
interesses individuais ou coletivas privados.
A prestação jurisdicional, que consiste na efetivação do exercício dos
direitos, garantias e obrigações dos cidadãos, é morosa por uma série de ra-
zões, que vão desde o excesso de normatização, passa por elevada demanda,
até a permissibilidade do ponto de vista processual, que permite recursos
meramente protelatórios.
O excesso normativo, um dos grandes problemas do marco regulatório
no país, conforme estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
(IBPT), pode ser ilustrado pela astronômica cifra de 3.776.364 normas, sendo
150.425 normas do Poder Executivo Federal, 996.977 normas dos governos
estaduais e 2.628.962 dos governos municipais, todas editadas após a Cons-
tituição de 1988 até o ano 2008.

Tabela III – Normas legais e regulamentares adotadas no Brasil


(1988 a 2008)

Nº de normas
Normas federais
federais gerais
Constituição Federal 1
Emendas Constitucionais de Revisão 6
Emendas Constitucionais 56
Leis Delegadas 2
Leis Complementares 69
Leis Ordinárias 4.055
Medidas Provisórias Originais 1.058
Medidas Provisórias Reeditadas 5.491
Decretos Federais 9.612
Normas Complementares 130.075

 45 
POR DENTRO DO GOVERNO

Total 150.425
Média por dia 20.59
Média por dia útil 30.82
Normas estaduais Nº de normas Média por
estaduais gerais estado
Leis Ordinárias Complementares 227.973
Decretos 330.836
Normas Complementares 438.168
Total 996.977 36.925
Média por dia 136.50 5.06
Média por dia útil 204.30 7.57
Normas municipais Nº de normas Média por
municipais gerais município
Leis Complementares / Ordinárias 450.675
Decretos 499.432
Normas Complementares 1.978.855
Total 2.628.962 472.24
Média por dia 359.93 0.06
Média por dia útil 538.752 0.10
Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (www.ibpt.com.br).

O excesso de demanda junto ao Judiciário, por sua vez, é motivado


pelo governo federal, seja pela iniciativa e aprovação de leis ilegais e incons-
titucionais, especialmente nas áreas trabalhista, previdenciária e servidores
públicos, seja por desorganização ou despreparo de servidores na concessão
de benefícios, notadamente na Previdência e Assistência Social.
Na Justiça do Trabalho, o principal cliente é o setor privado, questio-
nando norma legal emanada do Estado, em maior quantidade, ou discutindo
cláusula de acordo ou convenção, em menor escala. Na justiça comum, entre-
tanto, o principal cliente é a Previdência Social e a razão é a não-concessão ou
negativa de correção de benefícios previdenciários, que responde por quase
80% das ações judiciais em curso.
Apenas como ilustração, mencionamos apenas os que envolvem o
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): foram julgados no período de
2004 a 2007 cerca de dois milhões de processos, segundo dados do Conselho
Nacional de Justiça.
Esse descalabro decorre, em grande medida, da desorganização admi-
nistrativa, que poderia ser evitada, por exemplo, com a simples presença de

 46 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

um advogado público na orientação e análise dos pedidos de aposentadoria,


o que reduziria drasticamente o número de ações judiciais nesse campo.
Isso forma um ciclo vicioso. Em decorrência do excesso de demanda,
a AGU interpõe recursos em excesso. Contudo, a instituição já vem editan-
do súmulas com o objetivo de não recorrer nos casos em que há reiteradas
decisões contra a União.
Alguns passos importantes foram dados no sentido da efetividade,
uniformidade e celeridade da prestação jurisdicional, tanto no Judiciário
quanto no Executivo. No Judiciário, são exemplos desse esforço a institui-
ção do instrumento da súmula vinculante, da repercussão geral e súmula
impeditiva de recurso, já em prática nos tribunais superiores. No Executivo,
particularmente no Ministério da Justiça, há estudos propondo mudança nos
Códigos de Processo como condição, combinadas com outras medidas de
caráter político e administrativo, para evitar o excesso de demanda, facilitar
e acelerar a prestação jurisdicional.
Nesse diapasão, os avanços são visíveis nos órgãos encarregados da
prestação jurisdicional, bem como na mudança de mentalidade dos agentes
ou profissionais do Direito e também das alterações nos códigos de processo
já transformadas em lei.
O Judiciário, apesar da burocracia e do formalismo na sua ativi-
dade típica ou jurisdicional, passa por um processo de modernização
e até de rejuvenescimento, com maior transparência, além de maior
autonomia e independência.
Essa mudança de paradigma, que se constata inclusive nos Tribunais
Superiores, é produto de diversos fatores, desde a origem dos magistrados,
com a presença de homens e mulheres de matizes sociais distintas, passa
pela autonomia orçamentária, pelas garantias e prerrogativas dos juízes até
a remuneração digna, sob a forma de subsídio.
Além dos fatores mencionados, os grandes responsáveis por essa
transformação e mudança cultural, sem dúvida nenhuma, são a estabilidade
econômica e democrática em nosso país.
O Ministério Público, com as atribuições que a Constituição de 1988
lhe concedeu, foi dos mais ativos e inovadores na onda de mudanças e
transformações pelas quais passam os órgãos responsáveis pela prestação

 47 
POR DENTRO DO GOVERNO

jurisdicional. Os motivos que levaram ao maior arejamento do Judiciário


também se aplicam ao Ministério Público.
Por sua vez, a Advocacia-Geral da União, como compensação pelas
prerrogativas que possui em relação aos demais usuários da Justiça, deveria
pressionar o administrador a cumprir prontamente as decisões judiciais,
evitando recursos meramente protelatórios, especialmente em questões de
natureza alimentar, além de fazer uso mais intenso da ação civil pública em
favor do patrimônio público e da moralidade na administração pública.
A Defensoria Pública, em nível estadual, já dispõe de autonomia
financeira e orçamentária, condição indispensável ao bom atendimento à
população carente. O papel da Defensoria precisa ser fortalecido e ampliado,
tanto no plano federal quanto no estadual, já que mais de 80% da população
não têm condições de contratar um advogado.
Finalmente, deve ser incentivado o movimento de mudança nos Códi-
gos de Processo com vista à celeridade na prestação jurisdicional.
Se a prestação jurisdicional, que consiste no cumprimento das leis e
na exigência de efetivação das políticas públicas, já é complexa, o processo
decisório no âmbito do Estado brasileiro tende a ser mais complexo ainda
porque envolve muitos interesses e disputas de poder, inclusive os externos
aos poderes constituídos.

 48 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

6. Processo decisório no Poder Executivo

O objetivo deste tópico é chamar a atenção para a complexidade do


processo decisório no Poder Executivo e alertar para a necessidade de os
agentes econômicos e sociais conhecerem suas nuanças para influenciar na
tomada de decisão durante a formulação das políticas públicas.
O processo decisório no governo é muito complexo e seu desfecho,
em geral, é muito mais produto da negociação e das disputas internas do
que da ação puramente racional, como sugere o modelo de escolhas públicas,
que parte do pressuposto de que basta corrigir a assimetria de informações
para que as pessoas ajam racionalmente.
O acesso à informação e a transparência são fundamentais para que
exista algum tipo de controle social, mas não bastam para influenciar a cons-
trução de instrumentos de políticas públicas. Saber que existe um convênio,
sem que seja chamado a opinar previamente sobre seus critérios e objeto,
por exemplo, atende ao princípio da transparência e do acesso à informação,
mas não assegura nem possibilita poder decisório sobre o tema.
Os mecanismos racionais de escolha, por meio dos quais qualquer pes-
soa na execução ou no comando chegaria ao mesmo resultado, retira espaço
da decisão política, cuja construção leva em conta ideologia, relação de poder,
valores e princípios de equidade, fatos que podem conduzir a tratamento
desigual em situações para que prevaleça a justiça.
A lógica administrativa ou burocrática se pauta pelo conhecimento
técnico especializado e pelo controle da rotina governamental, enquanto
a lógica política se baseia na valorização do consenso, na legitimidade,
na solução negociada dos conflitos, na coerência política e, principalmente,
nas posições estratégicas de governo.
A definição de preferência ou formulação de demandas, bem como o
manejo de recursos de poder ou mobilização de apoio para sustentação de suas
iniciativas, deve pertencer ao governante, cabendo à burocracia utilizar sua exper-
tise na elaboração e implementação do projeto político sufragado nas urnas.
O desafio permanente dos governantes eleitos é conquistar a burocra-
cia para o seu projeto, evitando que ela articule discurso, escolha de metas
e valores em reação ao comando político.

 49 
POR DENTRO DO GOVERNO

A tomada de decisão na esfera política, portanto, compreende ou


depende de muitos aspectos e também da superação de muitos gargalos e
obstáculos, que vão desde a estrutura dos órgãos e suas atribuições insti-
tucionais, as regras, os atores e a hierarquia dos decisores, a correlação de
forças, a conjuntura política, passam pelo conteúdo e abrangência da política
pública, além do impacto fiscal, financeiro e orçamentário e, ainda, as estra-
tégias e táticas empregadas.
Formalmente, os níveis de tomada de decisão no governo comportariam
os técnicos na formulação; os secretários executivos dos ministérios na coor-
denação; os ministros de Estado e presidentes de empresas na sustentação
política; a Casa Civil no acompanhamento e coordenação de governo e o
presidente da República na solução e arbitramento de conflitos.
No processo de tomada de decisão no Poder Executivo, em geral, as
disputas entre as áreas econômicas/financeiras (Fazenda, Planejamento,
Minas e Energia, Desenvolvimento, Agricultura etc.) e sociais (Previdên-
cia, Trabalho, Direitos Humanos, Reforma Agrária etc.), que normalmen-
te envolvem recursos orçamentários, são arbitradas pela Casa Civil da
Presidência da República, muitas vezes em favor da área econômica em
detrimento do aspecto social.
Além da pressão política e social no processo de alocação de re-
cursos e de avaliação de implementação das políticas de governo, como
bem lembra Francisco Gaetani,9 existem outros critérios plausíveis, como:
capacidade de execução de gastos dos ministérios considerados, empatia
com a agenda da área em questão e alinhamento político com os titulares
dos órgãos analisados.
O processo decisório, por sua natureza já complexo – pela fragmen-
tação da administração pública – quando se dá em ambiente instável, com
mudanças e transferências de órgãos, atribuições e pessoas com relativa
frequência, torna-se mais imprevisível.
A isso pode ser ainda acrescentado o amplo espectro de atuação dos
grupos de interesse, que exercem as atividades de lobby, num ambiente não
regulado, em todos os ministérios, com especial atuação nas áreas social e
de infraestrutura e de coordenação de governo. A busca de influência pelos
9 Conferir o artigo de Francisco Gaetani, “Avaliação, monitoramento e o exercício da Presidência”, apresentado no XI Congresso Interancional
del Clad sobre a la Reforma del Estado y da la Administracion Publica, Guatemala, 7-10 novembro, 2006, p. 35.

 50 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

lobbies por intermédio tanto de organizações representativas de interesses


setoriais quanto diretamente pelos agentes interessados, como pelas
empresas e entidades que atuam profissionalmente na atividade de lobby,
é caracterizada por intensas assimetrias. Isso se observa no que se refere ao
nível de acesso aos decisores – que se tornam extremamente dependente da
maior ou menor sensibilidade e abertura dos dirigentes aos contatos com
os interesses opostos – e também nos meios empregados para o exercício
da pressão – indo do convencimento baseado em credibilidade e expertise
técnica até às não tão raras situações em que o poder econômico propicia o
surgimento da corrupção e da influência indevida decorrente das trocas de
favores e tráfico de influência.

 51 
POR DENTRO DO GOVERNO

7. Dinâmica da Administração Pública

Neste tópico, chamamos a atenção para a dinâmica da Administração


Pública, que permite ao presidente da República remanejar atribuições de
um órgão para outro sem necessidade de anuência do Poder Legislativo.
O poder estatal se forma e se manifesta por intermédio dos órgãos
públicos, cuja criação ou extinção depende de lei.
A estruturação e as atribuições desses órgãos, entretanto, podem ser
alteradas por decreto presidencial, desde que não implique aumento de des-
pesa. A vedação à criação ou extinção de órgãos por meio de atos infralegais
implica, por exemplo, que não é possível criar ou extinguir um ministério,
um conselho, uma autarquia ou fundação. Mas não impede que suas unidades
internas – secretarias e departamentos, por exemplo – sejam fundidas, ou te-
nham suas competências redistribuídas internamente, ou mesmo desativadas
sem a necessidade de aprovação do Legislativo, bastando que seja respeitado o
número máximo de secretarias em cada ministério fixado em lei.
O presidente da República, segundo o art. 84 da Constituição Federal,
pode dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da
administração federal, quando isto não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos, além da prerrogativa de extinguir
funções ou cargos públicos, quando vagos.
Essa prerrogativa presidencial de legislar por decreto sobre a organi-
zação e o funcionamento dos órgãos públicos foi instituída pela Emenda
Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, que inclui na Constitui-
ção a proibição de reedição de medidas provisórias. Em contrapartida,
foram conferidos maiores poderes ao chefe do Executivo para dispor
sobre matérias administrativas.
O poder é de tal modo amplo que o presidente, desde que não au-
mente despesa, pode dispor livremente sobre a estrutura, as atribuições
e responsabilidades de órgãos, bem como transferir competências de
agentes públicos, inclusive mediante modificação ou revogação de norma
anterior, ainda que de hierarquia superior.
Se, de um lado, essa prerrogativa permite uma maior dinâmica à Ad-
ministração Pública, facilitando o planejamento, a organização, a direção,

 52 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

a coordenação e controle governamental; de outro, retira a participação e o


controle do Congresso e da sociedade sobre as atribuições desses órgãos.
Desde a promulgação da Emenda Constitucional nº 32, o presidente da
República já promoveu diversos remanejamentos de atribuições de agentes
e órgãos públicos, fato que requer do Parlamento e da sociedade maior aten-
ção na identificação dos órgãos responsáveis pela elaboração, formulação e
implementação das políticas públicas.
A competência para promover a análise técnica das propostas de alteração
de estruturas regimentais e estatutos dos órgãos da presidência da República,
ministérios, autarquias e fundações públicas é do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, que o faz por intermédio da Secretaria de Gestão.

 53 
POR DENTRO DO GOVERNO

8. Processos institucionais: funcionamento da


Administração Pública

A intenção deste tópico é chamar a atenção para a lógica de fun-


cionamento da Administração Pública, compartimentada por órgãos e
cargos, segundo um arranjo institucional montado para que os ritos e
procedimentos sejam observados nas diversas fases de tomada de decisão
nas respectivas esferas de poder.
A Administração Pública, deste modo, estrutura-se ou é organizada
com base nos processos institucionais, que cumprem a missão de articular
atividades ou ações interativas para transformar insumos em serviços ou
produtos, dentro da estratégia de obtenção de resultados.
O arranjo organizacional dos órgãos e entidades, de acordo com o
Manual de orientação para arranjo institucional de órgão ou entidade do Poder Exe-
cutivo Federal, é pensado para atingir alto padrão de desempenho dos seus
principais processos, com foco em resultados, na integração, na agilidade,
na estabilidade e na profissionalização.
No modelo organizativo das estruturas, os órgãos e unidades adminis-
trativas internas são classificados, de acordo com as competências institucio-
nais, em cinco níveis para efeito de gestão: i) alta administração; ii) assessoria;
iii) suporte administrativo; iv) linha gerencial; e v) nível técnico.
Esses níveis, por sua vez, fazem parte dos sistemas de trabalho e
de liderança. O primeiro reflete a organização horizontal da estrutura
pública, integrada pelo nível técnico, pela assessoria e pelo suporte
operacional. O segundo reflete a conformação vertical da estrutura,
integrada pela alta administração (cargos mais altos da hierarquia) e
pela linha gerencial.
O sistema de liderança é formado pelas autoridades políticas e
autoridades públicas do órgão ou entidade, responsáveis pela gover-
nança e pelos recursos utilizados para a tomada de decisão, em todos
os níveis da organização.
A autoridade é hierarquizada de acordo com os cargos ou funções
ocupados, que vão desde os de natureza especial, passam pelos cargos de
provimento em comissão de chefia ou direção, do grupo Direção e Assesso-

 54 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

ramento Superiores (DAS), até as funções gratificadas, ocupadas exclusiva-


mente por servidores de carreira.
A estrutura básica de cada órgão ou entidade de direito público é es-
tabelecida em seu regimento ou estatuto, aprovado por decreto, que inclui,
necessariamente: i) o detalhamento do conjunto dos órgãos de sua estrutura
básica; ii) a descrição de sua organização interna até o segundo nível orga-
nizacional; e iii) a descrição das respectivas competências de cada órgão e
das atribuições dos dirigentes.
No caso dos ministérios, órgãos da presidência da República e
das autarquias, o detalhamento da estrutura básica é disciplinado em
sua estrutura regimental. Para as fundações públicas, esses detalhes
constam do seu estatuto.
E, dentro desse modelo, cada ministério possui uma estrutura padrão,
que inclui: o gabinete do Ministro; a Secretaria-Executiva, exceto nos Minis-
térios da Defesa e das Relações Exteriores; a Consultoria Jurídica, exceto no
Ministério da Fazenda, que utiliza a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacio-
nal para esta finalidade; e os órgãos específicos singulares ou as secretarias
e seus departamentos.
Os ministros de Estado, ocupantes de cargos políticos, os titulares de
secretarias especiais e chefes de órgãos essenciais da Presidência da Repú-
blica, ocupantes de cargos de natureza política, têm como função exercer a
orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da adminis-
tração federal na área de sua competência; referendar os atos e decretos as-
sinados pelo presidente da República; expedir instruções para execução das
leis, decretos e regulamentos; além de apresentar ao presidente da República
relatório anual de sua gestão no ministério; e praticar os atos pertinentes às
atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo presidente (artigo
87 da Constituição Federal).
Os secretários executivos de ministério ou de órgãos essenciais da Pre-
sidência da República, as secretarias especiais da Presidência da República,
os procuradores-gerais da AGU e o secretário da Receita Federal do Brasil
são nomeados para cargo de natureza especial, exercem a supervisão e a
coordenação das secretarias integrantes da estrutura do ministério ou secre-
taria especial e, ainda, a coordenação dos processos de gestão dos programas

 55 
POR DENTRO DO GOVERNO

de governo no Plano Plurianual, sob a responsabilidade do ministério ou


secretaria. Os subchefes dos órgãos essenciais da Presidência da República,
como Casa Civil e Secretaria de Relações Institucionais, exercem funções de
coordenação governamental em temas específicos, auxiliando diretamente
os respectivos ministros de Estado, em assuntos jurídicos, parlamentares,
assuntos federativos, monitoramento e articulação e de análise e acompa-
nhamento das políticas governamentais.
Os titulares das secretarias dos ministérios, exceto o da Receita Federal,
e os dirigentes máximos das autarquias e fundações, ocupam cargos de nível
DAS-6, cujas atribuições incluem o planejamento, a supervisão, a orientação
e o controle da formulação de programas e de normas da administração
pública. O presidente do Banco Central, uma autarquia, ocupa cargo de
natureza política, equivalente ao de ministro de Estado.
Às Consultorias Jurídicas – órgãos administrativamente subordina-
dos aos ministros de Estados e tecnicamente à Advocacia-Geral da União,
que são chefiadas por advogado ocupante de DAS-5, do grupo Direção
e Assessoramento Superior – compete assessorar os ministros de Estado
e exercer a supervisão das atividades dos órgãos jurídicos das entidades
vinculadas (autarquias e fundações públicas). Sobre as consultorias jurí-
dicas, ver tópico “Funções Essenciais à Justiça”, no item AGU, às paginas
37 a 44 deste livro .
O formato e as atribuições do gabinete presidencial e dos ministé-
rios diretamente vinculados à Presidência da República, composto pelos
órgãos essenciais, de assessoramento, consultivos e integrantes, estão
detalhados no tópico 16 deste livro, página 89, com o título “Estrutura
da Presidência da República”.

 56 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

9. Lógica de formação do governo:


comandos políticos e técnicos

Neste tópico, trataremos da lógica de funcionamento do governo, cha-


maremos a atenção para a necessidade de uma leitura acurada dos recursos
de poder existentes na Administração Pública, notadamente dos comandos
políticos e técnicos, além da estrutura e atribuições dos órgãos onde servem
esses agentes políticos.
Conceitualmente, a administração pública possui duas dimensões: a
política (governo) e a administrativa (execução). A primeira, formada pelo
conjunto de órgãos com prerrogativas constitucionais para definir planos
de ação e políticas públicas, é responsável pela direção e pelo comando da
Administração Pública. A segunda, formada de órgãos e agentes com o
objetivo de transformar em ação as decisões de governo, exerce funções ad-
ministrativas, em geral mediante o poder de polícia, a prestação de serviços
públicos, o fomento e a intervenção no domínio econômico.
Assim, o governo – qualquer governo – possui a mesma lógica de
funcionamento, que consiste em dois tipos de comandos: um formado por
políticos, e outro pela burocracia profissionalizada do serviço público.
O comando político, em geral, ocupa cargos de ministro de Estado,
presidente de autarquias ou empresas públicas e secretários especiais,
e cumpre função de representação. Eles falam mais para fora do que
para dentro da máquina governamental e, como regra, pertencem aos
partidos e às organizações que integram a base social ou política de
sustentação do governo.
O comando burocrático ou profissional, em regra, ocupa cargos vol-
tados para a administração da máquina, como os de secretário-executivo,
secretário-executivo adjunto, chefe de gabinete, secretários e diretores de
departamentos, chefes de divisões, seções etc. Eles falam para dentro da
máquina, tocam o dia-a-dia do governo.
O primeiro grupo é recrutado nos partidos políticos, na academia, no
meio empresarial ou sindical, nas organizações sociais, segundo critério de
representatividade política, vinculação partidária ou regional, amizade com
o núcleo de poder ou notória especialização.

 57 
POR DENTRO DO GOVERNO

O segundo grupo, geralmente, é formado por funcionários de carreira,


burocratas, que conhecem as leis, os procedimentos, dominam as ferramentas
indispensáveis à formulação, implementação e controle das políticas públicas.
Existem, porém, casos em que, mesmo nesse grupo, as nomeações seguem
critérios políticos de escolha, sem que seus titulares sejam detentores desses
conhecimentos como requisito para sua nomeação.
Em tese, os políticos dão as ordens e os burocratas obedecem. Na práti-
ca, entretanto, a situação é diferente. Os funcionários de carreira, que ocupam
com maior frequência os cargos de terceiro e quarto escalões, exercem muita
influência. Cumpridores de rituais, os burocratas, que não são eleitos nem
aparecem nos jornais, exercem controle pleno sobre a situação porque co-
nhecem as leis, portarias e normas que ativam ou travam um governo.
Os servidores de carreira ou a burocracia profissionalizada – formada
pelos funcionários que formulam, validam e implementam as políticas pú-
blicas – só costumam colocar em prática uma ordem se estiverem convencidos
de seu respaldo legal ou se tiverem certeza da credibilidade e legitimidade
do ordenador. Para isso, contam com importante grau de independência e
autonomia dentro de suas atribuições.
Em geral, se uma ordem parte de alguém alheio à máquina, que
exerce provisória ou transitoriamente um posto de mando, a desconfiança
é muito grande entre os funcionários de carreira, enquanto o comando
vindo de alguém da casa aumenta a legitimidade e, em consequência,
as chances de efetivação. Isso explica, em grande medida, a presença de
funcionários de carreira em posto de mando.
O número de funcionários com esse perfil, segundo Alexandre Bar-
ros, que divulgou artigo sobre quem manda no Brasil, não passa de 1.500.10
Segundo o articulista, esses servidores são oriundos do Banco Central, do
Ministério da Fazenda, da Secretaria do Tesouro, da Receita Federal, do Ita-
maraty, da Advocacia-Geral da União, do Banco do Brasil, de carreiras como
as de analistas de comércio exterior e de gestores governamentais e das
consultorias legislativas da Câmara e do Senado. Enfim, são servidores de
carreira de Estado, experientes e bem treinados e que, em muitos momentos,
compartilham de poder real de decisão, viabilizando ou inviabilizando as
iniciativas políticas dos governos.
10 Conferir artigo na seção de Opinião, Revista Exame, edição de 05/12/2002.

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COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

10. Mensuração de influência de órgãos e cargos

Para medir a influência dos órgãos e instâncias no processo decisório, bem


como identificar os cargos destinados ao comando político e à administração
da máquina, é necessário analisar aspectos da legislação e, principalmente, o
perfil dos ocupantes dos postos-chave na estrutura administrativa.
A hierarquia dos cargos é definida pela importância da atividade
para o desenvolvimento nacional, a complexidade e responsabilidade
das atribuições exercidas e as qualificações requeridas para o desem-
penho das atribuições, conforme disciplinado nos artigos 4º e 5º da Lei
nº 5.645, de 10/12/1970.
Os cargos podem ser efetivos ou em comissão. Os primeiros são
ocupados por servidores de carreira, cuja investidura depende da aprovação
em concurso público. Já os cargos em comissão, que são de livre provimento
e exoneração, tanto podem ser ocupados por funcionários de carreira quanto
por pessoas de fora da administração pública, recrutados por critérios de
confiança política e/ou partidária ou por mérito, desde que satisfaçam os
requisitos legais e regulamentares da administração.
São quatro os principais grupos de cargos em comissão existentes no
Poder Executivo Federal: i) cargo comissionado de direção, assessoria, assis-
tência, de gerência executiva, bem como os cargos comissionados técnicos das
agências reguladoras, instituídos pela Lei nº 9.986/2000; ii) cargo de direção
das instituições federais de ensino, de que trata a Lei nº 8.168/1991; iii) cargo
em comissão do grupo Direção e Assessoramento Superiores – DAS; e
iv) cargo de natureza especial.
O grupo de Direção e Assessoramento Superiores compreende as
atividades de confiança, abrangendo planejamento, supervisão, coorde-
nação, orientação e controle, no mais alto nível da hierarquia, dos órgãos
da administração direta e autárquica federais, com vista à formulação de
programas, normas e critérios que deverão ser observados pelos demais
escalões hierárquicos.
Os cargos estão classificados, por grau de influência, em políticos,
reservado a ministros de Estado, secretários e chefe de órgãos essenciais da
Presidência da República; de natureza especial, destinados a secretários-exe-

 59 
POR DENTRO DO GOVERNO

cutivos, secretários especiais, subchefes dos órgãos essenciais da Presidência


da República e à alta direção da AGU;11 e do grupo Direção e Assessoramento
Superiores – DAS, dividido em duas categorias: DAS 101 (cargo de direção
superior) e DAS 102 (cargo de assessoramento superior), cada grupo com
níveis, de um a seis.
Os cargos de direção e assessoramento superior possuem seis níveis,
sendo, em geral, os de níveis cinco e seis reservados, respectivamente, aos
secretários de órgãos finalísticos e dirigentes de autarquias e fundações, bem
como para chefes de gabinete de Ministro, que são previamente submetidos
ao crivo político e de livre provimento, ou seja, o presidente da República
pode recrutá-los fora da Administração Pública.
Serão ocupados exclusivamente por servidores de carreiras todas as
funções gratificadas – FGs (Lei nº 8.216/1991, Art. 26) e pelo menos 50%
dos cargos de direção e assessoramento superior de níveis um a quatro
(Lei nº 8.460/1992, Art. 14), sendo 75% dos cargos em comissão DAS,
níveis 1, 2 e 3, e 50% dos DAS nível 4, conforme Decreto nº 5.497/2005,
Art. 1º. Os ocupantes de DAS 4, assim como os de nível 5 e 6, deverão ter
seus nomes submetidos à peneira da Casa Civil da Presidência da República,
que levanta a vida pregressa do indicado.12
Depois dos cargos políticos, em nível de ministro de Estado, que são
exercidos por delegação direta do presidente da República, os cargos de
natureza especial (NE), detentores de autoridade política, correspondem ao
nível mais alto de autoridade outorgada ao servidor ou agente público no
exercício de cargo ou função de direção ou chefia na estrutura hierárquica
dos órgãos e entidades da administração pública.
Resumidamente, a tabela IV, a seguir, apresenta a hierarquia dos cargos,
sua natureza, as autoridades que os ocupam e as competências, responsa-
bilidades e atribuições, conforme a importância dos agentes políticos e da
entidade ou órgão da administração federal.

11 Também são cargos de natureza especial os de diretor-geral da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), de comandantes do Exército,
Marinha e Aeronáutica, de defensor-público geral e subdefensor-público geral da União, de diretores de Agências Reguladoras e do Banco
Central do Brasil.
12 Por intermédio do PL 3.429/2008, de iniciativa do Poder Executivo, que aguarda votação no Congresso, serão criadas 2.477 funções comis-
sionadas do Poder Executivo, com a extinção do correspondente número de DAS – cargo do grupo de direção e assessoramento superior, a
serem preenchidas exclusivamente por servidores de carreira.

 60 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Tabela IV – Atribuições dos cargos da administração pública


Cargos – hierarquia e
Ocupantes Atribuições e competência
natureza
Político Ministro de estado, secre- Assistir o presidente da Repú-
tário especial ou chefe de blica, exercer a direção superior
órgão essencial à Presi- da Pasta, formular e implemen-
dência da República tar políticas e diretrizes, prestar
orientação, coordenação e su-
pervisão dos órgãos e entida-
des da administração federal
na área de sua competência;
referendar os atos e decretos
assinados pelo presidente da
República; e expedir instru-
ções para a execução das leis,
decretos e regulamentos.
Natureza Especial Secretário-executivo de Auxiliar o ministro de Estado na
ministério, subchefes dos formulação de políticas públi-
órgãos essenciais à Presi- cas, na definição de diretrizes
dência da República e diri- e programas, na supervisão e
gentes da AGU coordenação das secretarias
integrantes da estrutura do mi-
nistério ou secretaria especial e
a coordenação dos processos
de gestão dos programas de
governo no Plano Plurianual,
sob a responsabilidade do mi-
nistério ou secretaria
DAS 101.6 Titulares das secretarias Planejamento, supervisão, co-
dos ministérios, subsecre- ordenação, orientação e con-
tário de órgão da PR e di- trole da formulação de progra-
rigentes máximos de autar- mas e normas da administra-
quias e fundações ção pública
DAS 101.5 Chefe de gabinete de minis- Coordenação e articulação en-
tro, diretor de departamen- tre o comando político e a área
to, secretário de controle técnica, além da preparação de
interno e subsecretário de documentos e atos para des-
planejamento, orçamento e pacho das autoridades supe-
administração, subchefes- riores
adjuntos dos órgãos es-
senciais da Presidência
DAS 101.4 Coordenador-geral, chefe Elaborar políticas públicas, jus-
de gabinete de autarquias tificar e fundamentar a edição
e fundações, Chefe de as- de ato normativo, além de as-
sessoria de gabinete de sistir os ministros e dirigentes
ministro, inclusive as jurí- máximos de autarquias e fun-
dicas dações
DAS 101.3 Coordenador
DAS 101.2 Chefe de divisão

 61 
POR DENTRO DO GOVERNO

DAS 101.1 Chefe de seção e


assistência intermediária
FG – 1 Chefe de seção e
assistência intermediária
FG -2 Chefe de setor e
assistência intermediária
FG-3 Chefe de núcleo e
assistência intermediária
DAS 102.6 Assessor especial
DAS 102.5 Assessor especial de
ministro de Estado
DAS 102.4 Assessor
DAS 102.3 Assessor técnico
DAS 102.2 Assistente
DAS 102.1 Assistente técnico

A influência dos titulares de determinados órgãos da administração


pública, de modo geral, está mais associada à função que exerce em sua ca-
pacidade de formulação e implementação de políticas públicas (nas arenas
regulatória, distributiva ou redistributiva) do que à simples execução.13
Os decisores ocupam cargos que, conceitualmente, representam um
conjunto de atribuições, cuja importância varia de acordo com a complexi-
dade e responsabilidade.
Assim, para saber a real influência de um ocupante de cargo em
comissão dentro da máquina pública e verificar se tem poder político
ou se apenas executa ordens, além da importância do órgão onde é
ocupado, é necessário identificar os requisitos para ocupação do cargo
e conhecer o perfil do titular. Formalmente, é o ministro de Estado
ou o presidente da entidade da administração indireta a autoridade
administrativa superior da instituição.
Na prática, pelo cotidiano de suas atividades, o secretário-executivo,
no caso de ministério, ou o diretor-geral ou equivalente, no caso de empresas
ou entidades autárquicas, acaba exercendo esse papel.
O secretário-executivo é a pessoa forte de qualquer ministério (se
for de fora da máquina, certamente seu adjunto é a pessoa com poder).

13 O acesso às atribuições dos órgãos, instâncias e dos cargos, bem como aos nomes que exercem posto de mando (político ou técnico) é
absolutamente fácil, dado o grau de transparência da Administração Pública Federal. Via internet, no portal do Siorg (Sistema de Informações
Organizacionais do Governo Federal), no endereço eletrônico http://www.siorg.redegoverno.gov.br, qualquer cidadão poderá conferir o que faz e
para que serve cada órgão da Administração Pública, além de identificar seu titular.

 62 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

É ele quem “fala para dentro” e exerce a coordenação técnico-adminis-


trativa das atividades do órgão.
Assim, cabe ao secretário-executivo ou ao diretor-geral a coordenação
entre as áreas, a instrumentalização das políticas, a articulação das áreas
técnicas específicas e o controle dos atos assinados pelo ministro ou presi-
dente. Se o secretário se convencer de determinada medida, ele pode chamar
o responsável da área específica para estudar ou mesmo providenciar o ato
ou, ainda, implementar a decisão.
É o secretário-executivo, por exemplo, quem cuida das nomeações
e da validação dos atos praticados pelo ministro. É ele, em geral, que
possui as senhas dos sistemas internos de comunicação no governo, como
o Sidof (Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais); con-
trola as nomeações, inclusive as que dependem do aval da Casa Civil e
da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República;
encaminha os atos para publicação no Diário Oficial; enfim, é quem
administra a pasta.
Esses, portanto, são os cargos-chave na coordenação entre as áreas técni-
cas e política. Além deles, há inúmeros outros de importância setorial, que não
devem ser desprezados, especialmente na formulação e execução das políticas.
Entretanto, a última palavra cabe aos que, em última instância, preparam a
documentação e despacham com a autoridade máxima do órgão.
Existem, abaixo dos ocupantes de cargos de natureza especial, seis
níveis hierárquicos dos órgãos da Administração Pública Federal, na se-
guinte ordem: 1º nível – órgãos diretamente subordinados ao ministro de
estado, como secretaria, subsecretaria e departamento; 2º nível – órgãos
diretamente subordinados ao primeiro nível, como departamento, diretoria,
coordenação-geral; 3º nível – órgãos diretamente subordinados ao segundo
nível, como coordenação-geral, coordenação, divisão; 4º nível – órgãos
diretamente subordinados ao terceiro nível, como coordenação, divisão
e serviço; 5º nível – órgãos diretamente subordinados ao quarto nível,
como divisão e serviço; e 6º – órgãos diretamente subordinados ao quinto
nível, como serviço, seção, setor etc.
Os ocupantes dos cargos do primeiro ao terceiro nível, conforme a
seguir informado, exercem real poder na administração pública, ao parti-

 63 
POR DENTRO DO GOVERNO

ciparem do processo de formulação e até das tomadas de decisões, senão


como autores institucionais dos atos e agentes que manifestam a vontade
estatal, com certeza como supervisores, coordenadores ou formuladores
das políticas públicas.
Como exemplo, os secretários temáticos vinculados ao gabinete do
ministro, ocupantes de DAS 101.6, detêm muito poder. São eles que supervi-
sionam a formulação e execução das políticas públicas, cuja coordenação dos
trabalhos técnicos de elaboração fica a cargo dos diretores de departamento,
que ocupam DAS 101.5, ou dos coordenadores-gerais, ocupantes de
DAS 101.4, ou ainda dos coordenadores e chefes de divisão, ocupantes
de DAS 101.3, dependendo do grau de complexidade.
É no nível de diretores de departamentos, coordenadores gerais e
chefes de divisão, muitas vezes cargos que sequer figuram no organogra-
ma dos ministérios, que as atividades de fato se realizam. Esses cargos
são reservados aos servidores de carreira, que aliam delegação política e
conhecimento técnico.
É comum ministros anunciarem datas para edição de determina-
dos atos que simplesmente não se confirmam. Isso ocorre porque os
responsáveis pela formulação, cumpridores dos rituais e das exigências
orçamentárias e fiscais, não consideram adequado no formato solicitado,
ou porque a matéria possui um grau de complexidade desconhecido pela
autoridade política que a anunciou.
Dessa forma, um pleito que nasce no órgão ou setor específico tem mais
possibilidades de se tornar política pública, porque já sai analisado sob todos
os ângulos técnicos, cabendo apenas a decisão política, do que outro que
percorra o processo inverso, ou seja, parta da decisão política, mas encontre
obstáculos técnicos intransponíveis.
Assim, quem deseja uma norma da administração pública deve buscar
os dois caminhos possíveis: de cima para baixo, com o ministro ou secretário-
executivo pedindo ao setor específico providências, ou de baixo para cima,
com o setor específico propondo ao ministro ou ao secretário-executivo a
edição de determinado ato.
Do ponto de vista hierárquico, a importância dos cargos na estrutura
de um ministério obedece, em linhas gerais, à seguinte ordem:

 64 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

1. ministro de Estado;
2. secretário-executivo;
3. presidente e diretoria do Banco Central;
4. presidentes de estatais, como Petrobras, BB, CEF, BNDES, Finep;
5. presidente de agências reguladoras e autarquias, como ANP, Anatel,
Aneel e ANA;
6. secretários nacionais, como da Receita Federal, do Tesouro, do
Planejamento, de Gestão, de Recursos Humanos, de Política Econômica, de
Política Nacional de Saúde, da Previdência Social, da SOF;
7. presidentes de autarquias específicas, como INSS;
8. chefe de gabinete de ministro e de presidente de empresas; e
9. diretores de empresas, autarquias ou departamentos de secretarias
ministeriais.
Figuram à parte, nesse desenho, com poderes e nível hierárquico
equivalentes aos de secretário-executivo, os subchefes da Casa Civil, que
exercem competências específicas, com grande poder de influência sobre os
resultados finais das propostas na sua fase de elaboração e, posteriormente,
durante sua tramitação no Congresso.
Entre os ministérios, três são decisivos nas ações de qualquer governo:
Planejamento, Fazenda e Casa Civil. Eles integram a chamada junta orça-
mentária, que autoriza os grandes gastos do governo.
Assim, o primeiro cuida da máquina administrativa e controla
contabilmente o orçamento. O segundo, além de controlar o caixa orça-
mentário, administra, formula e aplica as políticas tributária, monetária,
cambial e de juros. O terceiro coordena e articula as ações do governo,
sendo dele a palavra final. Nesses termos, é delegatório direto do poder
governamental, representado pelo presidente da República, em nome do
qual exerce suas funções.

 65 
POR DENTRO DO GOVERNO

11. Livre provimento de cargos e


profissionalização do serviço público

O objetivo deste tópico é alertar para os riscos da larga utilização dos


cargos de livre provimento, que são inerentes ao presidencialismo de coalizão;
bem como chamar a atenção para a exclusão dessa modalidade de nomeação
para os cargos finalísticos dos órgãos de Estado, os quais devem ser preen-
chidos com funcionários de carreira, e, finalmente, mostrar os avanços na
profissionalização da administração federal.
No presidencialismo de coalizão, no qual o presidente da República
precisa compartilhar a gestão para arregimentar base parlamentar, a prática
de reservar cargos de livre provimento a pessoas de fora do serviço públi-
co continuará sendo necessária e inevitável, porém, deve ser exercida com
moderação e critério de qualificação, além de ficar restrita aos setores de alta
direção, correspondente ao comando político.
Virou senso comum, em qualquer governo, dizer que existe empre-
guismo sempre que os governantes recrutam pessoas para cargo de livre
provimento fora da Administração Pública, seja nos partidos políticos e
nos movimentos sociais, seja no meio empresarial, na academia ou em
outras áreas de atividade.
A suposição é que são pessoas sem qualificação para o exercício de
funções públicas, que poderiam comprometer a qualidade e eficiência da
administração pública, além do risco de desvio de conduta.
Quando o governante situa-se à esquerda no espectro político, acusam-
no de aparelhamento do Estado, ideologizando o tema.
É verdade que há casos de incompetência e até de corrupção – em
governos de esquerda e de direita. Existem exemplos de dirigentes que
ocupam cargos no governo, sem a devida qualificação, cujas ideias e propos-
tas, mesmo contestadas pelos escalões intermediários e técnicos de carreira,
ganham corpo e, graças à pressão política ou à ânsia do titular em mostrar
serviço, findam sendo incluídas em projetos de lei ou medidas provisórias.
É o chamado efeito inibitório.
Quem faz uso desse tipo de expediente, em geral, paga um preço alto,
além de ganhar fama de mau gestor.

 66 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Os controles existentes sobre os gestores, de carreira ou de livre pro-


vimento, são rigorosos, tanto pela Controladoria-Geral da União (CGU),
quanto pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Ambos podem facilmente
detectar e denunciar aos órgãos encarregados da orientação ou da aplicação
de punição tanto os casos de incompetência quanto os desvios de conduta,
prática de irregularidade, ilegalidade ou de corrupção.
Registre-se que a formulação das políticas públicas cabe, em mais
de 90% dos casos, à burocracia profissionalizada – e a do Brasil, espe-
cialmente na área econômica e ciclo de gestão, não deixa nada a dever às
burocracias mais preparadas do mundo – constituindo-se em importante
antídoto para eventuais incompetências ou desvios de pessoas alheias à
administração pública.
As carreiras de Estado – cuja remuneração recentemente passou a ser
compatível com suas atribuições, importância e responsabilidade – são for-
madas por profissionais competentes e comprometidos com os valores
éticos e morais exigidos ou requeridos nos ideais republicanos, estando
em perfeitas condições de assumir as responsabilidades próprias da alta
direção.14
Entre elas, merecem destaque, no Poder Executivo, as carreiras jurí-
dicas e de auditoria, de analistas e técnicos do Banco Central, da CGU, do
Tesouro Nacional e os gestores governamentais. No Legislativo, as carreiras
de analistas e técnicos do TCU e as de consultores legislativos, analistas e
técnicos da Câmara e do Senado. No Judiciário e no Ministério Público, além
dos membros, as carreiras de analistas e técnicos.
A administração pública, pelo menos no plano federal, já deu signi-
ficativos passos no sentido da profissionalização, a ponto de, como regra,
nenhum gestor, de carreira ou de livre provimento, tomar decisões sem
respaldo técnico de funcionários de carreira e sem a manifestação dos res-
pectivos órgãos jurídicos.
Apesar das resistências localizadas e de algumas tentativas de cria-
ção de ‘’trens da alegria’’, o sistema de mérito tem avançado e a política de
remuneração também avança no sentido da valorização e retenção desses
quadros no serviço público.
14 Alta direção ou direção superior compreende todas as atividades relacionadas à definição de políticas e metas de atuação do ente público,
bem como a tomada de decisão com vista ao atendimento dos objetivos e finalidades definidos em normas legais.

 67 
POR DENTRO DO GOVERNO

O importante é que haja mudança da cultura política e cada vez mais


funcionários de carreira – sensíveis ao comando político, mas capazes de
dizer ‘’não’’ – estejam próximos do poder de decisão e ocupem cargos
de alta direção.
Nesse sentido, o Poder Executivo encaminhou ao Congresso o Projeto
de Lei nº 3.429/2008, que substitui 2.477 DAS – Cargos do Grupo de Direção
e Assessoramento Superior, de livre provimento, por Funções Comissionadas
do Poder Executivo (FCPE), as quais serão preenchidas privativamente por
servidores públicos ocupantes de cargos efetivos na administração direta,
autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, conforme pre-
visto no inciso V, do art. 37 da Constituição Federal.
De acordo com a proposição, as 2.477 FCPEs vão do nível um ao nível
cinco, sendo 56 de nível cinco; 165 de nível quatro; 396 de nível três; 933
de nível dois e 937 de nível um. A medida, ao restringir o número de
cargos de livre provimento, contribui para a profissionalização do serviço
público.

 68 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

12. Sistemas estruturadores do governo federal

Neste tópico, o propósito é esclarecer o que são e como funcionam os


sistemas estruturantes do governo federal, mais conhecidos por suas siglas:
Siafi, Sidof, Siorg etc. São ferramentas e programas desenvolvidos pelo gover-
no, voltados para a gestão administrativa, que facilitam a operacionalização,
o controle e o monitoramento de documentos e ações oficiais.
O objetivo principal é desfazer os equívocos, próprios do senso co-
mum e da desinformação, a respeito do funcionamento da Administração
Pública. As pessoas, de tanto escutarem falar mal do governo, imaginam
uma instituição caótica e anárquica, sem organização nem controle sobre o
que acontece no seu interior. O detalhamento dos sistemas de controle ajuda
a desmistificar essa visão equivocada sobre os entes públicos e estatais.
O grande desafio é promover a integração desses sistemas de informa-
ções e organização, verdadeiros serviços de inteligência, que são alimentados,
controlados e administrados pelos ministérios “cabeças de sistemas” (Planeja-
mento, Fazenda e Casa Civil). Seu propósito é permitir o acompanhamento e
visualização das funções de governo, com emissão de relatório analítico sobre
as principais ações e despesas do Estado, como as de pagamento de pessoal
e de bens e serviços, tramitação dos documentos oficiais, entre outros.
A Casa Civil da Presidência da República, por exemplo, administra
o Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof), que
operacionaliza o trâmite eletrônico dos documentos entre as autoridades,
incluindo assinatura digital e publicação on-line, e cujo acesso é restrito.
Acessam o sistema, na condição de usuários, apenas o presidente da Repú-
blica, os ministros de Estado e os dirigentes máximos de órgãos integrantes
da estrutura da Presidência da República, responsáveis pela proposição de
documentos oficiais ao presidente da República, além dos titulares dos órgãos
de assistência jurídica dos ministérios e da Presidência. Também têm acesso
ao sistema os subchefes da Casa Civil responsáveis pelo exame de mérito e
juridicidade das matérias a serem submetidas ao presidente.
O Sistema inclui a atividade de elaboração, redação, alteração, controle,
tramitação, administração e gerência das propostas de atos normativos a
serem encaminhados ao presidente da eepública pelos ministérios e órgãos

 69 
POR DENTRO DO GOVERNO

integrantes da estrutura da Presidência da República. O Sidof está centra-


lizado na Casa Civil da Presidência da República, com órgãos setoriais nos
ministérios que são referendantes de atos oficiais.
Um documento que dependa da assinatura do presidente da Repú-
blica só existirá oficialmente para o conjunto do governo após sua inclusão
no Sidof. A inclusão no sistema cumpre várias funções, como possibilitar o
conhecimento prévio pelas autoridades com acesso ao sistema; a análise e
avaliação, caso específico das Subchefias da Casa Civil; a coleta de assinatura
das autoridades, como os ministros das pastas afetas; a edição de decreto,
envio ao Congresso de projeto de lei, medida provisória ou mensagem;
e, ainda, a nomeação de servidores graduados que requeira a chancela do
presidente da República.
O Ministério da Fazenda, por intermédio da Secretaria do Tesouro Na-
cional, coordena o Sistema de Administração Financeira (Siafi), o principal
instrumento utilizado para registro, acompanhamento e controle da execução
orçamentária, financeira e patrimonial do governo federal. Gestor da transpa-
rência dos gastos públicos, o Siafi registra, diariamente, toda a execução orça-
mentária, incluindo desde as compras do governo até o controle das dívidas
interna e externa, com padronização dos métodos e dos registros contábeis.
Nesse sentido, o Siafi é um sistema de administração financeira do
governo federal e sua utilização é feita exclusivamente por operadores
vinculados à administração pública. Os parlamentares federais (deputados
e senadores), por exemplo, possuem livre acesso, porém, o sistema não é
totalmente aberto ao acesso público. No portal http://www.transparencia.
gov.br/, mantido pela Controladoria-Geral da União, o cidadão pode acessar
boa parte das informações do Siafi, especialmente os repasses aos demais
entes federativos, contendo o que foi gasto com educação, Bolsa Família,
inclusive o nome dos beneficiários .
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é o órgão no go-
verno responsável pela administração da maioria dos Sistemas de Gestão
Administrativa (SGAs) ou estruturadores, entre os quais: Sistema de Infor-
mações Organizacionais (Siorg); Sistema Integrado de Dados Orçamentários
(Sidor); Sistema Integrado de Administração Patrimonial (Siapa); Sistema
Integrado das Empresas Estatais (Siest); Sistema de Informações Gerenciais

 70 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

de Planejamento (Sigplan); Sistema Integrado de Administração de Pessoas


(Siape); e Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg).
O Siorg, com atualização permanente e informações confiáveis,
proporciona o melhor acompanhamento das políticas e diretrizes do go-
verno federal, além de maior transparência da estrutura da administração
pública federal para a sociedade. A tabela de órgãos do Siorg, segundo o
artigo 8º do Decreto nº 4.896/2003, constitui-se na única referência para
cadastro de dados e processos dos sistemas integrados de administração
de recursos humanos.
Por intermédio do portal http://www.siorg.redegoverno.gov.br/,
qualquer cidadão pode consultar a estrutura organizacional dos órgãos
do Poder Executivo – administração direta, autarquia e fundações – para
informações sobre os mesmos, suas atribuições e finalidade, hierarquia e
localização, seus titulares e ocupantes de cargos. Trata-se de verdadeira
radiografia da administração pública federal, com referências legais e infor-
mações atualizadas.
O Sidor, administrado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF), do
Ministério do Planejamento, estrutura o processo de planejamento estratégico
e ajuda a planejar e programar as fases do ciclo orçamentário. Trata-se de
moderna ferramenta de tecnologia da informação que permite a integração
dos diversos órgãos envolvidos com as diversas fases da elaboração do Or-
çamento Geral da União.
O Siapa, administrado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU)
e pelas Gerências Regionais de Patrimônio da União (GRPU), oferece apoio,
centraliza e sistematiza informações patrimoniais da União, contribuindo
para: i) identificar os imóveis dominiais da União, quais são, em que local
estão e quais suas características; ii) identificar os que estão ocupados, quais
são os regimes de utilização e período de ocupação; iii) agilizar a cobrança e
aprimoramento dos controles sobre devedores omissos e fornecer dados para
o encaminhamento dos processos para inscrição na dívida ativa da União e
a competente execução judicial; iv) estabelecer uma padronização nas ativi-
dades operacionais executadas pelas GRPU; e v) integrar os procedimentos
da SPU e GRPU e fornecer à SPU informações que possam apoiar os esforços
de combate à sonegação e à moralização no trato da coisa pública.

