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RESUMOS DE DUE

INDÍCE

INTRODUÇÃO 4
UNIÃO EUROPEIA E DIRIETO DA UNIÃO EUROPEIA 4
1.1 TERMINOLOGIA ADEQUADA 4
1.2 ENQUADRAMENTO NO ESPAÇO DE AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE EUROPEIA 5
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO DESÍGNIO EUROPEU 7
2.1 ATÉ À PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 7
ANTIGUIDADE CLÁSSICA (SÉC. VII A.C - V D.C) 7
IDADE MÉDIA (SÉC V - XV) 7
IDADE MODERNA (SÉC XVI- SÉC XVIII) 8
IDADE CONTEMPORÂNEA (SÉC XIX - ATUALIDADE) 8
2.2 PERÍODO ENTRE AS DUAS GRANDES GUERRAS 10
2.3 DEPOIS DA II GUERRA MUNDIAL 12
CRIAÇÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS 15
3.1 ANO ZERO: A DECLARAÇÃO DE SCHUMAN 15
3.2 O TRATADO DE PARIS E A CRIAÇÃO DA CECA 16
3.3 O TRATADO DE ROMA E CRIAÇÃO DA CEE E DA EURÁTOMO 17
AS ETAPAS DO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EUROPEIA 17
4.1 A ETAPA DA TRANSIÇÃO (1958-1968) 17
4.2 A ETAPA DA IDADE ADULTA (1969-1992) 19
4.3 A ETAPA DA IDADE FUTURA (1993-2009) 20
AS FASES NA TEROIA DA INTEGRAÇÃO ECONÓMICA 28
O TRATADO DE LISBOA E A AFIRMAÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA COMO ESPAÇO DE
INTEGRAÇÃO POLÍTICA 29
MÉTODO COMUNITÁRIO E PRINCÍPIO CONTRATUALISTA: REGRESSO ÀS ORIGENS 30
NATUREZA JURÍDICA DA UNIÃO 33
A UNIÃO EUROPEIA E A VERTIGEM DAS CRISES SUCESSIVAS (2008-2020) 34

PARTE I - A ESTRUTURA DECISÓRIA DA UNIÃO EUROPRIA 36


CAPÍTULO I: ASPECTOS COMUNS DO SISTEMA INSTITUCIONAL 36
SISTEMA INSTITUCIONAL DA UNIÃO - NOÇÕES BÁSICAS 37
ESTRUTURA INSTITUCIONAL E FONTES DE LEGITIMIDADE 38
QUADRO COMUM DE FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES, ÓRGÃOS E ORGANISMOS 39
12.1 AUTONOMIA 39
12.2 FUNÇÃO PÚBLICA DA UNIÃO EUROPEIA 40
12.3 PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES 41
12.4 REGIME LINGUÍSTICO 41
12.5 SEDES 43
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE VINCULAÇÃO INSTITUCIONAL 44
13.1 PRINCÍPIO DO EQUILIBRIO INSTITUCIONAL 44
13.2 PRINCÍPIO DO RESPEITO PELO ACERVO EUROCOMUNITÁRIO 45
13.3 PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO LEAL 46
13.4 PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA 47
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Luísa Braz Teixeira

INSTITUIÇÕES, ÓRGÃOS E ORGANISMOS 48


14.1 PARLAMENTO EUROPEU (PE) 48
COMPOSIÇÃO 48
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO 49
COMPETÊNCIAS 52
SOBRE AS ELEIÇÕES EUROPEIAS 56
PARLAMENTO EUROPEU E INICIATIVA CONTENCIOSA 57
PARLAMENTO EUROPEU E PARLAMENTOS NACIONAIS 57
14.2 CONSELHO EUROPEU 58
DAS CIMEIRAS AO ESTADO DE SUPER-INSTITUIÇÃO 58
COMPOSIÇÃO 59
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO 60
COMPETÊNCIAS 61
14.3 CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA 62
COMPOSIÇÃO 62
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO 64
i) PRESIDÊNCIA 64
ii) COREPER (COMITÉ DOS REPRESENTANTES PERMANENTES) 65
iii) SECRETARIADO-GERAL 66
v) DESVIOS À REGRA DA MAIORIA QUALIFICADA 67
COMPETÊNCIAS 69
14.4 COMISSÃO EUROPEIA 70
OS GUARDIÕES DOS TRATADOS 70
COMPOSIÇÃO 70
COMPETÊNCIAS 76
14.5 TRIBUNAL DA UNIÃO EUROPEIA 78
COMPOSIÇÃO 78
NATUREZA DA SUA JURISDIÇÃO 80
COMPETÊNCIAS 80
14.6 BANCO CENTRAL EUROPEU 81
ORIGEM 81
ESTRUTURA 84
PODERES 85
ESTATUTO DE INDEPENDÊNCIA 86
EUROSSISTEMA 87
EUROGRUPO (PROT. 14) 88
14.7 TRIBUNAL DE CONTAS 88
14.8 ÓRGÃOS CRIADOS PELOS TRATADOS 89
O ALTO REPRESENTANTE DA UNIÃO PARA OS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E A
POLÍTICA DE SEGURANÇA 89
PROVEDOR DE JUSTIÇA EUROPEU 91
COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL 93
COMITÉ DAS REGIÕES 94
OUTROS ÓRGÃOS 95
ÓRGÃOS CRIADOS PELO DECISOR DA UNIÃO EUROPEIA - COMITÉS E ORGANISMOS
PERSOSALIZADOS 96
i) OS COMITÉS TÉCNICOS - O PAPEL DA COMITOLOGIA 96
ii) ORGANISMOS PERSONALIZADOS 98
CAPÍTULO II: OS PROCEDIMENTOS DE DECISÃO DA UNIÃO EUROPEIA 99
PROCEDIMENTOS DE DECISÃO, SEPARAÇÃO DE PODERES E SISTEMA DE GOVERNOS NA
UNIÃO EUROPEIA: ATIPICIDADE VERSOS TIPICIDADE 99
PROCEDIMENTOS DE APROVAÇÃO ATOS LEGISLATIVOS 101

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16.1 VÁRIAS FASES DO PLO 102


PROCEDIMENTOS DE APROVAÇÃO ATOS NÃO LEGISLATIVOS 104
PROCEDIMENTO DE VINCULAÇÃO INTERNACIONAL DA UNIÃO EUROPEIA 105
PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO DE SANÇÕES POLÍTICAS PELA UNIÃO EUROPEIA AOS
ESTADOS-MEMBROS 107

PARTE II - A ORDEM JURÍDICA DA UNIÃO EUROPRIA 109


CAPÍTULO III: AS DONTES DO DIREITO DA UNIÃO 109
FONTES DO DIREITO DA UNIÃO - CONSIDERAÇÕES GERAIS 109
DIREITO PRIMÁRIO 109
21.1 PROCEDIMENTOS DE REVISÃO DOS TRATADOS 110
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO OU SOLENE DE REVISÃO 111
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS OU SIMPLIFICADOS DE REVISÃO 112
DIREITO SECUNDÁRIO 113
22.1 ATOS TÍPICOS 115
DO ART. 288 DO TFUE 115
DE NATUREZA FUNCIONAL 116
22.3 ASPETOS FUNDAMENTAIS DO REGIME JURÍDICO COMUM DOS ATOS
EUROCOMUNITÁRIOS 117
22.4 OUTROS ATOS 118
ORDEM JURÍDICA EUROCOMUNITÁRIA E DIRIETO INTERNACIONAL: ASPETOS GERAIS 118
DIREITO INTERNACIONAL DE FONTE CONVENCIONAL 119
24.1 ACORDOS INTERNACIONAIS CELEBRADOS PELA UNIÃO EUROPEIA 119
24.2 ACORDOS INTERNACIONAIS CELEBRADOS PELOS ESTADOS-MEMBROS 120
24.3 “ACORDOS MISTOS” 120
OUTRAS FONTES 121
25.1 JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA E O EFEITO DO
PRECEDENTE ATÍPICO 121
25.2 OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO - ORIGEM E FORÇA CONFORMADORA 122
25.3 O COSTUME 123
CAPÍTULO IV: A ARTICULAÇÃO ENTRE A ORDEM JURÍDICA EUROCOMUNITÁRIA E AS ORDENS
JURÍDICAS NACIONAIS - PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS ESTRUTURANTES 123
AUTONOMIA DA ORDEM JURÍDICA EURCOMUNITÁRIA 124
PRINCÍPIO DO PRIMADO 124
PRINCÍPIO DA EFICÁCIA DIRETA 127
OUTROS PRINCÍPIOS DE FUNÇÃO COMPLEMENTAR PARA A GARNAITA DA EFICÁCIA PLENA
DO DIREITO DA UNIÃO 129
29.1 PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO EM CONFOMRIDADE COM O DIREITO DA UNIÃO 129
29.2 PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO LEAL - EM ESPECIAL A COMPETÊNCIA DE EXECUÇÃO
DOS ESTADOS-MEMBROS 130
29.3 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DOS ESTADOS-MEMBROS
POR VIOLAÇAÕ DO DIREITO DA UE 131
NOTA DE ATUALIDADE - DECISÃO DO TC ALEMÃO DE 05.05.2020 134
A CONSTIUIÇÃO PORTUGUESA E O GRAU DE ABERTURA À EXIGÊNCIA DA COABITAÇÃO
NECESSÁRIA ENTRE O PRINCÍPIO DO PIRMADO E O RESPEITO PELOS “PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DO ESTADO DE DIRIETO DEMOCRÁTICO” - ART. 8/4 CRP 136
31.1 PRIMADO SUPRACONSTITUCIONAL 138
FUNDAMENTOS JURÍDICOS DE UMA UNIÃO DE DIREITO 140
32.1 O PRINCÍPIO DA TUTELA JURISDCIONAL EFETIVA 140
PROCESSO DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS 141
32.2 BLOCO DA FUNDAMENTALIDADE DA UNIÃO EUROPEIA - ANTECEDENTES E FONTES
143
32.3 CARTA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPEIA - ÂMBITO DE PROTEÇÃO
E RELEVÂNCIA JURÍDICA 146

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INTRODUÇÃO
1. UNIÃO EUROPEIA E DIRIETO DA UNIÃO EUROPEIA

1.1 TERMINOLOGIA ADEQUADA


Terminologia: A opção por diferentes designações reflete um determinado critério
metodológico e uma certa abordagem do modelo jurídico da integração europeia

★ Critérios:

○ Institucional: Associado a expressões como Direito Comunitário, Direito das


Comunidades Europeias ou Direito da União Europeia

○ Finalístico: Associado a expressões como Direito da Integração Europeia,


Direito Constitucional e Administrativo da União

★ Direito Comunitário: Fórmula mais comum de designação do conjunto de regras


e princípios aplicáveis à existência e funcionamento da União Europeia, desde a
criação das três comunidades europeias na década de 50 do séc. XX. Com o Tratado
de Maastricht abriu-se caminho para outras designações como Direito da Integração
Europeia, Direito da União Europeia, Direito das Comunidades Europeias,...

○ Sentido Atual da Expressão: Designa o direito criado e aplicado segundo o


método comunitário que não só sobreviveu ao método comunitário, como
nele se viu reforçado

★ Direito Eurocomunitário: Fórmula compósita proposta pela Prof. MLD (Maria


Luísa Duarte) que descreve a singularidade do modelo jurídico da União, de génese
comunitária e de base europeia.

Direito da União Europeia: Independentemente da expressão adotada, não é um ramo


do direito: é, com todas as características inerentes, um ordenamento jurídico autónomo e
pluridimensional.

★ Expansibilidade Material: Característica identitária do Direito da União


Europeia. Consubstancia-se no facto da normatividade de fonte eurocomunitária se
ter insinuado em quase todos os espaços típicos de regulamentação interna.

★ Noção Proposta pela Prof. MLD (Maria Luísa Duarte): Conjunto de regras e
princípios que regem a existência e o funcionamento da União Europeia.

Acepções: Enquanto expressão de uma ordem jurídica própria e autónoma, o direito da


união europeia corresponde a um bloco de legalidade plural nas suas fontes, abrangente em
relação aos destinatários das respetivas normas e muito amplo no seu escopo de regulação
material, permitindo distinguir duas acepções:

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★ Sentido Lato: Abrange todas as disposições aplicáveis à estrutura institucional da


União Europeia, incluindo as regras e princípios definidos pelo decisor
eurocomunitário, que regulam aspectos relevantes da vida social, relacionados direta
ou indiretamente com os objetivos de integração - Direito Institucional e Material

→ Ramos: Metáfora comum dos ramos do direito, porque


identificam as diferentes áreas de regulação material de fonte euro
comunitária
→ Tronco: Regras e princípios aplicáveis ao funcionamento da
estrutura decisória da UE
→ Raízes: Valores fundamentais e identitários da UE

★ Sentido Restrito: Relativo apenas ao funcionamento da estrutura decisional da


União Europeia

Comunitarização dos Ordenamentos Jurídicos Nacionais: Condicionada, mas não


travada, pelo princípio da subsidiariedade, torna inevitável que o Direito Material da União
Europeia integre os conteúdos específicos das várias disciplinas jurídicas, de acordo com um
princípio fundamental de complementaridade funcional

1.2 ENQUADRAMENTO NO ESPAÇO DE AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE


EUROPEIA
Europa: Mais do que o perfil geográfico de um Continente, a Europa é um conceito, variável
no tempo que depende na perspectiva de cada autor.

★ 3 Pilares sobre os quais assenta a ideia da Europa:

○ Cultura Helénica: Herdou o ideal da beleza e da proporção, a procura do


conhecimento e da verdade do ser humano objeto de indagação na filosofia ou
protagonista na literatura

○ Direito Romano: Retira o sentido do rigor, instrumento jurídico como chave


da organização social e critério de ponderação entre o interesse individual e o
interesse coletivo

○ Cristianismo: Reivindica a chave teleológica do humanismo como conjunto de


valores de expressão universal e, eventualmente, transcendente.

Pluralidade de Estados e Nações: Representa um traço de identidade europeia,


associado à presença de várias culturas.

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★ Conflitos: Ao longo da História, esta radical heterogeneidade deu, frequentemente,


lugar à rivalidade e ao ódio que fizeram deflagrar guerras sucessivas.

○ Comunidades Europeias: Na segunda metade do séc. XX, no epílogo de duas


grandes guerras que marcaram a primeira metade, foram criadas as
comunidades europeias, o que gerou uma certa ideia de Europa, sinónimo de
garantia de paz e de promessa de prosperidade.

■ DECLARAÇÃO DE SCHUMAN (9 MAIO 1950): Declaração fundadora


que visa criar uma Europa organizada com princípios novos de
congregação e acomodação das vontades soberanas dos Estados que a
compõem, começando pela integração dos mercados e acabando num
cenário da integração política

★ Federação: A declaração de Schuman pretendia criar uma federação europeia, de


modo a preservar a paz. Contudo, esta ideia de federação foi perdendo terreno para a
de uma terceira via, entre a federação e a organização internacional clássica

○ Prof. MLD: Considera difícil no plano de devir da Europa negar à fórmula


federal o papel que, desde o início, lhe está destinado.

■ MOTIVO DA TRANSIÇÃO: A economia, e não a política na sua


acepção estrita. Já que o apelo imperativo à paz não foi
suficientemente forte para engrenar a federação sob a forma de uma
política comum de defesa e, menos ainda, de um exército europeu.

○ Fatores Objetivos que Podem Acelerar o Processo de Criação da Federação:

■ NO PLANO EXTERNO: A necessidade de dotar a União Europeia de


uma voz própria que lhe garanta um lugar de relevância política na
comunidade internacional, devidamente apoiada por meios militares.

■ NO PLANO INTERNO:
● A crise financeira de 2008 e, em particular, a crise de
estabilidade do euro de 2010 tornaram patente a necessidade
de proteger a moeda única através de medidas integradas de
governo económico, suportadas por uma política orçamental
de definição central
● Crise dos migrantes refugiados
● Em 2020: os efeitos corrosivos do Brexit e dos ventos
autoritários que fragilizaram as democracias do Leste Europeu,
e a pandemia do COVID-19, que em termos de recuperação
económica exige, mais do que no passado, um acordo de
recorte federalizante, um plano de mutualização de
responsabilidades financeiras entre os Estados-membros

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2. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO DESÍGNIO EUROPEU


Periodificação:

★ Pré-História da União Europeia: Dos primórdios até à I Grande Guerra

★ Proto-História da União Europeia: Do Tratado de Versalhes ao final da década


de quarenta do séc. XX

★ História da União Europeia: Da declaração de Schuman até a 2010

★ Idade Pós-Futura1: De 2010 até à atualidade

2.1 ATÉ À PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


As Duas Forças Dominantes Constantes: De modo alternativo ou conjugado

★ Força das Armas: Que engendra os Impérios

★ Força das Ideias: Alimentada pela visão política e filosófica de uma escola de
pensadores que, em contradição com o pensamento dominante na época,
acreditaram na energia propulsora da razão dos homens.

A. ANTIGUIDADE CLÁSSICA (SÉC. VII A.C - V D.C)


Associou a “europa” ao mundo da mitologia. Europa seria uma princesa fenícia raptada por
Zeus e conduzida a Creta, onde se transformou em rainha e mãe da futura dinastia de Minos.
Era, assim, um espaço geográfico distinto, que se estendia do Atlântico aos Montes Urais,
formado de identidades múltiplas, apresentando um mosaico diversificado de paisagens,
climas, povos, línguas, religiões e culturas.

B. IDADE MÉDIA (SÉC V - XV)


Respublica Christiana: Período de unidade política na Europa, entre o séc. XII e XIII,
baseado na tutela política do Império ou na autoridade temporal do Papa

Estado Soberano: A Europa evoluiu da Respublica Christiana para o período


pós-medieval da pluralidade de Estados soberanos, associada à ideia de Europa como
entidade histórico-cultural e política. Com o advento do Estado soberano, ficou prejudicado
o ideal de unidade europeia, perdurando contudo uma tradição de nostalgia da unidade.

1
“Idade pós-futura” no sentido em que estamos a viver esta etapa e que está tudo em aberto. Esta ulitma etapa
tem sido particulaemnte trepidante em virtude de crises como em 2012 a crise do euro (em que se pôs a hipótese
do euro acabar), em 2014 e 2015 crise dos refugiados, em 2020 o COVID, e, agora, em 2022 a Guerra na Ucrânia

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C. IDADE MODERNA (SÉC XVI- SÉC XVIII)


Guerra dos Trinta Anos (1618-1648): Conflito de causas políticas e religiosas

★ Paz de Vestefália: Tratado de Paz que reconhece a igualdade entre Estados


soberanos e enquadra o aparecimento de uma pluralidade de Estados independentes
em clara ruptura com o paradigma anterior da autoridade partilhada e disputada
entre o Papa e o Imperador

Paz Perpétua: Uma vez concretizada a Reforma e a divisão religiosa da Cristandade


ocidental, a "nostalgia da unidade” reinventa-se como imperativo ético e político através de
modelos teóricos e idealistas de “paz perpétua”, subordinados ao supremo objetivo de
neutralizar e prevenir as guerras de conquista territorial entre Estados europeus.

★ Kant: Propõe uma Federação de Estados Livres, de acordo como o modelo de


constituição republicana, baseada na separação de poderes e igualdade perante a lei,
dando ênfase à relação necessária entre a forma democrática de poder estadual e a
garantia de paz entre os povos. Defende, também, a aplicação de um Direito
Cosmopolítico, baseado no contrato de livre e permanente associação entre os
Estados, tendo como pressuposto o respeito do “Estado de Direito”.

Política do Equilíbrio de Forças2: Orientada para impedir a prevalência hegemónica de


um ou vários Estados, foi, contudo, responsável pela insegurança permanente das relações
entre Estados europeus ao longo dos séc. XVII e XVIII. O constante reagrupamento de
nações ao sabor das mais improváveis alianças deveria impedir um Estado de atingir
supremacia política. Todavia, esta estratégia acabou por reduzir os pequenos Estados ao
pagamento do elevado tributo da submissão a desígnios e interesses alheios.

Revolução Francesa (1789) e Invasões Francesas (1808-1814): As forças francesas


foram contra toda a Europa com o objetivo de substituir o equilíbrio antigo e, em vez dele,
impor a autoridade imperial de França. Também as novas ideias sobre a igualdade e a
liberdade, enquanto princípios fundadores da sociedade humana, se mostraram perigosos
para as monarquias europeias.

★ Santa Aliança: Estabelecida pela Áustria, a Inglaterra, a Prússia e a Rússia,


encerrado o ciclo bélico das invasões francesas.

2
O balance of power é considerado um dos princípios fundamentais das relações internacionais, tendo sido em
muito desenvolvido por David Hume. Embora não tenha um significado exacto, pode se concretizar numa ideia
de um estado de ordem internacional onde o poder é equilibrado de um modo a que as nações evitam a agressão
por medo de represálias vigorosas. É, assim, uma postura e política de uma nação ou grupo de nações, que
protegendo-se de outra nação, faz corresponder o seu poder ao poder da outra parte. Os Estados podem
prosseguir uma política de equilíbrio de poder de duas maneiras: aumentando o seu próprio poder, como quando
se envolvem numa corrida ao armamento ou na aquisição competitiva de território; ou acrescentando ao seu
próprio poder o de outros Estados, como quando embarcam numa política de alianças.

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D. IDADE CONTEMPORÂNEA (SÉC XIX - ATUALIDADE)


Congresso de Viena (1814-1815)3: Consagrou uma nova estratégia de coexistência das
soberanias nacionais, de modo a “restaurar uma Europa do equilíbrio e do Direito das
Gentes”

Projetos de Associação entre o Ideário Pacifista e a Necessidade de Congregar


as Nações e os Povos Europeus (séc. XIX): Surge a ideia de unidade Europeia

★ Conde de Saint Simon: Preconiza a reorganização da sociedade europeia numa


Europa de estrutura federal que deveria girar em torno de França, da Grã Bretanha e
da futura Alemanha reunificada. Precursor da tendência institucionalista que no séc.
XX vingaria sob a forma dos Tratados Institutivos das Comunidades Europeias.
Orientado pelo princípio democrático.

★ Benjamin Constant: Rejeita a política de conquista e subjugação militar e a


conceção jacobina da nação centralizada, propondo um federalismo assente na União
pacífica dos povos europeus e no respeito da liberdade das nações federadas

★ Giuseppe Mazzini: Não se deixou seduzir pela utopia do federalismo europeu,


preferindo a defesa da unidade europeia com base no princípio do equilíbrio e da
coexistência entre Estados e povos. Fundou, em 1834 o movimento “Giovine Europa”
que funciona como precursor de iniciativas de forte atuação cívica por parte de
políticos e intelectuais em prol da paz e da unidade europeia no período subsequente
à primeira guerra mundial. Atualmente a sua obra é uma obra de referência.

★ Ernst Renan: Sugere, em plena guerra franco-prussiana, a formação da federação


europeia como meio de aproximar as duas nações tradicionalmente antagónicas.
Antecipa algumas das linhas de força que vão, mais tarde, integrar a declaração de
Schuman, identificando a Europa como uma confederação de Estados reunidos por
uma ideia comum de civilização, dando importância ao respeito pela individualidade
de cada nação, construída sobre uma língua, história, raça, religião e consentimento
atual das pessoas que querem viver juntas um determinado projeto político.

★ Vítor Hugo: “Um dia virá em que existirão dois grupos imensos, os Estados
Unidos da América e os Estados Unidos da Europa (...) No séc. XX haverá uma
nação extraordinária e esta nação terá por capital Paris e não se chamará França,
chamar-se-á Europa”

Congressos Universais da Paz (1889): Assembleias internacionais de apelo à garantia


da paz no Mundo, por via da “união federal da Europa”, de modo a pôr termo à anarquia em
que teriam caído as relações entre as nações europeias.

★ União Interparlamentar: Criada em 1889 para promover a cooperação entre os


parlamentos nacionais como veículos privilegiados da ideologia pacifista
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Conferência entre embaixadores das grandes potências que tinha o intuito de redesenhar o mapa político
europeu pós invasões francesas

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Colisão dos Nacionalismos Europeus (final do séc. XIX): A partilha de territórios


coloniais da África e da Ásia agudizou tradicionais e antagonismos e tornou-se num fator de
permanente disputa. A pulsão centrífuga dos interesses inconciliáveis suplantou o objetivo
de garantir um equilíbrio entre as grandes potências europeias. A derradeira política de
alianças acabou por definir o alinhamento de forças na primeira guerra mundial

2.2 PERÍODO ENTRE AS DUAS GRANDES GUERRAS - PROTO-HISTÓRIA


Elites Intelectuais:

★ Conde Coudenhove-Kalergi: Partindo da crise e da decadência da Europa,


propôs a criação de uma nova entidade: a União Paneuropa.

○ União Paneuropa: Com sede em Viena e representações nacionais nos


Estados-membros

■ OBJETIVO: Não integrando nem a Rússia nem a Grã-Bretanha, teria o


intuito de garantir a paz nas relações entre as nações europeias e de
assegurar a defesa comum da Europa contra a política hegemónica da
Rússia e o poderio económico dos Estados Unidos.

■ COMPOSIÇÃO:
● Parlamento com duas câmaras
- Conselho Federal - formado por um delegado de cada
Estado
- Assembleia - composta por delegados designados pelos
parlamentos nacionais
● Tribunal Federal
● Chancelaria controlada pelas duas câmaras.

■ BANDEIRA: Sobre fundo azul escuro, tinha ao centro uma cruz


vermelha das cruzadas recortada sobre o sol dourado e e rodeada de 13
estrelas amarelas: “a cruz vermelha das cruzadas da Idade Média e o
símbolo mais antigo de uma união europeia supranacional. Hoje é o
símbolo do Humanitarismo nacional. O sol representa o espírito
europeu que distribui a sua luz pelo mundo inteiro”

★ Aristide Briand: No período entre guerras (5 de setembro de 1929) propôs a


criação de uma federação chamada União Europeia, sem tocar na soberania comum
das nações.

○ União Europeia: Possibilitaria que, em qualquer momento, os seus membros


entrassem em contacto para discutir os seus interesses, tomar resoluções
comuns e estabelecer, entre si, laços de solidariedade que lhes permitissem
enfrentar circunstâncias graves que pudessem sobreviver. Atuaria sobretudo
no âmbito económico, mas também no plano político e social

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■ ORGANIZAÇÃO: A sua concretização suporia a aprovação de um


pacto constituinte da União Europeia, com uma Conferência Europeia
representativa de todos os Estados, um Comité Político Permanente,
como órgão executivo, e um Secretariado.

■ SUBSTRATO: Deveria basear-se no respeito da independência e


soberania nacional de cada um dos seus Estados e promover a
aproximação das economias dos Estados europeus.
● Crítica da Prof. MLD: Qualquer fórmula de união federal
pressupõe e implica uma limitação efetiva de parcelas
fundamentais da soberania, pelo que esta formulação se
afigura contraditória

Papel da União Interparlamentar no período entre as duas Grandes Guerras:


Possibilitou uma divulagação alargada das diferentes correntes europeístas e pacifistas em
contraponto à ideologia nacionalista e crescentemente belicista que, pelo menos a partir dos
finais da década de vinte, se tornou uma ameaça real de iminência de novo conflito armado.

Primeira Guerra Mundial (1914-1918):

★ Efeitos: A tragédia da guerra afetou radicalmente as mentalidades e levou


intelectuais e estadistas a redefinir prioridades. Provocou, também, o declínio na
Europa face aos Estados Unidos

★ Alianças da Primeira Guerra Mundial (1914-1918):

○ Acordo (Entente): França, Rússia e Grã-Bretanha

○ Tripla Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria e Itália

Tratado de Versalhes (1919): Encerra a Primeira Guerra Mundial

Sociedade das Nações (10 fev. de 1920): Nasceu e viveu enfraquecida pelo paradoxo
de, tendo sido impulsionada pelas ideias e pela vontade do Presidente Woodrow Wilson, este
não logrou, contudo, convencer o Senado das vantagens da participação dos Estados Unidos
na nova organização. Pese o facto da sua vocação mundial, acabou a funcionar sob o domínio
das potências europeias, em particular, a Grã-Bretanha e França. Um dos primeiros ensaios
de cooperação generalizada entre os Estados.

União Aduaneira Europeia (1925): Gizada com o intuito de tornar possível a criação de
um grande mercado livre aberto à circulação de pessoas, mercadorias e capitais

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Associação para a União Económica Europeia (1926): Presidida por Charles Gide

Crise Económica dos anos 30 e Triunfo dos Regimes Autoritários Nacionalistas:


Baldaram qualquer possibilidade de concretização destas propostas. Em todo o caso, estes
projetos federalistas colocam em evidência um certo idealismo político e lanças ideias como
a da Cidadania Europeia que vão, mais tarde, estar na base da criação e aprofundamento das
Comunidades Europeias.

2.3 DEPOIS DA II GUERRA MUNDIAL


União Política entre França e Reino Unido (1940): Proposta pelo Governo Britânico,
arquitetada por Winston Churchill, mas que não é aceite pelo Governo do General Pétain,
sendo este projeto abandonado em 1945 com a libertação de França.

Tratado da União Aduaneira (5 set. 1944): Fundamento jurídico de uma união


económica que começou a funcionar em 1948 e que se mantém até hoje pelo nome de
BENELUX, assinado em Londres pela Bélgica, os Países Baixos e o Luxemburgo.

Discurso de Zurique Churchill (19 set, 1946): Preconiza a criação de uma estrutura
que lhe permita à Europa viver e crescer em paz, segurança e liberdade, uma espécie de
Estados Unidos da Europa. O primeiro passo seria criar um Conselho da Europa, sendo que
para tal seria necessário que a Alemanha e França se reconciliassem. Churchill refere-se a
Inglaterra como um país “amigo e protetor da nova europa”, afastando a hipótese de
participar neste palno de integração política europeia - “we are with them, but we are not
one of them…”

Tratado de Dunquerque (Março de 1947): Assinado entre França e o Reino Unido,


corporizou a primeira iniciativa de cooperação militar europeia pós-guerra.

Tratado de Washignton (1947): Cria a NATO, uma aliança militar entre os países do
Atlântico Norte - os EUA, Canadá, e a Europa Ocidental. Reação à união soviética e ao
crescente armamento militar. “O ataque a um Estado membro corresponde um ataque a
todos os Estados Membros” organização do tratado atlantico norte

Plano de Marshall (Junho/Julho de 1947): Plano de ajuda económica à reconstrução


europeia, elaborado pelo Secretário de Estado norte-americano George Callet Marshall,
condicionado à existência de um acordo entre os Estados europeus sobre as necessidades de
desenvolvimento com a definição de um plano adequado de aplicação e repartição dos
fundos financeiros disponibilizados. Proporcionou a recuperação das economias europeias e
a reorganização das suas estruturas produtivas e comerciais, criando novos laços
institucionais de cooperação e solidariedade política entre os Estados europeus.

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★ Estados Abrangidos: A proposta foi aceite por 16 Estados, reunidos em Paris -


Austria, Bélgica, Dinamarca, França, Grécia, Irlanda, Islândia, Itália, Luxemburgo,
Noruega, Holanda, Reino Unido, Suécia, Suíça, Turquia e Portugal

★ Administração do Plano: Confiada à Organização Económica de Cooperação


Europeia. —>criação da OECE, 1948

Tratado de Bruxelas (Março de 1948): Para fazer face à ameaça soviética, a aliança do
Tratado de Dunquerque é alargada aos países do BENELUX. Mais tarde, em 1954, este
tratado dá lugar à criação da União da Europa Ocidental Países baixos, Bélgica, Luxemburgo

Congresso da Europa (7 a 11 de Abril de 1948): Decorreu em Haia e os debates foram


dominados pela oposição entre entre “unionistas” e “federalistas”. Foi um ponto de partida
para a criação de organizações europeias nos anos seguintes.

★ “Unionistas” vs “Federalistas”:

○ “Unionistas”: Corrente formada, na sua mairia, por delegados britânicos.


Acreditavam, ainda, na suficiência da cooperação intergovernamental.

○ “Federalistas”: Corrente com forte apoio entre os delegados franceses,


italianos, belgas, holandeses e, a nível de categorias sociais, sindicalistas.
Sonhavam com uma integração de natureza federal, insistindo num
paralelismo (político, jurídico e institucional) entre a unficação europeia e as
mais conhecidas e bem sucedidas experiências federais, como a Confederação
Germânica (1818-1866) e os Estados Unidos da América.

★ Moção Final Aprovada:

○ Plano Político: Reclamou-se a convocação de uma Assembleia Europeia, eleita


pelos parlamentos nacionais, que deveria analisar e aprovar as medidas
adequadas à criação de uma União (confederação) ou de uma Federação, e a
instituição de um Tribunal que iria assegurar o respeito de uma carta europeia
de Direitos do Homem

○ Plano Económico-Social: Expressou-se a necessiadade de realizar a união


aduaneira, acompanhada da livre circulação de capitais e da unificação
monetária.

Organização Europeia de Cooperação Económica (16 abril 1948): Criada em 1948,


foi substituída, com o fim dos fundos do plano Marshall, em 1960, pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ultrpassando a sua vocação puramente
europeia.

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Tratado de Londres (5 maio 1949): Cria o Conselho da Europa, abrindo caminho para,
mais tarde, se estabelcerem as Comunidades Europeias

★ Conselho da Europa (1949): Concretizava as aspiraçãoes da ala unionista.


Organização de cooperação política que centrou a sua atuação na promoção e defesa
dos valores relacionados com o sistema da democracia representativa e com os
princípios fundamentais da liberdade individual, da liberdade política e do primado
do Direito. Alargado a 47 Estados, encarna o ideal político da Grande Europa que se
afirma em torno de uma representação comum de valores e herança cultural.

○ Organização:

■ CONSELHO DE MINISTROS: Composto pelos respresentantes dos


Estados, é o único órgão com poderes restritos de decisão

■ ASSEMBLEIA CONSULTIVA: Limitada, por imposição britânica, à


condição de órgão consultivo, desprovida de poderes normativos ou de
fiscalização política

○ Sede: Estrasburgo, para consagrar o novo relacionamento franco-alemão

○ Notas de Reconhecimento:

■ PROCLAMAÇÃO E GARANTIA DOS DIREITOS DO HOMEM: Por via


da assinatura da Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do
Homem e das Liberdades Fundamentais e da instituição do Tribunal
Europeu dos Direitos do Homem

■ FUNÇÃO POLÍTICA DE ANTECÂMARA DE ADESÃO ÀS


COMUNIDADES EUROPEIAS: Submentendo os Estados neófitos em
experiência democrática a um controlo (pré e pós admissão ao
Conselho da Europa) que constitui uma espécie de certificado de
autenticidade da verdadeira democracia e do respeito pelo Direitos do
Homem

○ Objetivo: Cooperação política

■ NUMA PRIMEIRA FASE: Garantiu o necessário enquadramento


político às Comunidades Europeias de âmbito económico

■ NUMA SEGUNDA FASE: Posterior à criação da União Europeia em


1993, facilita a articulação entre os dois espaços europeus: a Grande
Europa (47 Estados do Conselho Europeu) e a Pequena Europa (27
Estados da União Europeia)

Proclamação da República Federal da Alemanha em Setembro de 1949: A


recuperação da economia alemã, conjugada com a definição da sua estrutura

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jurídico-institucional (Lei Fundamental de Bona), fizeram renascer a Alemanha Ocidental na


cena internacional, com o apoio dos Estados Unidos da América

Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades


Fundamentais (1950)

Tratado de Paris (1951): Criou a primeira Comunidade Europeia, a Comunidade


Europeia do Carvão e do Aço (CECA), indo de encontro ao movimento federalista

Símbolos da Europa:

★ Bandeira: Coroa de doze estrelas douradas, de cinco pontas, sobre fundo azul,
represnetnado os povos da Europa em círculo como sinal de união

★ Hino: Partilhado pelo Conselho da Europa e pela União Europeia, é o Hino da


Alegria retirado da nona sinfonia de Beethoven

★ Dia da Europa: 9 maio (dia da declaração de Schuman)

3. CRIAÇÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

3.1 ANO ZERO: A DECLARAÇÃO DE SCHUMAN


Proclamação da República Federal da Alemanha em Setembro de 1949: A
recuperação da economia alemã, conjugada com a definição da sua estrutura
jurídico-institucional (Lei Fundamental de Bona), fizeram renascer a Alemanha Ocidental na
cena internacional, com o apoio dos Estados Unidos da América

Declaração de Schuman: Anuncia os ingredientes fundamentais e distintivos do modelo


de integração comunitária que ainda podemos identificar, adicionados a outros, na atual
União Europeia e no estatuto da comissão: 1950

★ “Ingredientes”:

○ Vinculação dos Estados-membros pelas decisões do órgãos de autoridade


comum;

○ Indendpendicia desse órgão, apesar da participação dos governos dos


Estados-membros na sua nomeação;

○ Instiuição de mecanismos de tutela jurisdicional da legalidade dos atos


adotados pela autoridade comum.

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Plano de Schuman:

★ Objetivos:

○ Reconciliação Franco-Alemã: Propunha, para tal, a gestão em comum do


carvão e do aço. Com a regulação destas matérias primas subordinadas aos
poderes da Alta Autoridade, resolver-se-ia o problema dos níveis de produção
da região mineira do Ruhr e submetia-se a um controlo comum as condições
de produção e circução de dois produtos que, tradicionalmente, alimentavam
o esforço de guerra - retoma ideias de Jean Monet

■ ESTADOS ADERENTES: Além da França e da Alemanha, os países do


BENELUX e a Itália decidiram participar na inciativa.

○ Criação da Federação Europeia: Indispensável para manter a paz, que não se


faria de golpe, mas por meio de realizações concretas que criassem, primeiro,
uma solidariedade de facto - retoma, também, ideias anteriores

★ Plano de Ação: Preconiza a integração, com atribuição de poderes de soberania a


um órgão de autoridade comum e independente (Alta Autoridade). Concedendo
sobre a impossibilidade de avançar pelo caminho da união política, aposta na
prioridade da integração dos mercados através de uma abordagem setorial e
progressiva, em vez de global e imediata: é o metodo dos pequenos passos, graduais
nos avanços e irreversíveis nos efeitos de integração alcançados.

○ Alta Autoridade: Órgão supranacional, parcial e independente, cujas decisões


serão vinculativas para a França, para a Alemanha e para os países aderentes

■ OBJETIVO: Gestão integrada do interesse comum

■ COMPOSIÇÃO: Assegurada por personalidades independentes e


designadas numa base paritária pelos governos.
● Presidente: Escolhido de comum acordo entre os governos

3.2 O TRATADO DE PARIS E A CRIAÇÃO DA CECA


Tratado de Paris (1951): Tratado institutivo da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
-CEC
A
Conceito de “Supranacionalidade”: A sua obsolescência está ligada ao seu
desaparecimento do texto do tratado da CECA e à inadequação do termo supranacional,
associado a uma ideia de hierarquia ou de tutela das nações por um poder acima dos
Estados, para descrever a natureza da integração comunitária, baseada num princípio de
exercício comum de poderes de soberania pelos Estados-membros. Nem mesmo o texto da
Constituição Europeia, inspirado no projeto federalista, recuperou esta expressão.

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1952
Comunidade Europeia da Defesa: Nasceu e morreu em França.

★ Projeto: Ao deflagrar a Guerra da Coreia em Junho de 1950, a Europa Ocidental,


pressionada pelos EUA, foi obrigada a equacionar o problema da sua defesa face ao
perigo resultante do expansionismo ideológico e militar dos regimes comunistas. A
França temia, contudo, o renascimento de um exército na Alemanha Ocidental sem
controlo europeu, propondo, então, a integração da Alemanha numa comunidade de
tipo suprancional, apresentando o projeto da Comunidade Europeia de Defesa.

★ “Abortar Missão”: Apesar de o tratado conferir à França as garantias que


reclamara durante a negociação, acabou por ser a Assembleia Nacional Francesa que
abortou todo o processo ao recusar a ratificação, travando e tentativa de formação de
um exército europeu.

3.3 O TRATADO DE ROMA E CRIAÇÃO DA CEE E DA EURÁTOMO


Conferência em Messina: O sentimento de cepticismo e de desânimo que se seguiu à
recusa da CED foi contrariado por uma iniciativa bem sucedida pelos Estados do BENELUX
e Itália. Em Messina, o ministro holandês Beyen e o ministro belga Spaak apresentaram uma
texto
proposta de “relançamento europeu” sobre as seguintes bases: desenvolvimento da estrutura
orgânica de decisão comum, fusão progressiva das economias, criação de um mercado
comum e harmonicação das políticas sociais.

★ Relatório de Spaak: Em execução do acordo obtido em Messina, foi nomeado um


comité intergovernamental de peritos, cujo relatório preliminar continha já o
esquema das duas comunidades e viria a constituir base das negociações que
culminaram na assintura dos Tratados de Roma

Tratados de Roma (25 Março 1957): Assinatura dos tratados institutivos da


Comunidade Económica Europeia (CEE) e da Comunidade Europeia da Energia Atómica
(CEEA, ou EUROÁTOMO)

★ Comunidade Económica Europeia (CEE): Pretendia o estabelecimento de um


mercado comum geral, com regras aplicáveis a todos os domínios da atividade
económica

★ Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA, ou EUROÁTOMO):


Prosseguiu-se o objetivo, já inaugurado com a CECA, de uma solidariedade setorial
no setor específico da energia atómica.

4. AS ETAPAS DO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EUROPEIA

4.1 A ETAPA DA TRANSIÇÃO (1958-1968)


Mercado Comum: O Tratado CEE tinha como primeiro objetivo a realização da união
aduaneira, ou seja, a eliminação dos direitos aduaneiros nas relações entre os Seis e a

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aplicação de uma pauta aduaneira comum nas relações com os países terceiros, visando
assegurar a liberdade de circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais. Pressupunha
a existência de um certo número de políticas comuns (agrícola, de pescas e comercial) e um
mecanismo de harmonização das legislações nacionais - objetivo era facilitar as trocas
comericiais, não ter de passar pelas burocracias alfandegárias, para os Estados simbolizava
uma perda de receitas e de ter medidas protecctionistas das suas empresas

★ Período Transitório: Deveria durar 12 anos, todavia, as economias dos


Estados-membros passaram um período de grande prosperidade e desenvolvimento,
permitindo a antecipação do fim do período transitório para o dia 1 de Julho de 1968.

