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Porte 3

CALOR - A
ENERGIA TÉRMICA
EM TRÂNSITO

NESTA PARTE ESTUDAMOS O


CALOR, ISTO É, A ENERGIA
TÉRMICA EM PROPAGAÇÃO.
DISCUTIMOS AS GRANDEZAS
LIGADAS ÀS TROCAS DE
CALOR ENTRE OS CORPOS,
AS MUDANÇAS DE FASE OU
ESTADO DE AGREGAÇÃO QUE
AS SUBSTÂNCIAS PODEM
SOFRER E OS PROCESSOS PELOS
QUAIS PODE SE EFETUAR A
TRANSMISSÃO DO CALOR.

O fogo sempre esteve presente na história da humanidade.


Ele pode causar mortes e devastação, mas "domesticado" é
uma importante fonte de energia para o ser humano.

CAPITULO 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA


CAPÍTULO 5 — MUDANÇAS DE FASE
CAPÍTULO 6 — OS DIAGRAMAS DE FASE
CAPÍTULO 7 — PROPAGAÇÃO DO CALOR
Capítulo

A MEDIDA DO CALOR
CALORIMETRIA

1. Calor: energia térmica em trânsito


2. Calor sensível e calor latente Neste capítulo estudamos as trocas de calor entre
3. Quantidade de calor sensível. Equação corpos a diferentes temperaturas.
fundamental da calorimetria. Calor específico Apresentamos também o conceito de calor específico
4. Capacidade térmica de um corpo de uma substância e o de capacidade
5. Trocas de calor. Calorímetro térmica de um corpo.

1. CALOR: ENERGIA TÉRMICA EM TRÂNSITO


Considere dois corpos A e B em diferentes temperaturas, 9^ e 6fi, tais que 9,, > 9B (figura 1 a). Colo-
cando-os em presença um do outro, verifica-se que a energia térmica é transferida de A para B. Essa ener-
gia térmica em trânsito é denominada calor. A passagem do calor cessa ao ser atingido o equilíbrio
térmico, isto é, quando as temperaturas se igualam (figura 1b).

Equilíbrio térmico
Figura 1. O corpo A cede calor ao corpo 6, até as temperaturas se igualarem,

Calor é energia térmica em trânsito entre corpos a diferentes temperaturas.

A unidade em que é medida a quantidade de calor Q trocada pelos corpos é a unidade de energia,
visto que se trata de energia térmica em trânsito. Assim, no Sistema Internacional, a unidade de quanti-
dade de calor é o joule (j). Entretanto, por razões históricas, existe outra unidade, a caloria (cal), cuja
relação com o joule é:

1 cal = 4,1 868 J

Um múltiplo da caloria bastante utilizado é a quilocaloria (kcal):

1 kcal = 1.000 cal


48 Os F U N D A M E N T O S DA FÍSICA

2. CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE


Ao colocar no fogo uma barra de ferro (figura 2), logo verificaremos que ela se aquece, isto é sofre
uma elevação na sua temperatura. Se, entretanto, fizermos o mesmo com um bloco de gelo a O °C (figura
3), verificaremos que ele se derrete, isto é, se transforma em líquido, mas sua temperatura não se modifica
até que todo o gelo se derreta.

l —"Vs*-^
0°C

ob

Figura 2. A barra de ferro se aque- Figura 3. Em presença do fogo, o gelo a O °C se


ce ao ser levada ao fogo. derrete, não sofrendo variação de temperatura.
Portanto, quando um corpo recebe calor, este pode produzir variação de temperatura ou mudan-
ça de estado. Quando o efeito produzido é a variação de temperatura, dizemos que o corpo recebeu
calor sensível. Se o efeito se traduz pela mudança de estado, o calor recebido pelo corpo é dito calor
latente. Nos exemplos citados, o ferro recebeu calor sensível e o gelo recebeu calor latente.
De modo análogo, quando um corpo cede calor, se houver diminuição de temperatura, diz-se que o
corpo perdeu calor sensível; se houver mudança de estado, o corpo terá perdido calor latente.
Neste capítulo analisaremos apenas situações em que os corpos trocam calor sensível, isto é, situa-
ções em que não ocorrem mudanças de estado. As trocas de calor latente serão analisadas no capítulo
seguinte, quando do estudo das mudanças de fase.

3. QUANTIDADE DE CALOR SENSÍVEL. EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA


CALORIMETRIA. CALOR ESPECÍFICO
Considere uma esfera A de ferro, que é aquecida, recebendo 220 ca- a) i A Q.+ 20
lorias. Sua temperatura se eleva de 20 °C (figura 4a). Outra esfera 6,
idêntica à primeira, à mesma temperatura inicial 61, é aquecida por
uma fonte mais intensa, recebendo uma quantidade de calor três
vezes superior, isto é, 660 calorias. Sua temperatura se eleva de 60 °C b) B 6; + 60
(figura 4b), o que nos permite concluir:

As quantidades de calor Q recebidas (ou cedidas) por corpos


de mesmo material e de mesma massa são diretamente proporcio- Figura 4. O corpo 6 recebe maior
quantidade de calor e, por isso, so-
nais às variações de temperatura A6. fre maior variação de temperatura.

Considere agora duas esferas Ce D de mesmo material (ferro), mas de massas diferentes (por exem-
plo, mc = 100 gramas e mD = 300 gramas, isto é, mD = 3/7ic). Para que sofram a mesma variação de
temperatura (A0 = 20 °C, por exemplo) essas esferas (figura 5) devem receber quantidades de calor di-
ferentes (por exemplo, C recebe Qc = 220 calorias e D recebe QD = 660 calorias, isto é, QD = 3QC):

a) b)
cl C 8: + 20 D 9; + 20

J 220 cal
660 cal

Figura 5. O corpo D recebeu maior quantidade de calor para sofrer a mesma variação de temperatura que o corpo C.
C A P Í T U L O 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA 49

Assim:

As quantidades de calor recebidas (ou cedidas) por corpos de mesmo material e de massas dife-
rentes, sujeitos à mesma variação de temperatura, são diretamente proporcionais às mossas.