 71 
POR DENTRO DO GOVERNO

O Siape (Sistema Integrado de Administração de Pessoal Civil) res-


ponde pela informatização dos dados do Sistema de Pessoal Civil (Sipec),
que envolve mais de duzentos órgãos da Administração Federal, cujo
controle central é de competência da Secretaria de Recursos Humanos, do
Ministério do Planejamento. Trata-se de um sistema on-line, de abrangên-
cia nacional, que registra todos os dados referentes a pessoal civil no Poder
Executivo, além de processar a folha de salários dos servidores ativos,
aposentados e pensionistas, emitir contracheques e permitir ao servidor
efetuar consulta, atualizar e imprimir dados extraídos diretamente do
Sistema, bem como acessar informações pessoais, funcionais e financeiras.
Cada servidor possui um número ou registro junto ao Siape, equivalente
ao do CPF ou da cédula de identidade, pelo qual ele é identificado pela
unidade de recursos humanos no governo.
O Siasg (Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais)
constitui-se de um conjunto de ferramentas destinadas a operacionalizar in-
ternamente o funcionamento sistêmico das atividades de gestão de material,
edificações públicas, veículos oficiais, comunicações administrativas, licita-
ções e contratos. Trata-se do sistema de compra do governo, com a missão de
controlar contratos, licitações e fornecedores, incluindo desde as licitações, a
elaboração de contratos, passando pela emissão de empenho, a publicação
no Diário Oficial, a emissão da nota fiscal e o ateste, com a conferência da
mercadoria ou do serviço prestado, até a liberação do recurso pelo Siafi.
O Sigplan (Sistema de Informações Gerenciais de Planejamento), admi-
nistrado pela Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI),
do MPOG, é o instrumento informatizado responsável pelo processamento
e elaboração, monitoramento, avaliação e revisão dos programas do Plano
Plurianual (PPA), e destina-se a fazer o elo com a rede de gerenciamento
do Plano, possibilitando a comunicação integrada entre os coordenadores
de ação, os gerentes, as unidades setoriais e centrais de planejamento, a alta
administração do governo e a sociedade.
O Siest (Sistema Integrado das Empresas Estatais) elabora o Plano de
Dispêndios Globais (PDG) das empresas estatais para o exercício financeiro
seguinte, acompanha a execução e a revisão para o exercício financeiro vigente
e fornece informações para o Balanço Geral da União, especialmente em re-
lação aos investimentos das estatais. O Siest cuida, ainda, da manutenção de

 72 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

informações cadastrais (perfil das estatais), contábeis (endividamento,


plano de contas, balanço patrimonial) e econômico-financeiras (políticas
de aplicações) das empresas federais para o controle do Departamento
de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest). No portal
http://www.planejamento.gov.br/, no ícone “Empresas Estatais”, estão
disponíveis informações sobre o perfil das sociedades de economia mista
da União.
A existência desses sistemas, além de permitir maior controle interno
dos gastos e atos governamentais, ajuda no acompanhamento e fiscalização
das políticas públicas por parte da sociedade, que deve cada vez mais exigir
uma governança participativa.

 73 
POR DENTRO DO GOVERNO

13. Relações governamentais ou institucionais:


governo versus sociedade

Neste tópico, trataremos da interação do governo com a sociedade e


da necessidade de organização e participação no processo de formulação
das políticas públicas, alertando para os riscos de omissões e/ou lacunas
que poderiam ser facilmente equacionadas com um acompanhamento mais
permanente por parte dos agentes econômicos e sociais.
O governo, em suas funções executivas, precisa interagir com as pessoas e as
empresas e, por isso, sempre haverá a necessidade de relações governamentais.
Essa interação, do ponto de vista estrutural, pode se dar por intermé-
dio de órgãos colegiados, como conselhos consultivos e/ou deliberativos,
dentro da política de governança participativa, ou mediante consulta
pública, em que a sociedade pode contribuir para o aperfeiçoamento de
determinadas políticas públicas.
As vantagens da governança participativa, uma tendência no Brasil e
no mundo, são evidentes, tanto para os governantes quanto para os setores
organizados da sociedade, como bem pontuou Luiz Alberto dos Santos em
sua tese de doutorado sobre lobby.15
Para a sociedade, além da criação de novas arenas de consulta, parti-
cipação e atuação dos setores organizados, esse processo cria e possibilita o
recrutamento de novas habilidades e capacidades que poderão contribuir
para o aperfeiçoamento das políticas públicas, garantindo maior visibilida-
de e facilidade para a inserção na agenda governamental de demandas de
interesse dos setores organizados.
Para os governantes, apesar de o Estado deixar de ser o único
locus de poder na sociedade, as vantagens são muitas e significativas,
especialmente por assegurar legitimidade, lealdade e aderência às
políticas públicas que resultarem de consensos em órgãos colegiados
com participação da sociedade. Esse mecanismo prepara a burocracia
para o novo momento de empoderamento da relação Estado-cidadão,
tornando-a mais tolerante e menos desconfiada dos atores sociais.

15 Ver Luiz Alberto dos Santos. Regulamentação das atividades de lobby e seu impacto sobre as relações entre políticos, burocratas e grupos
de interesse no ciclo das políticas públicas: análise comparativa dos Estados Unidos e Brasil. Tese de Doutorado, Centro de Pesquisa e Pós-
graduação sobre as Américas, Instituto de Ciências Sociais, UnB, Brasília, 2007.

 74 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Aliás, a própria Presidência da República, além de vários conselhos


consultivos e deliberativos no âmbito do Poder Executivo (ver tabela ao
fim deste tópico), possui duas instâncias com articulação e interação com a
sociedade. A primeira, a Secretaria-Geral da Presidência da República, que
se articula com a sociedade civil organizada, especialmente com os movi-
mentos sociais, como centrais sindicais, movimentos sindical e popular; e
a Secretaria de Relações Institucionais que, por intermédio do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social, interage, articula e organiza a agenda
dos agentes econômicos e sociais, preponderantemente a empresarial.
Entretanto, o nível de institucionalidade ainda é baixo e os critérios para
a participação, em geral, são subjetivos, dependendo mais da relação pessoal
ou de afinidade entre o titular dos órgãos onde a política pública se encontra
em debate e os interlocutores sociais, do que de regras claras e objetivas.
O fato de os integrantes dessas instâncias serem livremente escolhidos
e nomeados pelo Executivo, em grande medida, limita sua capacidade de
realmente funcionar como uma câmara de representação e “concertação”
da diversidade de interesses da sociedade civil. Caberia, eventualmente, às
próprias organizações – corporações empresariais e de trabalhadores etc. –
terem uma participação formalmente definida na escolha dos integrantes do
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Assim, é fundamental que a sociedade esteja atenta às iniciativas go-
vernamentais, já que, além da parcialidade na escolha dos interlocutores e
da parcimônia das consultas, nem sempre os setores afetados são adequa-
damente informados ou consultados.
Por isso é imperativo conhecer as instituições e órgãos, suas estruturas
e atribuições e os agentes políticos responsáveis pela concepção e formulação
das políticas públicas que impactam seus interesses, negócios ou atividade,
sob pena de alheamento à formulação de políticas públicas.
Do ponto de vista operacional, essa relação da sociedade com os po-
deres públicos pode demandar um mero esclarecimento ou ser apenas de
natureza técnica, mas também pode ter caráter político e envolver disputa
e relação de poder.
Assim, no primeiro caso, basta uma ação isolada de uma empresa ou
de um segmento específico para esclarecer eventuais dúvidas. Para exempli-

 75 
POR DENTRO DO GOVERNO

ficar, cita-se a criação da cesta básica da construção civil, da qual se excluiu o


alumínio. O decreto que instituiu essa cesta, destinada às pessoas de baixa
renda, utilizou como parâmetro para excluir o alumínio da cesta o preço da
tonelada, comparado com o preço do ferro e do aço, esquecendo que uma
porta ou janela de alumínio, além de maior durabilidade e possibilidade de
reciclagem, pesa menos de um quinto das produzidas com ferro ou aço. Com
os esclarecimentos da associação, o decreto foi alterado.
Outro exemplo ilustrativo da importância da presença e acompa-
nhamento dos temas de interesse das pessoas e das empresas se relaciona
com a morosidade da administração pública nas respostas às demandas
ou pendências dos agentes econômicos e sociais. Quando, por exemplo, há
conflito de interpretação sobre a aplicação de uma norma na União e não
exista parecer ou súmula da Advocacia-Geral da União (AGU) pacificando
a matéria, compete ao advogado-geral, amparado em parecer do consultor-
geral da União, dirimir o conflito. Porém, com o excesso de trabalho, se não
houver acompanhamento e cobrança sistemáticos, os processos ficam anos
sem qualquer manifestação, em prejuízo dos envolvidos.
No segundo exemplo, é necessário reunir forças, ter organização e
capacidade de influência, por se tratar de uma relação de natureza política,
pois nas disputas de poder pouco se pode fazer isoladamente, por mais
importante que seja a pessoa ou empresa. Formar grupos de pressão, por
exemplo, é uma boa alternativa.
Na Assembleia Nacional Constituinte de 1988, por exemplo, houve uma
grande disputa em torno da jornada de seis horas ininterruptas nos turnos de
revezamento. O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) organizou uma grande
reação, distribuindo um folder com os dizeres “As seis horas que abalarão o Bra-
sil” e quase conseguiu alterar o texto constitucional. Só não logrou êxito porque
os sindicatos de trabalhadores, para sustentar a defesa do texto, produziram
folders contestando o IBS e, principalmente, promoveram manifestações.
As decisões de governo nem sempre são tomadas de modo racional,
com base apenas em aspectos técnicos. A maioria é produto de negociação,
de disputa de poder entre correntes, grupos ou segmentos representados no
governo, situações que são naturais nas democracias, que reservam impor-
tantes espaços para as decisões políticas.

 76 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Como a sociedade é assimétrica, isto é, alguns são mais poderosos


que outros, é fundamental que as pessoas, físicas e jurídicas, se organizem
para que haja equidade, justiça e celeridade nas decisões de governo.
Sem essa organização, há riscos de que os direitos humanos não
sejam respeitados, de que as pessoas e empresas sejam asfixiadas com
uma carga tributária excessiva e de que as leis beneficiem apenas os
poderosos.
Para esclarecer o assunto, nos valemos de levantamento extraído da
tese de doutorado de Luiz Alberto dos Santos sobre a regulamentação do
lobby, conforme a tabela v, a seguir.

Tabela V – Órgãos colegiados e sua natureza

Quantidade e Natureza dos Período de Segmentos


vinculação colegiados criação representados

85 órgãos colegia- 39 conselhos e co- 28 conselhos, 121 entidades de


dos na administra- legiados de caráter comitês, fóruns e defesa de direi-
ção federal consultivo outras instâncias tos
consultivas ou
consultivas e de-
liberativas foram
criados entre
2003 e 2007
65 vinculados aos 40 de caráter con- 37 foram criados 91 entidades em-
ministérios sultivo e delibera- ou reformulados presariais
tivo entre 1988 e
2002
20 integrantes da 8 de caráter exclu- Os demais têm 55 entidades de
estrutura da Pre- sivamente delibe- sua criação re- trabalhadores ur-
sidência da Repú- rativo gistrada a partir banos
blica de 1923

56 entidades re-
presentativas de
trabalhadores e
empresários ru-
rais e ambienta-
listas
32 entidades re-
presentativas de
setores popula-
res urbanos

 77 
POR DENTRO DO GOVERNO

14. Condições para interação entre


sociedade e governo

O objetivo deste tópico é chamar a atenção para a necessidade de si-


metria de informação entre os atores governamentais e não-governamentais
no processo de participação e de tomada de decisão, sob pena de que ocorra
desvantagem para os agentes econômicos e sociais, que não terão o mesmo
nível de conhecimento sobre os temas objeto de debate ou deliberação.
Registre-se, inicialmente, os avanços na administração pública em
termos de transparência e acesso a informações, os quais têm contribuído
para a melhoria da gestão pública, da avaliação e do monitoramento das
políticas e ações governamentais.
Entretanto, como assinalou Luiz Alberto dos Santos, “a assimetria de
informação entre atores governamentais e não governamentais é um dos
principais obstáculos à efetiva participação cidadã no controle dos atos da
Administração Pública e no processo decisório governamental”.16
Nesse contexto, é inegável que o processo de transparência na Admi-
nistração Pública, graças ao avanço das tecnologias da informação e co-
municação e de leis que criaram mecanismos de controle do gasto público,
deu saltos gigantescos desde a redemocratização do país. Isso pode ser
constatado com a criação do Siafi (Sistema Integrado de Administração
Financeira), no Governo Sarney, a aprovação da Lei de Responsabilidade
Fiscal e a criação da CGU (Controladoria-Geral da União) nos governos
FHC, e a criação do Governo Eletrônico e do Portal da Transparência na
gestão Lula. Os próximos passos rumo ao aprofundamento da transpa-
rência e do controle devem ser a aprovação da lei de acesso à informação
e a regulamentação do lobby.
Cabe destacar que, de fato, a cultura de facilitar a consulta aos registros
públicos vem se consolidando nos três poderes da União, a partir da criação
de portais com dados e informações sobre praticamente todos os temas que
a legislação não considera confidenciais, reservados, sigilosos ou secretos.

16 Trabalho apresentado ao X Congresso Internacional do CLAD – Centro Latinoamericano de Administração para o Desenvolvimento –, reali-
zado no Chile em 2005, sob o título “Prestação de contas, acesso a informação e processo decisório”.

 78 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

O Legislativo, por exemplo, coloca disponível pela internet toda a le-


gislação federal e os projetos em tramitação, com a íntegra das proposições,
assim como a biografia, estudos, pareceres e pronunciamentos dos parla-
mentares. O Judiciário põe à disposição do público em geral, também via
internet, os processos em curso e as informações sobre prestação de contas
dos candidatos, no caso da Justiça Eleitoral. Por seu turno, o Executivo per-
mite o acesso ao Diário Oficial da União, no qual estão publicados todos os
atos governamentais, e também coloca disponíveis os dados sobre repasse a
estados e municípios e cidadãos, como o Bolsa Família, além de informar os
convênios e compras governamentais, entre outras importantes iniciativas.
O projeto de lei de acesso à informação (PL 5.228/2009), já em tramitação
no Congresso, tem o propósito de reduzir drasticamente a cultura do segredo,
retirando o caráter reservado ou sigiloso da quase totalidade das informações e
registros públicos. Tem também a função de disciplinar as formas de participação
do usuário na administração pública, regulamentando o acesso do público em
geral aos arquivos, registros e informações sobre atos governamentais.
A transformação desse projeto em norma jurídica fará que todos os atos,
políticas, estudos e registros de interesse do cidadão, do usuário e do contri-
buinte brasileiro sejam públicos, ampliando a transparência da Administração
Pública. Significará uma importante mudança de paradigma no país no que
se refere a dados, arquivos e registros públicos, alterando profundamente a
forma de relacionamento entre a administração e o cidadão.
O acesso dos cidadãos, dos agentes econômicos e da sociedade orga-
nizada às informações produzidas ou mantidas por órgãos do governo será
regra, e o sigilo, exceção. Com a futura lei, pelo menos do ponto de vista
da oportunidade, todos serão iguais, bastando que acessem os portais ou
exerçam o direito de petição.
O referido projeto de lei de acesso à informação, destinado a regula-
mentar o parágrafo 3º do artigo 37 da Constituição, está em sintonia com os
princípios do artigo 5º, incisos XXXIII, segundo o qual “todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de interesse particular, ou de in-
teresse coletivo ou geral (...)”, e XXXIV, de acordo com o qual “são a todos
assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de
petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou

 79 
POR DENTRO DO GOVERNO

abuso de poder; e b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para


defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”.
O próximo passo, após a aprovação e sanção do projeto de lei de acesso
à informação, deve ser o debate da lei do lobby, que regulamentará a represen-
tação direta e a defesa de interesses afetados por decisões do poder público.
Definirá, portanto, as regras sobre a relação entre os agentes econômicos e
sociais e os agentes políticos e servidores públicos nos Poderes Executivo e
Legislativo nos três níveis de governo, incluindo as exigências para registro,
credenciamento e capacitação dos profissionais dos grupos de pressão.
O estudo da matéria está a cargo da Controladoria-Geral da União, que
promoveu o Seminário Internacional sobre Intermediação de Interesses: a
Regulamentação do Lobby no Brasil, para colher subsídios à proposta. Pa-
ralelamente às iniciativas do Poder Executivo, já tramitam no Congresso
vários projetos de lei regulamentando a atividade de lobby. O mais antigo
é de autoria do senador Marco Maciel (DEM/PE). Porém, o mais completo
é o do deputado Carlos Zarattini (PT/SP), o PL 1.202/07.
O governo também pretende solicitar aos líderes do Congresso que
aprovem o Projeto de Lei nº 7.528, enviado em 2007, que “dispõe sobre o
conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Executivo
Federal e impedimentos posteriores ao exercício de cargo ou emprego pú-
blico”, dentro da lógica de impedir tráfico de influência ou transferência ao
setor privado de informações privilegiadas a que teve acesso em razão do
cargo. São medidas positivas que contribuem para a transparência, decência
e controle dos agentes públicos.
A decisão política do governo de apresentar o projeto de lei de acesso
à informação, portanto, é mais um passo importante na democratização da
informação e da transparência na administração pública, contribuindo para
criar uma cultura republicana e um ambiente de participação, consulta pú-
blica e legitimação das ações governamentais.
O acesso à informação, além de favorecer a democracia, a prevenção e
o combate à corrupção, é fator determinante para assegurar a participação
social e o controle da cidadania sobre atos governamentais, eliminando a
assimetria de conhecimento existente entre instituições e pessoas.

 80 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

A transparência e o acesso, portanto, precisam ser amplos, incluindo


todas as etapas da política pública, desde as fases de concepção e formulação,
passando pelo processo decisório até a implementação e avaliação para que
a participação da sociedade seja efetiva.

15. Políticas públicas e ciclo orçamentário

Neste tópico, o objetivo é apresentar, de modo sucinto, o conceito de


política pública, suas arenas e fases de formulação, bem como jogar luz sobre
o processo orçamentário, com definições e desmistificação do tecnicismo
atribuído às questões orçamentárias, que afastam a sociedade da participação
na definição das prioridades do governo.

15.1. Políticas públicas

Conceitualmente, políticas públicas são decisões de governo. Porém,


nem toda decisão de governo constitui política pública – como, por exemplo,
as leis que tratam de homenagens ou que instituem datas comemorativas ou
a emenda constitucional da reeleição.
As políticas públicas, em geral, traduzem a ideia de valor, de alocação
de recursos ou benefícios, distribuição de bens e serviços públicos para loca-
lidade, indivíduos ou grupos, como também regulam a relação entre pessoas
e entre estas e as instituições, públicas e privadas.
É comum as pessoas confundirem políticas públicas com políticas so-
ciais, quando estas são tipos daquelas. Aliás, as políticas públicas são assim
chamadas não pelo seu conteúdo, mas pelo caráter de norma pública.
Como bem explica Maria das Graças Rua, as políticas são públicas,
e não privadas ou apenas coletivas, porque estão revestidas da autorida-
de soberana do Poder Público ou porque emanam do Estado, único ente
que detém o monopólio legítimo do uso da força para fazer valer suas
decisões e ações.17

17 Conferir Maria das Graças Rua. “Análise de políticas públicas: conceitos básicos”. In: RUA, Maria das Graças e CARVALHO, Maria Izabel
Valladão (orgs.). O estudo da política: tópicos selecionados. Brasília: Paralelo 15, 1998.

 81 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

A transparência e o acesso, portanto, precisam ser amplos, incluindo


todas as etapas da política pública, desde as fases de concepção e formulação,
passando pelo processo decisório até a implementação e avaliação para que
a participação da sociedade seja efetiva.

15. Políticas públicas e ciclo orçamentário

Neste tópico, o objetivo é apresentar, de modo sucinto, o conceito de


política pública, suas arenas e fases de formulação, bem como jogar luz sobre
o processo orçamentário, com definições e desmistificação do tecnicismo
atribuído às questões orçamentárias, que afastam a sociedade da participação
na definição das prioridades do governo.

15.1. Políticas públicas

Conceitualmente, políticas públicas são decisões de governo. Porém,


nem toda decisão de governo constitui política pública – como, por exemplo,
as leis que tratam de homenagens ou que instituem datas comemorativas ou
a emenda constitucional da reeleição.
As políticas públicas, em geral, traduzem a ideia de valor, de alocação
de recursos ou benefícios, distribuição de bens e serviços públicos para loca-
lidade, indivíduos ou grupos, como também regulam a relação entre pessoas
e entre estas e as instituições, públicas e privadas.
É comum as pessoas confundirem políticas públicas com políticas so-
ciais, quando estas são tipos daquelas. Aliás, as políticas públicas são assim
chamadas não pelo seu conteúdo, mas pelo caráter de norma pública.
Como bem explica Maria das Graças Rua, as políticas são públicas,
e não privadas ou apenas coletivas, porque estão revestidas da autorida-
de soberana do Poder Público ou porque emanam do Estado, único ente
que detém o monopólio legítimo do uso da força para fazer valer suas
decisões e ações.17

17 Conferir Maria das Graças Rua. “Análise de políticas públicas: conceitos básicos”. In: RUA, Maria das Graças e CARVALHO, Maria Izabel
Valladão (orgs.). O estudo da política: tópicos selecionados. Brasília: Paralelo 15, 1998.

 81 
POR DENTRO DO GOVERNO

Os níveis de influências recíprocas na formulação da política


pública, notadamente no marco regulatório, são amplos e podem vir
do global para o municipal, passando pelo estadual e federal, ou o
processo inverso.

15.2. Processo de interação na formulação de políticas públicas

A formulação da política pública é antecedida por um processo,


com diversas etapas, cuja função é levar um tema ou demanda da esfera
privada para a pública. Esse processo, conforme ilustra a Tabela VI, a
seguir, é produto da interação social, que surge da percepção social,
evolui para comunicação, passa por articulações, mobilizações, agluti-
nações e recrutamento de liderança, até chegar aos agentes públicos, que
examinam a conveniência e oportunidade de transformar determinada
demanda em política pública.

Tabela VI – Fases de formulação de políticas públicas

1ª fase 2ª fase 3ª fase 4ª fase 5ª fase

População Instituições Agenda Formulação Implementação


política
pública
Demandas Partidos Temas Legislativo Gastos
políticos políticos
Interesses Mídia Editoriais de Executivo Tributos
jornais
Problemas Grupos de Debate no Judiciário Leis, atos e
interesses parlamento regulamentos
Preocupações Universidade Estudos na Burocracia Não-decisão
burocracia (omissão)

A tabela VI consolida o entendimento de que, assim como na sociedade,


o processo de articulação e execução da política pública na esfera pública é
complexo e inclui diversas etapas, desde a formação da agenda, a formulação,

 82 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

o processo decisório, a implementação e avaliação, todas de responsabilidade


dos agentes públicos.
A primeira fase, a de formação da agenda, ocorre quando as questões,
problemas, demandas, conflitos, crises e disputas saem da esfera privada
para a esfera pública, conforme o esquema a seguir.
A segunda fase, a de formulação da política pública, compreende a
análise e estudos dos impactos econômicos, sociais, políticos e jurídicos,
ou seja, é a fase em que os valores, princípios e leis estão sob exame dos
agentes públicos.
A terceira fase, a da tomada de decisão, é o momento de escolher
alternativas, de aceitação ou negação, que requer do agente público, além
da observância de regras, normas e formas de deliberação, informação e
conhecimento sobre o tema e os atores envolvidos, para adotar a decisão
com maior chance de êxito.
A fase seguinte, a quarta, a de implementação, consiste na execução,
na definição do método, que pode ser centralizado ou descentralizado, de
cima para baixo ou de baixo para cima, ou, ainda, vertical ou horizontal.
O grau de aderência à política pública é que definirá o melhor método. Nas
políticas com grande resistência, a centralização favorece sua implementa-
ção, enquanto que, para as políticas de grande aceitação, o melhor método
é a descentralização.
A última fase, referente à avaliação, consiste no monitoramento da
implementação da política, permitindo aos agentes públicos conhecer o ca-
lendário de eventos e seus possíveis obstáculos de natureza jurídica, legal,
econômica, política, social ou ambiente, entre outros, para superá-los dentro
da programação de prioridades do governo.
Nesse contexto, as políticas públicas podem ser classificadas nas arenas
distributiva, redistributiva e regulatória. A distributiva possui baixo grau
de conflito na alocação de recursos e benefícios, uma vez que tem benefícios
e custos difusos, como as questões de saúde pública, meio ambiente, assis-
tencial social, entre outras.
Já a política redistributiva, que consiste na distribuição de renda e
propriedade, mediante alocação de valores e bens públicos para segmentos

 83 
POR DENTRO DO GOVERNO

concentrados, possui alto grau de conflito, porque geralmente tem custos e


benefícios concentrados ou benefícios difusos e custos concentrados, como
as questões previdenciárias, agrárias, políticas afirmativas na área de edu-
cação, entre outras.
Por sua vez, a política pública regulatória, destinada a questões seletivas
de responsabilidade do Estado, provoca reação variada de adesão e rejeição,
de acordo com quem ganha ou perde na regulação, notadamente na conces-
são de serviços públicos ou na fixação de tarifas, especialmente nas áreas de
infraestrutura, como energia, telecomunicações, transporte, rodovias etc.
As políticas públicas distributivas e redistributivas se materializam por
intermédio das peças orçamentárias, cujo ciclo inclui o Plano Plurianual (PPA),
a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

15.3. Ciclo orçamentário

O orçamento público, apesar de ser um instrumento essencialmen-


te político, que depende de decisões políticas, ainda é visto no Brasil
como assunto especializado, afastando a sociedade da definição das
prioridades governamentais.
É verdade que a Constituição de 1988 contribuiu para organizar, mo-
ralizar e dar maior transparência ao orçamento público, principalmente no
processo de elaboração e nos mecanismos de controle. Esse processo, entre-
tanto, necessita de permanente aperfeiçoamento.
A ideia, amplamente difundida, de que a participação no debate de
questões orçamentárias pressupõe conhecer aspectos da contabilidade públi-
ca, da burocracia estatal e da dinâmica político-institucional afastou pessoas
e entidades da sociedade civil dessa discussão.
Na tentativa de contribuir com a democratização de informação nessa
importante área do conhecimento, algumas entidades da sociedade civil e
até órgãos governamentais, com o propósito de desmistificar e lutar contra
esse “estado de coisas”, criaram instrumentos de acompanhamento e controle
orçamentário. As entidades da sociedade civil organizaram o Fórum Brasil

 84 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

do Orçamento (FBO) com a finalidade de acompanhar os processos de elabo-


ração e execução do orçamento público, cujo acesso se dá por intermédio do
portal: www.forumfbo.org.br, assim como a Associação Contas Abertas, com
o seguinte endereço eletrônico: http://contasabertas.uol.com.br. O Senado
Federal, por intermédio de seu portal www.senado.gov.br, criou o serviço
Siga Brasil, que permite navegar nas contas públicas, assim como a Câmara
dos Deputados, por intermédio da Consultoria de Orçamento (http://www2.
camara.gov.br/internet/orcamentobrasil). A Controladoria-Geral da União
(CGU) também criou o portal www.transparência.gov.br, em que o cidadão
pode localizar as ordens de pagamentos da administração pública.
A democratização do acesso à elaboração e execução do orçamento
público é fundamental. É por meio dos projetos orçamentários que o Con-
gresso Nacional exerce sua missão constitucional de participar do controle das
finanças públicas, cabendo-lhe promover a análise dos planos, programas e
diretrizes em matéria orçamentária. Assim, havendo participação da sociedade,
o Congresso terá condições de melhorar a efetividade em sua missão.
Compete também ao Congresso a titularidade e a realização, por inter-
médio do controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas da União,
da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
da União, seus órgãos e entidades, quanto à legalidade, legitimidade, eco-
nomicidade, aplicação de subvenções e renúncia de receitas.
A iniciativa dos projetos de lei do chamado ciclo orçamentário, que
compreende o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Orça-
mento da União, bem como os créditos adicionais ou extraordinários, é de
exclusividade do Poder Executivo.
O Plano Plurianual (PPA), correspondente ao período de quatro
anos, tem início no segundo ano do governo e vai até o primeiro ano do
governo seguinte. É enviado pelo presidente da República ao Congres-
so até o dia 31 de agosto do primeiro ano de seu mandato, devendo ser
aprovado e sancionado até o encerramento da mesma sessão legislativa,
ou seja, até 22 de dezembro.
Segundo o § 1º do art. 165 da Constituição Federal, o PPA esta-
belecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da

 85 
POR DENTRO DO GOVERNO

administração pública federal para as despesas de capital e outras delas


decorrentes e para as relativas ao programa de duração continuada a
serem atingidas no quadriênio.
Constitucionalmente, o PPA é obrigatório para o setor público e in-
dicativo para o setor privado. Nele devem constar as grandes metas para
investimentos e aplicações de recursos nos próximos quatro anos.
A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) define as diretrizes para
o orçamento (ver art. 165, § 2º, da CF). Por sua vez, a Lei Orçamentária
Anual (LOA) implementa, organiza e aloca os recursos para custeio
dessas políticas, compreendendo o orçamento fiscal, da seguridade e
de investimentos. É a LOA que estima a receita e fixa a despesa que a
Administração Pública está autorizada a gastar.
Além disso, existe uma série de outras peças, que servem de propagan-
da e instrumentos de prestação de contas do governo. Na abertura da sessão
legislativa, o presidente encaminha uma mensagem anual ao Congresso
fazendo uma avaliação do ano anterior e antecipando o que pretende fazer
naquele ano, além do Balanço-Geral da União, que é a prestação de contas
de como se encontra o aspecto financeiro-orçamentário do governo. Esse
Balanço é uma peça fundamental porque permite verificar a relação discurso
versus prática, ou seja, permite considerar se o que foi alocado, previsto no
orçamento, foi efetivamente executado.
Em termos comparativos, o orçamento brasileiro, diferentemente do
americano, é meramente autorizativo. Existem propostas para torná-lo
impositivo, como nos Estados Unidos. Para que se tenha uma ideia do
nível de improvisação orçamentária, algo em torno de um terço das leis
feitas no Brasil é oriundo de proposições sobre créditos adicionais que
alteram o orçamento, classificados em três modalidades: suplementares,
especiais e extraordinários. Os créditos suplementares, como o próprio
nome induz a pensar, destinam-se a complementar recursos para deter-
minada política pública cuja locação inicial foi insuficiente; os créditos
especiais se destinam a situações novas, como a adoção de novas políticas
públicas durante o exercício; e, finalmente, os créditos extraordinários,
destinados a atender a despesas imprevisíveis e urgentes, tais como as

 86 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública (art. 167,


§ 3º, da Constituição Federal).
As peças orçamentárias são discutidas e elaboradas no Poder Execu-
tivo e enviadas ao Congresso sem que existam instrumentos e processos de
participação mais efetivos da sociedade, que nem sequer tem conhecimento
de como são alocados e gastos os recursos públicos.

 87 
POR DENTRO DO GOVERNO

 88 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

16. Estrutura da Presidência da República

Neste tópico, trataremos do núcleo decisório do governo, destacando


o papel de cada um dos órgãos integrantes da Presidência da República na
definição e na consecução das prioridades governamentais. O sistema de
apoio às decisões presidenciais, como se observará, é amplo e complexo, e
sua coordenação é feita pela Casa Civil, em sintonia com o gabinete pessoal
e a assessoria especial do presidente.
O presidente da República, no exercício diário de suas funções de
chefe de governo, chefe de Estado e de líder da Nação, conta com uma
ampla estrutura de suporte técnico-político (Lei nº 10.683/03, oriunda da
MP 103, de 1º de janeiro de 2003), que pode ser definida como o sistema de
alta direção, que inclui os órgãos essenciais, de assessoramento imediato,
os consultivos e os integrantes da Presidência, conforme organograma
apresentado no início deste tópico.
As três dimensões do exercício presidencial (líder da Nação, chefe
de Estado e chefe de governo) exigem muitas habilidades do presidente
da República, embora duas delas sejam preponderantemente simbólicas.
A primeira dimensão, de líder da Nação, consiste em obedecer e defender
a Constituição Federal, manter a ordem interna do país e a paz social
entre os brasileiros, defender a soberania nacional e zelar pela defesa
do Estado democrático, enquanto a segunda, de chefe de Estado, é mais
simbólica e tem como objetivo manter relações com outros Estados es-
trangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos, declarar guer-
ra, no caso de agressão estrangeira, e permitir que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional, além da função de comandante chefe
das Forças Armadas.
Entre as funções do presidente da República, a de chefe de governo é a
que mais exige atenção e tempo, considerado o bem material mais precioso
do chefe do Poder Executivo. Ela consiste no exercício da direção superior
da administração federal, na organização e funcionamento do governo;
na sanção, promulgação e publicação das leis; na expedição de decretos e
regulamentos; no provimento e extinção de cargos e órgãos da administração
pública; no envio ao Congresso Nacional das peças orçamentárias (Plano

 89 
POR DENTRO DO GOVERNO

Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Proposta Orçamentária


Anual), entre outras atribuições constitucionais.
No exercício dessas atribuições, o presidente conta com o auxílio
do sistema de alta direção que, segundo a classificação de Jackson de
Toni, é integrada pela elite da Administração Pública e tem como principal
missão definir as diretrizes políticas e administrativas do governo.18 Inclui a
assessoria imediata (ministros e gabinete pessoal do presidente); o sistema
de apoio político (Secretaria-Geral, Secretaria de Relações Institucionais, li-
deranças no Congresso e conselho político); o planejamento, monitoramento
e avaliação (Casa Civil, Planejamento e Secretaria de Assuntos Estratégicos);
o desenho da grande estratégia (coordenação de governo, câmaras setoriais,
conselho político); orçamento e gestão (Planejamento e Casa Civil); suporte
no Congresso Nacional (base aliada, partidos, líderes partidários); e treina-
mento especializado e desenvolvimento organizacional (Escola Nacional de
Administração Pública – Enap).
Estruturalmente, integram a Presidência da República, como órgãos
essenciais, a Casa Civil, a Secretaria-Geral, a Secretaria de Relações Institu-
cionais, a Secretaria de Comunicação Social, o Gabinete Pessoal, o Gabinete
de Segurança Institucional e a Secretaria de Assuntos Estratégicos; como
órgãos de assessoramento estão a Advocacia-Geral da União e a Asses-
soria Especial do Presidente da República, além dos Conselhos de Governo;
de Desenvolvimento Econômico e Social; Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional; Nacional de Política Energética e Nacional de Integração de Po-
líticas de Transportes. Por sua vez, como órgãos de consulta, há os Conselhos
da República e o de Defesa Nacional. Por fim, como órgãos integrantes, cita-
se a Controladoria-Geral da União, a Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, a Secretaria de Política
de Promoção da Igualdade Racial e a Secretaria Especial de Portos.
Os órgãos essenciais da Presidência da República, como já mencionado,
são formados pela assessoria direta e imediata, o que inclui: a Casa Civil,
responsável pela coordenação da ação de governo; a Secretaria de Relações
Institucionais, encarregada das relações com o Congresso e os entes federa-
tivos; a Secretaria- Geral, incumbida da articulação com a sociedade civil;

18 Conferir o artigo de Jackson de Toni, “Alta direção e planejamento estratégico: o funcionamento do gabinete presidencial como teto à capa-
cidade para governar”. Revista Espaço Acadêmico, Ano IV, nº 44, janeiro de 2005, p. 1-9.

 90 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

o gabinete pessoal do presidente, responsável pela agenda e despachos; a


Secretaria de Assuntos Estratégicos, encarregada dos estudos de longo prazo;
o Gabinete de Segurança Institucional, que coordena as atividades de inteli-
gência federal e da segurança da informação, e a Secretaria de Comunicação
Social, responsável pela divulgação das ações e realizações do governo.
A coordenação geral de governo, como bem lembra Francisco Gaetani,19
depende do complexo equilíbrio entre os chamados ministérios sistêmicos
(Casa Civil, Fazenda e Planejamento), que exercem as funções de planejamen-
to, coordenação, supervisão e controle dos ministérios setoriais, entidades
e órgãos da administração pública, além da função política de articulação,
construção de consenso, arbitragem e mediação. Eles integram a Junta de
Programação Orçamentária e Financeira, com alçada para autorizar despesas,
gastos ou investimentos não previstos orçamentariamente ou que dependam
de créditos adicionais ou suplementares.
Operacionalmente, o dia-a-dia do Palácio do Planalto é coordenado
pelos órgãos essenciais da Presidência da República. Entre as atribuições
dos órgãos essenciais, incluem-se a coordenação política e administrativa; a
relação do presidente com o Congresso e a sociedade; a missão de processar
e filtrar as decisões a serem submetidas ao Presidente da República; a orga-
nização da agenda presidencial e o preparo de documentação de despachos;
e a avaliação e o monitoramento das metas governamentais.
Ao sistema de alta direção, portanto, compete o manejo de instituições e
processos que permitam a fluidez das decisões governamentais, evitando os
gargalos e obstáculos à tomada de decisão. No cumprimento dessa missão
de alta responsabilidade e complexidade, o governo conta com a qualificação,
profissionalização, institucionalização e estruturação de órgãos e instâncias,
especialmente na Casa Civil da Presidência. Nesse contexto, o arranjo insti-
tucional foi concebido para permitir à Presidência da República identificar
os problemas, conflitos e disputas intra e extra-governo e, na medida do
possível, atuar para resolvê-los, em geral mediante mecanismos e instâncias
de articulação, mediação e arbitragem.
O sistema de suporte e apoio existente no Palácio do Planalto, além
de competência técnica, reúne uma série de recursos de poder e redes de

19 Ver texto de Francisco Gaetani “O governo Lula e os desafios da política regulatória no setor de infraestrutura”, apresentado no VIII Congres-
so Internacional del Clad sobre La Reforma del Estado y de la Administracion Pública, Panamá, de 28 a 31 de outubro de 2003, p. 70.

 91 
POR DENTRO DO GOVERNO

relacionamentos que inclui desde agentes políticos com vínculos sociais e


partidários, passando por arranjos institucionais capazes de blindar o presi-
dente de contatos inconvenientes, até instituições e espaços encarregados da
mediação, articulação e interação com os agentes econômicos e sociais.
Entre as principais instâncias de relacionamento com a sociedade, estão
o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Secretaria de Relações
Institucionais, que faz o diálogo social com o setor empresarial; a Secretaria
Nacional de Articulação da Secretaria-Geral da Presidência da República, que
articula e se relaciona com os movimentos sociais, notadamente o sindical e
o estudantil; e a Secretaria de Comunicação, que se relaciona com os veículos
de comunicação e, por consequência, com toda a sociedade.
O organograma da página 88 demonstra, esquematicamente, o suporte
com que conta a Presidência da República, reunido em cinco tipos de órgãos
(consulta; integrantes, vinculados, assessoramento e essenciais).

16.1. Órgãos essenciais da Presidência da República

Estão classificados como órgãos essenciais da Presidência da República,


nos termos do art. 1º da Lei nº 10.683, de 2003, o Gabinete Pessoal do Presi-
dente; a Casa Civil, a Secretaria-Geral, a Secretaria de Relações Institucionais,
a Secretaria de Comunicação Social, o Gabinete de Segurança Institucional
e a Secretaria de Assuntos Estratégicos.

16.2. Gabinete Pessoal do Presidente da República

O Gabinete Pessoal do Presidente, órgão essencial da Presidência da


República, presta assistência direta e imediata ao Presidente no desem-
penho de suas funções. Tem como atribuições as atividades de secretaria
particular, de cerimonial, de ajudância de ordens, de organização do
acervo documental privado do presidente e, principalmente, de coorde-
nação da agenda presidencial, que compreende despachos, audiências,
participação em eventos oficiais e sociais e a programação de viagens e
visitas, no país e no exterior.

 92 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Estruturalmente, o Gabinete Pessoal conta com um chefe de Gabine-


te, que ocupa cargo de natureza especial; três chefes de gabinete-adjuntos,
ocupantes de cargo de DAS 101.6; um chefe de cerimonial, também DAS
101.6; e um assessor-técnico, ocupante de cargo de DAS 101.3, encarregado
da ajudância de ordens. O chefe de Gabinete, que despacha diariamente com
o presidente, coordena os trabalhos, cuja execução compete aos chefes de
gabinete-adjunto, todos com acesso ao gabinete presidencial.
O titular do Gabinete-Adjunto de Agenda, além do controle diário das
audiências do presidente, responde pelo planejamento, elaboração e coor-
denação da agenda diária e semanal do presidente da República, sempre
em consonância com as metas e prioridades do Governo. Coordena o grupo
de agenda futura para o planejamento estratégico da agenda, que se reúne
semanalmente, e conta com a participação de outros setores da presidência
(Comunicação, Segurança Institucional, Relações Institucionais, Casa Civil,
Secretaria Geral etc.).
Ao Gabinete-Adjunto de Informação e Apoio às Decisões, cujo titular
acompanha as reuniões com a presença do presidente da República, compete
articular, planejar, consolidar e monitorar a elaboração de informações em
apoio às decisões do presidente, bem como registrar, monitorar e acompa-
nhar o andamento dessas decisões e dos compromissos públicos do chefe
de Estado. Além disso, coordena as assessorias temáticas do Gabinete
Presidencial, orienta os ministérios quanto à preparação de informações
para o presidente, e prepara informações para sua agenda, audiências,
entrevistas e viagens.
O Gabinete Adjunto de Atendimento e Gestão cuida do planejamen-
to, organização e monitoramento da gestão interna do Gabinete Pessoal,
administrando os assuntos pessoais do presidente da República, além de
coordenar o recebimento e as respostas às suas correspondências pessoais e
sociais. Dá assistência direta e imediata ao presidente em demandas especí-
ficas e coordena a formação do seu acervo.

 93 
POR DENTRO DO GOVERNO

16.3. Casa Civil da Presidência da República

A Casa Civil da Presidência da República, locus da coordenação da


ação de governo (Decreto nº 5.135/04), é o braço operacional da Presi-
dência, com a missão de promover a governança intra e interministerial,
compatibilizando os atos submetidos ao presidente da República às di-
retrizes governamentais.
A Casa Civil, segundo Luiz Alberto dos Santos,20 tem a função de
coordenar, avaliar e monitorar a ação dos órgãos governamentais, aferindo
a qualidade e a coerência dos atos com as diretrizes governamentais e o
atendimento das metas prioritárias. Cumpre, ainda, o papel estratégico
na construção de parcerias e alianças no governo, funcionando como
facilitador e indutor de consensos entre os órgãos governamentais, mas
possui poderes para arbitrar conflitos entre ministérios e a prerrogativa de
devolver aos órgãos de origem documentos que considere incompatíveis
com as diretrizes governamentais.
Compete à Casa Civil, entre outras atribuições, cuidar do monitora-
mento e avaliação da ação dos órgãos governamentais; fazer o acompanha-
mento dos temas junto aos ministérios e entidades; promover a publicação
e preservação dos atos oficiais; produzir análises e informações destinadas a
subsidiarem o processo decisório; realizar articulações intragovernamentais
para identificar e superar obstáculos institucionais ou legais na formulação e
implementação de políticas; promover a análise prévia do mérito e da juridi-
cidade das propostas a serem submetidas ao presidente da República, inclu-
sive dos temas em tramitação no Congresso; além de organizar articulações
intergovernamentais para permitir a produção de consensos, identificação
de prioridades e ações conjuntas entre entes federativos.
A dinâmica de trabalho da Casa Civil adota um método interativo com
a sociedade, com o Parlamento e com os órgãos governamentais, o que contri-
bui para melhorar a qualidade do processo de formulação, implementação e
avaliação de políticas públicas. Na relação com a sociedade e o Parlamento,
os subchefes, a secretaria-executiva e o titular da Casa Civil recebem em
audiência e promovem reuniões para conhecer as demandas ou receber
20 Conferir o artigo “A Casa Civil e a análise de políticas públicas no governo federal do Brasil”, apresentado por Luiz Alberto dos Santos no XI
Congresso Internacional del Clad sobre la Reforma del Estado y de la Administracion Pública, na Cidade de Guatemala, de 7 a 10 de novembro
de 2006, p. 74.

 94 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

subsídios para a formulação de políticas públicas. Na relação interministe-


rial, a sistemática de trabalho inclui GTs (grupos de trabalhos), comissões
e/ou comitês e reuniões, além da participação e coordenação de Câmaras,
Conselhos e Comissões Permanentes da Presidência da República, com
acompanhamento da execução de ações e programas específicos, em par-
ticular os programas estratégicos do governo.
A Casa Civil coordena oito das doze Câmaras do Conselho de Go-
verno, das quais participam obrigatoriamente, como membros natos,
os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, inclusive como forma de
facilitar, ou mesmo garantir, os recursos financeiros e orçamentários às
decisões tomadas. As Câmaras setoriais são as seguintes, sendo que as
oito primeiras são coordenadas pela Casa Civil: Política Social; Política
de Infraestrutura; Política de Recursos Naturais; Políticas de Integração
Nacional e Desenvolvimento Nacional; Política Cultural; Política de
Desenvolvimento; Política de Gestão e Comitê Executivo do Governo
Eletrônico; Política Econômica; de Relações Exteriores e Defesa Nacional;
Comércio Exterior; e Regulação do Mercado de Medicamentos.
Para exercer suas atribuições de coordenação governamental, a Casa
Civil dispõe de uma estrutura organizacional, com equipes multidisciplina-
res, encarregadas de acompanhar e harmonizar as ações de governo. Con-
forme estabelece o Decreto nº 5.135 e a Lei nº 10.869, ambos de 2004, além
da Secretaria Executiva, que conta com o aporte e a estrutura da Secretaria
de Administração e suas cinco diretorias para o cumprimento de sua missão
institucional, também formam a Casa Civil o Gabinete, a Assessoria Especial,
a Secretaria de Controle Interno, a Secretaria Executiva de Ética Pública e três
subchefias: de Análises e Acompanhamento de Políticas Governamentais,
de Assuntos Jurídicos e a última de Articulação e Monitoramento.
Com funções estratégicas, à Secretaria Executiva compete, entre ou-
tras atribuições, receber e organizar o expediente a ser levado a despacho
com o presidente da República; providenciar o atendimento às consultas e
aos requerimentos formulados pelo Congresso Nacional; supervisionar e
coordenar as atividades de relações públicas na Presidência da República;
além de conduzir importantes missões na coordenação de governo, tanto
na relação com as subchefias vinculadas à pasta, quanto na articulação com
outros órgãos da administração pública.

 95 
POR DENTRO DO GOVERNO

Substituto legal do ministro, o titular da Secretaria Executiva assume a


Chefia da Casa Civil em todos os impedimentos do Ministro-Chefe e o repre-
senta em fóruns, eventos, reuniões, câmara setoriais, conselhos de governo,
entre outros. Além disto, cabe à Secretaria Executiva, ainda, orientar e super-
visionar a Secretaria de Administração, que faz parte de sua estrutura. Entre
as atribuições da Secretaria de Administração estão a execução das atividades
internas de administração patrimonial e suprimento, de telecomunicações
e publicação dos atos oficiais, de planejamento, coordenação, supervisão,
execução e controle das atividades que se relacionam com a expedição de
documentos eletrônicos, tanto os da Presidência da República quanto os
enviados à Casa Civil por órgãos, entidades e agentes públicos.
Trata-se, portanto, de posto estratégico na Presidência da República.