★ Comissão: Composta por 26 comissários e um presidente, era independente e


resposnsável face aos Estados. Garante, protege e defende os tratados. Atualmente
ainda tem um comissário por cada Estado membro, ou seja, Portugal tem direito a lá
colocar um comissário, mas ele não responde ao Governo Europeu. O atual
comissário chama-se Luísa Ferreia, antes era o Carlos Moedas e antes não tinhamos
porque o Presidente era português, o Durão Barroso.

★ Conselho: Diferente do Conselho Europeu e do Conselho da Europa. Quem estava


representado no Conselho eram os Estados, sendo um órgãos de expressão política da
União, a regra era a regra da maioria, no ínio, ou seja, nem todos os Estados tinham
de estar de acordo para um dado documento ser aprovado. O representante variará
consoante o tema, mas regra geral será um ministro, se se falar da agricultura
aparecerá o ministro da agricultura,...

★ Parlamento: Atualmente é o parlamento europeu e tinha poderes essenicaemnte


consultivos e alguns, poucos, de fiscalização. Foi constituido no final dos anos 5o, e
desde aí que tinha como objetivo ser eleito por sufráfio universal, inicialmente nao
era assim, era eleito como na CECA com delegados.

★ Tribunal de Jusitça: À data apenas com um câmara


★ Estava também já definido um conjunto de politicas comuns, a PAC (política agrícola
comum) e a politica das pescas. Isto acaba por ser uma decorrências das
liberalidades. Tudo isto pressupõe que a legislação entre os estados seja cada vez
mais uniforme.

Plano Político:

★ Momentos Críticos de Discordância:

○ 1963: Recusa francesa ao pedido de adesão do Reino Unido.

■ 1967 - O Reino Unido, a República da Irlanda, a Dinamarca e a


Irlanda renovaram o pedido de adesão, que não lhes foi garantido, só
depois da saída do General DeGaulle em Abril de 1969

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○ 1965: Política da cadeira vazia - Walter Hallstein, presidente da Comissão,


propôs um sistema de recursos financeiros próprios da Comunidade e com a
questão da agricultura. França, que presidiu o Conselho de Ministros no
segundo semestre de 1965, exigiu a retirada da proposta. Dada a recusa da
Comissão em fazê-lo, França respondeu não comparecendo no Conselho de
Ministros, o que paralisou o funcionamento das Comunidades Europeias.

■ ACORDO DE LUXEMBURGO - 1966 - Pôs fim à questão, garantindo a


qualquer dos Estados o poder de vetar decisões que interfirrissem com
interesses seus muito importantes. Isto significou que o Conselho
passou a funcionar por unanimidade, contudo, atualmente, já não é
assim. Colocou um bloqueio institucional e tornou mais difícil o
progresso.

★ França: Olhava com desconfiança para o desígnio da união política e para o


crescente poder das estruturas supranacionais, considerando os Estados as únicas
entidades com poder de ordenar e ser obedecidas.

○ Planos Fouchet: Tentativa francesa, recusada pelos seus parceiros, de


encaminhar as Comunidades Europeias no sentido da cooperação
intergovernamental

4.2 A ETAPA DA IDADE ADULTA (1969-1992)


Cimeira de Haia (dezembro de 1969): Convocada por Georges Pompidou, sob o signo
do tríptico: acabamento, aprofundamento e alargamento.

★ Acabamento: Concluir a realização do Mercado Comum, garantindo o


financiamento das políticas comuns através de recursos próprios - reforma das
finanças comunitárias, consagrando um sistema de recursos próprios e o
reconhecimento de poderes de decisão orçamental ao Parlamento Europeu (1975)

★ Aprofundamento: Desenvolvimento das políticas comuns e lançamento das


primeiras bases da união ecoómica e monetária.

★ Alargamento: Abertura das negociações com vista à admissão do Reino Unido e


dos demais candidatos.

○ 1 de Janeiro de 1973: Primeiro alargamento com a entrada do Reino Unido, da


República da Irlanda e da Dinamarca

○ 1 de Janeiro de 1981: Adesão da Grécia

○ 1 de Janeiro de 1986: Adesão de Portugal e Espanha

____________ (não entram dentro desta etapa) ___________

○ 1 de Janeiro de 1995: Adesão da Austria, da Finlandia e da Suécia

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○ 1 de Janeiro de 2004: Entrada de dez Estados, oriundos da Europa Central e


da Euorpa de Leste, em consequência da queda da URSS - República Checa,
Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Chipre, Malta, Hungria, Eslovénia e
Eslováquia

○ 1 de Janeiro de 2007: Adesão da Bulgária e da Roménia

○ 1 de Janeiro de 2013: Adesão da Croácia

Reforma dos Tratados (1 de Julho de 1987): O Ato Único Europeu (AUE) concentrou
num único instrumento convencional um leque vasto e heterogéneo de disposições que
aprofundaram o projeto de integração comunitária existente e lançaram as bases da futura
União Europeia.

★ Plano Institucional: O AUE consagrou no texto dos tratados a existência do


Conselho Europeu, alargou os poderes do Parlamento Europeu (ainda que menos do
que era esperado), clarificou a função executiva da comissão e previu a criação do
Tribunal de Primeira Instância (TPI), associado ao Tribunal de Justiça.

★ Âmbito de Competências das Comunidades Europeias: O AUE reforçou


políticas comunitárias e atribuiu poderes ao decisor comunitário para facilitar a
realização de um verdadeiro mercado interno, que deveria ser conretizado até 31 de
dezembro de 1992. Ainda que, na verdade, depois de 1992, a realização plena do
mercado interno tenha continuado a reclamar a adoção de medidas adequadas e a
sua adaptação ao novo enquadramento internacional, decorrente da globalização das
relações económicas e comerciais e da revolução tecnológica digital.

★ Cooperação Europeia: O AUE consagrou uma forma de cooperação


intergovernamental em matéria de política externa (a Cooperação Europeia), que se
propunha, através da concertação, a alcançar a convergência de posições e a
realização de ações comuns.

Passagem à Fase Seguinte da União Europeia: Foi acelerada pelo eliminar das
tradicionais resistências opostas por alguns Estados-membros, devido aos acontecimentos
dos finais dos anos 80 - queda do muro de Berlim, unificação da Alemanha, implosão do
bloco soviético, fim da guerra fria, crescente afirmação dos Estados Unidos como
hiperpotência, liberalização e globalização das relações comerciais a nível mundial.

4.3 A ETAPA DA IDADE FUTURA (1993-2009)


Passos para a Criação da União Europeia:

★ Cimeira de Paris (1972): A perspetiva de uma verdadeira União tornou-se num


objetivo reiteradamente assumido

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★ Conselho Europeu de Estugarda (Junho 1983): Chegou a um acordo, sob a


forma de uma declaração solene sobre a União Europeia, que firmou o compromisso
de democratizar e aprofundar o acervo comunitário com o fito de estabelecer as bases
de uma união europeia.

★ Entrada em Vigor do AUE (1987): A convergência economica passou a


consitutuir uma prioridade da agenda política europeia, como pressuposto da união
polítca.

★ Plano Delors (junho 1989): Submetido ao Conselho Europeu de Madrid (Junho


de 1989), preconizava a realização da união monetária e da união económica.

○ União Monetária: Fixação definitiva da paridade entre moedas,


convertabilidade obrigatória e irrevogável, liberalização total dos movimentos
de capitais e integração completa dos mercados bancários e financeiros e
ciração de uma moeda única.

○ União Económica: Garantias de funcionamento de um grande mercado único


como elemnto fundamental da dinâmica económica comunitária, política da
concorrência destinada a reforçar os mecanismos do mercado, políticas
comuns de natureza estrutural e coordenação das políticas macroeconómicas.

★ Conselho Europeu de Estrasburgo (dezembro 1989): Determinou a


convocação formal de uma Conferência Intergovernamental (CIG) sobre a União
Económica e Monetária (UEM)

★ Conselho Europeu de Dublin (junho 1990): Determinou a realização de uma


CIG sobre a União Política.

★ Projeto de Tratado de Revisão (dezembro de 1991): Resultado dos trabalhos


desenvolvidos no seio das duas CIG

Tratado do Porto (2 maio 1992): Regulou a associação entre as Comunidades Europeias


e a Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), nascendo o Espaço Económico Europeu
(EEE).

Tratado de Maastricht (1 de novembro de 1993): Marca o início desta fase. Envolveu


uma alargada reforma dos tratados fundacionais.

★ Principais Alterações:

○ Semânticas:

■ Criação da “União Europeia” - havia três pilares, um pilar


comunitáirio (3 comunidades), um em dominios de justiça e um em
dominios de cooperação intergovernamental

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■ A CEE passou a Comunidade Europeia

■ Referência expressa ao objetivo de proteção dos direitos fundamentais

○ No Plano da Supranacionalidade:

■ Previsão de políticas de cooperação intergovernamental nos domínios


da Política Externa e de Segurança Comum (PESC) e Justiça e
Assusntos Internos (JAI)

■ Afirmação de princípios fundamentais de competências entre as


Comunidades Europeias e os Estados-membros

■ Reconhecimento de um estatuto de cidadania da União

■ Aceitação de Clásulas de Opt Out, em derrogação de princípios da


igualdade e do adquirido comunitário, garantindo ao Reino Unido o
direito de não ficar vinculado pelo Acordo Social e de não aderir à
moeda única

○ Num Plano Económico:

■ Previsão da instituição da moeda única através de um processo de três


fases

○ Em Matéria Institucional:

■ O Parlamento Europeu alcançou um reforço dos seus poderes,


conseguindo participar no processo comunitário de decisão em pé de
igualdade com o Conselho.

■ Relativamente à UEM foram também instituídos órgãos de


competência específica e de natureza decisória

★ Art. N, n.º2: Agendava para 1996 uma conferência para rever disposições do
tratado, reconhecendo a necessidade de ir mais longe no processo de união iniciado.

○ Objetivos Concretos Estabelecidos:

■ Comunitarização de matérias de cooperação intergovernamental

■ Alaragamento do procediemnto de co-decisão

■ Extensão das competências da União

■ Reconhecimento de um princípio de hierarquia das normas e atos


comunitários

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■ Adaptação da estrutura orgânico-decisória da União Europeia e das


Comunidades Europeias às novas adesões

Tratado de Amesterdão (2 outubro 1997): Revisão do Tratado de Maastricht


programada para 1996 que ficou aquém dos obejtivos enunciados, limitando-se a aprofundar
pressupostos de um funcionamento mais eficaz da União Europeia e remetendo para
momento ulterior a revisão necessária.

★ Alterações:

○ Renumeração dos Artigos do Tratado da Comunidade Europeia: De modo a


eliminar as disposições revogadas e simplificar o modo de identificação dos
artigos, que antes se ordenavam por letras, passando a estar por números -
aspeto mais visível e duradouro.

○ Política Externa e de Segurança Comum (PESC):

■ Criação do Alto Representante da PESC na figura do Secretário Geral


do Conselho;

■ Previsão da capacidade operacional a disponibilizar pela União da


Europa Ocidental (UEO).

○ União Europeia e Cidadania:

■ Inscrição no Tratado da Comunidade Europeia de um novo título


sobre o emprego;

■ Integração do acordo social de Maastricht no texto do próprio tratado;

■ Aprofundamento das políticas comunitárias relacionadas com a


coesão económica e social;

■ Consagração do direito dos cidadãos de acesso aos documentos do


Conselho, do Parlamento Europeu e da Comissão;

■ Extensão do princípio da proibição da descriminiação a fatores como


raça, religião, deficiênicas, idade, ou orientação sexual.

○ Liberdade, Segurança e Justiça:

■ Instituição de mecanismos de decisão comunitária sobre matérias de


cooperação intergovernamental - como os vistos

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■ Incorporação dos acordos intergovernamentais celebrados ao abrigo


do Acordo Schegen (1985) para conseguir a livre circulação de pessoas
no contexto de um espaço europeu de liberdade, segurança e justiça

○ Direitos Fundamentais: Instituição de um procedimento de tutela política


que, no caso de se verificar uma violação grave e persistente dos princípios
findamentais, de liberdade ou democracia, poderia conduzir à aplicação de
sanções, incluindo, se necessário, a suspensão do direito de voto no conselho.

○ Cooperação Reforçada e Flexibilidade: Reconhecimento de modalidades de


integração diferenciada, possibilitando que um grupo restrito de
Estados-membros opte por um modelo mais aprofundado ou acelerado de
realização de objetivos da União e das Comunidades Europeias.

○ Ponto de Vista Jurídico: Alargou o âmbito de limitação da soberania dos


Estados às matérias do asilo, imigração, vistos e outras relacionadas com a
livre circulação de pessoas. Aprofundamento do princípio da
proporcionalidade e da subsidariedade (as decisões devem ser tomadas ao
nível mais próximo do cidadão, desde que com a devida eficácia - tampas de
estrada). Determinou a possibilidade de suspensão de direitos de Estados que
desrespeitem as regras da UE.

Agenda 2000 (Julho 1997): Estudo apresentado pela Comissão que traçava os desafios
ligados ao desenvolvimento da União Europeia e das suas políticas no séc. XXI.
Relativamente ao quadro financeiro, a Comissão pôs em prática um programa de ação
constituído por propostas nos domínios da agricultura, fundos estruturais, fundo de coesão,
instrumentos pré-adesão e as prespetivas financeiras para o período de 2000-2006

★ Conselho Europeu de Berlim (Março de 1999): A Agenda mereceu um acordo


global.

Euro (1 janeiro 1999): Estabelecimento da moeda única

Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (7 dezembro 2000): O seu


texto foi submetido a uma decisão conjunta de proclamação pelos Presidentes do Parlamento
Europeu, do Conselho e da Comissão, acabando por ser adotada sob a forma de um acordo
interinstitcional.

Tratado de Nice (1 de fevereiro de 2003): No primeiro semestre de 2000, uma nova


CIG retomou as questões fundamentais de adaptação dos Tratados deixadas em aberto pelo
Tratado de Amesterdão, preparando um projeto de tratado que veio a ser aprovado.

★ Alterações:

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○ Estrutura Institucional: As alterações aprovadas foram determinadas para


uma União de 15 membros com a prespetiva de adesão de 10 a 12 membros. O
estatuto institucional dos futuros membros seria fixado nos respectivos
tratados institutivos.

■ PARLAMENTO EUROPEU:
● Para uma decisão de 27 Estados-membros, a o número
máximo de deputados europeu foi fixado em 732
● Reforço dos seus poderes através da extensão do âmbito de
co-decisão e do reconhecimento de poderes de iniciativa de
controlo da legalidade dos atos comunitários pelo Tribunal de
Justiça

■ COMISSÃO:
● Limitação do número de membros, desde 2005 que cada
Estado-membro só pode propor um comissário, sendo que
quando a União Europeia antingisse os 27 Estados-membros,
o número de comissáiors passaria a ser inferiror ao número de
Estados, sendo o presidnete da comissão da nacionalidade do
comissário do país excluído
● Reforço dos poderes do presidente

■ TRIBUNAL DE JUSTIÇA E TRIBUNAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA:


● Garantias de composição igualitária entre Estados-membros
● Criação, no Tribunal de Justiça, de uma secção especial
● Alargamento da competência do Tribunal de Primeira
Instância, que se tornaria a verdadeira instância jurisdicional
comum para o conjunto dos recursos e ações diretas
● Criação de “câmaras jurisdicionais” encarregadas de apreciar,
em primeira instância, certas categorias de ações sobre
matérias específicas

○ Processo de Decisão:

■ EXTENSÃO DOS PROCEDIEMNTOS POR MAIORIA QUALIFICADA:


Subsituição de 27 disposições que exigiam a unanimidade para a
maioria qualificada

■ EXTENSÃO DO ÂMBITO DO PROCEDIMENTO DE CO-DECISÃO à


maior parte das matérias que passaram a ser votadas por maioria
qualificada

■ COOPERAÇÕES REFORÇADAS: Reformulação das disposições


aplicáveis às cooperações reforçadas para alargar o seu âmbito e
facilitar o estabelecimento de uma cooperação reforçada.

○ Outras:

25
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

■ DIREITOS FUNDAMENTAIS: Adaptação da clausula sancionatória do


art. 7º do Tratado da União Europeia em por causa da “questão
austríaca” - Em 2000, 14 Estados-membros ameaçarama a Áustria de
aplicação de sanções políticas com o objetivo de impedir a formação de
um novo governo, em sequência das eleições para o parlamento em
que tinha participado o “partido liberdade”, cujo programa se pautava
por ser xenófobo e nacionalista.

■ SEGURANÇA E DEFESA: Previsão de procedimentos e de


mecanismos adequados ao desenvolvimento das capacidades
operacionais militares da União Europeia.

■ COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA EM MATÉRIA PENAL: Criação do


EUROJUST - unidade composta por magistrados dos Estados
membros com o intuito de contribuir para uma coordenação eficaz das
autoridades responsáveis pelos procedimentos criminais.

■ COMITÉ DA PROTEÇÃO SOCIAL: Previsão no Tratado CE

■ CONSEQUENCIAS FINANCEIRAS DO TERMO DA VIGÊNCIA DO


TRATADO DA CECA, num protocolo em anexo que previa as
transferências de fundos.

Conselho Europeu de Laeken (dezembro de 2001):

★ Revisão: O Conselho aprovou uma declaração conducente a um processo de revisão


sobre quatro pontos:

○ Estabelecimento e controlo de uma delimitação mais precisa das


competências entre a União Europeia e os Estados-membros, que reflita o
princípio da subsidiariedade
○ Estatuto da Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia
○ Simplificação dos Tratados, de modo a torná-los mais clarios e acessíveis, sem
alterar o seu significado
○ Papel dos parlamentos nacionais na arquitetura institucional europeia

★ Constituição da União Europeia: O mandato de Laeken equacionou a aprovação


de uma Constiuição enquanto hipótese futura, a merecer reflexão em momento
ulterior, não no processo de revisão que pretendia que ocorresse num futuro próximo

Convenção sobre o Futuro da Europa (março 2002 - julho 2003): Convocada pelo
Conselho Europeu de Laeken, juntou representantes dos governos dos Estados-membros,
dos parlamentos nacionais, do Parlamento Europeu e da Comissão. Tinha o intuito de
proceder à construção de um Tratado que atendesse às reformas entendidas necessárias no
Conselho Europeu de Laeken.

26
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

★ Tratado que Estabelece uma Constituição para Europa (TECE): A despeito


da Declaração de Laeken, o entendimento que prevaleceu na Convenção, foi o de
chamar “constituição” ao novo pacto

○ “O nome matou a coisa”: Depois do anteprojeto do tratado ter sido aprovado


por consenso em 13 de Junho e 10 de Julho de 2003 na Convenção e assinado
(com apenas algumas alterações) pelos 25 Estados-membros em 2004, o
Conselho Europeu de 2007 concretizou uma decisão de abandono da
Constituição Europeia devido ao movimento anti-Constituição que se criou
nos vários Estados-membros.

■ SOLUÇÕES PREVISTAS NO TRATADO QUE APROXIMAVAM A


UNIÃO DA IDEIA DE ESTADO:
● Símbolos da União - bandeira, hino, lema, moeda e dia da
Europa
● Designação dos atos jurídicos como leis e leis-quadro,
segundo critérios de articulação hierárquica semelhante aos
atos estauduais,
● Criação da figura do ministro de negócios estrangeiros
● Enunciação expressa do princípio do primado do Direito da
União Europeia

■ REAÇÃO DA EUROPA:
● Referendos negativos em França e na Holanda, realizados em
maio de 2005, deixaram o processo de ratificação em curso
● Conselho Europeu de Junho de 2005 - em reação ao resultado
dos referendos, os Estados-mmebros acordaram em dar uma
pausa de 1 ano para a reflexão
● Conselho Europeu de Junho de 2006 - prorrogou por mais 1
ano o compasso de espera
● Cimeira de Berlim de 25 Março de 2007 - Os
Estados-membros invocam o objetivo de fazer assentar a União
sobre bases comuns renovadas até 2009, seguindo-se um
período de relativa indefinição com um grupo alargado de
Estados-membros - os “Amigos do Tratado Constituticonal” - a
insistir na viabilidade da opção constitucional, contra a
oposição declarada de Estados como França, Polónia, RU,...
● Conselho Europeu de Junho de 2007 - abandonou
efetivamente a ideia da Constiuição europeia

Conselho Europeu (junho 2007): Abandona a ideia de Constiutuição Europeia e


incumbe uma nova Conferência Intergovernamental de preparar um tratado reformador do
tratados em vigor - vem a ser o tratado de Lisboa

Tratado de Lisboa (13 março 2007): Regresso ao caminho seguro e conhecido do


métiodo comunitário, expressão da doutrina renovada do contratrualismo como base de

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

sustentação da União Europeia, emergente da vontade soberada dos Estados membros. As


soluções que consagra pouco se distanciam das soluções da Consituição Europeia.

★ Aprovação: À exceção da Irlanda, seguiu o formato simplificada de voto


parlamentar, contudo, só entrou em vigor a 1 de Dezembro de 2009

○ Irlanda: Submeteu o tratado de Lisboa a um referendo, registando uma


participação de 53% do eleitorado que, por uma maioiria de 53%, o rejeitou4.
Por sua vez, isto recriou o receio de um novo bloqueio, depois do que tinha
acontecido com a Constituição Europeia

■ CONSELHO EUROPEU DE 12 DEZEMBRO DE 2008: Foram dadas


determinadas garantias à República da Irlanda - manutenção da sua
soberania em matéria fiscal, respeito pela sua tradicional neutralidade,
intangibilidade da sua Constituição no domínio do direito à vida, à
educação e do direito da família, de tal modo que no segundo
referendo (12 de Junho de 2008), o tratado já foi aprovado com uma
maioria de 67%

○ República Checa: O Presidente condicionou a sua assinatra à garantia sobre a


incaplicabilidade da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.

5. AS FASES NA TEROIA DA INTEGRAÇÃO ECONÓMICA


4 Fases:

★ Zona de Comércio Livre: Formas transitórias de integração que evoluem para um


estádio superior ou, não resistindo às tensões provocadas pelos interesses nacionais
divergentes, se extinguem.

○ Eliminação dos entraves tradicionais às relações comerciais entre os Estados:


restrições quantititativas ou contingentes e direitos aduaneiros de importação
e exportação

○ Garantia da livre circulação de mercadorias nas relações entre Estados


participantes.

○ Aplicação de diferentes pautas aduaneiras nacionais face aos países fora da


União

★ União Aduneira:

4
Introduziu no debate europeu alguma radicalização de argumentos. Para alguns, esta maioira nmaa população
de 4,4 milhões não poderia bloquear a vontade de 500 milhoes de habitantes. Argumento que a Prof. MLD
considera: a) falacioso, por desprezar a especificidade do procedimento de revisão de tratados que garante
igualdade entre estados membros e acordo, independentemente do seu peso demográfico; b) perigoso, por
desvalorizar a autoridade democrátca de uma consulta referendária.

28
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

○ Alargamento da livre circulação de mercadorias a todos os produtos -


inclusive agrícola

○ Aplicação de uma pauta aduaneira comum

★ Mercado Comum: Modalidade mais avançada de integração

○ Acrescenta a livre circulação de fatores produtivos

○ Caso concreto das Comunidades Europeias:

■ 4 LIBERDADES
● circulação de mercadorias
● circulação de pessoas - dos trabalhadores e livre direito de
estabelecimento
● serviços
● capitais

■ POLÍTICAS COMUNS (agrícola, de pescas e comercial)

■ PROCEDIMENTO DE HARMONIZAÇÃO DE LEGISLAÇÕES


NACIONAIS

★ União Económica Monetária: Modalidade mais avançada de integração:


coordenação das políticas enconómcias, sociais, financeiras e monetárias,
aprofundamento do processo de harmonização das legislaçãoes nacionais
relacionadas com o fiuncianamento do sistema económico

Estádio Atual da União Europeia: Combina elemento típicos de união aduaneira,


mercado comum e união monetária

6. O TRATADO DE LISBOA E A AFIRMAÇÃO DA UNIÃO


EUROPEIA COMO ESPAÇO DE INTEGRAÇÃO POLÍTICA
Inovação do Tratado de Lisboa:

★ Matérias Principais de Revolução:

○ Personalização da União Europeia

○ Proteção dos Direitos Fundamentais

○ Sistema Eurocomunitário de competências

○ Estrutura institucinoal e equilíbrio de poderes

○ Procedimento de decisão

29
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

○ Atos jurídcos e separação de funções

★ Fundamento das Alterações: As alterações introduzidas convergem em torno dos


dois pilares do paradigma do Estado de Direito: a separação de poderes e os direitos
fundamentais. Como entidade política, e sem adotar a forma de Estado federal, a UE,
através do estatuto jurídico definido pelos Tratados, passa a decidir, incluindo os
limites a que está sujeita, como se fosse um Estado.

★ 5 Principais Diferenças face à Constiuição Europeia:

○ Desaparecimento dos símbolos da União

○ Desapareciemnto da designação dos atos jurídicos como leis e leis-quadro,


segundo critérios de articulação hierárquica semelhante aos atos estauduais,

○ Substituição da figura do Ministro de Megócios Estrangeiros pela da Alto


Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de
Segurança

○ A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia foi retirada do corpo


dos tratados, que lhe fazem apenas uma referência

○ O princípio do primado do Direito da União Europeia foi remetido para uma


mera declaração

7. MÉTODO COMUNITÁRIO E PRINCÍPIO CONTRATUALISTA:


REGRESSO ÀS ORIGENS
Método Funcionalista: Teoria clássica sobre a integração regional que olha para o
interesse comum de definição de políticas económicas e sociais, como o fundamento da
criação de órgãos de autoridade supranacional, com poderes regulatórios dos mercados.

★ Impacto na União Europeia: Orientou a opção europeia pela integração


económica com a criação das três Comunidades Europeias e esteve na base do
“método dos pequenos passos” (avanços graduais, mas irreversíveis) - os tratados de
Roma são o triunfo do método funcionalista sobre o federal. O estabelecimento
gradual de solidariedades de facto entre os Estados-membros do mercado comum
deveria incidir sobre a generalidade das atividades económicas, criando um efeito de
engrenagem ou incrementalismo.

Processo de Construção Comunitária: Apropriou-se do método funcionalista, mas


conferiu-lhe traços próprios, tendo a sua evolução resultado da sucessão de etapas.

★ Avanços no Processo: Os avanços são expressão de limitações à soberania dos


Estados-membros, devidamente negociadas e contratualizadas. Contudo, por vezes,

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

os avanços são alcançados pela via informal da decisão política qualificada, ao mais
alto nível de representação dos Estados-membros no Conselho Europeu ou pelo
Tribunal de Justiça no exercício da sua função de interepretação e aplicação das
normas comunitárias.

★ Novos Objetivos: Manter a construção comunitária em constante processo de


realização pressupõe novos objetivos, numa lógica de progressividade e expansão
contínua do espaço de decisão própria dos órgãos comuns, em substituição do decisor
nacional

União Europeia: “Substitui-se e sucede à Comunidade Europeia” - art. 1 do TUE.


Desapareceram as Comunidades, fortalecendo o método comunitário.

★ Comunidades:

○ CECA: Extinguiu-se com a caducidade do Tratado de Paris em 2002

○ Comunidade Europeia: Foi sucedida pela União Europeia com a entrada em


vigor do Tratado de Lisboa - daí a Prof. MLD criticar a subsitiuição do termo
“comunitário” por “ da união” ao longo do tratado

○ EURATOMO: Sobrevive, não prejudicando a vocação geral das competências


da União, dada a sua notória especifiicidade regulatória

★ Plano Estrutural - Abandono da Estrutura sobre Pilares: O Tratado de


Lisboa mantém-se fiel à lógica do método comunitário, alargando-se à dimensão
política da integração. O aspecto mais marcante do reforço do método comunitário
resulta do abandono desta estrutura.

○ Dualidade Metodológica: Na versão anterior do Tratado de Lisboa, a União


Europeia e as Comunidades Europeias apresentavam a uma estrutura
assimétrica, baseada numa dualidade metodológica, entre a opção
comunitária e a opção intergovernamental, de exercício direto de poderes de
soberania pelos Estados-membros.

■ OPÇÃO COMUNITÁRIA: Correspondia ao primeiro pilar


● Caracterizava-se por: direito exclusivo de iniciativa normativa
por parte da Comissão; maioria qualificada como regra de
deliberação do Conselho; poder de decisão partilhado entre o
Conselho Europeu e o Parlamento Europeu sobre um número
crescente de matérias; jurisdição obrigatória e plena do
Tribunal de Justiça

■ OPÇÃO INTERGOVERNAMENTAL: Correspondia ao segundo


(Política Externa e de Segurança Comum - PESC) e terceiro pilar
(Cooperação Penal e Judiciária em Matéria Penal)

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

● Caracterizava-se por: poder da Comissão mais limitado;


unanimidade como regra de deliberação do Conselho;
Parlamento Europeu remetido a uma mera funçaõ consultiva;
exclusão da competência de controlo do Tribunal de Justiça

★ Plano das Soluções Jurídias Adotadas: Vingou uma concepção eclética que
procura conciliar o método comunitário e a reserva da soberania

○ “Pilares Invisiveis”: Em domínios mais diretamente ligados ao exercício de


atributos típicos de estadualidade, a União preservou a lógica
intergovernamental dos pilares

■ ANTIGO IIº e IIIº PILAR: A regra da deliberação no Conselho Geral


continua a unanimidade (art. 31/1 e 42/4 do TUE e art. 87/3 e 89 do
TFUE) ou, no caso de se prever maioria qualificada, são accionáveis,
pelos Estados-membros, mecanismos de bloqueio decisional (art. 82/3
e 83/3 do TFUE).

■ REGIME DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA


UNIÃO EUROPEIA (TJUE):
● Matérias de Política Externa, Segurança e Justiça: Nos
termos do art. 275 do TFUE, o Tribunal de Justiça não tem,
neste âmbito, competência. Contudo, o Juiz da União pode
controlar a observância do art. 40 do TUE relativo aos limites
entre esta competência “mitigada” da União e as competências
plenas reguladas pelo TFUE, tal como se pode pronunciar
sobre os recursos de legalidade de decisões restitivas de
direitos.
● Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça: O art. 276 do
TFUE impõe limites ao poder de controlo do TJUE, contudo,
sobre matérias do antigo III pilar é obrigatória, e não
facultativa, a competência do Tribunal de Justiça no âmbito
das questões prejudiciais.

Princípio Contratualista: Fundamento do poder político da União Europeia. O Tratado


de Lisboa alarga a base de vinculação da União à vontade soberana dos Estados-membros.

★ Processo de Revisão dos Tratados (art. 48 do TUE): No processo de revisão


ordinário, as alterações só entram em vigor depois de ratificadas por todos os
Estado-membros, em conformidade com as respetivas normas constitucionais.
Mesmo os pricesimentos de revisão simplificada não dispensam a concordância
unânime dos Estados-membros, relativamente às modificações propostas.

○ Lógica de “Tudo em Aberto”: Futuras revisões dos tratados podem ir no


sentido de aumentar ou reduzir as competências atribuídas à União, pelos
Tratados. Esta disposição atricula-se com o desapareciento de qualquer

32
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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referência autónoma ao princípio do acervo comunitário, garnate de uma


ideia de irreversabilidade dos avanços da integração

★ Direito Inerente de Saída (art. 50 do TUE): Pressupõe a negociação e


celebração, entre a União e o Estado-membro candidato à saída, de um tratado
internacional, cuja aprovação é assegurada pelo Conselho, por maioria qualificada5.

★ Ausência do Primado no Texto do Tratado: Apesar da Declaração n.º17


consagrar o primado do direito comunitário, uma consagração normativa daria ao
Juiz comunitário uma dose reforçada de autoridade, que, assim, não tem, na
afirmação do primado, inclusive sobre as Constituições.

★ Respeito pela União às Constituições dos Estados-membros:

○ O art. 6/3 TUE remete para tradições constitucionais comuns aos


Estados-membros como parte integrante do bloco de fundamentalidade que
vincula a União Europeia.

○ O respeito pela identidade nacional dos Estados-membros no art. 4/2 do TUE


depende do espaço reconhecido aos valores e princípios vertidos nas
Constituições nacionais

○ O art. 53 da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia garante o


nível mais elevado de proteção dos direitos fundamentais que pode resultar
das normas garantidoras da Constituição

○ Novas disposições em matéria de competências da União, exprimindo uma


preocupação redobrada com a imposição de limites à sua expansabilidade
(art. 4/1 e 5 do TUE e art. 2 a 5 do TFUE)

■ CLÁUSULAS DE OPT-OUT: A Prof. MLD considera que têm sido, em


quase todos os casos, manifestações de autoridade iniguilitária por
parte de certos Estados-membros que, em virtude do seu peso político
ou circunstâncias do momento, desiquilibram a balança dos poderes.

8. NATUREZA JURÍDICA DA UNIÃO


União Europeia: “União de Estados soberanos que, por via pactícia e com fundamento
nas suas consitituições, decidiram exercer em comum os respectivos poderes de soberania”

★ Dualidade Metodológica: Atribuição à União Europeia de poderes que são


cedidos pelos Estados-membros, mediante garantia de controlarem o exercício de
tais poderes ou, mesmo, de os recuperar (freios intergovernamentais)

Relações de Tipo Societário vs. Comunitário:

5
É mais fácil sair (maioria qualificada), do que entrar (unanimidade)

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

★ Societário: São mais fortes as pulsões centrífugas e os Estados permanencem


separados apesar de tudo quanto fazem para se unir. Funciona na base de critérios de
coordenação de autoridade - modelo seguido pelas organizações internacionais
clássicas ou intergovernamentais.

★ Comunitário: Prevalecem os interesses comuns, são mais fortes as pulsões


centrípetas e, por isso, os Estados estão unidos apesar de tudo o que os separa.
Pressupõe limites da autonomia decisória que levam à criação de deveres não iguais
para todos, existindo posições superiores e inferiores, ou seja, um quadro de
subordinação - modelo seguido pelas Comunidades Europeias

★ Relação Subjacente na União Europeia: Com a criação da União Europeia e a


consagração formal de métodos e de procedimentos de cooperação
intergovernamental, o processo de construção europeia passou a combinar relações
de tipo comunitário e societário

○ Défice de Vontade Comum da União Na Resposta às Crises: Não é esta


ambiguidade metodológica a causa deste problema, mas sim, no plano
político, a manifestação de uma vontade diretorial e errática que mina a
coesão entre parceiros, por um lado, e corrói a confiança dos cidadãos nos
benfícios do projeto europeu, por outro lado.

9. A UNIÃO EUROPEIA E A VERTIGEM DAS CRISES SUCESSIVAS


(2008-2020)
Crise Económica de 2008: Começou nos EUA com um crash financeiro e bolsista, e
alastrou-se para as economias da Zona Euro. Para evitar a falência dos Bancos, os
Estados-membros foram compelidos a adotar medidas de resgate que, pela sua dimensão,
deixaram alguns Estados-membros num cenário de pré-bancarrota - Portugal, Grécia,
Espanha, Irlanda e Chipre.

★ Crise das Dívidas Soberanas: Vários Estados-membros ficaram em risco de


ruptura de pagamentos, afastados dos mercados financeiros, com o aumento
especulativo dos juros da dívida, o que a ameaçou a existência do Euro como moeda
única, cujo colapso teria tido, além de consequências económicas e sociais,
significaria o colapso do projeto europeu delineado no Tratado de Maastricht.

○ Resgate Financeiro da Troika: Formada pela Comissão Europeia, pelo Banco


Central Europeu e pelo Fundo Monetário Europeu, impôs, aos
Estados-membros destinatários, um conjunto de medidas de contenção
orçamental e reformas estruturais, gerando uma forte contestação social e
instabilidade política nos Países por causa dos cortes salariais, das pensões,...,
políticas de grande dureza.

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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○ Medidas da União Europeia: Ao fim de 3 anos de negociação, a UE acabou por


aprovar um pacote de medidas que combinam traços de federalismo e
caracterisitcas de intergovernamentalismo:

■ CRIAÇÃO DO MECANISMO EUROPEU DE ESTABILIDADE, o que


obrigou a uma revisão dos Tratados

■ ACEITAÇÃO DA REGRA DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTAL, através


de disposições internas vinculativas e de carácter permanente, de
preferência a nível consitucional

■ NOVOS PODERES NA COMISSÃO NO CONTROLO DOS


ORÇAMENTOS DOS ESTADOS MEMBROS

■ REFORÇO DO ESTATUTO REGULADOR DO BANCO CENTRAL


EUROPEU NO SETOR BANCÁRIO, tornando-se um elemento
fundamental de gestão comum de dívidas soberanas

Crise dos Refugiados (2015): Milhres de pessoas atravessaram o Mediterrâneio em


embarcações precárias para chegar à Europa (Grécia, Itália, Malta, Chipre e Espanha),
gerando uma pressão difícil de gerir. Expôs as divisões entre os Estados em matéria de
acolhimento, varrendo qualquer ilusão sobre o espírito de cooperação solidáriae da prática
mínima da decência - ex: a Alemanha recebeu cerca de 1 milhão de refugiados enquanto
França vedou o acesso e permitiu a existência de campos de refugiados.

★ Causas: Escalar dos conflitos na Líbia (2011), na Síria (2012) e na Áfirca subsariana
e o agudizar das situações de pobreza extrema em que vivem as populações da
generalidade dos países do lado sul e leste da bacia meditereânica.

★ Problemas Criados: A existência de regras europeias sobre asilo não deu resposta
a dois problemas fundamentais:

○ Princípio da Responsabilidade do Estado-membro de Acesso do Refugiado:


Não era, este princípio, viável para uma situação de afluxo desmesurado e
caótico, em alternativa teria de ser acordado entre todos os Estados-membtos
um sistema de partilha dos refugiados

■ SOLUÇÃO: A União tentou criar mecanismos de gestão centralizada


dos fluxos migratórios para garantir uma repartição equitiativa dos
refugiados e migrantes pelos Estados-membros, com fundamento no
princípio da solidariedade, contudo não foi bem sucedida, tendo
havido países como a Hungria e a Eslováquia que se recusaram.
Assim, em 2017, apostou-se num mecanismo de reinstalação que
envolvia o compromisso da UE em pagar a países, como a Turquia,
para reter no seu território.

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○ Refugiados e “Refugiados”: Entre deslocados encontravam-se pessoas que


teriam direito a estatuto de proteção internacional destinada a refugiados e
outras que seriam migrantes em busca das melhores condições de vida,
sujeitos a regras internacionais e europeias diferentes.

Crise do Brexit: O referendo de 23 de Junho de 2016 do Reino Unido, com uma


participação de 72%, obteve uma maioria de 52% que votou a favor da saída da União
Europeia. O processo de saída foi muito atribulado.

★ Impacto Político e Económico: Não produziu efeitos de contágio noutros


Estados-membros a pedir a saída, nem abalou o normal funcionamento das
instiuções, já que o cenário de saída esteve em cima da mesa 4 anos, o quadro
jurídico já existia e, quando se colocaram dúvidas, foi em tempo clarificado pelo TJ.

○ Perspetiva da União Europeia: Os danos foram devidamente acautelados e


contidos, reforçando a União Europeia. Os 27 Estados-membros
mantiveram-se unidos na estratégia definida para a negociação e não cederam
às várias tentativas de aproximação bilateral.

○ Outros Fatores: A minimização dos custos do Brexit resultou, também, da


emergência sanitária do COVID-19

Crise Pandémica (2020): Com múltiplas frentes de desestabilização, destruição do tecido


económico, agravamento das desiguladades sociais, perda de milhares de vidas e teste à
preparação dos sistemas nacionais de saúde. A resposta da União não foi uniforme, nem
poderia ser dado nível de competência atribuído à União neste tópico.

★ Decisões Imprortantes Tomadas pela UE:

○ Aquisição centralizada de vacinas


○ Programas de apoio à produção e distribuição de material de proteção
individual
○ Aprofundamento da cooperação entre as agências europeias na área de saúde
pública
○ Regras temporárias em matéria de controlo das ajudas de Estado de modo a
facilitar o apoio às empresas em dificuldades
○ Pacote de 1850milhoes de euros lançado pelo BCE para a compra de título de
dívida pública
○ Fundo de Resiliência e Recuperação - “Bazuca Europeia”

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PARTE I - A ESTRUTURA DECISÓRIA DA


UNIÃO EUROPRIA

CAPÍTULO I: ASPECTOS COMUNS DO SISTEMA


INSTITUCIONAL

10. SISTEMA INSTITUCIONAL DA UNIÃO - NOÇÕES BÁSICAS


Os 2 vetores que Encaminharam a Evolução do Quadro Institucional:

★ Unificação dos Órgãos: Conduzindo à definição de um quadro institucoinal único

★ Criação de Novos Órgãos: Motivada pela necessidade de adequar o suporte


institucional ao incremento de poderes e funções confiadas ao decisor
eurocomunitário. Tornou o sistema institucional mais complexo, menos transparente
e, em alguns domínios, redundante.

Enquadramento Institucional: A União Europeia foi criada pelo Tratado de Maastricht,


contudo, mantinham-se, em simultâneo, as 3 comunidades. Inicialmente, os tratados
referiam-se ao quadro institucional da União Europeia como um “quadro institucional
único”, de forma a garantir a unidade de fundamento entre a componente comunitária e a
componente intergovernamental da União (os mesmos órgãos com competências diferentes).
Com a versão introduzida pelo Tratado de Lisboa, desapareceu o termo “único” para
adjeitivar o quadro institucional da União, adptando-se à realidade, na medida em que a
União atua sobre diferentes velocidades consoante a matéria em causa, dispondo de um
quadro institucional plural e flexível.

