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CURSO BÁSICO DE
OPERAÇÃO DE SISTEMAS DE
GLP REFRIGERADO
1ª PARTE
CONCEITOS BÁSICOS

Autor: Antonio Lauro de Moura Campos


Atualização: Almir Salvador da Silva
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Índice

INTRODUÇÃO

1. CONCEITO FISÍCOS IMPORTANTES


1.1 Pressão
1.2 Energia
1.3 Peso Específico
1.4 Massa Específica
1.5 Densidade
1.6 Viscosidade
1.7 Temperatura
1.7.1 Conceituação
1.7.2 Zero Absoluto
1.7.3 Escalas Termométricas
1.8 Calor
1.8.1 Conceituação
1.8.2 Calor Específico
1.8.3 Calor sensível e Calor Latente
1.9 Transferência de Calor
1.9.1 Conceituação
1.9.2 Transferência de Calor por Condução
1.9.3 Transferência de Calor por Convecção
1.9.4 Transferência de Calor por Irradiação
1.10 Entalpia (h)
1.11 Entrapia (s)
1.12 Ponto de Ebulição (à Pressão Atmosférica)

2. CONCEITOS BÁSICOS DE QUIMICA APLICADOS AOS


HIDROCARBONETOS
2.1 Constituição da Matéria - Átomos e Moléculas
2.2 Fórmulas, Molecular e Estrutural
2.3 Peso Atômico e Peso Molecular

3. FASE VAPOR E FASE LÍQUIDA


3.1 Conceito de Fase Vapor
3.1.1 Interpretação da Pressão de um Gás
3.1.2 Interpretação da Temperatura em um Gás
3.1.3 Comportamento dos Gases
3.2 Conceito de Fase Líquida

4. MUDANÇA E EQUILIBRIO DE FASE


4.1 Mudança De Fase De Substâncias Puras
4.1.1 Vaporização
4.1.2 Condensação
4.1.3 Curvas de Equilibrio de Fases
3

5. DIAGRAMA DE MOLLIER
5.1 Conceituação
5.2 Transformações Termodinâmicas

6. FUNDAMENTOS DE REFRIGERAÇÃO
6.1 Conceituação
6.2 Funcionamento de Um Refrigerador
6.3 Ciclo Básico de Refrigeração

7. MATERIAIS PARA BAIXAS TEMPERATURAS


7.1 Ductilidade e Fragilidade
7.2 Ruptura Dúctil e Ruptura Frágil
7.3 Influência da Temperatura na Fragilidade dos Materiais
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INTRODUÇÃO

O "CURSO BÁSICO DE OPERAÇÃO DE SISTEMA DE GLP


REFRIGERADO" tem por objetivo o treinamento dos operadores
dos Terminais que operam as Unidades onde haja armazenamento
de GLP refrigerado. O curso foi dividido em três capítulos:

I - CONCEITOS BÁSICOS:
Destinado a fornecer aos operadores os conceitos teóricos
básicos, necessários à compreensão do restante do curso. Como o
objetivo do nosso curso é propiciar aos operadores conceitos que
possam ser facilmente assimilados em seu trabalho, este capítulo
inicial foi resumido ao mínimo necessário. Para isso, as definições e
conceitos aqui tratados, são apresentados, de maneira simplificada,
pouco rigorosa e em alguns casos de forma incompleta, que,
entretanto, atendem ao objetivo inicialmente proposto.

II - EQUIPAMENTOS:
Nessa parte do curso são apresentados os conceitos gerais
sobre a operação e o funcionamento dos equipamentos instalados
nos Terminais. A operação dos equipamentos específicos de cada
Tancagem será objeto de um treinamento posterior a ser realizado
pelo método de estudo dirigido e prática no campo.

III - CONCEITOS OPERACIONAIS:


Nesse capítulo final é descrita a Planta com seus diversos
processos Operacionais visando transmitir aos operadores o
princípio de funcionamento de todo o sistema. Não foi analisado o
detalhe de "como operar a Planta”, vendo-se apenas “como
funciona a planta”. A operação do sistema será objeto de estudo
dirigido, a ser desenvolvido em cada Terminal, com estágios e
treinamento prático no campo.

No transcorrer do curso será ressaltada a importância do


operador como elemento diretamente ligado a atividade fim da
nossa Empresa, e a responsabilidade do seu trabalho, que envolve
não apenas a eficiência do sistema como também a sua segurança.
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1- CONCEITO FISÍCOS IMPORTANTES


1.1 - PRESSÃO

Pressão exercida sobre certa superfície é a força que atua em cada unidade de
área. Numericamente teríamos:

P= F F = Força
A A = Área de atuação da força

- Unidades mais comuns: Kgf/cm2, atm, lbf/pol2 ou psi

- Relação entre as unidades:


1Kgf/cm2 = 14,2 psi
1atm = 1,033 Kgf/cm2
1atm = 14,7 psi

- Pressão atmosférica:
É a pressão exercida pela camada de ar que envolve a terra. A pressão
atmosférica depende da altitude.
Ao nível do mar equivale a 14,7psi ou 1,033 Kgf/cm2.

- Pressão manométrica:
É a pressão indicada por um manômetro convencional. Não é levada em conta
a influência da pressão atmosférica (o zero corresponde a pressão de 1atm)
- Unidades: Kgf/cm2 ou psig

- Pressão absoluta:
É o valor da pressão quando consideramos o efeito da pressão atmosférica (o
zero corresponde ao vácuo absoluto)
-Unidades: Kgf/cm2 abs. ou psia

- Relação entre a pressão manométrica e a absoluta


Na figura 1.3.1 fazemos uma comparação entre a pressão manométrica (Pm) e
a pressão absoluta (Pabs).

pm (Kgf/cm²) Pabs (Kgf/cm²)


3
4

Figura 1.1
2
3

pa = pm + patm
1
pm 2

pabs
0
1
Pressão
-1 Atmosférica
0 Vácuo Absoluto
Pressão Pressão
Manométrica Absoluta
6

Exemplos:
1) Qual é a pressão absoluta de um produto numa linha, cujo manômetro
registra 10 Kg/cm2?
2) Qual é a pressão manométrica (em psig) do vácuo absoluto?
3) Qual seria a pressão necessária para levantar o teto do tanque da Ilha
Redonda? Supor: Peso do teto: 30 t
Área do fundo do tanque: 500m2

4) Consideremos que um tanque e um tambor estejam com água até o


nível de 1m. Em qual dos casos apresentados será maior a pressão que
a água exerce sobre o fundo do recipiente?
Dados: Área da base do tanque: 1.000m2
Área da base do tambor: 1m2

- Pressão de vapor
Pressão de vapor a uma determinada temperatura é a pressão na qual
coexistem as fases liquida e vapor em equilíbrio.
Para facilitar o entendimento desse conceito, consideremos um pistão cheio de
líquido, do qual diminuímos a pressão, pela movimentação da haste, como
mostra a figura abaixo. A uma determinada pressão observaremos a formação
de vapor. A pressão permanecerá constante, até que se evapore todo o líquido.
Essa pressão recebe o nome de pressão de vapor.

líquido
líquido + vapor
Pressão de Vapor
vapor

1 F

2 F

3 F

FIGURA 1.3.2 – Pressão de Vapor


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Um mesmo líquido, tem diferentes pressões de vapor, para diferentes


temperaturas. Quanto maior a temperatura maior a pressão de vapor.

