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Sugestões

No Manual 12F, a proposta de procedimento para a realização desta atividade laboratorial inclui para a
alternativa 3. equipamentos mais tradicionais, e menos tecnológicos, e o uso de sensores de força e de
movimento para as alternativas 1. e 2. Assim, de alguma forma privilegia-se o uso de sensores e o uso de
tecnologias de aquisição automática de dados. Refira-se que a quantidade de dados que podem ser
adquiridos no tempo útil das aulas é superior com estes sistemas, para além de outras possibilidades
como a de tratamento automático de dados o que permitirá mais tempo para a análise de resultados e
para uma reflexão mais aprofundada.
No entanto, haverá escolas que não têm, por enquanto, alguns sensores, por isso terão de usar o
método tradicional. Ainda assim o uso dos dois métodos, com sensores e sem sensores, tem diferentes
implicações didáticas e pedagógicas pelo que, se possível, poderão ser ambos explorados.
Nesta atividade, ao se usar um sensor de força devem ter-se alguns cuidados. O número de amostras
por segundo poderá ser da ordem de 20, e o tempo de amostragem entre 5 s e 10 s.
A sensibilidade de quem puxa o sensor de força, exercendo uma força sobre um bloco, também é
relevante. Se o bloco tiver pouca massa, e o coeficiente de atrito não for elevado, facilmente o bloco sai
do repouso e depois não é fácil movê-lo com velocidade aproximadamente constante. Ou se acelera ou se
deixa travar. Por esse motivo recomenda-se o uso de massas maiores para o bloco, ou a colocação de
outros corpos sobre o bloco que permitam aumentar a massa do conjunto que irá ser puxado.
Os coeficientes de atrito cinético e estático, entre os materiais das duas superfícies, podem ser muito
próximos, o que pode resultar na obtenção de gráficos de força em função do tempo algo inesperados.
Outro aspeto para os gráficos, menos previsível, por não estarem de acordo com o “bonito gráfico”
teórico, poderá ocorrer na execução experimental. Por isso é necessário interpretá-los e repetir algumas
vezes a recolha nas mesmas condições (sugerem-se três).
No movimento do bloco pode haver pequenas diferenças nas características da superfície onde ele
desliza e que aparentemente é homogénea.
A seguir, como exemplo, apresentam-se alguns gráficos obtidos.

O gráfico da esquerda apresenta um aspeto mais próximo do teórico. O do meio mostra alguma
irregularidade ao ser exercida a força, com aumentos de intensidade não proporcionais ao tempo. O da
direita também mostra que, enquanto o bloco esteve em repouso, a força não foi proporcional ao tempo
e depois, com o corpo em movimento, a força teve algumas variações.
No gráfico da esquerda e no do meio não se verifica muita distinção entre a força de atrito estático
máxima e de atrito cinético. Será uma das situações em que os coeficientes de atrito são próximos. No
gráfico da direita é evidente a irregularidade da força exercida, podendo resultar da falta de sensibilidade
de quem exerce a força ou de pequenas irregularidades na superfície onde se move o bloco.
Mostram-se a seguir gráficos obtidos, em repetições com o mesmo tipo de superfícies, que evidenciam
a sensibilidade de quem puxa o sensor de força. O da esquerda mostra que foi variável o instante em que
se começou a puxar o sensor de força, e também que o aumento da intensidade ocorreu com taxa
diferente para cada uma das repetições. O da direita mostra uma sensibilidade maior.

O sensor de movimento deve ser bem alinhado com o bloco e com a direção do seu movimento.
Para determinar o coeficiente de atrito estático com o plano inclinado aconselha-se que os alunos
repitam as medições, porque uma só medida tem uma incerteza experimental maior. Depois podem
calcular os vários valores para cada medição e obter um valor médio. É possível que os alunos encontrem
uma dificuldade: quando o bloco está prestes a entrar em movimento, se baixarem o plano ele continuará
a deslizar, pelo que pensarão que o ângulo deverá ser mais pequeno. É necessário aqui discutir que, pelo
facto de o corpo entrar em movimento, a força de atrito diminui e, por isso, o bloco continua em
movimento acelerado, apesar de baixarmos o plano de modo a ficar com uma inclinação menor.
Questões Pré-Laboratoriais (respostas)

1. a) As forças que atuam no carro são o peso, ⃗ N , e a força de atrito, ⃗


P, a força normal, ⃗ F a.