16.3.1. Subchefia de Acompanhamento e


Análise de Políticas Governamentais

A Subchefia de Acompanhamento e Análise de Políticas Governa-


mentais (SAG) é a principal instância de análise das políticas públicas
antes da aprovação do presidente da República, manifestando-se sobre
o mérito, a oportunidade e a compatibilidade das propostas e projetos
com as diretrizes presidenciais.
Entre suas funções primordiais, a SAG atua na construção de consensos
e na elaboração final de proposta de políticas e na promoção de ações de
governo, inclusive em relação às proposições em tramitação no Congresso
com reflexos sobre as políticas governamentais.
Compete-lhe, ainda, promover, em articulação com a Subchefia de
Articulação e Monitoramento, a coordenação e a interação das ações de
governo, podendo solicitar informações e proceder a análise e estudos
sobre projetos, propostas ou temas relativos a políticas públicas sob exa-
me da Subchefia, além de participar do acompanhamento e da avaliação
de contratos de gestão de entidades públicas e preparar as Mensagens do
Presidente da República ao Poder Legislativo.
A SAG, para cumprir suas relevantes funções, está organizada em
quatro núcleos: Política Social, Políticas de Infraestrutura, Política Econô-

 96 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

mica, Política de Estado e Governo, numa reprodução micro das funções do


governo. Cada núcleo é coordenado por um subchefe-adjunto e conta com
assessores com formação e experiência na formulação de políticas públicas
e na resolução de problemas.
A Subchefia, com cerca de quarenta profissionais – todos da elite do
serviço público e com larga experiência em gestão e políticas públicas – atua
em negociações interministeriais e participa de todas as instâncias em que
temas que envolvam o mérito de decisões a serem submetidas ao presidente
da República sejam objeto de discussão ou formulação, como Conselhos,
Câmara de Governo, Grupo de Trabalho e Conferências.
A SAG participa, obrigatoriamente, da análise do mérito dos atos (de-
cretos, medidas provisórias, projetos de lei, propostas de emendas à Consti-
tuição etc.) submetidos à aprovação do presidente da República, bem como
da redação da Mensagem Anual do Governo ao Congresso Nacional. Sua missão
é analisar o mérito e compatibilizar as propostas de ministérios, entidades e
órgãos com as diretrizes governamentais, com intensa participação na for-
mulação de políticas públicas, especialmente no campo regulatório.

16.3.2. Subchefia de Articulação e Monitoramento

A Subchefia de Articulação e Monitoramento (SAM) da Casa Civil


da Presidência da República, criada no Governo Lula, tem como principal
missão planejar, coordenar e supervisionar a implementação dos sistemas de
avaliação do desempenho da ação governamental, permitindo à Presidência
da República avaliação, em tempo real, do andamento dos projetos, metas
e prioridades do governo.
Além de auxiliar as ações do Gabinete Pessoal do Presidente da Repú-
blica, sempre que solicitada, a SAM exerce as funções de secretaria-executiva
das câmaras do Conselho de Governo coordenadas pela Casa Civil da Presi-
dência da República, articulando as ações estratégicas. Também subsidia a
formulação da agenda geral do Governo relativamente a metas, programas
e projetos prioritários do presidente da República.
Sua missão, do ponto de vista estratégico, é monitorar, avaliar e cobrar
os resultados das prioridades e metas governamentais, expressos em pro-

 97 
POR DENTRO DO GOVERNO

gramas e projetos, calibrando o calendário de formulação e implementação


de políticas públicas, bem como a entrega de obras, bens e serviços à popu-
lação, de acordo com as conveniências políticas do governo em geral e do
presidente da República, em particular.
O monitoramento dos programas sociais e do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), por exemplo, tem permitido a identificação dos pro-
blemas e obstáculos em cada etapa da implementação da política pública ou
da obra, facilitando as ações dos diversos órgãos do governo na resolução dos
problemas, que podem ser de ordem legal, ambiental, licitatória, cadastrais
ou de outra natureza. A experiência tem se mostrado muito eficaz.

16.3.3. Subchefia para Assuntos Jurídicos

A Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil tem, entre suas atri-
buições, a função de verificar, previamente, a constitucionalidade e legalidade
dos atos presidenciais, cabendo-lhe examinar os fundamentos jurídicos e a
forma dos atos propostos ao presidente da República, estando autorizada a
devolver aos órgãos de origem aqueles em desacordo com as normas vigentes.
Promove, ainda, a articulação com os ministérios e respectivas consultorias
jurídicas ou órgãos equivalentes sobre assuntos de natureza jurídica.
Além de proceder estudos e diligências quanto à juridicidade dos atos,
projetos, processos e outros documentos, emitindo parecer sobre eles, com-
pete à SAJ gerir o Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais
(Sidof) e manter e atualizar, em banco de dados, arquivos de referência legis-
lativa, jurisprudencial e assuntos correlatos, inclusive via internet. O portal
http://www.presidencia.gov.br/legislacao/, por exemplo, contém toda a
legislação federal, desde a Constituição, as leis complementares e ordinárias,
passando pelas MPs, projetos de leis, decretos, até súmulas vinculantes e
outras normas legais.
O exercício das atribuições jurídicas pela SAJ não conflita com o pa-
pel do advogado-geral da União, que também faz o controle de legalidade
dos atos oficiais, e tem como prioridade a defesa na esfera jurídica dos atos
governamentais, das instituições e dos agentes públicos. A proximidade
com o presidente, a dinâmica decisória, a necessidade de uniformização dos

 98 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

procedimentos, a segurança jurídica e o fato de competir à SAJ o controle da


publicação dos atos governamentais submetidos à assinatura do presidente
da República justificam sua continuidade na prestação de assistência jurídica,
apesar de a AGU ser o órgão de controle de legalidade da União.

16.4. Secretaria-Geral da Presidência da República

A Secretaria-Geral, órgão essencial da estrutura da Presidência da Re-


pública, além da assessoria direta e imediata ao presidente, tem entre suas
atribuições o relacionamento e articulação com as entidades da sociedade
civil, a criação e a implementação de instrumentos de consulta e participação
popular de interesse do Poder Executivo.
Outra missão institucional do órgão diz respeito à política voltada para
a juventude. Compete à Secretaria-Geral a formulação, a supervisão, a coor-
denação, a integração e a articulação de políticas públicas para a juventude,
inclusive em cooperação com organismos internacionais.
Subsidiariamente, também participa da elaboração da agenda
futura do chefe do Poder Executivo e da preparação e formulação dos
seus pronunciamentos, promove a análise de políticas públicas e temas
de interesse da Presidência da República, além de realizar estudos de
natureza político-institucional.
Para a realização de suas atribuições, a Secretaria-Geral dispõe de
estrutura com gabinete pessoal, assessoria especial, Secretaria-Executiva e
órgãos específicos, especialmente a Secretaria Nacional de Articulação Social,
a Secretaria Nacional de Estudos e Pesquisas Político-Institucionais, além da
Secretaria e o Conselho Nacional da Juventude.
Entre as secretarias, duas são essenciais nas articulações de interesse
do governo. A primeira é a secretaria Nacional de Articulação Social, cuja
função é garantir maior articulação e sinergia nas relações políticas do go-
verno com a sociedade, seja na mediação de conflitos ou intermediação de
demandas dos movimentos sociais, inclusive o sindical e estudantil, seja na
criação de instâncias de consultas públicas, notadamente nas audiências pú-
blicas para debate do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias
e da Lei Orçamentária.

 99 
POR DENTRO DO GOVERNO

A segunda, a Secretaria Nacional da Juventude, é outra instância es-


tratégica para o projeto de interação entre o governo e a juventude, tendo,
entre os projetos prioritários, o Projovem – Programa Nacional de Inclusão
de Jovens. Sua missão é formular políticas e interagir com os poderes e níveis
de governo para assegurar espaços, oportunidades e proteção aos jovens na
faixa etária entre 15 a 29 anos.
O papel da Secretaria-Geral, portanto, é aproximar o governo dos
setores organizados da sociedade, criando espaços de diálogo e instâncias
de participação nas políticas públicas, como elemento de legitimação das
iniciativas governamentais.

16.5. Secretaria de Relações Institucionais da


Presidência da República

A Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República


(SRI), encarregada da coordenação política do governo, (Lei nº 11.204/05 e
Decreto nº 6.207, de 2007), é a responsável pela relação do governo com o
Congresso Nacional e os partidos políticos, e pela interlocução com os entes
federativos (estados e municípios), além de coordenar e secretariar o funcio-
namento do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Em sua estrutura, a Secretaria de Relações Institucionais, além da Se-
cretaria Executiva, que substitui o titular da Pasta em seus impedimentos,
inclusive na coordenação e secretaria do Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social, possui duas Subchefias, a de Assuntos Parlamentares e
a de Assuntos Federativos.
À Subchefia de Assuntos Parlamentares compete coordenar as assessorias
parlamentares dos ministérios e demais órgãos da administração pública, acom-
panhar a agenda do Congresso, receber e dar encaminhamento às demandas de
parlamentares, tanto em relação ao conteúdo das políticas públicas, mediante so-
licitação aos ministérios competentes, quanto ao atendimento de pleitos, pedidos
de audiência e liberação de emendas orçamentárias, por intermédio de contato
com as autoridades responsáveis, de acordo com a pertinência do tema.
Já a Subchefia de Assuntos Federativos, cuja importância tem cres-
cido nos últimos anos, especialmente pelas parcerias do governo federal

 100 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

com os estados e municípios, além do trabalho de relação política com


os entes federativos, promove estudos e elabora proposta e recomen-
dações voltadas ao aperfeiçoamento do pacto federativo, entre outras
atribuições relevantes.
O trabalho da SRI, particularmente a relação com as lideranças do
governo no Congresso Nacional, é determinante para uma ação política co-
ordenada entre o Executivo e sua base congressual. Entre suas atribuições, a
mais relevante é acompanhar as pautas dos órgãos colegiados do Legislativo,
consultar as áreas técnicas do governo sobre cada proposição com reflexos
sobre as políticas públicas, além de fornecer subsídio e argumentos aos líderes
em relação aos temas objeto de acompanhamento.
A coordenação política não é uma tarefa fácil. As disputas entre minis-
térios e órgãos governamentais em torno do conteúdo das políticas públicas,
de um lado, e a inexistência de procedimentos ou métodos previamente
definidos para encaminhamento das posições do Poder Executivo, de outro,
são os principais responsáveis pelas falhas no trabalho de coordenação.
As posições de governo federal na relação com os demais poderes e
com os outros níveis de governo são decididas pela Coordenação Política do
Governo, composta pela Secretaria de Relações Institucionais, os ministérios
da Fazenda, Planejamento, Justiça, Secretaria-Geral da Presidência, Casa
Civil e vice-presidente da República, que se reúnem toda segunda-feira no
Palácio do Planalto.
Os operadores da SRI, além do excesso de trabalho, são cobrados
diariamente pelos parlamentares para a marcação de audiências, liberação
de recursos e, principalmente, para a nomeação de apadrinhados políticos.
Semanalmente são pautadas mais de quinhentas proposições nos diversos
colegiados, desde as comissões técnicas, passando por comissões especiais
e de inquéritos, até o plenário.
A centralização excessiva de poderes nas mãos dos líderes governa-
mentais na condução da relação com os partidos políticos e parlamentares,
deixando os vice-líderes do governo e líderes partidários alheios aos encami-
nhamentos e posições do governo, combinada com a ausência de interlocução
com os presidentes das Casas e das Comissões, têm sido responsável por
eventuais derrotas do governo.

 101 
POR DENTRO DO GOVERNO

Um fator determinante para a ocorrência de falhas do governo na rela-


ção com o Congresso, segundo Paulo Maurício Costa,21 tem sido a ausência de
articulação por parte dos órgãos encarregados da aprovação das matérias no
Congresso na formulação das políticas públicas.22 Essa participação, além de
assegurar elevado grau de compromisso e aderência dos líderes às políticas
públicas, contribuiria para antecipar tendências de: i) identificar beneficiários
e prejudicados no Parlamento e na Sociedade; ii) avaliar a conveniência de um
contato prévio com parlamentares que representem os grupos afetados; iii) aferir
sensibilidade política em relação ao tema e avaliar a oportunidade de sua aprecia-
ção; e iv) consultar aos líderes e vice-líderes do governo para prevenir eventuais
obstruções, além de valorizar e prestigiar os interlocutores no Parlamento.
Os controles da SRI sobre as votações no Congresso permitem ao
governo diagnosticar rapidamente insatisfações da base, tanto individual
como coletivamente, e buscar resolver as pendências ou conflitos, acionando
os mecanismos de compensação, simbólicos ou não, existentes à disposição
do governo, especialmente o atendimento de demandas. Como exemplo,
os parlamentares e partidos, na primeira votação importante que surge, de-
monstram sua insatisfação e, com uma simples leitura do mapa de votações,
é possível identificar os “rebeldes”.
O governo, na relação com o Congresso, trabalha com um sistema de
amarras, só cumprindo a promessa feita na votação anterior às vésperas da
votação seguinte. O monitoramento da base é feito por três modalidades
de relatórios: relatório de posição por partido, com o respectivo percentual
de adesão; relatório de comportamento de cada deputado ou senador nas
últimas dez votações nominais relevantes; e relatório de comportamento de
cada deputado ou senador nas três últimas votações.
No presidencialismo de coalizão, em que o governo necessita do
apoio de vários partidos para formar maioria, a relação com o Congresso é
muito complexa, muitas vezes levando a negociações em bases fisiológicas.
Há, como regra, três tipos de partidos na base: o apoio sólido, com vínculos
programáticos; o apoio médio, com nível de adesão dependendo do con-
teúdo da política pública; e o apoio frágil ou inconsistente, que depende do
atendimento de demandas.
21 Ver referências bibliográficas.
22 Conferir o artigo “Coordenação política, governança e governabilidade: o papel da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência
da República”, de Paulo Maurício Teixeira da Costa, apresentado no XI Congresso Internacional del Clad sobre la Reforma del Estado y de la
Administracion Pública, ocorrido na cidade de Guatemala, entre7 e 10 de novembro de 2006, p. 81.

 102 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

A SRI, além da relação com o Congresso, os partidos e os entes fede-


rativos, coordena o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, uma
instância de articulação com a sociedade voltada para a “concertação” em
torno de grandes políticas de desenvolvimento e amplo contrato social, vi-
sando à legitimação das iniciativas governamentais, especialmente perante
o setor empresarial.

16.6. Gabinete de Segurança Institucional


da Presidência da República

Ao Gabinete de Segurança Institucional, órgão essencial à Presidên-


cia da República, cujo titular ocupa cargo político, compete assistir direta
e imediatamente ao presidente da República, nos temas militares e de
segurança, coordenando as atividades de inteligência federal e de segu-
rança da informação, além de coordenar e integrar as ações do governo
nos aspectos relacionados com atividades de prevenção do uso indevido
de substâncias entorpecentes, respondendo pelas atividades do Sistema
Nacional Antidrogas.
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, de acordo
com o Decreto nº 5.772/2006, exerce a função de secretário-executivo da
Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) do Conselho de
Governo, e é o responsável pela prevenção de ocorrência e pela articulação
do gerenciamento de crises, em caso de grave e iminente ameaça à estabi-
lidade institucional, além de zelar pela segurança pessoal do presidente,
do vice-presidente e respectivos familiares, dos palácios presidenciais
e residenciais, bem como dos titulares dos órgãos ou personalidades,
quando determinado pelo presidente.
A estrutura do Gabinete, além da secretaria-executiva, é composta
pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Secretaria de Acompa-
nhamento e Estudos Institucionais, a Secretaria de Coordenação e Acom-
panhamento de Assuntos Militares, a Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas, o Conselho Nacional de Política sobre Drogas e os Comitês
de Coordenação dos Programas do Gabinete de Segurança da Presidência
da República e Técnico de Atendimento às Áreas Essenciais.

 103 
POR DENTRO DO GOVERNO

A secretaria-executiva, cujo titular ocupa cargo de natureza especial,


exerce a supervisão e a coordenação das atividades dos órgãos integrantes
da estrutura do Gabinete de Segurança Institucional, inclusive as rela-
cionadas com a segurança da informação e comunicações. Compete-lhe,
ainda, zelar pela segurança pessoal do chefe do Poder Executivo, do vice-
presidente da República e dos respectivos familiares, além da segurança
de titulares de órgãos essenciais à Presidência da República e dos Palácios
presidenciais e residenciais.
A Agência Brasileira de Inteligência – dirigida por ocupante de cargo
de natureza especial – planeja, executa, coordena, supervisiona e controla
as atividades de inteligência do país, produzindo relatórios diuturnos sobre
os riscos e ameaças às decisões ou autoridades de governo. Faz um trabalho
de prevenção e desenvolve ações, inclusive sigilosas, para obtenção e análise
de dados relativos à segurança do Estado e da sociedade, além de avaliar
ameaças, internas e externas, à ordem constitucional.
A Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais, cujo
titular ocupa DAS 101.6, além do monitoramento de temas com potencial
para gerar crises para o Estado, a sociedade e o governo, produz estudos,
análises e avaliações sobre o uso e ocupação de áreas indispensáveis à
segurança territorial do país, especialmente nas áreas de fronteira e de
preservação dos recursos naturais. Articula órgãos e instituições na pre-
venção de ocorrência de crise.
A Secretaria de Coordenação e Acompanhamento de Assuntos Mi-
litares, chefiada por ocupante de DAS 101.6, além do suporte em todos os
deslocamentos do presidente da República, inclusive nas viagens nacionais
e internacionais, coordena as atividades de cerimonial militar nos palácios
presidenciais, sendo também responsável por manter atualizado o banco de
dados das viagens presidenciais.
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, liderada por servi-
dor ocupante de cargo de natureza especial, tem por finalidade planejar,
executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de prevenção
do uso indevido de substâncias entorpecentes e drogas que causem de-
pendência física ou psíquica, bem como realizar, direta ou indiretamente,
a alienação em favor da União ou apreensão de bens e valores em poder

 104 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

de traficantes, em articulação com os órgãos do Poder Judiciário e do Mi-


nistério Público. Gere o Fundo Nacional Antidrogas (Funad) e secretaria
o Conselho Nacional Antidrogas (Conad).

16.7. Secretaria de Assuntos Estratégicos


da Presidência da República

A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), criada pela Lei nº 11.754/08


e Decreto nº 6.517/2008, é órgão essencial da Presidência da República, cujo
titular ocupa cargo político com status de ministro de Estado. Tem como fun-
ção planejar o país a longo prazo, cabendo-lhe a articulação com o governo e
com a sociedade para formular a estratégia nacional de desenvolvimento.
Além da gestão, análise e avaliação de assuntos de natureza estratégica,
compete à SAE formular, coordenar e controlar planos, programas e projetos
estratégicos, cabendo-lhe, ainda, elaborar cenários e subsídios para a pre-
paração de ações governamentais, notadamente sobre relações de trabalho,
organização sindical, temas de defesa e segurança nacionais, ecologia e meio
ambiente, entre outros.
A estrutura da secretaria, além do Gabinete do Ministro, inclui a
Subchefia-Executiva, cujo titular exerce cargo de natureza especial, as Sub-
secretarias de Ações Estratégicas e de Desenvolvimento Sustentável, tendo
a Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) como órgão
vinculado, cujos dirigentes ocupam cargo de DAS 101.6.
A Subchefia-Executiva possui funções políticas e administrativas,
respondendo pela supervisão e coordenação das atividades dos órgãos
integrantes da Secretaria de Assuntos Estratégicos, além de substituir o
ministro-chefe na direção dos trabalhos a cargo da secretaria.
As Subsecretarias de Assuntos Estratégicos e de Desenvolvimento Sus-
tentável cuidam da formulação da estratégia de desenvolvimento sustentável
e da coordenação da atividade de pesquisa e análise para a formulação de
políticas estratégicas de longo prazo. A primeira, além de propor ações e
projetos de longo prazo, desenvolve estudos comparados de desafios e pro-
jetos nacionais, bem como com os de outros países, e promove parceria com
entidades e órgãos congêneres. A segunda, por sua vez, relaciona-se com

 105 
POR DENTRO DO GOVERNO

as entidades federativas e estimula e promove a discussão com a sociedade


para formular a estratégia de longo prazo, além de coordenar as ações da
Comissão Gestora do Plano Amazônia Sustentável.
A Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entida-
de de pesquisa econômica e planejamento criada em 1964, destina-se a dar
apoio técnico e institucional na avaliação, formulação e acompanhamento de
políticas públicas, planos e programas desenvolvidos pelo Poder Executivo,
além de produzir estudos, análise e diagnóstico dos problemas estruturais
e conjunturais da economia e da sociedade brasileira.

16.8. Secretaria de Comunicação Social da


Presidência da República

A Secretaria de Comunicação Social, órgão essencial da Presidência da


República, cujo titular ocupa cargo político com status de ministro de Estado,
tem como atribuição assistir direta e imediatamente ao presidente da República,
supervisionar os órgãos de comunicação do governo, além de responder pela
formulação e implementação da política de comunicação e divulgação social do
governo, pela publicidade e patrocínios e pela organização e desenvolvimento
de sistemas de informação e pesquisa de opinião pública.
Ao secretário de comunicação social, nos termos da Lei nº 11.497/2007 e
do Decreto nº 6.377/2008, além da condição de conselheiro do presidente da
República na relação com a imprensa, incumbe divulgar os atos e iniciativas
da Presidência da República e do governo para a sociedade, por intermédio
dos veículos próprios ou privados, inclusive com a prerrogativa de convocar
redes de rádio e televisão.
Entre os produtos elaborados pela Secretaria de Comunicação Social
– Secom, merecem registro o Em Questão, uma publicação com entrevistas e pres-
tação de contas dos ministérios em relação às políticas prioritárias do governo,
o Caderno Destaques, que sistematiza os dados agregados por área de atuação do
governo, com o detalhamento das políticas que estão sendo implementadas, além
de comparação com períodos anteriores, e o Blog do Planalto, outro serviço que
divulga fatos, atos, opinião e solenidades com a presença do Presidente. As publi-
cações e blog podem ser acessados pelo portal http://www.presidencia.gov.br/
ou enviadas as informações por e-mail para quem se cadastrar para recebê-las.

 106 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Além disto, a Secom também utiliza o rádio e a televisão na divulgação


das atividades e ações do governo. No rádio, são veiculados os seguintes
programas: Voz do Brasil (diário em rede obrigatória, produzido pela EBC
Serviços), Café com o Presidente (semanal, distribuídos às segundas-feiras
para veiculação facultativa, também produzido pela EBC), Bom Dia Ministro
(semanal, coletivas de ministros para emissoras de rádio transmitidas ao
vivo, produzidas em conjunto pela EBC e Secretaria de Imprensa da Secom)
e Brasil em Pauta (mensal, sem data fixa, semelhante ao Bom Dia Ministro,
mas com outras fontes do governo, como presidente ou diretores de estatais
ou autarquias e secretários de ministérios). Na televisão, a TVNBR transmite
por cabo e/ou parabólica cerimônias, solenidades ou atos ao vivo e progra-
mação com noticiário próprio e programas produzidos por parceiros.
A estrutura da secretaria conta com uma Subchefia-Executiva, cujo
titular ocupa cargo de natureza especial, três secretarias (comunicação
integrada; gestão, controle e normas e de imprensa), um porta-voz, todos
ocupantes de DAS-6, e uma empresa vinculada, a EBC (Empresa Brasil de
Comunicação S.A., sucessora da Radiobras – Empresa Brasileira de Comu-
nicação S.A., criada em 1975).

16.9. Órgãos de Assessoramento Imediato


ao Presidente da República

Os órgãos de assessoramento imediato da Presidência da República,


com exceção da Assessoria Especial e da Advocacia-Geral da União, são
constituídos de Conselhos, cinco ao todo: Conselho de Governo; Conselho
de Desenvolvimento Econômico e Social; Conselho Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional; Conselho Nacional de Política Energética; e Conse-
lho Nacional de Integração de Política de Transporte. Esses Conselhos, pela
natureza de suas atividades e de sua composição, foram vinculados, por lei,
diretamente à Presidência da República. Outros conselhos de assessoramento
ao presidente, como o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e o Con-
selho Nacional de Desenvolvimento Industrial, não integram, formalmente,
a estrutura da Presidência. No caso deste último, trata-se de uma falha de
consolidação legislativa, pois a lei que dispôs sobre a sua criação expressa-
mente determinou sua vinculação à Presidência.

 107 
POR DENTRO DO GOVERNO

16.9.1. Assessoria Especial do presidente da República

A Assessoria Especial do Presidente da República, cujo titular ocupa


cargo de DAS 101.6, além da assistência direta e imediata, realiza estudos,
contatos e missões determinadas pelo chefe do Poder Executivo em assuntos
que subsidiem a coordenação de ações setoriais do governo, em particular
em temas e matérias internacionais. Entre suas atribuições específicas estão
a de participar da preparação e da execução das viagens do presidente, de
preparar sua correspondência com autoridades e personalidades estrangeiras,
de apurar informações de apoio para encontros e audiências e de encaminhar
e processar as proposições e expedientes da área diplomática em tramitação
na Presidência da República.

16.9.2. Advogado-geral da União

O chefe da Advocacia-Geral da União ou a pessoa do advogado-geral da


União, e não a instituição Advocacia-Geral da União, integra a Presidência da
República, segundo a Lei nº 10.683/03, cabendo-lhe prestar assessoramento
imediato ao presidente, assim como o faz a assessoria especial da Presidência.
A AGU, por sua vez, instituição cujas atribuições estão detalhadas no tópico
4.4.3 (Advocacia Pública), é órgão essencial à Justiça, e como tal, representa
judicial e extrajudicialmente a União – portanto, os três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário). Essa interpretação, entretanto, não é pacífica junto
ao governo. A Casa Civil e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
e o Ministério da Fazenda tratam a AGU como órgão do Poder Executivo.
O cargo de Advogado-Geral da União, de livre provimento do presiden-
te da República, deve ser ocupado por cidadão com mais de 35 anos de idade,
de notável saber jurídico e reputação ilibada. O titular da Advocacia-Geral
da União, responsável pelo controle da legalidade no governo e pelo contato
permanente com a cúpula do Poder Judiciário, também exerce a função de
conselheiro do presidente da República, notadamente em matéria jurídica.

16.9.3. Conselho de Governo

O Conselho de Governo, instituído durante o Governo Collor, é um


órgão colegiado, não previsto na Constituição, destinado a assessorar a Pre-

 108 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

sidência da República na formulação de diretrizes da ação governamental,


sempre que convocado pelo presidente. Atua em dois níveis, em sua com-
posição plena, que quase não se reúne, e por intermédio das Câmaras do
Conselho de Governo e dos comitês por elas criados, todos muito ativos na
formulação de políticas públicas setoriais cujo escopo ultrapasse a compe-
tência de um único ministério.
Criado pela Lei nº 8.028/92 e alterado pela Lei nº 10.683/03, o Conselho
é integrado por todos os ministros de Estado, pelos titulares dos órgãos es-
senciais da Presidência da República, pelos titulares da secretarias especiais
com status de ministério, pelo presidente da República ou, por sua deter-
minação, pelo chefe da Casa Civil, e secretariado por um de seus membros,
designado pelo Presidente.
Entre as Câmaras Temáticas do Conselho de Governo, coordenadas
pela Casa Civil da Presidência da República, citam-se as seguintes: de
Política Social, estruturada pelo Decreto nº 4.714/2003, alterado pelo
Decreto nº 5.234/2004; de Políticas de Infraestrutura, cujas atribuições estão
disciplinadas pelo Decreto nº 1.465/1995 e Decreto s/n de 02/07/2003; de
Política de Recursos Naturais, regulamentada pelo Decreto nº 4.792/2003;
de Política de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, Decreto
nº 4.732/2003, alterado pelo Decreto nº 5.785/2006; de Política Cultural,
organizada pelo Decreto nº 4.890/2003; de Política de Desenvolvimento
Econômico, conforme Decreto nº 5.142/2004; e de Política de Gestão Públi-
ca, disciplinada pelo Decreto nº 5.383/2005; além do Comitê Executivo do
Governo Eletrônico, criada pelo Decreto nº 1.810/2000.
A Câmara de Política Econômica, de acordo com o Decreto nº 5.143/2004,
é coordenada pelo Ministério da Fazenda; a de Relações Exteriores e Defesa
Nacional (Creden), segundo o Decreto nº 4.801/2003, alterado pelo Decreto
nº 5.064/2004, é dirigida pelo Gabinete de Segurança Institucional; a de Co-
mércio Exterior (Camex), conforme o Decreto nº 4.732/2003, alterado pelo
Decreto nº 5.785/2006, é liderada pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio; e a de Regulação do Mercado de Medicamentos
(Camed), de acordo com o Decreto nº 4.766/2003, alterado pelo Decreto
nº 5.044/2004, é coordenada pelo Ministério da Saúde.
A Câmara de Comércio Exterior, cuja finalidade é formular, adotar,
implementar e coordenar as políticas e atividades relativas ao comércio ex-
terior, incluindo turismo, é uma das mais poderosas e ativas do Conselho
de Governo. Entre suas atribuições, por exemplo, está a prerrogativa de,

 109 
POR DENTRO DO GOVERNO

a cada seis meses, alterar alíquota para maior ou para menor de até 20% dos
cem itens da lista de exceção da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul,
que inclui produtos passíveis de importação com alíquotas variáveis, com
enormes reflexos na competitividade dos setores envolvidos.
As Câmaras do Conselho de Governo, especialmente as de Políticas
Sociais e Política Econômica e de Políticas de Infraestrutura, tiveram grande
importância na discussão de projetos relevantes durante o primeiro mandato
do presidente Lula. Desde 2005, porém, houve uma diminuição sensível de
sua atuação. Apenas a Câmara de Comércio Exterior e a Camed têm mantido
reuniões periódicas, dada a sua natureza regulatória. A Creden tem reali-
zado reuniões esporádicas. Mesmo a Câmara de Política Econômica não se
reúne regularmente desde 2006. Câmaras como a de Política Cultural e a de
Políticas de Gestão Pública jamais se reuniram desde a sua criação.

16.9.4. Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), presidido


pelo presidente da República, de acordo com a Lei nº 10.683/2003 e o Decreto
nº 5.152/2004, é composto por ministros de Estado e noventa cidadãos de
ilibada conduta e reconhecida liderança e representatividade, e destina-se à
articulação das relações do governo com os representantes da sociedade civil
organizada, especialmente o setor empresarial, com o objetivo de promover
a “concertação” entre os diversos setores da sociedade, além de debater e
apreciar propostas de políticas públicas e de reformas estruturais e de desen-
volvimento econômico e social que lhe sejam submetidas pelo presidente.
Coordenado e secretariado pela Secretaria de Relações Institucionais da
Presidência da República, compete ao CDES estabelecer acordos, encaminhar
recomendações e responder formulações do presidente, podendo elaborar
estudos e informes especiais sobre temas em debate no Conselho, bem como
requisitar dos órgãos e entidades da administração federal estudos e infor-
mações indispensáveis ao cumprimento de suas competências.

16.9.5. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Con-


sea), atualmente regulamentado pelo Decreto nº 6.272/2007, é órgão de
Assessoramento Imediato à Presidência da República, e destina-se a propor

 110 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

diretrizes gerais de Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricio-


nal do Poder Executivo, particularmente do Programa Fome-Zero e do
Programa Bolsa Família.
Entre as atribuições do Conselho, que opera com duas Câmaras Te-
máticas, estão a de formular políticas para integrar as ações governamen-
tais voltadas a garantir o direito humano à alimentação, e propor projetos
e ações para inclusão no Plano Plurianual do Governo, além de formas de
articulação da sociedade civil organizada e construção de estratégias de
acompanhamento, monitoramento e avaliação, bem como participação no
processo deliberativo de diretrizes e procedimentos em torno da política
alimentar e nutricional.
Cabe ao Consea, ainda, estimular a ampliação e o aperfeiçoamento dos
mecanismos de participação e controle social e promover, organizar e realizar
as conferências de segurança alimentar e nutricional, nos âmbitos nacional,
estadual, regional e municipal, além de propor a atualização da legislação rela-
cionada com as atividades de fomento da segurança alimentar e nutricional.
O Conselho, no primeiro mandato do presidente Lula, teve papel im-
portante na organização e estruturação dos programas de combate à fome
no governo. Porém, no segundo, pouco se reuniu, com gradual perda de
importância, especialmente em razão do bom desempenho do Ministério
de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que se estruturou e criou um
bom cadastro nacional de pessoas carentes.

16.9.6. Conselho Nacional de Política Energética

O Conselho Nacional de Política Energética, criado no segundo manda-


to de Fernando Henrique Cardoso (Lei nº 9.478/1997 e regulamentado pelo
Decreto nº 4.505/2002, alterado pela Lei nº 10.683/2003), em plena crise de
energia, tem por finalidade promover o aproveitamento racional dos recur-
sos energéticos do país, com preservação do interesse nacional e promoção
do desenvolvimento sustentado, mediante proteção do meio ambiente e
conservação de energia.
Assume, ainda, a promoção da livre concorrência e a proteção do con-
sumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos e serviços, bem
como a garantia de fornecimento de derivados de petróleo em todo territó-
rio nacional, com incremento da utilização de gás natural, e suprimento de
energia elétrica nas diversas regiões do país.

 111 
POR DENTRO DO GOVERNO

Estão entre as prioridades do Conselho, também, a valorização dos


recursos energéticos e a proposição do uso de fontes renováveis de energia,
com a definição de diretrizes para programas específicos, como o uso de gás
natural, do álcool, de outras biomassas, do carvão e da energia termonuclear,
sempre com a preservação do interesse nacional.

16.9.7. Conselho Nacional de Integração de Política de Transporte

O Conselho Nacional de Integração de Política de Transporte, criado no


segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (Lei nº 10.233/2001, alterada
pela Lei nº 10.683/2003), tem por finalidade propor medidas destinadas à inte-
gração do transporte aéreo, aquaviário e terrestre e a harmonização das respec-
tivas políticas setoriais, além de definir os elementos de logística do transporte
multimodal a serem implementados e controlados pelos órgãos de regulação,
sob a supervisão do Ministério dos Transportes e da Secretaria de Portos.
Compete-lhe, ainda, a promoção da competitividade, a redução de
custos, tarifas e fretes, e a descentralização para melhoria dos serviços presta-
dos, além da definição da política de apoio à expansão e ao desenvolvimento
tecnológico da indústria de equipamentos e veículos de transporte.
Este Conselho, desde sua criação, em 2001, pouco tem sido convocado,
tendo caráter meramente formal.

16.10. Órgãos de consulta da Presidência da República

São apenas dois os órgãos de consulta da estrutura da Presidência da Repú-


blica: o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, ambos previstos
na Constituição Federal e regulados pelas Leis nº 8.041, de junho de 1990, e 8.183,
de 11 de abril de 1991, respectivamente, com as atribuições a seguir descritas.

16.10.1. Conselho da República

O Conselho da República, de que trata o art. 89 da Constituição


Federal, é órgão superior de consulta do presidente da República, com
competência para se pronunciar sobre intervenção federal, estado de defe-
sa e estado de sítio, bem como em questões relevantes para a estabilidade
das instituições democráticas.

 112 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Participam do Conselho – além do presidente da República, que o


preside, e o ministro-chefe da Casa Civil, que é seu secretário-executivo –
como membros natos, o vice-presidente da República, os presidentes
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, os líderes da maioria
e da minoria na Câmara e no Senado e o ministro da Justiça, e, como
membros nomeados e eleitos, seis cidadãos, com mais de 35 anos de idade,
sendo dois nomeados pelo presidente da República, dois eleitos pela Câmara
dos Deputados e dois eleitos pelo Senado Federal, todos com mandato
de três anos, vedada a recondução.

16.10.2. Conselho de Defesa Nacional

O Conselho de Defesa Nacional, de que trata o art. 91 da Constituição


Federal, órgão de consulta do presidente da República, é convocado, em
geral, em momentos de crise que envolvam a soberania nacional e a defesa
do Estado democrático. Sua última reunião ocorreu em 11 de dezembro de
2008, para aprovar a Estratégia Nacional de Defesa.
Entre suas competências estão a de opinar nas hipóteses de declaração
de guerra ou de celebração da paz, sobre decretação de estado de defesa,
estado de sítio e intervenção federal, sobre o efetivo emprego das forças de
segurança, especialmente na faixa de fronteira e nas áreas de preservação e
exploração dos recursos naturais.
Formado apenas por membros natos, além do presidente da República,
que o preside, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que
é seu secretário-executivo, o Conselho possui a seguinte composição: o vice-
presidente da República, os presidentes da Câmara e do Senado, e os ministros
da Justiça, das Relações Exteriores e do Planejamento, Orçamento e Gestão.

16.11. Órgãos integrantes da Presidência da República

Estão classificados como órgãos integrantes da Presidência da Repú-


blica, os quais exercem a função de assistência direta e imediata, a Contro-
ladoria-Geral da União e quatro secretarias especiais: Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos e a Secretaria
Especial dos Portos.

 113 
POR DENTRO DO GOVERNO

16.11.1. Controladoria-Geral da União

A Controladoria-Geral da União (CGU), órgão integrante da Presidência


da República, cujo titular ocupa cargo de ministro de Estado, é a responsável,
no Poder Executivo, conforme a Lei nº 10.683/2003 e o Decreto nº 5.683/2006,
entre outras funções, pela fiscalização e auditagem da aplicação dos recursos
públicos pelos órgãos da administração direta e indireta, bem como dos entes
federativos que recebam recursos do governo federal.
Além da função de fiscal da despesa, também é responsável por
desenvolver mecanismos de prevenção à corrupção, pela correição, que
consiste nas atividades relacionadas à apuração de possíveis irregula-
ridades cometidas por servidores públicos e à aplicação das devidas
penalidades, bem como pelo sistema de ouvidoria do Poder Executivo,
com orientação e normatização sobre os procedimentos a serem adotados
no recebimento, exame e encaminhamento de reclamações, elogios ou
sugestões sobre ações e procedimentos dos agentes, órgãos e entidades
do governo federal.
A CGU, para dar efetividade ao seu trabalho, encaminha à Advocacia-
Geral da União para as providências legais os casos de improbidade, bem
como os casos de indisponibilidade de bens, o ressarcimento ao erário e,
sempre que necessário, provoca o Tribunal de Contas da União, a Receita
Federal, a Polícia Federal, o Ministério Público, inclusive quanto a represen-
tações ou denúncias que se afigurarem manifestamente caluniosas.
Para dar conta da defesa do patrimônio público, do controle in-
terno, da auditoria pública, da correição e da prevenção e do combate à
corrupção, da ouvidoria e do incremento à transparência da gestão no
âmbito da administração pública federal, além do Conselho de Transpa-
rência Pública e Combate à Corrupção e da Comissão de Coordenação
de Controle Interno, a CGU dispõe da seguinte estrutura: a Secretaria-
Executiva, a Corregedoria-Geral da União, a Ouvidoria-Geral da União,
a Secretaria de Prevenção de Corrupção e Informações Estratégicas e a
Secretaria Federal de Controle Interno.
A CGU, também conhecida como Ministério do Controle e da Transpa-
rência, desde novembro de 2004, oferece um portal (http://www.portaltrans-
parencia.gov.br) por meio do qual o cidadão pode acompanhar a execução
financeira dos programas de governo, em âmbito federal. Estão disponíveis

 114 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

informações sobre os recursos públicos federais transferidos pelo governo


federal a estados, municípios e ao Distrito Federal – para a realização des-
centralizada das ações do governo – e diretamente ao cidadão, bem como
dados sobre os gastos realizados pelo próprio governo federal em compras
ou contratação de obras e serviços, por exemplo.

16.11.2. Secretaria-Executiva

A Secretaria-Executiva, cujo titular exerce cargo de natureza especial,


além de assistir ao ministro de Estado na supervisão e coordenação das
atividades da CGU, acompanha e controla o atendimento de diligências
requeridas, analisa as denúncias e representações recebidas, determinando
as providências cabíveis às unidades competentes, além de supervisionar
e controlar os estudos atinentes à elaboração de atos normativos relacio-
nados com as funções da controladoria, em suas dimensões finalísticas.

16.11.3. Corregedoria-Geral da União

A Corregedoria-Geral da União, cujo titular ocupa cargo de DAS


101.6, é o “terror” dos ordenadores de despesas, a quem compete exercer
as atividades de órgão central do sistema de Correição do Poder Executivo
Federal, incluindo o treinamento de pessoal e consolidação da legislação de
combate às irregularidades, à má-conduta e aos crimes praticados contra
a administração pública.
Compete-lhe analisar as representações e denúncias, conduzir
investigações preliminares, inspeções, sindicâncias, inclusive as patri-
moniais, os processos administrativos disciplinares e demais procedimentos
correcionais, podendo solicitar informações e efetuar diligências.
Estão entre suas atribuições: o poder de instaurar ou requisitar a ins-
tauração de sindicâncias e processos administrativos, de ofício ou a partir de
representações ou denúncias, de verificar a regularidade dos procedimentos
correcionais instaurados no âmbito do Poder Executivo, bem como identi-
ficar áreas prioritárias de maior risco de ocorrência de irregularidade, além
da prerrogativa de requerer a realização de perícias em qualquer órgão da
administração pública.

 115 
POR DENTRO DO GOVERNO

16.11.4. Ouvidoria-Geral da União

A Ouvidoria-Geral da União, cujo titular ocupa cargo de DAS 101-6,


é o órgão de orientação e normatização da atuação das unidades de ouvi-
doria dos órgãos e entidades do Poder Executivo, cabendo-lhe examinar
manifestações referentes à prestação de serviços públicos e propor medidas
para a correção ou prevenção ou falhas e omissões dos responsáveis pela
inadequada prestação de serviços públicos.
Entre suas atribuições, além da produção de estatísticas com o nível
de satisfação dos usuários de serviços públicos, estão as de orientar, assistir
e intermediar a solução de conflitos, no âmbito administrativo, das diver-
gências entre agentes, órgãos e entidades do Poder Executivo Federal e os
cidadãos usuários dos respectivos serviços.
Seu principal papel, além de receber e processar as reclamações da so-
ciedade, consiste em estimular a participação popular no acompanhamento e
fiscalização da prestação de serviços públicos, recomendando, participando e
promovendo a organização de audiências públicas relacionadas à prestação
de serviços públicos no âmbito do Poder Executivo Federal.

16.11.5. Secretaria de Prevenção da


Corrupção e Informações Estratégicas

A Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas,


cujo titular ocupa cargo de DAS 101.6, é responsável pelo setor de inte-
ligências da CGU, que consiste na coleta e tratamento das informações
estratégicas, bem como no intercâmbio com outros órgãos que disponham
de informações que contribuam na prevenção e no combate à corrupção
no âmbito da administração pública.
Compete-lhe, ainda, o acompanhamento sistemático da evolução
patrimonial dos agentes públicos, além de observar a existência de sinais
exteriores de riqueza, identificando eventual incompatibilidade com a
renda declarada, podendo proceder, em articulação com a Secretaria
Federal de Controle Interno e a Corregedoria-Geral, a investigação pre-
liminar de denúncias e representações. Estão também entre suas atri-
buições as de fomentar a participação da sociedade civil na prevenção
da corrupção, bem como a de coordenar a elaboração e implementação

 116 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

de programas e projetos voltados ao fortalecimento da gestão pública e


do controle social.
Finalmente, além da atuação para prevenir situações de conflito de
interesse no desempenho de suas funções públicas, compete-lhe promover a
capacitação e treinamento relacionados às suas áreas de atuação, bem como
coordenar, no âmbito da CGU, as atividades que exijam ações integradas
de inteligência.

16.11.6. Secretaria Federal de Controle Interno

A Secretaria Federal de Controle Interno, cujo titular ocupa cargo


de DAS 101.6, é a responsável pela sistematização e padronização dos
procedimentos operacionais dos órgãos e das unidades integrantes do
sistema de controle interno do Poder Executivo e por promover o controle
das operações de crédito, avais, garantias, direitos e haveres da União;
verificação da observância dos limites e das condições para realização de
operações de crédito e inscrição de restos a pagar; além de verificação da
avaliação e adoção de medidas para adequação dos órgãos e entidades
da administração pública ao limite de gasto com pessoal, previsto na lei
de responsabilidade fiscal.
Além da avaliação da execução orçamentária da União, também
fiscaliza a execução dos programas de governo, inclusive das ações des-
centralizadas, e confere o cumprimento das metas previstas no Plano
Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias, promovendo auditoria
sobre a gestão dos recursos públicos federais sob a responsabilidade de
órgãos e entidades públicos e privados, bem como sobre a aplicação de
subvenções e renúncias de receitas.
Responde, portanto, pela realização de auditoria e fiscalização nos
sistemas contábil, financeiro, orçamentário, de pessoal, de recursos externos
e demais sistemas administrativos e operacionais, mantendo atualizado o
cadastro de gestores públicos federais, especialmente para prestação de con-
tas ao Tribunal de Contas da União, cabendo promover o encaminhamento
para os órgãos competentes dos resultados das auditorias para as devidas
providências, inclusive as de caráter civil e penal.

 117 
POR DENTRO DO GOVERNO

16.12. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, órgão inte-


grante da Presidência da República, dirigida por ocupante de cargo de
natureza especial, foi criada no primeiro mandato do presidente Lula,
(Lei nº 10.683/2003, art. 22), para desenvolver ações conjuntas com todos
os Ministérios e Secretarias Especiais, tendo como desafio a incorporação
das especificidades das mulheres nas políticas públicas e o estabeleci-
mento das condições necessárias para sua plena cidadania.
Entre as atribuições da Secretaria, além da assessoria direta e imediata
ao Presidente da República, destacam-se a formulação, coordenação e arti-
culação das políticas para as mulheres, bem como a elaboração do planeja-
mento de gênero na promoção da igualdade e implementação de campanhas
educativas e antidiscriminatórias.
Em sua estrutura, além do Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher, a Secretaria conta com três subsecretarias, sendo uma de ar-
ticulação institucional, outra de monitoramento de programas e ações
temáticas e a última de planejamento para as Mulheres, além de uma
diretoria de programas.
O foco central da Secretaria, que inclui a direção do conselho e a mo-
bilização de gênero, é estabelecer parcerias para fazer o enfrentamento das
desigualdades e diferenças sociais, raciais, sexuais, éticas e das mulheres
deficientes, com propostas de legislação e ações de natureza afirmativa.

16.13. Secretaria Especial dos Direitos Humanos

A política de Direitos Humanos no Brasil, com diretrizes nacionais


voltadas para a atuação do poder público, é muito recente e só teve
início em 1996, com o Primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos
(PNDH I), que elegeu como prioridade a garantia dos direitos civis e
políticos, tendo sido aprofundada, em 2002, com o Segundo PNDH, que
incorporou os direitos econômicos, sociais e culturais.
No 1º mandato do presidente Lula, deixou de ser uma secretaria do
Ministério da Justiça e passou à condição de órgão integrante da Presidência
da República (Lei nº 10.683/2003 e Decreto nº 5.174/2004), ocupando o seu
dirigente cargo de natureza especial, ganhando novas atribuições.

 118 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

A Secretaria, em parceria com outros setores do governo e da so-


ciedade, atua em diversas frentes, desde o combate à violência sexual
contra crianças e adolescentes, com destaque especial para a defesa dos
direitos desses menores, das pessoas com deficiências, dos portadores
de hanseníase, dos idosos, dos homossexuais, das famílias dos mortos e
desaparecidos políticos, e também o combate ao trabalho escravo e todo
tipo de violação aos direitos humanos.
Entre suas atribuições específicas, destacam-se a formulação de polí-
ticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitos da cidadania, da criança,
do adolescente, do idoso e das minorias e à defesa dos direitos das pessoas
portadoras de deficiência e promoção de sua integração à vida comunitá-
ria, além exercer as atribuições de Órgão Executor Federal do Programa
Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, instituídas
pelo art. 12 da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999.
A Secretaria, em sua estrutura básica, conta com o Gabinete, a Ouvido-
ria-Geral, e três subsecretarias, sendo uma de Gestão de Política de Direitos
Humanos, outra de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente,
e a última de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos. Está em estudo a
criação de uma Secretaria para tratar de Direitos dos Deficientes.
Além dessa estrutura, também conta com diversas instâncias colegia-
das, entre as quais seis Conselhos (Defesa dos Direitos da Pessoa Humana,
Nacional de Combate à Discriminação, Nacional de Promoção do Direito
Humano à Alimentação, Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescen-
te, Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência e Nacional
dos Direitos do Idoso), três Comissões (do Plano Nacional de Promoção,
Proteção e Defesa do Direito da Criança e do Adolescente, Inter-Setorial de
Enfrentamento à Violência Sexual contra Criança e Adolescente, Permanente
de Combate à Tortura e a Violência Institucional), dois Comitês (Gestor de
Política de Enfrentamento à Violência contra Criança e Adolescente e Na-
cional para Prevenção e Controle de Tortura no Brasil) e uma Coordenação
Nacional para a Integração de Pessoa Portadora e de Deficiência.