Distinção entre Instituição e Órgãos:

★ Versão Anterior do Tratado de Lisboa: Havia entidades que eram qualificadas


como instituições (Parlamento Europeu, Conselho, Comissão, Tribunal de Justiça e
Tribunal de Contas). Além disso, os tratados previam outras estruturas orgânicas ou
a sua criação sob a designação de “órgãos”.

○ Critério Distintivo: Não era claro, sobressaindo mais uma avaliação política e
simbólica sobre o papel atribuído às instituições do que um critério jurídico,
Esta imprecisão ficou ainda mais evidenciada face ao facto de o Tribnual de
Contas ter sido consagrado como institiuição, levantado a questão qual seria o
critério, a autonomia ou a competência decisória.

■ COMPETÊNCIA DECISÓRIA: Caso em que se justificaria a


institucionalização do Banco Central Europeu (BCE)6

6
o que só ocorreu com o Tratado de Lisboa

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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■ AUTONOMIA: Caso em que se justificaria a institucionalização do


Comité das Regiões e do Comité Económico e Social, já que o tratado
lhes reconhece o poder de aprovar o seu regulamento interno sem
controlo do Conselho

★ Face ao Tratado de Lisboa (art. 13 TUE): Ao acrescentar o Conselho Europeu e


o BCE ao rol de instituições, torna mais clara e coerente a motivação política que
inspira a opção de destacar, do conjunto de órgãos da União Europeia, os que
ocupam um lugar de maior saliência no quadro da decisão política ou do controlo
juridicional, político e financeiro.

○ “Tribunal de Jusitça da União”: Também a expressão “Tribunal de Justiça” foi


substituída por esta, de modo a incluir o Tribunal de Justiça, o Tribunal Geral
e os tribunais especializados, regressando à lógica que vigorou até ao Tratado
de Nice de unidade institucional da estrutura jurisdicional da União: uma
instituição, vários tribunais.

○ “Organismos”: O art. 2 do Tratado de Lisboa decretou a substiuição da


expressão relativa a “instituições e órgãos” por “instituições, órgãos e
organismos” em todos os artigos do tratado sem, contudo, fornecer uma
definição.

■ DOIS TRAÇOS PRINCIPAIS - PROF. MLD:


● Não estão expressamente previstos no texto dos tratados
● São criados por decisão das instituições e órgãos competentes
da União, beneficiando, regra geral, de personalidade jurídica
própria

■ “ADMINISTRAÇÃO INDIRETA”: Os organismos são cada vez em


maior número, surgindo sobre as mais variadas designações e formato
jurídico. A sua proliferação traduz a necessidade de encontrar a
solução mais para dar resposta ao cumprimento das novas missões
confiadas pelos Estados-membros à União Europeia. A prof. MLD
considera que eles correspondem ao que, na estrura administrativa de
um Estado, chamamos de administração indireta.

11. ESTRUTURA INSTITUCIONAL E FONTES DE


LEGITIMIDADE
Tipos de Legitimidade:

★ Legitimdade Democrática:

○ Parlamento Europeu: Eleito por sufrágio direto e universal dos cidadãos dos
Estados-membros desde 1979

38
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★ Legitimidade Intergovernamental:

○ Conselho: Composto pelos representantes dos Estados-membros

○ Banco Central Europeu

○ Tribunal de Contas

○ Restantes Órgãos Comunitários (como o Comité das


Regiões e o Comité Económico Social)

★ Legimtidade Eurocomunitária ou Suprancaional:

○ Comissão: Os seus membros são escolhidos em função da sua competência e


estão vinculados a um dever de independência, representando o interesse
geral da União (art. 17/1 do TUE)

★ Controlo Jursidicional: O Tribunal de Justiça da União Europeia foge a este


enquadramento dos órgãos que exercem função política. O princípio de autoridade
que sustenta a atuação dos tribunais da União e que delimita a sua competência é o
controlo jursidcional, caracterizado pela independência e por um modelo de
produção e aplicação das normas jurídicas, segundo o paradigma do Estado de
Dirieto

Críticas ao Modelo Institucional-Decisório da União Europeia: Derivam,


geralmente, da existência de um exercício de mistificação política, reinvidicando mais
poderes para o Parlamento Europeu, prefigurando um arquétipo democrático de decisão que
suporia a existência de um verdadeiro Estado.

★ Prof. MLD: Considera que, no quadro de um modelo atípico de associação de


Estados como é a União Europeia, não faz sentido apregoar a superioridade natural
da legitimidade democrática sobre a legitimidade intergovernamental.

12. QUADRO COMUM DE FUNCIONAMENTO DAS


INSTITUIÇÕES, ÓRGÃOS E ORGANISMOS

12.1 AUTONOMIA
Autonomia Externa: Resulta do:

★ Grau de independência da União Europeia na sua relação com os


Estados-membros e outras entidades jurídicas, mercê da personalidade jurídica que,
a partir do Tratado de Lisboa, lhe foi expressamente reconhecida (art. 47 do TUE)

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★ Regime tradicionalmente associado às organizações internacionais


relativo aos privilégios e imunidades

Autonmia Interna:

★ Envolve:

○ Autonomia Organizativa: O Parlamento Europeu (art. 232 do TFUE), a


Comissão (art. 249/1 do TFUE), o Conselho (art. 240/3 do TFUE), o Comité
Económico Social (art. 303 do TFUE) e o Comité das Regiões (art. 306 do
TFUE) aprovam o respetivo regulamento. O Banco Central Europeu vai mais
além, apresentando presonalidade jurídica própria e estatuto reforçado de
independência (art. 282/3 do TFUE)

○ Prerrogativa de Organização dos Serviços: Incluindo a criação de órgãos


subsidiários

■ ACÓRDÃO DE 16/12/1964 DO TJCE (PROC. 109/63, MÜLLER):


Concluiu que “uma medida geral de organização dos serviços” releva
da competência exclusiva dos órgãos

■ CASO MERONI - ACÓRDÃO DE 13/06/1958 DO TJCE (PROC. 9/56):


Clarificou a função limitadora do Tratado institutivo como
fundamento do poder de criar órgãos subsidiários: aos órgãos
principais está vedada a possibilidade de criar órgãos subsidiários, ou
neles delegar poderes, para prosseguir funções que os Tratados
confiam a outros órgãos.

★ Limites: Definidos pelo Tribunal de Justiça a propóstio do estatuto do Parlamento


Europeu

○ Acórdão de 15/09/1981 (Proc. 208/80, Ford Bruce of Donnigton): Concluiu


que os Estados-membros não devem, no exercício das suas competências de
natureza fiscal, interfeir no funcionamento interno do órgão parlmentar - a
propósito do reembolso das despesas de viagem de deputados europeus

○ Acórdão de 10/07/1986 (Proc. 148/85, Whybet): Tendo em conta os


princípios do equilíbrio institucional (art. 13/2 do TUE) e da competência por
atribuição (art. 4/1 e 5/1 do TUE), o Tribunal decidiu, relativamente à
competência para fixar a duração das sessões parlamentares, que o
Parlamento Europeu não pode subtrair às outras instituições uma
prerrogativa que lhes pertença por força dos próprios Tratados.

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12.2 FUNÇÃO PÚBLICA DA UNIÃO EUROPEIA


Estatuto dos Funcionários e Agentes das Comunidades Europeias: Foi definido,
na sequência do Tratado de fusão de 8 de Abril de 1968, por um corpo único de regras.

Modelo de Função Pública:

★ Função Pública Eurocomunitária: Está, devido ao número de efetivo e ao


regime contratual aplicável, mais próxima do modelo nacional do que do paradigma
de função pública associado às organizações internacionais.

★ Função Pública do Pessoal Contratado pelos Organismos da União: Estes


organismos, dotados na generalidade de personalidade jurídica e autonomia
financeira e administrativa, contratam livremente o seu pessoal, de acordo com as
modalidades previstas no ato institutivo ou no ato interno de gestão de recursos
humanos

Tribunal da Função Pública da União Europeia (2004): O Tribunal de Justiça da


União Europeia é competente para decidir sobre todo e qualquer lítigio entre a União e os
seus agentes (art. 257 do TFUE). Contudo, com o aumento expressivo da litigiosidade, foi,
em 2004, criado este tribunal especializado.

12.3 PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES


Protocolo 7: Regula o regime aplicável à União, aos seus funcionários e agentes, aos
deputados europeus e outros responsáveis pelas instituições nos terrtórios dos
Estados-membros. Define a situação jurídica dos representantes dos Estados-membros que
participam nos trabalhos das insituições e das missões dos Estados terceiros acreditadas
junto da União Europeia.

Regras Principais:

★ Os locais, edifícios e arquivos da União são invioláveis


★ Os bens, móveis e imóveis estão isentes do pagamento de impostos diretos
★ As pessoas ao serviço da União gozam de imunidade de jurisdição no território dos
Estados-membros relativamente aos lítigios associados ao cumprimento das suas
missões
★ Os representantes dos Estados-membros que se desloquem a territórios do
Estado-membro onde se situam os lugares de trabalho das instituições gozam das
facilidades e privilégios habituais reconhecidos pelo DIP
★ O Estado-membro cuja capital acolhe a sede principal da União Europeia (Bruxelas)
deve conceder às missões dos Estados terceiros acreditadas todas as imunidades e
privilégios diplomáticos usuais.

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Imunidade de Jurisdição: A União Europeia não beneficia de imunidade de jurisdição


(art. 274 do TFUE), podendo ser demandada junto do Tribunal de Justiça da União Europeia

12.4 REGIME LINGUÍSTICO


Poder de Aprovação: O Conselho tem o poder de aprovar, por unanmidade, o regime
linguístico das instiuições da União (art. 342 do TFUE)

Línguas Oficiais e de Trabalho da União: Os 24 idiomas oficiais dos Estados-membros,


enuciados no art. 55 do TUE7.

Jornal Oficial da UE: Publicado nas 24 línguas

Divergênicas Semânticas: Devem ser resolvidas mediante comparação entre as


diferentes versões

Correspondência Instiuições-Estados-membros:

★ Atos dirigidos pelas Instuições aos Estados-membros: Só serão autênticos se


forem na língua oficial desse Estado.

★ Comunicações dos Estados para as Instiuições: Podem ser redigidos em


qualquer uma das línguas oficiais, devendo a responsata ser redigida na mesma
língua.

Reuniões Oficiais: As insituições devem assegurar a utilização dos 24 idiomas oficiais


mediante o funcionamento do adequado sistema de tradução simultânea. Os documentos
oficiais também deveriam ser divuladgos nas várias versões.

★ Na Prática: Contrariando, muitas vezes,, a vontade expressa pelas delegações


nacionais, o inglês, o francês e o alemão funcionam como línguas de trabalho,
especialmente nas reuniões de nível técnico

○ Inglês: Tornou-se uma língua franca ou veicular do espaço multilinguísitico


da União Europeia

○ Francês: Resiste como lígua de comunicação entre os juízes dos tribunais da


União nas respectivas sessões de deliberação, o que, dispensando a presença

7
Alemão, Búlgaro, Checo, Croata, Dinamarquês, Eslovaco, Esloveno, Espanhol, Estónio, Finlandês, Francês,
Grego, Hungaro, Inglês, Irlandês (gaélico), Italiano, Letão, Lituano, Maltês, Neerlandês, Polaco, Português,
Romeno e Sueco.

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dos intérpretes, garante o desejado secretisimo das suas posições e do seu


sentido de voto.

Princípio Geral da Igualdade Línguisitica:

★ Problema: Se no presente já se questiona a igualdade dos 24 idiomas oficiais, no


futuro, com a prespetiva de novos alargamentos a pequenos estados com línguas
oficiais de pequna dimensão (como a Islândia e a Sérvia), o problema assumirá uma
dimensão cuja resolução desafia este princípio

○ Solução Possivel: Flexibilização do regime lingúistico, permitindo, por


exemplo, a utilização do inglês e do francês (e eventualmente o alemão) como
línguas de trabalho. Não obstante, reconhece o facto de desigualdade que esta
solução introduz entre os Estados-membros.

■ PROF. MLD: Não considera que este argumento economicista seja


razão suficiente para abdicar do atual modelo de equivalênica das
línguas oficiais dos 27 Estados-membros.

★ Limite Material de Revisão: A prof. MLD considera que é fundamental petrificar


o art. 342 do TFUE, fazendo o regime linguisitico um limite material de revisão dos
Tratados e uma garantia de cidadania da União, uma vez que o direito de um Estado
manter a sua língua como idioma oficial da União é uma exigência de trasparência
democrática (igualdade entre os cidadãos da União) e um pressuposoto da segurança
jurídica (conhecimento dos atos jurídicos eurocomunitáiro na língua nacional)

12.5 SEDES
Locais de Trabalho Provisório: Os tratados não estabelcem a sede das instituições,
remtendo para os governos dos Estados-membros a sua escolha de “comum acordo” (art. 341
TFUE). Dada a impossibilidade de alcançar um acordo sobre a sede única e deinfitiva, forma
definidos locais de trabalho provisório:

★ Bruxelas: Serviços da Comissão, do Conselho, do Comité Económico e Social,


reuniões de Conselho de Minsitros (com três reuniões anuais em Luxemburgo),
reuniõe das comissões e grupos políticos do Parlamento Europeu.

★ Luxemburgo: Tribunal de Justiça (e depois Tribunal da Primeira Instância, atual


Tribunal Geral), Tribunal de Contas, Serviço de publicações, certos serviços da
comissão, secretariado geral do Parlamento Europeu, Banco Europeu de
Investimento

★ Estrasburgo: Sessões plenárias do Parlamento Europeu (uma semana por mês;


desde 1979, três sessões anuais no Luxemburgo). Nesta cidade, as sessões decorrem
no hemiciclo da Assembleia Consultiva do Conselho da Europa.

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Consequências: Este modus vivendi penaliza o regular funcionamento do Parlamento


Europeu, verdadeira insituição nómada que se reparte pelos três locais de trabalho.

★ Tentativas de Resolução: A Partir dos anos oitenta, o Parlamento Europeu adotou


algumas medidas de organização interna que visavam concentrar a sua atividade em
Bruxelas. França e Luxemburgo opuseram-se, tomando a iniciatuva de impugnar a
legalidade das deliberações do Parlamento Europeu. No Conselho Europeu de
Edimburgo de 1992, foram confirmados os três locais de sede previamente
acordados. Com o tratado de Amesterdão, o acordo sobre a sede tomou a forma de
um protocolo anexo (Protocolo 6) aos tratados institutivos, pelo que a sua
modificação passou a exigir o procedimento de revisão do art. 48 do TUE.

13. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE VINCULAÇÃO


INSTITUCIONAL
art. 13º/2
13.1 PRINCÍPIO DO EQUILIBRIO INSTITUCIONAL
Repartição de Competências: A estrutura orgânica da União e a repartição de
competênicas entre os diversos órgãos de decisão não correspondem ao modelo clássico da
separação tripartida de poderes8.

★ Funções Legislativa e Executiva: Partilhada entre o Conselho, o Parlamento


Europeu e a Comissão, de acordo com as regras definidas pelos Tratados

★ Função Política de Expressão Não Legislativa: Partilhada pelo Conselho


Europeu e pelo Parlamento Europeu

Modelo Dicotómico:
Opõe a função político-decisória, desempenhada pelo Parlamento Europeu, pelo Conselho
Europeu, pelo Conselho e pela Comissão (conjunta ou separadamente), e pelo BCE,
relativamente à política monetária, à função judicial exercida pelos tribunais de da União.

Princípio (art. 13/2 do TUE): “Cada insituição atua dentro dos limtes das atribuições
que lhe são conferidas pelos Tratados, de acordo com os procedimentos, condições e
finalidades que estabelecem - refere apenas as insituições, mas a Prof. MLD considera que
também se deve aplicar aos órgãos e organismos da União. Não basta à insittuição
reivindicar a titularidade de um poder com fundamento no tratado, deve exercê-lo de um
modo que não afete as prerrogativas das restantes insituições.

★ Tribunal de Justiça: Entende este princípio como uma extensão do princípio da


legalidade da competência, no sentido em que cada órgão deve exercer as suas

8
Demonstra que a União Europeia não é um Estado, uma vez que o princípio constitucional da separação de
poderes, critério fundamental da limitação jurídica do poder do Estado, só de modo aproximado se pode
considerar reproduzido ou acolhido pelo modelo eurocomunitário

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competências no respeito das competências dos outros órgãos, funcionando como


uma garantia das prerrogativas de participação de cada insituição no prcoesso de
decisão e dos direitos reconhecidos aos particulares.

○ Princípio da Competência da Atribuição vs. Princípio do Equilíbrio


Insitucional:

■ PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA DA ATRIBUIÇÃO: Ideia de uma


atuação limitada aos meios jurídicos de ação previstos pelos tratados
(estática dos poderes)

■ PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO INSITUCIONAL: Respeito das relações


interinstitucionais (dinâmica dos poderes)

○ Caso Meroni e Caso Köster

Acordos Interinstitucionais (art. 295 do TFUE): O Parlamento Europeu, o Conselho e


a Comissão procedem a consultas recíprocas e organizam de comum acordo as suas formas
de cooperação. Para o efeito, podem, respeitando os tratados, celebrar acordos
interinstucionais que podem revestir-se de carácter vinculativos.

★ Acordos que alterem o equilíbrio insitucional: São, com base neste artigo,
suscetíveis de impugnação contenciosa junto do Tribunal de Justiça e eventual
declaração de nulidade.

13.2 PRINCÍPIO DO RESPEITO PELO ACERVO


EUROCOMUNITÁRIO
(ou princípio do adquirido comunitário)

“Nascimento”: Contexto de abertura das negociações que predeceram o primeiro


alargamento em Junho de 1970

★ Tratados de Adesão: Acolheram uma cláusula de recepção expressa do acervo


comuntário.

Princípio: Duas vertentes

★ Natureza de Diretriz Política: Ao tornarem-se membros das comunidades, os


Estados aderentes aceitam, sem reserva, os tratados e as suas finalidades políticas, as
decisões de qualquer natureza tomadas depois da entrada em vigor dos tratados e as
opções feitas no domínio do desenvolvimento e do reforço das Comunidades - obriga
os novos Estados-membros a aceitar o património jurídico das Comunidades
Europeias.

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★ Critério de Orientação Institucional: A União dispõe de um quadro


institucional único, que assegura a coerência e a continuidade das ações
empreendidas para antingir os seus objetivos, respeitando e desenvolvendo
simultaneamete o acervo comuntário (art. 13/1 do TUE)

○ Acervo Fundamental: Existe um acervo fundamental que é irreversível e


intangível no quadro de um processo de continuidade e desenvolvimento da
dimensão finalística da União. Em simultaneo, existem áreas de
regulamentação jurídica que podem, sem ofensa do princípio do acervo, dar
lugar a medidas, de abandono do espaço normativo, ocupado pelo decisor da
União ou de redução da intensidade reguladora.

Tratado de Lisboa: Apagou do seu texto a referência autónoma o princípio do acervo,


como consequênica do reforço do princípio contratualista, expressamente assumido pelo art.
48/2 do TUE, que amdite que os projetos de revisão podem ir no sentido de tanto aumentar
como reduzir as competências atribuídas à UE

★ Conclusão: Apenas a vontade soberana e unanimente expressa por todos os


Estados-membros através do processo de revisão não está subordinada ao respeito
estrito do princípio do acervo.

13.3 PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO LEAL


(ou princípio da fidelidade comunitária)

Princípio: Exigência básica de não contradição, no sentido de impor uma coerência de


atuação, traduzida na obrigação de adotar o comportamento que se mostre mais favorável ao
cumprimento das obrigaçõe sprevistas nos tratados. Vincula tanto os estados membros como
a União Europeia (art. 4/3 do TUE)

★ Conteúdo Concreto - Tribual de Justiça: Considera que o conteúdo deste


princípio depende, em cada caso particular, das disposições do Tratado e das regras
que resultam do seu sistema geral. Recentemente, foi reconhecida uma dimensão
autónoma de avaliação do comportamento às autoridades nacionais no exercício da
aplicação interna das obrigações decorrentes do Direito da União (Ac. 17.12.2020,
Comissão c. Eslovénia).

Aplicação do Princípio às Instituições da União:

★ A nível das relações entre as autoridades competentes e os


Estados-membros: Carácter bilateral do princípio. Associado ao funcionamento
equilibrado e eficaz de qualquer estrutura descentralizada de decisão, com particular
relevância no caso de não existir uma relação hieráriquica entre estes diferentes
niveis de decisão, como se verifica na artiuclação entre a União Europeia e os
Estados-membros. Limita a atuação das insituições ao respeito das competências
previstas pelos tratados.

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★ A nível das relações interinsitucionais: Exige das insituições eurocomunitárias


um comportamento que facilite a tomada de decisões e torne, por isso, mais eficaz a
sua atuação, de modo a garnatir o cumprimento do Direito da União. Como princípio
geral de vinculação insitucional, deve considerar-se a sua aplicação alargada a todos
os patamares de decisão da União Europeia, incluindo os órgãos e organismos.

○ Acordos Interintitucionais (art. 295 do TUE): Tendo em conta que o objetivo


desta disposição é o de aperfeiçoar, tornando mais eficiente o quadro de
regulação aplicável à cooperação entre as três insituições titulares de poderes
de decisão normativa, a Prof. MLD considera que não deve nenhuma destas
insituições ser arredada do processo previsto neste artigo, sob pena de um
eventual acordo bilateral poder ser considerado um agravo ao princípio do
equilibrio insitucional.

13.4 PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA


Princípio: Expressão de um paralelismo assumido entre os procedimentos inerentes ao
Estado de Direito nos ordenamentos estauduais e os procedimentos de uma União de
Direito. Exprime a vontade dos Estados-membros vertida no texto dos tratados

Evolução:

★ Declaração 17 relativa ao Tratados de Maastricht: Convidou a Comissão a


apresentar ao Conselho, até 1993, um relatório sobre as medidas destinadas a facilitar
o acesso do público à informação de que dispõem as insituições

★ Declaração de 25 de Outubro de 1993: O Conselho, a Comissão e o Parlamento


compromenteram-se a adotar medidas apropriadas em prol da transparência

★ Código de Conduta de 6 de Dezembro de 1993: Aprovado pelo Conselho e pela


Comissão, definiu os princípios reguladores do acesso do público aos documentos das
duas insituições.

★ Tratado de Amesterdão: O objetivo de garantir um processo decisório mais


transparente e aberto foi incorporado no próprio texto dos tratados insititutivos,
reconhecendo, a todos, o direito de acesso aos documentos do Parlamento Europeu,
do Conselho e da Comissão (art. 15/3 do TFUE).

○ Limites ao Direito de Acesso - Razão de Ser:

■ Necessidade de proteger o interesse público (segurança pública,


relações internacionais,...) e outros interesses merecedores de tutela
(intimidade e privacidade das pessoas, interesses financeiros da
União,...)

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■ Interesse próprio da instância solicitada por um pedido de acesso de


manter o segredo das suas deliberações, o que poderá ser justificado
no caso em que a divulgação possa prejudicar gravemente o processo
decisório da insituição

○ Decisão de Recusa: Tem de ser fundamentada no sentido de:

■ Especificar as circunstâncias que justificarão a invocação legítima das


exceções

■ Demonstrar que a divulgação dos documentos é suscetíviel de afetar


um dos interesses protegidos

14. INSTITUIÇÕES, ÓRGÃOS E ORGANISMOS

14.1 PARLAMENTO EUROPEU (PE)


História da Integração Europeia: Foi o Parlamento Europeu que beneficiou de um
verdadeiro efeito de mutação institucional, passando de um mero órgão de consulta para o
órgão de decisão política que é hoje. Nem sempre estas modificações resultaram de revisões
dos tratados: um parlamento não se limita a exercer competências atribuída, arroga-se de
poderes, o percurso do PE é o exemplo de um órgão sempre incoformado com o papel que os
tratados lhe reservam

A. COMPOSIÇÃO
Eleição: Sufrágio universal, direto, livre e secreto (art. 14/3 do TUE)

★ Processo Eleitoral: Como, até hoje, ainda não foi possível aprovar um processo
eleitoral uniforme (art. 223/1 do TFUE), as eleições continuam a realizar-se de
acordo com os princípios e regras de direito eleitoral vigentes em cada
Estado-membro.

★ Capacidade Eleitoral: O art. 20/2b do TFUE prevê o direito de qualquer cidadão


da União eleger e ser eleito nas eleições para o Parlamento no Estado-membro de
residência nas mesmas condições que os nacionais desse Estado.

○ “Cidadão”: O Tribunal de Justiça interpreta de forma ampla este conceito


para efeitos de dirieto de sufrágio nas eleições europeias, já tendo considerado
compatável com o Tratado a legislação britânica que estende o direito de voto
a nacionais de países terceiros residentes num Estado-membro e com fortes
vínculos históricos ao Reino Unido (Ac. 12.09.2006 Espanha c. Reino
Unido).

Representação: O PE é composto, no máximo, por 751 deputados (art. 14/2). O PE foi


reduzido a 705 deputados desde a última eleição em 2019

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★ Dificuldades: A composição do Parlamento Europeu sempre foi objeto de dificieis


negociações políticas entre os Estados-membros. A discussão tem girado em torno de
dois critérios relevantes:

○ Equidade demográfica, ou concretização do princípio representativo

○ Equilíbrio entre pequenos e grandes Estados-membros, com a previsão de


uma quota mínima e de uma quota máxima de representação, enquadradas
pelo princípio da proporcionalidade degressiva (art. 14/2 do TUE).

■ PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE DEGRESSIVA: Impõe que a


relação população/deputados seja tanto menos proporcional quanto
mais populosos forem os Estados.

■ QUOTA MÍNIMA E MÁXIMA: O Tratado de Lisboa estabelece como


número mínimo de lugares por país 6 e máximo 96.

Deputados:

★ Mandato: 5 anos (art. 14/3 do TUE)

★ Estatuto: Estabelecido pelo Parlamento Europeu (art. 223/2 TFUE)

○ Independência: O mandato europeu é de carácter representativo pelo que os


deputados votam, individualmente e não podem receber ordens nem estar
vinuclados a quaisquer instruções (art. 4º do Ato de 1976)

★ Privilégios e Imunidades: Constantes no Protocolo Relativo aos Privilégios e


Imunidades da União Europeia

○ Imunidade de Jurisidição Penal: Só pode ser levantada pelo Parlamento e


implica que, fora do território do Estado-membro pelo qual o deuptado foi
eleito, é aplicável o protocolo, mas que, relativamente a atos cometidos no
território do Estado que o elegeu, se aplica o regime que resulta do direito
nacional.

○ Livre Circulação: O deputado europeu goza de um regime incondicional de


livre circulação nas deslocações aos locais de trabalho do Parlamento
Europeu. Fora do quadro destas delocações, está sujeito às restrições
previstas nos tratados para a generalidade dos cidadãos.

★ Acumulação de Funções: Expressamente proibida a acumulação de funções


governativas, quer no executivo comunitário, quer no executivo nacional. Não
obstante, nada impede o exercício de outras funções profissionais remuneradas.

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B. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
Regimento Interno: Como expressão do princípio da autonomia institucional que
caracteriza o funcionamento das instituições da União, o Parlemento Europeu estabelece o
seu próprio regulamento interno (art. 232 do TFUE)

Organização: Os deputados estão agrupados por idealogias e afinidades políticas e não em


função da sua nacionalidade.

★ Grupos Políticos: Devem integrar pelo menos 23 deputados, eleitos, no mínimo,


pelo corpo eleitoral de ¼ dos Estados-membros, vedando a possibilidade de grupos
parlametares de apenas um Estado-membros - Atualmente, existem 7, entre os quais,
o Partido Popular Europeu, a Aliança Progressista dos Socialistas e os Democaratas
do Parlamento Europeu.

★ Deputados Não-Inscritos: É reconhecido, aos deputados, o direito de não aderir a


nenhum grupo político - Atualmente existem 29.

Grupos Políticos: Embrião dos partidos políticos europeus, contudo, atualemnte são
apenas formas de coligação de partidos de base nacional.

★ Estatuto: Tal como as regras de funcionamento, é definido pelo Parlamento e pelo


Conselho Europeu (art. 224 do TFUE)

★ Papel no Funcionamento do PE:

○ Eleição do Presidente: Pressupõe um compromisso entre o grupo socialista e


o grupo parlamentar europeu.

○ Conferência dos Presidentes: Órgão formado pelo Presidente e pelos


presidentes dos partidos políticos, sendo responsável pela organização dos
trabalhos

○ Composição e Presidência das Comissões Permanentes e Temporárias: Deve


refletir, por indicação dos grupos políticos, uma representação equitativa dos
Estados-membros e das tendências políticas.

○ Ordem dos Trabalhos, Apresentação de Questões e Tempo de Palavra:


Dependem da expressão numérica das famílias políticas

Mesa do Parlamento Europeu:

★ Composição:

○ Presidente

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■ Dirige as atividades parlamentares


■ Desempenha importantes funções protocolares e de representação
■ Pode, dependendo da sua personalidade, assumir uma relevante
magistratura de influência
■ Tem o poder de declarar o orçamento da União definitivamente
adotado (art. 314/9 TFUE)
■ Assina, com o Presidente do Conselho, os atos legislativos aprovados
pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, conjuntamente

○ 14 Vice-Presidentes

○ 5 Questores:

■ Não têm direito de voto


■ Regulam todas as questões financeiras e administrativas diretamente
relacionadas com a aplicação do estatuto dos deputados

★ Competências:

○ Em relação ao Secretairado Geral: O Secretariado geral drige os serviços


administrativos do Parlamento Europeu assegurados, na sua maioria, por
funcionários admitidos em concurso oriundos de todos os Estados-membros

■ Nomear o Secretário-Geral
■ Estabelecer o Organigrama do Secretariado-Geral

○ Em relação às Comissões Permanentes: A competência destas comissões


reparte-se sobre as principais áreas de intervenção do Parlamento Europeu

■ Criação das Comissões

○ Em relação às Comissões Temporárias: Estas comissões podem ter funções de


inquérito ou de reportar sobre um determinado assundto que exija uma
posição do Parlamento (art. 226 TFUE).

■ Criação das Comissões

Sessão Anual: O Parlamento Europeu realiza uma sessão anual que corresponde ao
período de um ano e que se decompõe em doze reuniões ordinárias do plenário (uma semana
por mês). As sessões plenárias são públicas.

★ Comissões Parlamentares: Como acontece nos parlamentos nacionais muito


alargados, boa parte dos trabalhos decorrem nas comissõe saprlamentares, que
reunem duas semanas por mês.

★ Localização das Sedes:

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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○ Estrasburgo: Onde se realizam as 12 sessões plenárias, incluindo a sessão


orçamental

○ Bruxelas: Onde ocorrem as sessões suplementares e as reuniões das


comissões parlamentares.

★ Quórum: ⅓ (fixado pelo regimento interno)

★ Deliberação:

○ Regra Geral: Maioria dos votos expressos (art.231 do TFUE)

○ Exceções:

■ ELIEÇÃO DO PRESIDENTE: A partir da terceira votação pode se


fazer, no quarto escrutínio, por maioria simples

■ REJEIÇÃO DA PROPOSTA DO CONSELHO NO PROCESSO


LEGISLATIVO ORDINÁRIO: Por maioria dos deputados que
compõem o Parlamento Europeu (art. 294/7b do TFUE)

■ MOÇÃO DE CENSURA QUE DITA A DESTITUIÇÃO COLETIVA DA


COMISSÃO: ⅔ dos votos expressos que representem a maioiria dos
membros que compõem o Parlamento Europeu (art. 234 do TFUE)

C. COMPETÊNCIAS
Défice Democrático: O Parlamento Europeu é, desde 1979, o único órgão da União eleito
por sufrágio direto universal. Por ser apresentar legitimidade democrática direta, existe uma
tendência para, de modo a colmatar este défice democrático, a atribuir mais poderes ao PE,
subtraindo-os ao Conselho, no qual têm assento os representantes dos Governos nacionais,
eleitos democraticamente e submetidos ao controlo político das respetivas assembleias.

★ Prof. MLD: Considera que esta ideia de um défice democrático está associada a uma
visão do PE como se fosse um Parlamento nacional, ideia errada, visto que a União
não é um Estado. Nesse sentido, o problema do PE não pode ser equacionado de um
modo unilateral, desligado da questão fundamental da forma jurídica da União
Europeia e da sua relação com os Estados-membros, devendo, antes, passar por um
sistema decisório que garanta a participação dos Parlamentos nacionais.

Principais Áreas de Atuação do PE (art. 14/1 do TFUE):

★ Poderes de Controlo Político: Inicialmente, o PE foi concebido como um órgão


de controlo político da Comissão, atualmente esse controlo estende-se até ao
Conselho

○ Participação na Nomeação dos Membros de Outras Instituições e Órgãos:

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Luísa Braz Teixeira

■ NOMEAÇÃO DA COMISSÃO: Existe uma prática (sem previsão nos


tratados), de audição prévia das personalidades nomeadas como
futuros membros da comissão, ouvidas perante as comissões
parlamentares competentes em função do domínio da atividade
provável de tutela, que já conduziu à exclusão de nomes propostos
pelos Estados membros (Anexo VII do Regimento Interno)
● Presidente: O candidato proposto pelo Conselho Europeu é
eleito pelo Parlamento Europeu por maioria dos membros que
compõem. O Conselho Europeu, ao indicar um cadidato, deve
ter em conta o resutado das eleições para o Parlamento e
desenvolver as necessárias diligências de acerto de posições
entre as duas instituições (art. 17/7 do TUE e Declaração 11).
● Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e
a Política de Segurança dos demais membros da Comissão:
São colegialmente sujetos a uma voto de aprovação do
Parlamento Europeu.

■ NOMEAÇÃO DO PROVEDOR DE JUSTIÇA: Após cada eleição, o PE


nomeia, na sequênica do escrutínio, por maioria simples, o
Provedorde Justiça pelo período da legislatura e pode solicitar ao
Tribunal de Justiça a sua destituição (art. 228/2 do TFUE)

■ OUTRAS NOMEAÇÕES
● Membros do Tribunal de Contas: O Parlamento Europeu é
consultado (art. 286/2 do TFUE)
● Presidente, Vice-Presidente e Vogais da Comissão Executiva
do BCE: O Parlamento Europeu é consultado (art. 19/2 TUE)
● Membros do Tribunal de Justiça e do Tribunal Geral: O
Parlamento Europeu propõe uma das sete personalidades que
integram o comité de audição dos candidatos ao exercício das
funções de juiz ou de advogado geral, mas o poder de
nomeação é atríbuído aos Governos dos Estados-membros.

○ Moção de Censura (art. 17/8 do TUE e 234 do TFUE): O PE pode apresentar


uma moção de censura sobre as atividades da Comissão que, se adotada por ⅔
dos votos expressos que representem a maioria dos deputados que compõem
o hemiciclo, conduz à destuição coletiva da Comissão e à demissão do Alto
Representante. Este mecanismo é raramente utilizado9, contudo concretiza a
responsabilidade política da Comissão perante o PE, sendo um eficaz
instrumento de pressão10.

○ Questões e Debates:

9
Só foi acionado 6 vezes, nunca se chegando à fase de votação e derrube da Comissão.
10
Em 1999 foi apresentada uma moção de censura que, tendo sido chumbada, levou a que o presidente da
Comissão (Jacques Santer), apresentasse, na mesma, um pedido de demissão

53
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■ QUESTÕES (art. 230 do TFUE): Existe uma obrigação por parte da


Comissão de responder, oralmente ou por escrito, às questões que lhe
forem colocadas pelo Parlamento Europeu ou pelos seus membros.
Embora o Tratado não define uma orbrigação equivalente em relação
ao Conselho, este aceita, desde 1959, o mesmo. A Declração de
Estugarda (19 junho 1983) codificou este compromisso.

■ DEBATES: A missão de controle do PE também se desenvolve através


da realização de debtares sobre os relatórios institucionais (art. 233 e
249/2 do TFUE)

○ Direito de Petição e Inquérito (art. 227 e 227 do TFUE):

■ INICIATIVA DAS PESSOAS: Qualquer cidadão da União, ou pessoa


com residência no território de um Estado-membro, pode dirigir-se ao
Parlamento Europeu sobre qualquer questão que se integre nos
domínios da atividade da Comunidade e lhe diga diretamente respeito
(art. 227 TFUE)

■ INICIATIVA DO PE: O Parlamento Europeu pode constiuir comissões


de inquérito prórprias para averiguar, com respeito da comeºtências
cometidas a outras instituições ou órgãos, alegações de infrações ou de
má administração na aplicação do Dirieto da União. A comissão
exitngue-se com a apresentação do relatório ao PE11.

★ Poderes Orçamentais: Com a introdução em 1970 do sistema de recursos próprios


da Comunidade e com a adção dos chamados Tratados Orçamentais em 1970 e 1975,
o Parlamento Europeu converteu-se numa instiuição de decisão orçamental.

○ Poderes de Decisão Orçamental:

■ ALTERAÇÃO DO PROJETO DE ORÇAMENTO ADOTADO PELO


CONSELHO, a respeito de quaisquer despesas ou receitas, desde que
aprovadas pela maioria dos membros do hemicicloparlamentar (art.
314/4c do TFUE)

■ DECLARAR VERIFICADA A APROVAÇAO DO ORÇAMENTO (art.


314/4a do TFUE)

■ REJEITAR A APROVAÇÃO DO PROJETO COMUM (art. 314/7b do


TFUE)

○ Procedimento Orçamental: Enquadra a participação do PE como verdadeiro


titular de um poder de co-decisão que partilha com o Conselho (art. 314 do
TFUE). Exige, na ausência de acordo imediato entre o Conselho e Parlamento

11
A comissão mais conhecida foi a Comissão criada para investigar a gestão da Comissão durante a Crise das
Vacas Loucas (1996)

54
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Europeu, um conjunto de diligências de negociação, conduzidas no seio do


Comité de Conciliação.

○ Fase de Controlo da Execução do Orçamento: O PE acompanha o exercício


orçamental em curso através de relatórios trimestrais que lhe são enviados
pela Comissão e organiza um debate geral sobre o estado de execução do
orçamento. Compete-lhe, também, a aprovação da conta de gestão orçamental
(art. 319 TFUE)

★ Poderes de Decisão na Função Normativa:

○ Procedimento Legislativo: O processo legislativo ordinário pressupõe a


adoção de regulamentos, diretivas ou decisões, conjuntamente pelo
Parlamento Europeu e pelo Conselho, sob proposta da Comissão. Em certos
casos, segundo o processo legislativo especial12, a participação do Parlamento
pode revestir a forma de deliberação (art. 233/2 do TFUE) ou de mera
consulta (art. 21/3 do TFUE).

■ SITUAÇÕES EM QUE O PE DELIBERA COMO AUTOR DO ATO:


● Definição do estatuto e condições geraiws do exercício das
funções pelos seus membros, condicionado pela aprovação
prévia do Conselho (art. 223/2 do TFUE)
● Determinação das regras de exercício do direito de inquérito,
precedida de aprovação do Conselho e da Comissão (art. 226
do TFUE)
● Definiçao do estatuto e condições gerais do exercício das
funções de Provedor de Justiça (art. 228/4 do TFUE)

○ Processo de Execução de Normas: O art. 291 do TFUE não confere poderes de


execução ao PE, mas prevê a sua participação no processo de regulaçaõ prévia
das condições de exercício pela Comissão das competências executivas.

■ REGULAMENTOS: Compete ao PE e ao Conselho aprovar, através de


regulamentos, regras e princípios gerais relativos aos mecanismos de
controlo que os estados membros podem aplicar ao exercício das
competências de execução pela Comissão (art. 291/3 TFUE)

■ ATOS DELEGADOS: O PE goza de poderes decisórios equivalentes aos


do Conselho, podendo revogar a delegadação e formular objeções que
impeção a entrada em vigor do ato delegado (art. 290 do TFUE)

○ Processo de Vinculação Internacional da União Europeia:

■ PRESSUPÕE-SE A APROVAÇÃO DO PE QUANDO SÃO CONVÉNIOS


SOBRE (art. 218/6a do TFUE):
● Acordos de associação (art. 217 do TFUE)
12
Com a generalização do processo de co-decisão, a participação consultiva do PE ficou reduzida a cinco casos
previstos no TUE, e a cinquenta bases jurídica do TFUE

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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● Acordos de adesão da União à CEDH (art. 6/2 do TUE)


● Acordos que criem um quadro insittucional específico
mediante organizaçaõ de processos de cooperação
● Acordos com consequências orçamentais significativas para a
União
● Acordos sobre matérias em relaçaõ às quais, no processo
interno de decisão, seja exigida a aprovação do PE

■ NOS RESTANTES ACORDOS: Com exceção dos acordos que incidam


sobre política externa e de segurança comum (art. 218/6 do TFUE) o
Parlamento é consultado (art. 218/6b do TFUE)

★ Poder de Aprovação Prévia: O PE pode aprovar ou rejeitar, mas não pode


submeter alterações. As áreas de maior relevo em que está prevista são as seguintes:

○ Processo de Revisão Simplificado: Quando este implique uma alteraçaõ de


regra de deliberação no seio do Conselho da unanimidade para a maioria
qualificada (art. 48/7 do TUE)

○ Adesão de novos Estados-membros (art. 48 do TUE)

○ Acordo sobre as condições de retirada de um Estado-membro (art. 50/2 do


TUE)

○ Extensão da competência da União a matérias não previstas nos tratados (art.


352/1 do TFUE)

○ Extensão dos direitos de cidadania da União (art. 25 do TFUE)

○ Autorização de uma cooperação reforçada (art. 329/1 do TFUE)

○ Decisão de fixar a composição do PE (art. 14/2 do TUE)

○ Verificação de uma violação grave e persistente dos valores e princípios da


União por um Estado-membro, condição prévia à aplicação de sanções
políticas (art. 7/2 TUE)

D. SOBRE AS ELEIÇÕES EUROPEIAS


Abstenção:

★ A elevada abstensção nas eleições para o PE afeta de um modo que não pode ser
desvalorizado o grau de legimitidade representativa do órgao paralementar da UE.
Desde 1979 até 2014 a evolução revela uma diminuição gradual da participação dos
eleitores. A elevada taxa de abstenção é uma caracterísitica transversal às
democracias representaitivas na Europa.