Pv

FIGURA - 1.3.3 - VARIAÇÃO DA PRESSÃO DE VAPOR COM A


TEMPERATURA

Os líquidos mais voláteis são aqueles que têm maior pressão de vapor. Assim
sendo, a nafta tem maior pressão de vapor que a água.
Os gases são substâncias que têm pressão de vapor superior à pressão
atmosférica, na temperatura ambiente. Por exemplo, a pressão de vapor do
butano à temperatura ambiente é de 2,0 Kg/ cm2. Portanto, o butano
armazenado numa esfera pressurizada (sem refrigeração), terá essa pressão,
pois há o equilíbrio das duas fases. Se refrigerarmos esse produto, teremos
uma diminuição da pressão. A -6ºC o butano pode ser armazenado em
tanques, à pressão praticamente atmosférica.

Resumindo:

P < Pv Fase Vapor

P = Pv Líquido + Vapor

P > Pv Fase líquida

EXERCICIOS:

1) Uma esfera contém 4.000 m³ de GLP, a uma pressão de 36 psig


(pressão manométrica). Depois de uma operação de descarga a esfera
passou a conter 2.000 m³ do mesmo produto. Supondo a temperatura
constante, qual seria a pressão na esfera depois da descarga? Por quê?

2) A pressão de vapor de um determinado fluido na temperatura ambiente


é de 10 psia. Esse fluido é um líquido ou um vapor?

3) Duas esferas estão cheias com o mesmo produto. Uma delas registra a
pressão de 3,1 Kg/cm2 e a outra 2,9 Kg/cm2. O que podemos concluir a
respeito das temperaturas desses produtos?
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4) Qual é o risco que existe em se fazer a drenagem da água utilizada no


teste hidrostático da esfera, com esse equipamento totalmente fechado?
Por que não existe esse problema se a esfera estiver cheia de GLP?

5) Ao ser retirada uma amostra de GLP com o densímetro notou-se o


aparecimento de bolhas provenientes do fundo do aparelho que
atrapalhavam a medição. Qual é a causa (ou quais são as causas)
provável dessa ocorrência? O que poderia ser feito para eliminar esse
problema?

6) Elabore um gráfico semelhante ao da figura 1.3.2 para butano e outro


para propano. (considerar o sentido inverso, ou seja: partir da condição
ambiente comprimindo o gás).

1.2 - ENERGIA

A energia pode ser definida como sendo a capacidade que um corpo ou


sistema possui, de produzir trabalho.

- Energia potencial: Energia armazenada pelo corpo devido a sua altura


(h) em relação a um nível de referência

- Energia cinética: Energia devida à velocidade do corpo

FIGURA - 1.3.4 Exemplo de transformação de energia

Outras formas de energia:


- Energia térmica
- Energia elétrica
- Energia nuclear
- Energia química
- Energia de pressão
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PRINCIPIOS DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA:

A energia total de um sistema fechado é constante. Quando diminui um tipo de


energia, aumenta outro, há somente transformação de energia de um tipo para
outro.
Exemplos de transformação de energia: Energia térmica
(ferro de passar)

Energia potencial Energia cinética Energia mecânica


da queda da água da água Energia Elétrica (liquidificador)

Energia de
pressão (bomba)

1.3 - PESO ESPECÍFICO


É o peso por unidade de volume de uma substância

=P Onde: P = peso do corpo


V V = volume do corpo

Unidades mais comuns: Kg/m3 e lb/pé3

O peso específico diminui com o aumento da temperatura, pois o volume


aumenta reduzindo a relação
P
V

1.4 - MASSA ESPECÍFICA

É massa por unidade de volume de uma substância.

P=m
V

Unidades mais comuns: Kg/m3, lb/pé3

1.5 - DENSIDADE

A densidade de uma substância é a relação entre o peso específico desta


substância e o peso específico de outra substância tomada como padrão.

d=
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Para a determinação da densidade dos líquidos, considera-se a água como


padrão e para os gases o padrão utilizado é o ar.
A densidade é um numero adimensional (não tem unidade).
Os corpos de menor densidade flutuam sobre os fluidos de maior densidade.

EXEMPLOS:
1) Qual é a densidade da gasolina?
Dado: peso específico da gasolina 750 Kgf/m3
2) Explique o princípio de funcionamento do balão de São João?
3) Explique o princípio de funcionamento do separador de água e óleo?
4) Quais são o peso específico, a massa específica e a densidade de um
produto, sabendo que um litro desse produto pesa 780g?

1.6 - VISCOSIDADE

Viscosidade é a resistência oposta pelas camadas líquidas ao deslocamento


relativo. Assim sendo, sempre que temos fluidos em movimento, o
deslocamento recíproco das partículas acarreta um esforço de atrito.

Símbolo de viscosidade: µ ou δ
Unidade mais comum: SSU

O gráfico da Figura 1.3.5 mostra o comportamento da viscosidade de alguns


fluidos, quando variamos a temperatura.

Viscosidade (µ)

Temperatura (T)

FIGURA – 1.3.5 – Variação da viscosidade com a temperatura


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1.7 - TEMPERATURA

1.7.1 – Conceituação
Conforme veremos com maiores detalhes mais a frente, as substâncias
são constituídas por partículas extremamente pequenas chamadas de
moléculas. Essas partículas se encontram em constante movimento. A
temperatura de um corpo é a medida do grau de agitação das suas
moléculas (ou da energia cinética das moléculas).
Nos sólidos o movimento das moléculas é de vibração. Na figura 1.3.1
mostramos um mesmo corpo sólido em duas temperaturas T1 e T2 sendo
que T1 >T2. A movimentação (vibração) das moléculas na temperatura
T2 é mais intensa do que na temperatura T1.

T2 >T1
Molécula
s
T1 T2

FIGURA 1.3.6 – Conceituação de Temperatura

Geralmente dizemos que uma substância está quente quando sua


temperatura é maior que a do nosso corpo.

1.7.2 - ZERO ABSOLUTO

Conforme vimos, a temperatura é uma medida do grau de agitação das


moléculas. Portanto, se formos reduzindo gradativamente a temperatura
de um corpo, as suas moléculas irão reduzindo a intensidade do
movimento até pararem completamente. Uma vez que não é possível
reduzir o movimento das moléculas nessa situação, pois já se encontram
em repouso total, concluímos que seria impossível obtermos uma
temperatura de zero absoluto (corresponde a -273ºC) e é a menor
temperatura possível de ser conseguida.

1.7.3 - ESCALAS TERMOMÉTRICAS

São escalas utilizadas para medição de temperatura. As mais comuns


são: centígrados (°C), Fahrenheit (°F) e escala absoluta ou Kelvin (K).
Relação entre as escalas termométricas:

ºF – 32 = ºC
9 5

K = ºC + 273
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Apresentamos no anexo A.03 uma tabela para conversão de


temperaturas.

1.8 - CALOR

1.8.1 - Conceituação

Se colocarmos dois corpos, com temperaturas diferentes em contato, o


corpo mais frio se aquecerá e o mais quente esfriará de forma que após
certo tempo as temperaturas de ambos sejam iguais. Nesse exemplo
houve passagem de energia do corpo mais quente para o mais frio. Essa
energia recebe o nome de calor.
Em outras palavras, diremos que calor é a energia que flui de um corpo
mais quente para outro mais frio, quando colocados em contato.
Na figura 1.3.7 mostramos um corpo ‘A’ com temperatura Ta e um corpo
‘B’ com temperatura Tb < Ta. Representamos ainda o fluxo de calor
entre esses corpos que ocorrerá até que as temperaturas dos dois
corpos se igualem.

