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Treinamento para operador de

caldeira

Noções de Grandezas Físicas e


Unidades

Eng. João Marcos Lesqueves


Pressão
Pressão atmosférica.
A pressão atmosférica é aquela a que
estamos submetidos e é decorrente do
peso do ar da atmosfera terrestre atuante
sobre a superfície da Terra. Varia em
função da altitude. É tanto menor quanto
maior a altitude; é maior portanto ao nível
do mar. O referencial é dito sempre ao
nível do mar e a 0 C, e vale 14,7 lbf/pol2
absoluta ou 760 mm Hg ou 101,325 kPa.
Pressão
Pressão interna.
É resultante de esforços do fluido contido, atuando uniformemente
em toda área interna da caldeira e vaso de pressão. A quase
totalidade destes equipamentos trabalham com pressão maior que
atmosférica, o que significa tendência explosiva, que é neutralizada
e absorvida pelas espessuras das paredes destes equipamentos.
Cada caldeira e vaso de pressão tem capacidade de resistir a uma
pressão máxima de trabalho admissível (PMTA), que é indicada em
manômetros de boa qualidade, em escalas apropriadas para
garantir medida confiável. A PMTA deverá estar sempre marcada
sobre a escala do manômetro, com um traço feito em linha
vermelha para servir de alerta ao operador quanto ao controle da
pressão. A PMTA é calculada utilizando-se fórmulas e tabelas
disponíveis no código do projeto da caldeira e vaso de pressão.
A espessura da parede e o diâmetro são diretamente proporcionais
a PMTA e inversamente proporcional a resistência do material nas
condições de trabalho.
Pressão
Pressão interna.
É importante destacar que o valor da PMTA pode alterar-se
ao longo da vida em função da redução da resistência mecânica
dos materiais, redução de espessuras dos diferentes componentes
etc. A atualização dos valores de PMTA deve ser feita em
conformidade com procedimentos de fabricação escritos, existentes
no prontuário de caldeira e vaso de pressão.
Quando ocorrer alteração no valor da PMTA da caldeira e vaso de
pressão, deverão ser executados os ajustes necessários nas
pressões de abertura das válvulas de segurança, na placa de
identificação e outros elementos de controle dependentes deste
valor.
Caldeiras e vasos devem ter dispositivos que tenham por objetivo
impedir que a pressão seja maior que a PMTA, evitando assim o
comprometimento da integridade estrutural, e que serão vistos
adiante e ainda neste curso.
Pressão
Pressão manométrica, relativa e absoluta.
A pressão manométrica ou relativa é aquela que é indicada em manômetro.
É uma pressão positiva e maior que a pressão atmosférica. É o caso da
pressão de recalque de bombas. A relação entre a pressão manométrica e
a absoluta está representada na figura 1.1:
Pressão absoluta = pressão atmosférica + pressão manométrica Pressão
atmosférica padrão definida em 101,325 KpaVácuo ( pressão
manométrica negativa )Pressão absolutaPressão manométricaPressão
atmosférica local ( variável )Pressão absoluta
A pressão inferior a pressão atmosférica é chamada vácuo. A relação entre
a pressão absoluta e o vácuo está representada na figura 1.1.
Pressão absoluta = pressão atmosférica - vácuo
A pressão decorrente do vácuo é aquela que é indicada em vacuômetros. É
uma pressão negativa. É o caso da pressão na sucção de bomba.
Existem instrumentos que simultaneamente podem medir pressão negativa
e positiva e são chamados manovacuômetros.
O instrumento que limita a pressão manométrica positiva é o pressostato, e
o instrumento que limita a pressão manométrica negativa é o
manovacuostato.
Pressão

Pressão atmosférica
padrão definida em
101,325 Kpa
Pressão manométrica
Pressão atmosférica
local ( variável )

Pressão
absoluta

Vácuo ( pressão manométrica negativa )