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★ No caso concreto das eleições para o PE, o desinteresse dos eleitores reflete uma
avaliação negativa do papel da União e a ideia de uma certa irrelevância do órgão
parlamentar, em parte potenciada pela sua reduzida capacidade de intervenção sobre
a governação económica da Zona Euro e sobre a Política da UE em matéria de
refugiados.

Spizenkandidaten: Para contrariar este afastamento, foi concebido este método de


eurpeização do ato eleitoral. Desde 2014 que os eleitores votam em partidos nacionais,
conhecendo os cabeças de lista apresentadas pelos grupos políticos europeus em que estão
integrados os principais partidos nacionais. O objetivo é o do cabeça de lista mais votado, o
futuro presidente da Comissão, oferecendo aos eleitores a possibilidade de condicionar o
prorcesso de escolha da personaliade que chefiaria o Executivo da União.

E. PARLAMENTO EUROPEU E INICIATIVA CONTENCIOSA


O PE pode, em matéria de controlo da Legalidade:

★ Recorrer de qualquer ato jurídico da União destinado a produzir efeitos


jurídicos, com fundamneto em ileglaidade, nos mesmos termos em que o podem
fazer a Comissão, o Conselho ou qualquer Estado-membro (art. 263 do TFUE)

★ Direito de instaurar recursos por omissão, quando entenda que o Conselho


Europeu, o Conselho, a Comissão ou o Banco Central Europeu se abstiveram de agir,
em violação do Tratado (art. 265 do TFUE)

★ Solicitar ao Tribunal de Justiça parecer sobre a compatibilidade de um acordo


internacional com os tratados (art. 218/11 do TFUE)

★ Direito de participação no processo de questões prejudiciais com a


apresentação de observações escritas ou a prestação de informaçãoes solicitadas pelo
Tribunal (art. 267 do TFUE e art. 23 e 24 do Estatuto do TJUE)

★ Dirieto de intervenção nos processos instaurados junto do Tribunal de


Justiça e do Tribunal Geral (art. 40 do ETUJ)

Também o Parlamento pode ser alvo de controlo pelos seus atos e omssiões (art. 263 e 265
do TFUE)

F. PARLAMENTO EUROPEU E PARLAMENTOS NACIONAIS


COSAC - Conferência dos Órgãos Especializados em Assuntos da União e dos
Parlamentos da União: Constitui a expressão institucional do modelo de cooperação
interparlamentar. Compete ao Parlamento Europeu e aos parlamentos nacionais definir em
conjunto a organização e a promoção de uma cooperação interparlamentar eficaz e regular

57
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ao nível da União (art. 9º do Protocolo 1). A COSAC pode dirigir ao PE , ao Conselho e à


Comissão qualuqer contributo que considere adequado.

Conferência dos Presidentes dos Parlamentos Nacionais da União Europeia:


Composta pelos presidentes dos 27 parlamentos nacionais e pelo presidente do Parlamento
Europeu, que nela participam em condições de igualdade. As deliberações são adotadas por
consenso e têm uma periodicidade anual. Além da cooperação política, está prevista a criação
de grupos de trabalho deobre matérias relativas à organização da cooperação
interparlamentar e o papel a desempenhar pelos parlamentos nacionais.

14.2 CONSELHO EUROPEU

A. DAS CIMEIRAS AO ESTADO DE SUPER-INSTITUIÇÃO


Modelo de uma Europa Intergovernamental: Proposto pelos planos Fouchet de 1961 e
1962, destinava às cimeiras de chefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros um
lugar central, relegando para segundo plano as instituições comunitárias, originariamente
previstas no Tratado de Paris.

Corrente Integracionista: Opôs-se à ideia de transformar as cimeiras ou conferências


numa estrutrura prórpria, submeitda a uma periodoicidade mínima de reuniões e com um
papel definido de intervenção no destindo das Comunidades.

★ “Governo Europeu Provisório”: Jean Monnet, na cimeira de Paris de 1972,


reconheceu a necessidade de renovar e de reforçar a autoridade comunitária, pois o
mecanismo da decisão estava bloqueado ao nível dos ministros que, reunidos dos
Conselhos, se comportavam como defensores das suas adminstrações nacionais.
Faltava uma instância de impulsão política, dotada de verdadeiros poderes de
decisão, que coordenasse as posições assumidas pelos vários Estados-membros em
relação às grandes questões internacionais, propondo a criação dessa insituição, sob
esta designação.

“Ato Institutivo do Conselho Europeu”: Na Cimeira de Paris de 1974, França propôs a


institucionalização dos encontros regulares dos Chefes de Estado ou do Governo. O
comunicado final da Cimeira, os restantes Estados-membros, exprimiram o seu acordo,
sendo essa resolução considerada o “ato institutivo do Conselho Europeu”.

★ Consagração Formal: Nascisdo de um ato informal, o Conselho Europeu alcançou


a consagração formal através do Ato Único Europeu, completado pelo Tratado de
Maastricht,

Evolução do Conselho Europeu:

★ Até ao Tratado de Lisboa:

58
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○ Composição: Chefes de Estado ou Governo dos Estados-membros, assistidos


pelos respectivos Ministros dos Negócios Estrangeiros e pelo Presidente da
Comissão, assistido por um membro da Comissão.

■ PRESIDÊNCIA DO CONSELHO EUROPEU: Semestral e rotativa,


assegurada pelo Chefe de Estado ou de Governo do Estado-membro
que exercia a presidência do Conselho.

○ Frequência: Reunia pelo menos duas vezes por um ano.

★ Com o Tratado de Lisboa:

○ Qualificação Jurídica: O art. 13 do TUE junta o Conselho Europeu ao rol das


insituições, logo a seguir ao Parlamento Europeu.

■ “SUPER INSTIUTIÇÃO”: Atendendo aos poderes que lhe são


confiados, em especial aos de controlo das outras instituições, o
Conselho Europeu foi elevado a este estatuto, ficando num patamar
superior ao das demais instituições.

○ Novo Estatuto do Conselho Europeu: A prof. MLD não considera inesperado,


definitivo ou fechado:

■ NÃO INESPERADO: Desde a criação da UE, cresceu, de modo


continuado, a influência direta que o Conselho Europeu exerce sobre
as opções fundamentais da estratégia de integração.
● Manifestações dessa evolução - ex: aumento do número de
reuniões, natureza precisa da ordem de trabalhos, publicidade
assegurda às concluesões,...

■ NÃO DEFINITVO OU FECHADO: Apesar do grau de precisão do atual


enquadramento dos poderes atribuídos pelos Tratados ao Conselho
Europeu, o papel que possa efetivamente desempenhar depende de
variantes como o perfil mais ou menos interventivo do Presidente,
uma eventual subalternização da Comissão,...

B. COMPOSIÇÃO
Membros: Mantém os do ato insittuidor: Chefes de Estado ou de Governo dos
Estados-membros e o Presidente da Comissão (art. 15/2 do TUE), e acresce, ainda, o
Presidente do Conselho Europeu.

★ Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política


de Segurança: Partrticipa nos trabalhos, mas não é um membros do Conselho

★ Presidente da Comissão: Não tem direito de voto (art. 235/1 do TFUE)

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★ Presidente do Conselho Europeu: Também carece do estatuto de membro, e não


tem direito de voto (art. 235/1 do TFUE).

○ Eleição: Pelo Conselho Europeu por maioria qualificada para um mandato de


2 anos e meio, renovável uma vez (art. 15/5 do TUE).

■ Antes este lugar rodava semestralmente entre os Chefes de Estado ou


Governo. Com o Tratado de Lisboa, passou a existir uma presidência
permanente e autônoma, o que reforça a sua autoridade e melhora a
sua resposta às crises.

○ Função: Desempenhar um papel de relevo político no plano interno da


dinamização das políticas da União, em articulação com o Presidente da
Comissão e com o Conselho dos Assuntos Gerais e no plano da representação
externa da União, sem prejuízo do Alto-Representante (art. 15/6 TUE).

○ Acumulação de Funções: O art. 15/5 do TUE, estabelece a incompatibiliade do


cargo com o exercício de qualquer mandato nacional, o que deixa em aberto a
hipótese de acumulação da presidência do Consleho Europeu com mandatos
de âmbito regional ou local, ou, mesmo com a Presidência da Comissão.

■ PROF. MLD: Entende que teria sido melhor se se tivesse estendido a


incompatibilidade a qualquer outro mandato político, nacional ou
europeu.

Presença de Minsitros ou Membros da Comissão: Depende da decisão dos membros


do Conselho, quando a ordem de trabalhos o exija, ou seja, quando a discussão recaia sobre
matérias de conteúdo técnico

Representante de Portugal: Atribuindo a Consituição ao Governo o exclusivo da


negociação internacional (art. 197/1b), é o Primeiro-Ministro que representa Portugal.

C. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
Reuniões

★ Ordinárias: Duas vezes por semestre, ou seja, uma reunião no início e outra no fim
da presidência rotativa do Conselho da União (art. 15/3 do TUE)

★ Reuniões Extraordinárias: Terão lugar por convocatória do Presidente

Projeto da Ordem dos Trabalhos: Elaborado pelo Presidente, auxiliado pelo Presidne te
da Comissão e do Conselho de Assuntos Gerais (art. 15/6b do TUE), com uma antecedência
mínima de quatro semanas

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Regras de Deliberação:

★ Consenso: É a regra geral, pressupondo o acordo de todos os membros do Conselho


Europeu, sem recurso a votação (art. 15/5 do TUE)

★ Unanimidade: Obriga a votação (art. 7/2 e 24/1 do TUE). A abstenção dos


membros presentes ou representados não obsta à constatação da unanimidade (art.
235/1 do TFUE)

★ Maioira Qualificada: Exigida pelo art. 236 para os seguintes casos:

○ Decisão sobre a lista de formação do Conselho

○ Decisão relativa à presidência das formações do Conselho

○ Outras disposições como a designação do Presidente da Comissão e dos


membros da Comissão (art. 17/7 do TUE) e a nomeação do Alto
Representante (art. 18/1 do TUE)

★ Maioiria Simples: Exigida para questões processuais e para a aprovação do


regulamento (art. 235/3 do TFUE)

D. COMPETÊNCIAS
Missão de Natureza Política: Os tratados reservam uma missão de natureza política ao
Conselho Europeu, o que exclui a adção de atos normativs , incluindo de conteúdo
legislativo. Como única insittuição de missão exclusivamente política, exerce um conjunto
vasto de poderes importantes, em torno de duas funções principais:

★ Função Estatutária:

○ Poder de Alteração: O Tratado de Lisboa ampliou e robusteceu os poderes do


Conselho Europeu, em particular no tocante à sua prerrogativa para modificar
disposições e procedimentos de decisão dos Tratados (art. 48/6 e 7 do TUE)

■ COMPOSIÇÃO DA UE: Depende da decisão do Conselho Europeu as


condições de adesão de retirada de Estados (art. 49 e 50 do TUE).

○ Poder de Nomeação:

■ Do seu próprio Presidente (art. 15/5 do TUE)


■ Do Alto Representante (art. 18/1 do TUE)
■ Do Presidente, Vice-Presidente e vogais da Comissão Executiva do
Banco Central Europeu (art. 283/2 do TFUE)

○ Apresentar Propostas: Para presidente da Comissão

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○ Poder de Deliberação: Sobre as formações do Conselho (art. 236 do TFUE) e


sobre a eventual adoção do sistema de rotação na composição da Comissão
(art. 17/5 do TUE)

○ Faculdade de Apresentar Recomendações: Relativamente à

■ Política Comum de Defesa (art. 42/2 do TUE)


■ Ampliação da linha de competências da União sobre segurança social
(art. 48 do TFUE)
■ Cooperação judiciária em matéria penal (art. 83 do TFUE)
■ Cooperação policial (art. 87 do TFUE)

★ Função de Impulsão Política: É desenvolvida através de uma ação de orientação


geral que se manifesta, sobretudo, no domínio da governação económica (art. 121/2 e
148/1 do TFUE) e no domínio das relações externas (art. 22/1 e 24/1 do TUE)

Atos do Conselho Europeu: Os Tratados não fixam uma tipologia de atos do Conselho
Eurpoeu, existindo uma terminologia flexível e imprecisa: conclusões , declarações,
orientações, comunicados,...

★ “Conclusões da Presidência”: Desde as suas primeiras reuniões que as atas do


Conselho Europeu têm este título, podendo, vir acompahadas de anexos que
completam o sentido do consenso alcançado.

○ Podem comportar:

■ DECLARAÇÕES, quando se adotam posições de especial importância

■ ORIENTAÇÕES, quando o Conselho define orientações e prioridades


políticas gerais da União (art. 15/1 do TUE)

■ RESOLUÇÕES, através das quais toma posição sobre questões


especíifcas que serão depois desenvolvidas ou cooncretizadas por
deliberação do Conselho da União Europeia

■ DECISÕES, de ocorrência mais rara, registam o acordo do Conselho


Europeu sobre assunstos que, após exaustivo debate nos níveis
inferiores de decisão, reclamam uma deliberação dos Chefes de Estado
ou de Governo. São publicadas no Jornal Oficial da União Europeia.

○ “Conclusões”: Com o Tratado de Lisboa, os resultados dos trabalhos do


Conselho Europeu são divulgados sob a designação de “Conclusões”, de
consulta pública, acessível através do site EUROPA.

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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14.3 CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA


Designação: Após 1974, e para evitar confusões com o Conselho Europeu, esta instituição
passou a ser conhecida pela sua composição: Conselho de Ministros. Depois da entrada em
vigor do Tratado da União Europeia, passou a Conselho da União Europeia

A. COMPOSIÇÃO
Representação: Cabe a cada Estado-membro a escolha do seu representante, que pode
recair sobre qualquer membro do Governo, desde que esteja em condições de vincular o
Governo do respetivo Estado-membro e exercer o direito de voto (art. 16/2 do TUE). No caso
dos Estados-membros de estrutra-federal ou regional, o representante pode, dependendo do
previsto na respectiva Constituição, ser um membro do governo estadual ou regional13.

★ Delegação: Se um Estado-membro não estiver representado por um membro do seu


governo, pode delegar noutro Estado-membro o exercício do dirieto de veto, desde
que esteja representado a nível ministerial (art. 239 do TFUE)

Formações Ministeriais: Acomapanhando o constante alargamento do âmbito de


competências da União, o Conselho passou a funcionar com formações ministeriais
diferentes, consoante as matérias em discussão.

★ Formações Ministeriais: Compete ao Conselho Europeu estabelecer a lista das


outras formações do Conselho (art. 236/a) do TUE)

○ Formações Ministeriais Garantidas: E mais relevantes pelo tipo de decisões


que adotam e matéria que trabalham

■ CONSELHO DOS ASSUNTOS GERAIS: Composto pelos Ministros dos


Negócios Estrangeiros ou dos Assuntos Europeus
● Assegura a coordenação e a coerência dos trabalhos nas
diferentes formações
● Prepara as reuniões do Conselho Europeu em articulação com
o Presidente do Conselho Europeu e com a Comissão,
garantindo a continuidade dos trabalhos

■ CONSELHO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS: Presidido pelo Alto


Representante (art. 18/3 do TUE) e composto pelos Ministros dos
Negócios Estrangeiros
● Elabora a ação externa da União, de acordo com as linhas
estratégicas fixadas pelo Conselho Europeu
● Assegura a coerência da ação externa da União

13
No caso de Portugal, deve-se considerar excluída a hipótese de confiar a um secretário de governo regional da
Madeira ou dos Açores a representação da República Portuguesa no Conselho de Ministros da União Europeia,
uma vez que os secretários regionais carecem de poderes de vinculação internacional da República Portuguesa. A
Constituição Portuguesa reserva a função de representação externa do Estado ao Governo da República (art.
197/1b da CRP). Embora a Constituição não regule expressamente a situação da represnentação junto das
instâncias europeias, caracteriza os poderes das Regiões Autónomas nesta área como mera participação

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■ ECOFIN (Assuntos Económicos e Financeiros): Composto pelos


Ministros que tutela as finanças e as questões económicas
● Tornou-se, no contexto da crise orçamental e económica
pós-2008, uma instância de debate, preparação e decisão sobre
a resposta que se espera da União Europeia em matéria de
governação económica e de auxílio financeiro aos
Estados-membros em risco de colapso

○ Solução Transitória: A lista com as formações do Conselho pode ser aprovada


pelo Conselhos dos Assunstos Gerais enquanto o Conselho Europeu não
exercer a prerrogativa do art. 16/6 - art. 4º, Protocolo 4

■ PROF. MLD: Considera que esta solução é suscetível de se tornar


duradoura por se adequar melhor à autonomia institucional e
funcional do Conselho, onde não deveria interferir o Conselho
Europeu

B. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO

i) PRESIDÊNCIA
Presidente: À exceção do Conselho dos Negócios Estrangeiros que é presidido pelo
Alto-Representante (art. 18/3 do TUE), a presidência das formações do Conselho é
assegurada pelos representantes do Estado-membro que preside ao Conselho, com base no
sistema14 de rotação igualitáira.

Regras de Rotação (art.236/b do TFUE): O Conselho é presidido por grupos


pré-determinados de 3 Estados-membros durante um período de 18 meses, que são
formados com base num sistema de rotação igualitária entre os Estados, tendo em conta a
sua diversidade e um equilíbio geográfico. Cada membro preside durante 6 meses a todas as
formações do Conselho, excepto a dos Negócios Estrangeiros, o Comité dos Representantes
Permanentes (COREPER) e os restantes grupos e comités de natureza intergovernamental
que dependa do Conselho

★ Vantagens: Permite uma articulação mais eficiente e previsível das atividade do


Conselho, especialmente no domínio legislativo e no da definição das prioridades da
política externa da União.

★ Desvantagens: Definindo Bruxelas como lugar obrigatório de econtro, pôs-se fim à


tradição de cimeiras e reuniões nas capitais e cidades dos Estados-membros em
exercício da presidência, o que promovia o turismo e as culturas locais

○ Pandemia: Em tempos de pandemia, a maioria das reuniões foram relaizadas


à distância, o que, à primeira vista, até pontenciaria maior eficácia e rapidez
das decisões tomadas. Todavia, consittuiu um verdadeiro entreve ao

14
Até 1995 o critério era alfabético, entretanto alterou-se

64
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

desenvolvimento da negociações e à obtenção de acordos na base de uma


relaçaõ pessoal e de abordagem diplomática15.

Modus Operandi da Presidência: A presidência deve respeitar uma obrigação


elementar de neutralidade no tratamento das várias delegações, inluindo a do seu próprio
Estado, e privilegiar a formação de consenos e formular propostas que possam superar ou
prevenir bloqueios. Contudo, a presidênica não está reduzida a um dever de neutralidade
política: no quadro de objetivos da União, há que definir uma estratégia, divulgá-la e atuae
de modo a alcançar um adequdo gruade de realização do programa definido.

ii) COREPER (COMITÉ DOS REPRESENTANTES PERMANENTES)


Composição: Representantes permanentes dos Governos dos Estados-membros em
Bruxelas (art. 16/7 do TUE).

Funções: Concebido como um órgão auxiliar sem poderes de decisão. Contudo, a prática
institucional garantiu-lhe um papel muito relevante, dado que é o COREPER que assegura a
ligação constante entre os Governos dos Estados-membros e a Comissão, a propósito dos
seus projetos e iniciativas. O Tratado de Amesterdão reconheceu esta função ao COERPER,
confiando-lhe poder de decisão nas questões de natureza procedimental (art. 240/1 TFUE).

★ Preparar os trabalhos do Conselho: O que justifica o nível aprofundado dos


debates no COREPER, contudo, os representantes dos Estados-membros devem estar
devidamente mandatados pelos seus governos, orientados por diretrizes políticas a
seguir sobre a questão em análise.

○ Exame da Ordem de Trabalhos: O COREPER examina todos os pontos da


ordem de trabalhos, se, na sequência da discussão da proposta, for possível
chegar a acordo no COREPER, a questão é inscrita no ponto A da ordem do
dia, exigindo apenas uma aprovação formal, sem debate, por parte dos
ministros (o que se verifica em 70% dos processos pendentes). Se o acordo
não for alcançado, a qustão surge no ponto B, que já requer discussão.

○ Grupos e Comités Ad Hoc: A sua criação é determinada com o obejtivo de


aprofundar o debate técnico em torno das propostas da Comissão. Os
Estados-membros estão representados através de funcionários da sua
Representação Permanente (REPER), ou de funcionários da sua adminstraçao
nacional, enviados pelas respectivas capitais.

★ Exercer os mandatos que o Conselho lhe confia: Não se trata de uma


delegação de poderes: como órgão auxiliar do Conselho, o Conselho pode solicitar-lhe
a realização de determinados estudos, o aprofundamento de certa negociação,...

15
ex: A questão de como proceder ao abrigo do art. 7 do TUE em relação a Estados acusados de violar o Estado de
Direito teve de ser adiada

65
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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Níveis de Funcionamento:

★ COREPER II: Nível mais importante, constituído pelos chefes das representações
permanentes (embaixadores) e que prepara os trabalhos sobre as matérias de maior
relevo político

★ COREPER I: Composto pelos representeantes permanentes adjuntos, prepara os


trabalhos das restantes formações do Conselho em que é dominanete a componente
técnica das propostas de discussão

Competência Partilhada: Em domínios específicos, outros comités partilham com o


COREPER a missão de assistir o Conselho, como o Comité Especial da Agricultura ou o
Comité de Transportes.

★ Exceção ao Monopólio do COREPER como órgão auxiliar: O Comité Político


e de Seguança (COPS) pode, por autorização expressa, tomar decisões no quadro de
uma operação de gestão de crises (art. 38 do TUE)

iii) SECRETARIADO-GERAL
Secretariado-Geral: Órgão de natureza burocrática, sob a dependência de um
Secretário-Geral, que é nomeado pelo Conselho por maioria qualificada (art. 240/2 TFUE).
Assegura um apoio imparcial à Presidência e constitui o elemento de continuidade e suporte
técnico dos trabalhos

Competências:

★ Elaboração do projeto de ata das reuniões do Conselho


★ Providenciar a publicação dos atos no Jornal Oficial
★ Notificação dos atos aos seus destinatários
★ Elaboração de um projeto de um mapa previosional das despesas do Conselho a
incluir no projeto orçamental
★ Função de depositário de acordos e convenções internacionais
★ Zelar pela qualidade da redação dos atos normativos adotados pelo Conselho

Estrutura: Dispõe de uma estrura administrativa. que inclui o serviço judiciário e várias
direções gerais, cujas competências se repartem pelas diferentes áreas de intervenção da
União. Compreende mais de 3mil funcionários e agentes, sendo uma grande parte deles
tradutores e juristas

iv) REGRAS DE DELIBERAÇÃO NO CONSELHO


Maioria Simples: Dedepende de menção expressa na disposição habilitadora dos
Tratados. Cada Estado-membro possui um voto e o ato considera-se aprovado quando reúne

66
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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o voto favorável da maioria dos Estados que integram o Conselho, ou seja de 14 (em 27). É o
critério deliberativo menos ultizado (art. 337, 240/2 e 3, 241 e 242 do TFUE)

★ Quórum Mínimo: Se o Conselho estiver em reunião com o o quorum mínimo (14


Estados-membros - art. 239 do TFUE), todos têm de votar a favor.

Maioria Qualificada: Regra geral de deliberação. Alcançada através de um modelo de


ponderação do peso relativo dos Estados-membros que particia no processo deliberativo com
um número variável de votos. A partir do Tratado de Nice, o apuramento da maioria
qualificada passou a depender do número de Estados-membros favoráveis à delibeação e da
respetiva expressão demográfica.

★ Matérias em que incide: Um dado constante foi da progresiva substituição da


exigência da unanmidaide pela deliebração pr mairioa qulaificada. O Tratado de
Lisboa alterou algumas dezenas de bases jurídicas no sentido de permitir a
deliberação por maioria qualificada, sobretudo sobre matérias relacionadas à
realização do mercado interno.

★ Deteminação da Maioria Qualificada (art. 16/4 do TUE):

○ Na generalidade dos Casos:

■ MINORIA DE BLOQUEIO:

● Mínimo de 4 Estados- que representem 35% da populção


● Ou 13 Estados-membros.

■ MAIORIA DE APROVAÇÃO
● Pelo menos 55% dos membros do Conselho
● Mínimo de 15 Estados-membros
● Que reúnam 65% da populaçãoda União

○ Se o Conselho não deliberar sob proposta da Comissão ou do Alto


Representante: Os critérios são mais exigentes (art. 238/1 do TFUE):

■ 72% dos membros do Conselho


■ Que representem, no mínimo 65% da população da União

Unamimidade: Dedepende de menção expressa na disposição habilitadora dos Tratados.


Reflete o exercício da sobrenia e concretixa um princípio de igualde dos Estados-membros
no processo de vontade da União. As abstenções dos membros presentes ou representados
não impedem a deliberação por unanimidade (art. 238/4 do TFUE)

★ Âmbito: Deliberações relativas à fiscalidade, segurança social, PESC, política de


defesa, cooperação policial, cultura, direito da família com implicações
tranfronteiriças, extensão das competências da União, regime linguístico,...

67
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★ Clausula Passerela - Substituição da Unanimidade: Com exceção das decisões


que tenham implicações no domínio militar ou da defesa, o Conslho Europeu pode
tomar uma decisão que autorize o COnsleho a deliberar por maioria qualificada.
Contudo, o Palrlamento de qualquer Estado-membro pode travar essa sbustituição
pela maioria qualificada (art. 48/7 do TUE)

v) DESVIOS À REGRA DA MAIORIA QUALIFICADA


Acordo de Luxemburgo: Em Janeiro de 1966, os Minsitros dos 6 Estados-membros,
reuniram-se me Luxemburgo com o propósito de encontrar uma solução para a “crise da
cadeira vazia”16, que foi o Acordo de Luxemburgo. Este compromisso garantiu aos
Estados-membros a substituição da regra da maioria pela exigênica do consenso sempre que
estivessem causa interesses muito importantes de um ou vários Estados-membros.

★ Reforço do fator intergovernamental na estrura de decisão comunitária:

○ Direito de Veto como instrumento de tutela de interesses vitais dos


Estados-membros

○ Subalternização do papel da Comissão relatiamente aos Conselho, pois as


deliberações da comunidade obrigam a Comissão a manter prolongadas
negociações, tendo o COREPER como interlocutor direto

★ Costume: De um ponto de vista estritamente formal, o Acordo de Luxemburgo


consitui uma deliberação aprovada pelo Conselho, tratando-se de um compromisso
político contrário aos Tratados, contudo não é, por isso, um ato destituído de
relevância jurídica, mas sim um ato fundador de uma prática que, prosseguida de
forma reiterada e consentida pelos Estados-membros, adquiriu força de constume,
com eficácia derrogatória em relação ao sistema de deliberação previst nos tratados.

★ Invocação do Acordo: A prof. MLD não partilha da posição que considera que a
extensão da da regra da maioria qualificada teve como efeito a o afastamento da
posibilidade de invocar o Acordo de Luxemburgo, pelo contrário, considera que
quanto mais amplo o campo de aplicação desta regra, maior a necessidade de um
Estado-membro solicitar o Acordo. Assim sendo, não interpreta a prática recente de
não aplicação do acordo como um sinal da sua saída de cena, mas antes como um
resultado da modificação do equilíbrio entre os Estados-membros no seio do órgão
comunitário que os representa: um Estado-membro de pequena dimensão estará,
assim, quase impossibilitado de invocar com sucesso o direito de veto, enquanto que
um Estado de média/pequena dimensão tentará jogar a seu favor o sistema
ponderado e, se essa estratégia falhar, passar para a ameaça de veto, detorpando o
princípio da igualdade.

○ Tratado de Lisboa: Mesmo admitindo que a generalização do princípio


maioritário de decisão no seio do Conselho apagou o registo do acordo de

16
Ponto 4.1 dos Resumos

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Luísa Braz Teixeira

Luxemburgo, o Tratado de Lisboa consagra e preserva uma solução


equivalente de desvio intergovernamental ao permitir que, por razões vitais e
espressas de política nacional, um Estado-membro possa forçar a apreciação
da questão pelo Consleho Europeu, que em subssituição do Conselho, delibera
por unanimidade (art. 31/2 do TUE).

Declaração de Ionanina (29/03/1994): Com a assinatura do Tratado de adesão da


Áustria, da Finlândia, da Noruega e da Suécia, colocou-se o problema relativo à formação da
maioira qualificada, pois com o aumento do número de Estados, houve um aumento das
exigências para a minoria de bloqueio, tornando-se mais difícil impedir uma decisão a adotar
por maioria qualificada, e os grandes Estados-membros perdiam peso relativo. Assim, o
Reino Unido, secundado por Espanha, manifestou a sua total indisponibilidade para aceitar
a alteração do status quo. Perante a ameaça de veto à adesão de novos Estados-membros,
chegou-se a um compromisso em Ionina que introduziu a opção de reduzir as exigências da
minoria de bloqueio. Esta declaração foi adotada sob o signo de transitoriedade.

Declaração de Ionina II (Declaração n.º7, relativa à aplicação do art. 16/4 do


TUE): Para ultrpassar o problema colocado pela intransigênica da Polónia que se recusava a
assinar o Tratado de Lisboa, a Declaração n.º7 permite a sua invocação pela minoria
perdedora, obrigando o Conselho a procurar uma base mais ampla de acordo, o que pode
conduzir a um bloquio de decisão. Esta declaração tem a sua vigência garantida pela regra do
Consenso, com a qual o Protocolo n.º9 “trancou” a revogação ou simples modificação
indireta do âmbito de aplicação da Declaração.

C. COMPETÊNCIAS
Poderes de Decisão Legislativa (art. 16/1 do TUE): O exercíco da função legislativa
pelo Conselho pode ser de natureza exclusiva e tomar a forma de um ato unilateral de
aprovação, no âmbito do processo legislativo especial (art. 289/2 do TFUE). Em vários
domínios, o Conselho exerce sozinho a competência legislativa (art. 81/3 do TFUE). No
âmbito da PESC, pode adotar decisões, desde que respeitados os objetivos e orientações
gerais definidos pelo Conselho Europeu (art. 24/1, 26/1 e 27/1 do TUE).

★ Princípio da Transparência: Para garantir a aplicação deste princípio, a ordem


de trabalhos deve prever duas partes: uma dedicada às deliberações sobre atos
legislativos e a outra, à porta fechada, sobre atividades não legislativas (art 16/8 TUE)

Poderes de Vinculação Internacional:

★ Fase da Negociação: O Conselho autoriza a abertura das negociações e controla o


seu desenrolar sob a forma de dirietrizes dirigidas ao negociador (Comissão ou Alto
Representante) - art. 218/2, 3 e 4 do TFUE

★ Fase da Assinatura: O Conselho adota a decisão que autoriza a assinatura do


acordo (art. 218/5 da TFUE)

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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★ Fase da Conclusão: Cabe ao Conselho a decisão de celebração prececida, nos casos


previstos, de aprovaçaõ pelo Parlamento Europeu (art. 218/6 do TUE)

Poderes de Execução: Na versão anterior dos Tratados, o Conselho era, na generalidade


dos casos, o titular da comeptênica de execução dos atos de função normativa, contudo, o
tratado de Lisboa introduziu uma alteração de fundo, passando esta competência para os
Estados-membros (art. 219/2 do TFUE) e, subsidiariamente, para a Comissão (art. 290/1 do
TFUE). Ao Conselho apenas cabe esta função em casos específicos e devidamente justificados
(art. 291/2 do TFUE), ou com fundamento em bases jurídicas avulsas - art. 24 e 26 do TUE;
art. 43, 103, 109, 123, 124 e 125 do TFUE

Poderes de Cooredenação: O Conselho exerce funções de definição das políticas de


coordenação em conformidade com as cndições estabelecidas nos Tratados (art. 16/1 do
TUE). A função primodial de coordenação desdobra-se em dois planos:

★ Plano das Políticas da União, sob a batuta do Conselho dos Assuntos Gerais (art.
16/6 do TUE)

★ Plano das Políticas definidas pelos Estados-membros, sendo o Conselho


responsável por definir as bases da coordenação das polítcas económicas dos
Estados-membros (art. 119-126 do TFUE), o que faz através do ECOFIN

14.4 COMISSÃO EUROPEIA


A. OS GUARDIÕES DOS TRATADOS
Comissão: Cabe à comissão, enquanto instituição política, a garantia da boa aplicação do
Dirieito da União, incluindo o dever de atuar contra os sujeitos de direito que, pelo seu
comportamento, violem as regras e princípios vigentes (art. 17/1 do TUE). Este dever
impõe-se em relação aos Estados-membros, às insittuições, órgãos da União e aos
particulares.

Tribunais: A outra dimensão fundamental de garantia do direito é assegurada pelos


tribunais, na primeira linha pelos tribunais nacionais e pelo Tribunal de Justiça da União
Europeia (guardião que guarda os guardiões).

Problema da Garantia da Transparência: Está há muito no centro das preocupações. A


questão ganhou relevância com os desafios colocados pela gestão da pandemia. Em fevereiro
de 2021, a Provedora de Justiça Europeia propôs um novo observatório dedicado ao
escrutínio das instiuições europeias, reconhecendo que, em especial, a Administração da UE
controla de um modo pouco transparente o fluxo de informação. O eventual défice dos
procedimentos de acesso à informação e os desvios às regras de accontability geram receios

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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em torno da forma como, a nível comunitário e nacional, são geridos e aplicados os fundos
estratosféricos de recuperação económica.

B. COMPOSIÇÃO
27 Membros: A Comissão é composta por um nacional de cada Estado-membro, inluindo o
seu Presidente e o Alto-Representante, que é um dos vice-presidentes (art. 17/4 do TUE).
Esta igualdade garante uma articulação efetiva entre a Comissão e todos os
Estados-membros e concretiza, por isso, a necessidade de ter em conta as realidades
políticas, sociais e económicas de todos os Estados-membros. Contudo, os membros da
Comissão não representam os Estados-membros, mas transportam para o Executivo da
União o conhecimento objetivo e as relaidades específicas de cada Estado-membro.

★ Redução dos Membros: O art. 17/5 do TUE prevê que, a partir de 1 de Novembro
de 2014, a Comissão seria composta por um número de membros, inluindo o seu
presidente e o Alto Representante, correspondente a ⅔ do número de
Estados-membros, a menos que o Conselho Europeu, deliberando por unanimidade,
decidisse alterar esse número. Uma Comissão mais pequena seria uma Comissão
mais adequada à função, mais ágil e coesa, tendo em conta que se trata de um órgão
executivo da União.

○ Irlanda: Na sequência do primeiro referendo negativo de 12 de Junho de


2008 sobre a aprovação do Tratado de Lisboa, A Irlanda reclamou várias
garantias, entre as quais que a Comissão continuasse a ser consitutuída por
um nacional de cada Estado-membro. O Conselho Europeu assumiu esse
compromisso, que foi renovado em 2013 e 2018.

Comissário: Nacional de um Estado-membro, escolhido em função da sua competência


geral, do seu empenhamento europeu, de entre personalidades que ofereçam todas as
garantias de independência.

★ Deveres (art. 245 do TFUE):

○ Atuar com total independência

■ NA PRÁTICA: A independência está longe de consitutir um valor


absoluto de conduta pessoal e institucional, pois os Governos dos
Estados-membros não deixam de sensibilizar o seu comissário em
relação aos problemas que mais diretamente afetam os interesses
nacionais. Por vezes, é o próprio comissário que, através do seu
gabinete, procura obter das autoridades do seu Estado-membro os
esclarecimentos que poderão ditar o seu sentido de voto.

○ Não solicitar, nem aceitar, instruções de nenhum Governo, instiuição, órgão


ou organismo

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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○ Exclusividade, vedando o exercício de qualquer atividade profissional,


remunerada, ou não, e inibe, mesmo após a cessação de funções, a aceitação
de cargos ou benefiícios que possam contrariar os deveres de honestidade e
discrição.

★ Violação dos Deveres (art. 247 do TUE): Pode levar o Tribunal de Justiça, a
pedido do Conselho ou da própria Comissão, a ordenar a demissão compulsiva do
comissário em causa ou a perda do seu direito a pensão ou de quaisquer outros
benefícios que a subsitiuam.

★ Mandato: 5 anos, equivalente ao tempo de legislatura do Parlamento Europeu (art.


17/3 do TUE)

○ Renovação do Mandato: Deixou de estar prevista a possibilidade de


renovação, mas a Prof. MLD entende que o silêncio dos Tratados também não
deve ser interepretao no sentido de exclusão dessa opção.

★ Causas de Cessação das Suas Funções:

○ Substiutição normal, isto é, no fim do mandato de 5 anos

○ Morte

○ Demissão Voluntária

○ Demissão Compulsiva: Qualquer membro da Comissão que deixe de


preencher os requisitios necessários ao exercício das suas funções ou tenha
cometido falta grave pode ser demitido pelo Tribunal de Justiça, a pedido do
Conselho ou da Comissão17 (art. 247 do TFUE).

○ Destituição Coletiva: Pode ocorrer na sequência da votação de um moção de


censura pelo Parlamento Europeu, no quadro da responsabilidade política
que subordina a atuação da Comissão ao veredicto do órgão parlamentar (art.
234 do TFUE)

■ DESTIUIÇÃO COLETIVA VOLUNTÁRIA: Com o pedido de demissão


da Comissão presidida por Jacques Santer em 1999, e na sequência de
um conturbado processo de inquérito parlamentar sobre alegações de
fruade, má gestão e neportismo, surgiu, à margem dos Tratado, esta
modalidade de afasramento da Comissão.

Procedimento de Nomeação da Comissão:

1. Escolha do Presidente:

17
A Prof. MLD considera que faria todo o sentido que também o Parlamento Europeu pudesse solicitar esta
apreciação pelo Tribunal de Justiça, tendo em conta as suas comeptências em matéria de nomeação de
destituição coletiva

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1.1 Indigitação: Após as eleições para o Parlamento Europeu, tendo em conta


os seus resultados, o Conselho Europeu delibera por maioria qualificada e
propõe ao Parlamento Europeu o cargo de Presidente da Comissão.

1.2 Votação: O candidato eleito é pelo PE, por maioria dos votos que o
compõem. Se o candidato não reunir a maioria (qualificada) exigida, o
processo reinicia-se no prazo de 1 mês. O Conselho Europeu e o PE estão
condenados a entedetem-se sobre o perfil do candidato a Presidente da
Comissão, sob pena de se cair no impasse

2. Escolha dos Restantes Membros da Comissão: Na sequência de consultas


entre o Presidente eleito e os Governos dos Estados-membros, é adotada pelo
Conselho, de comum acordo com o Presidente eleito, uma lista de personalidades
propostas pelos Estados-membros.

3. Voto de Aprovação Parlamentar: O Presidente, o Alto Representante e os


demnias membros da Comissão, são colegialmente sujeitos a um voto de aprovação
pelo Parlamento Europeu.

3.1 Audições Individuais: Desde Janeiro de 1995 que o Parlamento Europeu se


arroga do dirieto de proceder a audições individuais, verdadeiros
interrogatórios a que são submetidos os candidatos perante as comissões
parlamentares. Este é um mecanismo prévio de controlo que se inspira no
sistema de audiênicas (hearings), no Senano dos EUA. Impedido de recusar
formalmente um comissário indicado por um Estado-membro, o PE poderá,
contudo, e em resultado da audição realizada, fazer depender o seu voto de
aprovação da disponibilidade dos Governos dos Estados-membros para
substituir a personalidade non grata por outra.

4. Nomeação: Compete ao Conselho Europeu, depois da aprovação pelo PE,


deliberando por maioria qualificada, a nomeação definitiva da Comissão.

C. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO - PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE


Regulamento Interno: Estabelecido pela Comissão, de forma a garantir o seu próprio
funcionamento e dos seus serviços (art. 249 do TFUE)

Organização Interna: A Comissão funciona numa dupla dimensão:

★ Dimensão Política: Formada pelo Presidente, os Vice-Presidentes, os demais


comissários e os respetivos gabinetes, orienta dirige e atua através dos serviços (que
constituem a dimensão administrativa ↓)

★ Dimensão Administrativa: Para preparar e executar as suas ações, a Comissão


dispõe de um conjunto complexo de serviços organizados em direções-gerais e

73
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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serviços equiparados. Sendo que para dar resposta às necessidades, a Comissão pode,
ainda, criar estruturas específicas incumbidas de missões precisas.

Secretário-Geral: Mais alto funcionário da Comissão que, por tradição, se mantém em


funções por largos períodos de tempo, conferindo continuidade e estabiliade ao
funcionamento interno da comissão.

★ Funções:

○ Assiste o Presidente na preparação dos trabalhos e das reuniões do colégio


dos comissários

○ Vela pela execução dos atos adotados pela Comissão

○ Assegura as relações oficiais com as outras instiuições da União Europeia, e


acompanha o trabalho desenvolvido por estas

Deliberações: Os membros da Comissão formam um colégio no seio do qual o Presidente


dispõe de um voto como os restantes membros, sendo as deliberações tomadas quano
tiverem obtido os votos da maioria do número dos membros previstos no Tratado (art. 250
do TFUE). A Comissão decide sob proposta de um ou vários dos seus membros. As reuniões
não públicas e os debates confidenciais, apesar de ficarem registados em ata.