A B
Q
Ta < Tb
Ta Tb

FIGURA – 1.3.7 Conceituação de Calor

É essencial que a distinção entre calor (ou quantidade de calor) e


temperatura seja feita, para maior compreensão dos conceitos aqui
emitidos. Suponhamos que dois vasos, um contendo uma pequena
quantidade de água, e outro uma quantidade maior, são colocados sobre
idênticos sistemas de aquecimento e aquecidos durante o mesmo
tempo. É óbvio que em certo tempo a temperatura da vasilha contendo
pouca água terá aumentado mais que a outra. Nesse exemplo cederam-
se iguais quantidades de calor a cada vaso, contudo o aumento de
temperatura não foi o mesmo. Por outro lado, suponhamos que as duas
vasilhas estejam inicialmente a 20°C e que ambas são aquecidas a
100°C. É evidente que mais calor deve ser cedido à vasilha que contém
mais água. A variação de temperatura foi a mesma para ambas, porém
as quantidades de calor foram diferentes.
As unidades de quantidade de calor mais comuns são: cal, kcal (1000
cal) e BTU.

1.8.2 - CALOR ESPECÍFICO

Se considerarmos dois corpos com o mesmo peso, porém de materiais


distintos, observaremos que cedendo a mesma quantidade de calor a
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ambos, a variação de temperatura será diferente. Em outras palavras


dizemos que alguns materiais se aquecem mais do que outros
recebendo a mesma quantidade de calor.
A grandeza que mede essa propriedade dos materiais é o calor
específico. Considerando o calor específico expresso em Kcal/KgºC,
podemos definir como sendo a quantidade de calor (em Kcal) que eleva
em 1ºC a temperatura de um corpo de 1Kg.
Exemplo:
O calor específico da água é 1 Kcal/KgºC, ou seja, 1Kg de água precisa
de 1 Kcal para ser aquecido em 1ºC.
Um corpo ao receber certa quantidade de calor, pode aumentar ou não a
sua temperatura. Quando o calor provoca um aumento de temperatura,
é chamado de calor sensível.
Exemplo:
Se colocarmos uma panela cheia d’água, na temperatura ambiente,
sobre o fogo a água se aquecerá até 100ºC. Esse calor cedido à água é
chamado de calor sensível.

Em certas situações o calor cedido a um corpo não aumenta a sua


temperatura, mas provoca uma mudança de estado (vaporização, fusão,
etc.). Nesse caso o calor cedido ao corpo recebe o nome de calor
latente.
Exemplo:
Considerando o mesmo caso do exemplo anterior, temos que, após a
água atingir 100ºC, sua temperatura permanecerá constante até que
toda a água seja vaporizada.
Chamamos de calor latente de vaporização de um líquido, a quantidade
de calor necessária (absorvida pelo líquido) para vaporizar uma unidade
de massa desse líquido. Assim sendo um líquido possui um calor latente
de vaporização de 80Kcal/Kg, quando é necessário 80Kcal para
vaporizar 1 Kg do mesmo.
O calor latente de vaporização de um líquido diminui com o aumento da
pressão sob a qual a vaporização se processa.

1.9 - TRANSFERÊNCIAS DE CALOR

1.9.1 – Conceituação
Quando definimos calor, dissemos que é um tipo de energia “em
trânsito”, ou seja, uma energia que se transfere de um corpo mais
quente (de maior temperatura) para um corpo mais frio (de menor
temperatura). No exemplo dado nessa definição, os dois corpos eram
sólidos e estava em contato propiciando uma transferência de calor
entre eles chamada condução. Esse é um caso particular de
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transferência de calor, que pode, entretanto, ser efetuada de outras duas


maneiras, a saber: transferência de calor por convecção e por
irradiação.

1.9.2 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO

A transferência de calor por condução ocorre, como já vimos, quando há


o contato entre dois corpos em temperaturas diferentes. Essa
transferência ocorre porque as partículas (moléculas) do corpo de maior
temperatura possuem um maior grau de vibração ou agitação que se
transmite para o corpo mais frio quando colocados em contato.
A velocidade de transferência de calor (ou rapidez com que o calor se
transfere) depende da natureza dos materiais. Assim sendo se
colocarmos uma panela no fogo, cujo cabo é metálico, rapidamente o
calor será transferido do fundo da panela (aquecido pelo fogo) para o
cabo. Se o cabo for de madeira levará bastante tempo para ser
aquecido. Dizemos que o metal é um bom condutor de calor, enquanto
que a madeira é um mau condutor ou um material isolante.
Chamamos de condutividade de um material a constante K, que define a
rapidez com que o calor flui por esse material. Os bons condutores têm
elevada condutividade (K alto) e os isolantes têm baixa condutividade (K
pequeno). Outros exemplos de materiais isolantes:
- Espuma de poliuretano
- Espuma de vidro
- Lã de vidro
Fatores que influem na velocidade de transferência de calor por
condução:
a) Condutividade do material (K): quanto maior for a
condutividade, mais rápida será a transferência.
b) Área de contato: quanto maior for a área de contato, mais
rápida será a transferência
c) Espessura da parede ou distância entre os dois pontos de
temperaturas diferentes (T1 e T2): quanto maior for a espessura
menor será a velocidade de transferência.
d) Diferença de temperatura: quanto maior for a diferença de
temperatura entre o corpo mais quente e o mais frio (ou a parte
mais quente e a mais fria de um mesmo corpo) maior será a
velocidade de transferência.
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∆T = T2 –T1
A T2 < T1

e
T1 T2
Fig. 1.3.8 – Transferência de Calor por Condução
Numericamente teríamos:
Q = K.A. ∆T
t e Onde:

Q = velocidade de transferência de calor (Kcal/hora)


t

K = condutividade térmica

A = área (ver figura 1.3.8)

e = espessura de parede (ver figura 1.3.8)

∆T = diferença de temperatura (ver figura 1.3.8)

1.9.3 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO

A transferência de calor por convecção ocorre com os fluidos (líquidos e


gases). Essa transferência é feita pela movimentação da massa de fluido
devido às diferenças de densidades entre as partes mais quentes e as
mais frias desse fluido.
Assim sendo, consideramos o exemplo da panela com água colocada
sobre o fogo. A temperatura da água do fundo da panela se elevará
rapidamente devido a sua proximidade com a fonte de calor.
Aumentando a sua temperatura, a densidade será reduzida. A água do
fundo tornando-se menos densa subirá descendo em contrapartida a
água mais fria. Essa circulação do fluido provocará uma transferência de
calor muito mais intensa que a condução. Ou seja, a superfície do
líquido se aquecerá muito mais rapidamente do que se essa
transferência se processasse somente por condução.
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Fig. 1.3.9 – Transferência de Calor por Convecção

1.9.4 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR IRRADIAÇÃO

É a transferência de calor feita através de ondas eletromagnéticas que


não precisam de um meio para se processar.

Exemplo:

Transferência de calor do sol para a terra. O calor do sol chega a terra


através de ondas eletromagnéticas que atravessam o espaço vazio (sem
nenhuma matéria) que existe entre os dois astros.
Essa energia emitida pelo sol ao atingir uma superfície tem uma parte
refletida e outra absorvida. As cores claras refletem uma maior
quantidade dessa energia, absorvendo, portanto, uma parte menor.
Por esse motivo os tanques de GLP são brancos ou de cor de alumínio.