Pressão absoluta
Unidades de pressão.
Pressão
A grandeza física pressão é na realidade representada em várias unidades.
A unidade considerada básica é unidade de força atuando em unidade de área.
No sistema de unidades inglesas é expressa em lbf/pol2 ou psi ( pound per square
inch ). No sistema inglês a pressão absoluta é indicada como psia e a pressão
manométrica como psig ou psi. No sistema métrico é expressa em kgf/cm2. No
sistema internacional a pressão é expressa em N/m2 denominado pascal ( Pa ).
Usam-se entretanto outras unidades como polegadas de mercúrio ( pol de Hg ), pés
de água ( ft de H2O ), polegadas de água ( pol de H2O ), atmosfera, etc.
Quando a pressão é indicada em coluna de líquido é necessário considerar a
densidade do líquido e fazer referência a temperatura.
Exemplo para conversão de metro de coluna de água para kgf/cm2. A densidade da
água é de 1ton/m3. Observa-se um sistema constituído por 1 ton de água e cuja
forma é de um cubo com um metro de aresta, o seu volume será de 1m3 e a área da
base de 1m2.O peso deste cubo será de 1 tonf. Esta é a força distribuída sobre a
base de 1m2. Assim a pressão causada por 1m de altura de coluna de água ( aresta
vertical ) será necessariamente 1 tonf/m2. Portanto 1m de água corresponde a uma
pressão de 1tonf/m2. Como 1m2 é igual a 10000 cm2 podemos dizer que 1kgf/cm2 =
10000 mm de coluna d’água.
Este mesmo raciocínio aplicado a unidades inglesas resultarão os seguintes valores:
1ft de água = 0,433 psi
1pol de água = 0,00361 psi
De acordo com o decreto-lei n 81621 o Brasil é signatário do Sistema Internacional
de Unidades e para onde devemos evoluir. A tabela 1 apresenta os fatores de
conversão a serem utilizados para diversas unidades de pressão.
Pressão
bar Kgf/cm2 psi (lbf/pol2) mmHg mH2O Kpa KN/m2
(0ºC) (4ºC)

1 1,019716 14,503 750,062 10,19716 100

0,980665 1 14,2233 735,559 10,00 98,0665

0,068947 0,070307 1 51,715 0,70307 6,89475

1,33322 1,3595 19,336 1000 13,595 133,322

0,09806 0,1000 1,42233 73,556 1 9,80665

0,0100 0,01019 0,14503 7,50062 0,10197 1

Em conformidade com o Sistema Internacional de Unidades


A unidade oficial para pressão no Sistema SI é o Pascal ( Pa )

Tabela 1 - conversão de unidades de pressão


Calor e temperatura
Noções gerais de calor e temperatura.
Equilíbrio térmico.
É de conhecimento geral, por experiência, que quando dois sistemas em temperaturas
diferentes são colocados em íntimo contato e isolados de influências do meio ambiente e de
outros sistemas, a diferença de temperatura entre estes sistemas diminui com o decorrer do
tempo e tenderá a zero.
O sistema monofásico “mais quente” esfria, enquanto o “mais frio” esquenta, até chegarem ao
equilíbrio, ficando ambos numa temperatura intermediária do intervalo definido pelas
temperaturas iniciais de cada sistema.

Medição de temperatura.
A medição de temperatura é feita através do conceito de equilíbrio térmico entre sistemas,
podendo ser considerado como um sistema o instrumento de medição de temperatura -
termômetro.
A leitura da temperatura é feita após a ocorrência do equilíbrio térmico.
Medir temperatura pode ser uma operação simples ou extremamente complexa, dependendo da
situação, do grau de precisão exigido, faixa de temperatura, acesso ao ponto, etc.