Competênicas dos Comissários:

★ Preparação dos trabalhos da Comissão

★ Execução das suas decisões no âmbito dos respetivos pelouros (↓)

Competências do Presidente da Comissão:

★ Definir a orientação política e estratégica da comissão (art. 17/6a do TUE)

○ Participa nas reuniões do Conselho Europeu

○ Comparece perante o Parlamento Europeu

○ Distribui pelos Comissários os domínios específicos de ativdade, os chamados


pelouros18

★ Definir a organização interna da Comissão:

18
A responsabilidade direta por áreas específicas de ação não deve ser confundida com a tradição governamental
das pastas ministeriais. Ao contrároi do ministro, o comissário carece de competênica política e regulamentar
própria

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○ Nomeação dos vice-presidentes, com exceção do Alto Representante que


exerce a função por inerência (art. 17/6 do TUE)

○ Participação no processo de escolha dos futuros comissários (art. 17/7 TUE)

○ Procedimento Prodi: Obriga um membro da Comissão a apresentar a sua


demissão se o Presidente lho pedir. No caso de se tratar do Alto-Representate,
o pedido, para produzir efeitos, deve ter o acordo do Conselho Europeu (art.
18/1 do TUE). Através desta prerrgogativa o Presidente pode, por razões de
confiança política ou outras, provocar a demissão de um membro da
Comissão.

★ Funções Típicas:

○ Convocatória das reuniões de periodicidade semanal

○ Definição da ordem de trabalhos

○ Representação da Comissão

Princípio da Colegialidade: Todas as decisões adotadas são imputadas à Comissão no


seu conjunto e assumidas coletivamente por todos os seus membros - Ac. de 23.09.1985,
caso Akzo; Ac. de 29.09.1998 Comissão c. Alemanha. Constitui, enquanto fator de segurança
jurídica, uma garantia fundamental para os destinatários dos atos adotados que pode, se
violada, servir de fundamento de impugnação, ou mesmo conduzir à declaração de
inexistência jurídica da medida adotada.

★ Desvios ao Princípio da Colegialidade:

○ Pelouros: A atribuição aos comissários de responsabilidades específicas


confere-lhes o direito de dirigir e dar instruções específicas aos serviços
administrativos associados ao domínio da competência em causa.

○ Reuniões Prepartórias dos Chefes de Gabinete dos Comissários: (equivalente


aos COREPER) Nas reuniões prepartórias, presididas pelo Secretário-Geral,
são estudados os aspectos técnicos da ordem de trabalhos das reuniões da
Comissão, de modo a simplificar e acelerar o procedimento de deliberação

○ Procedimento Escrito de Decisão: Recorre-se a este procedimento para aliviar


a ordem de trabalhos das reuniões semanais relativamente a atos que não
suscitem controvérsia. Neste caso, os comissários são notificados do texto da
proposta, depois de aprovada pelos serviços administrativos competentes. Se,
no prazo fixado, nenhum membro formular reservas em relação ao texto
apresentado, este será considerado adotado pela Comissão. O princípio da
colegialidade, na sua vertente de debate no colégio, está salvaguardado pela
possibilidade de soliticitar que a proposta seja discutida em reunião.

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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○ Instituição da Delegação de Poderes: A Comissão pode habilitar um ou mais


dos seus membros a tomar, em seu nome, medidas de gestão ou de
adminsitração, nos limites e condições que fixar. Os poderes assim conferidos
podem, por sua vez, ser objeto de subdelegação nos diretores-gerais e chefes
de serviço, salvo se a decisão de habilitação o proibir de modo expresso.

■ TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Para o Tribunal de Justiça a competência de


auto-organização da Comissão:
● Poder de delegação, desde que limitado a simples medidas de
gestão (Ac. TJCE de 23/09/1986), excluindo a legalidade de
deicsões adotadas de princípio ou inovatórias adotadas sob
delegação (célebro caso BASF)
● Poder de criar órgãos subsidiários, aos quais confia poderes
de execução das suas decisões, contanto que estes poderes
estejam claramente delimitados e que não disponham de um
poder de ampla apreciação (Ac. TJCE de 13/06/1988)

★ Responsabilidade Coletiva: O ato adotado mediante delegação por um


comissário, por um alto funcionário ou por um funcionário administrativo é sempre
imputável à Comissão nos efeitos que produz. Por exemplo, para o efeito da sua
impugnação contenciosa ou do accionamento da responsabiliade extracontratual, a
entidade demandada será sempre a Comissão. Também o PE não pode, formalmente,
exigir “a cabeça de um comissário”, ainda que possa pressionar o presidente da
Comissão para accionar o Procedimento Prodi (↑) e solicitar a demissão de um ou dos
comissários cuja permanência na Comissão arrisca a votação de uma moção de
censura (art. 17/6 do TUE)

D. COMPETÊNCIAS
Art. 17/1 do TUE:

★ Vela aplicação dos tratados e das medidas adotadas pelas instituições

★ Controla a aplicação do direito da União, sob a fiscalização do Tribunal de


Justiça da União Europeia

★ Executa o orçamento e gere os programas

★ Exerce funções de coordenação, de execução e de gestão em conformidade


com as condições estabelecidas nos Tratados

★ Assegura a representação externa da União, com exceção da PESC e dos


restantes casos previstos nos Tratados

★ Toma a iniciativa da programação anual e plurianual da União com vista à


obtenção de acordos institucionais

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Luísa Braz Teixeira

Grandes Áreas de Competência:

★ Competência de Iniciativa:

○ Genérico: A Comisssão dispõe de um poder de iniciativa em domínios


fundamentais como o processo orçamental (art. 314/2 do TFUE), de
vinculação internacional (art. 218/3 do TFUE) e de revisão dos tratados (art.
48/2 e 6 do TUE), assistindo-lhe um poder genérico de iniciativa, o que a faz o
motor da integração, responsável pelos saltos qualitiativos no processo de
reallização do desígnio comunitário.

○ Legislativo:Os atos legislativos da União só podem ser adotados sob proposta


da Comissão, salvo disposição em contrário dos Tratados (art. 17/2 do TUE).

■ EXCEÇÕES: Em casos específicos e previstos pelos tratados, a


iniciativa legislativa pode partir de um grupo de Estados-membros, do
Parlamento-Europeu, por recomendação do Banco Central Europeu
ou do Banco Europeu de Investimento (art. 289/4 do TFUE)

■ MECANISMOS DE GARANTIA DESTE MONOPÓLIO:

● Em caso algum pode o Conselho ou o Parlamento Europeu


substituir-se à Comissão na elaboração de uma proposta de ato
● O Conselho só pode alterar uma proposta da Comissão por
unanimidade (art. 239/1 do TFUE)
● A Comissão pode alterar livremente a sua proposta enquanto o
Conselho não tiver deliberado (art. 239/2 do TFUE)

○ Declínio do Protagonismo da Comissão:

■ EM MATÉRIA LEGISLATIVA: A comissão mantém o monopólio da


iniciativa, mas em virtude do estatuto de co-decisor reconhecido ao
PE, deixou de ter condições políticas para funcionar na qualidade de
árbitro entre o Conselho e o órgão parlamentar.

■ EM DOMÍNIOS FUNDAMENTAIS E ESTRATÉGICOS DE AVANÇO


NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO: A Comissão tem poderes
marginais, que não incluem o seu tradicional poder de inciativa (como
no domínio de gestão monetária e da PESC)

■ EVENTUAL INÉRICIA DA COMISSÃO: Pode provocar iniciativas de


natureza política como o mencanismo de iniciativa poopular do art. 11
do TUE ou pedidos formais de realização de estudos e de formalização
de propostas submetidas pelo PE (art. 225 do TFUE) ou pelo Conselho
(art. 241 do TFUE)

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★ Competências de Controlo: Como guardiã dos tratados, a Comissão exerce uma


competência genérica e subsidiária de controlo e vigilância. Para desempenhar esta
função, goza de amplas e importantes prerrogativas, como:

○ Poder de recolher todas as informações e proceder a todas as verificações


necessárias junto dos Estados-membros ou dos particulares (art. 337 do
TFUE)

○ Poder de de atuação administrativa em caso de violação das normas


eurocomunitárias pelos particulares em domínios especificos, como no casos
de regras da concorrência

○ Poder de instaruar uma ação junto do Tribunal de Justiça contra o


Estado-membro acusado de violação de obrigações decorrrentes dos Tratdos e
de eventual instauração de uma sanção pecuniária por decisão judicial (art.
260 do TFUE)

★ Competências de Execução: A Comissão assegura a função executiva de âmbito


geral, dependente de atribuição expressão no ato legislativo, com fundamento em
cirtérios objetivos de execução uniforme, e sujeita ao controlo remoto exercido pelos
Estados-membros através de comités técnicos, compostos por representantes
nacionais (art. 291/2 do TFUE), estando, portanto, esta competência limitada pelo
princípio da subsidariedade, sendo exercida primeiramente pelos Estados. A
Comissão detém, também, poderes importantes de gestão e execução direta nos
seguintes principais domínios:

○ Gestão de fundos comunitários

○ Poder de execução do orçamento anual da União (art. 317 do TFUE)

○ Gestão de clausulas de salvaguarda, que permitem aos Estados-membros,


mediante autorização da Comissão, e sob controlo desta, a adoção de medidas
de derrogação das regras previstas no Tratado (art. 114/10 e 191/2 do TFUE)

○ Sob a forma de atos delegados, a Comissão exerce o poder de completar e


desenvolver o regime jurídico do ato legisltico, se o PE e o Conselho lhe
confiarem essa missão (art. 290/1), contudo, tem poderes muito limitados na
aprovação dos atos delegados, pois o âmbito regulador do ato delegado não
pode interferir nos chamados “elementos essenciais” do ato legislativo.

★ Competências em Matéria de Relações Externas: A Comissão pode


recomendar a abertura de negociações, conduzi-las, depois, com base nas diretrizes
formuladas pelo Conselho, e em consulta com os comités especiais (art. 218 do
TFUE), e, na fase aplicativa dos acordos internacionais pode, em pé de igualdade com
o Alto Representante, propor ao Conselho a suspensão do acordo. Contudo, perdeu
para o Alto Representante os seus poderes de representação da União junto de
Estados terceiros e organizações internaocionais (art. 221 do TFUE).

78
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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★ Competência de Representação: A Comissão conserva o seu poder tradicional de


representação da União Europeia nas ordens jurídicas dos Estados-membros, mas
com a limitação que decorre dos poderes específicos de representação assumidos por
cada uma das instituições no tocante a questões ligadas ao respetivo funcionamento
(art. 335 do TFUE).

14.5 TRIBUNAL DA UNIÃO EUROPEIA


A. COMPOSIÇÃO
Duplo Grau de Jurisdição: A instituição do Tribunal de Justiça da União Europeia (art.
19/1 do TUE) é composta por dois tribuanis: O Tribunal de Justiça (TJ) e o o Tribunal Geral
(TG). Embora o art. 19/1 do TUE preveja a existência de tribunais especializados, atualmente
não estão em funcionamento, depois da decisão tomada em 2015 de extinguir o Tribunal da
Função Pública criado em 2004.

★ Tribunal de Justiça (TJ): Funciona como instância de recurso ou tribunal de


competência exclusiva sobre as matérias ou lítigios mais importantes (art. 258-259 e
267 do TFUE)

○ Composição: Um juiz por cada Estado-membro (27) e 11 advogados-gerais (o


art. 252 prevê 8 advogados-gerais, mas este número pode ser aumentado, o
que já aconteceu em 2013 e 2015 por deliberação unânime do Conselho)

★ Tribunal Geral (TG):

○ Composição: Um juiz por cada Estado-membro (art 19/2 do TUE), mas, na


sua atual composição, conta com dois juizes por cada. Não dispõe de
advogados gerais, mas essa função pode ser, em casos que o justifiquem,
confiada a um dos juízes.

Juízes e Advogados-Gerais:

★ Nomeação: Escolhidos de entre personalidades que ofereçam todas as


caracterísitcas de independência e de idoneidade técnico-jurídica, são nomeados de
comum acordo pwlos Governos dos Estados-membros, após consulta de um comité
incumbido de dar parecer sobre a adequação dos candidaros (art. 253 e 255 TFUE)

★ Mandato: 6 anos, renovável sem limte

★ Juízes:

○ Presidente: Os juízes do TJ e do TG nomeiam o seu Presidente para um


mandato de 3 anos, renovável (art. 253 do TFUE)

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○ Secretário-Geral: Os juízes do TJ e do TG nomeiam o seu Secretário-Geral


para um mandato de 6 anos (art. 254 do TFUE)

★ Advogado-Geral: Apresenta publicamente, com imparcialidade e independência,


as suas conclusões fundamentadas sobre os processos que requeiram a sua
intervenção (art. 252 TFUE), exercendo funções equivalentes às de um consultor
jurídico.

○ Conclusões: Não são vinulativas para o TJ, mas podem, pela qualidade
técnico-jurídica do levantamento do estado da arte ou pela inovação das
propostas de solução, na ótica de um aprofundamento da integração jurídica,
exercer uma significativa influência na evolução da doutrina jurisprudencial
do TJ e constiuir um utilíssimo instrumento de trabalho para os que estudam
Direito da União Europeia19.

B. NATUREZA DA SUA JURISDIÇÃO


Missão do TJUE: Garantir o respeito do direito na interpretação e aplicação dos Tratados
(art. 19/1 do TUE)

Modos de Exercício de Jurisdição:

★ Jurisdição por Atribuição: Todas as instituições da União estão limitadas pelo


princípio da competência por atribuição (art. 13/2 do TUE). Assim, o mandato que
confia ao TJUE a missão de garantir o respeito do direito quando interpreta e aplica
os Tratados, tem de se entendido no sentido em que só o pode fazer no quadro das
vias de direito expressamente titipificadas ou previstas nos Tratados, o que inclui o
Estatuto, que goza de força jurídica equivalente à dos Tratados (art. 51 do TUE).

○ Órgãos Judiciais Comuns da União Europeia: O sistema judicial da UE é um


sistema descentralizado e plural (art. 274 do TFUE), cabendo aos
Estados-membros garantir a tutela jurisdicional efetiva, através da criação das
vias judiciais necessárias (art. 19/1 do TFUE).

■ QUESTÕES PREJUDICIAIS (art. 267): A articulação entre a


jurisdição do TJUE e a jurisdição dos tribunais nacionais é realizada
através deste mecanismo, que fundamenta, enquadra e promove um
verdadeiro diálogo “juiz a juiz”

★ Jurisdição Obrigatória: A partir do momento em que se tornam membros da UE,


os Estados-membros estão obrigados a respeitar as decisões do TJUE, que goza de
competência para dirimir conflito entre Estados-membros (art. 259 do TFUE), entre
a Comissão e um Estado-membro (art. 258 do TFUE), entre Estados-membros e
instituições da União e entre particulares e instituições da União (art. 263, 265 e 268

19
Nas suas conclusões, Lagrange propôs o princípio metodológico que, passados 9 anos, seria acolhido pelo TJ no
caso Stauder e permitiria erqguer o regime jurídico de porteção ativa dos direitos fundamentais e, assim,
colmatar uma grave lacuna nos Tratados.

80
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do TFUE). De fora, ficam os lítigios que opõem os particulares aos Estados-membros,


que devem ser submetidos aos tribunais nacionais competentes, embora possam
chegar ao TJ pela via do mecanismo das questões prejudiciais (art. 267 d0 TFUE)

★ Jurisdição Exclusiva: Garantia que, excluindo o recurso aos tribunais


internacinais ou arbitrais como alterrnativa ao TJUE, traduz o compromisso firme
dos Estados-membros em relação à especificidade da União como modelo associativo
de integração entre Estados e em relação à autonomia do Dirieiot da União Europeia
(art. 344 do TFUE)

★ Jurisdição de Última Instância: Seja nos casos em que o TJ julga em primeira e


única instância, seja nos casos em que aprecia os recursos instauradso das decisões
do TG, os acórdãos e despachos do TJ revestem caráter definitivo.

C. COMPETÊNCIAS
Três Principais Áreas de Competência do TJUE (art. 19/3 do TUE)

★ Recursos e ações interpostos por um Estado-membro, por uma


instituição ou por um particular;

★ O processo das questões prejudicais

★ Outras vias de direito

Limitaçãoes do TJUE:

★ Competência de Controlo na PESC: O TJUE não dispõe de competência de


controlo no âmbito da Política Externa e de Segurança Comum (PESC), salvo para
fiscalizar a delimitação entre a PESC e as competências reguladas pelo TFUE e para
se pronunciar sobre recursos de anulação interpostos por particulares com
fundamento na alegada violação de direitos (art. 275 TFUE)

★ Espaço de liberdade, segurança e justiça: O Juiz da União não pode fiscalizar a


validade nem a proporcionalidade de operações policiais realizadas pelos
Estados-membros nem decidir sobre o exercício de responsabilidades que incumbem
aos Estados-membros em matéria de ordem pública e de garantia de segurança
interna

○ Princípio do Respeito da Soberania Nacional (art. 4/2 do TUE): Este espaço é


um corolário da limitação imposta à União Europeia em matéria de
responsabilidade pelas funções essenciais do Estado, designadamente a
manutenção da ordem pública e a defesa da saúde pública;

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Luísa Braz Teixeira

★ Procedimento do Estado de direito (art. 7 TUE): Está organizado de modo a


excluir o TJUE do controlo do fundamento das medidas aplicadas do Estado infrator
(art. 269º TFUE)20.

14.6 BANCO CENTRAL EUROPEU

A. ORIGEM
Versão Originária dos Tratados: As disposições dedicadas à cooperação em matéira de
política económica e monetária definiam critérios muito genéricos de coordenação que não
punham em causa a competência reservada dos Estados-membros sobre estes domínios.

Resgate da Política Monetária: Embora a moeda tenha sido a grande esquecida do


Tratado de Roma, a partir dos finais da década de 60, sucederam-se iniciativas que visaram
resgatar a política monetária ao relativo esquecimento a que fora votada no período de
transição.

★ Cimeira de Haia (1969): O chanceler alemão Willy Brandt propôs a criação da


união económica e monetária

★ Relatória de Werner (1970): Previa, já, um processo de realização deste objetivo


(criação da união económica e monetária) em diversas etapas e o princípio da
sincronização entre os avanços registados na integração económica e os progressos
no domínio da integração monetária.

★ Serpente Monetária (1971): Os Estados-membros concordaram em sujeitar a


flutuação cambial das respetivas moedas a um limite mais estreito do que o aplicado
no mercado internacional

★ Sistema Monetário Monetário Europeu (1978-1979): Foi instituído um novo,


e mais reforçado, mecanismo de cooperação monetária, que repousava sobre três
pilares:

○ Criação de ECU (European Currency Unit): Unidade monetária composta


pelas moedas dos vários Estados-membros aderentes

○ Sistema de Câmbios Estáveis, mas ajustáveis por referência a certas margens


de flutuação

○ Mecanismos de Crédito, maxime o financiamento a curto prazo dos bancos


centrais

20
A prof. MLD considera que esta solução constitui uma grave e inexplicável entorse ao modelo do Estado de
direito que fragiliza este procedimento como instrumento de garantia e defesa da União de direito contra os
excessos autoritários cometidos pelos Governos de Estados-membros, como a Polónia e a Hungria.

82
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★ Conselho Europeu de Hanover (Junho de 1988): Os Estados-membros


incumbiram um Comité de peritos presidido por Jacques Delors para preparar um
palno faseado da realização da união económica e monetária.

○ Comité Delors (Abril de 1989): Publicou um plano de porpostas concretas que


viria a servir de base à discussão na Conferência Intergovernamental de 1990
sobre a União Económica e Monetária (UEM)

★ Conferência Intergovernamental sobre a União Económica e Monetária


(UEM) - 1990: Aprovou o primeiro tratado da União Europeia

UEM:

★ Fases de Realização: De harmonia com o calendário aprovado no Conselho


Europeu de Madrid (Junho de 1990), e depois vertido nas disposições do tratado:

○ 1ª - 1 de Junho de 1990: Tinha por objetivo assegurar a liberalização plena dos


movimentos de capitais entre os Estados-membros.

○ 2ª - 1 de Janeiro de 1994: Implicou o respeito de critérios rigorosos de


convergência que funcionaram como pressuposotos de estabilidade
económica, exigida aos Estados-membro que viessem a partilhar a moeda
única.

○ 3ª - 1 de Janeiro de 1999: Determinou o estabelecimento de câmbios fixos


entre as moedas dos onze Estados-membros inicialmente participantes e a
criação de um moeda comum, o Euro.

■ 1 DE JANEIRO DE 2002: O Euro passaria a circular como moeda


corrente sob a forma de notas e moedas e, decorrido o período
transitório de 6 meses, substituiria definitivamente as moedas
nacinaos.

★ Estrutura Orgânica: O funcionamento da UEM reclamou uma estrutura orgânica


que pudesse responder com saber técnico e eficácia políticas às exigências inerentes à
propgração e execução de uma política monetária comum.

○ IME - Instituto Monetário Europeu: Durante a segunda fase da UEM, a


cooperação ecnómica entre os Estados foi confiada a esta estrutura dotada de
personalidade jurídica e adminsitrada por um Conselho composto por um
Presidente e pelos governadores dos bancos centrais e nacionais.

■ ÓRGÃO DE TRANSIÇÃO: O IME foi concebido como um órgão de


transição que devia preparar os instrumentos e procedimentos
necessários para a execução de uma política monetária única na
terceira fase, incluindo preparar a entrada em funcionamento da
estrutura orgânica da terceira fase, consituída pelo Banco Central

83
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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Europeu (BCE), pelo Sistema Europeu dos Bancos Centrais (SEBC) e


pelo Comité Económico e Financeiro (CEF)

○ BCE - Banco Central Europeu:

■ DATA DE CRIAÇÃO: 1 de Junho de 1998, de modo a preparar a sua


plena entrada em funções na data prevista de arranque da terceira fase

■ SEDE: Frankfurt, por decisão tomada por acrodo entre os Chefes de


Governo ou de Estado dos Estados-membros a 29 de outrubro de 1993

■ ESTATUTOS: Encontram-se nas disposições dos Tratados (art 13/1 e 3


do TUE e art. 282 a 284 do TFUE) e no Protocolo n.º4 relativo aos
Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do Banco Central
Europeu, que é parte integrante do Tratado, partilhando a sua força
jurídica (direito primário ou originário)
● Revisão dos Estatutos: Deve obedecer ao procedimento formal
de revisão dos tratados (art. 48 do TUE), contudo, é possível
um procedimento simplificado para os casos referidos no art.
129/3 do TFUE e 40 do Protocolo, mas que não prejudicam a
aplicabilidade do art. 40 do TUE.

Tratado de Maastricht (1993): Com a sua entrada em vigor, estabelecimento da União


Económica e Monetária tornou-se num objetivo irreversível do renovado projeto de
integração europeia, enquadrado pelo desígnio ambicioso da união política

B. ESTRUTURA
Instituição da União Europeia: O Tratado de Lisboa elevou o BCE à categoria de
instiuição da União Europeia, o que o coloca como única instituição dotada de personalidade
jurídica (art. 13/1 do TUE)

★ Personalidade Jurídica (art. 282/3 do TFUE): Suporte da independência do


BCE na relação com as demais instituições e com os Estados-membros, o que
também exonera a União da responsabilidade pelos prejuízos resultantes do exercício
das suas funções (art. 340 do TFUE)

Estrutura Decisória: É formada pelo Conselho e pela Comsisão Executiva

★ Conselho: Órgão mais importante

○ Composição: Membros da Comissão Executiva e governedores dos bancos


centrais nacionais dos EM cuja moeda é o euro (art 283/1 TFUE)

○ Competências:

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■ Adota o regulamento interno que determina a organizaçaõ interna do


BCE e dos seus órgãos de decisão (art. 12/3 do Prot. 4)

■ Toma posições sobre matérias de maior significado, como as decisões


respeitantes a objetivos monetários intermédios, taxas de juro básicas
e aprovisionamento de reservas no SEBC (art. 12/1 do Prot. 4)

■ Toma as principais decisões de natureza finaneira (art. 26-35 Prot. 4)

★ Comissão Executiva:

○ Membros: Um Presidente, um Vice-Presidente e quatro vogais (art. 283/2 do


TFUE)

■ NOMEAÇÃO DOS MEMBROS: Os membros da Comissão são


nomeados de entre personalidades de reconhecida competência e com
experiência profissional nos domínios monetário ou bancário pelo
Conselho Europue, deliberando por maioria qualificada, por
recomendação do Conselho e após consulta ao Parlamento Europeu e
ao Conselho do BCE (art. 283/2 do TFUE)

■ ESTATUTO DOS MEMBROS: Estão sujeitos a deveres de


exclusividade funcional e beneficiam das garantias de independência,
em termos equivalentes aos previstos para os membro da Comissão,
do Tribunal de Contas, do Tribunal de Justiça e do Tribinal Geral (art.
11 do Prot. 4)

■ MANDATO: 8 anos, não renovável

○ Competênicas:

■ GESTÃO DAS ATIVIDADES CORRENTES DO BCE, dando


cumprimento às orentações e decisões estabelecidas pelo Conselho.
Para tanto, é competente para dirigir aos bancos nacionais as
instruções necessários.

■ PODE EXERCER, POR DELEGAÇÃO, PODERES ATRIBUÍDOS AO


CONSELHO (art. 11/6 e 12/1 do Prot. 4)

★ Conselho Geral: Enquanto exisitirem EMs que beneficiam de uma derrogação que
os mantém afastados do Eurossitema (art. 282/1 do TFUE), este órgão integra a
estrutra deciória do BCE.

○ Composição: Presidente, Vice-Presidente do BCE e governadores dos bancos


centrais nacionais de todos os Estados-membros (art. 44 Prot. 4)

○ Função: Sendo a extensão do IME para a terceira fase, pretende-se, com este
órgão, insituir um foro de coordenação em metéria de polítca monetária entre

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os Estados-membros que adotaram a moeda única e os que ainda não o


fizeram.

C. PODERES
Direito Exclusivo de Autorizar a Emissão de Moeda (art. 282/3 TFUE): Poder
mais importante e tipificador da natureza funcional do BCE

Competências Decisórias Próprias:

★ Regulamentos: Carácter normativo

★ Decisões: Carácter administrativo

★ Atos Atípicos: Não sendo, ao BCE, permitida a aprovação de diretivas, pode


aprovar atos atípicos (orientações, instruções, decisões sui generis).

○ Controlo Jurisdicional: Quando estes atos produzem efeitos jurídicos são


passíveis de controlo jurisdicional de legalidade, junto do TJUE (art. 263 do
TFUE) ou junto dos tribunais nacionais, por via incidental, com a
possibilidade de, através da colocação de questões prejudiciais, chegar ao TJ
(art. 267 do TFUE)

Competências de Natureza Sancionatória: Traduzem-se na aplicação de multas ou


sanções pecuniárias temporárias às empresas em caso de incumprimento das regras
constantes dos seus regulamentos e decisões (art. 132/3 do TFUE)

Poderes de Intervenção nos Mercados Financeiros: Vão além dos instrumentos


típicos de fixação das taxas de juro.

★ Limites: Uma das questões mais controvertidas é a de saber os limites ao exercício


deste poder de modo a garantir a estabilidade do Euro, de tal modo que levou à única
revisão dos Tratados, pós-Tratado de Lisboa.

○ Revisão: Introduziu um número 3 ao art. 136 do TFUE, que faz referência a


uma “rigorosa condicionalidade”, o que a Prof. MLD considera ser mais uma
fonte de restrições do que de soluções no que se trata de dar, com rapidez e
eficácia, resposta a situações de emergência monetária.

D. ESTATUTO DE INDEPENDÊNCIA
Cinco Áreas Principais:

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★ Independência Institucional: Envolve a persoalidade jurídica, a capacidade de


decisão própria e o dever de não seguir instruções externas das instituições da União,
dos Governos dos Estados-membros ou de qualquer outra entidade.

★ Independência Operancional: Relativa ao exercício autónomo dos seus poderes,


excluída qualquer forma de tutela de aprovação ou revogação.

★ Independência Pessoal: Garantida pela duração do mandato dos membros da


Comissão Executiva, pelo seu carácter não renovável, pela natureza excecional das
causas de destituição

★ Independência Finaneira: Materializa-se na obtenção e gestão de recursos


próprios, pelo que o seu financiamento não depende do Orçamento da União.

Participação no Sistema Eurocomunitário de Controlo Jurisdicional:

★ TJ e TG:

○ Fiscalização de Atos e Omissões do BCE: Através da instauração dos


competentes recursos de anulação (art. 263 do TFUE) ou por omissão (art.
265 do TFUE). Contudo, também o BCE tem legitimidade para accionar estes
mecanismos em relação a atos e omissões com latitude processual
reconhecida aos recorrentes privilegiados, em pé de igualdade com o
Conselho ou a Comissão, e com os Estados-membros.

○ Recurso de Anulação de Decisões Definitivas do BCE que Alicam Sanções


Pecuniárias: Gozam de uma competência de plena jurisidição nesta matéria
(art. 261 TFUE)

★ Tribunais Nacionais: Podem levantar, sobre os atos do BCE, questões prejudiciais


de interpretação ou de validade (art. 267/b do TFUE)

★ Exceção de Ilegalidade (art. 277 do TFUE): Pode ser invocada em relação a um


regulamento ou a um qualquer ato de alcance normativo adotado pelo BCE

★ Danos Causados pelos Atos ou Omissões Imputáveis ao BCE: É aplicável o


regime da responsabilidade extracontratual previsto nos art. 268 e 340 do TFUE.

○ Bancos Centrais Nacionais: Estão sujeitos ao regime da responsabilidade


previsto na legislação nacional.

★ Contencioso do Incumprimento: É permitido ao BCE o exercício de poderes


equivalentes aos reconhecidos à Comissão no domínio do contencioso de
incumprimento (art. 35/6 do Prot. 4) - Se ao BCE considerar que um banco central
nacional violou as obrigações decorrentes dos Estatutos, pode recorrer ao Tribunal de
Justiça (art. 271/d do TFUE)

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★ Autoridade Comunitária Anti-Fraude: Como o BCE está inserido no quadro


comunitário, a sua independência não tem como consequência subtraí-lo à aplicação
das normas de direito comunitário, estando sujeito aos poderes de fiscalização da
autoridade comunitária anti-fruade (Ac. do TJCE de 10/07/2003)

E. EUROSSISTEMA
Composição: BCE e os 19 bancos centrais dos Estados-membros que, atualmente,
integram a Zona Euro.

Bancos Centrais Nacionais: Funcionam como uma extensão do BCE no território dos
respectivos Estados-membros.

★ Relação com o BCE: Baseia-se no princípio da hierarquia, no que respeita à


definição da política monetária, e no princípio da descentralização quando se passa à
fase da execução da política monetária, assim assegurada pelos bancos centrais
nacionais.

★ Estatuto: Reflete o dever de executar as decisões do BCE e um regime de rigorosa


independência face ao Governo (e outros órgãos políticos) do respetivo
Estado-membro, com garantias reforçadas.

○ Prof. MLD: Não compreende a razão que levou a reservar ao TJ o controlo de


legalidade de uma decisão nacional de demissão do governador do banco
central de um Estado-membro quando, como manda o espírito do sistema,
esse controlo, porque se trata de um ato nacional, deveria ser feito pelos
tribunais nacionais competentes.

F. EUROGRUPO (PROT. 14)


Composição: Ministros das Finanças de países cuja moeda seja o euro.

Função: Na prática, funciona como um nível informal através do qual a Comissão e o BCE
adotam decisões de extraordinário impacto no bem-estar dos cidadãos da União e na própria
estabilidade das democracias nacionais: hard power travestido de soft power. São debatidas
questões relacionadas com as responsabilidades específicas que são partilhadas em matéria
de moeda única

Natureza: Realidade paralela destituída de materialidade jurídico-institucional.

14.7 TRIBUNAL DE CONTAS


Sede: Luxemburgo

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Natureza: Foi criado como um órgão dotado de autonomia financeira e administrativa, mas
acabou por ascender à categoria de instituição.

★ Motivo de Criação: De modo a dar uma resposta institucional adequada à


necessidade de garantir um controlo financeiro eficaz do novo sistema de recursos
próprios próprios das Comunidaes, que substituiu o sistema das contribuições diretas
dos Estados-membros e que proporcionou um extraordinário aumento das receitas e
despesas do orçamento comunitário, cujo controlo reclamava meios jurídicos e
garantias de independência de que carecia a anterior Comissão de Controlo.

Composição: Um nacional de cada Estado-membro (art. 285/1 do TFUE)

★ Membros: Escolhidos de entre personalidades que pertençam ou tenham


pertencido, nos respectivos Estados, a instituições de fiscalização externa ou que
possuam uma qualificação especial para essa função e ofereçam garantias de
independência. (art. 286/1 do TFUE)

○ Nomeação: Pelo Conselho, por maioiria qualificada, após consulta ao PE

○ Exclusividade e Independência: Os membros exercem a sua função com


caráter de exclusividade e total independência (art. 286/3 e 4 do TFUE)

○ Garantias: Equivalentes às previstas para os membros do Tribunal de Justiça


da União Europeia (art. 286/5 e 6 do TFUE)

○ Área Específica de Verificação de Controle: É confiada a cada membro, sobre


a qual esse membro deve manter o colégio dos membros informado.

★ Grupos de Fiscalização: Assistem os membros do Tribunal de Contas no exercício


das suas funções e podem ser criados, sob proposta do presidente

Deliberações: São, em regra, adotadas por maioria dos 27 membros.

Competências:

★ Controlo Financeiro: Fiscalização da totalidade das despesas da União, incluindo


as contas de qualquer órgão ou organismo criado pela União, salvo se o ato
cnostitutivo excluir este controlo (art. 287/1 do TFUE)

○ Controlo Externo: O controlo do Tribunal de Contas é externo, pois o interno


cabe à estrutura competente fiscalizadora de dcada instituição, órgão ou
organismo.

○ Iniciativa Processual: Como o Tribunal de Contas carece de poderes


cominatórios ou sancionatórios, a sua inciaitiva processual na instauração de

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recurso por anulação ou omissão (art. 263 e 265 do TFUE), contra as


insituições, órgãos ou organismos que, alegadamente, violaram as leis
financeiras, consittui um poder compensatório muito relevante, por lhe
permitir accionar o controlo jurisdicional de legalidade, autonomamente.

★ Função Consultiva: No quadro do princípio da cooperação interinstitucional, o


Tribunal de Contas pode emitir pareceres a pedido das outras insittuições (art. 281/4
do TFUE), que são de emissão obrigatória se integrados nos procedimentos de
decisão em matéria de reulamentação finaneira e orçamental (art. 322/2 do TFUE),
sobre medidas de prevenção e combate das fruades lesivvas dos interesses financeiros
da União (art. 325/4 TFUE).

14.8 ÓRGÃOS CRIADOS PELOS TRATADOS

A. O ALTO REPRESENTANTE DA UNIÃO PARA OS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E A


POLÍTICA DE SEGURANÇA
Natureza: Uma espécie de Ministro dos Negócios Estrangeiros, com as inevitáveis
fragilidades de um ministro sem governo, de um governo sem Estado e de uma União
Europeia sem uma verdadeira política externa e de segurança comum (art. 23 e ss. TUE)

Nomeação: O Alto Representante é nomeado pelo Conselho Europeu, com o acordo do


Presidente da Comissão (art. 18/1 do TUE).

Funções:

★ Preside ao Conselho dos Negócios Estrangeiros (art. 18/3 do TUE)

★ Vice-Presidente da Comissão (art. 18/4 do TUE)

★ Mandatário do Conselho: Conduz a política externa e de segurança comum da


União (art. 27 do TUE)

★ Articula as Políticas do Conselho e da Comissão com o Conselho Eurpeu:


O Alto Representante não integra o Conselho Europeu, mas participa nos seus
trabalhos (art. 15/2 do TUE)

Relação com a Comissão: O Alto Representante (AR) é um elemento estranho na


Comissão, pois foi escolhido pelo Conselho Europeu para levar o seu mandato até ao fim,
coincidente com o da Comissão, obedecendo orientações do primeiro, em matéria de política
externa - reflete o conflito entre a legitimidade intergovernamental, democrárica e
comunitária, com aparente prevalência da primeira.

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★ Questões Suscitadas pelo Carácter Bifronte21 do Alto Representante:


Encontram resposta em soluções de recorte jurídico-procedimental. Contudo, os
aspectos mais delicados de um possível controlo de fidelidades exigem uma resposata
política que penderá para o lado do Conselho Europeu22.

★ Equilíbrio Instável: O AR tem dificuldade em arbitrar os conflitos entre o


Conselho Europeu, o Conselho e a Comissão, sobre matérias como o reconhecimento
de novos Estados, posição da UE na NATO, questão dos refugiados e guerra na Síria

○ Missão de Assegurar a “Coesão da ação externa da União” (art. 18/4 do TUE):


Revela-se impossível pela falta de colabroação interinstitucional e pela notória
incapacidade da União gerar os mecanismos adequados de decisão e
efetivação de uma polítiva externa e de segurança comum

Competências:

★ Apresentação de propostas de definição da política externa e de


segurança comum

★ Execução das decisões do Conselho Europeu e do Conselho (art. 27/1 TUE)

★ Condução do diálogo político e diplomático com Estados terceiros e OIs

○ SEAE - Serviço Europeu de Ação Externa: Funciona como corpo diplomático


da União que trabalha colaboração com os serviços diplomáticos dos
Estados-membros (art. 27/3 do TUE). É composto por uma estrutura
administrativa central com sede em Bruxelas e pelos representantes (chefes
de delegação correspondentes à função de embaixadores e restante pessoal
diplomático). Apoia e assiste o Alto Representante.

B. PROVEDOR DE JUSTIÇA EUROPEU


Objetivos:

★ Proporcionar aos cidadãos da União uma instância específica de receção


das suas quiexas (art. 24 do TFUE)

★ Subemeter o funcionamento da administração eurocomunitária a um


controlo por parte dos adminstratdos, como instrumento idóneo de garantia
dos princípios fundamentais da legalidade e da transparência e de aproximação dos
particulares à ação administrativa do decisor da União (art. 228 do TFUE)

21
“Comissário” do Conselho Europeu e Vice-Presidente da Comissão
22
ex: Na sequência da votação do Parlamento Europeu de uma moção de censura, a Comissão deve demitir-se
coletivamente, inluindo o Alto-Representante, dentro das funções que exerce na Comissão (art. 234 do TFUE).
Contudo, ele manter-se-á presidente do Conselho de Negócios Estranhgeiros e nada impede que o Conselho
Europeu aposte na sua manutenção no quadro da formação de uma nova Comissão.

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Nomeação: O Provedor de Justiça é nomeado pelo PE, após cada eleição, por um período
da legislatura (5 anos), podendo ser reconduzido em funções (art. 228/2 do TFUE).

Estatuto: Beneficia de um estatudo de independência, exclusividade e relativa


inamovibilidade, análogo ao previsto para os membros da Comissão, do Tribunal de Contas e
do Tribunal da União (art. 228/2 e 3 do TFUE).

★ Definição: O seu estatuto e condições gerais de exercício das duas funções são
estabelecidos pelo PE, através de regulamentos

Sede: A sede da Provedoria de Justiça é a sede do PE: Estrasburgo

Queixas:

★ Legitimidade Ativa: Qualquer cidadão da União, pessoa singular ou colectiva, com


residência ou sede estatutáeria num Estado-membro.

★ Fundamento: Casos de má administração na atuação das instituições, órgãos ou


organismos, com exceção do Tribunal de Justiça da União Europeia no exercício das
suas funções jurisdicionais (art. 228/1 do TFUE)23

○ “Má Administração”: O organismo público comunitário não atua em


conformidade com as regras ou os princípios vinculativos, ou seja, o Provedor
de Justiça tem o seu poder limitado aos casos de suposta ilegalidade,
excluindo-se a apreciação juízos de oprtunidade política.

■ POLÍTICA EXTERNA E SEGURANÇA COMUM: Do âmbito do direito


de queixa estão excluídas as situações especificamente relacionadas
com o exercício das competências da União no domínio da Polítca
Externa e da Segurança Comum (art. 40 do TUE)

Inquéritos: Por iniciativa prórpia ou na sequência de queixa, o Provedor de Justiça


Europeu procede a todos os inquéritos que considere justificados para esclarecer as suspeitas
de má administração.

★ Convicção Preliminar Sobre a Existência de má Administração: Se o


inquérito fundamentar esta convicção, a instituição, órgão, ou organismo da União
em causa é notificado para apresentar as suas observações.

★ Verificação da Situação de Má Administração: Encerrado o inquérito, se o


Provedor considerar verificada a situação de má administração, deverá promover
uma solução amigável entre o queixoso e a administração.

23
Uma queixa que se reporte a factos imputáveis às autoridades administrativas dos Estados-membros deve ser
considerada indadmissível, a instância competente, nesses casos, é a Comissão

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○ Recomendação: Se com a solução amigável não for bem sucededido, o


Provedor pode dirigir uma recomendação ao órgão em causa, exortando-o a
modificar o funcionamento dos seus serviços.

■ RELATÓRIO FINAL: Se a recomendação não for seguida, ao provedor


só resta a elaboração de um relatório final que será transmitido ao PE
e do qual será dada informação ao autor da queixa (art. 228/1 TFUE)

★ Relatório Anual: No final de cada sessão anual, o Provedor de Justiça apresenta ao


PE um relatório sobre os resultados dos seus inquéritos.

Efeitos Positivos da Atividade do Provedor:

★ Garantia de acesso público aos documentos

★ Exercício de pressão sobre a Comissão relativamente ao tratamento dado


às queixas dos administrados

Direito de Iniciativa Contenciosa: O Provedor de Justiça Eurupeu não tem direito de


iniciativa contenciosa.

★ Prof. MLD: Considera que se justificaria o reconhecimento ao Provedor de Justiça


do direito de recurso no quadro da impugnação de atos (art. 263 do TFUE) e da
verificação de uma omissão ilegal (art. 265 do TFUE), uma vez que seria um meio
adequado de dignificação de um estatuto estreiatamente ligado à ideia de uma
Europa mais social e humana24.

★ Fundamento: Por razões de equilíbrio institucional, pressupõe-se uma relação de


paralelismo entre a legitimidade passiva, ou seja, possibilidade de ser judicialmente
demandado, e a legitimidade ativa, ou seja, o direito de demandar. O TJUE no caso
Lamberts declarou a admissibilidade de uma ação instaurada contra o provedor.

C. COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL


Conceito: Expressão, no quadro institucional da União Europeia, de um princípio político
de representação dos interesses.

24
A proclamação de boas intenções exige a previsão de meios eficazes de tutela em caso de violação, sob pena de
esvalar para o campo da pura alegoria polítca: como pode o Provedor de Justiça Europeu exercer de forma útil e
consequente o seu poder de inquérito se não estão previstas medidas sancionatórias para as instituições, órgãos e
organismos da União que se recusem a cooperar e corrigir os casos identificados de má administração - o direito
de recurso para o Tribunal de Justiça da União Europeia restringiria a tentação de aproveitar a impunidade
jurídica do decisor administrativo da União.

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Composição: Representantes das organizações de empregadores, de trabalhadores e de


outros setores representativos da sociedade civil, em especial nos domínios socioeconómico,
cívico, profissional e cultural.

★ Definição: Por decisão do Conselho, deliberando por unanimidade, sob proposta da


Comissão (art. 301 do TFUE). O número de membros não deverá exceder trezentos e
cinquenta e deve ser objeto de revisão periódica, de modo a atender à evolução
económica, social e demográfica da União (art. 300/5 do TFUE).

★ Presidente e Mesa: Escolhidos pelo comité.

Funções:

★ Assistir o PE, o Conselho e a Comissão, embora a sua competência seja apenas


consultiva (art. 13/4 do TUE)

Estatuto:

★ Estatuto dos Membros: Estatuto independente, devendo agir no interesse geral da


Comunidade.

○ Dificuldade: Existe alguma dificuldade em conciliar este dever de


independência funcional com a sua natureza de representantes das forças
económicas e sociais dos Estados-membros.

★ Presidente e Mesa: Gozam de outras garantias de autonomia:


○ Aprovação do regulamento interno
○ Pode reunir-se por iniciativa própria
○ Autonomia financeira e de gestão do pessoal
○ Administração assegurada por um secretariado-geral
○ Pode criar sub-comités com a missão de acompanhar áreas específicas

Pareceres (art. 304 do TFUE):

★ Parecer Necessário: O Comité Económico-Social deve ser consultado nos casos


previstos pelos Tratados, pelo PE, pelo Conselho ou pela Comissão. A ausência de
consulta constitui uma violação da formalidade essencial e fundamenta a declaraçaõ
de ilegalidade do ato adotado.

★ Parecer Facultativo: O PE, o Conselho e a Comissão podem, sempre que


considerem oportuno, pedir o parecer do Comité.

★ Pareceres de Iniciativa Própria: O Tratado de Maastricht reconheceu ao Comité


o importante poder de emitir pareceres por sua iniciativa.

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D. COMITÉ DAS REGIÕES


Conceito: Órgão de natureza consultiva, composto por representantes das autarquias
locais, com um regime de funcionamento decalcado do previsto para o Comité Económico
Social.

Princípio de Paridade entre o Comité das Regiões e o Comité Económico Social:

★ Estrutura Administrativa Comum de Apoio aos Respetivos


Secretariados-Gerais: Mesmo padrão de composição, com o limite máximo de
350, repartição pelos Estados-membros a decidir pelo Conselho que delibera por
unanimidade, sob proposta da Comissão (art. 305 do TFUE), segundo a mesma
grelha de repartição entre os vinte e sete Estados-membros

★ Os seus membros estão igualmente vinculados por um dever de independência e


atuação no interesse geral da União (art. 300/4 do TFUE)

★ O Comité das Regiões também designa o seu Presidente e os membros da Mesa e


aprova o respetivo regulamento interno (art. 306 do TFUE)

★ Direito Reflexo de Conduta: Sempre que o Comité Económico e Social seja


consultado, o Comité das Regiões deve ser informado e, se considerar que estão em
causa interesses regionais específicos, pode emitir parecer a esse respeito - a
abordagem eurocomunitária das matérias a regular deve conjugar e alinhar a
perspetiva socioeconómica com a perspetiva territorial, inseparável e co-dependente

3 Diferenças Importantes entre o Comité das Regiões e o Comité Económico e


Social: Resultam de uma dimensão política qualificada que distingue o Comité das Regiões:

★ Os membros do Comité das Regiões são representantes das autarquias regionais ou


locais, titulares de um mandato eleitoral a nível regional ou local, ou seja,
politiamente responsáveis perante uma assembleia eleita (art. 300/3 TFUE)

★ O Comité das Regiões tem legitimidade processual para, em pé de igualdade com o


Tribunal de Contas e o Banco Central Europeu, impugnar atos jurídicos da União,
com o objetivo de salvaguardar as respectivas prerrogativas

★ O Comité das Regiões goza de idêntica legitimidade processual para impuganar atos
legislativos sobre os quais deve ser consultado, com fundamento em violação do
princípio da subsidariedade (art. 8 do Protocolo n.º2 anexo aos Tratado de Lisboa)

E. OUTROS ÓRGÃOS
Comites Previstos nos Tratados: O Conselho estabelecerá, após parecer da Comissão, os
seus estatutos (art. 242 do TFUE). Ecnontram-se previstos nos tratados e atuam na órbita do
Conselho.

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★ Comité dos Transportes: Carácter consultivo (art. 99 do TFUE)

★ Comité Económico e Financeiro: Sucedeu ao Comité Monetário com o início da


terceira fase da União Económica e Monetária

★ “Comité 113”25: Comité especial em matéria política comercial comum, a que o


Conselho confia a missão de assistir a Comissão nas negociações comerciais no
âmbito das diretrizes de aprovação pelo Conselho (art. 297/3 do TFUE)

★ Comité do Fundo Social Europeu: Carácter consultivo (art. 163 do TFUE)

★ Comité do Emprego: Destinado a promover a coordenação política em matéria de


emeprego e do mercado de trabalho entre os Estados-membros (art. 150 do TFUE)

★ Comité Político e de Segurança: Relacionado com a Política Externa e de


Cooperação Comum (art. 38 do TUE)

★ Comité Permanente: Relcionado com a cooperação operancional em matéria de


segurança interna (art. 71 do TFUE)

Comitologia (art. 291/3 do TFUE): Comités instituídos por habilitação indireta do


tratado e que, apesar de, relativamente à sua composição, se poderem considerar extensões
do Conselho, atuam no domínio da função executiva atribuída à Comissão, não devendo ser
confundidos com os Comités previstos nos tratados (↑)

Outros Órgãos Previstos nos Tratados:

★ Agência de Aprovisioinamento da Eurátomo: Criada em 1960, é um


organismo de intervenção responsável pelo regular abastecimento da Comunidade
Europeia de Energia Atómica em produtos nucleares. Dotada de personalidade
jurídica, atua sob o controlo da Comissão (art. 52 e ss. do Tratado da CEEA)

★ Banco Europeu de Investimento (BEI): Organismo público internacional,


autónomo nas suas relações com as instiuições da União (art. 308 e 309 do TFUE).
Dotado de personalidade jurídica, o seu capital social é subscrtio pelos 27
Estados-membros.

○ Finalidade: Prossegue objetivos de finaciamento, sem intuito lucrativo, de


projetos que contribuam para o desenvolvimento equilibrado no interesse da
União, de modo a promover a coesão económica e social no espaço da União
Europeia.

○ Meio de Atuação: Adota atos de conteúdo obrigatório para os


Estados-membros, suscetíveis de controlo judicial de legalidade (art. 271/b) e

25
nome pelo qual foi inicialmente conhecido

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c) do TFUE) e de imposição aos Estados-membros através dos meios próprios


da ação por incumprimento (art. 271/a) do TFUE).

■ CONTROLO:A sua autonomia não o isenta do controlo exercido por


autoridades independentes como o Organismo Europeu de Luta Anti
Fruade (OLAF26), pois o BEI faz parte integrante do sistema da União

F. ÓRGÃOS CRIADOS PELO DECISOR DA UNIÃO EUROPEIA - COMITÉS E


ORGANISMOS PERSOSALIZADOS

i) OS COMITÉS TÉCNICOS - O PAPEL DA COMITOLOGIA


Fundamento: Necessidade de enquadrar, no ponto de vista técnico, a definição e a gestão
das políticas comunitárias nas mais diversas áreas.

Evolução Histórica:

★ Comités de Gestão - 1962: Os fundadores da política agrícola comum instituíram


os primeiros comités de gestão, que cuidavam do acompanhamento das medidas de
gestão definidas no âmbito de cada organização comum de mercado.

★ Comités de Regulamentação - 1968: Fora dos domínios específicos dos


mercados agrícolas e dos produtos de pesca, foram criados estes comités com uma
competência de acompanhamento das medidas de execução nas áreas da legislação
aduaneira, política, comercial, regulamentação veterinária e alimentar.

“Comitologia”: Rede complexa e muito vasta de comités. Admite 3 sentidos possíveis:

★ Sentido Estrito: Refere os comités cuja criação está prevista no art. 291/3 do
TFUE, sob as modalidades definidas pelo Regulamento (UE) n.º 182/2011. São
constituídos por delegados dos Estados-membros e presididos por um representate
da Comissão.

○ 3 Tipos de Comités:
■ Comités Consultivos
■ Comités de Gestão
■ Comités de Regulamentação

★ Sentido Amplo: Abrange a pletora de comités que integra o sistema institucional


da União. Categoria residual de comités que se caracteriza pela não sujeição aos
procedimentos de comitologia, pelo que compreende variantes muito distintas, face à
sua função, composição e origem legal. São criados e funcionam como elemento
auxiliar da função de execução das normas comunitárias.

26

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★ Sentido Impróprio: A comitologia é utilizada como equivalente de “grupologia”,


noção distinta com a qual não deve ser confundida.

○ Grupologia: Criação de “grupos de trabalho” ou “grupos de peritos” ad hoc e


temporários de apoio técnico, incumbidos de estudar ou acompanhar uma
questão específica. São criados pelo Conselho, pela Comissão ou qualquer
outra instiuição, órgão ou organismo, inluindo os próprios comités.

Problemas Suscitados pela Comitologia:

★ Proliferação de Comités: A inflação burocráctica tem elevados custos negativos,


seja no plano financeiro, seja no plano político institucional, ao transmitir a imagem
de uma administraçaõ eurocomunitária pesada que promove a adesão dos técnicos
das administrações nacionais, protagonistas da chamada “diplomacia viajante” com
destino a Bruxelas.

○ Simplificação dos Comités Técnicos: Em matéria de execuçaõ normativa, foi


aprovada pelo Tratado de Lisboa uma nova disciplina reguladora da
comitologia que dá continuidade ao objetivo de garantir maior transparência
na participação dos Comités no processo de execução das normas.

★ Défice de Controlo e Transparência do Funcionamento dos Comités: O


funcionamento dos comités colocou, desde a sua génese, interrogações sobre a sua
ligação com as Instituições da União e com as administrações dos Estados-membros.
A quetão adquiriu uma dimensão mais séria a partir da década de 80 com a
proliferação dos comités técnicos e a crescente preocupação com os aspetos da
transparência e do controlo político sobre o procedimento comunitário de decisão.

○ Controlo Externo: A natureza dos comités mostra-se relativamente avessa a


um propósito de controlo externo: criados pelo Conselho para controlar a
Comissão no exercício, por delegação, da competência de execução, os
comités são uma espécie de extensões do Conselho, enquanto constituídos por
representantes dos Estados-membros, mas em contrapartida, a presidência
atribuída à Comissão garante a este órgão um controlo efetivo sobre os
trabalhos e a orientaçaõ dos comités.

■ CASO ROTHMMANS - AC. TPI 19.07.1999: O Tribunal da Primeira


Instância concluiu pela sujeição dos comités a uma exigência
elementar de transparência, concretizada no direito de acesso de um
particular às atas das reuniões de um comité abrangido pelo sistema
da comitologia.

ii) ORGANISMOS PERSONALIZADOS


Fundamento: Viabilizar uma aplicação funcionalmente descentralizada dos objetivos e
políticas da União, de forma a garantir uma resposta mais rápida às exigências de

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complexidade crescente que, na sociedade pós-moderna da informação e da globalização,


convocam o decisor administrativo da União Europeia.

Desingação: Não é uniforme - agência, instituto, observatório, fundação, autoridadem


fundo, centro. Contudo, “agências europeias” é a designação mais comum

Conceito: Têm a forma de organismos de direito público europeu, dotados de peronalidade


jurídica, criado por ato de direito derivado (regulamento, decisão) que, para realizar uma
tarefa específica de carácter técnico, científico, de regulaçaõ ou de gestão, atuam com
autonomia financeira e administrativa.

Categorias:

★ Agências Independentes: Entidades jurídicas incumbidas de participar de forma


ativa no exercício da função executiva, adotando atos que contribuem para a
regulação de um setor determinado. Atuam com autonomia administrativa e
financeira (Ac. Meroni do TJCE).

○ Competências: Na base está um ato de delegação que não pode, contudo,


envolver a autorizaçaõ para o exercício de poderes discricinários

■ Podem ter uma naterza técnica e de assistência à tomada de decisão


pela Comissão ou pelo legislador da União
■ Podem exercer uma competência de decisão reguladora, sob a forma
de atos jurídicos que vinculam o decisor da União, os
Estados-membros e os particulares
■ Podem cumprir uma missão de coordenação ou acompanhamento

★ Agências Executivas: São criadas pela Comissão e, sob o seu controlo, prosseguem
tarefas relativas à gestão de programas financeiros da União. Têm personaldiade
jurídica por razões operacionais, mas a sua existência, incluindo a nomeação do
diretor e o controlo dos atos adotados, depende da Comissão.

CAPÍTULO II: OS PROCEDIMENTOS DE DECISÃO DA


UNIÃO EUROPEIA

15.PROCEDIMENTOS DE DECISÃO, SEPARAÇÃO DE PODERES E


SISTEMA DE GOVERNOS NA UNIÃO EUROPEIA: ATIPICIDADE
VERSOS TIPICIDADE
Modelo Político de Governação da UE: Destaca-se pela sua atipicidade e flexiblidade.

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Separação de Poderes: O sistema tripartido de poderes (legislativo/executivo/judicial)


clássico não funciona no sistema jurídico institucional da UE. Existe separação de poderes
numa acepção funcional e política, de acordo com um modelo de bipartição de poderes27 que
separa a função política (assumida pelo Conselho Europeu, pelo Conselho, pelo PE e pelo
BCE) da função jurisdicional (confiada ao TJUE e aos tribunais dos EM)

Fatores que Influenciam a Análise do Sistema de Governo da UE:

★ Coexistência de Várias Fontes de Legitimação de Poder: A democrática, a


intergovernamental e a eurocomunitária

★ Balança de Poderes: Equilíbrio que se apoia na centralidade da legitmidade


intergovernamental (bem ilustrada no estatuto do Conselho Europeu), ladeada, num
plano politicamente secundarizado, pela legitimidade democrática (PE) e pela
legitimidade integrativa (Comissão)

★ Prática Política: Empurrada pelo cenários da crise financeira de 2008, da crise dos
refugiados a partir de 2015 e, em 2020, pela pandemia do COVID e aproveitando
alguma indefinição nos Tratados sobre o papel do Conselho Europeu, libertou os
demónios” de um governo diretorial: ora apoiado na vontade do eixo franco-alemão,
ora apoiado na susposta vontade de todos os Estados-membros pela via da eixgência
do consenso

○ Prof. MLD: Considera esta uma perigosa derrogação à deliberação por


maioria inscrita no roteiro da integração eurocomunitária, e que deveria
funcionar como um princípio basilar de construção de decisões e expressão de
uma vontade democrática dos Estados e dos povos.

Política de Diretório: Poder exercido por um grupo muito restrito de Estados com um
auto-proclamado estatuto de “grandes ” ou mesmo hegemónico e que deturpa o elemento
intergovernamental. Representa uma passagem do modelo do intergovernamentalismo
igualitário para um modelo de intergoverna-mentalismo inigualitário e diretorial.

★ Fundamento:

○ Indefinição das regras previstas no estatuto jurídico da UE após o Tratado de


Lisboa (flexibilidade)

○ Vulnerabilidade do sistema instiuído pelos Tratados quando confrontado com


fenómenos quase inexoráveis de prevalência da dinâmica política sobre a
regulação normativa.

★ Consequências

27
O modelo mais próximo é o do sistema constitucional britânico, que assenta na clara distinção entre as
insittuições que cuidam as matters of policy (órgãos de decisão política) e os tribunais que decidem sobre as
matters of law

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○ Manifesto desequilíbrio de poderes entre Estados, impulsionado pela solução


do diretório

○ Enfraquecimento da lógica pactícia de revisão dos Tratados

○ Execmplo de confinamento reiterado da União de Direito, por razões nada


virtuosas de realpolitik

Multiplos Presidentes: Existem 6 presidências28, das quais 4 são permanentes, que


atuam num contexto de sobreposição e concorrência de poderes - consequência da
atipicidade do modelo governativo. Fica por respoder quem é, de jure, o presidente da União

★ Riscos de Descordenação entre as Diferentes Presidências: Com impacto


muito negativo no plano político e económico, têm se verificado na polítca externa da
União e no quadro da política económica e financeira

★ Presidente da Comissão: Durante a pandemia, Ursula von der Leyden conseguiu


uma posição de protagonismo no palco europeu, recuperando visibilidade e
autoridade para a Comissão.

Procedimentos de Decisão da UE: Impera o princípio da tipiciadade, como


manifestação ou concretizaçaõ do princípio da legalidade.

★ Tratados: Através das “bases jurídicas”, definem os diversos procedimentos de


decisão, mediante a caracterização, por vezes muito pormenorizada, das fases e
subfases, dos intervenientes institucionais, formalidades exigidas, regras de
deliberação, natureza dos atos praticados,...

Contencioso da Base Jurídica: O Tratado de Lisboa contém vários procedimentos de


decisão, o que pode conduzir a incerteza sobre a escolha do procedimento adequeado, em
função da matéria e do ato jurídico a adotar, alimentando a discórdia entre instituições e
levando com frequência ao escrutínio do Tribunal de Justiça o problema da base jurídica.

★ Problema da Base Jurídica: O artigo que fundamenta a aprovação da diretiva é


determinante para saber qual o procedimento de decisão e o âmbito/intensidade dos
poderes jurídicos do decisor da União sobre a matéria em causa.

★ Elementos de Clarificação: Para tentar evitar este contencioso:

○ Definição de princípios e diretrizes de funcionamento de um verdadeiro


sistema eurocomunitário de competências

28
Presidente do Conselho Europeu, do Parlamento Europeu, do Conselho pelo Estado-membro que a eerce no
período do semestre, da Comissão, do Eurogrupo e o Alto Representante da União (que preside ao Conselho dos
Negócios Estrangeiros=

101
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○ Tipificação dos procedientos de decisão, em particular no domínio da


regulação normativa

16.PROCEDIMENTOS DE APROVAÇÃO ATOS LEGISLATIVOS


Procedimento29 Legislativo Ordinário (PLO) - art. 294 TFUE: Adoção de um
regulamento, diretiva ou decisão pelo Conselho, sob proposta da Comissão (art 289/1 TFUE)

★ Atualização do PLO com o Tratado de Lisboa: O PLO é o sucessor de um


procedimento de decisão que, na versão originária dos Tratados, apresentava uma
estrutura de 3 andamentos30, contudo, com o Tratado de Lisboa, foi necessário:

○ Valorizar o papel do PE, que deixaria de ser um órgão de mera consulta e


passaria a paortilhar com o Conselho a repsonsabilidade de decisão normativa

○ Sacrificar a simplicidade originária em nome de um equilíbrio institucional


entre o PE e o Conselho, envolvendo tmabém a Comissão, que deu lugar a um
procedimento labiriríntico, geralemnte muito demorado

Procedimentos Legislativos Especiais (PLE): Aplicáveis nos casos específicos,


expressamente previstos pelos Tratados. São regulamentos, directivas ou decisões aprovadas
pelo PE, com a participaçaõ do Conselho, ou aprovados pelo Conselho, com a participação do
PE (art. 289/2 e 81/3 do TFUE). Distinguem-se por serem aprovados por uma única
instituição, o que constitui um desvio à regra da co-decisão

★ Substiuição da Exigência do PLE pela regra do PLO: É possível uma revisão


simplificada dos Tratados, mediante decisão do Conselho Euoropeu, para substituir a
exigência do PLE, pela regra do PLO, sem ser preciso a ratificação pelos
Estados-membros, uma vez que pressupõe o acordo tácito de todos os parlamentos
nacionais, bastando a oposição de um para inviabilizar a decisão (art. 48/7 do TUE)

Acordos Interinstitucionais: O trio institucional, formado pela Comissão, o PE e o


Conselho, podem celebrar estes acordos para desenvolver, especificiar e adapatar as regras
do PLO e as bases jurídicas do PLE, respeitando os Tratados (art. 295)

Participação dos Parlamentos Nacionais31: Compreeende-se este envolvimento dos


parlamentos nacioinais, embora muito limitado quanto aos seus efeitos, na discussão de
propostas de atos legislativos que têm como destinatários os cidadãos nacionais sobre a
regulação de matérias que são atributos clássicos da prerrogativa paralmentar e estão
previstas na Consittuição como domínio da reserva legislativa do Parlamento.
29
“Processo”, no texto dos tratados
30
Proposta da Comissão; Parecer do PE, com eventual consulta de outros órgãos; deliberação do Conselho
31
(Prot. 1, relativo ao papel dos Parlamentos Nacionais na União Europeia e Prot. 2, relativo à aplicação dos
princípios da subsidairiedade e da proporicionalidade)

102
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Iniciativa Legislativa e Cidadania da União (ICE) - art. 11/4 do TUE: Mecanismo de


iniciativa de cidadania europeia de manifestçaão da participação política dos cidadãos da
União que permite a apresentação à Comissão de uma proposta de regulação jurídica sobre
matéiras em relação às quais os cidadãos proponentes consideram necessária a existência de
um ato jurídico da União. Em rigor, consituti um convinte dirigido à Comissão que, embora
obrigada a fundamentar, pode recusar dar seguimento ao pedido de legislação ou
regulamentação.

16.1 VÁRIAS FASES DO PLO


1. Proposta da Comissão:

★ Direito Exclusivo de Iniciativa (art. 17/2 TUE): A Comissão não pode


ser substituída no exercício deste direito por outras instituições, embora possa
ser instada pelo PE (art. 225 TFUE) ou pelo Conselho (art. 241 TFUE) a
submeter propostas adequadas - se a Comissão ignorar a soliticitação que lhe
foi dirigida poderá ser demandada perante o TJUE no quadro do recurso por
omissão (art. 265 do TFUE)

★ Comissão enquanto “senhora da proposta”:

○ O Conselho só a pode alterar por unanimidade (art. 293/2 TFUE)


○ A Comissão pode livremente alterar o conteúdo da porposta em
qualquer fase do procedimento enquanto o Conselho não tiver
deliberado (art. 293/2 TFUE)
○ A Comissão pode decidir retirar a proposta

2. Vaivém Insitucional:

2.1. A Comissão envia a propsta para apreciação do PE e do Conselho (art.


294/2 do TFUE)

2.2. O PE transmite a sua posição ao Conselho, depois da primeira leitura32


(art. 294/3 do TFUE), que pode ser de:

○ Concordância: O Conselho aprova o ato (art. 294/4 do TFUE)

○ Emendas: O Conselho pode aprovar, mas por deliberação unânime


(art. 293/1 do TFUE)

○ Rejeição e transmite ao PE a sua posição. O procedimento segue com:

32
Geralmente (85% das vezes entre 2009 e 2016) a proposta é aprovada na primeira leitura

103
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2.2.1 TENTATIVAS DE CHEGAR A UMA POSIÇÃO CONJUNTA DO


PE E DO CONSELHO, pela negociação e conciliação, e que viabilize a
aprovação do ato, com participação da Comissão sob a forma de
pareceres em que se pronuncia sobre a adaptação da sua proposta e os
limtes das revisões preconizadas pelo PE e/ou pelo Conselho,
relativamente ao projeto legislativo inicial33.

2.2.2 INTERVENÇÃO DE UM COMITÉ DE CONCILIAÇÃO (art.


294/10 TFUE): De composição mista, no qual também participa a
Comissão (art. 294/1 do TFUE) e do qual se espera, já numa fase algo
extremada de posições desencontradas, a definição de um
compormisso. Nesta fase, a proposta da Comissão perde a blindagem
do art. 293/1 do TFUE - pode ser aprovado por maioria qualificada do
Conselho um ato legislativo diferente da proposta da Comissão (art.
294/13 do TFUE)

2.2.3 REJEIÇÃO: Ainda assim, um desfecho possível é a rejeição,


terminado o processo com a constação de falta de acordo
● Poder de Veto Rejeição do PE: Utilizado com muita prudência,
dado que os custos políticos de não adoção da legislação
eurocomunitária tendema ser mais negativos apra o PE do que
para o Conselho ou a Comissão

17.PROCEDIMENTOS DE APROVAÇÃO ATOS NÃO LEGISLATIVOS


Atos Delegados:

★ Comissão: Compete-lhe a aprovação, na observância dos limites definidos no ato


legislativo pelo PE e pelo Conselho (art. 290 do TFUE)

★ Parlamento e Conselho: Instituições delegantes

○ Manifestações da sua Autoridade:

33
A Comissão também pode optar por retirar a proposta para evitar um prolongamento do procediemnto que
antecipa como desnecessário ou que uma aliança PE-Conselho venha a desvitura a sua proposta

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■ PODEM PREVER A POSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO DA


DELEGAÇÃO, assumindo a competência para o desenvolvimento e
adaptação do ato legislativo

■ TÊM DIREITO DE OBJEÇÃO, que impede a entrada em vigor do ato


delegado (art. 290/2b do TFUE)

○ Maioria de Deliberação:

■ PE: Maioria dos membros que o compõem

■ CONSELHO: Decide por maioria qualificada

Atos Normativos de Execução (Procedimentos de Comitologia):

★ Estados-membros: A competência-regra de execução dos atos adotados pela


União é da Responsabilade dos Estados membros, que estão obrigados a adotar todas
as medidas necessárias para garantir a aplicação plena e eficaz do Direito da União
Europeia, tendo em conta o princípio da cooperação leal e do primado.

★ Condições Uniformes de Execução: Existem matérias em que a eficácia do


regime jurídico adotado no plano eurocomunitário depende da aprovação de um
regime que garanta condições iguais no território de todos os Estados-membros (art.
291/2 e 3 do TFUE):

○ Pariticipação dos Órgãos da União:

■ COMISSÃO: Incumbida da aprovação destas regras

■ PE E CONSELHO: Enquanto titulares de competência legislativa,


estipulam previamente as regras e os princípios que enquadram o
exercício da competência de controlo

○ Objetivo Subjacente: Permitir aos Estados-membros a participação em


mecanismos de controlo sobre a forma como a Comissão desempenha as suas
competências de execcução

○ Regulamento Comitologia (n.º 182/2011): Estabelece as regras e os princípios


relartivos aos mecanismos de controlo pelos Estados-membros do exercício
de competências de execução pela Comissão. Define dois tipos de
procedimento (consultivo - art. 4º; e de exame - art. 5º).

■ PROCEDIMENTOS: A opção pelo procedimento é feita no ato


legislativo (ato de base) e configra uma escolha do decisor legislativo
(art. 2/1)
● Consultivo: Garante maior liberdade de escolha à Comissão

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● De exame: Coloca a Comissão numa posição de maior


dependência em relação ao parecer emitido pelo comité
técnico, que, se for negativo, impede a adoção do ato de
execução, ou, pelo menos, obriga a Cmissão a uma revisão do
projeto na sequência de consultas aos Estados-membros e da
intervenção do comité de recurso

■ COMITÉS TÉCNICOS: Constituídas por representantes dos


Estados-membros e assistem a Comissão, pelo que são os
Estados-membros que controlam a Comissão e não as insittuiçaõ que
adotadm o ato de base

■ DIREITO DE CONTROLO DO PE E DO CONSELHO: Nos casos em


que o ato de base foi adotado no quadro do procedimento legislativo
ordinário, consistindo na fiscalização dos limites ao poder de execução
por parte da Comissão, que será obrigada a rever o ato se se verificar
uma violação desses limites, ou seja, em que um regime de execução
altera ou vai para além do previsto no ato de base (art. 11)

18. PROCEDIMENTO DE VINCULAÇÃO INTERNACIONAL DA


UNIÃO EUROPEIA
Personalidade Jurídica: A União Europeia é um sujeito de Direito Internacional, dotado
de personalidade jurídica (art. 47 TUE), pelo que tem o poder de celebrar acordos
internacionais com países terceiros e organizações internacionais

Procedimento por Fases:

★ Negociação:

○ Condução: A negociação é conduzida pela Comissão, após autorização do


Conselho, e na base de diretrizes do Conselho no mandato de negociação

○ Matéria de Política Externa e de Segurança Comum: Cabe ao Alto


Representante a proposta de abertura de negociações, a apresentação de
recomendações e a responsabilidade pela condução do trabalho de negociação
(art. 218/2 e 3 do TFUE)

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○ Controlo pelo Conselho: Pode exigir a designação de um comité especial que


fucionará como órgão de consulta e acompanhamento da Comissão (art.
218/4 do TFUE)34

★ Assinatura: Autorizadas pelo Conselho, sob proposta do negociador, mesmo se for


necessário a sua aplicação provisória (art. 218/5 do TFUE)

★ Conclusão: Cabe ao Conselho a manifestação do consentimento através de


aprovação da decisão de celebração do acordo (art. 218/6 TFUE), que deve ser
precedida de aprovação pelo PE nos casos especificadaos no art. 218/6 do TFUE
(matérias de notável relevância política e orçamental, com ligação especial ao núcleo
duro das competência próprias do PE).

Deliberação no Conselho: O Conselho delibera por maioria qualificada ao longo de todo


o procedimento, exceto em relação aos acórdãos em que se exige unanimidade:

★ Acordos sobre matérias que requeiram a unanimidade para a aprovação de atos


jurídicos da União - princípio do paralelismo
★ Acordos de associação
★ Acordos de cooperação técnica e financeira com países candidatos à adesão
★ Acordos de adesão da União à Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do
Homem e das Liberdades Fundamentais (CEDH)35.

Intervenção do Tribunal de Justiça: No caso de dúvidas sobre a compatabilidade de um


projeto de acordo com os Tratados, o TJ pode ser chamado a dar parecer, a pedido de
qualquer Estado-membro, Comissão, Conselho ou PE.

★ Parecer: Não é necessário, pois a eventual existência de dúvidas não torna a


consulta obrigatória. Contudo, se for solicitado e se o TJ se pronunciar no sentido de
considerar o projeto de acordo como contrário aos Tratados, a aprovação futura do
projeto de acordo ficará dependente da remoção do obstáculo jurídico, por via de
revisão dos Tratados ou alteração do texto do projeto de acordo36.

34
Salvo o caso específico de acordos sobre política comercial (art. 207/3 do TFUE), o Conselho pode nomear um
negociador ou chefe de equipa que nãos eja membro ou funcionário da Comissão - como aconteceu com a
nomeação de Michel Barnier para o Brexit
35
Único caso de acordo internacional da União que impõe a sua aprovação pelos Estados-membros, em
conformidade com as respetivas normas constitucionais
36
Projeto de acorodo de adesão da UE à CEDH: Em 1996 o TJ travou a adesão da UE à CEDH por considerar que
faltava nos tratados uma base jurídica adequada e necessária. Com o Tratado de Lisboa, a norma de habilitaçao
passou a estar prevista no art. 6/2 do TUE, e o TJ foi chaamdo de novo a pronunciar-se: tendo sido mais sensível
à preservação da autonomia do sistema judicial da União, emitiu um veredicto negativo sobre a compatiblidade
do projeto com os Tratados. Passados mais de 6 anos, a União continua, sem sucesso, a procurar o caminho para
cumprir o mandato do art. 6/2 do TUE - Mostra a elevada influência do TJ

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Aplicação Interna: Os acordos internacionais celebrados pela UE são vinculativos para as


instituições da UE e para os Estados membros (art. 216/2 do TFUE), sendo abrangidos pela
obrigação de execução dos atos jurídicos vinculativos da União (art. 291/1 do TFUE).

★ Em Portugal: Os acordos vigoram directamente na ordem jurídica portuguesa,


prevalecendo sobre o direito interno nos limites e condições da exigência do primado
do Direito da União (art. 8/3 e 4 da CRP).

19.PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO DE SANÇÕES POLÍTICAS


PELA UNIÃO EUROPEIA AOS ESTADOS-MEMBROS
Primeira Fase: Tem subjacente um objetivo preventivo

1. Proposta: Tem de ser fundamentada

○ Fundamentação: Risco manifesto de violação grave dos valores referidos no


art. 2º do TUE, por um dos Estados-membros

○ Titulares de Poder de Iniciativa:

■ ⅓ dos ESTADOS MEMRBOS

■ PE

■ COMISSÃO EUROPEIA

■ CONSELHO, deliberando por maioria qualificada

2. Aprovação da Proposta pelo PE

3. Conselho

3.1. Deve ouvir os argumentos do Estado-membro visado, e pode dirigir-lhe


recomendações

3.2. Deliberação: O conselho delibera por maioria qualificada de ⅘ dos seus


membros sobre a existência desse risco

Segunda Fase:

1. Conselho Europeu: Delibera por unanimidade para adotar uma decisão que
verifique a existência de uma violação grave e persistente dos valores e princípios
subordinantes (art. 7/2 do TUE)

○ Votação: O membro do Conselho Europeu que representa o Estado-membro


visado não participa na votação (art. 354 do TFUE), sendo que a sua
abstenção não impede a adoção da decisão.

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2. Suspesão de alguns direitos do Estado-membro objeto do procedimento:


Em consequência da verificação da violação são aplicadas as sanções políticas do art.
7/3 do TUE, e que se podem traduzir na inibição de do direito de exercer a sua
representação no Conselho Europeu e/ou Conselho da União.

○ Unanimidade: A regra da maioria qualificada prevista no art. 7/3 do TUE só é


aplicável para dar execução a uma deliberação prévia e fundamental sobre a
verificação dos pressupostos da competência sancionatória por aprte da
União contra um dos Estados-membros, para a aplocação das sanções em
causa é sempre exigida unanimidade.

■ UNANIMIDADE: Alguns autores criticam esta exigência, contudo, a


prof. MLD não é um deles. Os Tratados só admitem duas situações de
extinção ou suspensão dos direitos e obrigações no quadro da União: a
retirada voluntária (art. 50 do TUE) e esta suspensão temporária,
procedimento que foi expressamente exluído do controlo jurisdicional
(art. 269 do TFUE), ficando a garantia dos direitos do Estado-membro
visando unicamente dependente de uma apreciação política, pelo que
se compreende que deve ser partilhada por todos os Estados-membros

■ NÃO ADMISSÃO DO CONTROLO JURISDICIONAL: Criticada pela


prof. MLD, pois a negação ao Estado-membro em causa do direito de
submeter a sua defesa à apreciação independente do juiz da União
constitui uma violação do princípio da tutela jurisdicionalefetiva e
uma derrogaçaõ a um dos pressupostos do Estado de direito.

Utilidade deste Processo: Nunca tendo sido o art. 7º do TUE acionado com sucesso, a
prof. MLD considera-o uma “arma pesada, mas sem munição”. A lógica do espírito dos
Tratados acaba por prevalecer, no sentido que acaba por ser preferida a via jurisidicional da
ação por incumprimento ou a intervenção do TJ como garante último da integridade dos
direitos dos Estados-membros.

PARTE II - A ORDEM JURÍDICA DA UNIÃO


EUROPRIA

CAPÍTULO III: AS FONTES DO DIREITO DA UNIÃO

20. FONTES DO DIREITO DA UNIÃO - CONSIDERAÇÕES


GERAIS
Criação vs. Aplicação: Coloca-se em causa a viabilidade opeativa desta distinção dentro
do sistema jurídico da União Europeia.

109
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★ Tribunal de Justiça: Na fase de aplicação, o Tribunal de Justiça, com fundamento


nas normas habilitadoras dos Tratados (art. 267 TFUE), definiu os limites do
exercício da missão de interpretar e aplicar os Tratados (art. 19/1 TUE) no sentido de
legitimar o poder de encontrar a solução mais consentanea com o espírito do sistema,
mesmo que o resultado se situe no limbo algo indefenível entre a interpretação e a
recriação ou inovação da norma.

Dupla Exigência do “Bloco da Normatividade” da UE:

★ Congruência Axiomática: Harmonia com o conjunto de princípios e valores que


vinculam a ação da União, previsitos nos preâmbulos dos Tratados e no art. 2º TUE

★ Congruência Estrutural: Harmonia com o conjunto de meios institucionais, de


procedimentos de decisão e instumentos de tutela jurisdicional que, numa lógica de
interdepdência, sustentam a existência e o aprofundamento da União de direito.

21.DIREITO PRIMÁRIO
Noção: Conjunto de regras e princípios que, vertidos nos Tratdos institutuvos e noutros
instrumentos jurídicos de valor jurídico-formal equivalente, formam o estatuto jurídico
fundamental da União Europeia. Topo da hierarquia da ordem jurídica eurocomunitária.

Natureza dos Tratados Institutivos: É uma questão clássica e recorrente na discussão


acadêmica se os tratados institutivos têm natureza de apenas ou tratados ou de Constituição.

★ Prof. MLD: O estatuto jurídico fundamental da União Europeia é, em simultâneo,


um tratado e uma constituição37:,

○ Plano Jurídico-Formal: Tratado internacional que tem os Estados-membros


como partes contratantes (art. 54 TUE) e cuja revisão depende da vontade das
partes contratantes (- fundamento pactício, art. 48 TUE)

○ Plano Substantivo: Os tratados têm uma função análoga à da Constituição na


sua aceção material e que ficou cunhada no art. 16 da DDHC de 1789

○ Plano Funcional: É uma constituição porque colocado no topo da pirâmide


normativa, consitui parâmetro e referência de validade e confomridade do
direito adotado em sua aplicação.

37
Ainda assim, a prof. não se alinha com o pensamento de que, tratando-se de uma constituição, os
Estados-membros estão sujeitos a limites aos seus poder de revisão ou de que estamos perante uma constituição
fundamdora de uma estrutura federal.

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■ VALIDADE: Quando se trata do direito secundário, por via de


mecanismos como o recurso de anulação (art. 263 TFUE)

■ CONFORMIDADE: Quando está em causa o direito interno dos


Estados-membros, cuja avaliação é feita pelo TJ no quadro da ação por
incumprimento dos art. 258-260 do TFUE, ou pelos tribunais
nacionais no âmbito do sistema interno de vias de direito.

Âmbito de Aplicação dos Tratados:

★ Territorial - art. 52 do TUE, art. 349 e 355 do TFUE

★ Temporal: Vigência ilimitada - art. 53 TUE e 356 TFUE

★ Material: O âmbito de matérias abrangidas pelos Tratados resulta do que neles está
definido - princípio da competência por atribuição (art. 5/1 e 2 do TUE), incluindo a
possibilidade de alargar a competência material da União (art. 352 do TFUE)

★ Subjetivo: Os cidadãos da União gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres
previstos nos Tratados (art. 20/2 do TFUE), contudo, ainda que a haja alguns direitos
que apenas podem ser invocados pelos cidadãos da União, a generalidade das
disposições garantidoras da CDFUE remete o âmito de proteção para todas as
pessoas, tal como o acesso aos tribunais da União não depende da qualidade de
nacional da União.

Eficácia dos Tratados: A distinção clássica que opõe tratado-lei (regula de modo preciso
direitos e deveres das partes contratantes) a tratado quadro (define um enquadramento geral
a desenvolver por atos de aplicação), não se adequa aos atuais TFUE e TUE, que apresentam
caracétisiticas de ambas modalidades.

21.1 PROCEDIMENTOS DE REVISÃO DOS TRATADOS


Alteração vs. Revisão dos Tratados: Ambos os procedimentos exigem acordo de todos
os Estados-membros

★ Alteração: Pode tanto resultar da via formal dos tratados de adesão (art. 49 TUE),
como pela ativação da cláusula de poderes implícitos do art. 352 do TFUE

★ Revisão: Ocorre pela via formal do art. 48 da TUE

A. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO OU SOLENE DE REVISÃO


Intuito: Garantir aos Estados-membros a última palavra sobre a revisão dos Tratados.

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Manifestação da Tese Contratualista: O processo ordinário de revisão é a mais vívida


manifestação da tese contratualista, por oposição à tese constitucionalista. Os Tratados são
um pacto entre iguais que mantêm, na qualidade de criadores, o controlo da criatura.

Limites Materiais de Revisão: A prof. MLD não considera que existam, uma vez que o
art. 48/2 do TUE admite a apresentação de projetos que podem tanto aumentar como
reduzir as competências atribuídas à União pelos Tratados, ou seja, os Estados-membros,
como titulares da competência cujo exercício foi delegado na União Europeia, podem
renacionalizar competências no domínio da competência partilhada e alterar as bases
jurídicas dos Tratados no quadro de uma vontade de revogação total ou paical do âmbito de
delegaçaõ antes previsto.

★ Art. 2º do TUE: Relativamente à questão de saber se os Estados-membros podem


alterar radicalmente a natireza da União, em especial o seu compromisso com os
valores fundamentias do art. 2º e o dever de garantir os alicerces jurídico-políticos do
Estado de direito, a prof. MLD entre que os Estados não o podem fazer.

○ Razão de ser da Limitação: Não resulta de uma suposta autonomia


constituinte da União, mas do facto dos Estados-membros estarem impedidos
de postergar princípios e subsitiuir arquétipos de organização política que,
por força das respectivas Constituições, os vinculam como parte integrante de
um pacto insitucional global baseado no respeito do direito e na garantia dos
direitos humanos.