Resumindo as conclusões anteriores, podemos enunciar:

A quantidade de calor Q recebida (ou cedida) por um corpo é HirptampntP prrkprnv-ír»nai >>
massa m e à variação de temperatura A0 sofrida pelo corpo.

Assim:
Q = cm - AG Q = me • AG

Nessa fórmula, conhecida como equação fundamental da Calorimetria, o coeficiente de


proporcionalidade cê uma característica do material que constitui o corpo, denominada calor especí-
fico. Sua unidade USUal é cal/g • °C, como se deduz a partir da equação anterior.

*
Q cal
Q = me - A0 = c— unidade:
m- AG g-°C

Observe que se m = 1 g e A6 = 1 °C, c = Q (numericamente), isto é, o calor específico de uma


substância mede numericamente a quantidade de calor que faz variar em 1 °C a temperatura da mas-
sa de l g da substância.
Por exemplo, o calor específico do ferro vale 0,11 cal/g • °C. Portanto, para elevar em 1 °C a tempe-
ratura da massa de 1 g de ferro, devemos fornecer a essa massa 0,11 cal.
Substâncias diferentes apresentam diferentes calores específicos. A água é uma das substancias de
maior calor específico na natureza. De modo geral, os metais apresentam baixo calor específico. Por
exemplo:
Latão: 0,092 cal/g • °C Prata: 0,056 cal/g • °C Ouro: 0,032 cal/g • °C

Para cada substância, o calor específico depende do estado de agregação. Por exemplo, para a água,
nos três estados, temos:
Sólido (gelo): 0,50 cal/g • °C Água líquida: 1,00 cal/g • °C Vapor d'água**: 0,48 cal/g • °C

Quando a temperatura de um corpo aumenta, significa que ele recebeu calor. Se a temperatura
de um corpo diminui, é porque ele cedeu calor. Essa diferença é analisada de acordo com o seguinte
critério:

AG = 6f - 6,
Aumento de temperatura -> Calor recebido
0f > 9, => AG > O => Q > O

Diminuição de temperatura -» Calor cedido


9f < 6, => AG < O => Q < O

* O calor específico definido por essa fórmula é um valor médio para o intervalo de temperatura AO. O calor específico a uma
dada temperatura é dado pelo limite dessa expressão, quando AG tende a zero. A rigor, o calor específico de uma substância
depende da temperatura. Em nosso curso, não levaremos,em conta essa variação.
** Sob pressão de l atmosfera e 110 °C de temperatura.
50 Os FUNDAMENTOS DA FÍSICA

4. CAPACIDADE TÉRMICA DE UM CORPO


Considere que a temperatura de um corpo sofra uma variação de temperatura A9, ao receber certa
quantidade de calor Q. Define-se capacidade térmica C desse corpo a grandeza dada pela fórmula:

c= Q_
A9

A unidade de capacidade térmica é a caloria por grau Celsius (cal/°C).


Por exemplo, suponhamos que, ao receber 2.000 calorias (Q = 2.000 cal),' a temperatura de um bloco
metálico aumente de 20 °C para 420 °C, tendo ocorrido a variação de temperatura A9 = 420 °C - 20 °C =
- 400 °C. A capacidade térmica desse bloco será dada por:
x— 2.000
=> C = C = 5 cal/°C
A9 400
A capacidade térmica representa numericamente a quantidade de calor que o corpo deve trocar para
sofrer Lima variação unitária de temperatura. No exemplo, o corpo aeve receoer D caiarias para que sua
temperatura varie de 1 grau Celsius.
O nome dessa grandeza (capacidade térmica) vem do seguinte fato: ela pode ser entendida como a
medida da capacidade de receber ou perder calor que um corpo tem, para uma dada variação de tem-
peratura. Um corpo de baixa capacidade térmica troca pequena quantidade de calor para sofrer uma
dada variação de temperatura. Por exemplo, as fagulhas de um esmeril, apesar de estarem numa alta
temperatura, não queimam a pele do operador porque têm pequena capacidade térmica, isto é, cedem
pouco calor até se estabelecer o equilíbrio térmico.
Substituindo, na fórmula de definição da capacidade térmica, a quantidade de calor expressa pela
equação fundamental de calorimetria (Q = mcA9), teremos:
mc-A9
C=
A9
c.= me
Portanto, a capacidade térmica de um corpo também pode ser expressa como o produto de sua
massa (m) pelo calor específico da substância que o constitui (c).
Chama-se equivalente em água de um corpo a massa de água cuja capacidade térmica é igual à
capacidade térmica do corpo. Por exemplo, seja C = 5 cal/°C a capacidade térmica de um corpo. Sendo
o calor específico da água ca = 1 cal/g • °C, concluímos que o equivalente em água do corpo é ma = 5g.

Exercícios Resolvidos
R.20 Um corpo de massa 200 g é constituído por uma substância de calor específico 0,4 cal/g • °C. Determine:
a) a quantidade de calor que o corpo deve receber para que sua temperatura varie de 5 °C para 35 °C;
b) que quantidade de calor deve ceder para que sua temperatura diminua de 15 °C;
c) a capacidade térmica do corpo.
Solução:
a) Para a temperatura aumentar de Qi = 5 °C para 9f = 35 °C (0f > 0j), o corpo deve receber calor (Q > 0):
A0 = 9, - 6, = 35 - 5 => A0 = 30 °C
Substituindo esse valor (A0 = 30 °C) e os demais dados (m = 200 g; c = 0,4 cal/g • °C) na equação fundamen-
tal da Calorimetria, obtemos:

Q = me • A9 = 200 • 0,4 • 30 Q = 2.400 cal


b) Para a temperatura diminuir (0f < 0j), o corpo deve ceder calor (Q < 0).
Sendo A0 = - 15 °C, m = 200 g e c = 0,4 cal/g • °C, temos:

Q = mc-A0 = 200-0,4-(-15)

O sinal negativo indica calor cedido.