A figura 1.3.10 ilustra o mecanismo de absorção do calor por irradiação.

Qi = Calor incidente
Qr = Calor Refletido
Qa = Calor absorvido

Qi
Qi

Qr
SUPERFICIE SUPERFICIE
Qr
CLARA ESCURA

Qa

Qa
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Exercícios:

a) Por que as escadas dos tanques atmosféricos não são presas ao


costado como nos tanques convencionais? (cite três motivos)
b) Por que os trocadores de calor pedem a eficiência quando estão
sujos?
c) Por que o sol aquece mais às 12:00 h do que 17:00 h?
d) Qual é o principio de funcionamento da garrafa térmica?
e) Consideremos dois tanques atmosféricos, um deles armazenando
propano e outro butano. Se a temperatura ambiente for a mesma,
haverá alguma diferença entre as energias gastas pelos sistemas de
“boil-off” dos dois tanques?
f) Por que certos compressores de pequeno porte possuem aletas no
seu corpo?
g) Por que as roupas escuras aquecem mais do que as roupas claras?

1.10 – ENTALPIA (h)

Definição Simplificada: A entalpia de uma substância (em Kcal/Kg), é a


quantidade de calor (em Kcal) que é necessário fornecer a 1Kg dessa
substância para que ela passe do zero absoluto para a condição de pressão e
temperatura considerada.
Portanto, a entalpia de um hidrocarbonato exprime a quantidade de calor
contido nesse hidrocarboneto numa dada condição de pressão e temperatura.
Exemplo: A entalpia do n-butano é de 178 BTU/lb, na condição de
pressão atmosférica e temperatura ambiente (= 100 ºF).
Em outras palavras diríamos que precisamos ceder uma quantidade de
calor de 178 BTU a 1lb de butano na temperatura de zero absoluto, para
que ele atinja as condições de pressão e temperatura consideradas (P =
14,7 psia, T = 100ºF).
a) Aquecer o butano até a temperatura de fusão. O butano é sólido na
temperatura de zero absoluto (calor sensível: Qs1)
b) Fundir todo o butano (calor latente: QL1)
c) Aquecer o líquido até a temperatura de vaporização (calor sensível:
QS2)
d) Vaporizar todo o líquido (calor latente: QL2)
e) Aquecer o vapor de butano até a temperatura de 100ºC na pressão
atmosférica (calor sensível: QS3)
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T (ºF)

100

Qs3
Vapor
Tempo de QL2 Liq.+vap.
Vaporização

Qs2
Líquido
Tempo QL1 Sol.+liq.
de Fusão
Qs1
Sólido
-460
BTU/lb
Fig. 1.3.11 – Entalpia do Butano a 100ºF e Pressão atmosférica

O valor absoluto da entalpia não apresenta, normalmente, interesse. O


que interessa, em geral, é a variação da entalpia entre os dois estados,
porque ela representa a quantidade de calor fornecida ou eliminada.

Exemplo:

Um corpo estava num determinado estado 1 (numa determinada


condição de pressão e temperatura) e passou para o estado 2. As
entalpias nesses dois estados eram respectivamente h1 = 100 BTU/1b e
h2 = 150 BTU/1b. Pergunta-se:

a) O corpo recebeu ou cedeu calor?


b) A temperatura do corpo aumentou, diminuiu, permaneceu constante
ou não há dados para concluir?
c) Qual a quantidade de calor cedida ou retirada (pergunta a) de cada lb
desse corpo para que ele passasse da condição 1 para a 2?
d) Qual seria a quantidade de calor total cedida ou retirada do corpo
(pergunta a)?
Dados: massa do corpo 100 lb
Podemos, portanto, dizer que, sob certas condições especiais, o calor
cedido ou retirado de um corpo é dado por:

Q = m . (h2 – h1) Onde: Q = calor cedido ou retirado do corpo


m = massa do corpo
h1 = entalpia no estado 1
h2 = entalpia no estado 2
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1.11- ENTROPIA (s)


Consideremos um gás sendo comprimido, executando um trabalho, variando o
seu volume, etc. Se, a despeito de todas essas modificações do estado do gás,
ele não recebeu nem cedeu calor ao meio externo, haverá uma propriedade
que permanecerá constante, chamada entropia. De uma maneira mais geral
podemos dizer que a entropia é uma propriedade dos materiais que permanece
sempre constante sempre que não houver trocas de calor desse material com o
meio (definição simplificada).
Unidades de entropia: Kcal/Kg°C ou BTU/Ib°F.

1.12 - PONTO DE EBULIÇÃO (à pressão atmosférica)


O ponto de ebulição de um líquido à pressão atmosférica é a temperatura em
que esse líquido entra em ebulição, ou seja, é o ponto onde ocorre uma
vaporização violenta do líquido que provoca a geração de bolhas de vapor, na
pressão de 1 atm.
Na tabela A.5, em anexo, verificamos, por exemplo, que o ponto de ebulição do
n-butano é 31,1ºF (aproximadamente 0ºC). Isto significa que se tivéssemos
esse hidrocarbonato a uma temperatura bem abaixo desta e fossemos
aquecendo lentamente, enquanto não fosse atingida a temperatura de 31,1 ºF
não haveria ebulição embora houvesse uma vaporização lenta do produto. Ao
ser atingida essa temperatura, a vaporização passaria a ser violenta, havendo
a formação de bolhas no seio do líquido (considerando P = 1atm).

2 - CONCEITOS BÁSICOS DE QUIMICA APLICADOS AOS


HIDROCARBONETOS
2.1 - CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA - ÁTOMOS E MOLÉCULAS
a) Átomos
Os átomos são partículas da matéria, que não podem ser divididas por
nenhum processo químico ou físico (definição simplificada).
Os átomos de elementos diferentes têm propriedades diferentes, como
também diferentes pesos e afinidades.
O átomo é constituído por partículas elementares, que não existem no
estado livre. As principais partículas são:
- prótons (partículas com carga positiva)
- nêutrons (partículas sem carga elétrica)
- elétrons (partículas com carga negativa)
Os prótons e nêutrons se situam no centro do átomo (núcleo) e os
elétrons giram em sua volta a velocidades altíssimas, mantendo-se
agregados por forças de natureza elétrica (figura 2.1).
1 elétron (-) 6 elétrons

Núcleo: 1 próton + Núcleo: 6 prótons +


0 nêutron 6 nêutrons
Átomo de Hidrogênio Átomo de Carbono
Fig. 1.4.1 – Exemplos de Átomos
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b) Moléculas
Tomando-se uma substância pura e dividindo-a até chegar-se à mínima
porção que pode ocorrer, mantendo as propriedades do conjunto,
obtém-se a partícula que chamamos de molécula.
Portanto, molécula é o mínimo de uma substância que pode existir em
estado livre mantendo suas propriedades físicas e químicas
características.
Exemplos:
1) Uma molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio e um
átomo de oxigênio. Se separarmos essa molécula obteremos dois gases
(hidrogênio e oxigênio) com propriedades físicas e químicas
completamente diferentes da água.

