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CURSO BÁSICO DE BOMBAS PARA OPERADORES

ÍNDICE

1. PROPRIEDADES DOS FLUIDOS

1.1. GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES USUAIS


1.2. VARIAÇÃO DA VISCOSIDADE DOS PETRÓLEOS COM O GRAU API
1.3. VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DA ÁGUA DO MAR COM A PROFUNDIDADE
1.4. VARIAÇÃO DA VISCOSIDADE DO ÓLEO E DA EMULSÃO COM A TEMPERATURA
1.5. VARIAÇÃO DA VISCOSIDADE DA EMULSÃO COM O BSW

2. HISTÓRICO DAS BOMBAS HIDRÁULICAS

3. DEFINIÇÃO DE BOMBA HIDRÁULICA

4. BOMBAS VOLUMÉTRICAS OU DESLOCAMENTO POSITIVO

4.1. CLASSIFICAÇÃO
4.2. CURVA CARACTERÍSTICA TEÓRICA
4.3. CURVA CARACTERÍSTICA REAL
4.4. APLICAÇÃO DAS BOMBAS VOLUMÉTRICAS

5. BOMBAS ALTERNATIVAS

6. BOMBAS CENTRÍFUGAS OU TURBOBOMBAS

7. DIFERENÇA ENTRE BOMBA ALTERNATIVA E BOMBA CENTRÍFUGA

7.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO


7.2. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE
7.3. CURVA CARACTERÍSTICA DA BOMBA CENTRÍFUGA FORNECIDA PELO FABRICANTE
7.4. TIPOS DE CURVAS (H,Q) DE BOMBA CENTRÍFUGA

8. APLICAÇAO DAS BOMBAS HIDRÁULICAS NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

9. TRANSFERÊNCIA DE ÓLEO NA BACIA DE CAMPOS

10. PONTO DE OPERAÇÃO DA BOMBA CENTRÍFUGA

10.1. TIPOS DE ESCOAMENTO EM TUBULAÇÕES


10.2. PERDA DE CARGA EM TUBULAÇÕES
10.3. PERDA DE CARGA EM ACESSÓRIOS DE TUBULAÇÃO
10.4. CURVA DE PRESSÃO REQUERIDA NO OLEODUTO OU CURVA DO SISTEMA
10.5. VAZÃO DE OPERAÇÃO OU TRABALHO DA BOMBA CENTRÍFUGA

11. ASSOCIAÇÃO DE BOMBAS EM SÉRIE E EM PARALELO

12. ESCORVA DE BOMBA

13. CAVITAÇÃO DE BOMBA

14. VÁLVULA DE RECICLO, RECIRCULAÇÃO, FLUXO OU VAZÃO MÍNIMA

15. ANEXOS

A- FIGURAS E GRÁFICOS

B- BIBLIOGRAFIA

C- EXERCÍCIO PRÁTICO EM SALA DE AULA, PARA AVALIAÇÃO DE APRENDIZADO


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1. PROPRIEDADES DOS FLUIDOS:

1.1. GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES USUAIS:

 VOLUME:

É a medida do espaço ocupado por uma substância. Os sólidos têm forma própria,
porém os fluidos (líquidos e gases) tomam a forma dos recipientes que os contêm. As
unidades mais usuais na Indústria do Petróleo são m3, l, bbl, gal e pé3.

1 m3 = 1000 l = 6.29 bbl 1 bbl = 42 gal 1 pé = 0.3048 m 1 m3 = 35.3 pé3

Geometria Cubo Paralelepípedo Cilindro reto Cone reto Esfera Calota esférica

Volume a*a*a a*b*c Pi * R**2 *h 1/3*pi*R**2*h 4/3*pi*R**3 1/3*pi*h**2(3R-h)

 MASSA ESPECÍFICA (Rô):

É a quantidade de massa que ocupa uma unidade de volume. A unidade mais usual é
kg/m3.

 PESO ESPECÍFICO (Gama):

É a razão entre o peso de uma substância e a unidade de volume. A unidade mais usual
é N/m3.

F=m*a P=m*g gama = rô * g

 Densidade (d):

É a razão entre a massa específica de uma substaância e massa específica de outra


substância de referência em condições padrão.
Para as substâncias em estado sólido ou líquido, a substância de referência é a água.
Para as substâncias em estado gasoso, a substância de referência é o ar.
Com relação às condições padrão, há uma certa divergência quanto à fixação da
temperatura, embora haja um consenso geral com relação à pressão, tida como pressão
atmosférica ao nível do mar.
Os três valores padrão da temperatura, para água como substância de referência, são:

a) 4 gr. C (39.2 gr. F) – temperatura em que água apresenta maior peso específico.

b) 20 gr. C (68 gr. F) – temperatura recomendada pela ISO (International


Standardization Organization).

c) 15 gr. C (59 gr. F) – temperatura usada como API (American Petroleum Institute).
Tradicionalmente, contudo, a temperatura de 60 gr. F tem sido consagrada nos cálculos
de densidade, por ser desprezível a diferença do peso específico da água a 60 gr.F e 59
gr.F.
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 GRAU API:

A densidade dos petróleos medida a 60 gr. F e referida à massa específica da água,


tambem a 60 gr. F, pode ser expressa dessa forma:

GRAU API = (141.5 / d ) – 131.5

 PRESSÃO:

É a razão entre a componente normal de uma força e a área em que ela atua, ou seja é
força por unidade de área. A pressão exercida em um elemento de área de um fluido é
igual em todas as direções.
As unidades mais usadas são psi, kgf/cm2, Pa (pascal), bar, m H2O e mm Hg.

1 Pa = 1 N/m2 1 bar = 10**5 N/m2 = 10**5 Pa 1 kgf/cm2 = 14.22 psi

m H2O = é a pressão exercida por uma coluna de 1 metro de água a 4 gr.C (39.2 gr.C).

mm Hg = é a pressão exercida por uma coluna de 1 milímetro de mercúrio a 0 gr.C (32


gr.F).

As unidades m H2O e mm Hg são originárias do estudo de hidrostática que associa a


pressão P a uma altura H de coluna de líquido de peso específico gama, através da
expressão:

P = gama * H

Existem duas formas de apresentar a medida de pressão. A primeira é referida à


pressão zero absoluta e a pressão assim medida recebe a denominação de pressão
absoluta.
A outra é referida à pressão atmosférica do local da medição e é denominada pressão
relativa ou manométrica. Quando a pressão manométrica é inferior à pressão
atmosférica local, é usual chamá-la de vácuo.

Pabs = Pm + Pa

A pressão atmosférica do local varia com a altitude:

Altitude (m) 0 500 1000 2000 3000

Pa (psia) 14.7 14.4 14.2 13.7 3.2

 VISCOSIDADE ABSOLUTA OU DINÂMICA (mí):

A viscosidade é a resistência do líquido ao escoamento devido ao atrito interno entre as


moléculas do líquido (1).
A viscosidade é a resistência oposta pelas camadas líquidas ao escoamento reíproco (2).

F = mí * S * (delta v / delta x)
Onde:
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F é força que caracteriza a resistência oposta ao movimento da placa com velocidade
delta v, devido ao atrito entre as camadas de líquido.
S é área da placa fina imersa em um líquido e a uma distância delta x de uma
superfície fixa.
Mí ou coeficiente de viscosidade é a constante de proporcionalidade.

As unidades mais usadas são centipoise (cP) e Pa.s.

1 poise = 1 dyn.s/cm2 = 0.1 N.s/m2 = 0.1 Pa.s 1 poise = 100 cP

 VISCOSIDADE CINEMÁTICA (ní):

É a relação entre a viscosidade absoluta (mí) e a massa específica (rô).

Ní = mí / rô
As unidades mais usadas são m2/s, centistoke (cSt) e SSU (Segundos Saybolt
Universal).

1 stoke = 1 cm2/s 1 m2/s = 10**4 stokes = 10**6 cSt

A viscosidade cinemática (ní) de um fluido, em cSt, pode ser obtida através da sua
viscosidade absoluta (mí), em cP, e da sua densidade d, na temperatura em questão,
pela relação:

Ní (cSt) = mí (cP) / d

Normalmente, na PETROBRAS, as viscosidades cinemáticas são medidas no


equipamento de medição de velocidade de escoamento em tubing de pequeno diâmetro
a tempera-turas acima da TIAC (temperatura inicial de aparecimento de cristais de
parafina) e as viscosidades dinâmicas são medidas no equipamento BROOKFIELD, a
temperaturas abaixo da TIAC. Em seguida, são feitas as conversões de cSt para cP e
vice versa.
A temperaturas abaixo da TIAC, o petróleo cru exibe um comportamento Não-
Newtoniano, isto é, a sua viscosidade não apresenta um valor constante quando se varia
a taxa de cisalhamento (condições de agitação) da amostra, durante o processo de
medição. Esse fato indica que o petróleo em fluxo a temperaturas abaixo da TIAC, passa
a ter o valor de sua viscosidade dependente, além da própria temperatura, do grau de
turbulência dentro da tubulação.

