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SENTENÇA 1

Trata-se de Ação de Indenização ajuizada por Albertina de Castelo Rodrigo e


Carlos de Castelo Rodrigo, menor de quinze anos de idade, devidamente
representado por sua mãe em face do Estado do Rio de Janeiro, alegando, em
síntese, que são, respectivamente, ex-cônjuge e filho de Gustavo de Castelo
Rodrigo, detento que faleceu em 15/5/2020, no Hospital Penitenciário Dr.
Hamilton Agostino Vieira de Castro.

Cinge-se a controvérsia acerca da legitimidade passiva do Estado para


responder por pleito indenizatório decorrente de falecimento de detento no
sistema prisional estadual, e a existência de nexo de causalidade entre a morte
do detento e alguma conduta omissiva do Estado.

De acordo com o artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, o Estado responde


objetivamente pelos danos que seus agentes, no exercício da função, causarem
a terceiros, sendo desnecessária a comprovação de dolo ou culpa. Por se tratar
de omissão do Estado, a responsabilidade será objetiva, se a omissão for
específica, e subjetiva, se a omissão for genérica.

O Estado é legitimado para ser demandado nas ações de indenização por danos
morais por morte de detento dentro do estabelecimento penal, principalmente
por ser o ente que irá suportar eventual condenação

No caso em tela, a omissão é específica, pois o Estado deve zelar pela


integralidade física dos internos em estabelecimentos penitenciários que estão
sob sua custódia, tendo, na espécie, sido verificada falha do Estado, uma vez
que a família solicitou atendimento médico e a transferência do detento, mas
nada foi feito.

Dessa forma, a família faz jus à indenização pelos danos materiais e morais
suportados. O dano material decorre das despesas da família com o funeral,
conforme demonstrado pelos documentos acostados aos autos.

Enquanto valor da indenização deve ser apurado segundo o prudente arbítrio do


magistrado, através de critérios de razoabilidade e proporcionalidade, de modo
a ensejar uma compensação pelo dano produzido, mas também uma punição, e
deve a indenização se revestir de um caráter pedagógico e profilático, de tal
monta que iniba o ofensor de repetir seu comportamento.

Considerados todos os elementos acima, atentando-se aos princípios da


proporcionalidade e razoabilidade, fixo a indenização pelo dano moral em R$
70.000,00 (setenta mil reais) para cada um dos autores. Ressalto que a
condenação em montante inferior ao pleiteado na inicial não gera sucumbência
da parte autora, nos termos da Súmula 326 do C. Superior Tribunal de Justiça.

Diante disso, julgo procedente o pedido do autor, na forma do Art. 487, I do CPC,
para:

a) Condenar os Réus ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título


de danos materiais;
b) Condenar os Réus ao pagamento de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), a
cada um dos autores, a título de danos morais;

Condeno os Réus ao pagamento de custas e honorários advocatícios a parte


autora, estes arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

Certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se.

Local, data.

Assinatura do Juiz

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