C A P Í T U L O 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA 51

c) Podemos calcular a capacidade térmica do corpo pela fórmula C = -r—.


AO
Como Q = 2.400 cal para A6 = 30 °C, vem:
2.400
30

Outra alternativa é utilizar a fórmula C = me, sendo m = 200 g e c = 0,4 cal/g • °C:

C = 200 • 0,4 =>

Respostas: a) 2.400 calorias; b) 1.200 calorias; c) 80 cal/°C

R.21 A temperatura de 100 g de um líquido cujo calor específico é 0,5 cal/g • °C sobe de -10 °C até 30 °C. Em quantos
minutos será realizado esse aquecimento com uma fonte que fornece 50 calorias por minuto?
Solução:
A temperatura varia de Oj = —10 °C para 0f = 30 °C. Logo, a variação de temperatura é:
AO = e, - e, = só °c - (-10 °c) = 40 °c
São dados: m = 100 g; c = 0,5 cal/g • °C. A quantidade de calor Q recebida pelo corpo vale:
Q = me • AO = 100 • 0,5 • 40 => Q = 2.000 cal
A fonte fornece 50 cal/min (fluxo ou potência da fonte). Assim, por regra de três simples e direta:
50 cal l min !

2.000 cal jc '

Resposta: O aquecimento é realizado em 40 min.

R.22 Um corpo de massa 200 g é aquecido por uma fonte de potência constante e 0(°C)
igual a 200 calorias por minuto. O gráfico mostra como varia, no tempo, a tem-
60-
peratura do corpo. Determine a capacidade térmica do corpo e o calor especí-
fico da substância que o constitui. 40

20-

O 10 20 30 f (min)
Solução:
Os dados para a solução do exercício são extraídos do gráfico. A temperatura do corpo variou de 20 °C para
60 °C em 30 min.
A6 = 60 °C - 20 °C = 40 °C
O calor fornecido pela fonte pode ser calculado por regra de três simples e direta:
l min - 200 cal l
l Q = 6.000 cal
30 min - Q
A capacidade térmica do corpo será dada por:
6.000
A6 40
O calor específico da substância pode ser calculado a partir da equação fundamental (Q = mcA9):

Q = 6.000 cal
Q 6.000
/77-A9
m = 200 g
200 • 40
c = 0,75 cal/g °C
A6 = 40 °C

O calor específico também pode ser obtido pela relação:

C 150
c = — => c = C = 0,75 cal/g °C
777 200

Resposta: 150 cal/°C; 0,75 cal/g • °C


52

Exercícios Propostos
P.50 Um corpo de massa 50 g recebe 300 cal e sua temperatura sobe de -10 °C até 20 °C. Determine a capacidade
térmica do corpo e o calor específico da substância que o constitui.

P.51 Um quilograma de glicerina, de calor específico 0,6 cal/g • °C, inicialmente a -30 °C, recebe 12.000 cal de uma
fonte. Determine a temperatura final da glicerina.

P.52 Uma fonte térmica fornece, em cada minuto, 20 cal. Para produzir um aquecimento de 30 °C em 50 g de um lí-
quido, são necessários 15 min. Determine o calor específico do líquido e a capacidade térmica dessa quantidade
de líquido.

P.53 Para sofrer determinada variação de temperatura, um bloco metálico deve permanecer 3 min em presença de
uma fonte de fluxo constante. A mesma massa de água, para sofrer a mesma variação de temperatura, exige
12 min em presença da fonte (calor específico da água: c — l cal/g • °C). Determine o calor específico do metal.

P.54 Um corpo é colocado em presença de uma fonte térmica de fluxo t e (°o


2 cal/s. O gráfico do aquecimento em função do tempo, em minutos,
é o apresentado. Sendo 60 g a massa do corpo, determine sua capa-
cidade térmica e o calor específico do material que o constitui.

f (min)

P.55 O gráfico fornece a quantidade de calor absorvida por três corpos Q (cal)
A, B e C em função da temperatura. Calcule, para cada um dos cor-
pos, a capacidade térmica e o calor específico das substâncias que 100
os constituem. São dadas as massas: mA = mB = 20 g e mc = 10 g.

C)

5. TROCAS DE CALOR. CALORÍMETRO


Dois corpos A e B, colocados num recinto termicamente isola-
Calor
do, não trocam calor com o meio ambiente. Se a temperatura de
A é maior que a de B, há transferência de calor do primeiro para o
segundo, até que se estabeleça o equilíbrio térmico (figura 6).
Como não há outros corpos trocando calor, se A perder, por exem- > 0B: A cede calor para 6
plo, 50 cal nesse intervalo de tempo, B terá recebido exatamente
50 cal. Pela convenção de sinais estabelecida:
QA = -50 cal Qfi = 50 cal
Percebe-se que:
9^ = 9g: equilíbrio térmico

QA = -Qs ou QA + QB = O Figura 6. Os corpos A e B trocam calor


até atingir o equilíbrio térmico.
Podemos então enunciar o princípio geral que descreve as trocas de calor:

Se dois ou mais corpos trocam calor entre si, a soma algébrica das quantidades de calor trocadas
pelos corpos, até o estabelecimento do equilíbrio térmico, é nula.
C A P Í T U L O 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA 53

Geralmente, os corpos que trocam calor são colocados no interior de dispositivos especiais denomi-
nados calorímetros, isolados termicamente do meio exterior. O mais usado é o chamado calorímetro
de mistura, apresentado a seguir na foto e em corte (figura 7). j
O calorímetro participa das trocas de calor, embora na maioria dos casos essa participação seja pou-
co acentuada. No entanto, quando o calorímetro absorve uma quantidade de calor considerável, deve-
mos levar em conta sua capacidade térmica C, expressa pela relação entre o calor absorvido Q e a varia-

ção de temperatura A0 que ele sofre C = — .