SSU é uma unidade medida de viscosidade muito utilizada na indústria que corresponde
ao tempo, em segundos, que leva o fluido, em condições controladas de temperatura, a
escoar um volume de 60 cm3 através de um orifício padrão.
Para fluidos de viscosidade elevada ( acima de 250 SSU) é usada a viscosidade SSF
(Segundos Saybolt Furol) que corresponde à medida pelo mesmo processo que o SSU,
só que o orifício padrão tem um diâmetro maior.

As seguintes relações aproximadas podem ser usadas para converter SSU e SSF em
centistokes:

SSU < = 100 : ní (cSt) = 0.226 * SSU – 195 / SSU


SSU > 100 : ní (cSt) = 0.220 * SSU – 130 / SSU
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25 =< SSF < = 100 : ní (cSt) = 2.24 * SSF – 184 / SSF
SSF > 40 : ní (cSt) = 2.16 * SSF – 60 / SSF

 PRESSÃO DE VAPOR (Pv):

Quando um líquido, em qualquer temperatura, está em equilíbrio com seu próprio


vapor, a pressão correspondente é chamada pressão de vapor.
A pressão de vapor de todo líquido aumenta com a temperatura.
Se um líquido é composto de duas fases com pressão de vapor diferentes, a fase com a
pressão de vapor maior vai evaporar primeiro que a segunda fase, se houver aumento
de temperatura, mantendo-se a pressão constante.
No caso de um petróleo, que é uma mistura de hidrocarbonetos, e que está sendo
bombeado de um vaso separador de óleo e gás, podemos considerar que sua pressão
de vapor é igual a pressão de separação naquela temperatura e que todo o gás livre foi
liberado da massa de líquido, permanecendo apenas uma pequena concentração de
moléculas no estado gasoso em equilíbrio com o líquido.
Para cada temperatura, abaixo da temperatura crítica (acima da qual a substância será
100 % vapor), podemos observar que:

Se P < Pv = fase vapor


Se P = Pv = fase líquido + vapor
Se P> Pv = fase líquida

Como, normalmente, as bombas hidráulicas são construídas para operação com


líquidos, se houver queda de pressão na sucção a níveis iguais ou inferiores à pressão
de vapor do líquido bombeado na temperatura de bombeamento, pode acarretar sérios
danos ao equipamento.

1. 2. VARIAÇÃO DA VISCOSIDADE DOS PETRÓLEOS COM O GRAU API

Blends de Òleo Densidade Grau API Viscosidade @ 20 gr.C Viscosidade @ 40 gr. C


(15.6 gr.C) cSt cSt
Óleo Diesel
No. 3D 0.82 – 0.95 6 – 11.75
Roncador leve 28.8 23.4 11.5
Albacora leve 28 48 22
Cabiúnas 25 78 27
Caratinga 24 142 48
Marlim Sul leve 22 214 64
Marlim 20 500 133
Albacora leste 19 535 141
Roncador 17.5 908 216
pesado
Marlim Sul 16 3022 582
pesado
Lubrificante 0.88 – 0.935 507 - 682
SAE 70
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1.3. VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DA ÁGUA DO MAR COM A PROFUNDIDADE

Prof 0 50 100 150 200 250 300 400 500 600 650 750 900 1050
(m)
Temp
21 17 15.5 14 12.5 11 9.5 7.5 5 5 4.5 4 4 4
(grC)

1.4. VARIAÇÃO DA VISCOSIDADE DO ÓLEO OU DA EMULSÃO COM A TEMPERATURA

log log (VISC + 0.7) = A + B * log (T + 273)

VISC1 @ T1 e VISC2 @ T2 constantes A e B VISC3 @ T3

1.5. VARIAÇÃO DA VISCOSIDADE DA EMULSÃO COM O BSW

 VAZÃO BRUTA:

É a vazão de líquido bombeada para o oleoduto e é igual a soma da vazão de óleo e de


água produzida exportada.

Qb = Qo + Qw

Geralmente é a diferença de volume no(s) medidor (es) de exportação em um intervalo


de tempo de 24 horas multiplicada por um fator de correção dos medidores (erro
mecânico, encolhimento devido a liberação de gás e ao resfriamento).

Qb = (V2 – V1) / tempo

 BSW:

É teor de água no óleo exportado e é igual a razão de água pela vazão bruta, expressa
em porcentagem.

BSW = (Qw / Qb) *100

 EMULSÃO:

É a mistura de dois líquidos imiscíveis, um dos quais está disperso no outro sob a forma
de gotículas e mantem-se estabilizada pela ação de agentes emulsificantes.
A água associada ao petróleo pode apresentar-se formando emulsões, normalmente do
tipo água em óleo (A/O), na qual a água é fase interna e o petróleo a fase externa.
A viscosidade de uma emulsão pode diferir muito em relação a viscosidade das fases
que a geraram. Em geral, amostras com alto BSW tendem a exibir altos valores de
viscosidade e comportamento Não-Newtoniano pronunciado.
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Quando o teor de BSW aproxima-se de 50 %, a água pode se apresentar sob a forma
livre e quando o teor de BSW ultrapassa 80 %, a água passa a ser fase externa e óleo a
fase interna e origina-se uma emulsão do tipo óleo em água (O/A) ou emulsão inversa.
A emulsão inversa exibe valores de viscosidade menores que as do óleo.

 CÁLCULO DA VISCOSIDADE DE UMA NOVA EMULSÃO:

VISC = VISCe * ( 1 + Ao * BSW + A1 * (BSW ** 2) + A2 * (BSW**3)

VISC = viscosidade da emulsão VISCe = viscosidade da fase externa (óleo)

VISC4 @ T1 e BSW1, VISC5 @ T1 e BSW2, VISC6 @ T1 e BSW3 constantes Ao, A1 e A2

constantes Ao, A1 e A2 VISC6 @ T1 e BSW3

1.6. TEOREMA DE BERNOUILLI

O teorema de Bernouilli pode ser considerado como um caso particular do princípio de


conservação de energia e apresenta todos os seus termos expressos em energia por
unidade de massa.

P1/gama + v1**2/2g + Z1 = P2/gama + v2**2/2g + Z2 = constante

Na dedução do teorema de Bernouilli, foi considerada a hipótese do líquido ser ideal,


não levando em conta, portanto, a perda de energia devido ao trabalho de atrito,
viscosidade e turbilhonamento. Para líquidos reais, a equação adaptada considera essa
perda de energia, representada por hf e conhecida como perda de carga.

P1/gama + v1**2/2g + Z1 = P2/gama + v2**2/2g + Z2 + hf

1.7. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE

A equação da continuidade é uma expressão matemática da lei de conservação de


massa, que estabelece que a massa de uma partícula de fluido é constante.
Para o regime permanente (vazão não varia com o tempo em determinada seção da
tubulação) e para um líquido considerado incompressível, é válida a equação:

Q1=A1*v1 = A2*v2 = Q2 = constante

Onde v é a velocidade média e perpendicular a seção transversal de área A.


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2. HISTÓRICO DAS BOMBAS HIDRÁULICAS

Na época moderna, as bombas hidráulicas desempenham um papel


importantíssimo. Sob o ponto de vista industrial, elas ocupam o segundo lugar em
importância, perdendo apenas para o motor elétrico. E sua aplicação principal tem sido
no campo do abastecimento público de água.
Os povos antigos já aplicavam rudimentos de mecânica e física na fabricação de
engenhosos dispositivos acionados à custa da força humana ou da tração animal para
captação de água em rios ou cisternas. Em 3000 AC, os egípcios construíram a Picota e
a Nora e os persas a Roda D’água.
Em 250 AC, o matemático grego Ctesibius idealizou a primeira bomba propriamente
dita, que foi construída por Hero de Alexandria.
Arquimedes idealizou um dispositivo composto essencialmente de um parafuso
girando dentro de um cilindro oco, destinado a elevação mecânica da água. O Parafuso
de Arquimedes foi largamente empregado pelos holandeses, que introduziram algumas
modificações.
É curioso observar que nos 1800 anos seguintes praticamente nenhum
progresso foi realizado na Hidráulica. Merecem citações as seguintes contribuições
científicas:

1582/1610 – Foram instaladas bombas de pistão movidas por Roda D’água para abastecimento
d’água das cidades de Londres e Paris.

1588 – Ramelli idealizou a bomba de palhetas.

1593 – Servieri construiu a primeira bomba de engrenagem.

1689 – Denis Papin construiu a primeira bomba centrífuga da História, concretizando a idéia de
Leonardo da Vinci de aproveitar a ação da força centrífuga para levantamento d’água.

Final do século XVII – Savery, Newcomen e Cawley utilizaram o vapor d’água como força motriz
no acionamento das bombas de pistão, porém de baixíssima eficiência.