Temperatura.
É uma propriedade termodinâmica que não tem definição, sabe-se apenas que ela existe. O
conceito de temperatura apoia-se em reações fisiológicas táteis em diferentes intensidades e
que em comparação com referências arbitrárias originou o que vulgarmente chamamos corpos
“quentes” e corpos “frios”.
Os corpos “mais quentes” são entendidos como estando a maior temperatura. O inverso é
entendido como sendo “mais frios” estando a menor temperatura; e mais, se não se consegue
sentir uma diferença entre os dois corpos, diz-se que estão a mesma temperatura.
O conceito acima apresentado não demonstra consistência alguma quando se quer definir um
nível de temperatura.
Calor e temperatura
Escalas termométricas.
As escalas que graduam os termômetros, são definidas
arbitrariamente, bastando definir um nível térmico de referência e o
tamanho do grau, surgem assim, as unidades de temperatura.
Duas escalas de temperatura são bastante usadas: a escala
centesimal ( graus C ) e a escala Farenheit ( graus F ).
A escala centesimal ou centígrada ( ou Celsius ), foi arbitrada
inicialmente tomando-se como referência a água pura ( sistema
bifásico sólido + líquida ) a pressão de uma atmosfera, representando
o seu ponto zero, e um sistema também bifásico de água pura, a uma
atmosfera, porém nas fases líquida e vapor, e que se define o seu
ponto 100. A divisão em 100 partes iguais do intervalo entre os dois
níveis térmicos indicados, definiu o tamanho do grau centesimal.
Essa é a escala adotada no sistema métrico de unidades e também
no SI.
A escala Farenheit, usada no sistema de medidas inglesas teve como
referência de seu ponto zero, um nível térmico inferior ao da escala
centesimal e o tamanho do grau F é tal que ao 0 C corresponde uma
temperatura de 32 F e aos 100 C corresponde a temperatura de
212 F.
Calor e temperatura
A correspondência entre as duas escalas ficou sendo a seguinte:
0 C = 32 F
100 C = 212 F
Tamanho do grau: 1 C = 1,8 F
A conversão de uma escala para a outra é feita pelas seguintes expressões:
C = F - 32 ou F = 1,8 C + 32
1,8
A escala de temperatura absoluta que adota o tamanho do grau centesimal é chamada
escala Kelvin ou Celsius absoluto com a designação de K ou Cabs. O zero absoluto
corresponde a menos 273,16 C ( usa-se 273 C )e é assim convertido para escala
Celsius.
K ou Cabs = C + 273
A escala de temperatura absoluta que adota o tamanho do grau Farenheit é que
recebeu também outra denominação é a chamada “escala Rankine” ou “Farenheit
absoluto” e é assim convertido para a escala Farenheit:
R ou Fabs = F + 460
No caso de conversão entre temperaturas absolutas, é assim convertido:
R ( ou Fabs ) = 1,8 K ( ou Cabs )
É comum usar-se T para temperaturas absolutas e o t para as temperaturas
convencionais.
t = 32 F corresponde T = 492 R
t = 0 C corresponde T = 273 K
t = 212 F corresponde T = 672 R
t = 100 C corresponde T = 373 K
Calor e temperatura
Energia sob forma de calor (Q)
Na realidade quando dois sistemas que apresentam
temperaturas diferentes são colocados em íntimo contato
até atingir o equilíbrio térmico, é de se concluir que
alguma coisa foi transferida do sistema mais quente para
o mais frio. O que na realidade se transfere é uma forma
de energia chamada CALOR.
Calor é então uma forma de energia que se transfere de
um sistema para outro, só e somente só, por diferença de
temperatura entre os sistemas.
Muitas vezes é necessário e possível modificar a
temperatura de um sistema pelo fornecimento ou retirada
de energia sob forma de trabalho, sem mesmo haver
qualquer intervenção de energia sob forma de calor.
Calor e temperatura
Unidades de quantidade de calor.
No sistema de medidas inglesas a unidade de quantidade de calor é
o BTU ( British Thermal Unit ) e a sua definição é:
A quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de uma
libra massa de água pura de 1F ( 59,5F para 60,5F ).
No sistema métrico decimal ( CGS ) a unidade de quantidade de calor
é a CALORIA e a sua definição é:
A quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um
grama de água pura de 1C ( 14,5C para 15,5C ).
No sistema métrico ( MKS ) a unidade de calor é a Kilocaloria que
vale 1000 cal.
As unidades elétricas também são utilizadas para definir a caloria.
1 caloria = 1 watt x hora = 4,18 Joule
860
1 BTU = 0,25 Kcal
1 Kcal = 3,96 BTU
1 caloria = 1 watt x hora = 4,18 Joule
860
1 BTU = 0,25 Kcal
1 Kcal = 3,96 BTU
Calor e temperatura
Formas de transmissão de calor.
Existem três formas de transmissão de calor: condução, convecção e
radiação.
Tais formas são fundamentalmente diferentes, regidas por leis
próprias, mas que, na realidade, podem ocorrer em simultaneidade, o
que torna, por vezes, muito complexa a solução absolutamente exata
de um problema de transmissão de calor.
Condução - corresponde a transferência de calor que ocorre
significativamente em sólidos, através de choques de elétrons da
estrutura;
Convecção - corresponde a transferência de calor que ocorre
significativamente em fluidos, líquidos ou gases e simultaneamente
com transporte de massa;
Radiação - corresponde a transferência de calor que ocorre
significativamente entre uma fonte de energia térmica radiante e um
corpo capaz de absorver tal energia. São ondas eletromagnéticas
que transportam energia térmica sem necessidade de um meio
condutor.
Calor e temperatura
Calor específico e calor sensível.
Calor específico.
Calor específico não é energia nem forma de calor, é uma
propriedade física que é definida pela expressão matemática Q = m x
c x t, e usando como referencial água pura:
É a quantidade de calor ( Q ) transferida para um sistema de massa
m que variou sua temperatura t de t1 para t2.
O fator c, experimental, tem o nome de calor específico, sendo Q
dado em Kcal, m em Kgm, t em C, a unidade de c será: kcal