16.14. Secretaria Especial de Políticas de


Promoção da Igualdade Racial

A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial


(Seppir), órgão integrante da Presidência da República, dirigida por ocupante

 119 
POR DENTRO DO GOVERNO

de cargo político de ministro de Estado (Lei nº 11.693/2008, editada


especialmente para evitar que o titular da Secretaria, um parlamentar,
tivesse que renunciar ao mandato para assumir a pasta), foi criada no
primeiro mandato do presidente Lula (Lei nº 10.678/2003) para promover
a igualdade e a proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais e
étnicos afetados pela discriminação e demais formas de intolerância, com
ênfase na população negra.
Em sua estrutura básica, a Secretaria conta com o Gabinete e três
Subsecretarias, sendo uma de Planejamento e Formulação de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial, outra de Política de Ações Afirmativas e
a última de Política para Comunidades Tradicionais, todas dirigidas por
ocupantes de DAS 101-6, além do Comitê de Coordenação de Programa
e do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e do Comitê
de Coordenação de Programas.

16.15. Secretaria Especial dos Portos

A Secretaria Especial de Portos, órgão integrante da Presidência da


República, cujo titular ocupa cargo de natureza especial, foi criada no se-
gundo mandato do Presidente Lula (Lei nº 11.518/2007) para melhorar a
competitividade e a eficiência do sistema portuário brasileiro, que movimenta
aproximadamente 90% do comercio exterior, com o transporte de mais de
700 milhões de toneladas das mais diversas mercadorias.
Entre as atribuições da Secretaria estão a formulação de políticas e di-
retrizes para o desenvolvimento e o fomento do setor de portos e terminais
portuários marítimos e, especialmente, a promoção da execução e avaliação
de medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento de infra-
estrutura e da superestrutura dos portos e terminais portuários marítimos,
bem como dos outorgados às companhias docas.
Em sua estrutura, a Secretaria dos Portos conta com o Gabinete e
duas Subsecretarias, uma de Planejamento e Desenvolvimento Portuário
e outra de Portos, com o Instituto Nacional de Pesquisa Hidroviárias,
assim como as Companhias Docas dos Estados da Bahia, Ceará, Espírito
Santo, São Paulo, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, sociedades
de economia mista vinculadas.

 120 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

17. Agências reguladoras

O objetivo deste tópico é apresentar, de modo sintético, o desenho


institucional das agências reguladoras, criadas no Brasil a partir de 1996
com as funções de regulação e fiscalização de setores típicos de Estado que
seriam explorados pela iniciativa privada, como decorrência do processo
de privatização iniciado em 1990. Nesse trabalho, as atribuições de cada
agência reguladora estão no tópico específico dos ministérios a que estejam
vinculadas, ainda que sem subordinação hierárquica.
Este tema requer alguns cuidados. O primeiro é que o papel da regu-
lação não é exclusivo das agências reguladoras. Nem todo ato regulatório
provém de uma agência reguladora, assim como nem todo órgão que faça
regulação é agência reguladora.
Existem outras distinções importantes. Nem todo órgão com nome de
agência, como a Agência Espacial Brasileira (AEB), possui capacidade de regu-
lação, assim como nem todo órgão com capacidade de regulação se chama
agência reguladora. São exemplos: o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o próprio Ministério da Educação
(MEC), na educação superior, entre outros.
Atente-se, ainda, para a diferença entre agência reguladora e agên-
cia executiva. as agências reguladoras, stricto sensu, são autarquias de
natureza especial, criadas para exercer o chamado poder de política,
regulando, normatizando, controlando e fiscalizado atividades e bens
transferidos ao setor privado, ou para exercer essas funções em mercados
considerados estratégicos como o setor de medicamentos e de seguros
de saúde, enquanto as agências executivas são autarquias ou fundações
públicas, que recebem este título para o exercício de atividade exclusiva
de Estado, mediante contrato de gestão. Estas estão previstas no art. 37, §
8º da Constituição, e foram regulamentadas pela Lei nº 9.649/98 e pelos
Decretos nº 2.487/98 e nº 2.488/98.
As agências de regulação, segundo a concepção de Bresser Pereira
dentro do Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado, deveriam:
i) promover a competição dos setores nos respectivos mercados; ii) garantir
o direito de consumidores e usuários dos serviços públicos; iii) estimular o
investimento privado; iv) buscar qualidade e segurança dos serviços da União
e com o menor custo possível para os usuários; v) assegurar a remuneração
adequada dos investimentos realizados pelas empresas prestadoras de
serviços; vi) dirimir conflitos entre consumidores e empresas prestado-
ras de serviço; e vii) prevenir abusos de poder econômico por agentes
prestadores de serviços públicos.

 121 
POR DENTRO DO GOVERNO

As primeiras agências reguladoras criadas no Brasil, inspiradas na ex-


periência internacional, particularmente o modelo de agência independente
implementado nos Estados Unidos no século XIX, atuavam no setor de
infraestrutura, exatamente aqueles objeto de emenda constitucional com
vista à quebra de monopólio, casos da energia elétrica e telecomunica-
ções, ou flexibilização, a exemplo do setor petrolífero. Não se pode deixar
de observar certo açodamento na criação das primeiras agências, já que em
alguns casos o vácuo legal se estabeleceria graças ao fato de o processo de
privatização ter sido implementado antes da criação dessas autarquias. Para
impedir um eventual abuso de atuação de uma empresa privada concessio-
nária de um serviço público estratégico, as primeiras agências foram criadas
sem quadros de servidores próprios e sem um arcabouço legal estruturado e
consistente. A pressa em entregar ao mercado setores antes explorados por
empresas estatais levou a um marco regulatório imperfeito.
Desde 1996, foram criadas dez agências reguladoras federais, todas
com um padrão institucional semelhante. Suas principais características
são: autarquias sob regime especial, integrantes da administração indireta,
vinculadas sem subordinação hierárquica aos ministérios respectivos, di-
retoria colegiada e estabilidade de seus dirigentes, que possuem mandatos
fixos, e cuja nomeação depende da prévia aprovação do Senado Federal,
autonomia financeira e servidores ocupantes de cargos públicos, regidos
pelo regime jurídico único.
As agências reguladoras, de acordo com a vinculação com o setor de
atividade econômica e com a cronologia de criação, podem ser classificas em
três gerações, sendo a primeira delas na área de infraestrutura, a segunda
geração no setor de saúde e a terceira sem clareza sobre tema e setor, inclui
até agência para o fomento de atividade, como a Ancine. Em todos os casos
com marcos regulatórios setoriais desarticulados em relação aos marcos das
demais agências e, portanto, sem o marco regulatório adequado.
A criação das agências de primeira geração, cujas atribuições são clara-
mente de regulação de mercado, todas no setor de infraestrutura, coincidiu
com as privatizações ou flexibilizações de empresas estatais dentro do pro-
grama de desestatização. São elas: a Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), criada em 1996; a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP),
ambas criadas em 1997.
As agências de segunda geração foram criadas em 2000, na área de
saúde e água, para resguardar os interesses dos cidadãos frente ao mer-
cado competitivo. São elas: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Agência
Nacional de Águas (ANA).

 122 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

As agências de terceira geração, com diversidade de finalidade e de


áreas de atuação, foram criadas entre 2001 a 2005, sendo elas: a Agência
Nacional de Transportes Aquaviários ( (Antaq – 2001); a Agência Nacional
de Transportes Terrestres (ANTT – 2001); a Agência Nacional de Cinema
(Ancine – 2001); e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac – 2005).
Apesar de passadas mais de duas décadas da criação da primeira
agência, o marco regulatório do setor ainda continua incompleto e confuso,
com legislação dispersa e pouco eficaz. É verdade que muitos problemas
vêm sendo superados, como a questão de pessoal, resolvida mediante a
criação de quadro próprio, denominado “efetivo”, a realização de con-
cursos públicos e a absorção dos servidores cedidos originários de outros
órgãos da administração pública, em um quadro especial, carreira em
extinção, por não haver previsão de concurso para ingresso, denominado
“específico”, e ainda a extinção dos contratos temporários. Ainda assim,
outros problemas persistem.
Um dos desafios é uniformizar a legislação, com regras aplicáveis a
todas as agências reguladoras independentemente do mercado regulado.
Atualmente, as leis que regem cada agência são distintas, têm característi-
cas de gestão e posturas institucionais diversas. Exemplificamos isso em
questões como a vigência de mandatos de dirigentes, a existência e o perfil de
ouvidorias. Já há leis gerais para toda a administração pública federal, como a
Lei nº 9.784/1999, que estabelece regras específicas para o processo adminis-
trativo no âmbito da Administração Pública Federal e a Lei nº 8.666/1993, que
trata das licitações e contratos, assim como a Lei nº 8.112/1990, que dispõe
sobre o regime jurídico único dos servidores públicos, mas elas não tratam
das questões gerais das agências reguladoras.
Sobre a Lei nº 9.986/2000, específica das agências, embora tenha cará-
ter geral, há consenso de que cuida apenas da gestão de recursos humanos
e de alguns aspectos de sua organização, revelando-se insuficiente para as
necessidades de uma lei das agências.
Por isso é que o governo encaminhou ao Congresso o Projeto de Lei
nº 3.337, em 2004, para estabelecer a Lei Geral das Agências Reguladoras,
com as seguintes alterações em relação ao marco atual:
1ª) uniformização dos mandatos dos dirigentes;
2ª) restituição do poder de outorga das agências para os ministérios,
considerando que a formulação de políticas públicas deve ser exercida pela
administração direta;
3ª) aumento do controle social, a partir da instituição e implementação
efetiva de instrumentos de avaliação da gestão e do desempenho da agência
e obrigação de prestação de contas ao Congresso Nacional;
4ª) criação de ouvidorias em todas as agências; e

 123 
POR DENTRO DO GOVERNO

5ª) interação entre as agências reguladoras e os órgãos reguladores


estaduais, do Distrito Federal e municípios.
O governo do presidente Lula, inicialmente refratário às agências regu-
ladoras, chegou à conclusão de que esse modelo de autarquia é essencial para
o bom funcionamento da maior parte dos setores encarregados da provisão
de serviço público, tendo reflexos positivos no resto da economia, mas insiste
na necessidade de aprimoramento do marco regulatório.
O marco regulatório das agências, na concepção do Governo Lula,23
deverá ser regido pela proteção do interesse público, a defesa da concorrência
e do direito do consumidor, a promoção da livre iniciativa, a prestação de
contas, a impessoalidade, transparência e publicidade, a autonomia decisória,
administrativa e financeira, a decisão colegiada, a notória capacidade técnica
e reputação ilibada para o exercício das funções de direção, a estabilidade
e previsibilidade das regras, ou seja, um conjunto de princípios que sejam
inquestionáveis perante os interesses da sociedade.
Veja na tabela VII a relação das agências reguladoras existentes no país,
o ministério ao qual está vinculada e a legislação que estabelece sua criação,
finalidade e estrutura organizacional.

Tabela VII – Agências reguladoras no Brasil

AGÊNCIA MINISTÉRIO SETORIAL LEGISLAÇÃO

Aneel Minas e Energia Lei nº 9.427/96

ANP Minas e Energia Lei nº 9.478/97 e Decreto nº


2.455/98
Lei nº 9.472/97 e Decreto nº
Anatel Comunicações
2.338/97
Lei nº 11.182/05 e Decreto
Anac Defesa
nº 5.731/06
Anvisa Saúde Lei nº 9.782/99
ANS Saúde Lei nº 9.961/01
Ancine Cultura MP nº 2.228/01
Antaq Transportes Lei nº 10.233/01
Lei nº 10.233/01 e Lei nº
ANTT Transportes 10.561/02
ANA Água Lei nº 9.984/00

23 Ver “Desafios da governança regulatória no Brasil”, de Luiz Alberto dos Santos, no portal www.regulalacao.gov.br.

 124 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18. Ministérios

Este tópico é dedicado ao detalhamento das atribuições e competên-


cias de cada um dos ministérios, com informações sobre a estrutura, órgãos
vinculados, as responsabilidades e prioridades da cada pasta. O objetivo é
identificar as competências ministeriais na formulação de políticas públi-
cas, bem como destacar as secretarias e até os departamentos com poder na
formulação, fiscalização, monitoramento ou alocação de recursos em suas
atividades finalísticas.
Conforme especificado no tópico 8 (processos institucionais: funciona-
mento da administração pública) e com as exceções lá mencionadas, existe
um padrão para a estrutura organizacional dos ministérios. Todos dispõem
de pelo menos dois dentre os quatro níveis a seguir: i) órgãos de assistência
direta e imediata ao ministro de Estado, que incluem gabinete, secretaria-
executiva, consultoria jurídica e assessoria; ii) órgãos específicos singulares,
formados por secretarias, subsecretarias e departamentos; iii) órgãos cole-
giados; e iv) entidades vinculadas, como autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista.
Registre-se que a consultoria jurídica dos ministérios é formada por
membros das carreiras da Advocacia-Geral da União, cuja função é a presta-
ção de assessoria imediata aos ministros de Estado nos assuntos de natureza
jurídica pertinentes a cada ministério.
Os ministérios – organizados neste tópico por ordem alfabética e não
por data de criação, como é comum nos documentos oficiais – podem ser
classificados por finalidade e área de atuação.
Assim, pertencem à área Social os ministérios: (1) da Educação, (2) da
Saúde, (3) do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, (4) da Previdência
Social, (5) do Trabalho e Emprego, (6) da Cultura, e (7) do Esporte; à área de
Infraestrutura os ministérios (1) dos Transportes, (2) de Minas e Energia, (3)
das Comunicações, (4) do Meio Ambiente, (5) da Integração Nacional e (6)
das Cidades; à área de Governo os ministérios (1) da Justiça, (2) das Relações
Exteriores, (3) da Ciência e Tecnologia e (4) da Defesa; e à área Econômica
os ministérios (1) da Fazenda, (2) do Planejamento, Orçamento e Gestão,
(3) do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, (4) da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, (5) do Desenvolvimento Agrário, (6) da Pesca e
Aquicultura e (7) do Turismo.

 125 
POR DENTRO DO GOVERNO

 126 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.1. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),


cujo titular ocupa cargo político, tem como objetivo estimular a produção
agropecuária e o desenvolvimento do agronegócio, tanto para o consumo
interno quanto para a exportação. Além disso, promove a geração de
emprego e renda, a segurança alimentar, a inclusão social e a redução
das desigualdades sociais.
O Mapa, no cumprimento de sua missão institucional, formula e executa
políticas para o desenvolvimento do agronegócio. Tais políticas abrangem
aspectos mercadológicos, tecnológicos, científicos, organizacionais e ambien-
tais. Além disso, o Mapa cuida da sanidade animal e vegetal, da organização
da cadeia produtiva do agronegócio, da modernização da política agrícola,
do incentivo às exportações, do uso sustentável dos recursos naturais e do
bem-estar social.
Compete-lhe, ainda, tratar da política agrícola, desde a produção
e comercialização, passando pelo abastecimento e armazenamento, até
a definição de preços mínimos. Trata também da produção e fomento
agropecuário; da informação agrícola; da fiscalização dos insumos agro-
pecuários; da classificação e inspeção de produtos de origem animal e
vegetal; da pesquisa tecnológica; da agrometeorologia; do cooperativis-
mo e associativismo rural; da eletrificação rural; da assistência técnica
e extensão rural.
Para desincumbir-se de suas atribuições, o Ministério dispõe, em sua
estrutura, de várias instâncias de poder: uma secretaria executiva; cinco
secretarias setoriais – cujos titulares ocupam cargos DAS 101.6 (defesa agro-
pecuária; desenvolvimento agropecuário e cooperativismo; política agrícola;
produção e agroenergia; e relações internacionais do agronegócio); dois
órgãos específicos singulares – o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac); duas em-
presas públicas – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); três sociedades de economia
mista – Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa-MG), Companhia
de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg) e Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), bem como doze
laboratórios e 27 superintendências estaduais.
Além disso, conta, também, com três Comissões – Comissão Coorde-
nadora de Criação de Cavalo Nacional, Comissão Especial de Recursos e

 127 
POR DENTRO DO GOVERNO

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira; cinco Conselhos – Con-


selho de Desenvolvimento do Agronegócio do Cacau; Conselho Deliberativo
de Política do Café; Agronegócio; Conselho Interministerial do Açúcar e do
Álcool; e Conselho Nacional de Política Agrícola.
O titular da secretaria-executiva, ocupante de cargo de natureza espe-
cial, que substitui o ministro em seus impedimentos, licenças e férias, exerce
a coordenação-geral: i) de apoio às câmaras setoriais e temáticas, ii) de apoio
às superintendências; e iii) de desenvolvimento de pessoal. Além disso,
supervisiona a Biblioteca Nacional de Agricultura, a Comissão Técnica Con-
sultiva de Apoio à Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários do Sistema
Unificado, o Comitê Gestor de Tecnologia da Informação e a Subsecretaria
de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério.
A Secretaria de Defesa Agropecuária responde pela qualidade sanitária
da produção agropecuária brasileira, tanto a do consumo interno, quanto a
destinada à exportação e promove a fiscalização, a inspeção, a análise labo-
ratorial e a certificação animal e vegetal, inclusive dos insumos destinado
ao setor. Também exerce a coordenação dos seguintes sistemas: i) Sistema
Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária; ii) Sistema Brasileiro de Ins-
peção de Produtos de Origem Vegetal; iii) Sistema Brasileiro de Inspeção de
Produtos de Origem Animal; iv) Sistema Brasileiro de Inspeção de Insumos
Agropecuários; e v) Sistema Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva
de Bovinos e Bubalinos (Sisbov).
Para dar conta de suas atribuições, a Secretaria, que também coorde-
na e executa as atividades relativas ao trânsito internacional de produtos
e insumos agropecuários, dispõe de quatro coordenações – quais sejam,
Coordenação de Apoio Operacional; Coordenação de Biossegurança de
Organismo Geneticamente Modificado; Coordenação de Resíduos e Contami-
nantes e Coordenação de Sistemas de Rastreabilidade, cujos titulares ocupam
cargos de DAS 101.3; duas coordenações-gerais – Coordenação-Geral de Apoio
Laboratorial e Coordenação-Geral de Sistema de Vigilância Agropecuária,
que ocupam cargos de DAS 101.4; e seis departamentos – Departamento
de Fiscalização de Insumos Agrícolas; Departamento de Fiscalização de
Insumos Pecuários; Departamento de Inspeção de Produtos de Origem
Animal; Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal;
Departamento de Sanidade Vegetal e de Saúde Animal, os quais são di-
rigidos por servidores titulares de cargos de DAS 101.5; e também uma
Comissão Técnica Consultiva de Serviços de Rastreabilidade da Cadeia
Produtiva de Bovinos Bubalinos.

 128 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

A Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo cuida


do desenvolvimento do agronegócio, do cooperativismo e associativismo
rural para a produção e fomento agropecuários, agroindustrial, extrativista,
agroecológica e de sistemas integrados de produção, bem como de certifica-
ção e sustentabilidade.
Compete-lhe: dar assistência técnica, fornecer infraestrutura e apoio
logístico para a produção e comercialização; orientar sobre a padronização e
classificação de produtos agrícolas, pecuários e de origens animal e vegetal.
Afora isso, fornece orientação sobre a proteção, manejo e conservação do solo
e da água, agroirrigação, plantio direto e recuperação de áreas agricultáveis,
de pastagens e agroflorestais degradadas.
Para desincumbir-se de suas atribuições, a Secretaria conta com
quatro departamentos: i) Departamento de Cooperativismo e Associati-
vismo; ii)Departamento de Infraestrutura e Logística; iii) Departamento
de Propriedade Intelectual e Tecnologia Agropecuária; e iv) Departamento
de Sistemas de Produção e Sustentabilidade.
Por sua vez, compete à Secretaria de Política Agrícola, em conjunto com
os Departamentos de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário,
de Economia Agrícola e o de Gestão e Risco Rural, a formulação de diretri-
zes de ação governamental para a política agrícola e segurança alimentar,
a análise e formulação de proposições e atos regulamentares para o setor
agropecuário; a promoção de estudos, diagnósticos e avaliações sobre: i) os
efeitos da política econômica sobre o sistema produtivo agropecuário; ii) o
seguro rural; e iii) o zoneamento agropecuário.
A Secretaria de Produção e Agroenergia, auxiliada pelos Departamentos
de Cana de Açúcar e Agroenergia, e de Café, tem a missão institucional de
contribuir para a formulação da política agrícola no que se refere à produção
e comercialização interna e externa do café, da cana-de-açúcar e do álcool; de
apresentar propostas e participar de eventos sobre negociações de acordos
ou convênios internacionais que tenham como tema a agroindústria sucroal-
cooleira e cafeeira; de implementar, controlar e supervisionar medidas para
o incremento da qualidade e competitividade dos setores da agroindústria
do café e do álcool.
À Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, com suporte
dos Departamentos de Assuntos Comerciais, de Negociações Sanitárias e
Fitossanitárias, e de Promoção Internacional do Agronegócio, compete for-
mular as diretrizes de ação governamental para a política agrícola e para a
segurança alimentar; analisar e formular proposições de ação governamental

 129 
POR DENTRO DO GOVERNO

para o setor agropecuário; supervisionar a elaboração e aplicação dos meca-


nismos de intervenção governamental referente à comercialização e ao abas-
tecimento agropecuários; promover estudos, diagnósticos e avaliar os efeitos
da política econômica sobre o sistema produtivo agropecuário; participar
de negociações sobre os temas de política comercial externa que envolvem
produtos do setor agropecuário e seus insumos; e formular proposições
para a comercialização e promoção de produtos agropecuários, incluindo o
planejamento do exercício da ação governamental para todos os segmentos
produtivos do setor agroindustrial, bem como orientar, coordenar e avaliar
a execução das medidas aprovadas.
A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac),
órgão singular do Ministério da Agricultura, criada em 20 de fevereiro de
1957 para fornecer apoio à cacauicultura, passados mais de meio século
de sua fundação, ampliou sua missão institucional para além da cultura
do cacau, passando a promover a competitividade e sustentabilidade dos
segmentos agropecuário, agroflorestal e agroindustrial para o desenvol-
vimento das regiões brasileiras produtoras de cacau no país. Atualmente,
a Ceplac atua em seis estados brasileiros: Bahia, Espírito Santo, Pará,
Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem como missão prover
de informações meteorológicas confiáveis a sociedade brasileira e influir
construtivamente no processo de tomada de cessão, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável do país.
Como órgãos descentralizados, os principais são as duas empresas
públicas e as três sociedades de economia mista, cujas importâncias estão
destacadas a seguir.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), empresa
pública, com presença em todo o território nacional, é um centro de excelência
brasileiro em matéria de produção de conhecimento e de tecnologia aplicada
ao melhoramento e ao desenvolvimento da agricultura nacional. A Embrapa,
que cuida do planejamento, orientação, promoção e execução de atividades
de pesquisa agropecuária, também exerce cooperação técnico- científica com
estados, Distrito Federal e municípios, por intermédio do Sistema Nacional
de Pesquisa Agropecuária (SNPA).
A Companhia de Abastecimento (Conab), empresa pública, cumpre
papel fundamental na proteção ao pequeno e médio produtor ao garantir-lhe
preço mínimo e armazenamento para guarda e conservação de seus produtos,
e responde pela formação de estoques reguladores e pelo suprimento das ca-

 130 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

rências alimentares em áreas desassistidas ou não atendidas suficientemente


pela iniciativa privada. Além disso, fomenta o consumo dos produtos básicos
e necessários à dieta alimentar das populações carentes.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério da Agricultura
podem ser obtidas no portal www.agricultura.gov.br, e sobre os titulares
no endereço eletrônico http://www.agricultura.gov.br/portal/page?_
pageid=33,980593&_dad=portal&_schema=portal

 131 
POR DENTRO DO GOVERNO

 132 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.2. Ministério das Cidades

Ao Ministério das Cidades, cujo titular ocupa cargo político, compete


formular, executar e acompanhar as políticas de desenvolvimento urbano, de
habitação, de saneamento ambiental, de transporte urbano e de trânsito. Trata-se
de um Ministério importantíssimo na distribuição de recursos para organizar as
cidades e evitar o caos urbano, ao prever a garantia de habitação para a popula-
ção de baixa renda, ao promover paz no trânsito e ao auxiliar na prevenção de
doenças a partir do saneamento básico e do fornecimento de água potável.
No cumprimento de sua missão institucional, o Ministério é formado, além
da Secretaria Executiva, por quatro secretarias temáticas cujos titulares ocupam
cargos de DAS 101.6 – Secretaria Nacional de Habitação; Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental; Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade
Urbana; e Secretaria Nacional de Programas Urbanos; por duas sociedades de
economia mista – Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e Empresa
de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A (Trensurb).
O Ministério conta com sete órgãos colegiados: i) Câmara Interministerial
de Trânsito; ii) Comitê Interministerial da Inclusão Social de Catadores de Lixo;
iii) Comitê Nacional de Mobilização pela Saúde, Segurança e Paz no Trânsito;
iv) Conselho Curador do Fundo de Desenvolvimento Social; v) Conselho das
Cidades; vi) Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social; e vii) Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
A Secretaria Nacional de Habitação (SNH), em conjunto com três os depar-
tamentos que a constituem – Departamento de Desenvolvimento Institucional e
Cooperação Técnica; Departamento de Produção Habitacional e Departamento
de Urbanização de Assentamentos Precários –, é responsável por acompanhar,
avaliar, formular e propor os instrumentos para a implementação da Política
Nacional de Habitação, em articulação com as demais políticas públicas e ins-
tituições voltadas ao desenvolvimento urbano, com o objetivo de promover a
universalização do acesso à moradia.
A SNH desenvolve e coordena ações que incluem desde o apoio técnico
aos entes federados e aos setores produtivos até a promoção de mecanismos
de participação e controle social nos programas habitacionais. Cabe ainda
à SNH coordenar e apoiar as atividades referentes à área de habitação no
Conselho das Cidades.
A Secretaria Nacional de Programas Urbanos (SNPU), juntamente
com os Departamentos de Planejamento Urbano, de Assuntos Fundiários

 133 
POR DENTRO DO GOVERNO

Urbanos e o de Apoio à Gestão Municipal e Territorial, tem como missão


implantar o Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257/2001) por meio de ações
diretas, com transferência de recursos do Orçamento Geral da União, e de
ações de mobilização e capacitação.
Para cumprir seus objetivos, a SNPU atua em quatro áreas: apoio à elabo-
ração de planos diretores, regularização fundiária, reabilitação de áreas centrais
e prevenção e contenção de riscos associados a assentamentos precários.
Por sua vez, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) tem
a finalidade de assegurar a universalização dos serviços de abastecimento de
água potável, esgotamento sanitário (coleta, tratamento e destinação final), ges-
tão de resíduos urbanos (coleta, tratamento e deposição final), além do manejo
adequado de águas pluviais para o controle de enchentes.
Para o cumprimento de seus objetivos, a SNSA conta com os seguintes
departamentos: Departamento de Água e Esgotos; Departamento de Articula-
ção Institucional; e Departamento de Desenvolvimento e Cooperação Técnica).
Adota dois eixos estratégicos de atuação, que consistem nas ações de planeja-
mento, formulação e implementação da política setorial. A Secretaria também
capta novas fontes de financiamento que assegurem a contínua elevação dos
investimentos no setor.
A Secretaria Nacional de Transporte e a Secretaria da Mobilidade Urbana
(Semob) e os três Departamentos que a constituem – Departamento de Cidada-
nia e Inclusão Social; Departamento de Mobilidade Urbano e Departamento de
Regulação e Gestão – foram criados com a finalidade de formular e implementar
a política de mobilidade urbana, entendida como a junção das políticas de trans-
porte e de circulação, integrada com a política de desenvolvimento urbano.
A Semob prioriza ações que promovam a cidadania e a inclusão social por
meio da universalização do acesso aos serviços públicos de transporte coletivo,
bem como ações para a integração das políticas da mobilidade com as demais po-
líticas públicas de desenvolvimento urbano e de proteção ao meio ambiente.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), sociedade de eco-
nomia mista criada em 22 de fevereiro de 1984, tem a missão de planejar, por
meio de estudos e projetos, e de implantar meios de transporte de passageiros.
Opera atualmente trens de passageiros nas cidades de Recife, Belo Horizonte,
João Pessoa, Natal e Maceió. Cabe ressaltar que, com a extinção da Rede Fer-
roviária Federal S.A. (RFFSA), o transporte de carga sobre trilhos passou a ser
responsabilidade da Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias, vinculada ao
Ministério dos Transportes.

 134 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Por sua vez, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) é o órgão respon-


sável pelo estabelecimento das normas regulamentares do Código de Trânsito
Brasileiro (CTB) e das diretrizes da Política Nacional de Trânsito.
Ao Contran compete sugerir modificações na legislação sobre trânsito;
estudar e propor medidas administrativas, técnicas e legislativas relacionadas à
exploração dos serviços de transportes terrestres; opinar sobre assuntos pertinen-
tes ao trânsito interestadual e internacional; promover e coordenar campanhas
educativas de trânsito; editar normas e estabelecer exigências para instalação
e funcionamento das escolas de aprendizagem; normatizar os procedimentos
sobre a aprendizagem, habilitação, expedição de documentos de condutores,
registro e licenciamento de veículos.
O Conselho das Cidades (ConCidades) é uma instância de negociação
com os atores sociais sobre o conteúdo das políticas públicas de competência do
Ministério nas áreas de habitação, saneamento ambiental, transporte, mobilidade
urbana e planejamento territorial.
Atualmente, o ConCidades é constituído por 86 titulares, sendo 49 repre-
sentantes de segmentos da sociedade civil e 37 dos poderes públicos das três
esferas: federal, estadual e municipal.
Ao Conselho Curador do Fundo de Desenvolvimento Social compete defi-
nir as diretrizes para a concessão de empréstimos, financiamentos e respectivos
retornos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS).
O FDS destina-se ao financiamento de projetos de investimento de inte-
resse social nas áreas de habitação popular, e atende às áreas de saneamento e
infraestrutura, desde que vinculados aos programas de habitação, bem como à
aquisição de equipamentos comunitários.
Por meio da Caixa Econômica Federal, operadora dos recursos do Fundo
do Desenvolvimento Social (FDS), o Ministério das Cidades trabalha de forma
articulada e solidária não apenas com os estados e municípios, mas igualmente
com movimentos sociais, organizações não governamentais, setores privados
e demais segmentos da sociedade.
Outras informações sobre a estrutura do Ministério das Cidades podem
ser obtidas no portal www.cidades.gov.br, e sobre os titulares no endereço ele-
trônico http://www.cidades.gov.br/quem-e-quem

 135 
POR DENTRO DO GOVERNO

 136 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.3. Ministério da Ciência e Tecnologia

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), cujo titular ocupa cargo po-


lítico, tem como objetivo formular, propor e implementar a Política Nacional de
Ciência, Tecnologia e Inovação e coordenar a execução dos programas e ações
que dela resultam. Para tanto, tem sob sua responsabilidade um conjunto de
instituições de fomento e execução de pesquisas voltadas para formação de pes-
soal de alto nível à pesquisa básica e aplicada e, ainda, para o desenvolvimento
tecnológico e inovação com vista à geração de conhecimento dos quais resultam
novas tecnologias, traduzidas em novos produtos, processos, serviços e sistemas
de gestão. Faz parte desse contexto, igualmente, o apoio ao desenvolvimento e
difusão de tecnologias de interesse social. Para a consecução de sua missão, o
MCT articula-se com todos os estados da Federação, com os quais mantém pro-
gramas em parceria e, no plano internacional, com os mais diversos países.
Criado em 1985, o MCT, apesar do pouco tempo de existência, permitiu
situar a ciência e tecnologia brasileiras em posição de relevo no cenário interna-
cional. São exemplos disso o fato de o Brasil ocupar lugar de destaque na pro-
dução científica mundial e participar de importantes programas de cooperação
em ciência e tecnologia avançadas com diversos países em temas da fronteira
do conhecimento.
Como desdobramento de suas competências, o MCT é responsável por
definir as políticas nacionais de pesquisa científica e tecnológica, de desenvol-
vimento de informática e automação, de biossegurança, espacial, nuclear e de
exportação de bens e serviços sensíveis, bem como estabelecer cooperação e
intercâmbio internacional, de modo que o conhecimento e desenvolvimento
obtidos sejam colocados a serviço da inclusão social.
Para cumprir sua missão institucional, o MCT dispõe, além da Secretaria
Executiva, de quatro secretarias temáticas cujos titulares ocupam cargos de
DAS 101.6: Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento
(Seped); Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis); Secretaria
de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec); e Secretaria de Política
de Informática (Sepin). Juntas, são responsáveis pela gestão e execução dos
principais programas e ações do Ministério.
A estrutura organizacional do MCT também conta com duas das mais
importantes agências de fomento do país, a Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e suas unidades de pesquisa.

 137 
POR DENTRO DO GOVERNO

Também integram o MCT o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia,


órgão de assessoramento superior do presidente da República para a formulação
e implementação da política nacional de desenvolvimento científico e tecnoló-
gico, e o Conselho de Informática e Automação.
Por fim, o MCT conta com quinze unidades de pesquisa, sendo cinco
centros, cinco institutos, dois laboratórios, dois museus e um observatório na-
cional. É composto também de duas comissões nacionais (Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBIO e de Coordenação das Atividades de Meteorologia,
Climatologia e Hidrologia), além de cinco agências, entre elas, a Agência Espacial
Brasileira (AEB) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
A Secretaria Executiva, além da atribuição de prestar assistência imediata
ao ministro de Estado da Ciência e Tecnologia nas atividades de supervisão e
coordenação das secretarias que integram o Ministério, tem a incumbência, entre
outras, de identificar e mobilizar novas fontes de recursos para financiamento
de programas de desenvolvimento científico e tecnológico e de formação de re-
cursos humanos destinados à criação de novos conhecimentos ou que atendam
às necessidades específicas de setores de importância estratégica nacional ou
regional, bem como avaliar os contratos de gestão firmados com as entidades
qualificadas como organizações sociais.
Conta, para tanto, com duas subsecretarias – Subsecretaria de Coordena-
ção das Unidades de Pesquisa e Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e
Administração) e três assessorias – Assessoria de Acompanhamento e Avaliação
das Atividades Finalísticas, Assessoria de de Coordenação dos Fundos Setoriais
e Assessoria de Captação de Recursos).
À Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Se-
ped), juntamente com o Departamento de Políticas e Programas Temáticos, que
a integra, de acordo com o Decreto nº 5.886/2006, compete propor ao ministro
de Estado a criação, alteração ou extinção de políticas e programas visando ao
desenvolvimento científico, tecnológico e da inovação no país; implantar e ge-
renciar políticas e programas nas áreas de ciências exatas, das engenharias, da
terra e da vida, em especial em biotecnologia e saúde; bem como contribuir para a
boa articulação e execução das políticas e programas do Ministério, colaborando
com seus órgãos, agências de fomento e unidades de pesquisa.
À Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis), auxiliada
pelos Departamentos de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia e de
Ações Regionais para Inclusão Social, cabe propor, em articulação com outros
órgãos públicos, políticas que viabilizem o desenvolvimento econômico, social e

 138 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

regional, especialmente da Amazônia e do Nordeste, e difundir conhecimentos


e tecnologias apropriadas em comunidades carentes no meio rural e urbano;
elaborar programas destinados à difusão e à apropriação dos conhecimentos
científicos e tecnológicos na sociedade e no sistema escolar; e supervisionar e
coordenar as ações do Ministério e das entidades vinculadas, com vistas à im-
plementação de projetos articulados e necessários ao desenvolvimento do país,
em atendimento às demandas municipais e estaduais, de instituições de ensino
superior e de pesquisa científica e tecnológica.
Por sua vez, à Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação
(Setec) compete propor, coordenar e acompanhar a política nacional de desen-
volvimento tecnológico. Nisso compreende-se, em especial, ações e programas
voltados para a capacitação tecnológica da empresa brasileira; concepção e pro-
posição de programas de desenvolvimento tecnológico de relevância econômica,
social e estratégica para o país; e interação com órgãos e entidades, públicos e
privados, estratégicos para o desenvolvimento de ações e programas.
A Secretaria Política de Informática (Sepin) tem competência para propor,
coordenar e acompanhar as medidas necessárias à execução da política nacional
de informática e automação; as ações voltadas para o desenvolvimento do setor
de software e de serviços relacionados, para ampliação e melhoria do acesso à
internet e ao comércio eletrônico no país. Além disso, participa, no contexto
internacional, das ações que visam o desenvolvimento das tecnologias da infor-
mação. O Departamento de Políticas e Programas Setoriais em Tecnologia da
Informática e Comunicação integra a estrutura da Sepin e auxilia a Secretaria
no cumprimento de sua missão institucional.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vincula-
da ao MCT, foi criada em 1967 com a finalidade de apoiar estudos, projetos e
programas para o desenvolvimento econômico, social, científico e tecnológico
do Brasil, e seu foco direciona-se às metas e prioridades setoriais estabelecidas
nos planos do governo federal.
Sua missão é promover e financiar a inovação e a pesquisa científica e
tecnológica em empresas, universidades, institutos tecnológicos, centros de
pesquisa e outras instituições públicas ou privadas, mobilizando recursos
financeiros e integrando instrumentos para o desenvolvimento econômico e
social do Brasil.
O suporte da Finep abrange todas as etapas e dimensões do ciclo de
desenvolvimento científico e tecnológico: pesquisa básica, pesquisa aplicada,
inovações e desenvolvimento de produtos, serviços e processos. A Finep apoia,
ainda, a incubação de empresas de base tecnológica, a implantação de parques
tecnológicos, a estruturação e consolidação dos processos de pesquisa, o desen-

 139 
POR DENTRO DO GOVERNO

volvimento e a inovação em empresas já estabelecidas e o desenvolvimento de


mercados. A Fundação financia apenas as etapas anteriores à produção, mas
não apoia investimentos para expansão do processo produtivo.
Já o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), órgão criado em 1951, atualmente organizado sob a forma de fundação
pública, tem como missão promover e fomentar o desenvolvimento científico e
tecnológico, e contribuir para a formulação das políticas nacionais de ciência e
tecnologia. Desde sua criação tem tido papel decisivo na formação de recursos
humanos qualificados nos vários campos do conhecimento e no financiamento
de projetos de pesquisa.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia federal,
garante ao Brasil o uso seguro e pacífico da energia nuclear. Criada em 1956,
tem atuação bastante diversificada, sendo a formulação da política nuclear o
principal elo entre seus diferentes objetivos.
Por intermédio de seus institutos, laboratórios e escritórios regionais, loca-
lizados em nove estados, a CNEN acompanha de perto todos os usos da energia
nuclear no Brasil. É responsável pelo licenciamento e controle de instalações
nucleares e radioativas, sejam elas da área médica, industrial, de pesquisa ou
de geração de eletricidade; pelo credenciamento de profissionais que atuam nas
instalações; pela destinação dos rejeitos radioativos gerados nessas atividades.
Um processo permanente de pesquisa em radioproteção garante a qualidade
dessas ações, o que resulta em segurança para os trabalhadores do setor, para
a população em geral e para o meio ambiente.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) é uma instância
colegiada multidisciplinar, criada pela Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005,
cuja finalidade é prestar apoio técnico consultivo e assessoramento ao governo
federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de
Biossegurança relativa a organismos geneticamente modificados (OGM), bem
como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos
referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio am-
biente, para atividades que envolvam a construção, experimentação, cultivo,
manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação
e descarte de OGM e derivados.
Registre-se, também na estrutura do MCT, o relevante trabalho desenvol-
vido pela Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão responsável pela promoção
e acesso aos benefícios da utilização pacífica do espaço e a segurança das ativi-
dades espaciais no Brasil.
Para a concretização das ações da AEB, foi criado em 1965, na cidade de
Natal (RN), o Centro de Lançamento Barreira do Inferno (CLBI). Em seguida,
foi implantado o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, em

 140 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

excelente posição geográfica, próximo à linha do Equador e considerado um dos


melhores pontos de lançamento do mundo.
Desses dois locais são lançados foguetes de sondagem para estudos cien-
tíficos. No CLA, em particular, são realizados os testes do Veículo Lançador de
Satélites (VLS), cuja qualificação confere ao país a autonomia de colocar os pró-
prios satélites em órbita da Terra. Dois satélites nacionais e um em cooperação
internacional com a China já estão em operação: o Satélite de Coleta de Dados
(SCD-1 e SCD-2) e o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2),
lançados, respectivamente, em 1993, 1998 e em 2003.
Além do sucesso alcançado, o Programa Nacional de Atividades Espaciais
(PNAE) traz como meta, para o período de 2005-2014, projetos que ampliarão
ainda mais as realizações do Brasil no setor.
Desde sua criação, o MCT vem envolvendo a sociedade brasileira no pla-
nejamento estratégico de suas ações de longo prazo, por meio das conferências
nacionais de ciência e tecnologia (mais recentemente incorporando o destaque
da inovação) realizadas em três edições (1985, 2001e 2005). A IV Conferência será
realizada em 2010, precedida, como em edições anteriores, de amplas discussões
de caráter regional e estadual.
A esse esforço somam-se as feiras nacionais de ciência, tecnologia e ino-
vação, importante instrumento de divulgação que ocorre em todo o território
nacional e conta com grande participação de público.
Por meio desse conjunto de órgãos e instituições, o Ministério da Ciência
e Tecnologia exerce suas funções estratégicas de desenvolvimento de pesquisas
e estudos, as quais vêm se traduzindo em geração de conhecimento e de novas
tecnologias para a promoção e integração dos municípios, estados e de todo o
país, com vistas à redução das desigualdades e à universalização de oportuni-
dades para o cidadão brasileiro.
Registre-se, por último, que o MCT possui sob sua supervisão algumas
organizações sociais, como a Associação Brasileira de Luz Síncroton (ABTLUS),
o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), a Associação Rede
Nacional de Ensino e Pesquisa (ARNP) e o Centro de Gestão e Estudos Estra-
tégicos (CGEE).
Mais informações sobre a estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia,
suas agências, unidades de pesquisa e programas podem ser obtidas no portal
www.mct.gov.br, e sobre os titulares no endereço eletrônico http://www.mct.
gov.br/index.php/content/view/79017.html

 141 
POR DENTRO DO GOVERNO

 142 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.4. Ministério das Comunicações

O Ministério das Comunicações, cujo titular ocupa cargo político, tem com-
petência para formular, regulamentar, outorgar e fiscalizar a política nacional de
telecomunicações e de radiodifusão. Também é atribuição do Ministério controlar
e administrar o uso do espectro de radiofrequências e os serviços postais.
Criado no dia 20 de fevereiro de 1967, por meio do Decreto-Lei nº 200,
e instalado no dia 15 de março do mesmo ano pelo presidente Costa e Silva,
o Ministério das Comunicações passou, ao longo de mais de quatro décadas de
fundação, por várias alterações em sua atuação e estrutura organizacional.
Para o cumprimento de sua missão institucional de proporcionar à socie-
dade brasileira acesso democrático e universal aos serviços de telecomunicações,
radiodifusão e postais, o Ministério é composto, além da Secretaria Executiva, por
duas secretarias temáticas – Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica
e Secretaria de Telecomunicações –, por uma autarquia – Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) –, por uma sociedade de economia mista – Empresa
de Telecomunicações Brasileiras S.A. –, e uma empresa pública – Empresa Bra-
sileira de Correios e Telégrafos (ECT) –, bem como por sete delegacias regionais
nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Pará,
Pernambuco e Rio de Janeiro.
À Secretaria Executiva, órgão de assistência direta e imediata do minis-
tro das Comunicações, cujo titular ocupa cargo de natureza especial, também
compete, conforme estabelece o Decreto nº 5.220, de 30 de setembro de 2004,
auxiliar na definição, implementação, supervisão, formulação e acompa-
nhamento das diretrizes, metas e objetivos dos serviços de comunicação,
telecomunicação e postal.
A Secretaria também é responsável pela coordenação da gestão dos pro-
gramas executados com recursos dos fundos administrados pelo Ministério e
pelo exercício do papel de órgão setorial dos Sistemas de Pessoal Civil (Sipec),
de Administração de Recursos de Informação e Informática (Sisp), de Serviços
Gerais (Sisg), de Planejamento e de Orçamento Federal, de Contabilidade Fe-
deral e de Administração Financeira Federal, por intermédio da Subsecretaria
de Planejamento, Orçamento e Administração a ela subordinada.
A Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica, com suporte dos
Departamentos de Outorga de Serviços de Comunicação Eletrônica e de
Acompanhamento e Avaliação de Serviços de Comunicação Eletrônica, é
responsável por administrar as concessões de rádio e de TV abertas, desde

 143 
POR DENTRO DO GOVERNO

o processo licitatório até o seu funcionamento, baseado na legislação especí-


fica. A Secretaria também fiscaliza a exploração dos serviços de radiodifusão
quanto ao conteúdo de programação das emissoras, bem como a composição
societária e administrativa das empresas de radiodifusão; instaura procedi-
mento administrativo para apurar infrações e adota medidas necessárias ao
efetivo cumprimento das sanções aplicadas.
A Secretaria de Telecomunicações, juntamente com os três Departa-
mentos a ela subordinados – Departamento de Serviços de Universalização
de Telecomunicações; Departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia; e
Departamento de Serviços de Inclusão Digital –, responde pela formulação
de políticas, diretrizes, objetivos, metas, regulamentação e normatização
técnica dos serviços de telecomunicações. A Secretaria auxilia também
na orientação, acompanhamento e supervisão das atividades da Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel); planeja e coordena, normativa-
mente, as atividades e os estudos que orientam a formulação de programas
e projetos de universalização dos serviços de telecomunicações, inclusão
digital, bem como a implementação de medidas voltadas ao desenvolvi-
mento tecnológico e industrial brasileiro.
Por sua vez, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é uma au-
tarquia especial criada pela Lei Geral de Telecomunicações (Lei nº 9.472, de 16 de
julho de 1997), administrativamente independente, financeiramente autônoma,
e que não se subordina hierarquicamente a nenhum órgão de governo, de modo
que suas decisões só podem ser contestadas judicialmente.
Com missão institucional de promover o desenvolvimento das teleco-
municações no país, a Anatel detém os poderes de outorga, regulamentação
e fiscalização das atividades de telecomunicações no Brasil. A autarquia
também é competente para exercer ações de repressão a infrações contra
direitos dos usuários de serviços de telecomunicações e contra a ordem
econômica, ressalvada a autoridade conferida ao Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade).
A Telecomunicações Brasileiras S. A. (Telebrás), sociedade de economia
mista constituída em 9 de novembro de 1972, nos termos da Lei n° 5.792, tem
a finalidade de planejar os serviços públicos de telecomunicações; gerenciar a
participação acionária do governo federal nas empresas de serviços públicos de
telecomunicações do país; promover medidas de coordenação e de assistência
administrativa e técnica às empresas de serviços públicos de telecomunicações
e àquelas que exerçam atividades de pesquisas ou industriais, com vistas à re-

 144 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

dução de custos operacionais, eliminação de duplicações e maior produtividade


dos investimentos realizados.
Também compete à Telebrás promover a captação de recursos internos
e externos a serem aplicados nos serviços de telecomunicações; promover, por
intermédio de subsidiárias ou associadas, a implantação e exploração de serviços
públicos de telecomunicações no território nacional e no exterior; e estimular
a formação e o treinamento de pessoal especializado necessário às atividades
das telecomunicações.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é responsável por
planejar, implantar e explorar os serviços postais e o de telegrama no país.
Para a formação, capacitação e treinamento dos seus funcionários, a ECT
conta com a Universidade dos Correios, e tem parcerias com a Universidade
Postal das Américas, Espanha e Portugal (Upaep) e a Universidade Postal
Universal (UPU) na França.
Quanto às sete delegacias regionais do Ministério das Comunicações em
funcionamento no país, elas têm competência para executar todas as atribuições
da pasta, em conformidade com o que estabelece o Decreto nº 6.658, de 20 de
novembro de 2008.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério das Comunicações
podem ser obtidas no portal www.mc.gov.br, e sobre os titulares no endereço
eletrônico http://www.mc.gov.br/o-ministerio/quem-e-quem

 145 
POR DENTRO DO GOVERNO

 146 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.5. Ministério da Cultura