1730 – De Lamour aperfeiçou a bomba centrífuga.

1774 – James Watt apresentou uma máquina a vapor bastante aperfeiçoada e bem mais prática
que as anteriores.

1840 – Henry Worthington construiu uma bomba alternativa movida pela máquina a vapor de
Watt, conhecida como “burrinha”. Foi feita uma ligação direta da haste do pistão da bomba com
a haste do pistão do cilindro de vapor.

1849 – Na Inglaterra, começam a surgir as primeiras bombas centrífugas com os rotores de


palhetas curvas idealizadas por Appold; até então, os rotores possuiam palhetas retas.

1875 – Osborn Reynolds construiu a primeira bomba tipo turbina.

1887 – Osborn Reynolds construiu a primeira bomba muticelular.

1920 – Harry Vickers desenvolveu a primeira bomba de palhetas do tipo balanceada.

Segunda metade do século XX – As bombas centrífugas só vieram a ter grande impulso após o
advento das turbinas hidráulicas, utilizadas nas Usinas Hidrelétricas.
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3. DEFINIÇÃO DE BOMBA HIDRÁULICA

Bombas são máquinas operatrizes hidráulicas que recebem energia mecânica de


uma fonte externa e a transmitem ao líquido que passa por ela.
Em geral, essa energia é necessária para possibilitar o transporte desse líquido entre os
pontos de origem e de destino, sendo utilizada para vencer as perdas por atrito na
tubulação e para fornecer ao líquido o diferencial entre os níveis de energia nos dois
pontos. Podemos ter nos dois pontos, por exemplo, reservatórios de água, tanques de
combustíveis ou vasos de pressão para processamento de petróleo.
O que estamos chamando de nível de energia do ponto, E, pode ser representada
pelo trinômio de Bernoulli, e representa a energia útil em sistemas hidráulicos. A
diferença entre trinômios calculados nos dois pontos representa a energia por unidade
de peso que a bomba deverá fornecer ao líquido, H, e pode ser expressa por:

H = (P2d – P1s) / gama + delta Z + hf

Onde hf representa as perdas por atrito no percurso considerado.

Essa grandeza, H, recebe o nome de Altura Manométrica ou “Head”, e é, geralmente,


expressa em coluna de líquido bombeado (metros ou pés).

Para calcular a pressão desenvolvida pela bomba, temos a expressão:

Pbomba = (Pflange d – Pflange s) = H * gama

A potência cedida ao líquido é expressa por:

Pot = gama * Q * H

Onde Q representa a vazão e gama o peso epecífico do líquido.

A forma pela qual a bomba faz esta transferência de energia ao líquido origina
dois grandes grupos de bombas, cada um baseado em um princípio distinto.

Fazendo uma analogia com o problema de como levar água desde a base até o
topo de uma elevação, vemos que existem duas formas distintas de fazê-lo. A primeira
delas é subir o morro levando sucessivos baldes cheios de água e a segunda seria tentar
arremessar água a partir da base em direção ao topo.
A diferença entre os dois processos é que no primeiro deles, a energia foi
fornecida diretamente na forma potencial, enquanto que no segundo a energia foi
fornecida na forma cinética e gradualmente, essa energia cinética foi sendo convertida
em potencial. Esses dois princípios são os utilizados nos grupos de bombas
mencionados:

 as bombas volumétricas ou de deslocamento positivo utilizam o primeiro;

 as turbobombas ou bombas centrífugas empregam o segundo.


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Observando os princípios utilizados podemos já antever algumas características desses
dois grupos:

 a quantidade de água que se pode transportar parece ser maior no segundo caso;

 a altura máxima que pode ser atingida é maior no primeiro caso;


 o segundo processo não é muito eficiente no caso de líquidos muito viscosos, visto
que uma grande parte da energia cinética fornecida se perde por atrito.

4. BOMBAS VOLUMÉTRICAS OU DESLOCAMENTO POSITIVO

4.1. CLASSIFICAÇÃO

Conforme a analogia apresentada, anteriormente, as bombas volumétricas operam


isolando volumes distintos de líquido e transportando cada um deles até o destino, onde
o líquido é forçado a abandonar o volume. Podemos classificar as bombas volumétricas
quanto a forma com que são criados e eliminados esses volumes:

a) bombas de movimento alternativo retilíneo (bombas alternativas de pistão e


êmbolo);

b) bombas de movimento rotativo contínuo (bombas rotativas de engrenagens, palhetas


e parafusos);

c) bombas que combinam os dois movimentos anteriores (bombas de pistões radiais e


axiais).

4.2. CURVA CARACTERÍSTICA TEÓRICA

a) A vazão teórica de uma bomba volumétrica é função da rotação (número de ciclos),


do volume e número de elementos destinados a transportar o líquido, não havendo
nenhuma dependência de aspectos externos à bomba (tubulação ou duto).

b) Em teoria, nada limita a altura manométrica máxima de uma bomba volumétrica.


Além disso, esta altura é completamente independente da vazão em que se opera.
Na prática, esta característica determina a necessidade de se ter uma válvula de
alívio instalada na descarga destas bombas.

c) Como consequência destas características, a curva teórica de uma bomba


volumétrica é uma linha reta.

4.3. CURVA CARACTERÍSTICA REAL

a) A vazão real de uma bomba volumétrica é menor que a teórica, devido à parcela de
líquido que recircula escapando da região de alta energia para a de baixa.
Esta recirculação é função de:

 Diferença de pressão entre a descarga e a sucção;


 Viscosidade do líquido;
 Características de selagem da bomba
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Podemos definir o rendimento volumétrico como:

Efv = Qb / (Qb + Qr)

Onde os índices subscritos b e r referem-se a vazão efetivamente bombeada e à


recirculada.

b) A altura manométrica máxima de uma bomba volumétrica está limitada por:

 Considerações ligadas à resistência dos materiais envolvidos e também à


estanqueidade do sistema;

 A potência disponível no acionador;

 Valor da vazão recirculada, que como vimos aumenta com o diferencial de pressão.

Para uma pressão muito alta, todo líquido recircula e a vazão será nula, assim como
o rendimento da bomba. Os limites de utilização correspondem a uma vazão
recirculada na ordem de 40 a 50 % da vazão teórica.

c) A variação do rendimento e da potência com esses fatores é:

 A vazão recirculada aumenta com a pressão diferencial e diminui com a viscosidade.

 A potência aumenta com a pressão diferencial e com a viscosidade

d) As curvas reais de uma bomba volumétrica tem o aspecto de uma reta inclinada, com
a inclinação sendo função da maior ou menor viscosidade do líquido.

e) O controle de capacidade de bombas volumétricas é feito em geral através de


recirculação do líquido bombeado. Em alguns tipos de bombas é possível variar a
rotação do acionador, e em alguns outros, bem mais restritos, é possível variar a
dimensão dos elementos volumétricos que são isolados a cada ciclo (diâmetro da
camisa do cilindro ou comprimento do curso do pistão ou êmbolo).

4.4. APLICAÇÃO DAS BOMBAS VOLUMÉTRICAS

Devido às características apresentadas, as bombas volumétricas encontram suas


aplicações mais usuais em:

 Bombeamento de líquidos muitos viscosos. O fornecimento de energia cinética a


esses fluidos para posterior transformação em potencial não é muito eficiente em
virtude das grandes perdas por atrito.

 Situações onde se deseja grandes alturas manométricas e pequenas vazões.

 Situações onde se necessite vazões constantes e independentes da pressão do


sistema, como por exemplo, bombas de lubrificação.

 Sistemas que exigem uma vazão controlada e de precisão, como por exemplo,
bombas dosadoras.
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As bombas volumétricas podem funcionar com ar e são, em geral, auto-escorvantes.
Deve-se, no entanto, verificar se estas bombas podem funcionar a seco durante
períodos mais prolongados por questão de lubrificação interna, muitas vezes realizada
pelo próprio fluido bombeado.

5. BOMBAS ALTERNATIVAS

 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:

As bombas alternativas operam segundo o princípio clássico que contém em seu


interior um pistão ou um êmbolo em movimento alternativo. Este cilindro é dotado de
válvulas convenientemente dispostas e ligadas à sucção e à descarga da bomba,
permitindo o fluxo do líquido.

O movimento alternativo do pistão é conseguido por dois mecanismos distintos,


característicos do tipo de acionamento da bomba. O primeiro deles é o sistema biela-
manivela, usado em bombas acionadas a motor elétrico ou de combustão interna, que
consiste num sistema que transforma o movimento rotativo do motor em movimento
alternativo no pistão.

O segundo mecanismo consiste no sistema cilindro-vapor, algumas vezes chamada


bomba de ação direta. Neste caso, temos conectado ao pistão que bombeia o líquido,
um outro pistão trabalhando dentro de outro cilindro onde se pode injetar e retirar
vapor, de forma a promover o acionamento do primeiro pistão. Esse é o princípio das
máquinas a vapor, como por exemplo, a locomotiva a vapor.