H H

Fig. 1.4.2 – Molécula de água

2) Uma molécula de metano é formada por um átomo de carbono e


quatro de hidrogênio (figura 1.4.3)

H
|
H–C–H
|
H

Fig. 1.4.3 – Molécula de Metano

2.2 – FÓRMULAS, MOLECULAR E ESTRUTURAL


a) Fórmula molecular
A fórmula molecular é uma maneira de representar uma substância, através
dos tipos e quantidades de átomos que formam uma molécula dessa
substância.
Exemplos de fórmulas moleculares:
Água - H2O (dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio)
Metano - CH4 (um átomo de carbono e quatro de hidrogênio)
Propano C3H8 (três átomos de carbono e oito de hidrogênio)
21

b) Fórmula estrutural
A fórmula estrutural é uma representação das substâncias que, além da
quantidade dos átomos que constituem as suas moléculas, informa o tipo de
ligação entre elas.
Representamos abaixo as fórmulas dos produtos que podem ser armazenados
nos Terminais de GLP:
FÓRMULA FÓRMULA
SUBSTÂNCIA
MOLECULAR ESTRUTURAL
H H

PROPILENO OU C3h6 C= C– C–H


PROPENO
H H H
BUTANOS H H H H

a) N-Butano H – C – C – C– C – H

H H H H
H H H
C4H10 H – C – C– C – H
b) I-Butano
H H

H – C –H

H
BUTENOS H H H H

a) Buteno 1 C=C–C– C –H
(Butileno)
C4H8 H H H

H H H H
b) Buteno 2
(Butileno) H–C–C= C–C–H

H H
H H H H

C =C – C =C
BUTADIENO C4H6
H H
H H H

H–C–C–C–H
PROPANO C3h8
H H H
22

2.3 - PESO ATÔMICO E PESO MOLECULAR


a) Peso Atômico
Definiremos peso atômico de uma forma simplificada e aproximada que,
entretanto, atende os nossos objetivos: Consideraremos o peso atômico
do hidrogênio como sendo 1 u.a.m (unidade atômica de massa). O peso
atômico das demais substâncias representará quantas vezes o seu
átomo é mais pesado do que o hidrogênio.
b) Peso molecular
O peso molecular de uma substância é a soma dos pesos atômicos de
cada elemento que constitui a molécula dessa substância.
Exemplo: Peso molecular do metano (CH4)
Peso atômico do carbono: 12
Peso atômico dos quatro átomos de hidrogênio: 4 x 1 = 4
Peso molecular do metano: 12 + 4 = 16 u.a.m.
A tabela a seguir representa o peso atômico e molecular de algumas
substâncias.
ELEMENTO PESO PESO
ATÔMICO MOLECULAR
HIDROGÊNIO H 1 H2 2
CARBONO C 12 C 12
OXIGÊNIO O 16 O2 32
METANO -- -- CH4 16
ETANO -- -- C2H6 30
PROPANO -- -- C3H8 44
SUBSTÂNCIA
N-BUTANO -- -- C4H10 58
I-BUTANO -- -- C4H10 58
N-PENTANO -- -- C5H12 72

3 - FASE VAPOR E FASE LÍQUIDA


3.1 - CONCEITO DE FASE VAPOR
A fase vapor é um estado da matéria que se caracteriza pela grande
distância entre as moléculas do gás que se movimentam
desordenadamente se chocando umas com as outras ou com as
paredes do recipiente que a contém.

Fig. 1.5.1 – Representação


Esquemática da Fase Vapor

A fase vapor (ou o estado gasoso) se caracteriza, ainda, por não só


tomar o formato do recipiente que o contém, como também preencher
todo o volume desse recipiente. (forma e volume variáveis)
23

3.1.1 - INTERPRETAÇÃO DA PRESSÃO DE UM GÁS

Como vimos anteriormente o movimento das moléculas do gás gera


constantes choques dessas partículas com as paredes do recipiente.
Esses choques geram pequenas forças sobre a parede do vaso. A soma
de todas essas pequenas forças que agem sobre uma unidade de área é
a pressão que o gás exerce sobre a parede do vaso (figura 1.5.2)

F1

F2

F3
F (3kgf)
F4
F5
2
P = 3kgf/cm
F6

1cm2

Fig. 1.5.2 – Interpretação da Pressão (exemplo)

3.1.2 - INTERPRETAÇÃO DA TEMPERATURA EM UM GÁS

Conforme vimos, anteriormente, a temperatura é uma medida de energia


cinética (energia devida ao movimento) das moléculas. Assim sendo,
quanto maior for a temperatura, maior será a velocidade das moléculas
(figura 1.5.3)

T1 T2
T1 > T2

Fig. 1.5.3 – Interpretação da Temperatura em um gás


24

3.1.3 - COMPORTAMENTO DOS GASES

À temperatura constante, a pressão de uma determinada massa de gás


é inversamente proporcional ao volume ocupado. Assim sendo, se
reduzirmos o volume ocupado por um gás à metade, a pressão será
duas vezes maior (mantendo a temperatura constante).
Aumentando a temperatura, o volume ou a pressão aumentam na
mesma proporção.
Numericamente teríamos:

P V = cte ou
T

P1 V1 = P2 V2
T1 T2

Exercícios:
1) Suponhamos que uma esfera pressurizada estivesse vazia e
recebesse água para teste hidrostático até o seu nível máximo,
com todas as demais válvulas fechadas. Qual seria a pressão
no topo da esfera ao final da operação? Qual seria essa
pressão se a esfera ao invés de ar estivesse cheia de vapor de
butano?
2) Para realização do teste de resistência ao vácuo dos tanques
de GLP refrigerado, foi utilizado o seguinte procedimento:
• O tanque recebeu certa quantidade de água com as
válvulas do topo abertas.
• Fecharam-se todas as válvulas do topo do tanque e
efetuou-se a drenagem da água até ser atingida a pressão
desejada.
Qual seria a menor quantidade de água necessária para se
atingir a pressão de teste (-5 gf/cm²)?
• Dado: volume do tanque = 20.000m³

3) Na operação de inertização da esfera com nitrogênio foi


colocado em cada esfera 60.000Nm³ desse gás. Supondo que
todas as demais válvulas tivessem permanecido fechadas,
pergunta-se:
a) Haveria risco de explosão da esfera (estava sem PSV)?
b) Qual seria a pressão no final da operação.?

4) Com referência ao exercício anterior, suponhamos que a esfera


após ser inertizada, foi totalmente fechada com a pressão
residual de 500 gf/cm². Haverá possibilidade de aparecimento
de vácuo no interior da esfera?
Dados: Temperatura do gás no dia do fechamento = 40°C
Temperatura mínima do Rio de Janeiro = 10°C
25

5) Consideremos uma linha cheia de butano na fase vapor à


pressão de 2 Kgf/cm² e temperatura de 20°C. Suponhamos que
o sol aqueça o produto dessa linha para 40°C. Qual será a
pressão após esse aquecimento?
Será necessário instalar válvulas de alívio térmico na linha?
• Dado: pressão máxima de operação da linha = 300 Psig

6) Qual é a pressão máxima de uma bomba de bicicleta cujo pistão


se movimenta até a metade do curso máximo?

3.2 - CONCEITO DE FASE LÍQUIDA

A fase líquida é bem mais densa que a fase vapor, o que significa que o
número de moléculas por unidade de volume do líquido é bem maior que
o da fase vapor, conseqüentemente, o movimento e a velocidade de
deslocamento das moléculas são bem menores.

Fig. 1.5.4 – Representação esquemática da fase liquida.