O Ministério da Cultura (MinC), cujo titular ocupa cargo político, foi criado
pelo Decreto nº 91.144, em 15 de março de 1985, para consolidar a política nacional
de cultura, proteger o patrimônio histórico cultural, estimular e desenvolver as
atividades culturais em todo o país.
Até a década de 1980, a formulação, gestão e realização das políticas vol-
tadas para a cultura eram vinculadas ao Ministério da Educação. A criação de
um ministério específico fundamenta-se na percepção e constatação de que a
cultura é um elemento preponderante e insubstituível na construção da identi-
dade nacional. Além disso, tem papel de destaque na economia, como fonte de
geração crescente de empregos e renda.
Para dar cumprimento às ações de promoção, valorização, reconhecimento,
estímulo e desenvolvimento das atividades culturais, tanto no Brasil quanto
no exterior, o MinC dispõe de várias instâncias de poder. Assim, conta com o
Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC); duas Comissões – Comissão
Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) e Comissão do Fundo Nacional da
Cultura, além da Secretaria Executiva, conta com outras cinco secretarias –
Secretaria de Políticas Culturais; Secretaria de Cidadania Cultural; Secretaria de
Audiovisual; Secretaria de Articulação Institucional e de Fomento e Incentivo
à Cultura –; três autarquias – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan); Agência Nacional do Cinema (Ancine); e Instituto Brasileiro
de Museus (Ibram); e quatro fundações – Fundação Nacional de Arte
(Funarte); Fundação Biblioteca Nacional (FBN); Fundação Cultural Palmares
(FCP) e a Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB).
Também compõem a estrutura do Ministério da Cultura as representações
regionais nos Estados de Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e São Paulo. Compete às representações, além de representar o
MinC, atender e orientar o público, inclusive como ouvidoria da Pasta.
O Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), órgão colegiado que
integra a estrutura básica do Ministério da Cultura, tem a finalidade de promover
a articulação e o debate entre os diferentes níveis de governo e a sociedade, para
a formulação, promoção e desenvolvimento das políticas públicas de desenvol-
vimento e fomento das atividades culturais em todo o território nacional.
São competências do CNPC, entre outras, acompanhar e fiscalizar a
execução do Plano Nacional de Cultura; estabelecer as diretrizes gerais para
aplicação dos recursos do Fundo Nacional de Cultura; apoiar os acordos

 147 
POR DENTRO DO GOVERNO

para a implantação do Sistema Federal de Cultura; e aprovar o regimento interno


da Conferência Nacional de Cultura.
Por sua vez, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic) tem suas
competências estabelecidas no Decreto nº 5.761, de 27 de abril de 2006, que
estabelece, entre outras, a missão de fornecer subsídios para avaliação do Pro-
nac – Programa Nacional de Apoio à Cultura –, propondo medidas para seu
aperfeiçoamento.
Já a Comissão do Fundo Nacional da Cultura (CFNC), cujas competências
também são determinadas no Decreto nº 5.761, tem a incumbência de avaliar e
selecionar os programas, projetos e ações culturais que objetivem a utilização
de recursos do Fundo Nacional da Cultura a fim de subsidiar sua aprovação
final pelo ministro de Estado da Cultura; e igualmente a incumbência de elabo-
rar a proposta de plano de trabalho anual do Fundo Nacional da Cultura, que
integrará o plano anual do Pronac, a ser submetido ao ministro de Estado da
Cultura para aprovação final.
A Secretaria de Políticas Culturais, auxiliada pelas Diretorias de Estudos
e Monitoramento de Políticas Culturais, e de Direitos Intelectuais, é competente
para coordenar e subsidiar a formulação, a implementação, o desenvolvimento
e a avaliação das políticas públicas do Ministério; gerir as políticas de direito
autoral e subsidiar o Iphan na política sobre conhecimentos e expressões cul-
turais tradicionais no país; e planejar, coordenar e avaliar políticas orientadas à
economia da cultura.
Por sua vez, à Secretaria de Cidadania Cultural e à sua subordinada,
a Diretoria de Acesso à Cultura, compete elaborar, instituir, executar e avaliar
programas, projetos e ações estratégicas necessários à promoção da cidadania
cultural e à renovação da política cultural; planejar, coordenar e executar as
atividades relativas à recepção, análise, controle, aprovação, acompanhamento
e avaliação de projetos culturais necessários à renovação da cidadania cultural;
e gerar informações que possibilitem subsidiar o monitoramento e acompanha-
mento dos programas, projetos e ações culturais.
À Secretaria de Audiovisual, juntamente com a Diretoria de Programas e
Projetos Audiovisuais, segundo estabelece o Decreto nº 6.835, de 30 de abril
de 2009, compete, entre outras atribuições, elaborar a proposta de política
nacional do cinema e do audiovisual; instituir programas de fomento às ati-
vidades cinematográficas e audiovisuais brasileiras; promover a participação
de obras cinematográficas e videofonográficas brasileiras em festivais nacionais
e internacionais; acompanhar a elaboração dos tratados e convenções internacio-

 148 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

nais sobre o audiovisual e o cinema, de modo a identificar e orientar as atividades


necessárias à sua aplicação; e apoiar ações para intensificação do intercâmbio
audiovisual e cinematográfico entre o Brasil e países estrangeiros.
A Secretaria de Identidade e da Diversidade Cultural, em conjunto com
a Diretoria de Monitoramento de Políticas da Diversidade e Identidade, sua
subordinada, é competente para instituir programas de fomento às atividades
de incentivo à diversidade e ao intercâmbio cultural como meios de promoção
da cidadania; planejar, coordenar e executar as atividades de recepção, análise,
controle, acompanhamento e avaliação de projetos culturais de incentivo à
diversidade; e executar a prestação de contas dos convênios, acordos e demais
instrumentos congêneres, que envolvam a transferência de recursos do Orça-
mento Geral da União no âmbito de sua área de atuação.
A Secretaria de Articulação Institucional, auxiliada pelas Diretorias de
Programas Integrados, e de Livro, Leitura e Literatura, suas subordinadas, tem
a incumbência de promover e apoiar a difusão da cultura brasileira no país, em
colaboração com os demais órgãos e entidades públicas e privadas; articular e
integrar instâncias de negociação e pacto com estados, municípios e o Distrito
Federal com vistas a estruturar o Sistema Nacional de Cultura; e coordenar gru-
pos temáticos destinados à elaboração de propostas de políticas e ações voltadas
para a transversalidade e inclusão na área cultural.
Por último, destaca-se o trabalho realizado pela Secretaria de Fomento e
Incentivo à Cultura que, juntamente com as Diretorias de Incentivo à Cultura,
e de Desenvolvimento e Avaliação dos Mecanismos de Financiamento, tem
competência para formular diretrizes gerais e dar publicidade aos critérios de
alocação e de uso dos mecanismos de financiamento e incentivo à cultura, de
recursos de fundos de investimento cultural e artístico e do Fundo Nacional
da Cultura, em conjunto com as outras unidades do Ministério; desenvolver,
propor e executar mecanismos de financiamento e de implantação de infra-
estrutura cultural, com vistas a propiciar o desenvolvimento sustentável da
produção cultural; coordenar, acompanhar e analisar a prestação de contas
das ações, programas e projetos financiados com recursos incentivados; e
planejar, propor, desenvolver e implantar novos modelos de negócios e
de financiamento à cultura, isoladamente ou em parceria com organismos
públicos ou privados.
O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é autarquia
federal vinculada ao MinC, cujo titular ocupa cargo de DAS 101.6. Foi criado no
Governo Getúlio Vargas por meio do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de

 149 
POR DENTRO DO GOVERNO

1937. É composto de vinte e uma superintendências, seis delas sub-regionais,


e 27 escritórios técnicos espalhados pelo Brasil.
O Iphan é responsável pela preservação, divulgação e fiscalização dos
bens culturais brasileiros, bem como pela garantia da permanência e usufruto
desses bens para a atual e as futuras gerações.
A Agência Nacional do Cinema (Ancine), dotada de autonomia admi-
nistrativa e financeira, é o órgão oficial de fomento, regulação e fiscalização
das indústrias cinematográfica e videofonográfica. A Ancine também estimula
a participação das obras cinematográficas e videofonográficas de produção
nacional no mercado externo e apoia a capacitação de recursos humanos, e o
desenvolvimento tecnológico do setor, além de zelar pelo respeito ao direito
autoral sobre obras audiovisuais nacionais e estrangeiras.
A Fundação Nacional de Artes (Funarte), órgão criado em 1975, é
responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento às artes
visuais, à música, ao teatro, à dança e ao circo. São objetivos da Funarte
incentivar a produção e a capacitação de artistas, o desenvolvimento da
pesquisa e a formação de público para as artes no Brasil. Para cumprir
essa missão, a Fundação concede bolsas e prêmios, mantém programas
de circulação de artistas e bens culturais, promove oficinas, publica livros,
recupera e disponibiliza acervos, provê consultoria técnica e apóia eventos
culturais em todos os estados brasileiros.
Quanto à Fundação Biblioteca Nacional (FBN), órgão vinculado ao Minis-
tério da Cultura, sua competência é adquirir, preservar e difundir os registros
da memória bibliográfica e documental nacional. Também é missão da FBN
promover a difusão do livro, incentivar a criação literária no Brasil e no exterior,
com a elaboração e a divulgação da bibliografia nacional, bem como o forneci-
mento de subsídio para a formulação de políticas públicas e diretrizes voltadas
para a produção e o amplo acesso ao livro.
Por sua vez, a Fundação Cultural Palmares (FCP), entidade pública vin-
culada ao MinC, é responsável pela formulação e implantação das políticas
públicas que potencializam a participação da população negra brasileira no
processo de desenvolvimento do País, tendo como premissas a história e a
cultura dos negros.
Já a Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), criada em 1928 pelo presidente
Washington Luís, tem a missão de promover a preservação e a pesquisa da
memória e da produção literária e humanística, bem como congregar iniciativas
de reflexão e debate acerca da cultura brasileira. Para tanto, a instituição

 150 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

oferece um espaço reservado ao trabalho intelectual, à consulta de livros e


documentos e à preservação da memória nacional.
Para o cumprimento pleno do fornecimento e acesso da cultura no Brasil,
também compõe a estrutura do Ministério da Cultura o Instituto Brasileiro de
Museus (Ibram), autarquia criada em 20 de janeiro de 2009 pela Lei nº 11.906.
Compete ao Ibram, entre outras atribuições, a promoção e a implemen-
tação de políticas públicas para o setor museológico, com vista a contribuir
para a organização, gestão e desenvolvimento de instituições museológicas e
seus acervos; e estimular e apoiar a criação e o fortalecimento de instituições
museológicas.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério da Cultura podem ser
obtidas no portal www.cultura.gov.br, e sobre os titulares no endereço eletrô-
nico http://www.cultura.gov.br/site/sobre/organograma/, clicando sobre os
órgãos que integram a pasta.

 151 
POR DENTRO DO GOVERNO

 152 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.6. Ministério da Defesa

O Ministério da Defesa (MD), cujo titular ocupa cargo político, é o órgão do


governo federal incumbido de exercer a direção superior das Forças Armadas.
Uma de suas principais tarefas é o estabelecimento de políticas ligadas à defesa
e à segurança do país. Compete também à Pasta da Defesa o papel de articular
as ações que envolvam mais de um comando militar.
Criado oficialmente no dia 10 de junho de 1999, o Ministério reúne as
três Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) sob um único órgão de
defesa, subordinado ao chefe do poder executivo. Com a criação do Ministério,
as Forças Armadas foram transformadas em Comandos.
O MD tem sob sua responsabilidade uma vasta e diversificada gama de
assuntos, alguns dos quais de grande sensibilidade e complexidade, como, por
exemplo, as operações militares, o orçamento de defesa, a política e estratégia
militares; e o serviço militar.
A estrutura atual do Ministério da Defesa é formada, além do Estado-Maior
de Defesa (EMD), por quatro secretarias – Secretaria de Política, Estratégia e
Assuntos Internacionais (Speai); Secretaria de Logística, Mobilização, Ciência e
Tecnologia (Selom); Secretaria de Organização Institucional (Seori); e Secretaria
de Aviação Civil (SAC).
A Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais (Speai) tem
a incumbência de formular as bases da Política de Defesa Nacional, a Política
e a Estratégia Militares, orientar a condução dos assuntos internacionais que
envolvam as Forças Armadas, em estreita ligação com o Ministério das Relações
Exteriores. Subordinados à Speai há três Departamentos: Departamento de Po-
lítica e Estratégia; Departamento de Assuntos Internacionais; e Departamento
de Inteligência Estratégica.
À Secretaria de Ensino, Logística, Mobilização, Ciência e Tecnologia
(Selom), órgão específico e singular do Ministério, compete tratar dos assuntos
relativos às diretrizes gerais para a Logística e a Mobilização Militares e para a
Ciência e Tecnologia do interesses das Forças Armadas. São áreas de interesse
da Selom a mobilização militar, a ciência e tecnologia, a indústria de defesa
acional, o serviço militar, a cartografia militar e aerolevantamento acional, e a
catalogação de materiais. Para o cumprimento de sua missão institucional,
a Selom conta com quatro departamentos: Departamento de Logística; Departa-
mento de Mobilização; Departamento de Ciência e Tecnologia; e Departamento
de Ensino e Cooperação.

 153 
POR DENTRO DO GOVERNO

Já a Secretaria de Organização Institucional e seus quatro departa-


mentos subordinados – Departamento de Organização e Legislação; De-
partamento de Planejamento Orçamentário e Financeiro; Departamento de
Saúde e Assistência Social; e Departamento de Administração Interna –,
tem competência para elaborar diretrizes relacionadas à modernização das
estruturas organizacionais, à racionalização e a integração de procedimen-
tos administrativos comuns às Forças Armadas; coordenar a proposição
da legislação militar pertinente às Forças Armadas; formular a política de
remuneração dos militares e pensionistas; coordenar e realizar as execuções
orçamentária, financeira e contábil da administração central do Ministério da
Defesa; e coordenar e executar a gestão interna da administração central do Mi-
nistério da Defesa quanto ao patrimônio, às instalações, aos recursos humanos,
orçamentários e financeiros, à informática, às comunicações e ao transporte.
Por sua vez, à Secretaria de Aviação Civil compete assessorar o ministro
de Estado da Defesa na coordenação e supervisão dos órgãos e das entidades
responsáveis pela gestão, regulação e fiscalização da aviação civil, da infraestru-
tura aeroportuária civil e da infraestrutura de navegação aérea civil vinculadas
ao Ministério da Defesa; elaborar estudos, projeções e informações relativos
aos assuntos de aviação civil, de infraestrutura aeroportuária civil e de infraes-
trutura de navegação aérea civil; e coordenar a condução pelos representantes
brasileiros, com as organizações internacionais ou estrangeiras, dos assuntos
relativos à aviação civil, à infraestrutura aeroportuária civil e infraestrutura de
navegação civil, respeitadas as competências estabelecidas para cada órgão ou
entidade na legislação vigente. Para o cumprimento efetivo de suas atribuições,
a Secretaria conta com três departamentos: Departamento de Política e Aviação
Civil; Departamento de Infraestrutura Aeroportuária Civil e Departamento de
Infraestrutura de Navegação Aérea Civil.
A política de aviação civil é uma atribuição do Ministério da Defesa.
A atividade de regulação e fiscalização da aviação civil e da infraestrutura ae-
ronáutica e aeroportuária é competência da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), vinculada ao Ministério. Já a administração dos sessenta e seis aeroportos
brasileiros, oitenta e uma unidades de apoio à navegação aérea e trinta e dois
terminais de logística de carga é de responsabilidade da Empresa de Infraestru-
tura Aeroportuária (Infraero), também vinculada ao Ministério da Defesa.
A estrutura da Pasta da Defesa também é composta, na qualidade de
órgãos subordinados, pela Escola Superior de Guerra (ESG), que é um centro
de excelência em estudos de alto nível sobre defesa nacional; pelo Hospital das
Forças Armadas (HFA), responsável pela assistência à saúde dos militares das

 154 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Forças Armadas e seus dependentes, à Presidência da República, bem como


determinados segmentos da sociedade; e pela Representação do Brasil na Junta
Interamericana de Defesa (RBJID), organização militar que tem a competência
de assessorar a representação permanente do Brasil junto à OEA em matérias de
caráter técnico-militar. O detalhamento da estrutura regimental do Ministério
da Defesa, bem como a competência dos órgãos que o integra, é fundamentada
pelo Decreto nº 6.223, de 4 de outubro de 2007.
No organograma do MD, o Estado-Maior de Defesa (EMD) cumpre o
papel de órgão de assessoramento do ministro da Defesa e tem as atribuições
básicas de formular a doutrina das forças armadas, de planejamento e o apoio
do emprego combinado das Forças Armadas; e de propor diretrizes para a par-
ticipação das Forças Armadas nas atividades relacionadas com a defesa civil e
em operações de manutenção da paz.
Uma curiosidade no organograma funcional do Ministério da Defesa,
juntamente com o Ministério das Relações Exteriores, é o fato de serem as duas
únicas pastas na estrutura do Poder Executivo Federal que não têm secretário-
executivo. Este cargo é exercido, no caso da Defesa, por um oficial-general, do
último posto da ativa, em sistema de rodízio entre as três Forças, com nomeação
pelo presidente da República e ouvido o ministro da Defesa. No caso do Minis-
tério das Relações Exteriores, é o secretário-geral que exerce as atribuições de
secretário-executivo.
Mais informações sobre a estrutura, atribuições e titulares do Ministério
da Defesa podem ser obtidas no portal http://www.defesa.gov.br

 155 
POR DENTRO DO GOVERNO

 156 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.7. Ministério do Desenvolvimento Agrário

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), cujo titular ocupa


cargo político, tem a incumbência de promover a reforma agrária, estimular e
desenvolver a agricultura familiar; identificar, reconhecer, delimitar, demarcar
e estabelecer a titularidade de terras ocupadas pelos remanescentes das comu-
nidades dos Quilombos; e, em caráter extraordinário, exercer a regularização
fundiária na Amazônia Legal.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o MDA conta, além
da Secretaria Executiva, com três secretarias – Secretaria de Reordenamento
Agrário, Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Secretaria da Agricultura
Familiar; uma autarquia – o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra); 27 delegacias federais de desenvolvimento agrário; e o Conselho Nacional
de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf).
Também desempenha papel preponderante na estrutura do Ministério
o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead), organismo
vinculado que busca contribuir para o aperfeiçoamento das políticas de desen-
volvimento rural, qualificação do trabalho técnico, integração entre os centros
de pesquisa e ampliação da participação dos atores sociais nos espaços de gestão
das políticas de reforma agrária, de fortalecimento da agricultura familiar, de
promoção da igualdade e de atendimento às comunidades rurais tradicionais.
Ainda na estrutura do MDA, exerce papel importante o Departamento
de Planejamento, Monitoramento e Avaliação da Regularização Fundiária na
Amazônia Legal, com competência para exercer as atividades de planejamento,
aferição de metas e resultados da regularização fundiária da Amazônia Legal.
À Secretaria de Reordenamento Agrário, juntamente com o Departamento
de Crédito Fundiário, subordinado, compete formular, propor e implementar
políticas públicas nacionais e diretrizes de reordenamento agrário, em parti-
cular os mecanismos complementares de acesso à terra, crédito fundiário, de-
senvolvimento e integração de assentamentos rurais e regularização fundiária;
coordenar esforços para redução da pobreza no meio rural, mediante o acesso
à terra, geração de ocupação produtiva e melhoria da renda e da qualidade de
vida dos trabalhadores rurais; formular diretrizes, em conjunto com a Secretaria
da Agricultura Familiar e o Incra, para a aplicação do crédito produtivo dos
assentamentos do Crédito Fundiário e da Reforma Agrária (Pronaf "A"), bem
como dar capacitação e assistência técnica; promover acordos ou convênios
com estados, Distrito Federal, municípios, organizações da sociedade civil e

 157 
POR DENTRO DO GOVERNO

agentes financeiros para a implementação das políticas de reordenamento


agrário; e gerenciar o Fundo de Terras e da Reforma Agrária, de que trata a Lei
Complementar nº 93, de 4 de fevereiro de 1998.
A Secretaria de Desenvolvimento Territorial compete formular, coorde-
nar, implementar e incentivar estratégias de desenvolvimento territorial rural;
negociar, no âmbito do Ministério, o atendimento das demandas relacionadas
com o desenvolvimento territorial rural; exercer a coordenação, mediação e nego-
ciação dos programas de desenvolvimento territorial rural com os movimentos
sociais, governos estaduais e municipais e demais instituições públicas e civis; e
acompanhar, supervisionar, fiscalizar e gerir a operacionalização de contratos
e convênios voltados às ações de infraestrutura com estados e municípios. Para
o cumprimento de sua missão institucional, a Secretaria conta com o apoio do
Departamento de Ações de Desenvolvimento Territoral.
Compete à Secretaria da Agricultura Familiar formular, juntamente com
os Departamentos de Financiamento e Proteção da Produção; e de Assistência
Técnica e Extensão Rural, planejar, supervisionar, controlar e avaliar as políticas
e diretrizes de desenvolvimento da agricultura familiar; fomentar programas
e ações para o desenvolvimento de pescadores, seringueiros, extrativistas e
aquicultores; apoiar e participar de programas de pesquisa agrícola, assistência
técnica e extensão rural, crédito, capacitação e profissionalização voltados a agri-
cultores familiares; promover a articulação integrada de estados, municípios e
a sociedade civil organizada para o desenvolvimento da agricultura rural;
coordenar esforços para a redução da pobreza no meio rural, mediante a
geração de ocupação produtiva e a melhoria da renda dos agricultores fami-
liares; viabilizar infraestrutura rural necessária à melhoria do desempenho
produtivo e da qualidade de vida da população rural, voltadas à agricultura
familiar; e promover a elevação do nível de profissionalização de agricultores
familiares, propiciando-lhes novos padrões tecnológicos e de gestão.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), autar-
quia federal, tem como missão prioritária realizar a reforma agrária, manter
o cadastro nacional de imóveis rurais e administrar as terras públicas da
União. O Incra está presente em todo o território nacional por meio de trinta
Superintendências Regionais e setenta Unidades Avançadas subordinadas
às superintendências.
As Superintendências Regionais são órgãos descentralizados, responsáveis
pela coordenação e execução das ações do Incra nos estados. Cabe a essas uni-
dades coordenar e executar, na sua área de atuação, as atividades homólogas às

 158 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

dos órgãos seccionais e específicos relacionadas a planejamento, programação,


orçamento, informática e modernização administrativa. Também devem garan-
tir a manutenção, atualização e disseminação de dados do cadastro de imóveis
rurais e sistemas de informações do Incra.
Por sua vez, as vinte e sete Delegacias Federais de Desenvolvimento Agrá-
rio têm a incumbência de monitorar, supervisionar e gerenciar as atividades
do Ministério nos estados e no Distrito Federal sob orientação da Secretaria-
Executiva da pasta.
Também integra a estrutura básica do Ministério do Desenvolvimento
Agrário o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf),
que tem por finalidade propor diretrizes para a formulação e implementação
de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento rural sustentável, para a
reforma agrária e para a agricultura familiar.
O Condraf é um conselho paritário de trinta e oito membros, sendo
dezenove de instituições representantes dos poderes públicos e os demais de
organizações da sociedade civil. Juntos, unem esforços para a superação da po-
breza, redução das desigualdades de renda, gênero e de etnia que emperram e
dificultam o desenvolvimento rural sustentável.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério do Desenvolvimento
Agrário podem ser obtidas no portal www.mda.gov.br, e sobre os titulares da
Pasta no endereço eletrônico http://www.mda.gov.br/portal/index/show/
index/cod/172

 159 
POR DENTRO DO GOVERNO

 160 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.8. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic),


cujo titular ocupa cargo político, tem a incumbência de formular, executar e
acompanhar as políticas de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos
serviços; e de propriedade intelectual e transferência de tecnologia, metrologia,
normalização e qualidade industrial.
Também compete ao Mdic regulamentar e executar os programas e ativi-
dades relativas ao comércio exterior; aplicar mecanismos de defesa comercial;
participar de negociações internacionais relativas ao comércio exterior; formular
políticas de apoio à microempresa, empresa de pequeno porte, incluindo as de
artesanato, e a geração de emprego e renda.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o Ministério conta, além
da Secretaria Executiva, com quatro secretarias – Secretaria de Desenvolvimento
da Produção, Secretaria de Comércio Exterior, Secretaria de Comércio e Serviços;
e Secretaria de Tecnologia Industrial; e oito conselhos com vinculação direta
ao Mdic, entre os quais, o Conselho Nacional das Zonas de Processamento de
Exportação e o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial. Além destes, conta também com o Conselho Nacional de Desenvolvi-
mento Industrial que, por um lapso legal, não integra, formalmente, a estrutura
do ministério.
Também integram a estrutura do Mdic três autarquias – Superintendên-
cia da Zona Franca de Manaus, Instituto Nacional de Propriedade Industrial e
Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial –, além de uma
empresa pública – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES); duas agências com a natureza de serviços sociais autônomos – Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial e Agência Brasileira de Promoção de
Exportações Investimentos; e um órgão de Conselho do Governo – Câmara de
Comércio Exterior (Camex).
A Secretaria de Desenvolvimento da Produção (SDP), cujo titular ocupa
cargo de DAS 101.6, tem competência para formular e propor políticas públicas
para o desenvolvimento da produção do setor industrial; identificar, consolidar
e estruturar ações que promovam o incremento da produção de bens no país;
manter articulação com órgãos, entidades públicas e instituições privadas para o
aperfeiçoamento das ações governamentais voltadas para o desenvolvimento do
setor produtivo; buscar a simplificação da legislação que interfere na atividade
produtiva; executar e acompanhar os projetos e ações voltadas para o aumento

 161 
POR DENTRO DO GOVERNO

da competitividade das cadeias produtivas, das quais participam governo,


representantes do setor privado e trabalhadores; e apoiar e acompanhar as ne-
gociações internacionais referentes aos setores produtivos do Brasil.
Para o cumprimento de suas atribuições, a SDP conta com cinco departa-
mentos subordinados – Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas,
Departamento de Competitividade Industrial, Departamento de Setores Inten-
sivos em Capital e Tecnologia, Departamento de Indústrias de Equipamentos
de Transporte e Departamento das Indústrias Intensivas de Mão-de-Obra e
Recursos Naturais).
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex), juntamente com os quatro
departamentos subordinados – Departamento de Operações de Comércio Ex-
terior, Departamento de Negociações Internacionais, Departamento de Defesa
Comercial, e Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio
Exterior – tem a incumbência de promover políticas e programas de comércio
exterior e estabelecer normas necessárias à sua implementação; propor medidas
de política fiscal e cambial, financiamento, recuperação de créditos à exportação,
seguro, transportes, fretes e promoção comercial; participar das negociações de
tratados internacionais relacionados com o comércio exterior nos âmbitos mul-
tilateral, hemisférico, regional e bilateral; administrar, controlar, desenvolver e
normatizar o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), observadas
as competências de outros órgãos.
À Secex também compete propor medidas de aperfeiçoamento, simplifi-
cação e consolidação da legislação de comércio exterior, e expedir atos norma-
tivos para a sua execução; promover iniciativas destinadas à difusão da cultura
exportadora, bem como ações voltadas para a promoção e o desenvolvimento
do comércio exterior; articular-se com entidades e organismos nacionais e inter-
nacionais para a realização de treinamento, estudo, eventos e outras atividades
necessárias ao desenvolvimento do comércio exterior; e celebrar convênios com
órgãos e entidades de direito público ou privado.
Já a Secretaria de Comércio e Serviços (SCS) tem competência para tratar
de políticas de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços; de
propriedade intelectual e transferência de tecnologia; de metrologia, norma-
lização e qualidade industrial; de regulamentação e execução dos programas
e atividades relativas ao comércio exterior; de aplicação de mecanismos de
defesa comercial; de participação em negociações internacionais de comércio
exterior; de formulação da política de apoio à microempresa, de empresa
de pequeno porte e artesanato; e de execução das atividades de registro do

 162 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

comércio. São subordinados à Secretaria de Comércio e Serviços o Depar-


tamento de Políticas de Comércio e Serviços e o Departamento Nacional de
Registro de Comércio.
A Secretaria de Tecnologia Industrial (STI) tem a missão institucional de
formular, coordenar e implementar políticas públicas destinadas ao desenvol-
vimento científico e tecnológico; promover a incorporação de tecnologia aos
produtos e serviços brasileiros; impulsionar a estruturação da infraestrutura
tecnológica de apoio ao setor produtivo em articulação com demais órgãos
do governo; promover parcerias com instituições públicas e privadas para
incrementar a dinâmica tecnológica do setor produtivo; induzir esforços para
equacionar o impacto do desenvolvimento tecnológico e do progresso técnico
no emprego; e incentivar investimentos privados em tecnologia. Para o cum-
primento de suas atribuições, a Secretaria conta com o apoio de dois Departa-
mentos subordinados: Departamento de Política Tecnológica e Departamento
de Articulação Tecnológica.
Ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Indus-
trial (Conmetro) cabe expedir atos normativos e regulamentos técnicos nos
campos da metrologia e da avaliação da conformidade de produtos, de processo
e de serviços.
O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE),
segundo estabelece o art. 3º do Decreto-Lei nº 2.452, de 29 de julho de 1988,
tem competência para analisar as propostas de criação das ZPES e de projetos
industriais, bem como traçar orientação superior para as políticas direcionadas
às zonas de processamento.
Já o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) tem a com-
petência para propor ao presidente da República as políticas nacionais e medidas
específicas destinadas a promover o desenvolvimento industrial do país.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
empresa pública criada em 1952, tem a finalidade de apoiar programas, projetos,
obras e serviços de desenvolvimento econômico e social do país.
O apoio do BNDES se dá por meio de financiamentos a projetos de investi-
mentos, aquisição de equipamentos e exportação de bens e serviços. Além disso,
o Banco atua no fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas
e destina financiamentos não-reembolsáveis a projetos que contribuam para o
desenvolvimento social, cultural e tecnológico.
O BNDES é o principal agente financeiro de vários segmentos da economia:
agropecuário, industrial, comercial e de serviços, infraestrutura, incentivo às

 163 
POR DENTRO DO GOVERNO

exportações, fortalecimento do mercado de capitais e para as micro, pequenas


e médias empresas.
A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) é uma autarquia
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior res-
ponsável pela administração da Zona Franca de Manaus (ZFM) e por construir
um modelo de desenvolvimento regional que utilize de forma sustentável os
recursos naturais, assegure viabilidade econômica e a melhoria da qualidade
de vida das populações locais.
A Suframa também atua como agência promotora de investimentos e tem
a incumbência de identificar alternativas econômicas e atrair empreendimentos
para a região, com o objetivo de gerar de emprego e renda.
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), pessoa jurí-
dica de direito privado, sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade
pública, instituída em dezembro de 2004, tem a missão institucional de promover
e executar as políticas voltadas para o desenvolvimento industrial e produtivo
do Brasil. O órgão também é responsável por coordenar ações e programas
fundamentais para a ampliação das exportações, o fortalecimento das micro
e pequenas empresas, a regionalização, a integração produtiva com a África,
América Latina, Caribe e Mercosul, e a produção sustentável.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex-Brasil), pessoa
jurídica de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utili-
dade pública, criada em 2003 pela Lei nº 10.668, tem o objetivo de promover
a execução de políticas nacionais de desenvolvimento nas áreas da indústria,
comércio, serviço e tecnologia, voltadas à exportação de produtos e, em especial,
ações que favoreçam empresas de pequeno porte e a geração de empregos.
À Apex-Brasil compete estimular o comércio de produtos brasileiros no
exterior via inserção de mais empresas no mercado internacional; diversificar a
pauta de produtos exportados; aumentar o volume de vendas e a abertura de
novos mercados consumidores, além de consolidar os atuais; bem como gerar
mais renda e empregos diretos nas empresas nacionais.
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), autarquia federal
vinculada ao Mdic, criado em 11 de dezembro de 1970, é responsável pelo re-
gistro de marcas, programas de computador, desenho industrial e indicações
geográficas, de acordo com a Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96) e
a Lei de Software (Lei nº 9.609/98).
O Inpi também detém a competência para a concessão de patentes, aver-
bação de contratos de transferência de tecnologia e de franquia empresarial, bem
como o fornecimento de assistência e orientações diretamente aos produtores e
prestadores de serviço interessados.

 164 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial


(Inmetro), autarquia federal criada em 1973, tem a missão institucional de forta-
lecer as empresas nacionais com aumento da capacidade de produção via adoção
de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços.
Dentre as competências e atribuições do Inmetro, destacam-se a execução
da política nacional de metrologia e de qualidade; a manutenção e conser-
vação dos padrões das unidades de medida; o fortalecimento da participa-
ção do país nas atividades internacionais de metrologia e qualidade, além
de promoção do intercâmbio com entidades e organismos estrangeiros e
internacionais e o desenvolvimento da utilização da técnica de gestão da
qualidade nas empresas brasileiras.
A Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão integrante do Conselho
de Governo, tem por objetivo formular, adotar, implementar e coordenar po-
líticas e atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços, incluindo
o turismo.
Entre as competências e atribuições da Camex, estabelecidas pelo Decreto
nº 4.732, de 10 de junho de 2003, destacam-se a definição de diretrizes e proce-
dimentos relativos à implementação da política de comércio exterior visando
inserção competitiva do Brasil na economia internacional; orientações sobre
normas e procedimentos para racionalização e simplificação do sistema admi-
nistrativo, habilitação e credenciamento de empresas para a prática de comércio
exterior; conceituação de exportação e importação; classificação e padronização
de produtos, marcação e rotulagem de mercadorias; opinião sobre política de
frete e transportes internacionais, portuários, aeroportuários e de fronteiras; e
coordenação e orientação de ações dos órgãos que possuem competências na
área de comércio exterior.
A atuação da Camex deve considerar os compromissos internacionais
firmados pelo País, em particular junto à Organização Mundial do Comércio
(OMC), ao Mercosul e à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).
Mais informações sobre a estrutura do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior podem ser obtidas no portal www.desenvolvi-
mento.gov.br, e sobre os titulares no endereço eletrônico http://www.desen-
volvimento.gov.br/sitio/sistema/quem-quem/

 165 
POR DENTRO DO GOVERNO

 166 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.9. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), cujo


titular ocupa cargo político, tem competência para promover a política nacional
de desenvolvimento social, de segurança alimentar e nutricional, de assistência
social e de renda e cidadania.
Criado em 23 janeiro de 2004, cabe ainda ao MDS a missão de co-
ordenar, supervisionar, controlar e avaliar a execução dos programas de
transferência de renda, como o Bolsa Família, bem como aprovar os orça-
mentos gerais do Serviço Social da Indústria (Sesi), do Serviço Social do
Comércio (Sesc) e do Serviço Social do Transporte (Sest).
Para o cumprimento de sua missão institucional, o MDS conta, além da
Secretaria Executiva, com cinco secretarias – Secretaria Nacional de Renda
de Cidadania, Secretaria Nacional de Assistência Social, Secretaria Nacional
de Segurança Alimentar e Nutricional, Secretaria de Avaliação e Gestão da
Informação, e Secretaria de Articulação Institucional e Parcerias. Além disso,
possui quatro conselhos – Conselho Nacional de Assistência Social, Conselho
Consultivo e de Acompanhamento do Fundo de Combate e Erradicação da
Pobreza, Conselho de Articulação de Programas Sociais, e Conselho Gestor do
Programa Bolsa Família.
A Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc), segundo estabelece
o Decreto nº 5.550, de 22 de setembro de 2005, tem por objetivo implementar a
política nacional de renda de cidadania no país. Para garantir a eficácia desta
política, a Senarc é responsável pela gestão do Programa Bolsa Família e do
Cadastro Único dos Programas Sociais. A secretaria também articula ações es-
pecíficas dos programas de transferência de renda no âmbito federal, estadual
e municipal.
Para o cumprimento de suas atribuições, a Senarc conta com três departa-
mentos subordinados – Departamento de Operação, Departamento de Gestão dos
Programas de Transferência de Renda, e Departamento do Cadastro Único.
A Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), cujo titular ocupa car-
go de DAS 101.6, é responsável pela gestão da Política Nacional de Assistência
Social (PNAS) e pelo Sistema Único da Assistência Social (Suas), tendo como
premissas as propostas das conferências nacionais, deliberações e competências
do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

 167 
POR DENTRO DO GOVERNO

Também compete à SNAS garantir e regular a implementação de


serviços e programas de proteção social básica e especial para prevenir
e reverter situações de vulnerabilidade, riscos sociais e desvantagens
pessoais; coordenar a gestão do Benefício de Prestação Continuada (BPC)
em articulação com os demais programas e serviços da assistência social;
formular diretrizes e participar das definições sobre o financiamento e
orçamento da Assistência Social, bem como acompanhar e avaliar a gestão
do Fundo Nacional de Assistência Social; coordenar e manter atualizado
o sistema de cadastro de entidades e organizações de assistência social
em articulação com estados, municípios e o Distrito Federal; fornecer
subsídios ao gabinete do ministro quanto aos orçamentos gerais do
Sesi, Sesc e Sest em matéria relativa à assistência social; e apoiar técni-
ca e financeiramente os estados, o Distrito Federal e os municípios na
implementação dos serviços e programas de proteção básica e especial,
dos projetos de enfrentamento à pobreza e das ações assistenciais de
caráter emergencial.
Para o cumprimento de sua missão institucional, a SNAS conta, além
da Diretoria-Executiva do Fundo Nacional de Assistência Social, com quatro
departamentos – Departamento de Gestão do Sistema Único de Assistência
Social, Departamento de Benefícios Assistenciais, Departamento de Prote-
ção Social Básica, e Departamento de Proteção Social Especial.
Por sua vez, à Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nu-
tricional (Sesan) compete formular e implementar a Política Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional, promover e coordenar programas do
governo federal nesta área. A Sesan também é responsável pela articulação
e a integração entre os estados, municípios, o Distrito Federal e a socieda-
de civil para o desenvolvimento local de ações de segurança alimentar e
combate à fome.
O principal objetivo da Sesan é garantir aos cidadãos o acesso à
comida e água em quantidade, qualidade e regularidade suficientes, de
maneira sustentável e respeito à diversidade cultural. No cumprimento
de missão institucional, a Sesan desenvolve ações, programas e projetos
de produção e distribuição de alimentos, apoio e incentivo à agricultura
familiar, desenvolvimento regional, educação alimentar e nutricional.
Para tanto, conta com o apoio de três departamentos: Departamento
de Gestão Integrada da Política de Segurança Alimentar e Nutricional,

 168 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Departamento de Promoção de Sistemas Descentralizados e Departamento


de Apoio a Projetos Especiais.
A Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (Sagi) é respon-
sável pela avaliação e monitoramento das políticas, programas e projetos
implementados para o desenvolvimento social e combate à fome; pela
formação e capacitação de agentes públicos e sociais no âmbito federal,
estadual e municipal sobre o uso, desenvolvimento de sistemas de infor-
mação, metodologia de avaliação e monitoramento de políticas voltadas
para o desenvolvimento social; e pela gestão do conhecimento e coopera-
ção técnica com outros órgãos, entidades e esferas de governo, incluindo
outros países.
As informações produzidas pela Sagi subsidiam gestores e formula-
dores das políticas sociais na tomada de decisões que buscam aprimorar os
programas e aplicação dos recursos públicos. Para o efetivo cumprimento
de suas atribuições, a Secretaria conta com três departamentos subordi-
nados – Departamento de Avaliação e Monitoramento, Departamento de
Gestão da Informação e Recursos Tecnológicos e Departamento de Forma-
ção de Agentes Públicos e Sociais.
A última, e também importante secretaria do MDS, é a Secretaria de
Articulação Institucional e Parcerias (Saip) que, em conjunto com os De-
partamentos de Articulação Governamental e de Articulação e Mobilização
Social, ambos subordinados desta Secretaria, tem a finalidade de promover
e articular as políticas de assistência social, de renda, cidadania, segurança
alimentar e nutricional com as diversas esferas de governo, o setor privado
e as entidades da sociedade civil com vistas a compatibilizar e otimizar a
alocação de recursos.
A Saip tem como atribuição gerenciar as ofertas e demandas sociais
do Programa Fome Zero; coordenar ações de desenvolvimento social e
promover sua integração para produzir resultados mais eficazes e susten-
táveis para os beneficiários.
Também são instrumentos de articulação entre o governo e a sociedade
civil na proposição de diretrizes para a área de alimentação e nutrição os
quatros conselhos que funcionam no âmbito do Ministério do Desenvolvi-
mento Social e Combate à Fome. O primeiro deles, o Conselho Nacional de
Assistência Social (CNAS), instituído em 1993 pela Lei Orgânica da Assis-
tência Social (Loas), é órgão superior de deliberação colegiada responsável

 169 
POR DENTRO DO GOVERNO

pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social. Os dezoito


membros do CNAS são nomeados pelo presidente da República para um
mandato de dois anos, permitida uma única recondução por igual período.
São objetivos da assistência social a proteção à família, à maternidade,
à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes
carentes; e a promoção da integração ao mercado de trabalho.
O Conselho Nacional de Assistência Social também tem competên-
cia para normatizar ações e regular a prestação de serviços de natureza
pública e privada no campo da assistência social; fixar normas e conceder
registro e Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social; zelar
pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência
social; convocar ordinariamente a Conferência Nacional de Assistência
Social; apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social;
divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas decisões, bem como as
contas do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) e os respectivos
pareceres emitidos.
Ao segundo, o Conselho Consultivo e de Acompanhamento do Fundo
de Combate e Erradicação da Pobreza, instituído pela Lei Complementar nº 111,
de 6 de julho de 2001, e regulamentado pelo Decreto nº 4.564, de 1º de janeiro
de 2003, cabe opinar sobre as políticas, diretrizes e prioridades do Fundo;
sugerir áreas de atuação onde devem ser utilizados os recursos do Fundo;
propor o montante total de recursos a ser aplicado em cada área de atuação;
apresentar proposta de metodologia de definição da linha de pobreza e área
geográfica onde as ações financiadas pelo Fundo devam ser concentradas;
acompanhar, com periodicidade a ser definida pelo próprio Conselho, a
aplicação dos recursos; e acompanhar, sem prejuízo das competências dos
órgãos de controle interno e externo, as ações financiadas com recursos do
Fundo em cada um dos órgãos responsáveis pela execução.
O outro colegiado, o Conselho de Articulação dos Programas Sociais,
criado pela Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, presidido pelo ministro
de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, tem competência
para propor mecanismos de articulação e integração de programas sociais
e acompanhar sua implementação.
Por último, o Conselho Gestor do Programa Bolsa Família, criado
pela Lei nº 10.836, de 2004, é órgão de assessoramento imediato do presi-
dente da República cuja finalidade é formular e integrar políticas públicas,

 170 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

definir diretrizes, normas e procedimentos sobre o desenvolvimento e


implementação do Programa Bolsa Família, bem como apoiar iniciativas
para instituição de políticas públicas sociais com o objetivo de promover a
emancipação das famílias beneficiadas pelo Programa nas esferas federal,
estadual, do Distrito Federal e municipal.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério do Desenvolvimen-
to Social e Combate à Fome podem ser obtidas no portal www.mds.gov.
br, e sobre os titulares no endereço eletrônico http://www.mds.gov.br/
institucional/o-ministerio/quem-e-quem-1

 171 
POR DENTRO DO GOVERNO

 172 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.10. Ministério da Educação

O Ministério da Educação, cujo titular ocupa cargo político, tem a missão


de promover o desenvolvimento das políticas educacionais com vista a possi-
bilitar o acesso à educação a toda população.
Compete ao Ministério definir, formular e executar a política nacional
de educação dos ensinos infantil, fundamental, médio e superior, bem como a
educação profissional, especial, de jovens e adultos e a distância. É também res-
ponsabilidade do Ministério o fomento da pesquisa e a extensão universitária.
Para o cumprimento de sua missão institucional de promover a
educação do ensino fundamental à pós-graduação, o Ministério dispõe,
em sua estrutura, além da Secretaria Executiva e duas subsecretarias a
ela vinculadas, de cinco secretarias setoriais, quais sejam: Secretaria de
Educação Superior (Sesu), Secretaria de Educação Profissional e Tecnoló-
gica (Setec), Secretaria de Educação Básica (Seb), Secretaria de Educação
à Distância (Seed), e Secretaria de Educação Especial (Seesp). Também
compõem o Ministério uma coordenação específica para a consolidação
da pós-graduação, 41 institutos de pesquisa, 37 universidades federais,
vinte fundações e duas escolas técnicas federais.
Destacam-se, ainda, na estrutura da Pasta da Educação, sete entidades
vinculadas: o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o
Instituto Benjamin Constant (IBC), o Instituto Nacional de Educação de Surdos,
a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e, ainda, o Colégio Pedro II, que tem a
finalidade de ser um campo de experiências dos ensinos médio e fundamental
para a promoção e aplicação de métodos e currículos. Figuram ainda dois co-
legiados: o Conselho Nacional de Educação (CNE) e a Comissão Nacional de
Avaliação do Ensino Superior (Conaes).
À Secretaria Executiva, cujo titular ocupa cargo de natureza especial, com-
pete assistir o ministro nas tarefas de supervisão e coordenação das atividades
das secretarias integrantes da estrutura do Ministério e das entidades a ele vin-
culadas; auxiliar o ministro na definição de diretrizes e na implementação das
ações em educação; supervisionar e coordenar as atividades relacionadas aos
sistemas federais de planejamento e orçamento, organização e modernização
administrativa, recursos da informação e informática, recursos humanos e de
serviços gerais, no âmbito do Ministério.

 173 
POR DENTRO DO GOVERNO

A Secretaria de Educação Superior (Sesu), dirigida por ocupante de


cargo de DAS 101.6, é a unidade do Ministério da Educação responsável
por planejar, orientar, coordenar e supervisionar o processo de formulação
e implementação da Política Nacional de Educação Superior. A manutenção,
supervisão e desenvolvimento das Instituições Públicas Federais de Ensino
Superior (Ifes) e a supervisão das instituições privadas de educação superior,
conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), também
são de responsabilidade da Sesu.
Para o cumprimento de sua missão institucional a Sesu conta com quatro
diretorias – Diretoria de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de
Ensino Superior, Diretoria de Políticas e Programas de Graduação, Diretoria de
Regulação e Supervisão da Educação Superior, e Diretoria de Hospitais Univer-
sitários Federais e Residenciais de Saúde.
À Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) compete,
entre outros fins, planejar, orientar, coordenar e supervisionar o processo
de formulação e implementação da política da educação profissional e
tecnológica; promover ações de fomento ao fortalecimento, à expansão
e à melhoria da qualidade da educação profissional e tecnológica, e ze-
lar pelo cumprimento da legislação educacional no âmbito da educação
profissional e tecnológica. Para tanto, conta com o apoio de quatro dire-
torias subordinadas – Diretoria de Desenvolvimento da Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica, Diretoria de Formulação de Políticas
de Educação Profissional e Tecnológica, Diretoria de Regulação e Super-
visão de Educação Profissional e Tecnológica, e Diretoria de Articulação
e Projetos Especiais.
A Secretaria de Educação Básica zela pela educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio. A educação básica é o caminho para assegurar
a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o exercício da ci-
dadania e fornecer os meios de progressão no trabalho e nas etapas posteriores
dos estudos. Os principais documentos norteadores da educação básica são a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, e o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001,
regidos, naturalmente, pela Constituição da República Federativa do Brasil.
Para o cumprimento de sua missão institucional, a Secretaria de Educa-
ção Básica conta com o apoio de quatro diretorias: Diretoria de Concepções
e Orientações Curriculares para Educação Básica; Diretoria de Políticas
de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para Educação Básica;

 174 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Diretoria de Fortalecimento Institucional e Gestão Educacional; e Diretoria


de Articulação e Apoio aos Sistemas de Educação Básica.
O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação a Distância
(Seed), atua como um agente de inovação tecnológica nos processos de ensino
e aprendizagem, fomentando a incorporação das tecnologias de informação
e comunicação (TICs) e das técnicas de educação a distância aos métodos
didático-pedagógicos. Além disso, promove a pesquisa e o desenvolvimento
voltados para a introdução de novos conceitos e práticas nas escolas públicas
brasileiras. Para tanto, dão suporte e constituem a Seed três diretorias: Diretoria
de Regulação e Supervisão em Educação a Distância, Diretoria de Infraestrutura
em Tecnologia Educacional, e Diretoria de Produção de Conteúdos e Formação
em Educação a Distância.
Por sua vez, a Secretaria de Educação Especial (Seesp), em conjunto com
a Diretoria de Políticas de Educação Especial, subordinada desta, desenvolve
programas, projetos e ações a fim de implementar no país a Política Nacional de
Educação Especial. Os alunos considerados como público alvo da educação espe-
cial são aqueles com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e com
altas habilidades/superdotação. Entre as ações desenvolvidas pela Seesp estão o
apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino para a oferta e garantia
de atendimento educacional especializado, complementar à escolarização.
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad)
foi criada em julho de 2004 para contribuir com a redução das desigualdades
educacionais por meio da participação de todos os cidadãos em políticas pú-
blicas que assegurem a ampliação do acesso à educação. Ela é responsável pela
definição das políticas de alfabetização e educação de jovens e adultos, educa-
ção do campo, educação ambiental, educação escolar indígena e diversidade
étnico-racial.
Para o cumprimento de suas atribuições, a Secad conta com a estrutura
e apoio de quatro importantes diretorias subordinadas: Diretoria de Educação
para a Diversidade, Diretoria de Políticas da Educação de Jovens e Adultos,
Diretoria de Estudos e Acompanhamento das Vulnerabilidades Educacionais
e Diretoria de Educação Integral, Direitos Humanos e Cidadania.
O Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) é uma
autarquia que tem a competência de captar recursos financeiros e canalizá-los
para o financiamento de projetos de ensino e pesquisa, inclusive alimentação
escolar e bolsas de estudo, observadas as diretrizes do planejamento nacional
da educação.