KgmC
Cada substância possui um valor próprio de calor específico.
Pelas definições de BTU e de caloria fica evidente que o valor do
calor específico da água pura será a unidade, tanto no sistema de
medidas decimal como no sistema inglês.
c(água) = 1 BTU/lbmF
c(água) = 1 kcal/KgmC
Calor e temperatura
Calor sensível.
O fornecimento contínuo de energia sob a forma de calor para processo a pressão
constante é mostrado na figura 1.2.
Calor sensível é energia, definido como sendo a quantidade de calor que a água possui
e que é responsável pela elevação de sua temperatura, no aquecimento, a partir do
ponto de solidificação até a temperatura de vaporização, ocorrendo a pressão
constante.

Na figura 1.2, pode ser visto a definição gráfica onde o intervalo está contido na fase
líquida. A massa de 1 Kgm de água na fase líquida, na pressão atmosférica, variando
de 0C até 100C tem o seguinte calor sensível:
Q = m x c x 
Q = 1 Kgm x 1 Kcal x ( 100 - 0 ) C = 100 Kcal
KgmC
O calor sensível é a parcela de calor responsável pela elevação de temperatura.
O calor sensível varia de acordo com os limites de temperatura, e também com a
pressão. Quanto maior a pressão, maior a temperatura de saturação e maior o calor
sensível.
Para cada pressão da água existe um valor de calor sensível contido na tabela 2.
Calor e temperatura
T ( C )
Aquecimento
Resfriamento
P atm
m = 1 Kgm
100
Líquido + vapor

Líq.

Sólido + líquido
0 Energia ( Kcal )
100

Calor sensível

Figura 1.2 - Definição gráfica de calor sensível


Calor e temperatura
Transferência de calor a temperatura constante.
Calor latente.
Quando um sistema constituído de 1kgm de água pura na fase
líquida, a pressão de 1 atmosfera, e a 100C, se transforma
totalmente na fase vapor ( evoluindo de 4 para 5 ), é necessário
transferir para o sistema em seu estado inicial 539,4 kcal de calor. O
mesmo ocorre em sentido inverso: deveriam ser retirados 539,4 kcal
de 1 kgm de água na fase vapor, na pressão atmosférica para que
toda massa de vapor fosse condensada. A vaporização ou a
condensação se processa a temperatura constante e a 100C . Este
calor é o calor latente.
Assim o calor latente de vaporização ( sentido do aquecimento ) é
igual ao calor latente de condensação ( sentido do resfriamento ).

No gráfico da figura 1.3, calor latente é a quantidade de calor que


possui o vapor, que foi necessário para provocar a vaporização
(aquecimento) ou a condensação (resfriamento), ocorrendo a
pressão e temperatura constante.
O calor latente é responsável pela mudança de fase.
Quanto maior a pressão, maior a temperatura de saturação. Para
cada pressão existe um valor para o calor latente. Quanto maior a
pressão, menor o calor latente como pode ser visto na tabela 2.
Calor e temperatura

Aquecimento
Resfriamento
T ( C )

4 Líq. + vapor 5
T saturação = 100

P atm
m = 1 Kgm

Energia ( Kcal )
x

100 539,4
Calor Calor latente
sensível

Figura 1.3 - Definição gráfica de calor latente


Calor e temperatura
O título de vapor é o número ( x ) que expressa a quantidade de
umidade existente no vapor saturado.
É expresso em unidades decimais  1 ou em percentual  100 e
obtido pela expressão:
x = é o título do vapor
mvs = é a massa do vapor saturado
ma = massa da água em gotículas suspensas no vapor
x = mvs onde: x = é o título do vapor
mvs + ma mvs = é a massa do vapor saturado
ma = massa da água em gotículas
suspensas no vapor