A0
Por exemplo, se numa variação de temperatura de 20 °C o calorímetro absorve 60 cal, sua capaci-
dade térmica vale:
Q = 60 cal l = _Q_ = 60
C = 3 cal/°C
A0 = 20°C í A0 " 20

Termómetro Agitador

Isolante
térmico

Suporte

Figura 7. Corte de um calorímetro de mistura.

\ Puxa, que calor!


Entre você também.

Exercícios Resolvidos
R.23 Um broche de prata de massa 20 g a 160 °C é colocado em 28 g de água inicialmente a 30 °C. Qual a temperatura
final de equilíbrio térmico, admitindo trocas de calor apenas entre a prata e a água? Dados: calor específico da
prata = 0,056 cal/g • °C; calor específico da água =1,0 cal/g • °C.
Solução:
A temperatura final 6f de equilíbrio térmico deve ter um
valor intermediário entre 30 °C e 160 °C. A água recebe ca- 160
lor, sua temperatura aumentando de 30 ° C para 0f. A prata Broche de
' prata
perde calor, sua temperatura diminuindo de 160 °C para 9f,
Equilíbrio
Esquematicamente, as variações de temperaturas são as ef térmico
x k
apresentadas ao lado. 1 A8ua ;
54 Os F U N D A M E N T O S DA FÍSICA

Para facilitar os cálculos, é recomendável tabelar os dados do problema:


*
m c (cal/g • °Ç) e, r ef AG
Água 28 g 1,0 30 °C * =? x- 30
Broche de prata 20 g 0,056 160 °C x=? x - 160

Calculemos as quantidades de calor trocadas.


1) Calor recebido pela água: Ql = me • A0 = 28 • 1,0 (x - 30) =» Q, = 28* - 840
2) Calor perdido pelo broche de prata: Q2 = me • A6 = 20 • 0,056 (x - 160) => Q2 = 1,12* - 179,2
De acordo com o princípio geral das trocas de calor, a soma das quantidades de calor trocadas é nula
(Qi + Q2 = 0). Logo:

28* - 840 + 1,12* - 179,2 = O => 29,12* - 1.019,2 - O 29,12*- 1.019,2

Resposta: 35 °C

R.24 Num calorímetro de capacidade térmica 8,0 cal/°C, inicialmente a 10 °C, são colocados 200 g de um líquido de
calor específico 0,40 cal/g • °C. Verifica-se que o equilíbrio térmico se estabelece a 50 °C. Determine a tempera-
tura inicial do líquido.
Solução:
A troca de calor se dá entre o calorímetro (que recebe) e o líquido (que perde). Esquematizando as variações
de temperatura, teremos:

>r Líquido
r n nr~ Equilíbrio
térmico
t-
Calorímetro
m °r

Tabelando os dados, para facilitar os cálculos:


m c (cal/g • °Q 9t 8, AG
Calorímetro 8,0 cal/°C 10 °C 50 °C 40 °C
Liquido 200 g 0,40 * =? 50 °C 50-*
Calculemos as quantidades de calor trocadas.
1) Calor recebido pelo calorímetro: Ql = C • AG = 8,0 • 40 => Ql = 320 cal
2) Calor perdido pelo líquido: Q2 = me • AG = 200 • 0,40 (50 - *) => Q2 = 4.000 - 80*
Aplicando o princípio geral das trocas de calor (Ql + Q2 - 0):

V* ~~
4.320
320 + 4.000 - 80* = O 80* = 4.320
80
Resposta: 54 °C

R.25 Np interior de um calorímetro de capacidade térmica 6 cal/°C encontram-se 85 g de um líquido a 18 °C. Um blo-
co de cobre de massa 120 g e calor específico 0,094 cal/g • °C, aquecido a 100 °C, é colocado dentro do
calorímetro. O equilíbrio térmico se estabelece a 42 °C. Determine o calor específico do líquido.
Solução:
Três corpos trocam calor entre si: o calorímetro, o líqui-
do e o bloco de cobre. A temperatura do calorímetro
aumenta de 18 °C para 42 °C; portanto, o caloríme-
100 °C •
tro recebe calor. A temperatura do líquido também va-
ria de 18 °C para 42 °C e, assim, o líquido recebe calor. O 1i Bloco de
cobre
bloco de cobre sofre um abaixamento de temperatura de Equilíbrio
42 °C
100 °C para 42 °C; logo, o bloco perde calor. nCalorímetro > k Líquido
térmico
Podemos indicar em um único esquema as variações 18°C
de temperatura dos vários corpos, até se estabelecer o
equilíbrio térmico, como apresentado ao lado.
C A P Í T U L O 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA 55

Para facilitar os cálculos, os dados devem ser tabelados:


m c (cal/g -°Q e. e, AG
Calorímetro C=6 cal/°C 18 °C 42 °C 24 °C
Líquido 85 g x =? 18 °C 42 °C 24 °C
Bloco de cobre 120 g 0,094 100 °C 42 °C -58 °C

Calculemos as quantidades de calor trocadas.