O líquido possui volume constante e forma variável (assume a forma do
recipiente que o contem).

4. MUDANÇA E EQUILIBRIO DE FASE


4. 1 - MUDANÇA DE FASE DE SUBSTÂNCIAS PURAS

4.1.1 - Vaporização
Chama-se vaporização o fenômeno de passagem do estado líquido para
o estado gasoso. Quando a mudança de fase ocorre lentamente, e
somente na superfície do líquido, a qualquer condição de pressão e
temperatura, ela recebe o nome de evaporação. Se a mudança de fase
for violenta e houver a formação de bolhas de vapor no meio do líquido,
ela recebe o nome de ebulição. A ebulição de cada líquido ocorre, para
cada pressão, à uma temperatura determinada.
Um líquido poderá vaporizar-se pelo aumento de temperatura (à pressão
constante) ou redução da pressão (à temperatura constante) ou numa
combinação de ambos os processos.
26

a) Vaporização pelo Aumento da Temperatura

Consideremos um cilindro contendo água, somente na fase líquida.


Sobre esse cilindro existe um pistão de peso desprezível que fica solto,
mantendo, portanto, a pressão de 1atm sobre a água. Fornecemos calor
à água e observamos que sua temperatura subirá até 100°C, quando
então aparecerá a primeira bolha de vapor (ponto de bolha). Até a
vaporização de toda a água, a temperatura permanecerá constante e
igual a 100°C. Após a vaporização de toda a água, a temperatura do
vapor continuará aumentando (figura 1.6.1)

P = 760 mm hg

Vapor a 100ºC
Vapor

Vapor Líquido
100°C
Líquido
100ºC
Ponto de Bolha Ponto de Orvalho

Ponto de bolha
Vapor

100ºC liq + vapor P = 1atm

Líquido Ponto de orvalho

Volume

Fig. 1.6.1 – VAPORIZAÇÃO DA ÁGUA POR AUMENTO DE TEMPERATURA


27

EXPLICAÇÃO MICROSCÓPICA DO FENÔMENO: As moléculas do líquido se


encontram em constante movimento. Aquelas, próximas à superfície, que
possuem uma maior velocidade, podem vencer a força de coesão da superfície
(tensão superficial) e escapar do líquido passando para a fase vapor.

VAPORIZAÇÃO
Fig. 1.6.2 – INTERPRETAÇÃO MICROSCOPICA DO FENÔMENO DA
Portanto, vemos que aumentando a temperatura do líquido, aumenta a
velocidade das moléculas e, conseqüentemente, a sua vaporização.

b) Vaporização por Redução da Pressão – Se reduzirmos a pressão


do líquido até um determinado valor, também ocorrerá ebulição.
Considerando o mesmo exemplo do cilindro contendo água,
conseguiremos uma redução da pressão puxando para cima o pistão.
Ocorrerão os mesmos fenômenos que os descritos no caso anterior,
só que relativos à pressão.

F
F
F

Vapor
Primeira Líquido
bolha de
vapor Líquido
PONTO DE BOLHA PRESSÃO DE VAPOR PONTO DE
DA ÁGUA ORVALHO
P

Patm Líquido T=cte

Ponto de Orvalho
Liq + vapor
Vapor

Ponto de Bolha
Volume
Fig. 1.6.3 – VAPORIZAÇÃO DE AGUA POR REDUÇÃO
A redução da pressão sobre a superfície do líquido diminui a resistência à
saída das moléculas da água provocando a vaporização (explicação
simplificada).
28

4.1.2 - CONDENSAÇÃO

O fenômeno de condensação é o inverso da vaporização, ou seja, a


passagem do estado vapor para o estado líquido.

a) CONDENSAÇÃO POR REDUÇÃO DA TEMPERATURA

Consideremos o caso inverso do apresentado na figura 1.6.1, ou seja,


tomemos o vapor d’água na condição final do exemplo representado
nessa figura. Retirando calor da água teremos a formação da primeira
gota d’água a 100°C (ponto de orvalho). Continuando o processo de
retirada de calor da água teremos uma estabilização da temperatura em
100°C até que seja condensada a última bolha de vapor (ponto de
bolha). A partir de então a temperatura da água passará a reduzir. (Ver
figura 1.6.1, considerando a ordem inversa).

Cada produto condensa a uma temperatura diferente. No caso da água,


essa condensação, à pressão atmosférica, ocorre a 100°C. No caso do
butano ocorre a 0°C e do propano a –40°C.

Exercício:

1) Exemplificar o fenômeno de condensação mostrando um gráfico como


o da figura 1.6.1, para butano e propano (representar ambos os produtos
no mesmo gráfico).

b) CONDENSAÇÃO POR AUMENTO DA PRESSÃO

Consideremos o caso inverso do apresentado na figura 1.6.3, ou seja,


tomemos o exemplo de um cilindro cheio de vapor de butano.

Se movimentarmos o pistão para baixo, a pressão aumentará até um


determinado valor quando então ocorrerá a formação da primeira gota
de líquido (ponto de orvalho). A partir de então a pressão permanecerá
constante até a condensação da última bolha de vapor (ponto de bolha).

A partir desse ponto a pressão aumentará, à medida que se aumenta a


força sobre o pistão. (Ver figura 1.6.3, considerando o sentido inverso)
29

4.1.3 – CURVAS DE EQUILÍBRIO DE FASES

a) Substância Pura
Se realizarmos diversas experiências como a apresentada na figura
1.6.1, só que para diferentes pressões sobre o pistão, observaremos
que a medida que a pressão aumenta (pela colocação de pesos sobre o
pistão) a temperatura de ebulição aumenta, mudando os pontos de
bolha e orvalho. Ligando os pontos de bolhas, a diferentes pressões, e
os pontos de orvalho nessas pressões, teremos uma curva (curva
pontilhada da na figura 1.6.4) onde na região à esquerda a substância
encontra-se no estado líquido, o patamar interno à curva pontilhada
indica uma transformação, à temperatura constante, onde ocorre a
mudança de fase. Há, portanto, uma coexistência entre as fases líquidas
e vapor. Na região à direita, temos a fase vapor.

T
C P2

P1 = cte = 1atm
L+V

L V

V
Fig. 1.6.4 – EQUILÍBRIO LÍQUIDO-VAPOR PARA UMA SUBSTÂNCIA PURA
Analogamente, se fizermos diversas transformações à temperatura constante,
teremos os diagramas apresentados nas figuras 1.6.5 e 1.6.6.
P

D T = cte

Líquido

Ponto de orvalho
Ponto de bolha
B
0 liq. + vapor
A

V
Fig. 1.6.5 – DIAGRAMA PRESSÃO x VOLUME – SUBSTÂNCIA PURA
30

P no ponto B = P no ponto C

P T3
T4
C B
Pb Condensação T3

T2

Expansão

são
T3

res
T2

mp
Co
T1
T2
D
Pa Evaporação T1 A

T1

hC hA hB h
hD

Fig. 3.3.2 – CICLO BÁSICO DE REFRIGERAÇÃO

Fig. 1.6.6 – DIAGRAMA PRESSÃO x VOLUME – SUBSTÂNCIA


PURA – ISOTERNAS

b) Sistemas de Dois Componentes


Consideremos o caso de sistemas de dois componentes como, por
exemplo, o GLP que e uma mistura de propano e butano.
A figura 1.6.7 nos mostra uma mudança de fase à temperatura
constante. Vemos que nesse caso não ocorre um patamar paralelo ao
eixo do volume ou seja a linha que representa a mudança de fase é
inclinada. Isso ocorre porque as composições do líquido e do vapor
mudam constantemente durante a vaporização.