Pela expressão, o vapor saturado seco tem umidade = 0 portanto,


título = 1.
O uso do título só tem sentido em processos de troca de calor através
do vapor saturado. Quanto maior o título, maior será o calor latente
transferido no processo. O título sempre irá expressar a qualidade do
vapor saturado.
Calor e temperatura
Vapor saturado e vapor superaquecido.
Introdução ao aquecimento industrial.
O uso da energia térmica do combustível, contida nos gases de combustão,
diretamente em diversos equipamentos consumidores de calor, em processos de
aquecimento controlado a baixa temperatura, normalmente traz soluções técnicas
sofisticadas, de custo elevado, de difícil distribuição, operação, controle e implantação.
Há equipamentos onde é possível utilizar este método de aquecimento, é o caso do
forno industrial, onde os gases da combustão ficam em contato direto com o produto, é
assim na fabricação do cimento e do azulejo. O aquecimento de um líquido através de
resistência elétrica de imersão também é exemplo de contato direto com o produto.
Nestes exemplos temos uma única fonte de aquecimento cedendo calor a um único
equipamento ou um único produto, esses processos de aquecimento são ditos diretos.
Há equipamentos onde a energia química do combustível é transformada em energia
térmica e incorporada aos gases de combustão, que acionam equipamentos. É assim
na turbina a gás e nos motores de combustão interna.
Na grande maioria dos processos de aquecimento industrial, a energia química do
combustível é transformada em energia térmica num ponto central. Este ponto central é
a caldeira na instalação de vapor. O meio termodinâmico é água usada para refrigerar
a caldeira. A energia térmica retirada dos gases é então incorporada a água que é
transformada em vapor d’água saturada. O calor é incorporado ao vapor e distribuído
através de tubos para os vários equipamentos consumidores. O vapor d’água
pressurizado percorre os tubos mediante a abertura de válvulas
Calor e temperatura
O processo industrial acima descrito é dito de aquecimento indireto.
As vantagens deste método de aquecimento são:
O vapor transfere calor para o processo a temperaturas muito
menores quando empregado o aquecimento indireto, eliminando
possibilidades de superaquecimento ou contaminação do produto;
Eliminação ou redução dos riscos de explosão e incêndio em casos
de aquecimento descontrolado ou quando se aquece produtos
inflamáveis. A segurança é maior quando não há chama direta na
área de processo;
Controle de temperatura do processo apurado;
Excelente economia com eficiência térmica  85%;
O calor pode ser facilmente distribuído na indústria para diversos
equipamentos, para diversos produtos processados em diferentes
temperaturas mediante a abertura de válvulas.
Calor e temperatura
A Água como veículo de aquecimento.
O fornecimento contínuo de energia sob a forma de calor para processos a
pressão constante é mostrado na figura 1.4. Se for mudada a pressão, a
figura desloca-se, porém mantendo a mesma aparência. A interrupção na
figura 1.4 entre os estados 4 e 5 é para destacar o fato de que a passagem
da fase líquida para a fase vapor ocorre com grande aumento de volume.
É importante observar que os pontos 4 e 5 são estados limite chamados
estados de saturação, onde ocorre o início e o fim de mudança de fase sem
qualquer alteração observável da temperatura de pressão.
Para estudos do vapor d’água vamos usar somente parte da curva a partir
dos pontos 3, 4 e 5. A barra 34 seria aquecimento com aumento de
temperatura e a barra 45 seria mudança de fase.

T (C) PRESSÃO CRESCE P = constante

Liq + vapor vapor


liq
4 5
Sol + liq
sol
2 3
1

Energia ( Kcal )