 175 
POR DENTRO DO GOVERNO

Por seu turno, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira (Inep), que também é uma autarquia federal, tem a missão de
promover estudos, pesquisas e avaliações sobre o sistema educacional brasileiro.
O objetivo da instituição é subsidiar a formulação e implementação de políticas
públicas para a área educacional a partir de parâmetros de qualidade e equidade,
bem como produzir informações claras e confiáveis aos gestores, pesquisadores,
educadores e público em geral.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação
stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados da Federação.
As atividades da Capes podem ser agrupadas em quatro grandes linhas
de ação, cada qual desenvolvida por um conjunto estruturado de programas:
i) avaliação da pós-graduação stricto sensu; ii) acesso e divulgação da produção
científica; iii) investimentos na formação de recursos de alto nível no país e ex-
terior; e iv) promoção da cooperação científica internacional.
O Instituto Benjamin Constant, órgão específico singular, dotado de auto-
nomia limitada e subordinado diretamente ao ministro de Estado da Educação,
foi criado em 1854 pelo imperador Dom Pedro II, com a finalidade de garantir ao
cego o direito à cidadania. Passados mais de 150 anos de fundação, o Instituto é
um centro de referência em questões da deficiência visual em nível nacional.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o Instituto dispõe de uma
escola que capacita profissionais da área da deficiência visual, assessora escolas
e instituições, oferece consultas oftalmológicas à população, reabilita, produz
material especializado, impressos em braille, e publicações científicas.
Cabe ressaltar que no dia 26 de setembro de 1857 foi fundado o Institu-
to Nacional de Educação de Surdos, órgão específico singular, vinculado ao
Ministério da Educação e especializado no atendimento das necessidades dos
portadores de surdez. O Instituto também é uma referência no ensino e pes-
quisa de novas metodologias aplicadas ao ensino da pessoa surda, bem como
a prestação de atendimento à população com o fornecimento de esporte, lazer,
ensino profissionalizante e inserção dos estudantes portadores de surdez no
mercado de trabalho.
Também tem papel de destaque no processo educacional brasileiro a Fun-
dação Joaquim Nabuco, instituição regida sob a forma de fundação pública, que
prima pelo resgate, preservação, produção, acúmulo e difusão da cultura e do
conhecimento. Prioritariamente, o órgão desenvolve suas atividades no atendi-
mento das demandas e necessidades das regiões Norte e Nordeste do país.

 176 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

O Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão colegiado integrante da


administração direta do Ministério da Educação, tem por missão a busca demo-
crática de alternativas e mecanismos institucionais que possibilitem assegurar a
participação da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e consolidação
da educação nacional de qualidade. As atribuições do Conselho são normativas,
deliberativas e de assessoramento ao ministro da Educação no desempenho das
funções e atribuições do poder público federal em matéria de educação, cabendo-
lhe formular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do
ensino e zelar pelo cumprimento da legislação educacional.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério da Educação podem ser
obtidas no portal www.mec.gov.br, e sobre os titulares no endereço eletrônico
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=
12441&Itemid=526

 177 
POR DENTRO DO GOVERNO

 178 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.11. Ministério do Esporte

Ao Ministério do Esporte, cujo titular ocupa cargo político, compete


formular, coordenar e executar a política nacional de desenvolvimento
de prática do esporte.
Também cabe ao Ministério promover o intercâmbio com organismos
públicos e privados, nacionais e estrangeiros, voltados à promoção do
esporte; estimular iniciativas públicas e privadas de incentivo às ativida-
des esportivas; e planejar, coordenar, supervisionar e avaliar os planos,
programas e ações de incentivo ao esporte que democratizam a prática
esportiva e promovam a inclusão social.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o Ministério do
Esporte conta com uma estrutura pequena, formada, além da Secretaria
Executiva, por três secretarias – Secretaria Nacional de Esporte de Alto
Rendimento, Secretaria Nacional de Esporte Educacional e Secretaria Na-
cional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer. O Conselho Nacional
do Esporte também é parte integrante do Ministério.
À Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, cujo titular
ocupa cargo de cargo de DAS 101.6, compete elaborar proposições e
implantar as decisões do Plano Nacional de Esporte e dos programas
de desenvolvimento do esporte de alto rendimento; realizar estudos,
planejar, coordenar, formular e implementar a política relativa aos es-
portes voltados para competição; zelar pelo cumprimento da legislação
esportiva; prestar cooperação técnica e assistência financeira supletiva a
outros órgãos da Administração Pública Federal, aos estados, ao Distri-
to Federal, aos municípios e às entidades não-governamentais sem fins
lucrativos, em empreendimentos ligados ao esporte de alto rendimento;
manter intercâmbio com organismos públicos e privados, nacionais,
internacionais e governos estrangeiros, em prol do desenvolvimento do
esporte de alto rendimento.
Para o cumprimento de sua missão institucional a Secretaria conta
com o apoio e suporte de dois departamentos subordinados: o Departa-
mento de Esporte de Base e de Alto Rendimento e o Departamento de
Excelência Esportiva e Promoção de Eventos.

 179 
POR DENTRO DO GOVERNO

À Secretaria Nacional de Esporte Educacional compete elaborar


proposições sobre assuntos da sua área para compor o Plano Nacional
de Esporte; implantar as decisões relativas ao Plano Nacional de Esporte
e aos programas de desenvolvimento do esporte educacional; realizar
estudos, planejar, coordenar e supervisionar o desenvolvimento do es-
porte educacional; executar as ações de promoção de eventos; articular-se
com os demais segmentos da Administração Pública Federal, tendo em
vista a execução de ações integradas na área do esporte educacional; e
coordenar, formular e implementar políticas relativas aos esportes edu-
cacionais, desenvolvendo gestões de planejamento, avaliação e controle
de programas, projetos e ações. Para tanto, compõem a estrutura da
Secretaria o Departamento de Esporte Escolar e Identidade Cultural e o
Departamento de Esporte Universitário.
Já à Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer
compete realizar ações voltadas para o cumprimento do Plano Nacional
de Esporte; prestar cooperação técnica e assistência financeira a órgãos
da Administração Pública Federal, aos estados, ao Distrito Federal, aos
municípios e às entidades não governamentais sem fins lucrativos, em
empreendimentos ligados ao desenvolvimento do esporte e do lazer;
manter intercâmbio com organismos públicos e privados, nacionais e
internacionais em prol do desenvolvimento do esporte e do lazer; e co-
ordenar, formular e implementar políticas relativas à pratica esportiva
voltada para a saúde e o lazer, desenvolvimento de gestões de planeja-
mento, avaliação e controle de programas, projetos e ações.
Para o efetivo cumprimento de suas atribuições e competências,
a Secretaria conta com o apoio de dois departamentos subordinados: o
Departamento de Políticas Sociais de Esporte e Lazer e o Departamento
de Ciência e Tecnologia do Esporte.
O Conselho Nacional do Esporte (CNE), órgão colegiado de de-
liberação, normatização e assessoramento, diretamente vinculado ao
Ministro de Estado do Esporte, é parte integrante do Sistema Brasileiro
de Desporto e tem o objetivo de buscar o desenvolvimento de programas
que promovam a massificação planejada da atividade física para toda
a população, bem como a melhoria do padrão de organização, gestão,
qualidade e transparência do desporto nacional.

 180 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Mais informações sobre a estrutura do Ministério do Esporte podem


ser obtidas no portal www.mma.gov.br, e sobre os titulares no endere-
ço eletrônico http://portal.esporte.gov.br/institucional/quemequem/
quemequem.jsp

 181 
POR DENTRO DO GOVERNO

 182 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.12. Ministério da Fazenda

O Ministério da Fazenda, cujo titular ocupa cargo político, é o órgão


da República Federativa do Brasil responsável pela formulação e execução
da política econômica. Sua área de atuação abrange assuntos diversos,
dentre os quais se destacam: moeda, crédito e instituições financeiras;
política, fiscalização, arrecadação e administração tributária; adminis-
tração financeira e contabilidade pública; dívida pública; negociações
econômicas internacionais; preços em geral; tarifas públicas e adminis-
tradas; fiscalização e controle do comércio exterior; e acompanhamento
da conjuntura econômica.
Criado em 1808, com o nome de Erário Régio, a denominação
“Ministério da Fazenda” só foi oficialmente adotada em 1891, durante
o governo de Deodoro da Fonseca, com a implantação da República.
A esse respeito, é curioso constatar que o nome “Fazenda” entrou em
uso no Brasil para designar os haveres, bens e produtos de crédito e
contribuição, assim como a renda da Nação. Como esses recursos eram
providos principalmente das sesmarias, terras destinadas à produção, o
termo tomou, então, o significado de finanças.
O Ministério também é responsável pela formulação das propostas
de reforma que visem aperfeiçoar as instituições que regulamentam o
funcionamento da economia brasileira e a autorização, ressalvadas as com-
petências do Conselho Monetário Nacional, da distribuição de prêmios
por sorteio, vale-brinde ou concurso; das operações de consórcio, fundo
mútuo e outras formas associativas que objetivem a aquisição de bens de
qualquer natureza; da venda ou promessa de venda de terrenos loteados
a prestação mediante sorteio; e da exploração de loterias, inclusive as que
são realizadas por entidades promotoras de corridas de cavalos.
O Ministério da Fazenda, em conjunto com o Ministério do Plane-
jamento, e a Casa Civil da Presidência da República, integra a chamada
junta orçamentária, que autoriza os gastos do governo, o que é decisivo
em qualquer ação governamental.
Para desincumbir-se de suas atribuições, o Ministério conta com a
Secretaria-Executiva, órgão de assistência direta e imediata ao Ministro
de Estado, com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, com cinco
secretarias (Secretaria da Receita Federal do Brasil, Secretaria de Política
Econômica, Secretaria de Acompanhamento Econômico, Secretaria do

 183 
POR DENTRO DO GOVERNO

Tesouro Nacional e Secretaria de Assuntos Internacionais) e com a Escola


de Administração Federal, órgãos singulares e específicos, além de onze
órgãos colegiados, três autarquias, quatro empresas públicas e quatro
sociedades de economia mista.
Entre os órgãos singulares e específicos, dois possuem status dife-
renciados: a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e a Secretaria da
Receita Federal do Brasil, cujos titulares, tal como o titular da Secretaria-
Executiva, ocupam cargo de natureza especial. Os titulares das demais
secretarias ocupam DAS 101.6.
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), pouco conheci-
da da maioria da população, cumpre o duplo papel de consultoria jurídica
do Ministério e de braço da Advocacia-Geral da União, representando
a União nas ações de natureza fiscal. Para mais detalhes sobre a PGFN
consultar o Tópico 4.4.3 (Advocacia-Geral da União).
A Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF), por sua vez, exerce
funções essenciais de Estado. É responsável pela administração dos tri-
butos de competência da União, inclusive os previdenciários e aqueles
incidentes sobre o comércio exterior, abrangendo parte significativa das
contribuições sociais do país. O órgão auxilia, também, o Poder Executivo
na formulação da política tributária brasileira, além de trabalhar para pre-
venir e combater a sonegação fiscal, o contrabando, o descaminho, a pirataria,
a fraude comercial, o tráfico de drogas e de animais em extinção e outros
atos ilícitos relacionados ao comércio internacional.
Para tanto, conta, em sua estrutura, com cinco subsecretarias su-
bordinadas: Subsecretaria de Arrecadação e Atendimento, Subsecretaria
de Tributação e Contencioso, Subsecretaria de Fiscalização, Subsecre-
taria de Aduana e Relações Internacionais e a Subsecretaria de Gestão
Corporativa.
A Secretaria do Tesouro Nacional (STN), cujo titular ocupa cargo
de DAS 101.6, também possui importância estratégica na estrutura do
Ministério da Fazenda, uma vez que é responsável pela administração
das dívidas públicas interna e externa, bem como a contabilidade pú-
blica federal.
Outra responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional refere-se
à administração dos haveres da União junto a terceiros, relacionados, em
maior parte, a créditos decorrentes de reestruturação da dívida externa
garantida pela União, de programas de saneamento financeiro de estados

 184 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

e municípios, de retorno de financiamento/refinanciamento de operações


de estímulo às exportações e aos setores agropecuário e agroindustrial,
além créditos decorrentes de operações estruturadas, amparadas por
regulamentação específica.
Já a Secretaria de Política Econômica (SPE), espécie de cérebro do
Ministério na formulação, análise e acompanhamento das políticas eco-
nômica, fiscal e tributária, responde pela produção de estudos para a
definição dos parâmetros macroeconômicos do governo, além de acom-
panhar e avaliar os indicadores econômicos do país, propor medidas
para o desenvolvimento do mercado de capitais, opinar sobre todos os
projetos de legislação ou regulamentação em matéria econômica, assim
como assessorar o ministro na política de relacionamento com organismos
e entes internacionais de financiamento e de comércio.
A Secretaria de Acompanhamento Econômico (SAE), por sua vez,
exerce funções executivas, seja cuidando da proposição, coordenação e
execução das ações do Ministério relativas à gestão das políticas de re-
gulação de mercados, de concorrências e de defesa da ordem econômica,
seja acompanhando a implantação dos modelos de regulação e gestão
desenvolvidos pelas agências reguladoras, pelos ministérios setoriais e
pelos demais órgãos afins, manifestando-se, entre outros aspectos, acerca
de: i) dos reajustes e das revisões de tarifas de serviços públicos; ii) dos
processos licitatórios que envolvam a privatização de empresa pertencente
à União; e iii) da evolução dos mercados.
Trata-se de uma das mais importantes secretarias do Ministério da
Fazenda. Ela também tem poderes para autorizar o funcionamento e fisca-
lizar as atividades de distribuição gratuita de prêmios, apostas e serviços
de loterias, além de promover o funcionamento adequado do mercado,
mediante, entre outras, as seguintes ações: acompanhamento e análise
da evolução de variáveis de mercados relativas a setores e produtos ou
grupo de produtos; acompanhar e analisar a execução da política nacional
de tarifas de importação e exportação; adotar medidas normativas sobre
condições de concorrência para assegurar a livre concorrência na produ-
ção, comercialização e distribuição de bens e serviços; e compatibilizar
as práticas internas de defesa da concorrência e de defesa comercial com
as práticas internacionais.
As Secretarias de Acompanhamento Econômico (SAE) e de Política
Econômica (SPE), portanto, desempenham papel preponderante na es-

 185 
POR DENTRO DO GOVERNO

trutura do Ministério da Fazenda, porque respondem pela formulação


de políticas de defesa da concorrência e de medidas macro e microeco-
nômicas, bem como pela execução da política fiscal e a concepção das
reformas institucionais que complementam o esforço pela manutenção de
um ambiente macroeconômico estável, contribuindo para o crescimento
econômico sustentável no longo prazo, em bases socialmente justas.
A Secretaria de Assuntos Internacionais (SAI) também exerce re-
levante função, especialmente no acompanhamento das negociações
econômicas e financeiras com governos e entidades estrangeiras ou inter-
nacionais, bem como na análise das políticas dos organismos financeiros
internacionais e no monitoramento do endividamento externo brasileiro.
Responde, ainda, pelas áreas relativas ao financiamento, apoio e incentivo
à exportação, participando de diversos órgãos colegiados com capacidade
deliberativa no campo do crédito, seguro e outras medidas vinculadas à
relação comercial do Brasil com outros países. Pode, inclusive, contratar
advogados no exterior para tratar da recuperação de crédito do país.
A Escola de Administração Fazendária (Esaf), juntamente com dez
centros regionais de treinamento, é responsável pela capacitação técnica
dos servidores que atuam em todo o território nacional. Compete à insti-
tuição selecionar, formar e aperfeiçoar os servidores que desempenham
funções na Administração Pública.
Também compõem o Ministério da Fazenda onze órgãos colegiados,
sendo sete conselhos – Conselho Monetário Nacional; Conselho Nacional
de Política Fazendária; Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Na-
cional; Conselho Nacional de Seguros Privados; Conselho de Recursos do
Sistema Nacional de Seguros Privados; de Previdência Aberta e de Capi-
talização; Conselho de Controle de Atividades Financeiras; e o Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais, quatro comitês – Comitê Brasileiro
de Nomenclatura, Comitê de Avaliação de Créditos ao Exterior, Comitê
de Coordenação Gerencial das Instituições Financeiras Públicas Federais
e o Comitê Gestor do Simples Nacional.
Duas das três autarquias do Ministério da Fazenda têm maior impor-
tância e visibilidade na Administração Indireta, a saber: o Banco Central do
Brasil (Bacen), cujo titular ocupa cargo político e possui status de ministro de
Estado, e a Superintendência de Seguros Privados (Susep), cujo titular ocupa
de cargo DAS 101.6. A outra entidade autônoma é a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), cujo presidente ocupa cargo de DAS 101.6.

 186 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Quatro empresas públicas, criadas para explorar determinada ati-


vidade econômica, compõem a estrutura organizacional do Ministério:
Caixa Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda do Brasil, Empresa Ges-
tora de Ativos (Emgea) e o Serviço de Processamento de Dados (Serpro).
Além disto, conta também, com quatro sociedades de economia mista:
Banco do Brasil S.A. (BB), Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), Banco
da Amazônia S.A. (Basa) e Banco do Nordeste do Brasil S.A.
O Banco Central do Brasil (Bacen), criado em 31 de dezembro de
1964, é autarquia federal cujo titular ocupa cargo político com status de
ministro de Estado. A instituição é o principal executor das orientações
do Conselho Monetário Nacional e responsável por garantir o poder de
compra da moeda nacional, tendo por objetivos zelar pela adequada liqui-
dez da economia; manter as reservas internacionais em nível adequado;
estimular a formação de poupança; zelar pela estabilidade e promover o
permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro.
Entre suas atribuições está o exercício exclusivo da competência
para emitir papel-moeda e moeda metálica; executar os serviços do meio
circulante; receber e recolher depósitos compulsórios e voluntários das
instituições financeiras e bancárias; realizar operações de redesconto e
empréstimo às instituições financeiras; regular a execução dos serviços de
compensação de cheques e outros papéis; realizar operações de compra e
venda de títulos públicos federais; exercer o controle de crédito; exercer
a fiscalização das instituições financeiras; autorizar o funcionamento das
instituições financeiras; estabelecer as condições para o exercício de quais-
quer cargos de direção nas instituições financeiras; vigiar a interferência
de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o
fluxo de capitais estrangeiros no país.
Com sede em Brasília, capital do país, o Bacen possui nove represen-
tações nas capitais dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará.
A Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia criada
em 21 de novembro de 1966, é responsável pelo controle e fiscalização dos
mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro.
O órgão também tem a atribuição de zelar pela defesa dos interesses dos
consumidores dos mercados supervisionados, bem como pela proteção da
poupança popular, constituída por meio de seguro, previdência privada
aberta, de capitalização e resseguro.

 187 
POR DENTRO DO GOVERNO

A Caixa Econômica Federal (CEF), empresa pública criada em 12


de janeiro de 1861 com o propósito inicial de incentivar a poupança e
ser o principal agente financeiro a conceder empréstimos sob a forma
de penhor, ao incorporar em 1986 o antigo Banco Nacional de Habitação
(BNH), assumiu a condição de maior agente nacional de financiamento
da casa própria e importante financiadora do desenvolvimento urbano,
especialmente do saneamento básico.
Desde 1961, a CEF detém o monopólio das Loterias Federais em
todo o país. A partir de 1986, a instituição incorporou outra importante
missão, que é a de ser o agente operador, admistrador e arrecadador do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), bem como a responsa-
bilidade pelo pagamento do FGTS, PIS, seguro-desemprego, benefícios
sociais e a continuidade do pagamento de todos os prêmios das apostas
nas loterias.
O Serviço de Processamento de Dados Federal (Serpro), empresa
pública vinculada ao Ministério da Fazenda, foi criado no dia 1º de
dezembro de 1964 com o objetivo de modernizar e dar agilidade a setores
estratégicos da Administração Pública brasileira. A Empresa, cujo negócio
é a prestação de serviços em Tecnologia da Informação e Comunicações
para o setor público, é considerada uma das maiores organizações do
setor na América Latina.
O Serpro desenvolve programas e serviços que permitem maior
controle e transparência sobre a receita e os gastos públicos, além de
facilitar a relação dos cidadãos com o governo. Dentre as várias soluções
desenvolvidas com essas características destacam-se a declaração do
Imposto de Renda via Internet (ReceitaNet), a nova Carteira Nacional de
Habilitação, o novo Passaporte Brasileiro e os sistemas que controlam e
facilitam o comércio exterior brasileiro (Siscomex).
O Banco do Brasil (BB), sociedade de economia mista fundada há
mais de 200 anos, por D. João VI em 12 de outubro de 1808, é a maior
instituição financeira do país e o agente financeiro do Tesouro Nacional.
Entre as competências, destaca-se a execução dos serviços bancários de
interesse do governo federal, incluindo os ministérios civis e militares,
autarquias e demais entidades federais e repartições públicas.
O Banco do Brasil é responsável, entre outras ações, por: receber as
importâncias provenientes da arrecadação de tributos ou rendas federais;
realizar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do orçamen-

 188 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

to geral da União e leis complementares; adquirir e financiar estoques de


produção exportável; executar a política de preços mínimos dos produtos
agropastoris; pagar e receber recursos fora do país; e executar o serviço
da dívida pública consolidada.
Mais informações sobre o Ministério da Fazenda podem ser obtidas
no portal www.fazenda.gov.br e, para os titulares dos diversos órgãos,
o endereço eletrônico: http://www.fazenda.gov.br/portugues/institu-
cional/quemequem.asp#Gab

 189 
POR DENTRO DO GOVERNO

 190 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.13. Ministério da Integração Nacional

O Ministério da Integração, cujo titular ocupa cargo político, tem a


competência institucional de coordenar os esforços da União, estados e
municípios para o desenvolvimento nacional, econômico e social; criar
infraestrutura em favor das populações mais humildes; reforçar a Defesa
Civil; explorar em bases racionais os recursos hídricos; e combater a seca
e a sede no Nordeste.
Compete também ao Ministério a formulação e condução da política
nacional de irrigação, da ordenação territorial de obras públicas em faixas
de fronteiras e o estabelecimento das diretrizes e prioridades na aplicação
dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia e do Fundo de
Desenvolvimento do Nordeste.
Para formular e conduzir a política de desenvolvimento nacional
integrada, exercida em conjunto com o Ministério da Defesa, a Pasta da
Integração dispõe de estrutura organizacional formada pela Secretaria
Executiva, por cinco secretarias específicas – Secretaria de Desenvolvi-
mento do Centro-Oeste, Secretaria de Infraestrutura Hídrica, Secretaria de
Políticas de Desenvolvimento Regional, Secretaria de Programas Regionais
e Secretaria Nacional de Defesa Civil; por quatro autarquias –Departa-
mento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Superintendência de Desenvol-
vimento da Amazônia (Sudam) e a Superintendência de Desenvolvimento
do Centro-Oeste (Sudeco); e por uma empresa pública – a Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
O Ministério também é composto por oito órgãos colegiados – Grupo
Executivo para Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo,
Conselho Nacional de Defesa Civil, três Conselhos Administrativos e
três Conselhos Deliberativos de Regiões Integradas de Desenvolvimento
(Rides). Os Conselhos das Rides têm a missão de definir, coordenar,
aprovar e supervisionar as ações e programas dos entes federados visando
ao desenvolvimento e à minoração das desigualdades regionais.
Estão em funcionamento três Rides: do Distrito Federal e Entorno,
que engloba cidades e municípios dos Estados de Goiás e de Minas Ge-
rais; do Polo de Petrolina e Juazeiro, que abrange municípios dos Estados

 191 
POR DENTRO DO GOVERNO

de Pernambuco e da Bahia; e a Ride da Grande Teresina, que beneficia


municípios dos Estados do Piauí e do Maranhão.
Os recursos públicos destinados às Rides devem desenvolver o
sistema viário e de transporte; gerar emprego e capacitação profissional;
proteger o meio ambiente; aproveitar os recursos hídricos e minerais; es-
timular a produção agropecuária e o abastecimento alimentar; promover
o saneamento básico, a saúde, a assistência social, a educação e a cultura;
combater as causas de pobreza e fatores de marginalização.
A Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional (SDR), em
conjunto com os Departamentos de Planejamento de Desenvolvimento
Regional, e de Gestão dos Fundos de Desenvolvimento Regional, subor-
dinados a esta, responde pela formulação, concepção e iniciativas gerais
de implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Regional
(PNDR), bem como por seus instrumentos básicos, como os planos regio-
nais estratégicos. Responde também pela definição de diretrizes e priorida-
des e pelo acompanhamento de mecanismos de apoio ao desenvolvimento
regional, a exemplo dos créditos concedidos ao setor privado por meio
dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), Nordeste
(FNE) e Centro-Oeste (FCO), e da concessão de incentivos fiscais para a
realização de empreendimentos na Amazônia Legal e no Nordeste.
A Secretaria de Programas Regionais (SPR) é responsável pela co-
ordenação dos Programas de Desenvolvimento Regional, cujos objetivos,
justificativas e estratégias de implementação estão estruturadas no Plano
Plurianual 2007-2011 por meio dos seguintes programas: Programa de Pro-
moção da Sustentabilidade de Espaços Sub-Regionais (Promeso), Programa
de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido (Conviver) e
Programa de Promoção de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira (PDFF),
em articulação com os países vizinhos da América do Sul. Para o cumpri-
mento de sua missão institucional, a SPR conta com os departamentos de
Programas das regiões Norte e Nordeste, e das regiões Sul e Sudeste.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), órgão central do Sis-
tema Nacional de Defesa Civil, é responsável por promover as ações de
defesa civil, por meio da normatização e supervisão técnica e fiscalização
específica sobre as ações desenvolvidas pelos órgãos que compõem a
Secretaria.

 192 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Também compete à Sedec elaborar, atualizar e propor ao Conselho


Nacional de Defesa Civil (Condec) a Política Nacional de Defesa Civil,
que constitui o conjunto de objetivos que orientam e dão forma à ação
de defesa civil desenvolvida pelos governos federal, estadual e munici-
pal, e o conjunto das diretrizes da ação governamental nesta área, bem
como promover sua implementação. Para tanto, a Secretaria conta com
três departamentos vinculados e subordinados, a saber: Departamento
de Articulação e Gestão, Departamento de Minimização de Desastres e
Departamento de Reabilitação e de Reconstrução.
A Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste (SCO) cumpre, na
estrutura organizacional do Ministério da Integração Nacional, o papel de
responsável por programas e ações na macrorregião do Centro-Oeste, pro-
movendo uma gestão compartilhada sob as diretrizes da Política Nacional
de Desenvolvimento Regional (PNDR). A SCO também é responsável pela
elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento do Centro-Oeste,
importante ferramenta para a promoção do desenvolvimento sustentável
da região. Para tanto, a SCO conta com dois departamentos que a inte-
gram: Departamento de Desenvolvimento Regional e Departamento de
Promoção e Investimentos.
Em 3 de janeiro de 2007, por meio das Leis Complementares nº 124
e 125, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recriou a Superintendência
da Amazônia (Sudam) e a Superintendência do Nordeste (Sudene). Ato
contínuo, extinguiu por meio dos Decretos 6.198/2007 e 6.199/2007, res-
pectivamente, as Agências de Desenvolvimento do Nordeste (Adene) e
da Amazônia (ADA).
Em 8 de janeiro de 2009, com a Lei Complementar nº 109, o Presi-
dente Lula também recriou a Superintendência de Desenvolvimento do
Centro-Oeste (Sedeco). A autarquia havia sido criada em 1967 por meio da
Lei nº 5.635 para promover a expansão da região Centro-Oeste e também
do Estado de Rondônia.
A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene),
autarquia vinculada, integrante do Sistema de Planejamento e de Orça-
mento Federal é órgão dotado de autonomia administrativa e financeira.
Tem sede na cidade de Recife, capital do Estado de Pernambuco.

 193 
POR DENTRO DO GOVERNO

A finalidade da Sudene é promover o desenvolvimento inclusivo e


sustentável dos estados e municípios da região Nordeste e a integração
competitiva da base produtiva regional na economia nacional e interna-
cional. A área de atuação da Sudene abrange os Estados do Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ser-
gipe, Bahia e algumas regiões e municípios dos Estados de Minas Gerais
e do Espírito Santo.
Já a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam),
também uma autarquia federal, com sede na cidade de Belém, capital do
Estado do Pará, tem como missão atuar em favor do desenvolvimento dos
Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima,
Tocantins, Pará e Maranhão.
Por sua vez, a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-
Oeste (Sudeco) é responsável por definir metas econômicas e sociais que
promovam o desenvolvimento sustentável da região Centro-Oeste; formu-
lar programas e ações com ministérios para o desenvolvimento regional; e
assessorar, sob coordenação do Ministério da Integração, o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão na elaboração do plano plurianual, da
lei de diretrizes orçamentárias e do Orçamento Geral da União em relação
aos projetos e atividades prioritários para o Centro-Oeste.
O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), mais
antiga instituição federal com atuação no Nordeste, também atua em
favor do desenvolvimento regional e do país.
A instituição é responsável pela construção de açudes, estradas,
pontes, portos, campos de pouso, ferrovias e hospitais, implantação de
redes de energia elétrica e telegráficas, usinas hidrelétricas e socorro às
populações flageladas pela seca cíclica que assola a região.
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba (Codevasf) é uma empresa pública, que promove o desenvolvi-
mento e a revitalização das bacias dos rios São Francisco e Parnaíba com a
utilização sustentável dos recursos naturais e estruturação de atividades
produtivas para a inclusão econômica e social.
A Empresa aloca investimentos públicos para a construção de obras
de infraestrutura, particularmente para a implantação de projetos de ir-
rigação e de aproveitamento racional dos recursos hídricos.

 194 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

A Codevasf também investe na aplicação de novas tecnologias, di-


versificação de culturas, recuperação de áreas ecologicamente degradadas,
capacitação e treinamento de produtores rurais, além da realização de
pesquisas e estudos socioeconômicos e ambientais, entre outras ações.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério da Integração
Nacional podem ser obtidas no portal www.integracao.gov.br, e sobre
os titulares no endereço eletrônico http://www.integracao.gov.br/mi-
nisterio/quem_e_quem.asp

 195 
POR DENTRO DO GOVERNO

 196 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.14. Ministério da Justiça

O Ministério da Justiça, cujo titular ocupa cargo político, tem a missão de


garantir e promover a cidadania, a justiça e a segurança pública por meio de
ações conjuntas entre o Estado e a sociedade.
São atribuições do Ministério: o combate ao tráfico e ao crime organizado,
a promoção da defesa da ordem econômica e os direitos do consumidor, a apre-
sentação de reformas do Judiciário que universalizem a prestação jurisdicional,
a melhoria da segurança pública, a reforma do sistema penitenciário brasileiro,
o combate à prostituição infantil e a potencialização do uso da Polícia Federal,
inclusive no apoio às carreiras de fiscalização e à arrecadação de tributos.
O Ministério também tem a incumbência de prestar assistência jurídica,
judicial e extrajudicial, integral e gratuita aos necessitados, defender os bens da
União e das entidades integrantes da Administração Pública Federal Indireta,
e promover a defesa individual e coletiva dos povos indígenas.
A estrutura do Ministério possui órgãos de assistência direta e imediata ao
ministro, aí incluídas a chefia de gabinete, a Comissão de Anistia, a Consultoria
Jurídica e a Secretaria Executiva. Destacam-se em sua estrutura outras cinco se-
cretarias: Secretaria de Assuntos Legislativos, Secretaria de Direito Econômico,
Secretaria de Reforma do Judiciário, Secretaria Nacional de Justiça e Secretaria
Nacional de Segurança Pública.
Entre os órgãos colegiados, a Pasta conta com quatro conselhos – Conselho
Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (CFDD), Conselho Na-
cional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP),
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e Conselho
Nacional de Segurança Pública (Conasp).
Cabe destacar que o Ministério é também constituído de órgãos específicos
e singulares como a Defensoria Pública da União (DPU), o Departamento de
Polícia Federal (DPF) e o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF).
Há, ainda, as autarquias do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
À Secretaria de Assuntos Legislativos compete prestar, quando solicita-
da, assessoria ao ministro de Estado; supervisionar e auxiliar as comissões de
juristas e grupos de trabalho constituídos pelo ministro de Estado; coordenar o
encaminhamento dos pareceres jurídicos dirigidos à Presidência da República;
coordenar e supervisionar, em conjunto com a Consultoria Jurídica, a elaboração
de decretos, projetos de lei e outros atos de natureza normativa de interesse do
Ministério; acompanhar a tramitação de projetos de interesse do Ministério no
Congresso Nacional e compilar os pareceres emitidos por suas comissões per-

 197 
POR DENTRO DO GOVERNO

manentes; e proceder ao levantamento de atos normativos conexos com vistas


a consolidar seus textos. Para o cumprimento de sua missão institucional, a
Secretaria conta com apoio dos Departamentos de Elaboração Normativa, e de
Processo Legislativo, ambos subordinados a esta.
À Secretaria de Direito Econômico compete formular, promover, super-
visionar e coordenar a política de proteção da ordem econômica nas áreas de
concorrência e defesa do consumidor; adotar medidas necessárias a assegurar
a livre concorrência, a livre iniciativa e a livre distribuição de bens e serviços;
prevenir, apurar e reprimir as infrações contra a ordem econômica; examinar
os atos, que, de qualquer forma, que possam limitar ou prejudicar a livre
concorrência ou resultar na dominação de mercados relevantes de bens ou
serviços; acompanhar, permanentemente, as atividades e práticas comerciais
de pessoas físicas ou jurídicas que detiverem posição dominante no mercado
relevante de bens e serviços, para prevenir infrações da ordem econômica;
orientar as atividades de planejamento, elaboração e execução da Política
Nacional de Defesa do Consumidor; promover as medidas necessárias para
assegurar os direitos e interesses dos consumidores; e firmar convênios com
órgãos e entidades públicas e com instituições privadas para assegurar a
execução de planos, programas e fiscalização do cumprimento das normas
e medidas federais. Para tanto, a Secretaria conta com os Departamentos de
Defesa Econômica e de Defesa do Consumidor.
A Secretaria de Reforma do Judiciário desempenha um importante
papel na estrutura ministerial, por ter a incumbência de melhorar a presta-
ção dos serviços judiciários aos cidadãos. O órgão foi criado com o objetivo
de promover, coordenar, sistematizar e angariar propostas referentes à
reforma do Judiciário.
A Secretaria é responsável por provocar a articulação entre o Executivo,
o Judiciário, o Legislativo, o Ministério Público, governos estaduais, entidades
da sociedade civil e organismos internacionais com o objetivo de propor e
difundir ações e projetos, tais como aqueles que tramitam no Congresso Nacio-
nal e buscam aperfeiçoar o Poder Judiciário. No cumprimento de sua missão
institucional, a Secretaria conta com a estrutura e a atuação do Departamento
de Política Judiciária.
A Secretaria Nacional de Justiça tem competência para coordenar a política
de justiça, por intermédio da articulação com os poderes judiciário, legislativo,
Ministério Público, governos estaduais, agências internacionais e organizações
da sociedade civil; tratar dos assuntos relacionados à escala de classificação in-
dicativa de jogos eletrônicos, das diversões públicas e dos programas de rádio
e televisão e recomendar a correspondência com as faixas etárias e os horários
de funcionamento e veiculação permitidos; tratar dos assuntos relacionados à

 198 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

nacionalidade e naturalização e ao regime jurídico dos estrangeiros; além de


instruir cartas rogatórias.
A Secretaria também tem competência para opinar sobre a solicitação,
cassação e concessão de títulos de utilidade pública, medalhas e sobre a insta-
lação de associações, sociedades e fundações no território nacional, na área de
sua competência; registrar e fiscalizar as entidades que executam serviços de
microfilmagem; qualificar as pessoas de direito privado sem fins lucrativos como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público; dirigir, negociar e coorde-
nar os estudos relativos ao direito da integração e as atividades de cooperação
jurisdicional, nos acordos internacionais em que o Brasil seja parte; coordenar
a política nacional sobre refugiados; e orientar e coordenar as ações com vistas
ao combate à lavagem de dinheiro e à recuperação de ativos.
Para a realização de todas as suas atribuições, a Secretaria Nacional de Jus-
tiça conta com três departamentos subordinados: Departamento de Estrangeiros;
Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação; e Departamento
de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional.
À Secretaria Nacional de Segurança Pública (SNSP) compete assessorar o
ministro de Estado na definição, implementação e acompanhamento da Política
Nacional de Segurança Pública e dos Programas Federais de Prevenção Social e
Controle da Violência e Criminalidade; planejar, acompanhar e avaliar a imple-
mentação de programas do Governo Federal para a área de segurança pública;
e elaborar propostas de legislação e regulamentação em assuntos de segurança
pública, referentes ao setor público e ao setor privado.
Também é da competência da SNSP promover a integração dos órgãos de
segurança pública; estimular a modernização e o reaparelhamento dos órgãos
de segurança pública; promover a interface de ações com organismos governa-
mentais e não-governamentais, de âmbito nacional e internacional; realizar
e fomentar estudos e pesquisas voltados para a redução da criminalidade e
da violência; estimular e propor aos órgãos estaduais e municipais a elabo-
ração de planos e programas integrados de segurança pública, objetivando
controlar ações de organizações criminosas ou fatores específicos geradores
de criminalidade e violência, bem como estimular ações sociais de prevenção
da violência e da criminalidade; exercer, por seu titular, as funções de ouvi-
dor-geral da Polícia Federal ; implementar, manter e modernizar o Sistema
Nacional de Informações de Justiça e Segurança Pública (Infoseg); promover e
coordenar as reuniões do Conselho Nacional de Segurança Pública; e incentivar
e acompanhar a atuação dos Conselhos Regionais de Segurança Pública.
Para o cumprimento efetivo de suas atribuições, a Secretaria de Segurança
Pública conta com o apoio, a logística e o quadro de pessoal de quatro departa-
mentos subordinados: Departamento de Políticas, Programas e Projetos; Depar-

 199 
POR DENTRO DO GOVERNO

tamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em


Segurança Pública; Departamento de Execução e Avaliação do Plano Nacional de
Segurança Pública; e Departamento da Força Nacional de Segurança Pública.
Entre os órgãos colegiados, o Conselho Nacional de Segurança Pú-
blica (Conasp) tem a competência para formulação, estabelecimento de
diretrizes, elaboração de normas e a coordenação da Política Nacional
de Segurança Pública.
A Conasp também tem a incumbência de estimular a modernização
das polícias civil e militar dos estados e do Distrito Federal e desenvolver
o intercâmbio de experiências para aumentar a eficiência dos serviços
policiais.
O Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos
(CFDD) é responsável por gerenciar o Fundo de Defesa de Direitos Difusos,
criado pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, para reparar danos causados
ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico, por infração à ordem econômica e a outros
interesses difusos e coletivos.
A Defensoria Pública da União (DPU), regida pelas Leis Complementares
nº 80/1994 e nº 132/2009, conforme detalhado no Tópico 4.4.2, é instituição
essencial à função jurisdicional do Estado, e tem a incumbência de prestar as-
sistência jurídica, judicial e extrajudicial, integral e gratuita, aos necessitados,
assim considerados na forma da lei. Atualmente, a DPU conta com trezentos
defensores lotados em 38 unidades espalhadas pelo país.
Ao Departamento de Polícia Federal (DPF) compete apurar infrações
penais contra a ordem política e social; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho de bens e valores,
sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos; exercer as funções
de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; acompanhar e instaurar
inquéritos relacionados aos conflitos agrários ou fundiários e os deles decor-
rentes, quando se tratar de crime de competência federal, bem como prevenir e
reprimir esses crimes; e ainda, exercer, com exclusividade, as funções de polícia
judiciária da União.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o DPF dispõe de 27
superintendências regionais, cinquenta delegacias de Polícia Federal, doze
postos avançados, duas bases fluviais e duas bases terrestres. A instituição
também conta com três representações diplomáticas nos países da Argen-
tina, Colômbia e Paraguai.
O Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), cujas atribuições
são definidas, principalmente, pelo Código de Trânsito Brasileiro (Polícia de

 200 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Trânsito) e pelo Decreto nº 1.655/95 (combate ao crime), conta com a Polícia


Rodoviária Federal (PRF) para a fiscalização e cumprimento do Código de
Trânsito Brasileiro (CTB).
Compete à PRF fiscalizar os sessenta e um mil quilômetros de malha fede-
ral; colaborar com a segurança pública; prevenir e reprimir o tráfico de armas e
de drogas, o assalto a ônibus e o roubo ou furto de cargas e de veículos,
o tráfico de seres humanos, a exploração sexual de menores, o trabalho escravo,
o contrabando, a pirataria e crimes conta o meio ambiente.
A Polícia Rodoviária Federal tem administração central na cidade de Bra-
sília e está presente em todo o território nacional. Sua estrutura é composta de
vinte e uma superintendências regionais, cinco distritos regionais, 150 delegacias
e quatrocentos postos de fiscalização espalhados em todo o país.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia federal
responsável pela prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica,
desempenha papel preponderante no Ministério da Justiça.
O órgão atua conforme a observância dos preceitos constitucionais de
liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa
dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico.
O Cade é a última instância, na esfera administrativa, responsável pela
decisão final sobre matéria concorrencial, e integra o Sistema Brasileiro de Defesa
da Concorrência (SBDC), que é composto por mais dois órgãos: a Secretaria de
Acompanhamento Econômico (SDE), vinculada ao Ministério da Fazenda, e a
Secretaria de Direito Econômico (SDE), vinculada ao Ministério da Justiça.
O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência tem como principais
funções a atividade preventiva, repressiva e de advocacia de concorrência.
A atuação preventiva analisa as fusões e aquisições com o propósito de preser-
var a estrutura competitiva de mercado. A atuação repressiva analisa condutas
com potencial lesivo à concorrência, e à função de advocacia compete divulgar
a outros órgãos públicos e à sociedade a importância da concorrência e como
colaborar com as investigações.
À Fundação Nacional do Índio (Funai), autarquia criada em 1967,
compete promover e executar, em nome da União, a educação básica aos
índios; demarcar; assegurar e proteger as terras por eles tradicionalmente
ocupadas; estimular o desenvolvimento de estudos e levantamentos sobre
os grupos indígenas; bem como promover ações para despertar o interesse
da sociedade pelos índios e suas causas.
Mais informações sobre a estrutura e titulares do Ministério da Justiça
podem ser obtidas no portal http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJ775A-
F2EBPTBRIE.htm

 201 
POR DENTRO DO GOVERNO

 202 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.15. Ministério do Meio Ambiente

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), cujo titular também ocupa car-


go político, tem a incumbência de formular, executar e acompanhar a política
nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos; de preservar, conservar os
ecossistemas, biodiversidade e florestas; e utilizar de mecanismos e instrumentos
econômicos e sociais para a melhoria da qualidade ambiental e do uso susten-
tável dos recursos naturais.
Para o cumprimento de sua missão institucional de proteger e re-
cuperar o meio ambiente, estimular o uso racional dos recursos naturais
e inserir o desenvolvimento sustentável na implementação de políticas
públicas, o MMA conta, além da Secretaria Executiva, com cinco secretarias
específicas – Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, Secretaria
de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, Secretaria de Extrativismo
e Desenvolvimento Rural Sustentável, Secretaria de Biodiversidade e Flores-
tas e Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental; cinco
conselhos – Conselho Nacional de Meio Ambiente, Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, Conselho Nacional de Amazônia Legal, Conselho Deli-
berativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente e Conselho de Gestão do
Patrimônio Genético; e quatro comissões – Comissão Nacional de Combate
à Desertificação, Comissão Nacional de Florestas, Comissão Nacional de
Biodiversidade e Comissão de Gestão de Florestas Públicas.
Para a execução, acompanhamento, fiscalização e regulamentação das
políticas públicas direcionadas ao meio ambiente, o Ministério do Ambiente
conta com quatro autarquias – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recur-
sos Renováveis, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Agência Nacional
de Nacional de Águas.
A Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU) é o órgão
do governo federal responsável pelos procedimentos de gestão dos Recursos
Hídricos e Ambiente Urbano. Nas ações da SRHU, a água é elemento que gera,
integra e fundamenta a integração de políticas, a sustentabilidade socioambiental,
o controle e a participação social.
A SRHU também coordena, em parceria com outros dezesseis ministérios,
o Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas, com objetivo de promover
a recuperação, conservação e preservação das bacias hidrográficas nacionais. Na
área de gestão ambiental urbana, a secretaria é responsável pela coordenação do

 203 
POR DENTRO DO GOVERNO

Programa de Resíduos Sólidos Urbanos (PNRS), voltado para o desenvolvimento


dos processos de gestão e gerenciamento adequados de resíduos.
Para o cumprimento de sua missão institucional, a SRHU conta com três
departamentos subordinados: Departamento de Recursos Hídricos, Departamento
de Revitalização de Bacias Hidrográficas e Departamento de Ambiente Urbano.
À Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental (SMCQ)
compete formular as políticas para promoção da qualidade ambiental do ar,
do solo, do mar e da zona costeira; e de prevenção e atendimento a situações
de emergência ambiental. A Secretaria também é responsável pela definição de
estratégias para adaptar e aliviar os efeitos das mudanças climáticas; e a coorde-
nação do Grupo Executivo do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima,
encarregado da elaboração do Plano Nacional sobre Mudança do Clima. Para
tanto, a Secretaria conta com três departamentos subordinados: Departamento de
Mudanças Climáticas, Departamento de Licenciamento e Avaliação Ambiental
e Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria.
Por sua vez, a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sus-
tentável (SEDR) é responsável pelas políticas, estratégias e estudos visando o
desenvolvimento sustentável e o ordenamento ambiental do território; geren-
ciamento de áreas costeiras; experiências demonstrativas de desenvolvimento
sustentável; recuperação de áreas degradadas no meio rural; aspectos ambien-
tais da produção sustentável de biocombustíveis; planejamento ambiental da
aquicultura; políticas de reposição florestal; e sustentabilidade ambiental da
atividade turística e do ecoturismo. A SEDR também coordena a elaboração do
Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) e promove a adoção de tecnologias
sustentáveis, especialmente na agricultura, no agroextrativismo e na agroindús-
tria e suas cadeias produtivas.
Três departamentos subordinados à SEDR dão apoio à Secretaria para o
cumprimento de sua missão institucional, a saber: Departamento de Extrativis-
mo, Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável e Departamento de
Zoneamento Territorial.
A Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) é o órgão competente
para propor e definir ações para os diversos biomas brasileiros em especial a
promoção de conhecimento, conservação, valoração e utilização sustentável da
biodiversidade e do patrimônio genético. Também cabe à Secretaria subsidiar a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) nas políticas e normas
relacionadas à biossegurança, particularmente no que diz respeito aos organis-
mos geneticamente modificados e às espécies invasoras.