 PISTÃO e ÊMBOLO:
As bombas alternativas para baixas pressões usam o pistão como elemento acioandor.
Quando as pressões envolvidas são maiores passa-se a preferir o êmbolo. A diferença
entre os dois está na relação entre as seções da haste e do cilindro e também na
relação entre as superfícies lateral e do cilindro; para maiores pressões, a haste deve
ter um diâmetro maior e também a superfície lateral aumentada para minimizar a
recirculação.

 SELAGEM:

O espaço entre as superfícies laterais do cilindro e do pistão é vedado por anéis de


segmento e o espaço entre o cilindro e o êmbolo é vedado por gaxetas. As bombas de
êmbolo podem ter injeção de um fluido de selagem (graxa ou óleo) e as bombas de
pistão podem ter camisas substituíveis no cilindro.

 SIMPLES e DUPLO EFEITO:

As bombas de pistão podem ser de simples ou de duplo efeito. As bombas de duplo


efeito aproximam-se bastante de duas bombas de simples efeito operando defasadas de
180 graus. Podemos observar que o volume deslocado na segunda câmara é menor em
virtude da existência da haste do pistão. Por essa razão não é possível construir bombas
de êmbolo de duplo efeito, pois nesse caso a haste representaria uma parcela
significativa do volume do cilindro. As bombas de duplo efeito necessitam de uma
selagem adicional na haste, que geralmente é feitas com gaxetas.
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 CILINDROS EM PARALELO:

Quando se necessita de vazões mais elevadas pode-se utilizar bombas que tem mais de
um cilindro, acionados por um mesmo eixo e regularmente defasados. Trata-se das
bombas duplex (dois cilindros) e triplex (três cilindros).

 VÁLVULAS:

As válvulas colocadas no cilindro operam com o diferencial de pressão dentro e fora do


cilindro (na sucção e descarga). Seu funcionamento é semelhante ao das válvulas de
retenção.

 AMORTECEDORES DE PULSAÇÃO:

As bombas simplex e de simples efeito apresentam períodos consideráveis de tempo


onde a vazão é nula. Isto gera uma carcterística pulsante no escoamento, que pode ser
danosa sob vários aspectos (golpe de ariete, vibrações e fadiga). Para atenuar essa
oscilação, é usado amortecedores de pulsação, que consiste em um recipiente
pressurizado ligado à descarga da bomba. No recipiente, existe uma certa quantidade
de gás, isolado do líquido por uma membrana ou diafragma. O efeito desse
amortecedor é tal que nos momentos de pico de vazão e pressão, o gás se comprime e
o recipiente absorve parte do líquido, que será depois devolvido à corrente principal no
período de baixa vazão que se segue, atenuando assim as oscilações.

 BOMBAS COM DIAFRAGMA:

Para líquidos muito agressivos e em bombas pequenas, podemos equipar o cilindro com
um diafragma, evitando assim o contato do líquido bombeado com o pistão e a parte
posterior do cilindro, além de garantir a completa estanqueidade.

6. BOMBAS CENTRÍFUGAS OU TURBOBOMBAS

 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:

Uma bomba centrífuga é básicamente composta de um rotor ou impelidor, que


transmite energia cinética, e uma carcaça, que o envolve e efetua as transformações de
energia cinética em potencial, além de dirigir o fluxo do líquido. O rotor, em sua
concepção mais simples, consiste em dois discos paralelos entre os quais existem pás
ou palhetas que formam canais por onde se escoa o líquido.
Um dos discos está fixo ao eixo da bomba e o outro tem uma abertura central maior
para permitir a entrada do fluxo.

Para o funcioanamento de uma bomba centrífuga é necessário que a carcaça e o rotor


estejam cheios com o líquido. Devido à rotação, o fluido contido nos canais do rotor é
impulsionado para a saída, criando uma depressão no centro, a qual aspira o líquido
desde a sucção, estabelecendo-se desta forma o fluxo contínuo através da bomba.

O líquido que atinge a periferia do rotor é lançado radialmente a alta velocidade, e é


então recolhido pelos canais da carcaça, que se caracterizam pelo fato de terem seções
divergentes, baixando a velocidade do fluxo e consequentemente elevando sua pressão.

Com relação à forma desses canais, as carcaças podem ser de dois tipos:
14
 CARCAÇA EM VOLUTA:

Nestas carcaças, a parte que circunda o motor é construída de forma a organizar o


escoamento e tentar uniformizar as velocidades. Nesse trecho, todas as parcelas do
fluxo já estão recolhidas e ainda em alta velocidade. O próximo trecho do canal
apresenta uma seção divergente que promove a transformação da velocidade em
pressão e encaminha o fluxo para a saída.

 CARCAÇA COM PÁS DIFUSORAS:

Neste caso, logo à saída do rotor estão dispostas uma série de pás que formam os
canais divergentes redutores de velocidade. Após a saída destas pás, está a carcaça,
que tem por função orientar o fluxo, já a velocidades menores e pressões mais
elevadas. A eficiência dessa conversão é maior que no caso da voluta, pois o caminho
percorrido a altas velocidades é minimizado, além de se ter melhor controle das
variações de seção entre as pás difusoras, que tem suas formas fabricadas com maior
precisão. Entretanto, a região de alto rendimento destas bombas é uma faixa de vazão
mais estreita do que a correspondente nas bombas com carcaça em voluta, devido às
perdas que ocorrem pelo desalinhamento do fluxo de líquido com as pás difusoras.

 ROTOR:

Os rotores ou impelidores podem ser classificados em:

a) Simples ou dupla sucção: as bombas de dupla sucção são utilizadas para vazões mais
elevadas ou em situações onde o problema de cavitação é crítico. As bombas de
dupla sucção apresentam um valor menor de NPSHr.
b) Abertos, semi-abertos e fechados: os rotores abertos e semi-abertos são indicados
para fluidos sujos, que tenham sólidos em suspensão e que possam obstruir as
passagens em um rotor convencional (fechado).

c) Radiais e axiais: os rotores radiais são mais adequados para pressões mais altas e os
axiais para vazões mais altas.

d) Indutores: são rotores axiais especialmente concebidos para serem adpatados na


sucção de outro rotor, radial, com o objetivo de atuar como booster e reduzir o
NPSHr da bomba.

e) Simples estágio e multi-estágios: Quando a bomba é fabricada somente com um


rotor é chamada de simples estágio e quando é fabricada com dois ou mais rotores
em série, é chamada de bomba de multi-estágios. Estas são empregadas para
grandes pressões de descarga. Em geral, são rotores de simples sucção, mas alguns
modelos usam rotores de dupla sucção no primeiro estágio como forma de se reduzir
o NPSHr.

 EIXO E MANCAIS:

As bombas podem ser horizontais ou verticais, dependendo da posição do eixo.


O eixo da bomba é o elemento responsável pela transmissão do torque do acionador ao
rotor.

Os mancais são os elementos responsáveis pelo suporte do conjunto rotativo ou girante.


15
Na maioria dos casos, os mancais são do tipo de rolamentos. Em algumas bombas de
maior porte, pode-se encontrar mancais de escora (axiais) do tipo de deslizamento.

 ANÉIS DE DESGASTE:

As bombas centrífugas são projetadas de forma a se manter folgas mínimas entre o


rotor e a carcaça, de forma a impedir o refluxo do líquido da descarga de volta para a
sucção. Como as folgas são mínimas

 SELAGEM:

O ponto da bomba onde o eixo atravessa sua parede, de forma a poder levar ao rotor o
torque necessário, deve ser selado para que não haja vazamentos do líquido para o
exterior da bomba, ou de ar para o seu interior, nos casos com pressão de sucção
negativa. Esta selagem é usualmente feita com gaxetas nas aplicações mais simples e
por selos mecânicos.
As gaxetas consistem em um cordão de material com características de deformação
plástica intensa, que é colocado em torno do eixo e comprimido axialmente de forma a
se deformar e se amoldar à superfície do eixo, promovendo então a vedação. Como
existe um atrito contínuo entre o eixo e a gaxeta, deve-se prever algum sistema de
lubrificação e mesmo de resfriamento dessa região, seja com o gotejamento do pr´prio
fluido bombeado ou com injeção de um fluido alternativo.
Os selos mecânicos consistem em um aprimoramento neste conceito, em que se
substitui o atrito das gaxetas com o eixo por um dispositivo que consiste de uma sede
fixa e uma rotativa, fixos respectivamente à carcaça e ao eixo. Estas sedes tem suas
faces altamente polidas e são feitas de materiais de durezas bastantes diferentes, de
forma que dissipam muito pouco calor ao se atritarem entre si. A necessidade de
lubrificação e resfriamento pode ainda ser necessária, porém em níveis bastante
inferiores ao caso das gaxetas.