Líquido

Temperatura Constante

Líquido + vapor

Vapor

V
Fig. 1.6.7 – DIAGRAMA PRESSÃO x VOLUME – SISTEMA
DE DOIS COMPONENTES
31

Exercícios:
1) Explique o princípio de funcionamento da panela de pressão.
2) Elabore, quantitativamente, um gráfico, temperatura x quantidade
de calor cedida a um líquido, com mudança de fase (pressão
constante).

5 - DIAGRAMA DE MOLLIER
5.1 – CONCEITUAÇÃO
O diagrama de Mollier é um gráfico, Pressão x Entalpia, para diversas
temperaturas. Para elaboração do diagrama de Mollier de uma
substância, consideram-se diversas transformações feitas com
temperaturas constantes. (figura 1.7.1)

Fig. 1.7.1 – DIAGRAMA DE MOLLIER


32

Outras informações obtidas nos diagramas de Mollier:


Além da pressão, entalpia e temperatura, o diagrama de Mollier dá as
seguintes informações sobre o estado de uma substância:
- entropia
- porcentagem de vapor na faixa de coexistência das duas fases
- volume específico

Dadas duas das propriedades acima, podemos determinar as demais


utilizando o diagrama de Mollier.

5.2 - TRANSFORMAÇÕES TERMODINÂMICAS


a) Transformação isobárica: é uma transformação termodinâmica
realizada à pressão constante

b) Transformação isotérmica: é uma transformação à temperatura


constante

c) Transformação isoentálpica: é uma transformação à entalpia


constante

d) Transformação isoentrópica: é uma transformação à entropia


constante

Exercícios:
1) Dê um exemplo, mostrando no diagrama de Mollier do butano, uma
transformação:
- isobárica
- isotérmica
- isoentálpica
- isoentrópica
2) Qual é a entalpia do propano utilizado para a regeneração da torre de
secagem?
Dado temperatura 230°C, pressão manométrica: 15kgf/cm²
3) Qual é a temperatura do butano, em equilíbrio das fases líquida e vapor, na
pressão manométrica de 3Kgf/cm²?
4) Qual é a porcentagem de vapor formada numa expansão isoentálpica de
propano líquido saturado (no ponto de bolha), da pressão manométrica de
12kgf/cm² para a de 1Kgf/cm²?
5) Qual é a entalpia do propano à 80°C e pressão atmosférica?
6) Qual é a quantidade de calor absorvida por 1kg de propano para se
vaporizar na pressão de 1Kgf/cm² (absoluta)?
7) Qual é a porcentagem de vapor do butano na temperatura de 0°C e entalpia
de 100 kcal/kg?
33

8) Em que estado físico se apresenta o butano nas seguintes condições:


a) P = 2 bars e T = 60°C
b) P = 8 bars e T = 60°C
c) P = 2 bars e h = 120 kcal/kg
d) P = 2 bars e h = 210 kcal/kg
9) Mostre no diagrama de Mollier do butano uma compressão isoentrópica da
pressão de 1Kgf/cm² absoluta (no ponto de orvalho) até a pressão de 8Kgf/cm²
(absoluta).
a) Qual será o estado físico do butano ao final da compressão?
b) Qual será a sua temperatura?
c) Seria possível condensar o butano nessa condição, utilizando água a
25°C como fluido frio?
10) Suponhamos que seja retirado calor do butano, na pressão de 4,5 Kgf/cm²
(absoluto), condensando-o do ponto de orvalho até o ponto de bolha. Mostre
essa transformação no gráfico.
a) Qual seria a quantidade de calor cedida por cada quilograma de
butano ao ambiente?
b) Qual seria a quantidade de calor total cedida pelo butano se
condensássemos 1.000kg desse produto?
11) Suponhamos que o butano, na pressão de 4,5 Kgf/cm² (absoluto) e no
ponto de bolha, sofra uma expansão isoentálpica, passando para a pressão
atmosférica.
a) Qual é a temperatura após a expansão?
b) Qual é a porcentagem de vapor formada?
12) Considere a vaporização do butano na pressão atmosférica. Represente
essa vaporização no diagrama de Mollier.
a) Qual é a quantidade de calor absorvida por cada quilograma de
b) butano? Qual é a quantidade de calor absorvida pelo butano, na
evaporação de 1.000kg?
13) A taxa de absorção de calor do tanque atmosférico (calor de "boil-off")
armazenando propano é de 80.000 kcal/h. Qual deverá ser a mínima
capacidade do compressor dessa unidade? (capacidade em kg/h)
14) Consideremos o tanque atmosférico armazenando propano. O compressor
da unidade de "boil-off" comprime (isoentropicamente) o vapor até 15 Kgf/cm²
(absoluta). Não considerar a expansão intermediária.
a) Qual é a temperatura de armazenamento?
b) Qual é a temperatura de descarga do compressor
e) Qual a quantidade de calor retirada de cada kg de produto pela água
do mar, nos condensadores?
d) Quais são a pressão e a temperatura na saída do condensador?
e) Qual é a porcentagem de vapor formada no retorno do produto ao
tanque?
f) Qual é a temperatura do produto na entrada do tanque?
g) Qual é a quantidade de calor absorvida do ambiente para cada kg de
produto vaporizado no tanque?
34

6 . FUNDAMENTOS DE REFRIGERAÇÃO

6.1 CONCEITUAÇÃO

Refrigeração é a ciência que estuda a produção e manutenção de


temperaturas abaixo da temperatura ambiente. Isso implica na obtenção
de diferenciais de temperaturas que podem ser produzidos de diversas
maneiras, desde a simples exposição de um corpo quente a um corpo
frio até a produção de frio através de ciclos frigoríficos. O sistema de
refrigeração dos terminais de GLP refrigerado tem o princípio de
funcionamento idêntico a uma geladeira, só que, nesse caso, resfriamos
gases pressurizados (butano, propano, GLP e propileno).

As repetidas transformações de um líquido em gás e depois de gás para


líquido são a base na qual se opera a refrigeração. Esse gás ou líquido
utilizado para a refrigeração é conhecido como fluido refrigerante e é o
meio através do qual se obtém o efeito de resfriamento.

6.1 FUNCIONAMENTO DE UM REFRIGERADOR

Um exemplo simples de um ciclo de refrigeração mecânica é a


geladeira, mostrada na figura 1.8.1, onde podemos destacar as
seguintes transformações:

a) Os vapores quentes, comprimidos, saem do compressor, pela


linha 1 e vão até o condensador, no ponto 2.

b) O condensador tira o calor dos gases quentes com a ajuda de


um ventilador que está conectado ao eixo do motor, fazendo com
que o refrigerante se condense.

c) A válvula de controle, no ponto 3, permite a passagem do


líquido até os tubinhos do evaporador reduzindo-lhe a pressão,
provocando, conseqüentemente, uma vaporização do fluido
refrigerante. Essa vaporização se dá com absorção de calor.
Calor este que é retirado do congelador, fazendo com que a sua
temperatura diminua.

d) Os vapores regressam à sucção do compressor para serem


recomprimidos.

e) O processo se repete, outra vez.