★ Eventual Decisão de Extinção da UE: Os Trataos institutivos não o regulam nem


o proíbem, pelo que se aplicaria o princípio do ato contrário (celebração de um
tratado de extinção com base no processo ordeinário de revisão do art. 48 do TUE)

Procedimento:

1. Iniciativa (art. 48/2 do TUE): Pode partir do Governo de qualquer


Estado-membro, do PE, ou da Comissão

1.1. O projeto de revisão é submetido ao Conselho

1.2. O Conselho envia o projeto ao Conselho Europeu

1.3. Os parlamentos nacionais são notificados

2. Apreciação:

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2.1. Conselho Europeu: Decide pela marcação de uma Convenção, que só ocorrerá
para debater alteração que o justifiquem, no sentido de que terão um âmbito
alargado e eventualmente transformador dentro dos Tratados38

2.1.1. CONVENÇÃO: Conclui os trabalhos pela adoção de uma


recomendação por consenso

2.2. Conferência dos Representantes dos Estados-membros (CIG): Decide, de


comum acordo, as alterações a introduzir nos Tratados, sob a forma de um
tratado internacional adotado e assinado na CIG (art. 48/4 TUE). O mandato
da CIG é definido pelo Conselho Europeu

3. Ratificação: A vigência do tratado e entrada em vigor das suas alterações eixge a


ratificaçaõ por todos os Estados-membros, em conformidade com as respetivas
normas constiucionais.

3.1. Assinatura do Tratados de Revisão

3.1.1. INTERVENÇÃO DO CONSELHO EUROPEU FACE A NÃO


ASSINATURA: Decorridos dois anos da data de assinatura, se ⅘ dos
Estados-membros já tiver ratificado o tratado, mas um, ou mais
Estados-membros não estiverem em condições de o fazer, o Conselho
Europeu analisa a questão (art. 48/5 do TUE)

B. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS OU SIMPLIFICADOS DE REVISÃO


Revisão da Parte III do TFUE - Políticas e Ações Internas da União - art. 26 a 197

★ Iniciativa: Governo de ualquer Estado-membros, PE, ou Comissão

★ Procedimento:

1. Ato unilateral adotado por unanimidade pelo Conselho Europeu

2. Tem de ser aprovado pelos Estados-membros, em conformidade com as


reseptivas normas consitucionais

■ CRP: Não prevê expressamente a situação, mas a Prof. MLD entende


que, apesar de não ter forma de um tratado, mas de um ato unilateral
do Conselho Europeu, esta aprovação interna exige uma resolução da
Assembleia da República.
● Razão de não poder haver aplicabilidade direta: Excluída
pelo art. 48/6 do TFUE
● Razão de não poder ser o governo a aprovar: Com
implicações diretas no controlo da competência reservada do

38
O recurso à Convenção (instância que reúne reprentantes dos parlamentos nacionais, do PE, da Comissão e, se
a matéria o exigir, do BCE) tem como únicos antecedentes a discussão e adaptação dos dois grandes textos de
vocação refundadora da UE, a CDFUE e a Constituição Europeia

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parlamento, admitir que pudesse ser o Governo a aprovar


levaria a que, só este, que participou e votou no Conselho
Eueopeu, teria a decisão sobre a matéria, limitando-se a AR a
tomar uma decisão que não seria vincualtiva para o Governo.

★ Âmbito da Revisão: Não pode envolver um aumento das competências atrinuidas


pelos Estados-membros à União

Procedimento de "Cláusula-Passarela":

★ Procediemento:

1. Iniciativa do Conselho

2. Aprovação do PE

★ Âmbito:

○ Alteração da Maioria Exigida: Permitir ao Conselho deliberar por maioria


qualificada em domínios determinados, em substitiução da exigência de
unanimidade, com exceção do domínio militar e defesa e das exclusões do art.
335 do TFUE

○ Passagem de Procedimentos Legislativos Espeicias para Ordinários (art. 48/7


do TUE)

■ PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS-MEMBROS: Não se exige a


aprovação pelos Estados-membros. A participação dos órgãos
nacionais nesta alteração dos Tratados para além do Governo
representado no Conselho Europeu, é assegurada pelos Parlamentos
Nacionais, que têm um direito de veto.
● Cláusulas-Passarela sem direito de veto: Também estão
previstas - art. 153/2, 192/2, 312/3 e 331/1 do TFUE; e art.
31/3 do TUE

22. DIREITO SECUNDÁRIO


Noção: Conjunto de atos jurídicos normativos e não normativos, adotados pelas
instituições, órgãos e organismos da UE.

Tipologia: Alguns dos atos típicos (como as recomendações e os pareceres) e a generalidade


dos atos atípicos, constituem uma manifestação de soft law39.

39
Fenómeno normativo sobre o qual temos mais dúvidas do que certezas quando urge concluir sobre o seu
verdadeiro alcance na esfera jurídica de terceiros. No quadro do Direito da União Europeia, designa regras de
conduta que, não sendo juridicamente vinculativas, também não são juridicamente irrelevantes.

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★ Atos Típicos:

○ Art. 288 TFUE:


■ REGULAMENTOS
■ DIRETIVAS
■ DECISÕES
■ RECOMENDAÇÕES
■ PARECERES

○ Art. 289 do TFUE: Atos legislativos

○ Art. 290 do TFUE: Atos delegados

○ Art. 291 do TFUE: Atos de execução

★ Atos Atípicos:

○ Previstos nos tratados, com a mesma designação que atos típicos, mas
natureza diferente - ex. art. “parecer” no art. 218/11 do TFUE

○ Embora referidos nos tratados, apresentam uma terminologia varável - ex:


“relatório” do art. 22 do TFUE e “moção” do art. 234

○ Resultantes da prática institucional, esqucidos de previsão nos tratados:

■ ORIENTAÇÕES
■ PROGRAMAS DE AÇÃO
■ COMUNICAÇÕES
■ CÓDIGOS DE CONDUTA
■ …

Juridicidade e Vincualitividade de um Ato da União: Não depende da sua forma ou


designação: o critério determinante é o da suscetibilidade de produzir efeitos jurídicos em
relação a terrceiros.

22.1 ATOS TÍPICOS

A. DO ART. 288 DO TFUE


Regulamento: Ato normativo de alcance geral e abstrato, obrigatório em todos os
Estados-membros, desde o momento da sua entrada em vigor, sem necessided de qualquer
ato interno de transformação ou receção.

★ Hierarquia: Equivalente à das leis do direito interno

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Diretiva: Instrumento de harmonização das legislações nacionais, tendo os


Estados-membros como destinatários diretos e formais, porque os vincula em relação ao
resultado a alcançar. Não tem aplicabilidade direta.

★ Transposição: É reconhecida aos Estados-membros autonomia na escolha dos


procedimentos e meios de transposição. Só se tem por alcançada com o recurso a atos
com o mesmo valor jurídicos das normas internas que serão sujeitas a alteração ou
adaptação (Ac. 26.10.1995, C-151/94, Comissão c. Luxemburgo)

○ CRP: Exige, para a transposição de atos jurídicos da União, a forma de lei,


decreto-lei ou decreto legislativo regioal (art. 112/8 CRP) - a Prof. MLD
considera um excesso de forma que banaliza desnecessariamente o ato
legislativo

★ Natureza: Originariamente pensada como uma espécie de lei-quadro que vinculava


o legislador dos vários Estados-membros, definindo critérios gerais de conformaçãi e
adaptação da legislação interna, a diretiva acabou por evoluir para um formato
diferente com um conteúdo e efeito muito próximo ao do dos regualmentos.

○ Fatores responsáveis por esta evolução:

■ Aprovação de diretivas de conteúdo cada vez mais detalhado


■ Jurisprudência do TJ sobre o efeito direto das diretivas que,
verificados certos requisitos, reconhecem aos particulares o direito de
as invoar como fonte direta de direitos perante os tribunais nacionais.

Decisão: Obrigatória em todos os seus elementos e pode, ou não designar destinantários

★ Designação de Destinatários:

○ Se exisitir: Só é vinculativa para o destinatário e funciona como um ato


equivalente ao ato administrativo no direito interno

○ Se não exisitr: São decisões de alcance geral e absrato

★ Âmbito da PESC: A decisão é o instrumento típico de deliberação e fica coberta


pela acepção de ato genérico que é obrigatório para todos sem designar destinatários
(art. 31/1 do TUE)

Recomedações e Parecers: Atos não jurídiamente vincualtivos, pelo que, em princípio,


não são fonte autónoma de direitos e deveres. Contudo, podem ter efeitos jurídicos,
nomeadamente como diretrizes de interepretação das normas vigentes e como compromisso
de auto-vinculação do órgão responsável pela adoção da recomendação ou parecer,
tornando-os passíveis de invocação pelo particulares ou Estados-membros por serem
geradores de expectivas dignas de tutela.

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★ Recomendações: Adotadas por iniciativa da instituição, órgão ou organismo que as


formula

★ Pareceres: Emitidos a pedido, por via de regra integrados num procedimeneto


decisório como formalidade essencial.

B. DE NATUREZA FUNCIONAL
Atos Legislativos (art. 289/3 do TFUE): Atos jurídicos adotados através do
procedimento legislativo ordinário (art. 114/1 do TFUE) ou especial (art. 86/1 do TFUE). As
medidas aprovadas tomam a forma de ato legislativo (regulamento, diretiva ou decisão).

★ Procedimento Não Legislativo: Se o ato for aprovado por via de um


porcedimento não legislativo, o ato resultante será necessariamente não legislativo,
mesmo que no plano substantivo possa ter as caracterísiticas

★ Importância da Distinção entre Ato Legislativo e não Legislativo: Só a


adoção de atos legislativos está sujeita ao respeito de certas obrigações, como a
participação dos parlamentos nacionais (Prot. n.º1, art. 3 e 4; Prot. n.º2, art. 6 e 7) e a
exigência da natureza pública das sessões do Conselho em que delibera e vota sobre
atos legislativos (art. 16/8 do TUE e 15/2 do TFUE)

○ Omissão da referência ao procedimento e ao ato na base jurídica: O decisor da


União goza de liberdade de escolha (art. 296 do TFUE), tomando em cnota o
princípio da proporcoinalidade e adequação.

Atos Delegados: Atos não legislativos da função normativa que têm um alcance geral e
visam completar ou alterar elementos não essenciais do ato legislativo.

★ Distinção entre Atos Delagados e Atos de Execução: O ato delegado, ao


contrário do ato de execução, não se limita a dar aplicação à norma legislativa,
porque serve para aprovar um regime que completa e pode mesmo alterar aspetos
previstos no ato legislativo de base, desde que a alteração não bula com os “elementos
essenciais do ato legislativo”.

○ Ac. 18/03/2014 - Comissão c. PE e Conselho, C. 427/12: O Juiz da União


avançou com um critério subtil de destrinça: o ato delegado completa ou
altera o âmbito de regulação previsto no ato legislativo de base, ao passo que o
ato de execução visa especificar o conteúdo de um ato legislativo, a fim de
assegurar a execução em condições uniformes em todos os Estados-membros.

○ Ac. 26/07/2017 - República c. Comissão, C. 696/15: O TJ interpreta os


“elementos essenciais” como elementos cuja adoção envolve escolhas políticas
que integrem as responsabilidades do legisaldor da União, por implicar uma
ponderação de interesses diveregentes, com base em apreciações múltiplas ou
se permitir ingerências nos direitos fundamentais das pessoas envolvidas, de
tal modo importantes que a intervanção do legislador é necessária.

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○ Ac. 11/05/2017 - Dyson c. Comissão, C. 44/16: Para realizar a identificação


dos “elementos essenciais” do ato legislativo, o Juiz da União aponta os
elementos objetivos suscetíveis de ser objeto de fiscalização jurisidicional e
impõem que sejam tomadas em consideração as caractérisitcas e
particularidades do domínio em causa.

Atos de Execução (art. 291/3 e 4): Destinados a dar execução aos atos juridicamente
vincualtivos da União, suscetíveis de alcance geral (atos regulamentares) ou de incidência
individual (decisões). O ato de execução, independentemente de se chamar regulamento ou
decisão, é passível de constituir um ato da função regulamentar ou um ato da função
administrativa não normativa, dependendo de ter ou não alcance geral.

★ Ac. 25/10/2011 - Microban, T.262/10: Mesmo que se chame decisão,


considera-se um ato regulamentar desde que se aplique a situações determinadas
objetivamente e produza efeitos jurídicos para uma categora de pessoas prevista de
modo geral e abstrato.

22.3 ASPETOS FUNDAMENTAIS DO REGIME JURÍDICO COMUM DOS ATOS


EUROCOMUNITÁRIOS
Presunção de Legalidade: Salvo inexistência jurídica, o ato jurídico eurocomunitário
produz os seus efeitos jurídicos, ficando a inibição ou exclusão de tais efeitos dependente de
declaração de nulidade (art. 264 do TFUE) ou invalidade (art. 267/b e 277 do TFUE).

Dever de Fundamentação (art. 296 do TFUE): Requer-se mais ou menos desenvolivda


dependendo da natureza do ato e do âmbito de margem de livre apreciação que assiste ao
órgão decisor.

★ Intuito: Dar a conhecer aos destinatários do ato as razões que estiveram na base da
sua adoção pelo decisor da União, o que torna essencial como pressuposto do
exercício do direito de impugnação judicial de leglaidade.

Publicação/Notificação: Os atos legislativos e não legislativos são publicados no Jornal


Oficial da União Europeia (JOUE) e entram em vigor da data por eles fixada ou, na sua
ausência, decorrido o prazo de vacatio legis, no 20.º dia seguinte ao da sua publicação.

★ Diretivas e Decisões que Indicam um Destinatário: São notificadas aos


repetivos destinatários e a produção de efeitos conta-se a partir da data da notificação
(art. 297/2 do TFUE)

○ Publicação: Pode-se verificar a título facultativo, para dar a conhcer o ato em


causa, mas não interfere com a sua vigência, embora possa ser relevante para
o efeito da contagem do prazo de impugnação do art. 263 TFUE

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22.4 OUTROS ATOS


Atos no Âmbito da PESC: Os atos adotados pela União sobre matérias de Política Externa
e de Segurança Comum estão no art. 25 do TUE, contudo, as instiuições e órgãos da União
envolvidos na definição e execução da política externa podem, ainda, optar por atos atípicos,
desde que não tenham a forma ou o conteúdo de atos legislativos (art. 31/1 do TUE).

★ Orientações Gerais: Definição de linhas globais sobre a ação externa da União,


cabendo a sua aprovação ao Conselho Europeu. Apresentam carácter geral e de
orientação política, carecendo de efeito direto.

★ Decisões: Constituem atos de aplicação e execução das orientações gerais.

Atos de Organismos: A maior parte destes organismos atua no quadro de uma função
consultiva e de coordenação, pelo que os seus atos não produzem efeitos jurídicos que afetem
diretamente a esfera jurídica de terceiros. Diferente é a situação das seguintes instituições (↓)
que são competentes para adotar decisões com efeitos jurídicos em relação a terceiros:

★ Instituto Comunitário das Variedades Vegetais (ICVV): Os seus atos são


passíveis de impugnação judicial, em primeira instância junto das câmaras de recurso
e, depois, em última instância, junto do Tribunal Geral

★ Agência Euoropeia para a Segurança da Aviação (AESA): Os seus atos são


passíveis de impugnação judicial, em primeira instância junto das câmaras de recurso
e, depois, em última instância, junto do Tribunal Geral

★ Conselho Único de Resolução (CUR)

23. ORDEM JURÍDICA EUROCOMUNITÁRIA E DIRIETO


INTERNACIONAL: ASPETOS GERAIS
Caracterização da Ordem Jurídica Eurocmounitária: Autónoma e aberta às
obrigações decorrentes do ordenamento internacional.

Fontes do Ordenamento Internacional

★ Princípios gerais de direito e cosutme (DIP Geral ou Comum)

★ Atos jurídicos unilaterais, como a decisões do Conselho de Segurança

○ Caso Kadi II - Ac. de 03.08.2008 C-402/05 P e C-415/05 P: O TJ reconheceu


a vinculação da União por decisões do Conselho de Segurança, mas
ressalvando o direito de fiscalização jurisidicional sobre a compatbilidade dos
atos do CS com o direito paramétrico em matéria de direitos fundamentias,
garanatia pressuposta pelo regime de uma União de Direito.

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★ Tratados, como a Carta das Nações Unidas ou a CEDH, que, embora não tendo a UE
como parte contratante, não são menos vincultivos

24. DIREITO INTERNACIONAL DE FONTE CONVENCIONAL

24.1 ACORDOS INTERNACIONAIS CELEBRADOS PELA UNIÃO EUROPEIA


Acordos Internacionais de Natureza Eurocomunitária: Acordos celebrados pela
União autonomamente como parte contratante, sobre matéria da sua comepetência,
exclusiva ou partilhada (art. 2/1 e 2 do TUE), e que sejam considerados necessário para
alcançar objetivos estabelecidos pelos tratados ou que visem regular uma matéria que está
prevista num ato juridicamente vinculativo da União (art. 216/1 do TFUE).

★ Efeitos:

○ Obrigações: Os acordos geram obrigações para os Estados-membros que estes


devem acatar, adotando todas as medidas necessárias à sua plena e eficaz
aplicação na ordem jurídica interna.

○ Efeito Direto: Um particular pode invocar, perante os tribunais nacionais, no


âmbito de um lítigio em que é parte, um direito que resulte do clausulado de
um acordo eurocomunitário, com o intuito de obter a desaplicação da norma
interna contrária e, consequentemente, o reconhecimento desse direito na sua
esfera jurídica.

★ Receção: Estes acordos produzem efeitos na ordem jurídica portuguesa sem


necessidade de qualquer ato de receção (art. 8/3 CRP) e beneficiam da autoridade
aplicativa no caso de conflito internormativo, baseada no princípio do primado do
Dirieto da União (art. 8/4 CRP)

Duplo Efeito de Vinculação: Os acordos internacionais de natureza eurocomunitária são


obrigatórios para as instituições da União e para os Estados-membros.

Fiscalização do TJUE: O TJUE é competente para interepretar e aplicar um acordo


internacional, incluindo a verificação da sua compatibilidade com o texto do Tratados e
eventual decalração de ileglaidade.

24.2 ACORDOS INTERNACIONAIS CELEBRADOS PELOS ESTADOS-MEMBROS


Poder de Vinculação Internacional: Enquanto membros da União, os Estados mantêm
a sua condição de sujeitos de direito internacional, podendo celebrar tratados.

★ Tratados ou Acordos Anteriores à Criação/Adesão às Comunidade


Europeias: Em nome do princípio pacta sunt servanda, da boa fé e da cooperação

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leal, a adesão à UE não prejudica a vigência de tais acordos, salvo se se verificar


incompatibilidade com os Tratados, que gera a obrigação de recorrer a todos os meios
adequados para eliminar a incompatibilidade (como a renegociação ou a denúncia)

★ Tratados ou Acordos Posteriores à Adesão às Comunidade Europeias:


Aplica-se o princípio do primado, pelo o que um Estado-membro não deve celebrar
um acordo sobre matéria que integre o perímetro de atuação da UE e que viole
princípios e regras do direito substantivo da UE.

○ Consequencia da Celebração de Acordos Incomaptíveis: O Estado fica sujeito


à instauração de uma ação por incumprimento (art. 258 do TFUE), com a
eventual aplicação de sanções pecuniárias se mantiver o acordo (art. 260 do
TFUE). Particulares podem, no âmbito de lítigios em que são partes, invocar o
Direito da UE para desaplicar regras consantes do convénio celebrado.

Âmbito de Aplicação dos Tratados: Mesmo na ausência de base jurídica expressa, os


Estados-membros têm optado pela solução intergovernamental de celebração entre todos, ou
apenas alguns, de tratados sobre matéria que condiciona a aplicação ou eficácia dos
Tratados40.

★ Vertente Intergovernamental: O intergovernamentalismo, como modalidade


alternativa de decisão relativamente aos procedimentos comunitários, esteve sempre
presente no processo de construção europeia. É uma manifestação da soberania dos
Estados-membros e um instrumento complementar (e eventualmente transitório) até
que existam condições para viabilizar uma solução comunitária.

24.3 “ACORDOS MISTOS”


Conceito: Celebração de um convênio internacional com um país terceiro ou organização
internacional por decisão paralela e autónoma da União e dos Estados-membros, que são
partes contratantes e respondem na exata medida dos direitos e deveres assumidos perante
as demais partes contratantes. Resultam da prática institucional.

Razão de Ser: A opção pelo acordo misto em vez de um acordo celebrado unicamente pela
UE impõe-se nos casos em que a matéria a regular se alarga por domínios que são já
competência da UE, mas, em relação a certos aspetos, revelam ainda da esfera própria de
competência de vinculação internacional dos Estados-membros.

Efeitos:

★ Na parte relativa às matérias da Competência da UE: Produzem os mesmos


efeitos dos acordo eurocomunitário (art. 216/2 do TFUE e 8/3 da CRP)

40
ex: O Tratado Orçamental, celebrado entre 25 EM em 2012, que visa reforçar o pilar económico da União
económica e monetária, adotando um conjunto de regras destinadas a promover a disciplina orçamental.

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★ Na parte relativa às matérias da Competência Estadual: São acordos


internacionais celebrados pelos Estados-membros (art. 8/2 CRP) que, dada a sua
integração num mesmo texto e sobre domínio de competência partilhada, pressupõe,
da parte da União e dos Estados-membros, uma aplicaçaõ regualda pelo princípio da
cooperação leal.

25. OUTRAS FONTES

25.1 JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA E O


EFEITO DO PRECEDENTE ATÍPICO
Jurisprudência do TJ: É, em larga medida, responsável pela autonomia e especificidade
da ordem jurídica da UE. Moldou os alicerces do sistema jurídico da União de direito e
aprofundou, com elevado grau de sofiticaçaõ jurídica, os elementos que dão identidade e
coerência ao Dirieto da União, como expressão de uma ordem jurídica própria e autónoma.

★ Entre as décadas de 60 e 90 do séc. XX: O TJ produziu uma jurisprudência


particularmente criativa, aproveitando o contexto favorável a esse exercício ousado
de ativismo judicial. A atualização e adaptação do texto do Tratado de Roma foi
assumida e guiada pelo TJ, orientado por uma “certa ideia de Europa” e munido das
ferramentas de interpretação atualista, teleológica e sistemática

★ A Partir do AUE: Os tratados foram objeto de revisões sucessivas. A jurisprudência


do TJ, sem deixar de ser criativa e consistente com a ideia de garantir a plena eficácia
da norma eurocomunitária, tornou-se mais contida, por veze até conciliadora, atenta
ao impacti dos seus arestos juntos dos Estados-membros.

Função do Juiz da União: Cabe-lhe interpretar a norma, nos limtes que resultam da sua
letra e no espaço permitido pela sua finalidade e contexto, estando-lhe vedada a operação de
alterar a norma existente ou de criar um nova norma (ativismo judical), tal represtaria uma
eventual violação do princípio da separação de poderes.

Hierarquia: Não exise uma relação hierárquica que vincule os juízes nacionais ao TJ, pelo
que o TJ não é um tribunal superior no sentido orgânico de uma tal qualificação. Não
obstante, a jurisprudência proferida é vinculativapara todos os tribunais nacionais e para os
demais órgãos da função legislativa e administrativa da estrutura eurocomunitária e estaudal

★ Salvaguarda da Uniformidade na Interpretação e Aplicação do Direito da


União: A autoridade interpetativa ou doutrinária da jurisprudência garante este
objetivo fundamental no conjunto das ordens jurídicas dos Estados-membros.
Qualquer decisão ditada pelo TJ, no quadro das diferentes vias processuais previstas
nos tratados, é obrigatória.

○ Questões de Prejudiciais (art. 267 do TFUE): Fonte da verdadeira doutrina


jurispridencial, fundamento de uma relação direta com os juízes nacionais

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através de acórdãos proferidos na sequência de questões suscitadas pelo juiz


nacional que, no processo interno, se confronta com dúvidas de interpretação
ou validade sobre a norma eurocomunitária aplicável.

■ EFEITO DE PRECEDENTE ATÍPICO: O acórdão é vinculativo para o


juiz que colocou a questão e para todos os juízes, de todos os
Estados-membros que possam ter de lidar com questões idênticas

25.2 OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO - ORIGEM E FORÇA


CONFORMADORA
Origem: São um dos principais legados da construção jurisprudencial, mas é, também,
possível encontrar menções expressas aos princípios gerais de direito.

★ Tribunal de Justiça: No exercício da sua competência de controlo jurisdicional,


incorporou no bloco de normatividade princípios gerais moldados pelo direiro
comparados ou pelo DIP (ex: princípio de proporcionalidade, da igualdade,...). Por
exigência da autonomia da ordem jurídica da União, o TJ reformolou e adaptou
alguns desses princípios em função das especificidades de um direito de integração.

Hierarquia:

★ Princípios de Carácter Geral e Inerentes aos Fundamentos da União:


Colocados pelo TJ num “patamar constitucional” de nível superior em relação aos
outros princípios que dependem de desenvolvimento e concretização pelo legislador
(caso Audiolux)

★ Princípios relacionados com funcionamento do sistema de competências


da União e dos seus limites quando se cruzam com a esfera das
competências mantidas pelos Estados-membros: Expressamente previstos
nos tratados, também se situam num patamar superior hierárquico - princípio da
comeptência por atribuição, da subsidariedade, da proporcionalidade, do respeito
pela identidade nacional dos Estados-membros.

Relevância: Os princípios gerais de direito gozam, no quadro do Direito da União, de uma


relevância máxima.

★ Tribual de Justiça: Determinar o direito aplicável (art. 19/1 TUE)

○ “Direito”: Enquanto sinónimo de internormatividade, está aberto aos


princípios gerais de direito que são, na mão do juiz da União, o utensílio que
conserta as lacunas e silencia as cacofonias de normas conflituantes.

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25.3 O COSTUME
É raro encontrar referência ao costuem como fonte de Direito da União. A Prof. MLD
considera que tal se deve a duas razões:

★ O direito da União desenvolve-se pela aplicação de atos jurídicos (regulamentos,


diretivas, decisões) e tem uma vocação inequívoca para exaustividade, no sentido da
norma escrita preencher os espaços juridicamente relevantes

★ Existe controlo juisidicional da legalidade, o que reduz as oportunidades de uma


prática, ainda que reiterada, mas contrária ao direito escrito vigente, poder vingar
como norma costumeira

CAPÍTULO IV: A ARTICULAÇÃO ENTRE A ORDEM


JURÍDICA EUROCOMUNITÁRIA E AS ORDENS JURÍDICAS
NACIONAIS - PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS ESTRUTURANTES
Internormatividade: Em diversos domínios como, em especial, o da proteção do direitos
fundamentais, o espaço jurídico da internormatividade abaraca, ainda, sob diferentes
modalidades de receção, as normas e os princípios de Direito Internacional Geral e
Convencional, consentido relações entre as normas de convergência, concorrência,
justaposição e conflito.

★ Modelos de Relação entre as normas:

○ Pluralismo Jurídico: Alarga o topo da pirâmide normativa para beka integrar


regras e princípios paramétricos de fonte diversa - preconizado pela Prof MLD

○ Constitucionalismo Multinivel: Pressupõe o critério da hierarquia na relação


entre as normas de génese estadual e normas de génese eurocomunitária,
baseado na suposta existência de uma identidade constitucional europeia,
comum no seu lastro valorativo e subordinante na sua autoridade.

■ CRÍTICA DA PROF. MLD: Esta construção coloca num plano superior


normas que, em rigor, dependem da habilitação que reside ans
supostas normas inferiores ou subordinadas

26. AUTONOMIA DA ORDEM JURÍDICA EURCOMUNITÁRIA


Auto-suficiência: Com as suas fontes, estrutura institucional de decisão normativa, missão
e poderes definidos, tribunais próprios, a ordem jurídica comunitária foi criada para
funcionar em registo de auto-suficiência no quadro das competêcnias atribuídas pelos
Estados-membros às Comunidades Europeias.

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Limites da Autonomia: O TJ desenvolveu um entendimento da exigência de a autonomia


que é auto-referencial: “o Tratado CEE constitui uma ordem jurídica própria que é integrada
nos sistemas jurídicos dos Estados-membros a partir da entrada em vigor do Tratado e que
se impõe aos seus órgãos jurisdicionais nacionais” (ac. 15.07.1964, Costa c. Enel). Ou seja,
cabe ao Direito da União determinar se, e com que alcance, são aplicáveis as suas normas em
situações de conflito com disposições internas ou internacionais, por via da interpretação dos
Tratados e das normas eurocomunitárias.

★ Jurisprudência do TJ: A prof. MLD não considera que seja nem linear nem
consistente. Devia ser mais flexível no que toca ao monopólio jurisidicional do TJ41.

27. PRINCÍPIO DO PRIMADO


Alicerces Teóricos da Exigência do Primado - Caso Costa c. Enel: “Ao instituírem
uma Comunidade de duração ilimiada, dotada de poderes reais resultantes de uma limitação
de competências ou de uma transferência de atribuições dos Estados para a Comunidade,
estes limitaram, ainda que em domínios estritos, os seus dirietos soberanos e criraram um
corpo de normas aplicácel aos seus tribunais e a si próprios (...). Esta integração do direito de
cada Estado-membro de disposições provenientes de fonte comunitária e, mais geralmente,
os termos e o espírito do Tratado têm por corolário a impossiblidade para os Estados de
fazerem prevalecer, sobre uma ordem jurídica por todos aceite numa base de reciprocidade,
uma medida unilateral posterior que não se lhe pode opor”

Princípio do Primado: A norma eurcomunitária prevalece sobre a norma interna


contrária, não porque seja hierarquicamnete superior, mas porque é materialmente
competente para regular o lítigio concreto.

★ Relação entre o Direito Comunitário e o Direito dos Estados-membros:


Constrói-se com base no princípio da competência da atribuição, nos limites
definidos pela exigência de colaboração ou complementaridade funcional entre
ordenamentos jurídicos autónomos.

★ Consequência Operativa: Afastamento ou desaplicação da norma interna


contrária, sob pena de o Estado-membro em causa ser demandado perante o TJ por
acusação de incumprimento (art. 258 TFUE). Sendo os direitos e interesses
envolvidos juridicamente determinados pela norma eurocomunitária aplicável, no
quadro do lítigio concreto.

★ Funcionamento: Como uma espécie de ultima ratio ou critério subsidiário: só


depois de esgotadas outras vias de superar o problema colocado pela existência de
norma eurocomunitária e norma interna aparentemente contária é que o Juiz pode
avançar para a decisão aplicativa com fundamento no primado. Não exisitirá um
verdadeiro conflito se a norma interna for suscetiviel de uma interpretação conforme.

41
No caso Kadi II (ac. 03.09.2008 C-402/05 e C-415/05) o TJ usou o argumento da autonomia da ordem jurídica
eurocomunitária para garantir um padrão adequado de tutela dos direitos fundamentais. Já no Parecer 2/13 a
autonomia foi um pretexto para manter o TJ fora do escrutíino do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

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○ Retroatividade: A norma interna contrária é “inaplicável de pleno direito


desde o momento da sua entrada em vigor” - caso Simmenthal, ac. 106/77 de
09.03.1978

○ Princípio da Cooperação Leal: A norma interna deve ser desaplicada e, por


força deste princípio, os órgãos nacionais competentes estão obrigados a
promover a sua revogação ou alteração de modo a eliminar a
incompatibilidade detectada com o Direito da União Europeia.

Destino Final da Norma Interna Desaplicada: Pode ser a revogação, delcaração de


ilegalidade ou inconstitucionaliade, mas será um problema que cumpre decidir no quadro
das vias internas de fiscalização da legalidade/constitucionalidade, corolário do princípio da
autonomia constitucional e processual da ordem jurídica dos Estados-membros.

Desaplicação da Norma: O TJ entende, à luz do princípio do efeito útil e do respeito do


estatuto do juiz nacional como tribunal comum de aplicação interna do Direito da União, que
a Constiuição de um Estado não pode inibir o juiz do lítigio concreto de decidir sobre a
desaplicação da norma interna contrária - caso Simmenthal

★ Sistemas de Fiscalização que Condicionam a Desaplicação da Norma


Interna a Declaração do seu TC: Em jurisprudência mais recente42, o TJ reiterou
a doutrina Simmenthal ao afirmar a competência, e o dever, por parte do juiz do
lítigio concreto para, por si, garantir a aplicação da norma eurocomunitária.

★ Caso do Sistema Português: Temos um sistema descentralizado de fiscalização


da inconstitucionalidade (art. 204 da CRP) e a jurisprudência do Tribunal
Constitucional segue o entedimento de que não lhe compete pronunciar-se sobre
situações de alegada desconformidade entre a norma interna e a norma convencional,
pelo que a questão deve ser resolvida pelo Juiz do caso concreto, com a eventual
colocação de questões prejudiciais ao TJ (art. 267 do TFUE).

○ Caso Mecanarte: O Tribunal português formulou uma questão específica


sobre se o valor da norma interna contrária ao Direito Derivado (Secundário)
se traduziria, ou não, numa inconstitucionalidade, o que tornaria obrigatório
o recurso para o TC (art. 280/1a e 3 da CRP). Na sua resposta, o TJ reafirmou
os pressupostos da fórmula Simmenthal, assim, mesmo que se verifiquem os
pressupostos do recurso obrigatório para o TC, tal não afeta a liberdade
decisória do juiz da causa, incluindo a de não aplicar a norma interna por
violar o Direito da União.

“Norma Interna”: Sob esta designação temos desde uma portaria à própria Constituição.
Para o TJ, a prevalência do Direito da União não depende da natureza da norma, do ato
jurídico da União, ou do lugar que a norma interna ocupa na estrura escalonada da ordem
jurídca interna - caso Melloni, (ac. 26.02.2013) e caso Michanki (ac. 16/12/2008).
42
Ac. de 22.06.2010, C-188-10, Melki e Ac. 15.10.2013, C-416/10, Krizan

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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Referências ao Princípio do Primado nos Tratados: Os tratados não têm uma


referência expressa ao princípio do primado. Constava do art. I-6º do projeto de Constituição
Europeia uma referência, mas, na transição da Constituição para o Tratado de Lisboa, o
artigo foi eliminado por ser considerado excessivo por alguns EM. Em contrapartida,
surgiram nos Tratados disposições que não devem ser ignoradas como elementos integrantes
de uma interpretação sistemática43 de que o texto e o espírito das Constituições nacionais
não é indiferente ao processo hermenteutico de garantia do primado.

★ Declaração n.º17: Ficou apenas esta declarção que, no essencial, remete para o
adquirido jurisprudencial em matéria de princípio fundamental do primado.

Limites à Prevalência da Norma Eurocomunitária: O princípio não é absoluto nem


incondicinal

★ Respeito pela Identidade Constitucional dos Estados-membros44

★ Auto-Limitação: Exigência metodológica de congruência interna do sistema


jurídico da União. Os direitos fundamentais, enquanto princípios gerais, tal como
resultam das tradições constitucionais comuns aos Estados-membros, fazem parte
integrante do Direito da União, pelo que devem ser observados e limitados (art. 53 da
CDUF). Nesta lógica, o TJ só pode exigir a aplicação prevalecente de uma
determinada norma eurocomunitária se, pelo menos em matéria de direitos
fundamentais, a mesma tenha sido interpretada em conformidade com as normas
constitucionais e tradições consticionais comuns - caso Schmidberger (ac.
12.06.2003) e caso Omega (ac. 14.10.2004)

★ Princípio da Competência de Atribuição: A norma eurocomunitária prevalece


na medida em que traduza o exercício de uma competêcnia atribuída pelos Tratados.
Contudo, o limite pode ser pouco efetivo se o TJ enverdar por uma interpretação
criativa e extensiva dos Tratados.

○ Teste de Controlo Ultra Vires: Para o Tribunal Constitucional Alemão, a


aplicação interna do Direito da União deve ser sujeita a este teste, segundo o
qual a vocação prevalecente da norma eurocomunitária sobre a norma interna
é paralisada no caso de se concluir que o decisor da União violou os limites de
competência definida pelo Tratados.

■ CASO HONEYWELL DO TRIBUNAL DE KARLSRUHE (06.07.2010):


● O TC Alemão invocou o direito de se pronunciar sobre a
compatibilidade de uma norma ou ato jurídico da União com o
princípio da competência da atribuição e de, eventualmente,
declarar a sua inaplicabilidade na ordem jurídica alemã.

43
art. 4/2 e 6/3 do TUE e art. 53 do CDFUE
44
Ex: Se uma diretiva comunitária no domínio do espaço de liberdade, segurança e justiça (art. 67 e ss. do TFUE)
viesse impor aos Estados-membros a criação de tribunais especiais para o julgamento de crimes de terrorismo e
incidência transfronteiriça, com fundamento no art. 83/1 do TFUE. Estaríamos perante uma violação do
princípio do juiz natural e da proibição do art. 209/4 da CRP, questões essenciais da estrutura constitucional
portuguesa, que a União se compromete a respeitar (art. 4/2) da CRP

127
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

● Condicionou o veredicto de ultra vires aos casos em que haja


uma trangressão manifesta dos limtes da competência, e só
depois do TJ se pronunciar, através do processo das questões
prejudiciais (art. 267 TFUE).

○ Limites Imanentes à Garantia do Estado de Direito: Tal como o delegante está


impedido de permtir o que a ele próprio a lei proíbe, também os Estados de
direito não podem atribuir competências à União que violem princípios
nucleares e regras fundamentais de configuração do sistema democrático e de
proteção dos direitos fundamentais

28. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA DIRETA


Eficácia Direta: Atributo da norma eurocomunitária que, reconhecendo direitos
subjetivos, proporciona ao particular a sua invocação, independentemente da existência de
legislação interna contrária45.

Relação com o Princípio do Primado: A Prof. MLD defende que existe uma relação
lógica entre o primado e a eficácia direta que é particularmente evidente no domínio dos
dirietos fundamentais.

★ Caso Van Gend en Loos: O TJ estabelece uma associação virtuosa entre a norma
atributiva de direitos individuais que produz efeitos imediatos (eficácia direta) e o
dever por parte dos órgãos jurisprudencias nacionais de tutelar e garantir o exercício
de tais direitos (primado).

Requisitos da Eficácia Direta: A precompreensão do TJ é favorável ao reconhecimento


da eficácia direta, desde que verificados certos requisitos relativos à norma46:

★ Clareza e Precisão: Para o TJ será suficiente verificar que a norma reconhece


direitos aos particulares que envolvem obrigações para os Estados, ainda que estes
disponham de uma certa margem de apreciação na escolha dos meios jurídicos de
garantia de tais direitos - caso Lombard, ac. 12.10.2017

★ Incondicionalidade: Apresenta um duplo alcance:

○ Exclui da eficácia direta as normas cuja aplicação interna fica dependente do


exercício de uma competência discrcionária, legislativa, ou administrativa por
parte dos Estados-membros.

45
O TJ usa, de um modo indiferenciado, os termos efeito imediato, efeito direto, aplicabilidade direta e aplicação
imediata. Do lado da doutrina, vingou a distinção entre a aplicabilidade direta (próxima da noção de self
executing jusinternacionalista) e efeito direto (suscetibilidade de invocação direta da norma pelos particulares
enquanto titulares de direitos, cuja fonte é a norma eurcomunitária em causa). No quadro atual de evolução do
Direito da União, a Prof. MLD considera que podemos usar indistintamente a expressão eficácia direta.
46
Pierre Pescatore: “o efeito direto é o estádio norma de saúde na norma comunitária”

128
RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

○ No caso específico das diretivas, a incodicionlidade só se verifica depois de


passado o prazo de transposição.

Diretivas: A sua eficácia está dependente do lítigio concreto. As diretivas não são
destinadas a criar direitos invocáveis pelos particulares, dado que o destinatário formal é o
Estado, contudo, é susctível de criar direitos que os particulares podem reclamar - caso
Marshall, ac. de 26.02.1986

★ Ausência de Transposição: Ao tornar a diretiva invocável pelos particulares,


decorrido o prazo de transposição e se verifcada a natureza clara e precisa de norma
tipificadora de direitos, é subtraído ao infrator (Estado que não transpôs a diretiva) o
benefício do incumprimento.

○ Diretivas em que o Prazo Ainda Não se Esgotou: A regra é a da insuctibilidade


da sua invoação contenciosa.

■ ESTADOS-MEMBROS: Devem, contudo, abster-se, enquanto decorre


o prazo de transposição, de adotar disposições suscetíveis de
comprometer a realização da diretiva (caso Wallonie, ac. de
18.12.1997)

■ PARTICULARES: Não se podendo valer dos direitos previstos na


diretiva (a menos se for possível demonstrar que tais direitos têm a
sua origem em princípios gerais de direito - caso Mangold, ac.
22.11.2005; caso Seda, ac. 19.01.2012), podem, por invocação do
princípio do primado e da cooperação leal, opor-se à legislação interna
que foi adotada em sentido contrário ao regime previsto na diretiva.

★ Efeito Direto Pleno: Conjuga a desaplicação da norma interna contrária (efeito de


exclusão) com a aplicação da norma da diretiva como critério da decisão do lítigio
concreto (efeito de substituição).

○ Está limitado aos litígios veriticais que opõem os particulares ao Estado,


entidades públcias e equivalentes, dado que as diretivas não criam deveres
exigiveis pelo Estado aos particulares antes da transposição.

Meios Sucedâneios à Eficácia Direta:

★ Dever de Interpreteação conforme, que impende sobre o juiz nacional

★ Ação de indemnização por responsaviliade extracontratual dos


Estados-membros, com fundamento na violação do direito da União

Vinculação: A face mais visível do princípio da eficácia direta é a da vinculação do juiz


nacional, adstrito a garantir aos particualres o exercício dos direitos de que são titulares.
Contudo, como o Direito da União tem como destinatários todos os sujeitos jurídicos, a

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garantia da eficácia direta das normas eurocomunitárias também se impõe à vontade do


decisor da União e às autoridades adminsitrativas dos Estados-membros: o “bloco da
legalidade” no direito interno abrange o direito da União (art. 8/3 e 4 da CRP)

★ Limites do Poder/Dever da Autoridade Administrativa de Desaplicar


uma Norma: A eficácia direta depende da verificaçaõ pelo juiz dos requisitos do
efeito direto, sob pena de violação do princípio da separação de poderes.