 ACOPLAMENTOS:

O acoplamento de uma bomba ao seu acionador (motor ou turbina), é geralmente feito


através de um elemento que possibilita uma pequena flexibilidade entre os dois
conjuntos. Com isso as pequenas imperfeições do alinhamento entre as duas máquinas
podem ser absolvidas e não são transmitidas para os mancais das mesmas, onde
poderiam causar graves danos.

 CURVA TEÓRICA DA BOMBA CENTRÍFUGA:

O estudo das curvas teóricas de uma bomba centrífuga é feito através da análise das
velocidades do líquido na entrada e na saída do rotor. A expressão que exprime a
energia por unidade de peso fornecida ao líquido que atravessa o rotor em um intervalo
de tempo foi estabelecida por EULER:

HEAD = (ômega / gc) * (Vu2 * R2 – Vu1 * R1)

Onde ômega é a rotação e R2, R1 os raios externo e interno do rotor e Vu2, Vu1 as
velocidades tangenciais do líquido na entrada e na saída do rotor.
16
Essa equação básica para turbomáquinas (bombas, compressores e turbinas) pode ser
reorganizada em função da vazão do líquido bombeado:

HEAD = K1 – K2 * Q

Onde K1 e K2 são constantes e o HEAD varia linearmente com a vazão.


 EFEITO DO SLIP OU ESCORREGAMENTO:
Esse efeito consiste em uma rotação das partículas de líquido em relação ao rotor, em
direção contrária à rotação do mesmo. Ele ocorre devido ao efeito de inércia do líquido.
Na seção de saída do rotor, as velocidades absolutas não são mais uniformes e são
reduzidas.
Como consequência, a velocidade tangencial é menor que a idealizada no HEAD DE
EULER, havendo uma redução no mesmo e o valor resultante é o HEAD IDEAL.
É importante ressaltar que essa redução não implica em queda de eficiência da bomba,
visto que retrata apenas a diferença entre uma situação ideal de escoamento e outra,
mais próxima da realidade. Trata-se apenas de uma limitação da quantidade máxima de
energia que é possível ser transferida ao líquido por um rotor

 ATRITO E TURBULÊNCIA:

A energia útil efetivamente transmitida ao fluido é obtida deduzindo-se as perdas


geradas por atrito e por turbulência no fluxo. No primeiro caso, pode-se supor com
hipóteseaceitável que o atrito seja crescente com a vazão. Para a turbulência,
assumimos que esta perda é mínima no ponto de projeto da bomba, crescendo à
medida que o ponto de operação se afasta dele.
Estas duas perdas são levadas em conta no chamado rendimento hidráulico (Ef h).

 CURVA REAL DA BOMBA CENTRÍFUGA:

A curva de H versus Q é a resultante da redução de três parcelas da reta teórica de


EULER:

a) HEAD IDEAL = HEAD DE EULER – escorregamento

b) HEAD REAL = HEAD IDEAL – atrito – turbulência

É importante ter em mente que apesar do líquido ter recebido o HEAD real, a energia
efetivamente fornecida foi maior, igual ao HEAD ideal, e parte dessa energia foi
dissipada em calor.

 POTÊNCIA REAL DA BOMBA

A potência absorvida pela bomba é função, além do rendimento hidráulico (Ef h), dos
seguintes fatores:

a) Rendimento Volumétrico (Ef v): decorre do fato de pequena parcela do líquido


bombeado recircular para a sucção ou perder-se em vazamentos para fora. As perdas
volumétricas varia entre 2 % em bombas grandes e 10 % em bombas pequenas.

b) Rendimento Mecânico (Ef m): as perdas mecânicas tem duas componentes


principais. A primeira é a chamada de fricção no disco, que é o atrito entre o líquido e
as paredes externas do rotor e com a carcaça que o envolve. A segunda consiste nas
17
perdas por atrito em mancais e sistemas de selagem. As perdas mecânicas oscilam
entre 1 % em bombas grandes e 5 % para as pequenas.

Finalmente, o rendimento total da bomba, que nos permite determinar a potência


absorvida pela bomba, é dado por:

RENDIMENTO = EFICIÊNCIA (Ef b) = Ef h * Ef v * Ef m


A curva de potência observada na curva do fabricante refere-se à potência consumida
pela bomba, que é a utilizada para a seleção do acionador (motor elétrico, a gás, a
diesel ou turbina a vapor).

POT bomba = POT eixo = POT líquido / Ef b = potência consumida pela bomba ou
cedida ao eixo

POT líquido = gama * Q * H = potência absorvida pelo líquido

POT bomba = (gama * Q * H) / Ef b

7. DIFERENÇAS ENTRE BOMBA ALTERNATIVA E BOMBA CENTRÍFUGA

7.1. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

BOMBA CENTRÍFUGA: transforma energia mecânica em energia hidráulica, primeira-


mente sob a forma de velocidade (rotor ou impelidor) e depois
sob a forma de pressão (difusor ou carcaça em voluta).

EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE: Q = A1 . v1 = A2 . v2 = constante

EQUAÇÃO DE BERNOULLI: Z + P/gama + v(**2) / 2g = Constante

BOMBA ALTERNATIVA: transforma energia mecânica em energia hidráulica, direta-


mente sob a forma de pressão (mecanismos biela – manivela
e pistão - cilindro).

7.2. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE

BOMBA CENTRÍFUGA: depende da potência e rotação do motor, mecânica da bomba


(rotor, Difusor, carcaça), característica do líquido e do sistema
de escoamento (tubulação, oleoduto, acessórios e desnível
entre vasos e tanques).
VASO
B

LV OLEODUTO
18
BOMBA ALTERNATIVA: depende da potência e rotação do motor, mecânica da bomba
(pistão, cilindro, mecanismo biela – manivela) e característica
do líquido.

TANQUE

VAZÃO = VOLUME / TEMPO DE CICLO

VOLUME = AREA DO CILINDRO . CURSO (biela)

TEMPO DE CICLO = 1 / ROTAÇÃO DA MANIVELA (RPS, RPM, RPH)

7.3. CURVA CARACTERÍSTICA OU DE PERFORMANCE OU DE DESEMPENHO DA


BOMBA CENTRÍFUGA FORNECIDA PELO FABRICANTE

CURVA de HEAD (AMT, Hman, delta P) versus VAZÃO


Gama
/ CURVA de RENDIMENTO (EFICIÊNCIA) versus VAZÃO
xyz

CURVA de POTÊNCIA (BHP) versus VAZÃO

CURVA de NPSHrequerido versus VAZÃO

 CONVERSÃO DE HEAD PARA PRESSÃO DESENVOLVIDA PELA BOMBA:

GRAU API = (141.5 / d) – 131.5 d = (141.5 / (API + 131.5) )

P flange de descarga da bomba = P flange de sucção da bomba + delta P

Delta P = HEAD . (d /10) PdB = PsB + HEAD . (d /10)


 CÁLCULO DA POTÊNCIA DESENVOLVIDA PELA BOMBA:

POTÊNCIA NO EIXO = POT hidráulica + POT perdida POTb = POT hid / Ef b

POT hid = HEAD . VAZÃO . gama POTb = ( HEAD . VAZÃO . gama) / Ef b

Para: POT (kW), H (m), Q (m3/h) POT = ( H . Q . d ) / ( 367 . Efb )

Para: POT (HP), P (kgf/cm2), Q (m3/d) POT = ( P . Q . d ) / ( 657 . Efb )

Para: POT (kW), P (kgf/cm2), Q (m3/d) POT = ( P . Q . d ) / (881 . Efb )


19
EFEITO DA MASSA ESPECÍFICA E DA VISCOSIDADE:

 A curva de Q versus H independem do peso específico, pois, o HEAD é expresso em


coluna de líquido bombeado.

 A curva de Q versus Potência depende de “gama” e como é levantada para água,


necessita de correção.

 Quando o líquido bombeado fôr água, GLP, nafta, diesel ou petróleo leve (API > 28),
as curvas de Q versus H não precisam de correção para viscosidade.

 Quando o líquido bombeado fôr petróleo (API < 28), resíduos de vácuo e asfáltico, as
curvas de Q versus H precisam de correção para viscosidade. Nesse caso, deve-se
usar a carta do Hydraulic Institute.

Dica 1 ? Para POT (kW), H (m), Q (m3/h) :


POT = ( H . Q . d ) / ( 367 . Efb )

Dica 2 ? NPSH requerido = perda de carga expressa


em
metros entre o flange de sucção e o olho do

impelidor ou rotor.

impelidor.

7.4. TIPOS DE CURVAS (H,Q) DE BOMBA CENTRÍFUGA

 Curvas características Rising : HEADshut-off = 110% a 120 % HEADprojeto

 Curvas características Flat: HEADshut off < =110 % HEADprojeto

 Curvas características Steep: HEADshut off > =140 % HEADprojeto

 Curvas características Drooping: o HEAD de shut-off (vazão zero) é menor que


outros HEADs correspondentes à algumas vazões.