As projeções das forças, nos eixos indicados, permitem relacionar as suas intensidades:

{ N −P cos θ0=0
Fa −P sinθ 0=0
ou {
N =P cos θ0
Fa =P sinθ 0
então, {
N =mg cos θ0
Fa =mg sinθ 0
;

para a força de atrito máxima também se verifica F a=mg sin θmáx =¿ μe N =μe mg cos θ máx ¿.
b) i) Quando a inclinação aumenta, diminui o cos θ e aumenta o sin θ , assim, a força normal diminui
e aumenta a componente do peso na direção do plano, aumentando igualmente a força de
atrito que se lhe opõe. A força de atrito estático aumenta apenas até atingir o seu valor máximo,
quando θ=θmáx .
mg sin θmáx
ii) Quando θ=θmáx verifica-se F a ,máx =mg sin θmáx =¿ μe mg cos θ máx ¿, logo μe =
mg cos θmáx
donde μe =tan θmáx .

2. a)

b) Enquanto o bloco A não deslizar, é nula a soma das forças que atuam em cada bloco. As
intensidades das resultante das forças de atrito e da tensão que atuam no bloco A são iguais, são
também iguais as intensidades do peso do bloco A e a força normal, assim como são iguais as
intensidades do peso do bloco B e da tensão do fio exercida em B. Como as tensões têm iguais
intensidades, conclui-se que a força de atrito e o peso do bloco B têm também igual intensidade.
mB , máx . g mB , máx .
c) i) F a ,máx .=μ e N=μ e m A g=m B ,máx . g , logo μe = , então μe = .
mA g mA
ii) A relação determinada evidencia uma proporcionalidade direta entre a massa dos blocos A e B.
Assim, o gráfico da massa de A em função da massa máxima de B é uma reta com ordenada na
origem nula e com declive igual ao coeficiente de atrito estático.

3. a) Se for mantida a área da superfície e o material da superfície da base do bloco A, quando se


colocam massas marcadas sobre o bloco A, pode investigar-se de que forma a força de atrito
estático máxima depende da massa total assente sobre a superfície da base de A.
b) Mantendo-se o material da superfície e a massa total assente sobre essa superfície, quando se varia
a área da superfície da base do bloco A, pode investigar-se de que forma a força de atrito estático
máxima depende da área da superfície de contacto.
c) Se for mantida a área da superfície da base do bloco A e a massa total assente sobre essa
superfície, quando se varia o tipo de superfície, pode investigar-se de que forma a força de atrito
estático máxima depende da natureza das superfícies em contacto.

4. Quando a massa do bloco B for superior a m B,máx., os blocos A e B entram em movimento. Como, em
geral, o coeficiente cinético é menor do que o coeficiente de atrito estático, as resultantes das forças
que atuam nos blocos A e B deixam de ser nulas. Consequentemente, os corpos adquirem um
movimento uniformemente acelerado (admitindo que a força de atrito cinético não depende da
velocidade do corpo).
– Desprezando as massas do fio e da roldana e o atrito no eixo da roldana, as tensões que atuam nos
blocos têm a mesma intensidade: T A=T B
– Para o bloco A, de massa mA: T A−F ac =m A a
– Para o bloco B, de massa mB: PB −T B=m B a
– Somando as expressões anteriores, membro a membro:

PB −T B +T A−F ac =m A a+ mB a ⟺ P B−F ac =( m A + mB ) a
F ac =μ c N =μ c m A g ;

mB g−( m A +mB ) a
mB g−μ c m A g=( m A +mB ) a ⟹ μc =
mA g
Trabalho Laboratorial

1. a) m=( 3755 ± 1 ) g
b) Mostram-se a seguir, para três recolhas, os três gráficos obtidos das forças exercidas pelo sensor de
força em função do tempo. Nos gráficos foram colocadas linhas verticais a tracejado delimitando os
intervalos de tempo para os quais se calcularam as forças médias nesses intervalos de tempo. Nos
intervalos de tempo assinalados os blocos moveram-se com velocidades aproximadamente
constantes.

máx
F ae /N F ac/N
A 6,89 5,77 A tabela seguinte contém as intensidades
B 6,56 5,88 máximas das forças e as intensidades médias
C 6,46 5,79 das forças após o corpo entrar em movimento.
Tomam-se, respetivamente, como a
intensidade da força de atrito estático máximo e a intensidade da força de atrito cinético.

c) Calculando as intensidades médias das forças de atrito da recolha anterior, e repetindo para outros
corpos assentes sobre a mesma superfície, obteve-se:
mtotal/g 1126 1620 2130 2622 3133 3755 4133
máx
F ae /N 2,42 3,03 3,97 4,62 5,95 6,64 7,25
F ac/N 2,09 2,61 3,54 4,03 5,29 5,81 6,79