Figura 1.4
Calor e temperatura
Definições
a) Líquido subresfriado - são os estados em que a temperatura tem
valor menor do que a temperatura de saturação correspondente a
sua pressão.
b) Vapor superaquecido - são os estados em que a temperatura tem
valor maior do que a temperatura de saturação correspondente a sua
pressão. A diferença entre a temperatura do vapor e a temperatura
de saturação corresponde à sua pressão é chamada de grau de
superaquecimento (ou simplesmente superaquecimento de vapor); é
de grande importância para a geração de potência nas centrais de
potência a vapor.
c) Vapor úmido - são estados em que a temperatura e a pressão são
iguais, respectivamente à temperatura de saturação corresponde à
pressão e à pressão de saturação corresponde à sua temperatura,
mas sem incluir os pontos de saturação extremos . Esses estados
correspondem à evaporação ( aquecimento ) ou condensação
( resfriamento ).
d) Líquido saturado - são os estados sobre o ramo esquerdo da curva
de saturação.
e) Vapor saturado seco - são os estados sobre o ramo direito da
curva de saturação
Calor e temperatura
Propriedades do vapor d’água saturado.
A utilização do vapor d’água saturado é a solução mais difundida e a
que melhores resultados oferece na maioria dos processos de
aquecimento.
O conjunto de propriedades mais importantes do vapor estão
contidos na tabela 2 e podem ser retiradas as seguintes conclusões:
o calor total é a soma do calor sensível mais calor latente na mesma
pressão, diminui com o aumento da pressão;
o calor latente diminui com o aumento da pressão;
o calor sensível aumenta com o aumento da pressão;
o volume específico diminui com o aumento da pressão;
existe relação entre a pressão e a temperatura do vapor, variando de
acordo com a tabela 2. Quanto maior a pressão do vapor maior será
sua temperatura. A temperatura máxima usual do vapor d’água em
processo de aquecimento industrial é até 200 oC, o que corresponde
a uma limitação na pressão de geração de vapor na caldeira de 15
Kgf/cm2.
Calor e temperatura
Propriedades do vapor d’água saturado.
Acima de 200 ºC, na tabela 2, podemos notar que para
um pequeno acréscimo de temperatura, tem-se um
grande acréscimo na pressão, o que acarreta os
seguintes inconvenientes:
maiores espessuras das paredes da caldeira sujeitas a
pressão, idem para os trocadores de calor. Isto torna os
equipamentos mais pesados e caros;
maiores riscos pessoais na operação de sistemas de vapor
a alta pressão.
Devido ao acima exposto pode-se considerar como
temperatura máxima no produto de 150 ºC, quando se
utiliza o vapor d’água como fonte de aquecimento.
Na prática, é definido o tipo do meio termodinâmico
utilizado em função da temperatura do produto
processado.
Pressão Pressão Temperatur Volume Calor Calor Calor total 6,5 7,5 167,0 0,2809 168,7 491,6 660,3
Manométrica Absoluta a específico sensível cs latente cl ct
( Kgf/cm² ) ( Kgf/cm² ) ( °C ) ( m³/Kg ) ( Kcal/Kg ) ( Kcal/Kg ) ( Kcal/Kg ) 7,0 8,0 169,6 0,2448 171,3 489,5 660,8
0,01 6,7 131,7 6,7 593,0 600,1 7,5 8,5 172,1 0,2317 174,0 487,5 661,4
0,015 12,7 89,64 12,8 590,0 602,8 8,0 9,0 174,5 0,2189 176,4 485,6 662,0
0,02 17,2 68,27 17,2 587,4 604,6 8,5 9,5 176,8 0,2085 179,0 483,7 662,5
0,03 23,8 46,53 23,8 583,9 607,7
9,0 10,0 179,0 0,1981 181,2 481,8 663,0
0,04 28,6 35,46 28,6 581,1 609,7
0,05 32,5 28,73 32,5 578,9 611,4
10,0 11,0 183,2 0,1808 185,6 473,3 663,9
0,06 35,8 24,19 35,8 577,1 612,9 11,0 12,0 187,1 0,1684 189,7 475,0 664,7
0,08 41,2 18,45 41,1 574,1 615,2 12,0 13,0 190,7 0,1541 193,5 471,9 665,4
0,10 45,4 14,95 45,4 571,6 617,0 13,0 14,0 194,1 0,1436 197,1 468,9 666,0
0,12 49,1 12,60 49,0 569,5 618,5 14,0 15,0 197,4 0,1343 200,6 466,0 666,6
0,15 53,6 10,21 53,5 567,0 620,5 15,0 16,0 200,4 0,1262 203,9 463,2 667,1
0,20 59,7 7,795 59,7 563,5 623,1 16,0 17,0 203,4 0,1190 207,1 460,4 667,5
0,25 64,8 6,322 64,8 560,2 625,1
17,0 18,0 205,1 0,1128 210,1 457,8 667,9
0,30 68,6 5,328 68,6 558,2 626,8
0,40 75,4 4,089 75,4 554,1 629,5 18,0 19,0 208,9 0,1088 213,0 455,2 668,2
0,50 80,9 3,301 80,8 550,8 631,6 19,0 20,0 211,4 0,1016 215,8 452,7 668,5