 Curvas características Unstable: existirão duas ou mais vazões para um


determinado HEAD
20

8. APLICAÇÃO DAS BOMBAS HIDRÁULICAS NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

8.1. Bombas Alternativas: baixa vazão e alta pressão

 Transferência de óleo de Estações Coletoras para Terminais Terrestres

 Injeção de produtos químicos no óleo, gás e água

 Alimentação de painéis de controle e linhas hidráulicas para abertura e


fechamento de válvulas de ESD e de manobra, MSPs e ANMs

 Circulação de lama de perfuração e fluido de completação em poços de


petróleo

 Injeção de fluidos para estimulação da rocha reservatório

 Injeção de água para teste hidrostático de vasos, tanques, tubulações,


linhas de coleta de petróleo e dutos de transferência de óleo e gás

 Elevação em poços de petróleo rasos e de baixa vazão (bombeio mecânico


ou cavalo de pau) e de alta viscosidade (bombeio hidráulico)

8.2. Bombas Centrífugas: alta vazão e alta/baixa pressão

 Transferência de óleo de UEPs (jaquetas, SSs, PAs, FPSOs) para UEPs / NTs

 Transferência de óleo de NTs para Terminais Terrestres

 Transferência de óleo de Terminais Terrestres para Refinarias

 Transferência de óleo de Terminais Oceânicos (NTs, FSOs) para NTs

 Transferência de óleo de UEPs (jaquetas, SSs) para Terminais Terrestres

 Transferência de óleo entre Unidades de Processamento das Refinarias

 Transferência de derivados de petróleo para Bases de Distribuição

 Captação e circulação de água potável, industrial, resfriamento e aquecimento.

 Recuperação de óleo e condensado de vasos e tanques

 Descarte e reinjeção de água oleosa

 Injeção de água para recuperação secundária

 Alimentação de caldeiras e rede de combate a incêndio

 Elevação em poços de petróleo profundos e de baixa RGO (Bombeio Centrífugo


Submerso).
21

9.TRANSFERÊNCIA DE ÓLEO NA BACIA DE CAMPOS

O projeto e a operação do sistema de exportação ou transferência de óleo na Bacia de


Campos depende, básicamente, da análise de dois fenômenos: o bombeamento na UEP
e o escoamento nas tubulações de superfície e nos dutos submarinos.
O bombeamento compreende o(s) conjunto(s) moto bombas, o vaso de sucção, a
tubulação de sucção, as válvulas de controle de nível e de recirculação ou fluxo mínimo.
O escoamento pode ser dividido em cinco trechos, conforme mostra o fluxograma
abaixo.

1=TUBULAÇÃO DE DESCARGA+ACESSÓRIOS TUBULAÇÃO DE CHEGADA +ACESSÓRIOS + VASO/TANQUE = 5

FSO- yy
QB = 2= RISER FLEXÍVEL OU SCR
BSW,QO,QW = NT - yy
Po =
To = RISER FLEXÍVEL OU SCR = 4 Po =
To =
API, d =
VISC1 @ T1 =
VISC2 @ T2 =

3= DUTO RÍGIDO OD=ID + 2e

TEMPERATURA DO FUNDO DO MAR = 15 gr.C @ 150 m / 4 gr.C @ 700 m

10. PONTO DE OPERAÇÃO DA BOMBA CENTRÍFUGA

10.1. TIPOS DE ESCOAMENTO EM TUBULAÇÕES

 LAMINAR: NÚMERO DE REYNOLDS (NRe) < 2300

 TURBULENTO: NRe > 4000

 TRANSIÇÃO: 2000 < NRe < 4000

NRe = 580 * Q / D * VISC Q (m3/d), D (pol) e VISC (cStokes = cSt)


22
O escoamento laminar é caracterizado por movimento ordenado do fluido (em lâminas).
No regime turbulento existe um movimento aleatório do fluido, sempre tri-
dimensional e transiente. Escoamentos turbulentos estão sempre associados
com altas taxas de mistura e também de dissipação de energia (maior perda de
carga).

No escoamento em dutos e no voo de um avião no ar, a turbulência é negativa, mas


existe aplicações onde ela é positiva. Adoçar café na xícara com uma colher, a
mistura combustível/ar para combustão e a lavagem de dutos são exemplos de
turbulência positiva.
O regime de fluxo no transporte de líquidos é definido pelo diâmetro econômico da
tubulação. Para isso, tem-se que fazer uma análise econômica para verificar se
é mais viável investir em diâmetros maiores (regime laminar) operando com
pressões de bombeamento menores ou investir mais em potência de
bombeamento operando com dutos de diâmetros menores (regime turbulento).
A vazão e a viscosidade do líquido são premissas de cada projeto e portanto são
constantes na análise econômica.

10.2. PERDA DE CARGA EM TUBULAÇÕES

 LAMINAR: delta Pf = 1.15 * 10(**-5) * (Q * L*VISC * d) / D (**4)

Delta P = perda de carga em kgf/cm2


Q = vazão em m3/d
L = comprimento em metros VISC = viscosidade em cSt
D= diâmetro interno em polegadas d = densidade

 TURBULENTO: delta Pf = 8.26 * (10**-3) * ( f * Q(**2) * L * d ) / D(**5)

f= fator de fricção (depende do Nre, rugosidade relativa da tubulação (k/D) e do Ábaco


de Moody).

k = 0.05 mm para aço comercial novo k = 0.15 mm para ferro galvanizado novo
k = 0,189 mm para duto de aço usado k/D = 0.004 para linhas flexíveis

 TRANSIÇÃO: Uma maneira de resolver o problema é fazer uma média aritmética


dos valores calculados para fluxo laminar e turbulento.

10.3. PERDA DE CARGA EM ACESSÓRIOS DE TUBULAÇÃO

Um método para o cálculo da perda de carga nos acessórios de tubulação, tais como,
válvulas globo, esfera, gaveta, retenção, curvas, joelhos e tês, é o do
comprimento equivalente. Basta determinar nas tabelas das páginas qual o
comprimento de tubulação cuja perda de carga equivale à perda de carga de
cada acessório.
Deve-se levantar no isométrico de tubulação e fazer uma lista de todos acessórios que
existam em um determinado trecho de duto e somar ao comprimento do duto
os comprimentos equivalentes dos acessórios. E finalmente, calcula-se a perda
de carga para o comprimento total.

10.4. CURVA DE PRESSÃO REQUERIDA NO OLEODUTO OU CURVA DO SISTEMA


23
Em qualquer sistema, quando se deseja transportar um fluido do ponto A para o ponto
B, deve-se adicionar ao mesmo uma certa quantidade de energia que será
utilizada para vencer os níveis de energia nos dois pontos.

A energia a ser adicionada deverá ser suficiente para:

 Compensar a diferença entre as cotas dos pontos A e B (delta Z = Zb-Za).

 Compensar a diferença entre as pressões dos vasos ou tanques nos pontos A e B


(delta P = Pb-Pa).

 Compensar as perdas de carga no percurso entre A e B (delta Pf ou hf).

As somas destas três parcelas, quando expressas em metros, denomina-se altura


manométrica do sistema, Hman.

Observa-se que as duas primeiras parcelas não variam com vazão de líquido, ao
contrário da terceira parcela, que é função do quadrado da vazão, no caso de fluxo
turbulento e varia linearmente com a vazão, no caso laminar.
A curva do sistema é definida, como sendo o gráfico que mostra a variação da altura
manométrica ou pressão requerida pelo sistema com a vazão.

A curva do sistema é alterada quando se altera uma das seguintes variáveis:

 Cota dos pontos A ou B.

 Pressão dos vasos ou tanques nos pontos A ou B.

 Comprimento do duto submarino, dos risers ou das tubulações aéreas.

 Diâmetro interno do duto submarino, dos risers ou das tubulações aéreas.

 Viscosidade e peso específico do líquido (substituição ou mistura de líquidos ou


aumento de BSW).

 Material do duto submarino ou riser (de aço rígido ou de camadas flexíveis).

 Profundidade do mar ao longo do duto (altera a troca a térmica e a viscosidade).

 Temperatura de exportação do líquido (altera a troca térmica e a viscosidade).

As alterações acima ocorrem, quando se altera o projeto do sistema de bombeamento


ou quando se muda de instalação (locação da plataforma ou FSO).

Quando se deseja um sistema de controle para o sistema de bombeamento, é


instalada uma válvula de controle de nível (plantas de produção) ou de fluxo (plantas de
refino) na linha de descarga da bomba. Esse método possibilita aumentar a perda de
carga no sistema e reduzir a vazão da bomba, com o fechamento automático da válvula.
Esse método apresenta, entretanto, uma característica de perda de rendimento no
processo de transporte do líquido, devido ao fato de se estar introduzindo uma perda de
carga adicional. Para otimizar o controle de vazão, essas válvulas devem ser projetadas
para operar no mínimo com 50 % de abertura (cálculo do diâmetro e Cv).
24

Outras formas de controle de vazão, otimizando o ponto de trabalho da bomba:

 Alterar a configuração (série ou paralelo) das bombas em operação.