35

Note que o princípio básico para funcionamento deste esquema de refrigeração


é o fato de que a vaporização de um líquido é provocada pelo recebimento de
calor, calor este que seria fornecido pelo material a ser refrigerado (os
alimentos, no caso da geladeira e o GLP, no caso do sistema de
armazenamento refrigerado)

FIGURA – 1.8.1 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UMA GELADEIRA

6.3 - CICLO BÁSICO DE REFRIGERAÇÃO

Analisando o ciclo de transformações sucessivas sofridas pelo fluido


refrigerante, num diagrama pressão x entalpia, mostradas na figura 1.8.2,
teremos o seguinte:

Entrada Saída da
da água Q água
b
Região de CONDENSADOR
alta pressão
a

c
Compressor
Região de
baixa pressão
EVAPORADOR

d
Q
36

P no ponto B = P no ponto C

P T3
T4
C B
Pb Condensação T3

T2
Expansão

são
T3

res
T2

mp
Co
T1
T2
D
Pa Evaporação T1 A

T1

hC hA hB h
hD

Fig. 3.3.2 – CICLO BÁSICO DE REFRIGERAÇÃO

A B: o compressor succiona os vapores provenientes do evaporador, a


uma pressão Pa, e comprime-os até atingir a pressão de descarga Pb. Essa
transformação se dá com aumento da temperatura que passa de T1 para T4, e
aumento da entalpia que passa de hA para hB.
B C: os vapores são condensados ao passarem por um condensador que
trabalha à pressão constante. Esse condensador é um trocador de calor que
utiliza outro fluido mais frio para retirar calor do fluido refrigerante, provocando
a sua condensação. No exemplo da geladeira o condensador é um trocador de
calor constituído de tubos aletados que trocam calor com o ar ambiente que é
forçado através do ventilador. Nos terminais de GLP refrigerado utilizamos a
água do mar, sendo que os tubos aletados serão substituídos por trocadores
de calor de casco e tubos.
C D: ao atingir o ponto C, teremos o fluido refrigerante totalmente no
estado líquido, que ao passar pela válvula de expansão no trecho CD sofre
uma queda na pressão de PC para PA, resultante dessa expansão. Como já
vimos anteriormente, o processo de transformação numa válvula se dá
geralmente sem variação da entalpia (HC = HD). Como o ponto D está
internamente à curva de líquido + vapor teremos essas duas fases à entrada
do evaporador.
D A: nessa parte do ciclo, o fluido refrigerante vaporiza no evaporador, a
uma pressão constante (transformação isobárica). A vaporização do fluido se
dá com absorção de calor. Esse calor é retirado do meio que se quer refrigerar.
O evaporador está, portanto, colocado no congelador das geladeiras
domésticas. No nosso caso os evaporadores são trocadores de calor que
refrigeram o GLP pressurizado.
37

7 . MATERIAIS PARA BAIXAS TEMPERATURAS


7.1 - DUCTILIDADE E FRAGILIDADE
Os materiais têm diferentes capacidades de se deformarem quando
submetidos a esforços mecânicos. Por exemplo: o aço tem uma maior
capacidade de deformação do que o ferro fundido.

Essa propriedade de maior ou menor capacidade de deformação do


material recebe o nome de ductilidade. Dizemos, portanto, que o
material que suporta uma maior deformação, sem romper-se, é mais
dúctil do que outro que não suporta essa deformação. Assim sendo,
dizemos que no exemplo dado acima, o aço carbono é mais dúctil do
que o ferro fundido.

Não existe uma relação direta entre a ductilidade e a resistência de um


material (esforços que o material consegue suportar sem romper-se).

Exemplo: o aço é mais dúctil e mais resistente do que o ferro fundido,


entretanto o cobre é mais dúctil e menos resistente do que o aço.

Exercício:

Classifique, em ordem crescente de ductilidade, os seguintes materiais:

- aço carbono
- ferro fundido
- vidro
- cobre
- ouro

Fragilidade de um metal é a propriedade inversa da ductilidade, ou seja,


um material se diz mais frágil do que outro quando é menos dúctil do
que esse material. Dizemos, portanto, que o ferro fundido é mais frágil
do que o aço carbono.

Exercício: classificar os mesmos materiais do exercício anterior em


ordem crescente de sua fragilidade.
38

7.2 - RUPTURAS DÚCTIL FRÁGIL

Se exercermos numa barra de aço um esforço de tração que provoque a


ruptura do material, observaremos que essa ruptura é precedida de uma
deformação do material. Esse fenômeno recebe o nome de ruptura
dúctil. Se, entretanto, fizermos a mesma experiência com uma barra de
ferro fundido observaremos que a ruptura será instantânea e sem
deformação prévia. Esse tipo de fenômeno recebe o nome de fratura
frágil.
Nos exemplos acima, observamos que o momento da fratura dúctil pode
ser pressentido pela deformação do material enquanto que a ruptura
frágil é instantânea e imprevisível.
A figura 1.9.1 mostra a configuração das barras de aço e ferro fundido
após a ruptura.

Ruptura Frágil

Ruptura Dúctil

Fig. 1.9.1 – RUPTURA DÚCTIL E FRAGIL

A ruptura frágil é muito mais crítica e perigosa do que a ruptura dúctil. Se


aumentarmos gradativamente a pressão de um líquido dentro de uma
tubulação de aço até o ponto de ruptura, observaremos que ao aparecer
a primeira fratura no material a pressão cairá e a fratura se limitará a um
ponto relativamente pequeno da tubulação.

Se fizermos essa mesma experiência com a tubulação de ferro fundido,


ao ser atingido o limite de resistência do material ocorrerá
instantaneamente a ruptura total do tubo.

Dizemos que um material tem um comportamento dúctil, quando ele se


rompe com fratura dúctil e tem um comportamento frágil quando se
rompe com ruptura frágil.
39

7.3 - INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA FRAGILIDADE DOS


MATERIAIS

Vimos até agora, que a ductilidade é uma propriedade que varia de um


material para outro. Entretanto essa propriedade varia também num
mesmo material dependendo da sua temperatura. Assim sendo os
materiais ficam mais frágeis (menos dúcteis) em temperaturas mais
baixas. Essa variação, entretanto, não é contínua para a maioria dos
materiais, ou seja, se formos reduzindo a temperatura em intervalos
iguais não obteremos variações iguais da ductilidade. O que na
realidade ocorre é o seguinte: reduzindo a temperatura do material até
certo valor a sua ductilidade permanece praticamente inalterada até que
cai bruscamente, passando do comportamento dúctil para o
comportamento frágil. Essa temperatura onde ocorre a queda brusca da
ductilidade do material (ou a sua passagem do comportamento dúctil
para o frágil) recebe o nome de temperatura de transição. O gráfico da
figura 1.9.2 mostra a variação da ductilidade com a temperatura de um
determinado material.

Comportamento Comportamento
frágil dúctil

Ductilidade

Temperatura

Fig. 1.9.2 – TRANSIÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO DÚCTIL E FRÁGIL

A temperatura de transição varia de um material para outro. A


temperatura de transição do aço carbono é inferior a do ferro fundido, ou
seja, a sua passagem para o comportamento frágil ocorre a uma
temperatura mais baixa.

A adição de níquel no aço provoca a queda da temperatura de transição


adequando-o para o trabalho em baixas temperaturas. Os tanques e
tubulações que trabalham com GLP refrigerado são construídos com aço
que possui níquel em sua composição.
40

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