0,60 85,5 2,783 85,4 548,0 633,4 21,0 22,0 216,2 0,0925 221,2 447,7 668,9
0,70 89,5 2,409 89,4 545,5 634,9 23,0 24,0 220,8 0,0849 226,1 443,2 669,1
0,80 92,9 2,125 92,9 543,2 636,2 25,0 26,0 225,0 0,0785 230,8 438,7 669,3
0,90 96,2 1,904 96,2 541,2 637,4 27,0 28,0 229,0 0,0729 235,2 434,4 669,6
0,0 1,0 99,1 1,725 99,1 539,4 638,5
29,0 30,0 232,8 0,06802 230,5 430,2 689,7
0,1 1,1 101,8 1,578 101,8 537,5 639,4
0,2 1,2 104,2 1,458 104,3 536,0 640,3
31,0 32,0 236,3 0,06375 243,6 426,1 689,7
0,3 1,3 106,6 1,350 106,7 534,5 641,2
0,4 1,4 108,7 1,259 108,9 533,1 642,0
0,5 1,5 110,8 1,180 110,9 531,9 642,8
0,6 1,6 112,7 1,111 112,9 530,6 643,5
0,8 1,8 116,3 0,995 116,5 528,2 644,7 Para o uso da tabela 2 também são
1,0 2,0 119,6 0,902 119,9 525,5 645,8
1,2 2,2 122,6 0,826 123,0 524,0 646,9 adotadas outras terminologias:
1,4
1,6
2,4
2,6
125,5
128,1
0,7616
0,7066
125,8
128,5
522,1
520,4
648,0
649,1 entalpia do líquido (hl) = calor sensível
1,8
2,0
2,8
3,0
130,5
132,9
0,6592
0,6166
131,0
133,4
512,7
516,9
650,2
650,3
(cs)
2,2
2,4
3,2
3,4
136,1
137,2
0,5817
0,5495
135,7
137,8
515,8
514,6
651,0
651,7
entalpia do vapor ( hv) = calor latente ( cl)
2,6
2,8
3,6
3,8
139,2
141,1
0,5208
0,4951
139,9
141,8
512,8
511,3
652,4
653,1
entalpia total ( ht ) = calor total (ct )
3,0 4,0 142,0 0,4706 143,6 509,8 653,4
3,5 4,5 147,2 0,4224 148,1 506,7 654,6
4,0 5,0 151,1 0,3816 152,1 503,7 665,8
4,5 5,5 154,7 0,3497 155,0 501,3 656,8
5,0 6,0 158,1 0,3213 159,3 499,5 657,8
5,5 6,5 161,2 0,2987 162,7 496,1 658,6
6,0 7,0 164,2 0,2778 165,6 493,8 659,4
Calor e temperatura
Vantagens da utilização do vapor d’água na indústria.
Para grandes indústrias, podemos ter único sistema de geração de vapor
superaquecido para sistema de geração de energia mecânica, com vapor de
exaustão para aquecimento.
O vapor não tem cheiro, cor e sabor, o que em processos de aquecimento
por injeção direta, não introduz no produto final: cheiro, cor e sabor.
O vapor é limpo, ou seja quando algum vazamento ocorre podemos ter
tranqüilidade quanto a limpeza, pois após a condensação teremos água, o
que não irá poluir a indústria.
O vapor é incombustível, propriedade que dá alternativa de utilizá-lo em
circuitos de extinção de incêndio.
O controle de vazão é simples, mediante abertura e fechamento de válvulas.
O vapor é facilmente transportável em tubulações isoladas. O escoamento se
dá pela pressão reinante no gerador de vapor para os pontos de consumo.
Não há necessidade de bombas para seu transporte.
Normalmente o vapor utilizado em processos de aquecimento é saturado que
tem temperatura constante que facilita o controle através da pressão. A
pressão do vapor saturado define todas suas características térmicas. Para o
caso do vapor úmido, a pressão e o título são suficientes para definir estas
grandezas. O vapor superaquecido, a pressão e a temperatura ou grau de
superaquecimento definem todas as grandezas.
Calor e temperatura
Usam-se tabelas e gráficos como forma de apresentar relação
entre propriedades.
O vapor utiliza como fluido a água que é de custo bastante baixo
na maioria dos casos. A água é um meio termodinâmico natural,
com composição química definida, o que permite dizer que as
propriedades contidas na tabela 2 são usadas em qualquer parte
da Terra.
As instalações de vapor são bastante flexíveis quanto a adição
de novas unidades ou equipamentos ao sistema inicial. Quando
se dimensionam as tubulações com uma certa margem de
segurança basta acrescentar-se um novo ramal para permitir a
adição de um novo equipamento.
A identificação dos consumidores de vapor, no que se refere as
características do vapor ( temperatura e pressão ) e suas
necessidades térmicas, é fundamental para o dimensionamento
de um sistema de geração de vapor, devendo ser consideradas
as condições de pico, de demanda mínima, de demanda máxima
contínua e uma previsão de expansão da planta.
Calor e temperatura
Vantagens do vapor saturado.
Possui como já foi dito uma relação constante entre
pressão e temperatura, o que significa que com ele é
possível controlar-se a temperatura de um processo