1) Calor recebido pelo calorímetro: Q; = C • A6 = 6 • 24 => Qt — 144 cal
2) Calor recebido pelo líquido: Q2 = me • A9 = 85 • x • 24 => Q2 = 2.040*
3) Calor perdido pelo bloco de cobre: Q3 = me • A9 = 120 • 0,094 • (-58) => Q3 = -654,24 cal
Pelo princípio geral das trocas de calor, é nula a soma das quantidades de calor trocadas (Qj = 0):

144 + 2.040* - 654,24 = O => 2.040* = 510,24 * = 0,25 cal/g • O/" 1

Resposta: 0,25 cal/g • °C

Exercícios Propostos
N...
P.56 Colocam-se 500 g de ferro (c = 0,1 cal/g • °C) a 42 °C num recipiente de capacidade térmica desprezível conten-
do 500 g de água (c — l cal/g • °C) a 20 °C. Determine a temperatura final de equilíbrio térmico.

P.57 Um bloco de alumínio (c = 0,22 cal/g • °C) de massa 100 g é deixado no interior de um forno até entrar em equilí-
brio térmico com ele. Logo ao ser retirado, é colocado em 4.400 g de água (c = l cal/g • °C) a 30 °C. A temperatura
de equilíbrio térmico é 32 °C. Determine a temperatura do forno.

P.58 Num calorímetro cuja capacidade térmica é 5,0 cal/°C, inicialmente a 10 °C, são colocados 300 g de um líquido
de calor específico 0,20 cal/g • °C na temperatura de 41 °C.
a) A que temperatura se estabelece o equilíbrio térmico?
b) A seguir, coloca-se no calorímetro um bloco metálico de massa 500 g a 200 °C e o novo equilíbrio térmico se
estabelece a 60 °C. Qual é o calor específico do metal de que é feito o bloco?

P.59 (Mackenzie-SP) Um calorímetro de capacidade térmica 40 cal/°C contém 110 g de água (calor específi-
co = l cal/g • °C) a 90 °C. Qiie massa de alumínio (calor específico = 0,2 cal/g • °C), a 20 °C, devemos colocar
nesse calorímetro para esfriar a água a 80 °C?

P.60 (ITA-SP) Na determinação do calor específico de um metal, aqueceu-se uma amostra de 50 g desse metal a 98 °C
e a amostra aquecida foi rapidamente transferida para um calorímetro de cobre bem isolado. O calor específi-
co do cobre é 0,093 cal/g • °C e a massa de cobre no calorímetro é de 150 g. No interior do calorímetro há 200 g
de água, cujo calor específico é 1,0 cal/g • °C. A temperatura do calorímetro e da-água antes de receber a amos-
tra aquecida era de 21,0 °C. Após receber a amostra, e restabelecido o equilíbrio térmico, a temperatura atin-
giu 24,6 °C. Determine o calor específico do metal em questão.

P.61 Um bloco de cobre (c = 0,095 cal/g • °C) de massa 300 g é aquecido até a temperatura de 88 °C. A seguir é colo-
cado em 548 g de água (c- 1,0 cal/g • °C), contidos em um calorímetro de alumínio (ç = 0,22 cal/g • °C) que está
à temperatura de 25 °C. O equilíbrio térmico se estabelece a 28 °C. Determine a massa do calorímetro.

As calorias dos alimentos


Em nossa sociedade, a preocupação com o problema da obesidade tem aumentado muito. Por
isso, são muito frequentes artigos e reportagens na mídia mencionando as calorias que esse ou aque-
le alimento fornece ao organismo.
Os alimentos energéticos (carboidratos ou açúcares) são aqueles que, após serem absorvidos,
são "queimados" num processo denominado respiração celular, produzindo a energia indispensá-
vel ao funcionamento do organismo. Na verdade, essa "queima" corresponde a processos bioquími-
cos, em que ocorre a oxidação das moléculas orgânicas. Embora não envolva trocas de calor, no senti-
do que estamos considerando em nosso curso, a medida dessa "energia dos alimentos" costuma
ser feita na unidade quilocaloria (kcal), às vezes impropriamente chamada de Caloria Alimentar e re-
presentada por Cal (com inicial maiúscula).
56 Os FUNDAMENTOS DA FÍSICA

A ingestão em quantidade adequada dos alimentos energéticos (carboidratos) repõe a energia


que o organismo consome — tanto em nossas atividades diárias como na própria manutenção da
vida. Se a ingestão for exagerada, acima das necessidades normais do organismo, os alimentos são
acumulados na forma de gorduras, podendo acarretar o problema da obesidade.
Os alimentos que em princípio não são energéticos, como as gorduras e as proteínas, também
podem ser utilizados para suprir o organismo de energia, na falta dos carboidratos. Entretanto, essa
utilização costuma comprometer o organismo, caracterizando uma deficiência de ordem nutricional
que pode ocasionar problemas de saúde.
Atualmente, a legislação obriga que os rótulos dos alimentos industrializados apresentem infor-
mações nutricionais, nas quais está incluída a energia fornecida por uma porção pré-determinada do
alimento. Por exemplo, para efeito de comparação, os dados seguintes foram extraídos dos rótulos
de alguns alimentos de uso comum, considerando porções de 100 gramas:

Achocolatado em pó 384 kcal Arroz integral 102 kcal


Leite em pó desnatado 350 kcal Queijo mussarela 350 kcal
Macarrão instantâneo 465 kcal Cereal integral 420 kcal
Sorvete de creme 202 kcal Trufas de chocolate .. ,. 600 kcal
Sorvete de creme light 79 kcal

Exercícios P r o p o s t o s de r e c a p i tu l a ç a o
P.62 (PUC-SP) Dia de céu azul. Ao ir à praia, às 9 h da manhã, um banhista percebe que a água do mar está muito
fria, mas a areia da praia está quente. Retornando à praia às 21 h, nota que a areia está muito fria, mas a água
do mar ainda está morna.
a) Explique o fenómeno observado.
b) Dê o conceito de calor específico de uma substância.