2. a) m=( 2130 ± 1 ) g
máx
b) F ae = 6,23 N e F ac= 4,50 N

c) i) O gráfico ao lado mostra, para três


repetições, as intensidades das forças em
função do tempo, e apresentam-se as
intensidades máxima (estático) e média
(cinético) das forças de atrito.
m=( 2211± 1 ) g
máx
F ae = 5,23 N
F ac= 4,93 N

ii) O gráfico mostra as intensidades das forças


exercidas sobre o mesmo bloco, de massa
960,6 g, assente sobre a mesma superfície e
com o mesmo material na base, mas um com
uma base com metade da área do outro.
No de área A, as forças de atrito estático máxima
máx
e cinético foram: F ae = 2,61 N ; F ac= 2,46 N
No de área 2A, as forças de atrito estático
máx
máxima e cinético foram: F ae = 2,65 N;
F ac= 2,53 N

3. a) Os ângulos máximos, com o bloco em repouso, foram: 15,5°, 16,0° e 15,0°.


b)
Massa do corpo apoiado na superfície m1/g 155 450 758 1078 2125
Massa mínima do corpo suspenso que origina movimento m2/g 45 131 208 310 485

4. O gráfico ao lado mostra as componentes escalares


das velocidades do bloco no seu movimento
acelerado e retardado, a que correspondem,
respetivamente, as acelerações de módulos a 1 e a 2.
−2
a 1=1 ,93 m s ; a 2=2 , 42 m s−2

Questões Pós-Laboratoriais (respostas)


1. a)
mtotal/g 1126 1620 2130 2622 3133 3755 4133
N /N 11,0 15,9 20,9 25,7 30,7 36,8 40,5
máx
F ae /N 2,42 3,03 3,97 4,62 5,95 6,64 7,25
F ac/N 2,09 2,61 3,54 4,03 5,29 5,81 6,79

b)
As linhas de ajuste das forças de atrito em função da força normal, y=0,169 x +0,456 para o atrito
estático e y=0,159 x +0,199 para o atrito cinético, permitem obter os coeficientes de atrito
(iguais aos declives das retas) estático, μe =0,169 , e cinético, μc =0,158 .

2.
Para faces de igual material e diferente área:
máx
Tipo de material da superfície Área m/g F ae /N F ac/N μe μc
feltro A 960,6 2,61 2,46 0,28 0,26
feltro 2A 960,6 2,65 2,53 0,28 0,27

Para faces de igual área e diferente material de superfície:


máx
Tipo de material da superfície m/g F ae /N F ac/N μe μc
madeira 2130 6,23 4,50 0,30 0,22
acrílico 2211 5,23 4,93 0,24 0,23

3. a) A média dos ângulos para a qual ocorre iminência de movimento é 15,5°.


O coeficiente atrito estático é dado por: μe =tan 15 ,5 °=0 ,28
b)
As linhas de ajuste, γ =0,268 x +8,200 para o atrito
estático, permite obter o coeficiente de atrito (igual
ao declive da reta) estático de μe =0,268=0 , 27.
O valor obtido é próximo do determinado
anteriormente, e a diferença entre os dois valores
encontra-se dentro da incerteza experimental.

4. Massa do corpo: ( 205 ± 1 ) g ; Massa do bloco suspenso: ( 116 ± 1 ) g

a 1/ m s−2 μc a 2/ m s−2 μc
1,93 0,26 -2,42 0,25

Os valores dos coeficientes de atrito determinados diferem ligeiramente, mas para o calculado por
a 1 assumiu-se que a massa do fio e roldana eram desprezáveis. Então o calculado por a 2, 0,25,
deverá estar mais próximo do valor real.
a) Para se empurrar um objeto com velocidade constante aplica-se sobre ele uma força de
intensidade igual à intensidade da força de atrito cinético. Para se retirar do repouso tem de se
exercer uma força de intensidade superior à da força de atrito estático máxima. Como se
observou, a força de atrito estático máxima tem maior intensidade do que a força de atrito
cinético, consequentemente é mais fácil manter um objeto com velocidade constante do que
retirá-lo do repouso.
b) Na direção do plano inclinado um corpo fica sujeito à componente do peso, mg sin θ, com
sentido descendente, e à força de atrito cinético, μc m g cos θ , com sentido ascendente.
Com ambas as componentes são diretamente proporcionais à massa, a aceleração não depende
da massa. Assim, a aceleração de um corpo num plano inclinado com atrito é
a=g sin θ−μ c g cos θ . Como a superfície do material é igual os coeficientes de atrito das
superfícies dos corpos e do plano são iguais, então, eles terão iguais acelerações e saindo do
mesmo nível no mesmo instante chegarão à base também no mesmo instante.

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