 Alterar o número de bombas em operação.

 Trocar o diâmetro dos rotores das bombas.

 Alterar a rotação das bombas, utilizando variadores de frequência (VSD).

Quando as alterações acima ocorrem, está se alterando a curva resultante das bombas e
consequentemente o ponto de operação das mesmas, mantendo-se a curva do oleoduto ou sistema
constante.

Abaixo, mostramos três curvas de pressão requerida para o oleoduto de 12 pol e 18.780 m
interligando uma plataforma (P-20) a um FPSO (P-32), variando o BSW do óleo de Marlim:

 BSW = 0 %:

VAZÃO 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
(m3/d)
PRESSÃO 18.7 25.4 29.5 32.4 33.7 34.7 35.9 37.8 40.4 43.8
(kgf/cm2)

 BSW = 20 %:

VAZÃO 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
(m3/d)
PRESSÃO 33.1 47.7 56.9 63.4 68.5 72.9 76.9 80.5 83.7 85
(kgf/cm2)

 BSW = 40 %:

VAZÃO 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
(m3/d)
PRESSÃO 62.5 92.5 111 123.9 134 142.4 150 157. 163.6 170.1
(kgf/cm2)

 BSW = 80 %:

VAZÃO 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
(m3/d)
PRESSÃO 6 6.9 8.2 10 12.2 14.9 18 21.5 25.5 29.9
(kgf/cm2)

10.5. VAZÃO DE OPERAÇÃO OU TRABALHO DA BOMBA CENTRÍFUGA

É a vazão referente ao ponto de interseção das curvas da bomba e do oleoduto, quando


não houver válvula de controle entre a descarga da bomba e a saída do oleoduto.

Quando houver válvula de controle, é a vazão cuja diferença de pressão é igual a perda
de carga da válvula de controle para determinada abertura da mesma.
25

11. ASSOCIAÇÃO DE BOMBAS EM SÉRIE E EM PARALELO

 EM PARALELO: a vazão Q2 na curva resultante é igual a (2*Q1), mantendo-se o


mesmo delta P.
A nova vazão de bombeamento Q3 estará entre Q1 e Q2.
A nova pressão de bombeamento aumenta um pouco.

A associação em paralelo é usada nas situações em que se necessita uma vazão maior.
A configuração das bombas em paralelo é feita ligando-se os ramais de sucção e de
descarga a troncos (HEADERs) comuns, de forma que as vazões de cada bomba sejam
somadas e as pressões permaneçam inalterados.
A curva resultante deste arranjo é obtida somando-se as vazões de cada bomba a uma
mesma pressão.
Poderão ser associadas em paralelo, duas bombas iguais ou diferentes.

 EM SÉRIE: a pressão P2 na curva resultante é igual a (2.P1), mantendo-se


a mesma vazão.
A nova pressão devazão de bombeamento Q3 estará entre P1 e
P2.
A nova vazão de bombeamento aumenta um pouco.

A associação em série é usada quando se deseja atingir pontos de operação com vazões
moderadas e pressões elevadas. Nesta configuração, conecta-se a descarga da primeira
bomba à sucção da segunda, de forma que a pressão resultante seja a soma das duas
parcelas adicionadas ao líquido nas duas bombas.
A curva resultante da associação de duas bombas em série é obtida graficamente pela
soma das pressões fornecidas pelas bombas a uma mesma vazão.
Poderão ser associadas em série duas ou mais bombas iguais ou diferentes.

O procedimento é o mesmo para as bombas multi-estágios. Essas bombas são


compostas de um grande número de rotores e de carcaças com canais difusores.

12. OPERAÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA

12.1. RECOMENDAÇÕES DO FABRICANTE

Os seguintes pontos devem ser observados na operação de uma bomba, de acordo com
o manual de operação fornecido, junto com a bomba, pelo fabricante:

 Verificar a rotação do motor elétrico

 Abrir válvula de sucção e fechar drenos

 Fechar válvula de descarga

 Escorvar ou “ventar” a bomba

 Partir o sistema de refrigeração


 Ligar a bomba de óleo (bombas com mancal hidrodinâmico)
26

 Partir o motor elétrico

 Verificar a amperagem do motor

 Abrir a descarga vagarosamente

 Verificar a existência de vazamento pelo selo mecânico

 Verificar se há aquecimento no selo mecânico


 Verificar a existência de algum ruído anormal

 Medir vibração e registrá-la

 Verificar se há aquecimento na bomba

 Medir pressões de sucção e descarga e vazão por bomba ou pelo menos do TREM de
bombeamento (conjunto de bombas em série e/ou em paralelo).

12.2. ESCORVA OU VENT DA BOMBA

È a operação de retirada do ar no caso do líquido bombeado ser água ou gases residuais


da inertização ou do processo de petróleo ou derivados, antes da partida da bomba
centrífuga ou volumétrica.
Para que não ocorra o fenômeno da cavitação na sucção da bomba, é importante as
seguintes precauções, nas fases de projeto, montagem, pré-operação e operação da
bomba:

a) Fazer a escorva da bomba.

b) Fazer o cálculo do NPSH.

c) Não permitir a existência de ampliação de diâmetro ou pontos altos na linha de sucção da bomba
que vão favorecer a vaporização do líquido.

d) Manter uma dosagem adequada de produto químico anti-espumante nos separadores de


produção, para evitar a formação de espuma quando da liberação do gás da massa de líquido.

e) Projetar separadores de produção de 2o ou 3o estágios com um tempo de residência


adequado (3 a 5 min, dependendo da temperatura e viscosidade do óleo), para evitar
o arraste de gás vaporizado e ainda não liberado da massa de líquido.

f) Manter uma altura de nível adequada nos separadores de produção, para evitar o
arraste de gás ainda dissolvido na massa de líquido pelo efeito VORTEX.

13. CAVITAÇÃO DA BOMBA

 DESCRIÇÃO DO FENÔMENO

Em qualquer escoamento de líquido, quando este atravessa alguma região na qual


a pressão absoluta é menor do que a pressão de vapor do líquido à temperatura de
escoamento, parte do fluido se vaporiza, e continua no fluxo sob a forma de pequenas
bolhas de vapor. Quando estas bolhas atingem uma região onde a pressão absoluta é
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novamente maior que a pressão de vapor do líquido na temperatura do escoamento,
ocorre uma condensação súbita, e em virtude da grande diferença entre os volumes
específicos do vapor e do líquido, criam-se ondas de choque de grande intensidade,
porém com pequeno alcance.
Estas ondas de choque, ao atingirem alguma superfície sólida promovem um
ataque mecânico à mesma, provocando danos importantes a estes materiais.

Os mecanismos associados a este ataque são de várias naturezas, entre eles o


aquecimento localizado, vibração, fadiga e mesmo o arrancamento de partículas da
superfície. Em casos mais extremos chega a ocorrer a total destruição das superfícies
atacadas. Externamente pode-se detectar a ocorrência deste fenômeno pelo barulho
característico que é produzido, como se houvessem pedrinhas escoando juntamente
com o líquido.
A cavitação ocorre em vários sistemas de escoamento de líquido, como por
exemplo nas tubulações de descarga de turbinas hidráulicas e em válvulas de controle
de fluxo.
Num sistema de bombeamento, o local mais provável para a ocorrência deste
fenômeno é a entrada do rotor, o chamado “olho do impelidor”, onde o fluido já
consumiu em atrito boa parte da energia de que dispunha ao sair do reservatório de
sucção e ainda não recebeu nenhuma parcela da bomba, estando portanto com a sua
energia no ponto mínimo. As principais consequências da cavitação em bombas incluem
o ataque aos materiais constituintes desta região e uma alteração nas curvas de HEAD e
Eficiência.

 CAVITAÇÃO, EROSÃO E CORROSÃO

Se nas bombas hidráulicas e nas hélices de navios ou submarinos, a cavitação é sempre


negativa, existe aplicações, onde ela é positiva. Um exemplo de cavitação
positiva é no aparelho de ultra som do dentista, que provoca retirada de
material do dente.

A deterioração do material devido à cavitação nada tem a ver com os desgastes


provenientes de erosão ou corrosão. A erosão decorre da ação de partículas
sólidas em suspensão sendo deslocadas em velocidade. Por outro lado, corrosão
em bombas decorre normalmente de incompatibilidade do material com o
líquido, propiciando reação química destrutiva, ou da utilização de materiais
muito afastados na tabela de potencial, em presença de um líquido que aja
como eletrólito, propiciando a oportunidade de uma ação galvânica.
Porém, nada impede que os três fenômenos coexistam em um determinado
sistema acelerando o processo de deterioração do material.