P.63 (Vunesp) A figura mostra as quantidades de calor Q absor- f Q (J)


vidas, respectivamente, por dois corpos, A e B, em função JUVJ-
de suas temperaturas. /
/ ^^
a) Determine a capacidade térmica CA do corpo A e a ca- */ B.
^^
/ s^
pacidade térmica CB do corpo B, em J/°C.
b) Sabendo que o calor específico da substância de que é IUO- //S
feito o corpo B é duas vezes maior que o da substância > ^
S*
de A, determine a razão —— entre as massas de A e B. 0 10 20 30 40 50 60 9 (°C)
mB
P.64 (PUC-SP) Um forno de microondas produz ondas eletromagnéticas que aquecem os alimentos colocados no
seu interior ao provocar a agitação e o atrito entre suas moléculas. Se colocarmos no interior do forno um
copo com 250 g de água a 20 °C, quanto tempo será necessário para aquecê-la a 100 °C? Suponha que as mi-
croondas produzem 10.000 cal/min na água e despreze a capacidade térmica do copo (dado: calor específico
da água =1,0 cal/g • °C).

P.65 (Fuvest-SP) Um recipiente de vidro de 500 g e calor específico 0,20 cal/g • °C contém 500 g de água cujo calor
específico é 1,0 cal/g • °C. O sistema encontra-se isolado e em equilíbrio térmico. Quando recebe uma certa
quantidade de calor, o sistema tem sua temperatura elevada. Determine:
a) a razão entre a quantidade de calor absorvida pela água e a,recebida pelo vidro.
b) a quantidade de calor absorvida pelo sistema para uma elevação de 1,0 °C em sua temperatura.

P.66 (Fuvest-SP) Um recipiente contendo 3.600 g de água à temperatura inicial de 80 °C é posto num local onde a
temperatura ambiente permanece sempre igual a 20 °C. Após 5 h o recipiente e a água entram em equilíbrio
térmico com o meio ambiente. Durante esse período, ao final de cada hora, as seguintes temperaturas foram
registradas para a água: 55 °C, 40 °C, 30 °C, 24 °C e 20 °C. Pede-se:
a) um esboço indicando valores nos eixos do gráfico da temperatura da água em função do tempo.
b) em média, quantas calorias por segundo a água transferiu para o ambiente.
(Dado: calor específico da água =1,0 cal/g • °C)
C A P Í T U L O 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA 57

P.67 (Unicamp-SP) Em um aquário de 10 £, completamente cheio de água, encontra-se um pequeno aquecedor de


60 W. Sabendo-se que em 25 min a temperatura da água aumentou de 2 °-C, pergunta-se:
a) Que quantidade de energia foi absorvida pela água?
b) Que fração da energia fornecida pelo aquecedor foi perdida para o exterior?
(Dados: calor específico da água = l cal/g • °C; densidade da água = l kg/E; l cal = 4,0 J)

P.68 (Unicamp-SP) O fenómeno "El Nino", que causa anomalias climáticas nas Américas e na Oceania, consiste no
aumento da temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico.
a) Suponha que o aumento de temperatura associado ao "El Nino" seja de 2 °C em uma camada da superfície
do oceano de 1.500 km de largura, 5.000 km de comprimento e 10 m de profundidade. Lembre que Q = me • A!T.
Considere o calor específico da água do oceano 4.000 J/kg • °C e a densidade da água do oceano 1.000 kg/m3.
QUal a energia necessária para provocar este aumento de temperatura? /
b) Atualmente o Brasil é capaz de gerar energia elétrica a uma taxa aproximada de 60 GW (6,0 x IO10 W). Se
toda essa potência fosse usada para aquecer a mesma quantidade de água, quanto tempo seria necessário
para provocar o aumento de temperatura de 2 °C?

P.69 (Unicamp-SP) Um escritório tem dimensões iguais a 5 m x 5 m X 3 m e possui paredes bem isoladas. Inicial-
mente a temperatura no interior do escritório é de 25 °C. Chegam então a&Â pessoas que nele trabalham, e cada
uma liga seu microcomputador. Tanto uma pessoa como um microcomputador dissipam em média 100 W cada
na forma de calor. O aparelho de ar condicionado instalado tem a capacidade de diminuir em 5 °C a temperatu-
ra do escritório em meia hora, com as pessoas presentes e os micros ligados. A eficiência do aparelho é de
50%. Considere o calor específico do ar igual a 1.000 J/kg • °C e sua densidade igual a 1,2 kg/m3.
a) Determine a potência elétrica consumida pelo aparelho de ar condicionado.
b) O aparelho de ar condicionado é acionado automaticamente quando a temperatura do ambiente atinge 27 °C,
abaixando-a para 25 °C. Quanto tempo depois da chegada das pessoas no escritório o aparelho é acionado?

P.70 (Fuvest-SP) Uma dona decasa em Santos, para seguir a receita de um bolo, precisa de uma xícara de água a 50 °C.
Infelizmente, embora a cozinha seja bem-aparelhada, ela não tem termómetro. Como pode a dona de casa re-
solver o problema? (Você pode propor qualquer procedimento correto, desde que não envolva termómetro.)

P.71 (Vunesp) Uma zelosa "mãe de primeira viagem" precisa preparar o banho do recém-nascido, mas não tem ter-
mómetro. Seu pediatra disse que a temperatura ideal para o banho é de 38 °C. Ela mora à beira-mar e acabou
de ouvir, pelo rádio, que a temperatura ambiente é 32 °C. Como boa estudante de Física, resolve misturar água
fervente com água à temperatura ambiente, para obter a temperatura desejada.
a) Enuncie o princípio físico em que se baseia o seu procedimento.
b) Suponha que ela dispõe de uma banheira com 10 litros de água à temperatura ambiente. Calcule qual é,
aproximadamente, o volume de água fervente que ela deve misturar à água da banheira para Obter a tem-
peratura ideal. Admita desprezível o calor absorvido pela banheira e que a água não transborde.