○ Situações de Manifesta Contradição entre a Norma Interna e a Norma


Eurocomunitária: A Prof. MLD admite que, com base na articulação entre o
pirncípio do primado, da eficácia direta e da cooperação leal, a adminsitração
possa desaplicar a norma, a menos que a norma atribuitiva do direito
invocado tenha por base uma diretiva ainda não transposta.

■ TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Em sentido diferente, sustenta um dever


por parte da administração de desaplicar a legislação nacional
desconforme com o direito da União, colocando no mesmo plano
tribunais e autoridades administrativas - caso Costanzo, 22. 06.1989

29. OUTROS PRINCÍPIOS DE FUNÇÃO COMPLEMENTAR PARA


A GARNANTIA DA EFICÁCIA PLENA DO DIREITO DA UNIÃO

29.1 PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO EM CONFOMRIDADE COM O


DIREITO DA UNIÃO
Origens:

★ Caso Colson e Kamman, ac. de 10.04.1984: Em resposta a questões


prejudiciais sobre a relevância da disposição de uma diretiva, cuja transposição para
o direito interno era insuficiente, o TJ considerou que cabia ao juiz nacional
intepretar a lei de transposição, na medida consentida pela margem de apreciação
que o seu direito nacional lhe reconhecia, em conformidade com as exigências do
direito comunitário.

★ Caso Marleasing, ac. de 13.11.1990: O TJ alargou o âmbito da obrigação judicial


de interpretação conforme a situações em que não exisitia lei específica de
transposição, exigindo do órgão jurisdicional estadual que interpretasse o direito
interno em causa “na medida do possível”, à luz do texto e da finalidade da diretiva,
para atingir o resultado por ela prosseguido.

★ Caso Maribel Dominguez, ac. de 24.01.2012: Aclarou os contornos da


expressão “na medida do possível”, ao declarar que este princípio de interpretação do
direito nacional conhece certos limites. Assim, a obrigação do juiz nacional quando
procede à interpretaçaõ e aplicação das normas do direito interno é limitado pelos
princípios gerais de direito e não pode servir de fundamento a uma interprtação
contra legem do direito nacional

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
Luísa Braz Teixeira

★ Caso Caronna, ac. de 28.06.2012: Introduz outro limite ao dever de


interpretaçaõ conforme a diretiva que respeita à proibição de agravamento da
responsabilidade penal do particular que violou as regras harmonizadas.

Noção: Obrigação do juiz nacional de levar em consideração, se tal se revelar adequado em


função do objetivo de garantir plena eficácia do direito da União, o direito nacional no seu
todo (caso Pfeiffer, ac. de 05.10.2004)

Âmbito: Embora este princípio tenha sido primeira, e principalmente dirigido aos tribunais
nacionais, também implica as demais autoridades públicas, chamadas a interpretar e a
aplicar o direito nacional, incluindo as autoridades administrativas (caso Kühne, ac. de
13.01.2004; caso Henkel, ac. 12.02.2004)

Interpretação Conforme e Eficácia Direta: Como a interpretação conforme passa ao


lado dos limites ao reconhecimento do efeito direto, pode dar azo a uma solução que revele
uma vinculação algo anómala dos direitos e interesses dos particulares. Assim, o TJ já
admitiu que, ainda que o lítigio no processo principal oponha uma autoridade pública a um
vertical (lítigio vertical), um Estado-membro pode, em princípio, invocar a interpretaçaõ
conforme do direito nacional contra os particulares, acabando por potenciar um desfecho
equivalente no seu resultado ao da eficácia direta.

★ “Ficção Jurídica”: A norma da diretiva pode ser indiretamente aplicada através da


norma interna sujeita a interpretação conforme.

29.2 PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO LEAL - EM ESPECIAL A


COMPETÊNCIA DE EXECUÇÃO DOS ESTADOS-MEMBROS
Princípio da Cooperação Leal/Lealdade/Fidelidade Comunitária: Princípio geral
de Direito, cuja matriz é o o princípio da boa fé. Constitui uma diretriz de interpretação do
“bloco de legalidade comunitária”, que facilita a harmonização entre disposições normativas
e a integração de eventuais lacunas.

★ Violação: Fundamenta uma sentença de condenação em sede de ação por


inucmprimento (caso Comissão c. Esclovénia, ac. 17.12.2020).

Aplicação do Princípio:

★ Juízo de Conformação Prática com Outros Princípios Estruturantes:


Como o princípio da competência de atribuição, o princípio da subsidariedade, o
princípio da proporcionaliade (art. 4/1 e 5 do TUE) e o princípio do respeito pela
identeidade nacional dos Estados-membros (art. 4/2 do TUE)

★ Critério da Solidariedade: Inibe os Estados-membros de adotarem medidas


unilaterais proibidas pelos Tratados, mesmo que o pretendam fazer em domínos da

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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sua competência reservada (Comissão c. França, Proc. 6 e 11/69), estando o decisor


da União obrigado a respeitar os limites das competências atribuídas pelos Tratados,
de acordo com o parâmetro de uma atuação subsidiária e não excessiva (Caso St.
Delimitis, ac. 28.02.1991).

Fonte de Deveres para os Estados Membros:

★ Desaplicação/Revogação de Normas Internas: Um Estado-membro deve


desaplicar ou revogar normas internas contrárias ao Direito da União, mesmo se não
estiverem a ser aplicadas - Comissão c. França, ac. 04.04.1974

★ Conformidade entre Direito Interno e Direito da União: É de conhecimento


oficioso por parte dos tribunais nacionais, com independência da sua inovação pelas
partes - Peterbroeck, ac. 14.12.1995

★ Execução do Direito da União: Na generalidade das situações, requer uma


atuação colaborante e ativa das autoridades administrativas nacionais, incluindo a
interpretação extensiva do direito interno ou o desenvolvimento de soluções
autónomas se o ordenamento jurídico nacional não permitir uma tutela efeitva dos
direitos resultantes das normas eurocomunitárias - Fiammiferi, ac. de 09.09.2003

★ Impedimento das autoridades nacionais de autorizar, facilitar, auxiliar


ou encorajar violações ao direito da Uniao - INNO, ac. de 16.11.1997

29.3 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DOS


ESTADOS-MEMBROS POR VIOLAÇAÕ DO DIREITO DA UE
Fundamento - caso Frankovich, ac. 19.12.1991: Questionado por um tribunal nacional
sobre o problema de saber se um Estado-membro pode ser obrigado a reparar os prejuízos
causados pela não transposição de uma diretiva47, o TJ, analisando a questão à luz do
Tratado e dos direitos fundamentais, afirmou que o princípio da responsabilidade
patrimonial dos Estados-membros por violação do DUE era inerente ao tratado.

Tutela Jurisdicional Efetiva:

★ Natureza da Violação: Influi nas condições da tutela

★ Concretização do Direito à Indemnização: É no âmbito do dirieto nacional de


cada Estado-membro que incumbe ao Estado reparar as consequeências do prejuízo
inflingido

47
De referir que os direitos dos particualres no quadro do Direito Comunitário não dependem de atribuição
explícita pelos Tratados e que as diretivas são inscuscetíveis de invocação diante dos tribunais nacionais (salvo
nas exceções já assinaladas), por carecerem de efeito direto, o que faz com que os particulares se vejam impedidos
de fazer valer os seus direitos violados

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★ Órgãos Jurisdicionais Competentes: Na ausência de regualmentação


comunitária, inibida pelo princípio da autonomia institucional e processual que
protege a esfera de competência reservada dos Estados-membros, cabe à ordem
jurídica interna designar os órgãos jurisdicionais competentes e regulamentar as
modalidades processuais das ações judiciais destinadas a assegurar a plena proteção
do direito à reparação.

○ Limites da Autonomia Institucional e Processual dos Estados-membros:

■ CRITÉRIO DA EQUIVALÊNCIA: As condições materiais e formais


fixadas pelas diversas legislações nacionais em matéria de reparação
de danos não podem ser menos favoráveis do que as que dizem
respeito a reclamações semelhantes de natureza interna.

■ CRITÉRIO DA EFETIVIDADE: As condições materiais e formais não


podem estar organizadas de forma a tornar prativamente impossível
ou excessivamente difícil a obtenção da reparação.

Caso Brasserie du Pêcheur/Factortame, ac. 05.03.1996: Veio completar a


jurisprudência, dando resposta a questões que eram deixadas em aberto pelo caso
Frankovich

★ Questões Levantados pelo Caso Frankovich:

○ Extensão do Direito à Reparação: Problema de saber se o direito à reparação


se cingia apenas à situação tipificada de não transposição de diretivas

○ Grau de Exigência da Responasbilidade Extracontratual: Questão de apurar se


as condições materiais de efetivação do direito ao ressarcimento pelo
Estado-membro deveriam, ou não, estar alinhadas com o grau de exigência
definido pelo TJ em relação à responsabiliade extracontratual da União, no
quadro do art. 340 do TFUE, maxime a condição relativa à ilegalidade
qualificada, sob a forma de uma violação grave e manifesta da norma
eurocomunitária

○ Efeito Direto: Saber determinar se o direito à reparação estaria dependente da


impossibilidade de invocar judicialmente a norma eurocomunitária violada
por carecer de efeito direto.

★ Respostas:

○ Extensão do Direito à Reparação: É atribuído um âmbito geral ao princípio da


responsabilidade, válido para qualquer violação do Direito da União por um
Estado-membro, independentemente da entidade nacional, cuja ação ou
omissão está na origem do incumprimento

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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○ Efeito Direto: O TJ entende que os particulares podem acionar os


Estados-membros pelos prejuízos sofridos mesmo no caso de violação de
normas dotadas de efeito direto.

Condições da Responsabilidade:

★ Pela não transposição de diretivas (caso Frankovich, ac. 19.12.1991)

○ O resultado da diretiva deve ser a atribuição de direitos a particulares

○ O conteúdo desses direitos deve ser identificado nas disposições relevantes


dessa direitiva

○ Existência de um nexo de causalidade entre a violação e a obrigação que


impende sobre o Estado-membro e o prejuízo do lesado

★ Em relação a facto de lei (caso Köbler, ac. de 30.09.2003 e caso Traghetti, ac. de
13.06.2006)

○ A regra de direito violada tenha por objeto conferir direitos aos particulares

○ Que a violação seja suficientemente caracterizada: Ideia de um desrespeito


grave e manifesto dos limites que se impõem ao poder de apreciação pelo
legislador nacional.

■ FATORES RELEVANTES: O juiz nacional deve considerar a relevância


de indícios como a o grau de clareza e de precisão da regra violada, o
âmbito da margem de apreciação que a regra violada consente às
autoridades nacionais, o carácter intencional ou involuntário do
incumprimento ou prejuízo causado,... Contudo, exisitirá sempre
violação suficientemente caracterizada no caso de um regime jurídico
que, em jurisprudência anterior proferida pelo TJ foi tido como
contrário ao direito eurocomunitário.

○ Que exista um nexo de causalidade direto entre a violação e o prejuízo sofrido

★ Em relação erro judicial (caso Tomásová, ac. de 28.07.2016)

○ Violação perpetrada por um tribunal nacional que decide em última instância:


Pressupõe-se que os Estados-membros, cumprindo a obrigação do art. 19/1 do
TUE, garantem na legislação processual um sistema adequado de recursos

○ Decisão que derespeite manifestamente o Direito da União: Considera-se que


uma violação é suficientemente caracterizada se a jurisdição nacional a quem
compete interpretar e aplicar a norma eurocomunitária omitir o dever de
garantir a sua aplicação, porque ignora o carácter prevalecente da norma, ou
rejeita ou mitiga a sua invocabilidade contenciosa. Em qualquer caso, existe

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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sempre violação suficientemente caracterizada se a decisão do tribunal


nacional contradisser expressamente a jurisprudência assente do TJ.

■ DETERMINAÇÃO DA NATUREZA DE VIOLAÇÃO MANIFESTA:


Incumbe ao juiz nacional, que julga a ação de de indemnização
instaurada pelo particular lesado contra o Estado-membro,
determinar se a violação reveste natureza de violação manifesta.

Relação entre o TJ e os Tribunais Nacionais:

★ Princípio da Autoridade do Caso Julgado e do Carácter Definitivo das


Decisões dos Tribunais: Não é um obtáculo ao reconhecimento da
responsabilidade do Estado-membro. O demandante numa ação de indemnização
bem sucedida contra o Estado ganha o direito à reparação, mas não necessariamente
a uma alteração da matéria julgada. Contudo, impõe-se uma alteração do conteúdo
da jurisprudência para casos fututos - ac. de 09.12.2003, Comissão c. Itália.

★ Questões Prejudiciais: O Tribunal Supremo está obrigado a suscitar uma questão


prejudicial de interpretação a propósito do sentido controvertido de um conceito
jurídico de legislação eurcomuniária, sobre o qual haja jurisrpudência divergente de
instâncias jurisdicionais diferentes ou dificuldades persistentes de interpretação do
mesmo conceito noutros Estados-membros - ac. de 09.09.2015, Silva e Brito.

30. NOTA DE ATUALIDADE - DECISÃO DO TC ALEMÃO DE


05.05.2020
Condicionalidade do Processo de Atribuição de Poderes da Alemanha à UE:

★ Caso Solange II de 1986: Enquanto o sistema jurídico comunitário garantir uma


proteção efetiva dos direitos fundamentais, o Tribunal abstém-se de exercer o
controlo da constitucionalidade, entendo que existe uma equivalência garantística
entre o modelo comunitário e o modelo alemão.

★ Caso Maastricht de 1993 e Tratado de Lisboa de 2009: Pressupondo-se que a


União não pode definir a sua própria competência, reconhece-se a prerrogativa de
verificar se as instiuições da União atuaram no quadro definido pelos Tratados.

★ Caso Gauweiler: O TC alemão aceitou o juízo de conformidade do ac. de


16.06.2015, que constitui, da parte do TJ, um exercício sereno de persuasão
institucional e toal disponbilidade para o diálogo com o TC alemão.

★ Caso Weiss (05.05.2020): O TC desafiou abertamente da auotoridade do ac. de


11.12.2018, ao considerar que o Tribunal da União Europeia excedeu o mandato do
art. 19/1 do TUE, considerando-o ultravires.

○ Como contornar este ato unilateral do TC Alemão?

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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■ CASO WATERKY DE 14.12.1982: O dever de assegurar a plena eficácia


do Dirieto da União Europeia reclama o respeito das decisões do TJUE
pelos tribunais nacionais

■ CASO FROTO-FROST DE 27.10.1987: Os tribunais nacionais não


podem, por sim, declarar a invalidade de um ato jurídico da UE,
devendo suscitar a questão junto do TJ

■ PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO LEAL: Os tribunais nacionais devem


dar uma oportunidade ao TJ, por via das questões prejudiciais, de
definir o âmbito das competências da União, incluindo os limtes do
princípio da proporcionalidade.

■ COMISSÃO C. FRANÇA DE 04.10.2018: Um Estado-membro pode ser


accionado junto do TJ por iniciaitva da Comissão (art. 258 do TFUE)
ou de qualquer outro Estado-membro (art. 259 do TFUE), por violação
do Direito da União, imputável a um dos seus tribunais.

○ Que consequeências pode ter este ato unilateral do TC Alemão?

■ “TOMAR AS MEDIDAS NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DO


ACÓRDÃO”: Se vier a ser constatada a existência de incumprimento
por aprte da Alemanha, enquanto Estado-membro, este país terá de
“tomar as medidas necessárias à execução do acórdão do Tribunal”
(art. 260/1 TFUE), sob pena de, não o fazendo, incorrer na aplicação
de sanções pecuniárias

■ RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL: Atuação junto dos tribuanis


alemães, para accionar a eventual responsabilidade patrimonial da
Alemanha pelos prejuízos casusados aos particulares - caso Tomásová

Conteúdo do Acórdão do Caso Weiss: O TC alemão declarou que iria deixar de


participar no programa de quantitive easing, concendendo ao BCE o prazo de 3 meses para
lhe fazer chegar a demonstração que o programa em causa é proporcional aos fins que
balizam o mandat legal do BCE.

★ Programa de Quantitive Easing: Instrumento atípico da política monetária que,


pela via da compra indireta de dívida pública soberana dos Estados-membros,
mantém em níveis mais baixos os custos dos empréstimos para todos os Estados que
integram a Zona Euro. Foi decisivo para garantir o financiamento dos países mais
atingidos com a crise do euro, e agora com a recessão provocada pela pandemia.

★ Consequência nos Mercados: No dia seguinte deu-se um aumento significativo


das taxas de juro para a compra de dívida dos países mais enidividados.

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RESUMOS DUE - REGÊNCIA PROFESSORA MARIA LUÍSA DUARTE - TB - 2021/2022
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Opinião da Prof. MLD: A decisão do TC Alemão é um precedente muito pergioso que abre
a porta a outras desautorizações com origem em Estados-membros que respondem perante a
justiça eurocomunitária por acusações graves de violação de principios e regras
fundamentais dos Estado de Direito.

31. A CONSTIUIÇÃO PORTUGUESA E O GRAU DE ABERTURA À


EXIGÊNCIA DA COABITAÇÃO NECESSÁRIA ENTRE O
PRINCÍPIO DO PIRMADO E O RESPEITO PELOS “PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DO ESTADO DE DIRIETO DEMOCRÁTICO” -
ART. 8/4 CRP
“Obra em Construção”: Desde a primeira revisão constitucional de 1982, que introduziu
o art. 8/3, até à sexta revisão de 2004 que aditou o art. 8/4, a Constiuição Portuguesa
converteu-se numa espécie de obra em construção, de modo a adaptar-se às exigências
jurídicas do processo de construção europeia.

Cláusula de Recepção Automática - art. 8/4 da CRP: As disposições dos tratados que
regem a União Europeia e as normas emanadas das suas insitiuições no exercício das
respetivas competências, são aplicáveis na ordem interna, nos termos defindos pelo Dirieto
da União, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de Direito democrático.

★ Dimensões de Intersecção das Normas de UE na Ordem Jurídica


Portuguesa:

○ Prevalência da Norma Eurocomunitária: Em caso de colisão da norma interna


com a norma eurocomunitária, pervalece a norma eurocomunitária.

○ Condições da Aplicação Direta: A norma eurocomunitária é diretamente


aplicável, como acontece com o regulamento (art. 288 TFUE), passando a
vigorar na ordem jurídica portuguesa assim que se inicia a sua vigência na
ordem jurídica da União (art. 297 TFUE), com dispensa de atos internos de
recepção e transposição.

○ Fonte de Direitos e Deveres: A norma eurocomunitária, verificados os


pressupostos de clareza, precisão e incondicionalidade da eficácia direta, é
fonte de direitos e deveres para os particulares que podem invocar juntos os
tribunais nacionais no âmbito de lítigios em que são parte.

★ “nos termos definidos pelo Direito da União”: Fórmula aberta que facilita o
primado do direito da União Europeia48

★ “com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de Direito


democrático”: A prof. MLD considera que esta fórmula abarca os direitos

48
A Prof. MLD considera que esta previsão não é estritamente necessária pois a exigência do primado já decorre
da articulação do art. 8/3 com o art. 7/6 da CRP, contudo, tem uma vantagem de claificação constitucional

137
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fundamentais e os princípios inerentes à ideia de direito que inspira a Constitiução de


1976 como lei fundamental do Estado de Direito Democrático (art. 2 da CRP)

○ Obrigação da UE respeitar a “identidade nacional” dos Estados-membros (art.


4/2 do TUE): Para a Prof. MLD este preceito cauciona uma visão sobre o
fundamento jurídico do primado e a sua exata repercussão na relação com as
Constituições dos Estados-membros que deve ser objeto de uma interpretação
sistemática que descarte leituras absolutizadoras sobre o que cada
Estado-membros entende por identidade insitiucional.

Cláusula Europeia - art. 7/6 da CRP: Cláusula de aceitação de limitações à soberania


em função dos objetivos da construção europeia

★ Limites Impostos ao Âmbito de Vinculação Europeia de Portugal:

○ Respeito pelos princípios fundamentais do Estado de Direito Democrático e


pelo Princípio da Subsidariedade

○ Aceitação das limitações da soberania: A atribuição de poderes necessários


aos órgãos da União, com vista ao exercício em comum ou em cooperação será
conveniocnada, exigindo-se a forma de tratado.

Relação da Constiuição com o Primado:

★ Efeito Habilitador ou Legitimador: Relativo à atribuição de competências


necessárias à construção da União Europeia, não podendo extravasar os limites
imanentes à garantia do Estado de Direito.

★ Efeito Limitador ou de Reserva

31.1 PRIMADO SUPRACONSTITUCIONAL


Risco do Primado: O risco que o primado da norma eurocomunitária pode representar
para a tradicional função paramétrica e legitimadora da Constituição não está na
possibilidade de admitir uma derrogação ao princípio basilar da constitucionalidade. O
presumido risco relaciona-se com o tipo de derrogação constitucinoal, isto é, com a natureza
da norma constitucional desaplicada e com a extensão do desvio ao padrão constitucional
resultante da solução comunitária preferida49.

★ Risco de Colisão no Domínio dos Direitos Fundamentais: É muito reduzido,


dado que:

49
Em especial, esta preocupação é atinente ao núcleo essencial da Constitução, ou seja, os seus princípios
estrurantes e valores fundamentais.

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○ Art. 53 da CDFUE: Proíbe a interpretação das suas normas garantidoras para


restringir ou lesar os direitos do Homem e as suas liberdades fundamentais,
reconhecidos por outras fontes internacionais ou constitucoinais

○ Art. 4/2 do TUE: Impõe à União e aos seus tribunais a obrigação de respeitar
a identidade nacional, refletida nas estruturas políticas e constitucionais
fundamentais de cada um deles, que não pode deixar de ser interpretada à luz
das opções constitucionais estrutrantes de cada Estado-membro.

○ Diálogo entre o TJ, o TEDH e os Tribunais Constitucionais: Na aplicação do


primado e na avaliação da eficácia jurídica das normas eurocomunitárias, o o
TJ não deverá ignorar a necessidade de um diálogo aberto e dinâmico com os
tribunais constitucionais e o TEDH, que se acentua pelo facto do TJ não ser
um tribunal hierarquicamente superior.

★ No caso de efeitva colisão: A prof. MLD considera que art. 8/4 da CRP não pode
ser considerado como uma autorização constitucional para violar e ignorar a Lei
Fundamental, como se fosse uma “clausula de suicidio constitucional”, tal seria
incompatível com a própria ideia de Constituição e não se afigura necessário face à
fase atual de integração comunitária

Questões Prejudiciais (art. 267 do TFUE): Em caso de dúvidas sobre a eventual


violação de uma norma da Constituição por uma disposição do Direito da União Europeia, o
TC está obrigado a suscitar a questão ao Tribunal de Jusitça como tribunal competente para
a interpretação e definição dos limites aplicativos do normativo eurocomunitário.

Jurisprudência do TC Nacional de Fiscalização de Normas de DUE:

★ Pedidos de Fiscalização por Violação de Normas de Direito Secundário: O


TC não conhece os pedidos de fiscalização de normas internas por alegada violação
do Direito da União derivado, porque reconduz esta desconformidade a um problema
de ilegalidade atípica sobre a qual não tem de se pronunciar, segundo o art. 280/1 da
CRP - ac. 326/98 de 5 de maio, ac. 61/98, de 3 de novembro

★ Pedidos de Fiscalização de Normas de Direito Primário: O TC afasta a sua


competência em relação a pedidos resutantes de alegada desconformidade entre a
norma interna e normas dos tratados institutivos, porque se recusa a subsumir este
controlo no conceito de “contrariedade” do art. 70/1i da LOTC - ac. 466/03 de 14 de
outubro

○ Argumento: Embora fosse plausível a admissibilidade de recurso com base no


art. 70/1i da LOTC, já que os tratados institutivos são convenções
internacionais, a existência de um mecanismo processual adequado, o
processo de questões prejudiciais (art. 267 do TFUE), faz o Tribunal de
Justiça o juiz que, na resposta às questões de interpretação ou validade

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suscitadas pelos tribunais nacionais, garante a prevalência e aplicação


uniforme do direito da União.

★ Questões Prejudiciais: O tribunal admite desde o acórdão 163/90 a possibilidade


de colocar questões prejudiciais

○ Oportunidade de Reenvio Prejudicial: Durante 30 anos o Juiz constitucional


tomou uma posição sistemática de recusa, por falta de pertinência da questão,
em accionar o mecanismo do reenvio, ainda que a generalidade dos
Estados-membros já tivessem submetido pedidos de decisão prejudicial50. No
final de 2020, o TC ultrapassou formulou o seu primeiro pedido a título
prejudicial com origem nas dúvidas a respeito da compatibilidade com o
Tratado da legislação portuguesa relativa ao Imposto sobre Veículos - ac.
711/2020

Teoria do Princípio da Proteção Equivalente - ac. 422/2020: Neste acórdão, o TC


revela só equacionar a hipótese de apreciar e recusar a aplicação de uma norma
eurocomunitária se essa se revelar incompatível com um príncípio fundamental do Estado de
Direito Democrático, que não goze no âmbito próprio do Direito da União Europeia de um
valor paramétrico equivalente ao que lhe é reconhcido na Constituição, aderiando, portanto,
à teoria do princípio da proteção equivalente.

★ Pluralismo Constitucional: A funcionalidade do relacionamento decorrente da


integração deve decorrer de uma dinâmica baseada em fatores e práticas que
induzam algum tipo de coerêcia sistemática, assente em algo diverso do que um
critério de prevalência hierárquica - ac. 422/2020 e visão sobescrtia pela prof. MLD

32. FUNDAMENTOS JURÍDICOS DE UMA UNIÃO DE DIREITO

32.1 O PRINCÍPIO DA TUTELA JURISDCIONAL EFETIVA


Definição: “Toda a pessoa cujos direitos e liberaddes garantidos pelo direito da União
tenham sido violados tem direito a uma ação perante um tribunal perante um tribunal
independente e imparcial, previamente estabelecido por lei”

★ “Tribunal independente e imparcial”: Deve julgar a causa de forma equitativa,


publicamente e num prazo razoável (art. 47 da CDFUE), pode integrar a jurisdição
eurocomunitária (TJ ou TG) ou a jurisdição nacional.

○ Tribunais dos Estados-membros: De harmonia com o princípio da


competência da atribuição, numa lógica de atuação subsidiária, são órgãos
juridicionais competentes para assegurar a interpretação e aplicação do
Direito da União em todas as situações que, envolvendo um lítigio relacionado

50
Mesmo o TC alemão o fez, com a reserva mental de explorar as divergências com o Juiz da União e, assim,
reforçar o seu estatuto de guardião último da Constituição.

140
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com norma eurcomunitária, extravasem o âmbito de funcionamento das vias


de direito de acesso ao TJUE (art. 274 do TFUE)

■ OBRIGAÇÃO DE ESTABELCER AS VIAS DE RECURSO


NECESSÁRIAS PARA ASSEGURAR UMA TUTELA EFETIVA DO
DIREITO DA UNIÃO: Por força da natureza imperativa do direito de
acesso a um tribunal, recai sobre os Estados-membros a obrigação de
estabelecer as vias de recurso necessárias para assegurar uma tutela
jurisdicional efetiva nos domínios abrangidos pelo direito da União
(art. 19/1 do TUE), cujo cumprimento é suscetível de controlo por
parte do TJ, mesmo que o caso concreto envolva uma questão de
direito interno.

Estrutura Judiciária dos Estados-membros: No quadro da autonomia institucional e


processual, os Estados-membros são livres para definir a respeitva estrutura judiciária e o
seu direito processual, desde que o façam de um modo que respeite:

★ Princípio da Efetividade: Garantia da efeitividade do recurso ao tribunal

★ Princípio da Equivalênica: Aucutelação da equivalência de exigências processuais


e substantivas que condicionam o exercício judicial de um direito reconhecido por
norma interna e consgrado por nirma eurocmunitária

Jurisprudência do TJ: Tem o objetivo de pôr a funcionar um sistema completo e coerente


de vias de direito, sendo marcada pelo recurso dois instrumentos, complementares entre si:

★ Interpretação Extensiva dos Limites da Jurisdição no âmbito das ações e


recursos diretos (recurso de anulação, ação por incumprimento,...)

★ Consolidação do Papel do TJ como instância competente de


interpretação dos Tratados: Cuja jurisprudência é definitiva e vinculativa,
impondo aos tribunais nacionais um conjunto de deveres que fez dos juízes nacionais
interlocutores de um diálogo integrado num mecanismo de cooperação entre
tribunais, é um processo atípico de uniformização da jurisprudência.

A. PROCESSO DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS


Base Jurídica: Artigo 267 do TFUE

Noção: Questão colcocada por um órgão jurisdicional cuja dilucidação é prévia ou


necessária à resolução do litígio concreto

★ Função: Mecanismo de integração jurídica, sendo uma ferramenta multifunções da


construção pretoriana do tecido normativo do qual depende a própria exsitência da
União Europeia. Pode dizer respeito à interpretação de uma norma ou à sua validade

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★ Âmbito: Pode ser uma questão de interpretação sobre direito primário ou derivado,
ou uma questão de invalidade sobre normas ou atos juridicamente relevantes de
direito derivado.

Jurisprudência Proferida a Título Prejudicial:

★ Análise Quantitativa: No período entre 1952 e 2015, 20.131 processos deram


entrada no TJ, dos quais 9.146 foram pedidos nível prejudicial

★ Análise Qualititativa: Alguns exemplos dos precendentes mais glosados sobre


matérias associadas às caracterisiticas essenciaiis da ordem jurídica eurocomunitária

○ Sobre o princípio do primado: Caso Costa c. Enel, de 15.07.1963; Caso


Simmenthal, de 09.03.1978

○ Sobre o princípio da eficácia direta: Caso Van Gend en Loos, de 05.02.1963;


Caso Van Duyn, de 04.12.1974

○ Sobre a proteção dos direitos fundamentais: Caso Stauder, de 12.12.1969;


Caso Rutili, de 28.10.1975

○ Sobre o dever de interpretação conforme: Caso Marleasing, de 13.11.1990

○ Sobre a responsabilidade extracontratual dos Estados-membros: Caso


Frankovich, de 09.11.1991; Caso Brasserie du Pêcheur, de 05.03.1996

■ SOBRE A RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO


ESTADO-JUIZ: Caso Köbler, de 30.09.2003; Caso Traghetti de
13.06.2006.

Liberdade de Interposição da Questão Prejudicial:

★ Tribunais cujas Decisões são Suscetíveis de Recurso: Têm a faculdade de


colocar questões prejudiciais, todavia, não estão obrigados a fazê-lo, exceto no caso
de se tratar de uma questão de validade - caso Foto-Frost, ac. de 22.10.1987

★ Tribunais cujas Decisões são Insuscetíveis de Recurso Interno51: Estão


sujeitos a uma obrigação de reenvio

○ Exceções à obrigação:

■ Teoria do ato claro


■ Jurisprudência anterior

51
ex: STJ, STA, TC,...

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■ Falta de relevância da questão, dado que a norma eurocomunitária em


casusa não será aplicada ao lítigio concreto

○ Sanções por violação da obrigação:

■ Ação por incumprimento - Comissão c. França, ac. 04.10.2018


■ Ação de indemnização por responsabilidade extracontratual - caso
Köbler, ac. de 30.09.2003

Particulares: O processo de interoposição de questões prejudiciais desenrola-se na relação


direta entre juízes, pelo que as partes no processo nacional podem sugerir ou solicitar ao juiz
que julga o caso que suscite a questão, mas não têm os emios processuais para o obrigar a
fazê-lo, nem podem colocar diretamente a questão.

Efeitos do Acórdão:

★ Se a Questão era sobre uma questão de interpetação: Tem um efeito de


precedente atípico, isto é, vincula o juiz que colocou a questão e todos os juízes que,
no futuro venham a julgar uma questão materialmente idêntica, ou com um efeito
retroativo suscetível de limitação no tempo por razões de interesse relevante.

★ Se a Questão era sobre uma questão de validade: O ato declarado inválido é


inaplicável no caso concreto e deve ser, nos termos do art. 266 do TFUE, conjungado
com o o princípio da cooperação leal, revogado ou alterado pela instiuição, órgão, ou
organismo que o adotou, apresentando eficácia ex tunc, suscetível de, por decisão do
TJ, limitação no tempo por razões de interesse relevante.

32.2 BLOCO DA FUNDAMENTALIDADE DA UNIÃO EUROPEIA -


ANTECEDENTES E FONTES
Recusa a uma Cláusula Geral em Matéria de Direitos Fundamentais: A prof. MLD
considera que prevaleceu uma concepção dualista e formal sobre a articulação entre o
sistema jurídico das Comunidades e o sistema jurídico dos Estados-membros: autónomos
em virutde das respetivas fontes, necessariamente apartadas quanto à incidência dos seu
funcionamento, incluindo os eventuais efeitos osbre o espaço de titularidade e de exercício
dos direitos fundamentais.

★ Constituições dos 6 Estados-membros originários: Garantiam (e garantem)


um compromisso relativo à proteção dos direitos fundamentais

★ Tratado de Paris: Não continha qualquer indicação, ainda que genérica, sobre a
proteção dos direitos fundamentais.

★ Projeto de Tratado para a Constiuição da Comunidade Europeia de


Defesa (CED): Inscreveu no art. 3º o objetivo de garantir os direitos políticos dos

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cidadãos e os direitos fundamentais das pessoas, contudo este tratado não chegou a
vigorar

★ Tratados de Roma: Institutivos da Comunidade Económica Europeia (CEE) e da


Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA), guardaram “prudente silêncio”
sobre o dever de proteção dos direitos fundamentais, ainda que a questão não tenha
sido ignorada dutante a fase das negociações: a Alemanha defendeu a previsão no
texto dos futuros tratados de uma disposição idêntica ao art. 3º da CED, proposta que
não foi bem acolhida entre as restantes de delegações por dois argumentos:

○ Os órgãos comunitários de decisão não poderiam respeitar e fazer respeitar as


Consituições dos Estados-membros, como fontes de direitos fundamentais.

○ A possível relevância comunitáira dos direitos fundamentais poderia ser


invocada pelos Estados-membros de modo contário à realização dos objetivos
definidos nos tratados

Posição do TJCE Face à Violação de Direitos Fundamentais:

★ Primeira Fase - 1959 a 1969 - Agnosticismo Valorativo: Coerente com a


prespetiva de irrelevância de garantia dos direitos fundamentias previstos nas
Constituições nacionais ou nos instrumentos internacionais. À norma
eurocomunitária foi assegurada a sua aplicaão preferencial, me deterimento da
norma nacional contrária, ainda que essa tivesse por objeto a garantia de direitos
fundamtais. Nesta fase, a maior preocupação foi a de impor o respeito pelo primado,
excluindo qualquer tentativa de relativização por via da admissão de exceções52.

○ Resposta dos Tribunais Nacionais: A doutrina e a jurisprudência dos tribunais


nacionais exerceram uma forte e constante pressão sobre o Juiz Comunitário,
tentando impor que este respeitasse os direitos fundamentais das
Constituições. Em especial, o TC alemão e italiano tomaram uma posição que
ameaçava a aplicação uniforme do Direito Comunitário: a sua jurisdição
constitucional invocava, e exercia, o poder de submeter os atos comunitários
internamente aplicáveis à apreciação da sua conformidade com as garantias
constitucionais no terreno dos direitos fundamentais.

★ Fase Atual - desde 1969 - Reconhecimento Ativo dos Direitos


Fundamentais enquanto Princípios Gerais de Direito Comunitário: Em
1969, o Tribunal Administrativo de Estugarda, questionou o TJCE sobre a
compatiblidade de uma decisão da Comissão com os “princípios gerais de dirieto
comunitário em vigor”, deixando cair a tradicional referência à própria Constituição.
O TJCE concluiu que a decisão em causa não revelava “ nenhum elemento suscetível
de pôr em causa os direitos fundamentais da pessoa compreendidos nos princípios
gerais do direito comunitário, cujo respeito é assegurado pelo Tribunal” - caso

52
Caso Stork (ac. de 04.05.1959) e caso Comptoirs (ac. de 12.02.1960) - Em relação à alegada violaçaõ de direitos
fundamentais reconhecidos pelas Constituições nacionais, o TJCE considerou que não lhe competia
pronunciar-se sobre a inobservância de regras de direito interno, mesmo de natureza constitucional.

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Stauder de 12.11.1969, que marca a passagem da fase agnóstica para uma fase de
reconhecimento ativo dos direitos fundamentais

○ Caso Internationale Handelsgesellschaft, ac. de 12.08.1970: O TJCE abre


caminho a uma aplicação coerente dos princípios gerais de direito
comunitário, cujo conteúdo de proteção passa a ser identificado com normas
materiais de origem constitucional ou internacional, embora a sua concreta
aplicação dependa de uma adequada ponderação à luz da estrutura e dos
objetivos da comunidade.

○ Caso Nold II, ac. de 14.05.1974: Alarga o âmbito das fontes reveladoras de
direitos fundamentais suscetíveis de proteção comunitária como princípios
gerais de direito. Para além das tradições constitucionais comuns, são
também consideradas as próprias Constituições dos Estados-membros e os
instrumentos internacionais relativos aos Direitos do Homem, aos quais os
Estados-membros tenham aderido ou cooperado.

○ Caso Rutili, ac. de 28.10.1975: O Tribunal passou da menção genérica ao


Direito Internacional Público de fonte convencional para a aplicação de
disposições específicas de instrumentos internacionais, tendo a CEDH
(Convenção Europeia dos Direitos do Homem) adquirido especial significado.

■ CEDH: Tornou-se a fonte principal, com incidência quase direta, da


construção pretoriana dos princípios gerais de direitos fundamentais
gerantidos pela ordem jurídica comunitária.

Tutela Comunitária dos Direitos Fundamentais: Foi a evolução jurisprudencial que


definiu e consolidou os direitos fundamentais como princípios gerais de Direito, cuja
obrigatoriedade se impõe em relação a todas as áreas materiais, suprindo a lacuna resultante
da omissão de qualquer cláusula geral de direitos fundamentais.

★ Atribuição de Faculdades ao Juiz:

○ Fundamento da aprecição da compatibilidade dos atos adotados pelo decisor


comunitário

○ Fiscalicação dos atos legislativos e regulamentares dos Estados-membros à


luz de um standard comum

★ Âmbito: Não gozam de um âmbito geral e autónomo de aplicação, dada a limitação


decorrente do princípio da competência por atribuição que comanda toda e qualquer
intervenção das Comunidades Europeias na esfera de decisão dos Estados-membros.

○ Caso Cinethèque, ac. de 11.07.1985: O Juiz Comunitário reconheceu, pela


primeira vez, este princípio condicionador de controlo.

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★ Importância: Encerra, além do efeito de garantia concreta dos direitos individuais,


um relevante significado político como instrumento de integração jurídica no plano
dos direitos reconhecidos e no plano dos meios processuais de tutela.

Instituições Políticas: Especialmente no PE e na Comissão, começaram a surgir, a partir


da década de 70, várias propostas movidas pela necessidade de dar uma resposta adequada
às exigências políticas e jurídicas de uma tutela efeitva dos direitos funamentais, que não
deveria continuar unicamente na alçada jurisdicional:

★ Duas Soluções Possíveis: Nas decisões pioneiras dos anos 70 era concebido numa
perspetiva de modelos alternativos, mas no contexto da união política passou a ser
interpteado como um plano coerente e cumulativo: associar a adesão da UE à CEDH
com a vigênica formal da CDFUE no texto do Tratado de Lisboa (art. 6 do TUE)

○ Elaboração de uma carta comunitária de direitos fundamentais

○ Adesão das CE à CEDH

★ Conselho Europeu: Aprovou, em 1989, a Carta Comunitária dos Direitos Sociais


Fundamentais dos Trabalhadores, um texto proclamatório de direitos, sob a forma de
declaração.

Tutela dos Direitos Fundamentais nos Tratados:

★ Positivação dos Direitos Fundamentais: O Tratado de Maastricht positivou no


art. F, n.º2 o acervo juriprudencial sobre direitos fundamentais, fórmula que foi
retomada pelos sucessivos tratados de revisão, constituindo a base do atual art. 6/3
do TUE

★ Consagração de um Estatuto de Cidadania da União: Acompanhado pelo


conhecimento de um conjunto de dirieto civis e políticos.

★ Compromisso de Respeitar os Direitos do Homem: No domínio da política de


cooperação para o desenvolvimento, a celebração de convénios com terceiros passou
a estar dependente do compromisso de respeitar os direitos humanos (art. 208/2 do
TFUE e 21 do TUE)

32.3 CARTA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPEIA - ÂMBITO


DE PROTEÇÃO E RELEVÂNCIA JURÍDICA
Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (CDFUE): Proclamada em
2000, em Nice, foi um ponto de viragem do sistema eurocomunitário de tutela dos direitos
fundamentais, completado com o Tratado de Lisboa, que reconheceu à Carta o mesmo valor
jurídico dos Tratados (art. 6/1 do TUE). A maior parte dos seus direitos já fazia parte da
ordem jurídica comunitária enquanto expressão de princípios gerais de Direito.

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Organização: 54 artigos repartigos por sete capítulos:

★ Dignidade

★ Liberdade

★ Igualdade

★ Solidariedade

★ Cidadania53

★ Justiça

★ Disposições Gerais

Competência da União: Ainda que a generelaidade dos Direitos previstos na Carta


contem de declaração constitucional ou internacional de direitos, é dificil estabelecer uma
ligação entre o âmbito de proteção do direito em causa e a competência da União sobre a
matéria. Em matéria de direito penal e direito da família, a UE carece de competência
atribuída, prevalecendo a liberdade de decisão do legislador nacional.

★ Art. 51/1 da CDFUE: Linha de fronteira que salvaguarda a linha de fronteira que
separa as competências da União das mantidas na esfera jurídica dos
Estados-membros.

53
Os direitos inerentes ao estatuto de cidadania da União (art. 39-46) traduzem a especificidade de um objetivo
de integraçaõ política associado à existência e natureza própria da União Europeia enquanto entidade política
emergente

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