atuando-se apenas sobre a pressão.
É facilmente condensável, cedendo prontamente seu
calor latente.
É facilmente controlável, por suas características e
propriedades constantes.
Possui as variações já vistas de volume específico, calor
latente, calor total e temperatura em função da pressão
que como já vimos são de maior importância.
É utilizado em aquecimento direto, injetado direto no
produto, com incorporação do calor sensível e latente ou
através de aquecimento indireto, onde somente o calor
latente do vapor é trocado com o produto. O vapor d’água
normalmente não contamina o produto.
Calor e temperatura
Propriedades e vantagens do vapor superaquecido.
Não possuem gotículas de água em suspensão. As gotículas de água são
nocivas aos equipamentos, tubulações, válvulas, acessórios de tubulação,
turbinas, etc, provocando erosão. O vapor superaquecido não possui
gotículas em suspensão, sendo mais indicado para o acionamento de
turbinas.
Permite um controle de qualidade bastante preciso do vapor de escape, que
é utilizado em processo de aquecimento.
Em virtude de não possuírem gotículas em suspensão, não apresentam o
mesmo problema de erosão que o vapor úmido. O uso de velocidades
maiores permite a utilização de tubos de menor diâmetro, o que representa
menor investimento.
Permite a redução e mesmo a eliminação de condensação nas turbinas.
Possui maior calor total que o vapor saturado de mesma pressão. A princípio
essa vantagem seria desprezada considerando-se que a quantidade de calor
deve ser adicionada no gerador de vapor, o que em princípio, representaria
maior gasto de combustível. Isto no entanto, nem sempre traduz a verdade
uma vez que para obter o vapor superaquecido apenas se fazem algumas
passagens a mais nos gases de combustão através dos superaquecedores
( após 6 da figura 35 ). O aumento de consumo de combustível não será
diretamente proporcional, uma vez que estaremos provocando também o
aumento do rendimento da caldeira.
Como podemos observar, as vantagens acima sempre são referidas em
relação ao vapor saturado de mesma posição ou calor total.
Calor e temperatura
Desvantagens do vapor superaquecido.
A temperatura da superfície da transferência de calor não é constante, pois, no pico de
carga, a maior parte da transferência de calor se faz à temperatura do vapor saturado,
uma vez que é necessário que a temperatura seja igual à do vapor saturado, pois é
nesta temperatura que se processa a condensação. No entanto, à medida que a carga
térmica for diminuindo, haverá um aumento gradativo da temperatura, pois a medida
que o produto vai atingindo a temperatura desejada, a passagem de vapor vai sendo
reduzida.
O vapor superaquecido geralmente provoca tensões indesejáveis quando utilizado em
sistemas de aquecimento, por trabalhar a temperaturas superiores a temperatura de
saturação, sendo grande o diferencial de temperatura entre o vapor e o produto. Nesse
caso, quanto maior for o grau de superaquecimento, tanto maiores serão as tensões
nos pontos de contato pela diferença de dilatação entre as partes externas e internas.
Sendo assim, normalmente, ocorrem vazamentos pelas juntas, conexões, etc.
Se usado para injeção direta de vapor em líquido, ele deverá primeiramente ceder seu
calor sensível ( grau de superaquecimento ) antes que se condense. Na maioria dos
processos industriais dificilmente haverá tempo suficiente para que o processo se
complete, podendo ocorrer perdas significativas de vapor.
É um gás seco, e por isto é necessário lubrificar sistemas de válvulas e pistões.
Significa existência de óleo no vapor de exaustão se estiver sendo feita por um
condensador, ou sendo aproveitada para sistemas de aquecimento. O óleo formará
mais uma película nas superfícies de troca, diminuindo o coeficiente de transferência
de calor. O óleo formará ainda uma emulsão com condensado, a não ser que se
encontre uma maneira realmente eficaz de eliminá-lo. Caso contrário, esse
condensado não será recomendável para a alimentação das caldeiras.

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