P.72 (Unicamp-SP) Um rapaz deseja tomar banho de banheira com água à temperatura de 30 °C, misturando água
quente e fria. Inicialmente, ele coloca na banheira 100 i de água fria a 20 °C. Desprezando a capacidade térmica
da banheira e a perda de calor da água, pergunta-se:
a) Quantos litros de água quente, a 50 °C, ele deve colocar na banheira?
b) Se a vazão da torneira de água quente é de 0,20 i/s, durante quanto tempo a torneira deverá ficar aberta?

P.73 (UFG-GO) Um biólogo, querendo verificar se estava correta a temperatura indicada por sua estufa, fez a seguin-
te experiência:
1. Colocou um objeto metálico na estufa. Após o equilíbrio térmico, colocou o objeto em uma garrafa térmica
(calorímetro de capacidade térmica desprezível) contendo 100 g de água a 20 °C. Mediu a temperatura de
equilíbrio entre o objeto e a água e encontrou 31 °C.
2. Colocou novamente na estufa dois objetos metálicos idênticos ao anterior. Após o equilíbrio térmico, colo-
cou-os na garrafa térmica, contendo, novamente, 100 g de água a 20 °C. Mediu a nova temperatura de equi-
líbrio térmico entre os dois objetos e a água e encontrou 40 °C.
Admitindo-se que o indicador de temperatura da estufa estivesse funcionando corretameíite, qual deveria ser
a temperatura indicada na estufa?

P.74 (UFU-MG) As temperaturas iniciais de uma massa m de um líquido A, 2m de um líquido B e 3m de um líquido C


são respectivamente iguais a 60 °C, 40 °C e 20 °C. Misturando-se os líquidos A e C, a temperatura de equilíbrio
é 30 °C; misturando-se os líquidos B e C, a temperatura de equilíbrio é 25 °C.
a) Qual é a temperatura de equilíbrio, quando se misturam os líquidos A e BI
b) Se o calor específico do líquido C é 0,5 cal/g • °C, qual é o calor específico do líquido BI
58 Os FUNDAMENTOS DA FÍSICA

Testes
T.72 (PUC-Campinas-SP) Sobre a grandeza calor espe- T.76 (UCSal-BA) A massa, a temperatura e o calor es-
cífico, podemos dizer que fornece, numerica- pecífico de cinco amostras de materiais sólidos
mente, a quantidade de calor: estão apresentados na tabela.
a) necessária para que cada unidade de massa
do corpo varie sua temperatura de um grau. Calor
b) necessária para que cada unidade de massa Amostra Massa Temperatura específico
do corpo mude de estado físico. (g) (°C) (cal/g -°C)
c) que um corpo troca com outro quando varia
sua temperatura. 1 10 80 0,20
d) necessária para que a temperatura de um 2 20 70 0,10
corpo varie de um grau.
. 3 15 80 0,10
e) que um corpo troca com outro quando muda
de estado. 4 30 60 0,05
5 20 50 0,20
T.73 (Vunesp) A respeito da informação "O calor es-
pecífico de uma substância pode ser considera- Essas amostras são, simultaneamente, imersas
do constante e vale 3 J/g • °C", três estudantes, I, em um recipiente com água, atingindo rapida-
II e III, forneceram as explicações seguintes: mente o equilíbrio térmico a 30 °C. Dentre essas,
I. Se não ocorrer mudança de estado, a transfe- a que cedeu maior quantidade de calor para a
rência de 3 J de energia térmica para l g des-
.água foi a amostra de número:
sa substância provoca elevação de l °C na a) 4 d) 2
sua temperatura.
b) 5 e) l
II. Qualquer massa em gramas de um corpo
c) 3
construído com essa substância necessita de
3 J de energia térmica para que sua tempera-
T.77 (Fuvest-SP) Em um processo industrial, duas esfe-
tura se eleve de l °C.
ras de cobre maciças, A e B, com raios RA = 16 cm
III. Se não ocorrer mudança de estado, a transfe-
e RB = 8 cm, inicialmente à temperatura de 20 °C,
rência de l J de energia térmica para 3 g des-
permaneceram em um forno muito quente du-
sa substância provoca elevação de l °C na
rante períodos diferentes. Constatou-se que a
sua temperatura.
esfera .,4, ao ser retirada, havia atingido a tempe-
Dentre as explicações apresentadas:
ratura de 100 °C. Tendo ambas recebido a mesma
a) apenas I está correta.
quantidade de calor, a esfera B, ao ser retirada
b) apenas II está correta.
do forno, tinha temperatura aproximada de:
c) apenas III está correta.
a) 30 °C d) 180 °C
d) apenas I e II estão correias.
b) 60 °C e) 660 °C
e) apenas II e III estão correias.
c) 100°C
T.74 (FMTM-MG) Para determinar o calor específico
T.78 (Furg-RS) O gráfico representa a temperatura de
da substância de um corpo homogéneo, de mas-
um corpo em função do tempo, ao ser aquecido
sa 200 g, elevou-se sua lemperalura de 24 °C
por uma fonte que fornece calor a uma potência
para 60 °C, utilizando-se uma fonte de potência
constante de 180 cal/min.
1.200 J/min. Sabendo-se que o processo durou
15 min, o calor específico encontrado, em J/kg °C,
foi de:
120--
a) 2,5 d) 2.250
b) 25 e) 2.500
c) 250