 CÁLCULO DO NPSH

As relações teóricas que indicam a ocorrência ou não da cavitação em uma bomba são
descritas abaixo.

NPSH requerido = perda de carga expressa em metros entre o flange de sucção e o olho
do impelidor (medida pelo Fabricante na bancada de testes)

NPSH = NET POSITIVE SUCTION HEAD

NPSH disponível = energia expressa em metros disponível no flange de sucção da


bomba para vencer a perda de carga interna e garantir que a pressão no olho do
impelidor seja 1 metro maior que a pressão de vapor absoluta do líquido.
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NPSH disponível = NPSH requerido + 1m

Aplicando o teorema de Bernoullie no flange de sucção e expressando o NPSHdisponível


em metros, para qualquer líquido, temos:

Z(diferença de cota)+ (Pvaso/GAMA)–PERDA DE CARGA= NPSHdisponível + ((Pvapor–Patm)/GAMA)

NPSHdisponível = Z(diferença de cota) + ((Pvaso+Patm-Pvapor) / GAMA) – PERDA DE CARGA

Para a altitude zero (nível do mar): Patm = 1.033 kgf/cm2 e Patm/gama = 10.33 m

NPSHdisponível = 10.33 + Z(diferença de cota) + ((Pvaso - Pvapor) / GAMA) – PERDA DE CARGA

Observação: Pvaso é pressão manométrica e Pvapor é pressão absoluta

Quando o líquido é petróleo, temos: Pvaso = Pseparação = Pvapor – Patm

Substituindo na equação anterior e simplificando, temos:

NPSHdisponível =Z(diferença de cota) +((Pvapor–Patm+Patm-Pvapor)/GAMA) – PERDA DE CARGA

NPSHdisponível = Z(diferença de cota) – PERDA DE CARGA

PERDA DE CARGA = função (Grau API, Viscosidade, Temperatura e Vazão do líquido,


Rugosidade, Diâmetro e Comprimento da tubulação)

PERDA DE CARGA = Calculada em kgf/cm2 e transformada para metros de coluna de


líquido.

PERDA DE CARGA = hf = delta Pf / gama = 10 * delta Pf / densidade

 FATORES QUE AFETAM O NPSH

a) O NPSHr é função do tipo de bomba a ser empregada e é um valor que deve ser
fornecido pelo fabricante da bomba.

b) O NPSHr independe do diâmetro do rotor para uma mesma rotação, mas depende
das condições de entrada na bomba (aumento do olho do impelidor, variação da
rotação e utilização de indutor).

c) O NPSHd é função apenas das características do sistema, e não depende do tipo de


bomba utilizado.

d) As características do sistema são a altura estática de sucção, altitude do local,


temperatura de bombeamento, vazão, peso específico e viscosidade do líquido,
pressão do vaso ou tanque de sucção e geometria da linha de sucção.

e) As cartas de NPSHr fornecidas pelos fabricantes de bombas são em geral levantadas


para operação com água fria. Verifica-se na prática que, quando operando com
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hidrocarbonetos não viscosos ou água quente (T > 100 gr.C), esses valores podem
ser reduzidos em alguma medida.

f) Algumas bombas são fabricadas com um recurso para reduzir o NPSHr no campo, em
caso de necessidade, que é a instalação de um INDUTOR.
O INDUTOR é um pequeno rotor axial que é aparafusado na ponta do eixo, na sucção
da bomba preparada para isso. Ele funciona como se fosse uma “bombinha” booster
na sucção da bomba, reduzindo a perda de carga interna, entre o flange de sucção e
o olho do impelidor.

 CAVITAÇÃO EM BOMBA VOLUMÉTRICA

O fenômeno da cavitação ocorre de forma similar nas bombas volumétricas, tanto


rotativas quanto alternativas. O critério para dimensionamento de uma instalação é o
mesmo, garantir que na entrada da bomba a energia disponível na forma de pressão
seja maior que a pressão de vapor. Apenas, por uma questão de tradição, esta condição
é expressa em termos de pressão e não de altura de líquido.
Assim, ao invés de NPSH, usa-se o NIP (Net Inlet Pressure), que se obtém através da
multiplicação do NPSH pelo peso específico “gama”:

NIPd = gama * NPSHd NIPr = gama * NPSHr

14. VÁLVULA DE RECICLO, RECIRCULAÇÃO, FLUXO OU VAZÃO MÍNIMA.

 AQUECIMENTO DAS BOMBAS CENTRÍFUGAS

As bombas necessitam de proteção para evitar que venham operar em pontos distantes
da vazão de máxima eficiência, principalmente, quando as mesmas operam com
vazões variáveis. A bomba centrífuga operando com vazões muito baixas
podem sofrer os seguintes problemas:

a) Superaquecimento

b) Desgaste dos mancais

c) Desgaste prematuro do rotor e carcaça

d) Cavitação

e) Paradas para manutenção muito frequentes

VAZÃO MÍNIMA TÉRMICA = vazão abaixo da qual começa a haver aquecimento interno.

VAZÃO MÍNIMA ESTÁVEL PARA OPERAÇÃO CONTÍNUA = vazão mínima a ser garantida
para a bomba não aquecer.

Qmin operacional = Qmin térmica + Q segurança

 CÁLCULO NA FÁBRICA

Qmin térmica = (POT * 3600) / (rô * c * DELTA T)


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Qmin= vazão mínima em m3/h rô = massa específica em kg/m3
POT= potência em Kw c = calor específico em kJ/kg gr.C
delta T = gr.C

 CÁLCULO NO CAMPO

VAZÃO MÍNIMA TÉRMICA = 20 % do valor da vazão de melhor rendimento.

VAZÃO MÍNIMA ESTÁVEL PARA OPERAÇÃO CONTÍNUA = 40 % da vazão de melhor


rendimento ou máxima eficiência (rotor máximo).

Quando Qoperação < Qmin válvula de refluxo ou reciclo (FV) abre e


parte do fluxo é desviado de volta
(recirculado) para o vaso ou tanque.

 SISTEMAS DE PROTEÇÃO DE BOMBAS CENTRÍFUGAS

Considerando a recirculação para proteção da bomba, podemos ter os seguintes tipos de


sistemas de bombeamento:

1) Sistema de bombeamento sem recirculação (bombas de baixo custo).

2) Sistema de bombeamento com recirculação contínua (gasto adicional de energia).

3) Sistema de bombeamento com recirculação controlada por válvulas de 3 vias auto-


operadas.

4) Sistema de bombeamento com recirculação controlada com malha de controle.

5) Sistema de bombeamento com recirculação controlada com válvula globo manual.

6) Sistema de bombeamento com recirculação utilizando válvula PCV auto-operada.

7) Sistema de bombeamento com recirculação utilizando válvula PSV.


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ANEXO A - FIGURAS E GRÁFICOS:

Página 32: Nora egípcia, picota e roda persa

Página 33: Parafuso de Arquimedes, parafuso holandês e bomba centrífuga

Página 34: Classificação dos principais tipos de bombas

Página 35: Fluxo de líquido numa Bomba centrífuga e Fases de Aspiração e Descarga em
uma bomba alternativa

Página 36: Impelidor aberto, semi-aberto e fechado

Página 37: Rotor de simples e dupla sucção e Trajetória do fluido em uma bomba
multicelular ou multiestágios

Página 38: Carcaça com difusor em voluta e dupla voluta

Página 39: Carcaça com pás difusoras ou Difusor de palhetas diretrizes

Página 40: Anéis de desgaste

Página 41: Componentes de uma bomba em voluta da Ingersoll-Dresser Pumps

Página 42: Componentes de uma bomba em voluta da Sulzer Pumps

Página 43: Componentes de uma bomba múltiplos estágios bipartida axial da Sulzer Pumps

Página 44: Componentes de uma bomba múltiplos estágios bipartida axial da Weir Pumps

Página 45: Perdas hidráulicas, volumétricas e mecânicas

Página 46: Head de Euler e Curva real de uma bomba

Página 47: Curvas performance da bomba: Head, rendimento, NPSH e potência em


função da vazão
Fabricante WORTHINGTON, modelo 6 HDS 152 e rotação de 3550 RPM

Página 48: Tipos de curvas características: Flat, Rising, Instável, Steep e Drooping

Página 49: Alteração da curva da bomba variando o diâmetro do rotor


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Página 50: Alteração da curva da bomba variando a rotação

Página 51: Ábaco de Moody para cálculo da perda de carga

Página 52: Comprimentos equivalentes: Entrada, saída, redução e ampliação

Página 53: Comprimentos equivalentes: Válvulas

Página 54: Comprimentos equivalentes: joelhos e curvas

Página 55: Alteração do ponto de operação variando a curva do sistema

Página 56: Associação de bombas em série e em paralelo

Página 57: Sistema de bombeamento com recirculação controlada

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