 204 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Para tanto, a SBF conta com o apoio de quatro departamentos específicos:


Departamento de Conservação da Biodiversidade, Departamento de Florestas,
Departamento de Áreas Protegidas e Departamento do Patrimônio Genético.
Quanto à Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental
(Saic), esta tem a missão institucional de coordenar e acompanhar a Política
Nacional de Educação Ambiental (Pnea), a Conferência Nacional do Meio Am-
biente (CNMA) e a Conferência Nacional Infanto-Juvenil de Meio Ambiente.
Além disso, fornece apoio administrativo à Comissão Permanente do Cadastro
Nacional de Entidades Ambientalistas; elabora o cadastro geral de interlocutores
do MMA; promove a adoção de códigos voluntários de conduta e tecnologias
ambientalmente adequadas em empresas e órgãos públicos; e desenvolve
estatísticas ambientais e indicadores de desenvolvimento sustentável. A Saic
também é responsável pela elaboração, coordenação e acompanhamento da
implementação da Agenda 21 brasileira, bem como pelo estímulo à implemen-
tação de Agendas 21 locais e regionais.
Para o desenvolvimento pleno de suas atribuições, a Saic conta com o apoio
de três departamentos: Departamento de Coordenação do Sistema Nacional do
Meio Ambiente, Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental
e Departamento de Educação Ambiental.
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) é o órgão consultivo
e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). Formado por
representantes de órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e
sociedade civil, o Conama tem competência de estabelecer, mediante proposta do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-
ma), dos demais órgãos integrantes do Sisnama e de Conselheiros do Conama,
normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras, a ser concedido pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e
municípios e supervisionado pelo referido Instituto.
Também é incumbência do Conama determinar, quando julgar necessário,
a realização de estudos de alternativas e possíveis consequências ambientais de
projetos públicos ou privados; estabelecer, privativamente, normas e padrões
nacionais de controle da poluição causada por veículos automotores, aeronaves
e embarcações, mediante audiência dos ministérios competentes; estabelecer
sistemática de monitoramento, avaliação e cumprimento das normas ambientais;
avaliar a regulamentação, implementação e a execução da política e normas am-
bientais do país, estabelecendo sistemas de indicadores; promover a integração
dos órgãos colegiados de meio ambiente; e deliberar, sob a forma de resoluções,

 205 
POR DENTRO DO GOVERNO

proposições, recomendações e moções, visando o cumprimento dos objetivos


da Política Nacional de Meio Ambiente.
Por sua vez, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRD)
ocupa a instância mais alta na hierarquia do Sistema Nacional de Gerencia-
mento de Recursos Hídricos, instituído pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de
1997. É um colegiado que desenvolve regras de mediação entre os diversos
usuários da água e um dos responsáveis pela implementação da gestão dos
recursos hídricos no país.
Compete ao CNRD analisar propostas de alteração da legislação de re-
cursos hídricos; estabelecer diretrizes complementares para implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos; arbitrar conflitos sobre recursos hídricos;
estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos
e para a cobrança por seu uso; e aprovar e acompanhar a execução do Plano
Nacional de Recursos Hídricos.
A Comissão Nacional de Florestas (Conaflor), instituída pelo Decreto
nº 3.420, de 20 de abril de 2000, é responsável por fornecer as diretrizes para a
implementação do Plano Nacional de Florestas (PNF) e articular a participação
dos diversos grupos de interesse no desenvolvimento das políticas públicas do
setor florestal brasileiro.
Já a Comissão de Gestão de Florestas Públicas (CGFLOP) é o órgão de
natureza consultiva do Serviço Florestal Brasileiro e também tem por finalidade
assessorar, avaliar e propor diretrizes para gestão de florestas públicas brasi-
leiras, além de manifestar-se sobre o Plano Anual de Outorga Florestal (Paof).
A CGFLOP, instituída pela Lei 11.284/06 e regulamentada pelo Decreto nº
5.795/06, é composta por vinte e quatro representantes designados pelo ministro
de Estado do Meio Ambiente.
A Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) também é um cole-
giado composto por representantes de órgãos governamentais e organizações
da sociedade civil, e possui, dentre os seus objetivos, a promoção da articulação
entre programas, projetos e atividades relativas à implementação dos princípios
e diretrizes da Política Nacional da Biodiversidade e a integração de políticas
setoriais relevantes.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama)
é certamente o órgão do Ministério do Meio Ambiente mais conhecido dos
brasileiros. A autarquia federal, criada em 22 de fevereiro de 1989 pela Lei
nº 7.735, tem a incumbência, conforme determina a Lei nº 11.516, de exercer
o poder de polícia ambiental; executar ações das políticas nacionais de meio

 206 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

ambiente em nível federal, relativas ao licenciamento, controle e monitora-


mento da qualidade ambiental, autorização de uso dos recursos naturais
e à fiscalização; e executar ações supletivas de competência da União, em
conformidade com a legislação ambiental vigente.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é
a mais nova instituição ambiental do governo brasileiro. Criado pela Lei
nº 11.516, de 28 de agosto de 2007, é uma autarquia federal vinculada ao Minis-
tério do Meio Ambiente e integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama). A principal missão institucional do ICMBio é administrar as unidades
de conservação (UCs) federais, apoiar a implementação do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC) e exercer o poder de polícia ambiental para a
proteção das unidades de conservação federais. O instituto também tem a função
de executar as políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis,
bem como as políticas de apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas
unidades de conservação federais de uso sustentável.
Já o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, autarquia
vinculada, é responsável pela promoção de estudos e pesquisas qualitativas
e quantitativas sobre os recursos florísticos do Brasil. Neste sentido, o órgão
realiza pesquisa sobre os vegetais das diversas regiões do país; de sementes
de plantas nativas, florestais, frutíferas, ornamentais e medicinais; desenvol-
vimento de projetos específicos para subsidiar a conservação e o manejo do
meio ambiente; e intercâmbio de espécies e de informações com instituições
afins, nacionais e internacionais.
A Agência Nacional de Águas (ANA), autarquia criada em 2000 pela Lei
nº 9.984, tem a missão institucional de gerenciar os recursos hídricos e colocar
em execução a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei de Águas).
À ANA, portanto, compete criar condições técnicas para implementar a
Lei das Águas em sintonia com os órgãos e entidades que integram o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; implantar os instrumentos de
gestão previstos na Lei 9.433/97, dentre eles, a outorga preventiva e de direito
de uso de recursos hídricos; cobrar pelo uso da água e a fiscalização desse uso; e
ainda, buscar soluções adequadas para dois graves problemas do país: as secas
prolongadas (especialmente no Nordeste) e a poluição dos rios.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério do Meio Ambiente po-
dem ser obtidas no portal www.mma.gov.br, e sobre os titulares no endereço
eletrônico http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&i
dEstrutura=88&idConteudo=8305&idMenu=8845

 207 
POR DENTRO DO GOVERNO

 208 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.16. Ministério de Minas e Energia

O Ministério de Minas e Energia (MME), cujo titular ocupa cargo


político, tem a competência de formular, executar, acompanhar e fiscalizar
as políticas públicas nas áreas de geologia, recursos minerais e energéticos,
aproveitamento de energia hidráulica, mineração, metalurgia, petróleo,
combustível, energia elétrica e energia nuclear.
Ao Ministério cabe, ainda, cuidar das políticas de agroenergia e
eletrificação rural, quando custeadas com recursos vinculados ao Sistema
Elétrico Nacional, e zelar pelo equilíbrio conjuntural e estrutural entre a
oferta e a demanda de energia elétrica no país.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o MME criado em 1960
com a Lei nº 3.782, extinto em 1990 pela Lei nº 8.028, e recriado em 1992 por
meio da Lei nº 8.422, conta, além da Secretaria Executiva, com quatro secretarias
– Secretaria de Energia Elétrica, Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento
Energético, Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis e
a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral; três autarquias
– Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel) e Agência Nacional do Petróleo (ANP); duas so-
ciedades de economia mista – Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) e Centrais
Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras), maior companhia de energia elétrica da
América Latina; e três empresas públicas – Companhia de Pesquisas de Re-
cursos Minerais (CPRM), Comercialização Brasileira de Energia Emergencial
(CBEE) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Também exercem importante papel no cumprimento dos objetivos
e funções do MME: o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE),
o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e outras duas enti-
dades vinculadas ao Ministério, a Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica (CCEE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
À Secretaria Executiva, conforme estabelece o Decreto nº 5.267, de 9
de novembro de 2004, cujo titular é ocupante de cargo de natureza especial,
compete assistir ao ministro na definição das diretrizes e implementação
das políticas e ações do Ministério de Minas e Energia; substituir o mi-
nistro em seus impedimentos; e supervisionar e coordenar as atividades
relacionadas com os sistemas federais de planejamento, orçamento, or-
ganização, modernização administrativa, contabilidade, administração
financeira, recursos humanos e de serviços gerais.

 209 
POR DENTRO DO GOVERNO

À Secretaria de Energia Elétrica, dirigida por ocupante de cargo de


DAS 101.6, compete monitorar a expansão e desempenho dos sistemas
de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica para assegurar
o equilíbrio entre a oferta e a demanda em consonância com as políticas
públicas definidas pelo governo; acompanhar as ações de integração
elétrica com os países vizinhos, nos termos dos acordos internacionais
firmados; participar da formulação de política tarifária e de ações voltadas
ao uso múltiplo de recursos hídricos e de meio ambiente para garantir a
oferta de energia elétrica de forma sustentável em todo o território na-
cional; coordenar, quando couber, o processo de outorgas de concessão,
autorização e permissão de uso de bem público para serviços de energia
elétrica; e funcionar como núcleo de gerenciamento dos programas e
projetos na área de energia elétrica.
Para o cumprimento de sua importante missão institucional, a Se-
cretaria conta com três departamentos subordinados, a saber: Departa-
mento de Gestão do Setor Elétrico, Departamento de Monitoramento do
Sistema Elétrico, e Departamento de Outorgas de Concessões, Permissões
e Autorizações.
Por sua vez, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Ener-
gético tem a finalidade de desenvolver ações estruturantes de longo prazo
para a implementação de políticas setoriais voltadas para o setor energé-
tico; coordenar o sistema de informações, estudos de planejamento e uso
de novas tecnologias no setor energético; apoiar a articulação do setor
energético nacional; e funcionar como um núcleo de gerenciamento dos
programas e projetos na área energética. Para tanto, conta com o apoio de
três departamentos subordinados – Departamento de Planejamento Es-
tratégico, Departamento de Desenvolvimento Energético e Departamento
de Políticas Sociais e Universalização do Acesso à Energia.
À Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis
compete promover estudos para conhecimento das bacias sedimentares
brasileiras, bem como propor diretrizes para a realização das licitações
das áreas destinadas à exploração e produção de petróleo e gás natural;
formular propostas para a elaboração de planos plurianuais para os setores
de petróleo, gás natural e combustíveis renováveis; monitorar e avaliar,
em conjunto com as agências reguladoras e instituições competentes, as
condições e evolução do abastecimento de petróleo, gás natural e com-
bustíveis renováveis e a satisfação dos consumidores; propor políticas
públicas voltadas para a maior participação da indústria nacional de bens

 210 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

e serviços no setor de petróleo e gás natural; e interagir com a Agência


Nacional do Petróleo (ANP) para assegurar o abastecimento nacional de
derivados de petróleo e adoção de medidas que minimizem o risco de
desabastecimento.
Para o cumprimento de suas atribuições, a Secretaria conta com
quatro departamentos, a saber: Departamento de Política de Exploração
e Produção de Petróleo e Gás Natural, Departamento de Gás Natural,
Departamento de Combustíveis Derivados de Petróleo, e Departamento
de Combustíveis Renováveis.
Já a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral
tem competência para formular, executar, supervisionar e fiscalizar as
políticas públicas de exploração dos recursos minerais; promover estudos
e pesquisas geológicas em todo o território nacional; coordenar a coleta e
a análise de informações sobre o desempenho da exploração de recursos
minerais; e estimular o desenvolvimento e uso de tecnologias limpas e
eficientes nos diversos segmentos do setor mineral brasileiro. Para tanto,
a Secretaria conta com a estrutura e o apoio de quatro departamentos su-
bordinados: Departamento de Gestão das Políticas de Geologia, Mineração
e Transformação Mineral, Departamento de Geologia e Produção Mineral,
Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral e Departamento
de Desenvolvimento Sustentável na Mineração.
O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), autarquia
federal criada pela Lei nº 8.876, de 2 de maio de 1994, com sede em Brasília
e circunscrição em todo o território nacional, tem por finalidade promover
o planejamento da exploração mineral e fomentar pesquisas geológicas,
minerais e de tecnologia mineral, e, ainda, assegurar, controlar e fiscalizar
o exercício da atividade de mineração em todo o país, conforme dispõem
o Código de Mineração, o Código de Águas Minerais e respectivos regu-
lamentos, bem como a legislação complementar.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia criada
pela Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, tem a atribuição de regu-
lar e fiscalizar a geração, transmissão, distribuição e comercialização de
energia elétrica.
A Aneel também atua para solucionar conflitos de interesses entre
agentes do setor elétrico e os consumidores de modo a garantir a cobrança
de preço justo pela energia elétrica. Nesse sentido, a agência reguladora
também concede, permite e autoriza instalações e serviços de energia;

 211 
POR DENTRO DO GOVERNO

zela pela qualidade do serviço ao exigir investimentos no setor; procura


estimular a competição entre os operadores e busca assegurar a univer-
salização dos serviços.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), implantada em 1998 pelo Decreto nº 2.455, é o órgão regulador
das atividades que integram a indústria do petróleo e gás natural e a dos
biocombustíveis no Brasil. Autarquia federal, a ANP é responsável pela
execução da política nacional para o setor energético do petróleo, gás natural
e biocombustíveis, de acordo com a Lei do Petróleo (Lei nº 9.478/1997).
A Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), sociedade de economia
mista, criada em outubro de 1953 pela Lei nº 2.004, tem o objetivo social
definido no art. 61 da Lei nº 9.478, de 06/08/1997 e no art. 26, da Lei
nº 10.438, de 22/04//2002, de Companhia integrada da indústria do
petróleo para executar as atividades do setor petrolífero no Brasil em
nome da União.
A Petrobras, vinculada o Ministério de Minas e Energia, exerce
atividades de pesquisa e lavra de jazidas de petróleo e gás natural e
outros hidrocarbonetos fluidos; de refinação do petróleo nacional ou
estrangeiro; de importação e exportação do petróleo e seus derivados;
de transporte marítimo do petróleo bruto e seus derivados de origem
nacional ou estrangeira, assim como o transporte por dutos de petróleo
bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem, além das ativi-
dades vinculadas à energia, podendo promover a pesquisa, o desenvol-
vimento, a produção, o transporte, a distribuição e a comercialização de
todas as formas de energia, bem como de quaisquer outras atividades
correlatas ou afins.
Presente atualmente em vinte e sete países, desde 1997, a empresa per-
mitiu ao Brasil ingressar no seleto grupo de dezesseis países que produzem
mais de um milhão de barris de óleo por dia. A Petrobras também tem o
título de campeã mundial na produção de petróleo em águas profundas. Sua
atuação em mais de cinquenta anos permitiu ao país, desde 2006, tornar-se
auto-suficiente na produção de petróleo e alcançar, em 2007, a classificação
de sétima maior empresa de petróleo do mundo com ações negociadas em
bolsas de valores.
O Sistema Petrobras é composto por trezentos e quatro empresas.
Destas, cento e noventa e nove são controladas, sessenta e seis controladas
em conjunto e trinta e nove coligadas. O Sistema possui ainda participação

 212 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

em dezesseis sociedades de propósitos específicos (SPES), além de outras


seis empresas que se encontram em processo de liquidação.
A Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás), sociedade de
economia mista, criada pelo presidente João Goulart em 1962, tem como
foco de atuação as áreas de geração e transmissão de energia elétrica, nas
quais é líder do mercado nacional. A empresa também é responsável pela
execução do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, cuja
finalidade é promover o uso racional da energia elétrica.
No cumprimento das atividades de geração e transmissão de
energia elétrica no Brasil, a Eletrobrás conta com seis subsidiárias:
Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf); Furnas Centrais
Elétricas S.A.; Eletrosul Centrais Elétricas S.A.; Centrais Elétricas do
Norte S.A. (Eletronorte); Companhia de Geração Térmica de Energia
Elétrica (CGTEE); Eletrobrás Termonuclear S.A. (Eletronuclear). Além de
principal acionista destas empresas, a Eletrobrás, em nome do governo
brasileiro, detém metade do capital da Itaipu Binacional.
A Eletrobrás também controla o Centro de Pesquisas de Energia
Elétrica (Cepel), a Eletrobrás Participações S.A. (Eletropar), e atua na área
de distribuição de energia por meio das seguintes empresas: Eletroacre
(AC), Ceal (AL), Cepisa (PI), Ceron (RO), Manaus Energia (AM) e Boa
Vista Energia (RR).
A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa
governamental vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem a atri-
buição de executar os serviços geológicos do país. Entre as atividades que
desenvolve, estão a realização de levantamentos geofísicos, geoquímicos,
hidrológicos, hidrogeológicos, a gestão e divulgação de informações ge-
ológicas e hidrológicas.
Já a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública criada
em 2004 pela Lei nº 10.847, tem por finalidade prestar serviços na área de
estudos e pesquisas imprescindíveis ao planejamento do setor energéti-
co nas áreas de energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados,
carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética,
dentre outras.
A EPE também tem a incumbência de realizar estudos para o apro-
veitamento adequado do potencial energético de rios compartilhados com
países limítrofes; e propor ações para o plano de expansão da geração e
transmissão de energia elétrica de curto, médio e longos prazos.

 213 
POR DENTRO DO GOVERNO

Quanto ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE),


trata-se de um órgão de assessoramento do presidente da República na
formulação de políticas e diretrizes de energia destinadas a promover o
aproveitamento racional dos recursos energéticos do país.
O CNPE também tem a incumbência de promover medidas de pro-
teção dos interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta
de produtos; preservar o interesse nacional; e estabelecer diretrizes para
programas específicos, como os de uso do gás natural, do álcool, de outras
biomassas, do carvão e da energia termonuclear.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), criado pela
Lei nº 10.848, de 2004, tem a função de acompanhar e avaliar permanen-
temente a continuidade e a segurança do suprimento eletroenergético em
todo o território nacional.
O CMSE, presidido pelo ministro de Estado de Minas e Energia e
composto por representantes das agências reguladoras (Aneel e ANP),
da Empresa de Pesquisa Energética, da Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica e do Operador Nacional do Sistema Elétrico, tem a atri-
buição de acompanhar o desenvolvimento das atividades de geração,
transmissão, distribuição, comercialização, importação e exportação de
energia elétrica, gás natural e petróleo e seus derivados; realizar análise da
demanda, oferta e qualidade de insumos energéticos; identificar dificul-
dades e obstáculos de caráter técnico, ambiental, comercial, institucional
e outros que afetem ou possam afetar a regularidade e a segurança de
abastecimento e atendimento à expansão dos setores de energia elétrica,
gás natural e petróleo e seus derivados; e elaborar propostas de ajustes,
soluções e recomendações de ações preventivas ou saneadoras, com
vistas à manutenção ou restauração da segurança no abastecimento e no
atendimento eletroenergético.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), criada
em novembro de 2004, tem a finalidade de viabilizar a comercialização de
energia elétrica. A CEE, que tem o status de associação civil integrada por
agentes das categorias de geração, de distribuição e de comercialização,
desempenha papel estratégico para viabilizar as operações de compra e
venda de energia elétrica.
Por sua vez, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), enti-
dade de direito privado, sem fins lucrativos, criada em 26 de agosto de
1998, é responsável pela coordenação e controle da operação das instala-

 214 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

ções de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado


Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel).
A missão do ONS é operar o Sistema Interligado Nacional de forma
integrada, com transparência, equidade e neutralidade, de modo a garantir
a segurança, a continuidade e a economicidade do suprimento de energia
elétrica no país. São objetivos estratégicos do ONS aumentar a segurança
eletroenergética; responder aos desafios decorrentes da diversificação da
matriz energética brasileira e do aumento da complexidade de operação
do SIN; e aperfeiçoar a ação do ONS como gestor da rede de instalações
e sua atuação nas redes de agentes e instituições.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério de Minas e Energia
podem ser obtidas no portal www.mme.gov.br, e sobre os titulares no
endereço eletrônico http://www.mme.gov.br/mme/menu/institucio-
nal/quem_e_quem.html

 215 
POR DENTRO DO GOVERNO

 216 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.17. Ministério da Pesca e Aquicultura

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), cujo titular ocupa cargo po-


lítico, é a mais nova pasta na Esplanada dos Ministérios. Criado originalmente
como secretaria vinculada à Presidência da República, foi transformada em
Ministério com a Lei nº 11.958, de 26 de junho de 2009.
Compete ao Ministério formular, executar e acompanhar a política nacional
de pesca e aquícola, desde o processo de produção, transporte, beneficiamento,
armazenagem, transformação, abastecimento e comercialização.
A responsabilidade pela atividade pesqueira no país abrange a promoção,
execução e avaliação de medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvi-
mento da pesca artesanal e industrial, bem como as ações voltadas à implantação
de infraestrutura de apoio à produção e comercialização do pescado e de fomento
à pesca e aquicultura, além da organização e manutenção do Registro Geral da
Pesca previsto no artigo 93 do Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967.
Cabe-lhe, ainda, normatizar e estabelecer medidas que permitam o apro-
veitamento sustentável dos recursos pesqueiros altamente migratórios e dos
que estejam subexplorados ou inexplorados, bem como supervisionar, coorde-
nar e orientar as atividades referentes às infraestruturas de apoio à produção
e circulação do pescado e das estações e postos de aquicultura, e manter, em
articulação com o Distrito Federal, estados e municípios, programas racionais
de exploração da aquicultura em águas públicas e privadas.
Para o cumprimento de sua missão institucional, a estrutura do MPA é
formada, além da Secretaria Executiva, por quatro secretarias – Secretaria de
Planejamento e Ordenamento da Aquicultura, Secretaria de Planejamento e
Ordenamento da Pesca, Secretaria de Monitoramento e Controle da Pesca e
Aquicultura e Secretaria de Infraestrutura e Fomento da Pesca e Aquicultura;
pelo Conselho Nacional de Aquicultura e Pesquisa; e unidades descentra-
lizadas, que são as Superintendências Federais de Pesca e Aquicultura e os
escritórios regionais.
À Secretaria de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura compete
promover o planejamento da Aquicultura, fazendo a prospecção de cenários com
base nas políticas e diretrizes governamentais para a aquicultura; propor normas
para as atividades de aquicultura em águas da União, em estabelecimentos rurais
e urbanos; formular, supervisionar e avaliar políticas, programas e ações para o
setor da aquicultura; e auxiliar o ministro de Estado na definição das diretrizes
e na implementação de ações do Ministério; entre outras atribuições.

 217 
POR DENTRO DO GOVERNO

Para tanto, a Secretaria conta dois departamentos, a saber: Departamento


de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura em Águas da União; e Depar-
tamento de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura em Estabelecimentos
Rurais e Áreas Urbanas.
Por sua vez, à Secretaria de Planejamento e Ordenamento da Pesca, com-
pete propor políticas, programas e ações para o desenvolvimento sustentável
da pesca; propor medidas e critérios de ordenamento das atividades de pesca
industrial, pesca artesanal, pesca ornamental e pesca amadora, de acordo com
a legislação em vigor; promover estudos, diagnósticos e avaliações sobre os te-
mas de sua competência; e analisar os pedidos de autorização de arrendamento
de embarcações estrangeiras de pesca, como previsto na legislação vigente,
mantendo em arquivo a documentação pertinente. São departamentos subor-
dinados à Secretaria e auxiliares no cumprimento de sua missão institucional:
o de Planejamento e Ordenamento da Pesca Industrial e o de Planejamento e
Ordenamento da Pesca Artesanal.
A Secretaria de Monitoramento e Controle da Pesca e Aquicultura é
responsável por formular as políticas de registro, monitoramento e controle
da pesca e aquicultura; apoiar a regulamentação inerente ao exercício da
aquicultura e da pesca, garantindo o uso sustentável dos recursos pesqueiros e a
sustentabilidade ambiental da atividade aquícola; coordenar o sistema de coleta
e sistematização de dados sobre a pesca e o cultivo; e preparar, para fornecer aos
órgãos da Administração federal, os dados do Registro Geral da Pesca relativos
às licenças, permissões e autorizações concedidas para a pesca e a aquicultura,
para fins de registro automático dos beneficiários no Cadastro Técnico Federal
de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais.
Compõem a Secretaria dois departamentos: Departamento de Registro da Pesca
e Aquicultura e Departamento de Monitoramento e Controle.
Por último, à Secretaria de Infraestrutura e Fomento da Pesca e Aquicultura
compete planejar, fomentar, coordenar, implantar e avaliar as atividades, pro-
gramas e ações de infraestrutura, logística, comercialização, crédito, assistência
técnica, extensão rural e pesquisa da pesca e da aquicultura; formular as políti-
cas creditícias específicas para a atividade pesqueira aquícola; supervisionar e
orientar as atividades referentes à implantação da logística aplicada às cadeias
produtivas do setor aquícola e pesqueiro; desenvolver ações para fomento da
pesca e aquicultura em articulação com estado, municípios, Distrito Federal
e outras entidades públicas e privadas; promover o pescado brasileiro nos mer-
cados nacional e internacional; e prospectar novos mercados nacionais e inter-
nacionais para incrementar o consumo e exportação do pescado brasileiro.

 218 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Para o cumprimento de suas atribuições, a Secretaria conta com a asses-


soria, apoio técnico e humano de dois departamentos (Departamento de Infra-
estrutura e Logística e Departamento de Fomento).
Ao Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca, presidido pelo ministro da
Pasta e composto por regulamento por outras representações do Poder Executivo,
compete subsidiar a formulação da política nacional para a pesca e aquicultura,
propondo diretrizes para o desenvolvimento e fomento da produção pesqueira
e aquícola, apreciar as diretrizes para o desenvolvimento do plano de ação da
pesca e aquicultura e propor medidas destinadas a garantir a sustentabilidade
da atividade pesqueira e aquícola.
O potencial para o desenvolvimento da aquicultura é imenso. O Brasil é
constituído por 8.400 km de costa marítima, 5,5 milhões de hectares de reservató-
rios de águas doces, aproximadamente 12% da água doce disponível no planeta,
clima favorável para o crescimento dos organismos cultivados, mão-de-obra
abundante e crescente demanda por pescado no mercado interno.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério da Pesca e Aquicultura
podem ser obtidas no portal http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presi-
dencia/seap/sobre/, e sobre os titulares, no endereço eletrônico http://tuna.
seap.gov.br/seap/html/sobre_secretaria/estrutura_main.html# , clicando no
ícone Estrutura Organizacional.

 219 
POR DENTRO DO GOVERNO

 220 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.18. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog), cujo titular


ocupa cargo político, tem a missão de formular, promover, executar, acompa-
nhar e avaliar o planejamento estratégico da gestão pública nacional, que inclui
o orçamento federal, a coordenação de pessoal civil, a administração de recursos
da informação, de informática e do patrimônio, bem como a iniciativa para a
organização e modernização administrativa da máquina pública.
O Mpog em conjunto com o Ministério da Fazenda e a Casa Civil da Pre-
sidência da República formam a chamada junta orçamentária, responsável pela
autorização dos grandes e decisivos gastos nas ações de governo. O Planejamento
também é o órgão do Governo responsável pela administração da maioria dos
sistemas de gestão da administração pública federal, a saber: Sistema de Infor-
mações Organizacionais (Siorg), Sistema Integrado de Dados Orçamentários
(Sidor), Sistema Integrado das Empresas Estatais (Siest), Sistema de Informações
Gerenciais de Planejamento (Sigplan), Sistema Integrado de Administração de
Pessoas (Siape), Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg)
e Sistema Integrado de Estruturas de Governo (Sieg).
Ao Ministério do Planejamento compete, entre outras atribuições,
avaliar o impacto socioeconômico das políticas e programas do governo
federal; realizar estudos e pesquisas para acompanhamento da conjuntura
socioeconômica e gestão dos sistemas cartográficos e estatísticos nacionais;
elaborar, acompanhar e avaliar o plano plurianual de investimentos e os
orçamentos anuais; viabilizar novas fontes de recursos para os planos de
governo; acompanhar o desempenho fiscal do setor público; realizar a
administração patrimonial e propor políticas e diretrizes para modernização
do Estado; além de formular diretrizes, coordenar negociações, acompanhar
e avaliar os financiamentos externos de projetos públicos com organismos
multilaterais e agências governamentais.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o Mpog conta, além da
Secretaria Executiva, com sete secretarias – Secretaria de Planejamento e Inves-
timentos Estratégicos, Secretaria de Orçamento Federal, Secretaria de Assuntos
Internacionais, Secretaria de Gestão, Secretaria de Logística e Tecnologia da In-
formação, Secretaria de Recursos Humanos e Secretaria de Patrimônio da União;
quatro comissões – Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), Comissão
Nacional de Cartografia (Concar), Comissão Nacional de Classificação (Concla)
e Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (CNPD); e duas entida-

 221 
POR DENTRO DO GOVERNO

des vinculadas – Fundação Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e


Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Consultoria Jurídica (Conjur), a Assessoria Econômica e a Ouvidoria-
Geral do Servidor também desempenham papel extremamente importante
para o cumprimento das atribuições do Ministério do Planejamento. À Conjur,
órgão setorial da Advocacia-Geral da União (AGU), subordinada ao ministro do
Planejamento, compete assessorar o ministro nas matérias de natureza jurídica,
elaboração de estudos, informações, pareceres e no controle interno da legalidade
administrativa dos atos praticados. A Assessoria Econômica tem competência
para assessorar o ministro no acompanhamento da política econômica; participar
da elaboração de propostas de alteração da legislação orçamentária; apreciar pla-
nos ou programas de natureza econômica submetidos ao Ministério e promover
estudos e acompanhar a implementação das políticas governamentais.
A Ouvidoria do Servidor, canal de comunicação da Secretaria de Recur-
sos Humanos do Ministério do Planejamento, possui como foco o servidor
público federal, sua satisfação e sua relação com as demais organizações
da máquina pública. Por meio dos portais http://www.servidor.gov.br
e http://www.ouvidoriadoservidor.gov.br, o servidor público pode enviar
mensagens de elogio, reclamação, sugestão, pedido de informações e realizar
denúncias de assédio moral ou sexual no serviço público.
A Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI), juntamen-
te com cinco departamentos que a constituem – Departamento de Planejamento,
Departamento de Gestão do Ciclo do Planejamento, Departamento de Temas
Sociais, Departamento de Temas Econômicos e Especiais e Departamento de
Temas de Infraestrutura –, tem competência para estabelecer diretrizes e nor-
mas para elaboração e implementação do plano plurianual e dos programas em
investimentos estratégicos, bem como para o planejamento territorial; coorde-
nar, orientar e supervisionar a elaboração e a gestão do plano plurianual e de
projetos especiais de desenvolvimento; identificar, analisar e avaliar os investi-
mentos estratégicos governamentais, fontes de financiamento e articulação com
os investimentos privados, bem como prestar apoio gerencial e institucional à
sua implementação; e desenvolver estudos com o objetivo de viabilizar fontes
alternativas de recursos para financiar o desenvolvimento do país.
Por sua vez, a Secretaria de Orçamento Federal (SOF), juntamente com
seus quatro departamentos – Departamento de Programas da Área Econômica,
Departamento de Programas Especiais, Departamento de Programas de Infraes-
trutura e Departamento de Programas Sociais – tem competência para coordenar,

 222 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

consolidar e supervisionar a elaboração da lei de diretrizes orçamentárias


e da proposta orçamentária da União, compreendendo os orçamentos fiscal e
da Seguridade Social, em articulação com a Secretaria de Planejamento e Inves-
timentos Estratégicos; preparar os projetos de lei de diretrizes orçamentárias e
de orçamento da União; estabelecer as normas necessárias à elaboração e à im-
plementação dos orçamentos federais; propor medidas para o aperfeiçoamento
do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal; e orientar, coordenar e
supervisionar tecnicamente os órgãos setoriais de orçamento.
A Secretaria de Assuntos Internacionais (Seain) é o órgão do Ministério do
Planejamento responsável por formular diretrizes, planejar e coordenar as políti-
cas e ações para negociação e captação de recursos financeiros junto a organismos
multilaterais e agências governamentais estrangeiras, destinados a programas
e projetos do setor público; subsidiar a elaboração dos planos plurianuais e do
projeto de lei de diretrizes orçamentárias; e acompanhar e avaliar as políticas e
diretrizes globais dos organismos multilaterais de desenvolvimento e formular
a posição brasileira em relação a esses organismos e governo estrangeiros.
À Secretaria de Gestão, juntamente com os quatro departamentos que
a constituem – Departamento de Programas de Cooperação Internacional em
Gestão Pública, Departamento de Articulação e Inovação Institucional, De-
partamento de Modernização Institucional e Departamento de Programas de
Gestão –, compete coordenar, orientar e supervisionar a elaboração de políticas
e diretrizes de governo para a gestão pública; formular, propor, coordenar e
apoiar a implementação de planos, programas, projetos e ações estratégicos
de transformação da gestão pública; promover e apoiar a implementação de
ciclos contínuos de avaliação da gestão nas organizações públicas; gerir cargos
comissionados e funções comissionadas de natureza técnica; propor políticas e
diretrizes relativas aos dirigentes públicos e às funções da alta burocracia, em
articulação com a Secretaria de Recursos Humanos; promover a gestão do co-
nhecimento, o diálogo de políticas e a cooperação técnica em gestão pública de
forma articulada com órgãos, entidades, poderes e esferas federativas e outros
países; gerir as atividades técnico-administrativas referentes à implementação
de programas de cooperação internacional.
A Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI), em conjunto
com os cinco departamentos que a constituem – Departamento de Logística e
Serviços Gerais, Departamento de Serviços de Rede; Departamento de Integração
de Sistemas de Informação, Departamento de Governo Eletrônico e Departa-
mento Setorial de Tecnologia da Informação –, tem a missão institucional de
ampliar a transparência e o controle social sobre as ações do Governo Federal.

 223 
POR DENTRO DO GOVERNO

Para tanto, compete à secretaria planejar, coordenar, supervisionar e orientar


normativamente as atividades do Sistema de Administração de Recursos de
Informação e Informática (Sisp), propondo políticas e diretrizes de tecnologia
da informação, no âmbito da administração pública federal direta, autárquica
e fundacional.
A Secretaria de Recursos Humanos (SRH) do Ministério do Planejamento
tem como principal responsabilidade a tarefa de elaborar normas e definir proce-
dimentos a serem observados e cumpridos pelas áreas de recursos humanos de
toda a Administração Pública Federal. A SRH também realiza as atividades de
coordenação, controle e supervisão dos assuntos relativos a cadastro e lotação,
remuneração, folha de pagamento, seguridade social e benefícios dos servidores
públicos federais.
A SRH também é competente para supervisionar a aplicação das políticas
e diretrizes de classificação e reclassificação de cargos, organização de carreiras,
recrutamento, seleção, capacitação e desempenho dos servidores da Adminis-
tração Federal direta, autárquica e fundacional.
Para o cumprimento de sua missão institucional, a SRH conta com três
departamentos: Departamento de Relações de Trabalho, Departamento de Ad-
ministração de Sistemas de Informação de Recursos Humanos e Departamento
de Normas e Procedimentos Judiciais; duas coordenações-gerais – Coordenação-
Geral de Desenvolvimento de Recursos Humanos e Coordenação-Geral de
Seguridade Social e Benefícios do Servidor –; a Auditoria de Recursos Humanos
e a Ouvidoria do Servidor.
A Ouvidoria funciona como uma caixa de ressonância interna da admi-
nistração pública para a solução de demandas dos servidores e a consequente
melhoria de qualidade na prestação dos serviços públicos.
O Departamento de Administração de Sistemas de Informação de Recursos
Humanos (Dasis) tem competência, entre outras, para administrar e controlar
a inclusão, alteração e exclusão de dados cadastrais dos servidores públicos
federais, dos empregados públicos, estagiários e dos empregados das empresas
públicas e das sociedades de economia mista, que recebam dotações à conta do
Orçamento Geral da União para despesas com pessoal, ou por meio de contratos
de cooperação internacional; e promover estudos e apoiar ações relacionadas à
melhoria dos processos de gestão de recursos humanos.
Ao Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais (Denop) compete
gerenciar as atividades de redistribuição, readmissão e cessão de servidores pú-
blicos federais para órgãos e entidades de outros poderes e esferas de governo;
oferecer subsídios, dirimir dúvidas e orientar quanto à aplicação da legislação
relativa à administração de recursos humanos, no âmbito da administração fe-
deral direta, autárquica e fundacional; executar as atividades relacionadas com

 224 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

cadastro e pagamento de reparação econômica de caráter indenizatório relativas


a anistiados políticos e a seus beneficiários; e propor, elaborar e implementar
atos, normas complementares e procedimentais relativos à aplicação e ao cum-
primento uniformes da legislação de administração de recursos humanos.
O Departamento de Relações de Trabalho (Dert) tem competência para
estabelecer, gerir e implementar mecanismos que garantam a democratização
das relações de trabalho na administração pública federal, possibilitando a
valorização do servidor e a eficiência do serviço público; propor e supervisionar
a aplicação das políticas e diretrizes relacionadas com a classificação e
reclassificação de cargos, organização de carreiras e remuneração no âmbito da
administração federal direta, autárquica e fundacional; e promover o permanente
acompanhamento da evolução quantitativa e qualitativa da força de trabalho
dos órgãos e entidades integrantes da administração federal, bem como da
remuneração e das despesas de pessoal, com o objetivo de orientar a proposição
de políticas e diretrizes.
Já a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), conjuntamente com os
quatro departamentos que a constituem – Departamento de Incorporação
de Imóveis, Departamento de Gestão de Receitas Patrimoniais, Departa-
mento de Caracterização do Patrimônio e Departamento de Destinação
Patrimonial –, é responsável por administrar o patrimônio imobiliário da
União e zelar por sua conservação. Para tanto, a SPU tem poder de lavrar,
com força de escritura pública, os contratos de aquisição, alienação, locação,
arrendamento, aforamento, cessão e demais atos relativos a imóveis da União e
providenciar os registros e as averbações junto aos cartórios competentes; pro-
mover o controle, fiscalização e manutenção dos imóveis da União utilizados em
serviço público; e administrar os imóveis residenciais de propriedade da União
destinados à utilização pelos agentes políticos e servidores federais.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão podem ser obtidas no portal http://www.
planejamento.gov.br, e sobre os titulares no endereço eletrônico http://
www.planejamento.gov.br/secretaria.asp?cat=231&sec=24

 225 
POR DENTRO DO GOVERNO

 226 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.19. Ministério da Previdência Social

O Ministério da Previdência Social (MPS), cujo titular ocupa cargo


político, tem a competência de gerenciar, fomentar e aumentar a eficiência
do maior programa social do país formado pela Previdência Social e a Pre-
vidência Complementar.
A Previdência Social é o seguro social destinado à pessoa que contribui.
É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos
aos seus segurados. A renda transferida pela Previdência Social é utilizada para
subsidiar a renda do trabalhador contribuinte quando ocorre a perda da capaci-
dade de trabalho, seja por acometimento de doença, invalidez, idade avançada,
morte e desemprego involuntário, maternidade ou reclusão.
Constituem benefícios da Previdência Social a aposentadoria especial, por
idade, por invalidez e por tempo de contribuição; bem como os auxílios acidente,
doença, reclusão, pensão por morte, salário-família e o salário-maternidade.
Quanto aos Benefícios de Prestação Continuada da Lei Orgância da
Assistência Social (BPC-Loas), que não constituem benefícios previdenciários,
destinados para idosos e pessoas com deficiência, sua concessão e fiscalização
são responsabilidade do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) que, para
tanto, conta com a logística do Ministério da Previdência.
Para o cumprimento da missão institucional de garantir proteção ao tra-
balhador e sua família, por meio de sistema público de política previdenciária
solidária, inclusive a sustentável, com o objetivo de promover o bem-estar
social, a estrutura organizacional do Ministério é constituída pelo Gabinete
do Ministro e Assessorias; Consultoria Jurídica; Ouvidoria-Geral; Secretaria
Executiva; Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPS), Secretaria de
Previdência Complementar (SPC); e quatro Conselhos: Conselho Nacional
de Previdência Social (CNPS), Conselho Nacional de Dirigentes de Regimes
Próprios de Previdência Social (Conaprev), Conselho de Recursos da Previdência
Social (CRPS) e Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC).
Também compõem a estrutura do Ministério o Instituto Nacional do Segu-
ro Social (INSS), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
(Dataprev) e a Escola da Previdência Social, responsável pela formação, quali-
ficação e requalificação de servidores e empregados da Previdência Social.
À Secretaria Executiva do Ministério da Previdência compete assistir ao
ministro nas ações de formulação, coordenação, implementação e supervisão
das diretrizes das políticas previdenciárias. Cumpre, ainda, o papel de órgão
setorial dos Sistemas de Pessoal Civil da Administração Federal (Sipec), de
Organização e Modernização Administrativa (Somad), de Administração
dos Recursos de Informação e Informática (Sisp), de Serviços Gerais (Sisg), de

 227 
POR DENTRO DO GOVERNO

Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira Federal e


de Contabilidade Federal, por intermédio da Subsecretaria de Planejamento,
Orçamento e Administração a ela subordinada.
À Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPS), cujo titular ocupa
cargo de DAS 101.6, compete assistir ao ministro nas atividades de formulação
das políticas previdenciárias e supervisão dos programas e atividades das
entidades vinculadas; na proposição de normas gerais para organização e
manutenção dos regimes próprios de previdência da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios; na orientação, acompanhamento, norma-
tização e supervisão das ações da previdência social nas áreas de benefícios
e arrecadação previdenciária. Para tanto, a Secretaria conta com o apoio de
três departamentos: Departamento do Regime Geral de Previdência Social,
Departamento dos Regimes de Previdência no Serviço Público e Departa-
mento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional.
À Secretaria de Previdência Complementar (SPC), cujo titular também
ocupa cargo de DAS 101.6, compete assistir ao ministro da Previdência Social
nas tarefas de planejamento, supervisão, coordenação, orientação e controle da
formulação de programas e normas a serem observados e aplicados na Previdên-
cia Complementar, cuja finalidade é garantir a complementação dos benefícios
conferidos pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
A SPC, em conjunto com o Conselho de Gestão da Previdência Comple-
mentar (CGPC), é responsável pela regulação das atividades das entidades fe-
chadas de previdência complementar. O CGPC funciona, inclusive, como órgão
recursal, responsável pela apreciação de recursos interpostos contra decisões da
SPC, e versa sobre penalidades administrativas. Compõem o CGPC os ministros
da Previdência, da Fazenda e do Planejamento, e representantes dos fundos de
pensão, tanto dos participantes e assistidos, quanto dos patrocinadores e insti-
tuidores de planos de previdência.
Para o cumprimento efetivo de suas atribuições, a Secretaria de Previdência
Complementar conta com o apoio e a estrutura de cinco departamentos: De-
partamento de Análise Técnica, Departamento de Monitoramento e Controle,
Departamento de Legislação e Normas, Departamento de Relações Institucionais
e Organização e Departamento de Fiscalização.
O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), órgão superior de
deliberação colegiada tem como principal objetivo apresentar propostas para a
melhoria da gestão e da política previdenciárias. Participam do CNPS represen-
tantes do governo federal, dos empresários, dos trabalhadores em atividade e dos
aposentados e pensionistas. Já o Conselho Nacional de Dirigentes de Regimes
Próprios de Previdência Social (Conaprev) é uma entidade associativa civil, sem
fins lucrativos, composta por representantes de órgãos ou entidades responsáveis
pela gestão dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) da União, dos

 228 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

estados e do Distrito Federal, além de representantes dos municípios. O órgão,


criado em 2001, tem o objetivo de articular as diferentes instâncias do RPPS,
contribuindo para a superação dos problemas decorrentes da implementação
dos regimes próprios de Previdência Social.
Quanto ao Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), trata-se
de um órgão colegiado, que funciona como um tribunal administrativo e tem
por finalidade mediar os litígios entre segurados e INSS, conforme dispuser a
legislação e a Previdência Social.
O CRPS é formado por quatro Câmaras de Julgamento (CAJ), localizadas
em Brasília, que julgam em segunda e última instância matéria de benefício,
e por 29 Juntas de Recursos (JR) nos diversos estados que julgam matéria de
benefício em primeira instância. Preside o CRPS um representante do governo,
com notório conhecimento da legislação previdenciária, nomeado pelo ministro
de Estado da Previdência Social.
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) também exerce papel pre-
ponderante na estrutura do Ministério da Previdência. A autarquia, depois da
criação da Receita Federal do Brasil, não tem mais a incumbência de constituir
e cobrar os créditos previdenciários. Quanto aos benefícios previdenciários,
mantém a competência para a sua concessão e pagamento.
No cumprimento de suas funções, o INSS conta com o apoio, asses-
soria e assistência da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência
Social (Dataprev), empresa de tecnologia que faz o processamento de todos
os dados da Previdência.
A Dataprev, fundada em 1974, com sede em Brasília, uma filial regional na
cidade do Rio de Janeiro e ação em todo o território nacional, compreendendo
vinte e três unidades regionais, quatro unidades de atendimento e mais de três
mil empregados, é responsável pelo processamento da maior folha de paga-
mento do país e a distribuição de renda a 25 milhões de brasileiros em todos os
recantos do Brasil.
Compete à Dataprev o processamento do Cadastro Nacional de Informa-
ções Sociais (CNIS), base de dados de âmbito nacional que contém informações
cadastrais de trabalhadores empregados e contribuintes individuais, emprega-
dores, vínculos empregatícios e remunerações. O banco de dados possui mais de
494 milhões de vínculos de trabalhadores assalariados no Brasil, desde 1976.
A empresa também hospeda e é responsável pelas bases da receita previ-
denciária, do contencioso e dívida ativa. Mensalmente, gera a folha de pagamento
do INSS e processa em torno de sete milhões de Guias da Previdência Social.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério da Previdência Social
podem ser obtidas no portal http://www.previdencia.gov.br, e sobre os titulares
no endereço eletrônico http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.
php?id=143

 229 
POR DENTRO DO GOVERNO

 230 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.20. Ministério das Relações Exteriores

O Ministério das Relações Exteriores (MRE), cujo titular ocupa cargo po-
lítico, é responsável por assessorar o presidente da República na formulação e
execução da política externa brasileira.
O MRE também conhecido como Itamaraty, além da competência pela
definição da política internacional, das relações diplomáticas e dos serviços
consulares, participa de negociações comerciais, econômicas, técnicas e culturais
com governos e entidades estrangeiras; estabelece programas de cooperação
internacional; apóia delegações, comitivas e representações brasileiras em
agências e organismos internacionais e multilaterais; bem como desempenha
as atividades de demarcação das fronteiras brasileiras.
O MRE é formado por três secretarias – Secretaria de Controle Interno, Se-
cretaria de Planejamento Diplomático e Secretaria-Geral de Relações Exteriores;
sete subsecretarias – Subsecretaria-Geral da América do Sul, Subsecretaria-Geral
de Assuntos Econômicos e Tecnológicos, Subsecretaria-Geral das Comunida-
des Brasileiras no Exterior, Subsecretaria-Geral de Cooperação e de Promoção
Comercial, Subsecretaria-Geral Político I, Subsecretaria-Geral Político II e
Subsecretaria-Geral do Serviço Exterior; e a Assessoria Especial de Assuntos
Federativos e Parlamentares.
Internamente, o MRE inclui o Palácio Itamaraty em Brasília, sua sede,
o Palácio Itamaraty no Rio de Janeiro, atual escritório de representação, e outras
sete representações nos estados de Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Belo
Horizonte, São Paulo, Recife e Manaus.
Já para o atendimento das necessidades do país no que diz respeito à
política externa, o Itamaraty conta com 94 embaixadas, trinta e um consulados-
gerais, sete missões/delegações junto a organismos internacionais, seis consu-
lados, treze vice-consulados e os serviços de promoção comercial, assistência
consular, apoio às comunidades brasileiras no exterior, comunicação e difusão
da cultura e do idioma do país.
Para a promoção das atividades culturais, acadêmicas e pedagógicas
no campo da política internacional, bem como para o resgate da memória di-
plomática, o MRE conta com a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e o
Instituto Rio Branco (IRB ), este último também encarregado do recrutamento
e treinamento de diplomatas.
Também exerce papel preponderante na estrutura do Ministério das Rela-
ções Exteriores a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), que tem a atribuição
de negociar, coordenar, implementar e acompanhar os programas e projetos

 231 
POR DENTRO DO GOVERNO

brasileiros de cooperação técnica, executados com base nos acordos firmados


pelo Brasil com outros países e organismos internacionais.
A Secretaria de Planejamento Diplomático, órgão de assistência direta e
imediata do ministro das Relações Exteriores, tem a incumbência de desenvol-
ver as atividades de planejamento político-econômico e de ação diplomática;
acompanhar, no âmbito do Ministério, os assuntos referentes ao Ministério da
Defesa; e realizar outras atividades determinadas pelo ocupante da Pasta das
Relações Exteriores.
À Assessoria Especial de Assuntos Federativos e Parlamentares (Afepa)
compete promover a articulação entre o Ministério e o Congresso Nacional e
providenciar o atendimento às consultas e aos requerimentos formulados; pro-
mover a articulação com os governos estaduais e municipais, e as assembléias
estaduais e municipais com o objetivo de assessorá-los em suas iniciativas ex-
ternas. Também é atribuição do órgão realizar outras atividades determinadas
pelo ministro de Estado.
Em sua interlocução com os estados e municípios, a Afepa é auxiliada
pelos escritórios de representação do Itamaraty localizados em diversos estados
brasileiros, aos quais compete coordenar e apoiar, junto às autoridades locais de
suas respectivas áreas de jurisdição, as ações desenvolvidas pelo Ministério.
À Secretaria-Geral de Relações Exteriores, órgão central de direção do
Itamaraty, compete assessorar o ministro na supervisão dos serviços diplomá-
ticos, consular e na gestão das demais atividades da pasta; bem como orientar,
coordenar e supervisionar as unidades administrativas no exterior.
As sete Subsecretarias-Gerais têm a incumbência de assessorar o Secretário-
Geral das Relações Exteriores na coordenação da execução da política exterior
do país em suas respectivas áreas de competência, e também orientar, acom-
panhar e avaliar a atuação dos departamentos e demais unidades diretamente
subordinados.
A Subsecretaria-Geral da América do Sul cuida das questões de natureza
política e econômica e temas afetos à integração regional ao México, América
Central e Caribe; a Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos e Tecnológicos
tem a incumbência de prestar assessoria em temas tecnológicos e nos que sejam
relacionados à economia internacional; a Subsecretaria-Geral das Comunidades
Brasileiras no Exterior cuida dos temas relativos aos brasileiros no exterior e aos
estrangeiros que desejam ingressar no Brasil, incluindo a cooperação judiciária
internacional; a Subsecretaria-Geral de Cooperação e de Promoção Comercial tem
a missão de prestar assessoria no trato das questões relacionadas à cooperação
técnica, promoção comercial e política cultural; a Subsecretaria-Geral Política I

 232 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

presta assistência nas questões de política exterior de natureza bilateral e multi-


lateral em temas de direitos humanos e matérias internacionais de caráter espe-
cial; a Subsecretaria-Geral Política II direciona suas atividades para questões de
política exterior com os países da África, da Ásia e Oceania e do Oriente Médio;
e, por último, a Subsecretaria-Geral do Serviço Exterior exerce o duplo papel de
assessoria nos aspectos administrativos relacionados com a execução da política
exterior e de órgão setorial dos sistemas de controle da Administração Pública
Federal, notadamente o Sipec, o Sisp e o Sisg.
O Instituto Rio Branco (IRBr ), criado em 1945, como parte das comemora-
ções do centenário de nascimento de José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão
do Rio Branco e símbolo da diplomacia brasileira, é responsável pela seleção e
treinamento dos diplomatas brasileiros.
O IRBr também organiza cursos especiais para jornalistas nacionais e
estrangeiros interessados em temas de política externa. Funcionários de outros
órgãos da Administração Pública que trabalham na área de comércio exterior
também podem participar desses cursos de formação.
Quanto à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), instituída em 1971,
trata-se de fundação pública, encarregada de promover estudos, pesquisas e a
cooperação na área das relações internacionais. Para tanto, realiza atividades
culturais, pedagógicas, assim como a divulgação da política externa brasileira
em seus aspectos gerais, promovendo resgate da memória diplomática.
A atuação da Funag é realizada por meio de duas unidades próprias – o
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) e o Centro de História
e Documentação Diplomática (CHDD), este último com sede no Palácio do
Itamaraty no Rio de Janeiro, local onde se encontra um dos mais ricos acervos
sobre a história diplomática do Brasil.
Para o cumprimento de missão institucional, o CHDD realiza a edição e
reedição de livros que contam a história da diplomacia brasileira; desenvolve
pesquisas e exposições sobre o tema; faz parcerias com universidades, centros de
pesquisa e entidades financiadoras nacionais e internacionais visando à realiza-
ção de seminários, conferências, palestras e exposições sobre temas pertinentes
a relações internacionais e à política externa brasileira.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério das Relações Exterio-
res podem ser obtidas no portal http://www.mre.gov.br, e sobre os titulares
no endereço eletrônico http://www.mre.gov.br/index.php?option=com_
content&task=view&id=1339

 233 
POR DENTRO DO GOVERNO

 234 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.21. Ministério da Saúde

Ao Ministério da Saúde, cujo titular ocupa cargo político, compete


definir a política nacional de saúde, coordenar e fiscalizar o Sistema Único
de Saúde (SUS), estabelecer políticas públicas de saúde ambiental, ações de
promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive
de trabalhadores e de índios.
São também incumbências do Ministério as ações preventivas em geral,
de vigilância de saúde, especialmente de drogas, medicamentos e alimentos,
o controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos; bem
como o fomento à pesquisa científica e tecnologia na área de Saúde.
No cumprimento da missão institucional de controle e erradicação de
doenças endêmicas e parasitárias, visando mais qualidade de vida para os
brasileiros, o Ministério é constituído por dois órgãos colegiados – Conse-
lho Nacional de Saúde e Conselho de Saúde Suplementar; cinco secretarias
– Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Secretaria de Atenção à Saúde,
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa e Secretaria de Vigilância
em Saúde; e duas autarquias – Agência Nacional de Saúde Suplementar e
Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Também compõem a estrutura ministerial duas fundações públicas –
Fundação Nacional de Saúde e Fundação Oswaldo Cruz; dois institutos
– Instituto de Traumatologia e Ortopedia e o Instituto do Câncer; três
sociedades de economia mista – Hospital N. S. da Conceição S.A., Hospital
Fêmina S.A. e Hospital Cristo Redentor S.A.; e a empresa pública brasileira
de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobras).
O Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão permanente e de deliberação,
que conta com representantes do governo e dos prestadores de serviços de saú-
de, profissionais de saúde e usuários do SUS, tem a competência para analisar,
formular estratégias e controlar a execução da política nacional de saúde.
Também compete ao CNS credenciar instituições de saúde que se candida-
tem a realizar pesquisa em seres humanos; aprovar os critérios e valores para a
remuneração dos serviços e os parâmetros de cobertura assistencial; acompanhar
o processo de desenvolvimento e incorporação científica e tecnológica na área
de Saúde, para a observância de padrões éticos compatíveis com o desenvol-
vimento sociocultural do país; e, em conjunto com o Ministério da Educação,
opinar sobre a criação de novos cursos superiores na área de Saúde.

 235 
POR DENTRO DO GOVERNO

O Conselho Nacional de Saúde Suplementar (CNSS) tem a missão de atuar


na definição, regulamentação e controle das ações relacionadas com a prestação
de serviços de saúde suplementar nos aspectos médico, sanitário e epidemiológi-
co. O órgão também é responsável por fixar diretrizes gerais a serem observadas
no setor de saúde suplementar como a criação de fundo, contratação de seguro
garantidor ou outros instrumentos que julgar adequados, com o objetivo de
proteger o consumidor de planos privados de assistência à saúde em caso de
insolvência de empresas operadoras.
A Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde tem a mis-
são de elaborar e propor políticas de formação e desenvolvimento profissional
para a área de saúde e acompanhar a sua execução, bem como promover o
desenvolvimento da Rede de Observatórios de Recursos Humanos em Saú-
de; promover também a articulação com os órgãos educacionais, entidades
sindicais e de fiscalização do exercício profissional e os movimentos sociais, e
com entidades representativas da educação dos profissionais, tendo em vista
a formação, o desenvolvimento profissional e o trabalho no setor de saúde;
e fomentar a cooperação internacional, inclusive mediante a instituição e a
coordenação de fóruns de discussão, com vistas à solução dos problemas
relacionados à formação, ao desenvolvimento profissional, à gestão e à re-
gulação do trabalho em saúde, especialmente nas questões que envolvam
os países vizinhos do continente americano, os países de língua portuguesa
e os países do hemisfério sul.
Para o cumprimento de sua missão institucional, a Secretaria conta com
dois departamentos subordinados: Departamento de Gestão da Educação na
Saúde e Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) tem
como principais competências a formulação, implementação e avaliação da
Política Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde. Cabe à SCTIE viabilizar
a cooperação técnica com estados, municípios e o Distrito Federal, e com
organizações governamentais e não-governamentais visando o desenvolvi-
mento científico e tecnológico em saúde.
A Secretaria também é responsável pela definição, execução e
acompanhamento das Políticas Nacionais de Assistência Farmacêutica e de
Medicamentos, incluindo hemoderivados, vacinas, imunobiológicos e outros
insumos relacionados.
Para tanto, a SCTIE conta com o apoio de três departamentos:
Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos,

 236 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Departamento de Ciência e Tecnologia e o Departamento do Complexo


Industrial e Inovação em Saúde.
Por sua vez, a Secretaria de Atenção à Saúde tem a incumbência de
participar da formulação e implementação das políticas de atenção básica
e especializada, observando os princípios do SUS. Para o cumprimento de
sua missão institucional, a SAS conta com cinco departamentos, a saber:
Departamento de Atenção Básica, Departamento de Atenção Especializa-
da, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Departamento de
Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas, e Departamento de Gestão
Hospitalar no Estado do Rio de Janeiro.
À Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP), em conjunto
com os quatro departamentos que a constituem – Departamento de Apoio
à Gestão Participativa, Departamento de Monitoramento e Avaliação da
Gestão do SUS, Departamento de Ouvidoria-Geral do SUS e Departamento
Nacional de Auditoria do SUS –, compete formular e implementar a política
de gestão democrática e participativa do SUS e fortalecer a participação so-
cial. Além disso, a SGEP articula as ações do Ministério da Saúde referentes
à gestão estratégica e participativa com diversos setores governamentais e
não-governamentais da área da saúde. Promove, também, em parceria com
o Ministério e o Conselho Nacional de Saúde (CNS), a realização das confe-
rências de saúde e as plenárias dos conselhos de saúde.
A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), criada em junho de 2003, reforça
a atuação estratégica do Ministério nas ações de vigilância epidemiológica. Entre
as ações realizadas pela Secretaria, estão os programas nacionais de combate à
dengue, à malária e outras doenças transmitidas por vetores; o programa nacional
de imunização, a prevenção e controle de doenças imunopreveníveis, como o
sarampo, controle de zoonoses e a vigilância de doenças emergentes.
Para tanto, a SVS conta com cinco departamentos específicos e subordina-
dos: Departamento de Vigilância Epidemiológica; Departamento de Análise de
Situação de Saúde; Departamento de Apoio à Gestão da Vigilância em Saúde;
Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente
Transmissíveis e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida e Departamento de
Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador.
Alguns órgãos não fazem parte da estrutura central do Ministério da
Saúde, mas funcionam de forma vinculada. Integram essa classificação as
fundações públicas, as autarquias, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista. Essas unidades têm funções específicas e atividades com-

 237 
POR DENTRO DO GOVERNO

plementares que devem estar alinhadas com as principais questões da Saúde


e as prioridades definidas por cada governo.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é uma autarquia sob
regime especial, criada pela Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, com a incum-
bência institucional de promover a defesa do interesse público na assistência
suplementar à saúde, regular as operadoras setoriais – inclusive quanto às suas
relações com prestadores e consumidores – e contribuir para o desenvolvimento
das ações de saúde no país.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma autarquia sob
regime de natureza especial vinculada ao Ministério da Saúde. Criada pela Lei
nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, tem a missão de fomentar a proteção da saúde
da população por intermédio do controle sanitário da produção e da comercia-
lização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária.
A Anvisa também é responsável pelo controle, pela vigilância sanitária
e epidemiológica de portos, aeroportos e fronteiras, bem como a regulamen-
tação, o controle e a fiscalização de produtos e serviços que envolvam risco
à saúde pública.
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é um órgão executivo do Minis-
tério responsável pela promoção da inclusão social por meio de ações de sanea-
mento. A instituição também é responsável pela execução das políticas públicas
de saúde direcionadas aos povos indígenas. São atendidos pela fundação cerca
de quatrocentos mil índios em todo o país.
A Funasa, no cumprimento de sua tarefa institucional, também presta
apoio técnico e/ou financeiro no combate, controle e redução da mortalidade
infantil e da incidência de doenças de veiculação hídrica ou causadas pela falta
de saneamento básico e ambiental.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), criada em 25 de maio de 1900 com
o nome de Instituto Soroterápico Federal, nasceu com a missão de combater os
grandes problemas da saúde pública brasileira. Passado mais de um século de
sua fundação, a Fiocruz tornou-se um centro de conhecimento e de valorização
da ciência e da tecnologia em saúde da América Latina.
No cumprimento da missão institucional de promover a saúde e o
desenvolvimento social, gerar e difundir conhecimento científico e tecnoló-
gico, a Fiocruz conta com sete mil e quinhentos servidores em todo o território
brasileiro, seja como suporte ao Sistema Único de Saúde (SUS), seja na formula-
ção de estratégias de saúde pública, nas atividades de seus pesquisadores, nas
expedições científicas ou no alcance de seus serviços e produtos em saúde.

 238 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Essa fundação pública é responsável no âmbito do Ministério da Saúde


pelas atividades de desenvolvimento de pesquisa; prestação de serviços hospi-
talares e ambulatoriais de referência em saúde; fabricação de vacinas, medica-
mentos, reagentes e kits de diagnóstico; ensino e formação de recursos humanos;
informação e comunicação em saúde, ciência e tecnologia; controle da qualidade
de produtos e serviços; e implementação de programas sociais.
O Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), criado em 1994, é o
órgão normatizador de procedimentos em ortopedia no país. A instituição
é um centro de excelência no tratamento de doenças e traumas ortopédicos,
de média e alta complexidade.
Para o atendimento exclusivo de pacientes do SUS em todas as espe-
cialidades ortopédicas, o Into conta com 2.903 funcionários, possui quinze
consultórios, 144 leitos de internação, sendo quinze de terapia intensiva, e
oito salas cirúrgicas.
O Instituto do Câncer (Inca) também é uma referência em saúde
pública no Brasil em matéria de prevenção e controle do câncer. Todas as
atividades do Inca têm o objetivo de reduzir a incidência e mortalidade
causada pelo câncer.
São competências do Inca, definidas pelo Decreto n° 109 de 2 de maio de
1991 e reafirmadas pelos Decretos n° 2.477 de 28 de janeiro de 1998 e n° 3.496 de
1º de junho de 2000, as ações de planejamento, organização, execução, direção,
controle e supervisão de programas, projetos e atividades, em âmbito nacional,
relacionados à prevenção, diagnóstico e tratamento das neoplasias malignas e
afecções correlatas, visando à melhoria da qualidade de vida da população.
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobras),
criada pela Lei nº 10.972, de 2 de dezembro de 2004, é uma empresa pública,
vinculada ao Ministério da Saúde, cujo objetivo é atuar na produção de hemo-
derivados e biotecnologia.
A Hemobras também atua para garantir a qualidade das matérias-primas,
dos processos, serviços e produtos biológicos e reagentes obtidos por engenharia
genética ou por processos biotecnológicos na área de hemoterapia.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério da Saúde podem ser obti-
das no portal http://www.saude.gov.br, e sobre os titulares no endereço eletrô-
nico http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=378

 239 
POR DENTRO DO GOVERNO

 240 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.22. Ministério do Trabalho e Emprego

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), cujo titular ocupa cargo


político, tem competência para a formulação e execução da política e diretrizes
de geração de emprego e renda; de apoio ao trabalhador e modernização das
relações de trabalho; de formação e desenvolvimento profissional; de segurança
e saúde no trabalho; de cooperativismo e associativismo urbanos; de fiscalização
do trabalho, inclusive portuário e de imigração, bem como de aplicação das
sanções previstas em normas individuais ou coletivas.
Criado em 1930 pelo presidente Getúlio Vargas com o nome de Mi-
nistério do Trabalho, Indústria e Comércio, o MTE passou, ao longo das
últimas sete décadas, por inúmeras mudanças em sua estrutura organizacio-
nal. A partir de 1999, por meio da Medida Provisória nº 1.799 e do Decreto
nº 5.063, de 2003, o Ministério do Trabalho, além da Secretaria Executiva,
conta com os seguintes órgãos para o cumprimento de sua missão institu-
cional: quatro secretarias específicas, cujos titulares ocupam cargos de DAS
101.6 – Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, Secretaria de Inspeção
do Trabalho, Secretaria de Relações do Trabalho e Secretaria Nacional de
Economia Solidária; vinte e sete Supertindências Regionais do Trabalho; e
quatro Conselhos – Conselho Nacional do Trabalho, Conselho Curador do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, Conselho Deliberativo do Fundo
de Amparo ao Trabalhador e Conselho Nacional de Imigração.
O MTE conta, ainda, com uma entidade vinculada, a Fundação Jorge Du-
prat Figueiredo (Fundacentro), especializada em estudos e pesquisas voltadas
para a segurança, higiene e medicina do Trabalho.
A Secretaria Executiva, cujo titular ocupa cargo de natureza especial,
além da tarefa de substituir o ministro do Trabalho nos seus impedimentos,
tem competência para auxiliar na formulação de políticas públicas; na
definição de diretrizes, programas e implementação de ações voltadas para
o desenvolvimento institucional e tecnológico; na supervisão e coordenação
das demais secretarias integrantes do Ministério, bem como nas atividades
relacionadas com o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (CCFGTS); e na coordenação e elaboração de proposições legislativas
sobre matéria trabalhista ou correlata.
À Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, dirigida por ocupante de
cargo de DAS 101.6, compete subsidiar a definição de políticas públicas de em-
prego, renda, salário e qualificação profissional; planejar, controlar e avaliar os

 241 
POR DENTRO DO GOVERNO

programas voltados para a geração de emprego e renda, seguro-desemprego,


apoio ao trabalhador desempregado, abono salarial, formação e desenvolvimento
profissional para o mercado de trabalho; coordenar as atividades relacionadas
com o Sistema Nacional de Emprego, notadamente as iniciativas de orienta-
ção, recolocação e qualificação profissional; cooperar nas ações de estímulo ao
primeiro emprego para a juventude; acompanhar o cumprimento, em âmbito
nacional, dos acordos e convenções ratificados pelo governo brasileiro junto a
organismos internacionais, em especial à OIT; e promover estudos da legislação
trabalhista e correlata, propondo o seu aperfeiçoamento.
Para o cumprimento de sua missão institucional, a Secretaria conta com
o apoio e estrutura de três departamentos subordinados: Departamento de
Emprego e Salário, Departamento de Qualificação e Departamento de Políticas
de Trabalho e Emprego para a Juventude.
A Secretaria de Inspeção do Trabalho tem incumbência de formular e
propor diretrizes para inspeção do trabalho, priorizando o estabelecimento de
política de combate ao trabalho forçado e infantil, bem como todas as formas de
trabalho degradante; participar, em conjunto com as demais secretarias, da elabo-
ração de programas especiais de proteção ao trabalho e de novos procedimentos
reguladores das relações capital-trabalho; supervisionar, orientar e apoiar, em
conjunto com a Secretaria de Relações do Trabalho, as atividades de mediação
em conflitos coletivos de trabalho, quando exercidas por Auditores-Fiscais do
Trabalho; propor diretrizes para a fiscalização dos recolhimentos do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); e desenvolver ações voltadas para os
sistemas de cooperação mútua, intercâmbio de informações e estabelecimento
e integração entre as fiscalizações federais. Para tanto, a Secretaria conta o apoio
institucional de dois departamentos, a saber: Departamento de Fiscalização do
Trabalho e Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho.
A Secretaria de Relações do Trabalho tem como missão formular e propor
políticas, programas e projetos para a democratização das relações do trabalho,
em articulação com as demais políticas públicas e fortalecimento do diálogo entre
o governo, trabalhadores e empregadores; elaborar e propor diretrizes e normas
voltadas para a promoção da autonomia das relações entre trabalhadores e em-
pregadores; planejar, coordenar, orientar e promover a prática da negociação
coletiva, mediação e arbitragem; promover estudos sobre a legislação sindical
e trabalhista; elaborar e gerenciar o cadastro de entidades sindicais de trabalha-
dores e empregadores, servidores públicos e profissionais liberais, bem como o
banco de dados sobre relações de trabalho; propor ações que contribuam para
a capacitação e aperfeiçoamento técnico dos profissionais que atuam no âmbito

 242 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

das relações do trabalho; conceder e cancelar registro de empresas de trabalho


temporário e registro de entidades sindicais de acordo com critérios objetivos
fixados em lei; promover parcerias com órgãos da administração pública na for-
mulação de propostas e implementação de programas na área de competência;
e apoiar tecnicamente os órgãos colegiados do Ministério.
À Secretaria Nacional de Economia Solidária compete subsidiar a definição
e coordenar as políticas de economia solidária do Ministério do Trabalho e Em-
prego; articular-se com representações da sociedade civil que contribuam para
a determinação de diretrizes e prioridades da política de economia solidária;
planejar, controlar e avaliar os programas relacionados à economia solidária;
colaborar com outros órgãos de governo em programas de desenvolvimento
e combate ao desemprego e à pobreza; estimular a criação, manutenção e am-
pliação de oportunidades de trabalho e acesso à renda, por meio de empreendi-
mentos autogestionados, organizados de forma coletiva e participativa, inclusive
da economia popular; apresentar estudos e sugerir adequações na legislação
visando o fortalecimento dos empreendimentos solidários; supervisionar e ava-
liar as parcerias da Secretaria com movimentos sociais, agências de fomento da
economia solidária, entidades financeiras solidárias e entidades representativas
do cooperativismo; supervisionar, orientar e coordenar os serviços de secretaria
do Conselho Nacional de Economia Solidária; e apoiar tecnicamente os órgãos
colegiados do Ministério em sua área de competência.
Para o cumprimento efetivo de sua missão institucional, a Secretaria conta
com dois departamentos (Departamento de Estudos e Divulgação e Departa-
mento de Fomento à Economia Solidária).
As Superitendências Regionais do Trabalho, de acordo com o Decreto nº
6.341, de 2008, são unidades descentralizadas que se subordinam diretamente ao
ministro do Trabalho e Emprego. Os órgãos, em funcionamento nos 26 estados
e no Distrito Federal, têm competência para executar, supervisionar e monitorar
as ações de fomento ao trabalho, emprego e renda, execução do Sistema Público
de Emprego, de fiscalização, mediação e arbitragem em negociação coletiva,
busca da melhoria contínua nas relações do trabalho, e de orientação e apoio ao
cidadão, observando as diretrizes e procedimentos emanados do MTE.
O Conselho Nacional do Trabalho (CNTb), órgão colegiado de natureza
consultiva, composto de forma tripartite e paritária, de acordo com o Decreto
nº 5.063, de 2004, tem por finalidade participar da formulação das políticas pú-
blicas da área do trabalho, propondo estratégias para o seu desenvolvimento,
supervisão e execução.

 243 
POR DENTRO DO GOVERNO

Também compete ao CNTb acompanhar e avaliar o desempenho


dos planos e programas do Ministério; acompanhar o cumprimento dos
direitos constitucionais dos trabalhadores urbanos e rurais, bem como as
convenções e tratados internacionais ratificados pelo Brasil, que tenham
incidência no campo social; promover e avaliar as iniciativas voltadas
para o fortalecimento da geração de emprego, amparo ao trabalhador
desempregado, aperfeiçoamento da legislação e das relações de traba-
lho e a melhoria dos ambientes de trabalho, especialmente nas áreas de
formação e reciclagem profissional, riscos inerentes ao trabalho, trabalho
da criança, do adolescente e do deficiente, entre outros.
O Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço,
órgão colegiado de natureza deliberativa, composto de forma tripartipe
(representantes do governo, dos trabalhadores e dos empresários), é respon-
sável pela gestão e administração dos recursos do FGTS em consonância com
as políticas nacionais de desenvolvimento urbano e setoriais de habitação
popular, saneamento básico e infraestrutura urbana do governo federal;
bem como os ganhos sociais e o desempenho dos programas aprovados; e
pronunciar-se sobre as contas do FGTS antes do seu encaminhamento aos
órgãos de controle interno para os fins legais.
O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, cole-
giado tripartite, formado por representantes do Governo, dos trabalhadores
e dos empresários, compete gerir o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT);
aprovar e acompanhar os orçamentos e a execução do plano de trabalho anual
do programa do Seguro-Desemprego e do Abono Salarial; propor o aperfeiçoa-
mento da legislação relativa ao Seguro-Desemprego e ao Abono Salarial; baixar
instruções para a devolução de parcelas do benefício do seguro-desemprego,
indevidamente recebidas; fiscalizar a administração do FAT, podendo solicitar
informações sobre contratos celebrados ou em vias de celebração e quaisquer
outros atos; entre outras competências.
Ao Conselho Nacional de Imigração cabe exercer as competências esta-
belecidas no Decreto nº 840, de 22 de junho de 1993, para formular, coordenar
e orientar a política e atividades de imigração; realizar levantamento periódico
das necessidades de mão-de-obra estrangeira qualificada para admissão em
caráter permanente ou temporário; promover estudos de problemas relativos à
imigração; estabelecer normas de seleção de imigrantes para os diversos setores
da economia nacional; dirimir dúvidas e solucionar casos omissos da imigração;
e opinar sobre alteração na legislação aplicada à imigração, quando proposta
por qualquer órgão do Poder Executivo.

 244 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Mais informações sobre a estrutura do Ministério do Trabalho podem


ser obtidas no portal http://www.mte.gov.br, e sobre os titulares no endereço
eletrônico http://www.mte.gov.br/institucional/quem_e_quem.asp

 245 
POR DENTRO DO GOVERNO

 246 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.23. Ministério dos Transportes

O Ministério dos Transportes, cujo titular ocupa cargo político, tem com-
petência para formular, planejar, executar, acompanhar e fiscalizar a política
nacional de transportes ferroviário, rodoviário, de portos fluviais e lacustres;
a coordenação dos transportes aeroviários e o estabelecimento de diretrizes
para a representação do Brasil nos organismos internacionais e em convenções,
acordos e tratados referentes aos meios de transportes.
O Ministério também tem a incumbência de definir normas para o afre-
tamento de embarcações estrangeiras por empresas brasileiras de navegação;
formular e supervisionar a execução da política referente ao Fundo de Marinha
Mercante destinado à renovação, recuperação e ampliação da frota mercante
nacional em articulação com os Ministérios da Fazenda; do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior; e do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Para o setor de transportes do país, também exerce papel preponderante
a Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, responsável pela
formulação de políticas e execução de medidas, programas e projetos de apoio
ao desenvolvimento da infraestrutura dos portos marítimos. À SEP/PR também
compete participar do planejamento estratégico e da aprovação dos planos de
outorgas do transporte marítimo de cargas e de passageiros.
O sistema portuário brasileiro é composto por 42 terminais privados, 34
portos marítimos e três portos fluviais. Do total de portos marítimos, dezesseis
são delegados, concedidos ou tem sua operação autorizada à administração
dos governos estaduais e municipais. Os demais dezoitos portos marítimos são
administrados diretamente pelas Companhias Docas, sociedades de economia
mista, que têm o governo federal como acionista majoritário e, portanto, são
diretamente vinculadas à Secretaria Especial de Portos.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o Ministério dos Trans-
portes conta, além da Secretaria-Executiva, com três secretarias específicas
– Secretaria de Política Nacional de Transportes, Secretaria de Gestão dos Pro-
gramas de Transportes e Secretaria de Fomento para Ações de Transportes; três
autarquias – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq); e uma empresa pública, a Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A.
A Secretaria de Política Nacional de Transportes tem competência para
subsidiar a formulação e elaboração da Política Nacional de Transportes, de
acordo com as diretrizes propostas pelo Conselho Nacional de Integração
das Políticas de Transportes (Conit), bem como monitorar e avaliar a sua
execução; promover a articulação das políticas de transportes do governo
federal com as diversas esferas de governo e do setor privado, com vista a

 247 
POR DENTRO DO GOVERNO

compatibilizar políticas, aperfeiçoar os mecanismos de descentralização e


otimizar a alocação de recursos; analisar os planos de outorga, submetendo-os
à aprovação superior; supervisionar, orientar e acompanhar, junto aos órgãos
vinculados ao Ministério, as ações e projetos necessários ao cumprimento da
Política Nacional de Transportes.
A Secretaria também tem a incumbência de promover estudos e pesqui-
sas que considerem as peculiaridades regionais do país e os eixos nacionais de
desenvolvimento, estabelecendo critérios e prioridades de investimentos em
infraestrutura de transportes; desenvolver o planejamento estratégico do setor
de transportes, abrangendo os subsetores hidroviário, portuário, ferroviário e
rodoviário; e assessorar administrativamente e tecnicamente o Conit.
Três departamentos apóiam a Secretaria no cumprimento de sua
missão institucional, a saber: Departamento de Planejamento e Avaliação
da Política de Transportes, Departamento de Outorgas e Departamento de
Relações Institucionais.
À Secretaria de Gestão dos Programas de Transportes compete coorde-
nar e orientar a implementação de planos, programas e ações destinadas ao
desenvolvimento do Sistema Nacional de Viação, necessários à consecução da
Política Nacional dos Transportes; acompanhar, avaliar e assegurar a qualidade
dos programas, projetos, operações especiais e empreendimentos, consolidando
o modelo de gerenciamento por resultados e de otimização dos recursos; coor-
denar sistema de informações gerenciais que permita o acompanhamento do
desempenho físico-financeiro e qualitativo dos programas, projetos e ações de
transportes; e supervisionar atividades institucionais, tecnológicas e de imple-
mentação de diretrizes ambientais no setor de transportes.
Para o desempenho efetivo de suas atribuições, a Secretaria conta com
três departamentos: Departamento de Programas de Transportes Terrestres,
Departamento de Programas de Transportes Aquaviários e Departamento de
Desenvolvimento e Logística.
Por sua vez, a Secretaria de Fomento para Ações de Transportes tem
a missão institucional de planejar e coordenar a arrecadação e aplicação do
Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e demais
receitas do Fundo da Marinha Mercante (FMM); identificar, junto aos estados,
municípios e Distrito Federal, formas de parceria que viabilizem o financiamento
de projetos de interesse do ministério; e supervisionar as entidades vinculadas
ao ministério nos processos de contratação e execução das operações de créditos
nacionais e internacionais, entre outras. Para tanto, a Secretaria conta com dois
departamentos, quais sejam: Departamento do Fundo da Marinha Mercante e
Departamento do Fundo Nacional de Infraestrutura de Transportes.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é
o órgão executor da política de transportes do governo federal. Autarquia

 248 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

vinculada ao Ministério dos Transportes, foi implantada em fevereiro de 2002


para desempenhar as funções relativas à construção, manutenção e operação
de infraestrutura do Sistema Federal de Viação em rodovias, ferrovias e o
que é realizado em rios e lagos, conforme estabelece o Decreto nº 4.129, de
13/02/2002. O Dnit é dirigido por um conselho administrativo e por sete
diretores nomeados pelo presidente da República. Para a execução de obras,
o órgão conta com recursos da União.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), autarquia sob
regime de natureza especial, segundo a Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001, é
responsável pela regulação, concessão e fiscalização dos serviços de transportes
terrestres (ferroviário, rodoviário, dutoviário e multimodal). A ANTT tem com-
petência para autorizar o transporte internacional de cargas e o de passageiros
por empresas de turismo e sob o regime de fretamento.
À Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), autarquia de
natureza especial, cabe regular e fiscalizar a prestação de serviços de transporte
aquaviário e de exploração de infraestrutura portuária e aquaviária. Criada pela
Lei n° 10.233, de 5 de junho de 2001, a entidade integrante da administração fe-
deral indireta é dotada de independência administrativa, autonomia financeira
e funcional e os seus dirigentes têm mandato fixo.
A Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., empresa pública
vinculada ao Ministério dos Transportes, segundo estabelece a Lei nº 11.772,
de 17 de setembro de 2008, cumpre a função social de construir e explorar a
infraestrutura ferroviária e desenvolver estudos e projetos de obras de infra-
estrutura ferroviária; construir, operar e explorar estradas de ferro, sistemas
acessórios de armazenagem, transferência e manuseio de produtos e bens a
serem transportados e, ainda, instalações e sistemas de interligação de estra-
das de ferro com outras modalidades de transportes; promover estudos para
implantação de trens de alta velocidade sob a coordenação do Ministério dos
Transportes; e celebrar contratos e convênios com órgãos nacionais da admi-
nistração direta ou indireta, empresas privadas e com órgãos internacionais
para prestação de serviços técnicos especializados. A Valec tem concessão
para a construção e operação da Ferrovia Norte-Sul, com extensão de três
mil e cem quilômetros, cujo traçado inicia-se em Belém do Pará e segue até
o município de Panorama, em São Paulo.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério dos Transportes podem
ser obtidas no portal http://www.transportes.gov.br, e sobre os titulares da Pasta
no endereço eletrônico http://www.transportes.gov.br/listaDirigente.asp

 249 
POR DENTRO DO GOVERNO

 250 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

18.24. Ministério do Turismo

O Ministério do Turismo (MTur), cujo titular ocupa cargo político, tem a


incumbência de definir, planejar, executar e acompanhar a política e programas
nacionais de desenvolvimento do turismo. Também compete à Pasta promover,
divulgar e estimular as iniciativas públicas e privadas de incentivo às atividades
turísticas no País e no exterior.
Para o cumprimento de sua missão institucional, o MTur é constituído,
além da Secretaria-Executiva, de duas secretarias específicas – Secretaria Nacional
de Políticas do Turismo e Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimen-
to do Turismo; do Conselho Nacional de Turismo e do Instituto Brasileiro de
Turismo, também conhecido como Embratur.
A Secretaria Executiva é responsável por auxiliar o ministro de
Estado na definição de diretrizes e da Política Nacional de Turismo em
observância às diretrizes propostas pelo Conselho Nacional de Turismo.
Também compete à Secretaria a supervisão e coordenação das atividades das
secretarias integrantes da estrutura do Ministério do Turismo e da autarquia
vinculada (Embratur), além de exercer o papel de órgão setorial dos sistemas
de governo federal (planejamento e orçamento, programação financeira,
contabilidade federal, modernização administrativa, recursos humanos,
recursos logísticos, informação e informática).
A Secretaria Nacional de Políticas de Turismo auxilia na elaboração,
monitoramento e execução da política nacional para o setor, de acordo com as
diretrizes do Conselho Nacional do Turismo. Além disso, é responsável pela
promoção interna, zelo pela qualidade da prestação do serviço turístico bra-
sileiro e a implementação do modelo de gestão descentralizada do turismo.
Para tanto, a Secretaria conta com o apoio de cinco departamentos subor-
dinados: Departamento de Planejamento e Avaliação do Turismo, Departa-
mento de Estudos e Pesquisas, Departamento de Estruturação, Articulação e
Ordenamento Turístico, Departamento de Relações Internacionais do Turismo
e Departamento de Promoção e Marketing Nacional.
À Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo
compete subsidiar a formulação dos planos, programas e ações destinados
ao fortalecimento do turismo nacional. O órgão também possui atribuição de
promover o desenvolvimento da infraestrutura e a melhoria da qualidade dos
serviços de turismo com apoio técnico, financeiro, institucional e a participação
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

 251 
POR DENTRO DO GOVERNO

Para o cumprimento pleno de suas atribuições, a Secretaria conta com qua-


tro departamentos, a saber: Departamento de Programas Regionais de Desenvol-
vimento do Turismo, Departamento de Infraestrutura Turística, Departamento
de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo e Departamento de
Qualificação e Certificação e de Produção Associada ao Turismo.
O Conselho Nacional de Turismo é um órgão colegiado com atribuição de
assessorar o ministro do Turismo na formulação e aplicação da Política Nacional
de Turismo e dos planos, programas, projetos e atividades derivadas. O Conselho
é atualmente integrado por sessenta e sete representantes do governo federal,
de instituições e entidades do setor do turismo em âmbito nacional.
O Instituto Brasileiro de Turismo, autarquia criada em 18 de novembro de
1966 como Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), teve o objetivo inicial de
fomentar a atividade turística e viabilizar condições para a geração de emprego,
renda e desenvolvimento em todo o país.
Desde janeiro de 2003, com a instituição do Ministério do Turismo, a atua-
ção da Embratur concentra-se na promoção, marketing e apoio à comercialização
dos produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no exterior.
Mais informações sobre a estrutura do Ministério do Turismo podem
ser obtidas no portal http://www.turismo.gov.br, e sobre os titulares da
Pasta no endereço eletrônico http://www.turismo.gov.br/mtur/opencms/
turismo/o_ministerio/quem_quem/

 252 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

19. Consideração finais

Como se pode depreender da leitura deste livro, o processo de transpa-


rência na administração pública, graças ao avanço das tecnologias da infor-
mação e de comunicação, bem como às normas jurídicas aprovadas no país,
criaram mecanismos de controle da gestão pública, com saltos gigantescos
a partir do processo de redemocratização do Brasil.
Entre os instrumentos de controle e transparência no período pós-redemo-
cratização, pode-se mencionar o Sistema Integrado de Administração Financeira
(Siafi), implementado no Governo Sarney, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
e a criação da Controladoria-Geral da União (CGU), durante o mandato de FHC,
o Governo Eletrônico e o Portal da Transparência na gestão Lula.
No plano da profissionalização, da descentralização e do acesso a dados
e informações governamentais, merecem registro a criação de carreiras de
estado, com servidores recrutados por meio de concurso público, e a utili-
zação da internet para emissão de certidões negativas, o acompanhamento
da tramitação de documentos e até requerimento de benefícios por meio
eletrônico. No âmbito da priorização ao sistema de transferência direta de
recursos para pessoas sem intermediários, destaca-se o Bolsa Família.
Esse processo de modernização do aparelho de Estado, uma tendência
mundial, estabeleceu novas dinâmicas, promoveu novos desenhos institu-
cionais e, principalmente, contribuiu para a melhoria da gestão, da avaliação
e do monitoramento das políticas e ações governamentais, além da transpa-
rência e do controle.
O método de tomada de decisão, com a cultura da consulta pública, da
realização de conferências, participação da sociedade organizada em diversas
instâncias consultivas e deliberativas, é um processo em permanente cons-
trução, que tem importância estratégica para a governança participativa.
Entretanto, apesar dos avanços, pelo menos três fatores, ainda po-
dem ser aperfeiçoados na perspectiva de maior participação dos cidadãos,
contribuintes e usuários dos serviços públicos. Também merece destaque
a necessidade de redução significativa da assimetria de informação entre
governo e sociedade.
O primeiro depende da normatização do acesso à informação, matéria
já em tramitação na Câmara por meio do Projeto de Lei nº 5.228/2009, que
também diz respeito às formas de participação dos usuários de serviços da

 253 
POR DENTRO DO GOVERNO

administração pública; o segundo, objeto do Projeto de Lei nº 7.528/2007,


trata das regras sobre os conflitos de interesse; e o terceiro, para concluir o
ciclo de transparência e controle, como forma de combater a corrupção e
democratizar o acesso aos agentes e atos governamentais, visa à regulamen-
tação da atividade de lobby.
O funcionamento do poder executivo, como restou evidente, é estru-
turado para que os processos de tomada de decisão observem ritos e etapas
em que as áreas técnicas, formadas pela burocracia de carreira, opinem na
formulação das políticas públicas e alocação de recursos para os programas
e projetos prioritários do governo.
No mesmo diapasão, os poderes legislativo e judiciário têm avançado
na relação com a sociedade, tanto no aspecto da transparência, quanto no
controle de seus atos. O primeiro, alvejado por reiteradas crises, tem busca-
do aprimorar os controles para evitar abusos de parlamentares e servidores
na utilização de recursos públicos, além de ampliar os mecanismos de par-
ticipação popular na produção legislativa. O segundo, desde a criação do
Conselho Nacional de Justiça, tem dado passos importantes na transparência
e na celeridade da prestação jurisdicional.
Nesse contexto, não se trata, como o senso comum imagina, de completa
desordem, sem regras nem controle sobre as compras e contratação de pessoal
nos poderes. Existem mecanismos de controle e fiscalização que permitem
identificar, com rapidez e segurança, eventuais desvios, irregularidades ou
ilegalidades, tanto dos servidores efetivos quanto daqueles nomeados para
cargo de livre provimento.
A Administração Pública, portanto, possui uma lógica de funciona-
mento, que está organizada a partir dos órgãos, dos cargos, das atribuições
e das competências de cada instância, de modo a atingir os objetivos e as
diretrizes governamentais.
O aparelho do Estado não é mais, nem pode ser, o fruto de disputas
intraburocráticas por ampliação de seus espaços de poder, ou pela maximi-
zação de orçamentos e estruturas que têm como fim a própria reprodução e
fortalecimento da burocracia ou dos grupos de interesse que se apropriam
dos espaços decisórios.
A emergência de um conceito de “governança responsiva” e a inclusão
na própria Constituição do princípio da eficiência exigem que as institui-
ções que integram o Estado justifiquem a sua existência mediante a oferta e
prestação de mais e melhores serviços à sociedade, atuando de forma aberta

 254 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

ao contato com os cidadãos, grupos de interesse e representações de toda


ordem, prestando contas ao Congresso, à sociedade e ao próprio comando
político, e compartilhando os espaços decisórios.
Assim, o mito do “insulamento burocrático” perdeu a sua validade
num contexto em que não apenas a tecnologia permite, como também
avanços da democracia exigem, uma burocracia mais permeável. Nem por
isso, entretanto, ficaria vulnerável à captura. Para isso, a transparência é,
simultaneamente, a ferramenta que serve à sociedade e também à própria
burocracia para que sua ação seja legitimada e, nos limites do próprio pro-
cesso democrático, autônoma.
Nesse contexto, a democracia deve ter como pressuposto não apenas
um Estado transparente, mas uma sociedade civil organizada e, sobretudo,
instâncias que possibilitem um debate fluido e informado (imprensa, univer-
sidades etc.) e que, em suma, permitam a formação de uma opinião pública
independente, capaz de produzir pressões e tendências de curto, médio e
longo prazos com as quais o governo tenha que constantemente dialogar.
Cabe observar que, infelizmente, a sociedade civil brasileira, que foi ex-
tremamente atuante no período de redemocratização do país, tem arrefecido
nos últimos anos. Por isso, um dos objetivos deste livro é chamar a atenção
para a importância, necessidade, conveniência e oportunidade de fortaleci-
mento deste polo da relação democrática entre Estado e sociedade.

 255 
POR DENTRO DO GOVERNO

20. Principais siglas utilizadas

ABC – Agência Brasileira de Cooperação


Abin – Agência Brasileira de Inteligência
AEB – Agência Espacial Brasileira
AGU – Advocacia-Geral da União
ANA – Agência Nacional de Águas
Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP – Agência Nacional do Petróleo
ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar
Antaq – Agência Nacional de Transportes Aquaviários
ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres
Bacen – Banco Central do Brasil
BB – Banco do Brasil
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CEF – Caixa Econômica Federal
Ceplac – Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
CGAU – Corregedoria-Geral da Advocacia da União
Cnem – Comissão Nacional de Energia Nuclear
CNPCP – Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
CNS – Conselho Nacional de Saúde
CNTB – Conselho Nacional do Trabalho
Codevasf– Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
do Parnaíba
Conab – Companhia Nacional de Abastecimento
Conad – Conselho Nacional Antidrogas
Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente
Conasp – Conselho Nacional de Segurança Pública
Conjur – Consultoria Jurídica
Consea – Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

 256 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Contran – Conselho Nacional de Trânsito


CREDN – Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional
CRPS – Conselho de Recursos da Previdência Social (Ministério da Previ-
dência)
CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
Dataprev – Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
Dest – Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais
Dnit – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral
DPRF – Departamento de Polícia Rodoviária Federal
DPU – Defensoria Pública da União
EBC – Empresa Brasil de Comunicação S.A.
ECT – Empresa de Correios e Telégrafos
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Esaf – Escola de Administração Fazendária
FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador
Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz
FNDE – Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação
Funad – Fundo Nacional Antidrogas
Funai – Fundação Nacional do Índio
Funarte – Fundação Nacional de Arte
Funasa – Fundação Nacional de Saúde
Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina
do Trabalho
Ibama – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Infoseg – Sistema Nacional de Informações de Justiça e Segurança Pública
Inpi – Instituto Nacional da Propriedade Industrial
INSS – Instituto Nacional de Seguro Social

 257 
POR DENTRO DO GOVERNO

Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada


IRB – Instituto de Resseguros do Brasil
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia
MD – Ministério da Defesa
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
Mdic – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social
MEC – Ministério da Educação
Minc – Ministério da Cultura
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MME – Ministério de Minas e Energia
MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura
Mpog – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MPS – Ministério da Previdência Social
MRE –Ministério das Relações Exteriores
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
MTur – Ministério do Turismo
ONS – Operador Nacional do Sistema do Sistema Elétrico
PDG – Plano de Dispêndios Globais
PGF – Procuradoria-Geral Federal
PGFN – Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
PGU – Procuradoria-Geral da União
PRF – Polícia Rodoviária Federal
SAE – Secretaria de Assuntos Estratégicos
Seain – Secretaria de Assuntos Internacionais
Serpro – Serviço de Processamento de Dados
Siafi – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal
Siapa – Sistema Integrado de Administração Patrimonial
Siape – Sistema Integrado de Administração de Pessoal Civil
Siasg – Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais

 258 
COMO FUNCIONA A MÁQUINA PÚBLICA

Sidof – Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais


Sidor – Sistema Integrado de Dados Orçamentários
Siest – Sistema Integrado das Empresas Estatais
Sigplan – Sistema de Informações Gerenciais de Planejamento
Siorg – Sistema de Informações Organizacionais
SLTI – Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação
SOF – Secretaria de Orçamento Federal
Somad – Sistema de Organização e Modernização Administrativa
SPC – Secretaria de Previdência Complementar
SPI – Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos
SRF – Secretaria da Receita Federal do Brasil
SRH – Secretaria de Recursos Humanos
SRHU – Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano
STN – Secretaria do Tesouro Nacional
Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus
Susep – Superintendência de Seguros Privados

 259 
POR DENTRO DO GOVERNO

21. Referências bibliográficas

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 262 
O QUE É O DIAP
O DIAP é o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, fundado
em 19 de dezembro de 1983, para atuar junto aos Poderes da República, em
especial no Congresso Nacional, com vistas à institucionalização e transformação
em normas legais das reivindicações predominantes, majoritárias e
consensuais do movimento sindical.

O QUE FAZ

 Monitora a tramitação legislativa de emendas constitucionais, projetos de lei, substi-


tutivos, emendas, pareceres, requerimentos de informação e discursos parlamentares
de interesse da sociedade em geral e dos trabalhadores em particular;
 Presta informações sobre o andamento e possíveis desdobramentos das matérias
monitoradas por intermédio de relatórios e demais veículos de comunicação do DIAP,
notadamente a Agência, o Boletim e o Jornal;
 Elabora pareceres, projetos, estudos e outros documentos para as entidades filiadas;
 Identifica, desde a eleição, quem são os parlamentares eleitos, de onde vêm, quais
são seus redutos eleitorais, quem os financia, e elabora seu perfil político;
 Promove pesquisa de opinião com o objetivo de antecipar o pensamento do Congresso
em relação às matérias de interesse dos trabalhadores;
 Organiza base de dados com resultados de votações;
 Produz artigos de análise política, edita estudos técnicos, políticos e realiza eventos
de interesse do movimento social organizado;
 Mapeia os atores-chave do processo decisório no Congresso Nacional;
 Fornece os contatos atualizados das autoridades dos Três Poderes;
 Monta estratégias com vistas à aprovação de matérias de interesse das entidades
sindicais.

COMO É ESTRUTURADO

O comando político-sindical do DIAP é exercido pelas entidades filiadas, que cons-


tituem a Assembléia Geral, e se reúnem periodicamente na forma estatutária. A sua
Diretoria, por igual, é constituída por dirigentes sindicais.
Operacionalmente, o DIAP possui em sua estrutura uma Diretoria Técnica, recrutada
em seu quadro funcional, que atua junto à Diretoria Executiva, cujas funções consistem
em coordenar as reuniões de técnicos e consultores, emitir pareceres, monitorar projetos,
atuar junto aos parlamentares e assessorar as entidades sindicais.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Os princípios fundamentais em que se baseia o trabalho do DIAP são:


 decisões democráticas;
 atuação suprapartidária;
 conhecimento técnico;
 atuação como instrumento dos trabalhadores em matérias consensuais no movimento
sindical, que representem o seu pensamento majoritário.
CONSELHO DIRETOR DO DIAP

Presidente:
Celso Napolitano (Sinpro/SP e Fepesp)

Vice-presidentes:
José Augusto da Silva Filho (CNTC)
Wellington Teixeira Gomes (Fitee)
Aramis Marques da Cruz (Sindicato Nacional dos Moedeiros)
Antônio de Lisboa Amâncio Vale (Sinpro/DF)
João Batista da Silveira (Saae/MG)
Lúcio Flávio Costa (CNPL)

Superintendente: Epaminondas Lino de Jesus (Sindaf/DF)


Suplente: Carlos Cavalcante de Lacerda (CNTM)
Secretário: Wanderlino Teixeira de Carvalho (FNE)
Suplente: Ricardo Nerbas (Sintec/SP)
Tesoureiro: Izac Antonio de Oliveira (Fitee)
Suplente: Jacy Afonso de Melo (Seeb/DF)

CONSELHO FISCAL

Efetivos

Jânio Pereira Barbosa (Senge/DF)


Itamar Kunert (Sindicato dos Administradores de Santos/SP)
José Aquiles de Almeida (CNTEEC)

Suplentes

José Edmilson Maciel (CSPB)


José Caetano Rodrigues (CNTS)
Clóvis Matoso Vilela Lima (Febrad)

DIAP - DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR


SBS - Edifício Seguradoras - Salas 301/7
70093-900 - Brasília-DF
www.diap.org.br diap@diap.org.br
Fones: (61) 3225-9704/9744
Fax: (61) 3225-9150

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