T.75 (Ufes) Dois objetos A e B são constiluídos do


mesmo material e recebem a mesma quantidade
de calor. Observa-se que a variação da tempera- 10 f(min)
tura do objeto A é o dobro da variação da tempe-
ratura do objeto B. Podemos, então, afirmar que: Se a massa do corpo é 200 g, então o seu calor
a) a capacidade térmica de B é o dobro da de A. específico vale:
b) o calor específico de B é o dobro do de A. a) 0,180 cal/g • °C
c) a capacidade térmica de A é o dobro da de B. b) 0,150 cal/g-°C
d) o calor específico de A é o dobro do de B. c) 0,120 cal/g - ° C
e) os dois objetos têm coeficiente de dilatação d) 0,090 cal/g °C
térmica diferente. e) 0,075 cal/g °C
C A P Í T U L O 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA 59

(Uniube-MG) Uma fonte térmica fornece 55 cal/s 250 cal/°C, na qual ele coloca 2 £ de água. O calor
com potência constante. Um corpo de massa 100 g específico da água é l cal/g • °C e sua massa espe-
absorve totalmente a energia proveniente da fon- cífica é l g/cm3. A temperatura inicial do conjun-
te e tem temperatura variando em função do tem- to é +10 °C. Quantas calorias devem ser forne-
po, conforme o gráfico. cidas ao conjunto (chaleira + água) para elevar
sua temperatura até +90 °C?
era a) 20.160
b) 160.000
c) 20.000
45
d) 160
e) 180.000

20 T.82 (Fuvest-SP) Dois recipientes de material termi-


camente isolante contêm cada um 10 g de água
a O °C. Deseja-se aquecer até uma mesma tempe-
O 10 t (s)
ratura os conteúdos dos dois recipientes, mas
A capacidade térmica desse corpo e o calor espe- sem misturá-los. Para isso é usado um bloco de
cífico da substância de que é constituído são, res- 100 g de uma liga metálica inicialmente à tempe-
pectivamente, iguais a: ratura de 90 °Ç. O bloco é imerso durante um cer-
a) 2,2 cal/ 0,022 cal/g C to tempo num dos recipientes e depois transferi-
b) 2,2 cal/ 0,22 cal/g • °C do para o outro, nele permanecendo até ser atin-
c) 2,2 cal/ 2,2 cal/g • °C gido o equilíbrio térmico. O calor específico da
0,22 cal/g • °C água é dez vezes maior que o da liga. A tempera-
e) 22cal/°C 0,022 cal/g • °C tura do bloco, por ocasião da transferência, deve
então ser igual a:
T.80 (UEL-PR) O gráfico representa o calor absorvido a) 10 °C
por dois corpos sólidos M e N em função da tem- b) 20 °C
peratura. c) 40 °.C
d) 60 °C
^Q(cal) e) 80 °C

T.83 (Fuvest-SP) No gráfico, a curva I representa o


550" resfriamento de um bloco de metal a partir de
180 °C, e a curva II, o aquecimento de uma certa
quantidade de um líquido a partir de O °C, ambos
em função do calor cedido ou recebido no pro-
cesso.

50 70 0(°C)
180
A capacidade térmica do corpo M em relação à 160
do corpo /V vale: 140
a) 1,4 120
(D
b) 5,0 100
c) 5,5 80
d) 6,0 60
e) 7,0 40
20
T;SI (Unisinos-RS) O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 Q (kj)
Amargo
(Lupicínio Rodrigues) Se colocarmos num recipiente termicamente iso-
Amigo boleia a perna lante a mesma quantidade daquele líquido a 20 °C e
Puxa o banco e vai sentando o bloco a 100 °C, a temperatura de equilíbrio do sis-
Descansa a palha na orelha tema (líquido + bloco) será de aproximadamente:
E o crioulo uai picando a) 25 °C
Que enquanto a chaleira chia b) 30 °C
O amargo eu vou cevando. c) 40°C
Ao esquentar a água para o chimarrão, um gaú- d) 45 °C
cho utiliza uma chaleira de capacidade térmica e) 60 °C
6O Os F U N D A M E N T O S DA FÍSICA

T.84 (UEL-PR) Num laboratório, para se obter água a O calor específico CA do material A vale:
30 °C, mistura-se água de torneira a 15 °C com a) 0,44 cal/g • °C
água quente a 60 °C. Para isso, coloca-se um reci- b) 0,33 cal/g -°C
piente de capacidade térmica 500 cal/°C com 5,0 li- c) 0,22 cal/g-°C
tros de água quente sob uma torneira cuja vazão d) 0,11 cal/g -°C
é 1,0 í/min, durante certo intervalo de tempo. Es- e) 0,06 cal/g • °C
se intervalo de tempo, em minutos, é um valor
próximo de:
(Dado: densidade da água =1,0 g/cm3; calor es- T.87 (Mackenzie-SP) Um calorímetro de capacidade
pecífico da água =1,0 cal/g • °C.) térmica 5,0 cal/°C contém 200 g de água (calar
a) 5 d) 11 específico =1,0 cal/g • °C) a 20 °C. Ao colocarmos
b) 7 e) 13 um bloco metálico de 500 g à temperatura de
c) 9 100 °C no interior desse calorímetro, observa-
mos que o sistema atinge o equilíbrio térmico a
T.85 (Unirio-RJ) Representamos abaixo o diagrama 60 °C. O calor específico do metal que constitui
de variação de temperatura de duas massas de esse bloco, em cal/g • °C, é:
água, m j (inicialmente a 80 °C) e m2 (inicialmente a) 0,30
a 20 °C), que foram misturadas em um vaso
b) 0,36
adiabático.
c) 0,41
fero d) 0,46
e) 0,52
80

40 T.88 (E. Naval-RJ) Um bloco metálico A encontra-se,


20 inicialmente, à temperatura 0 °C. Sendo colocado
em contato com outro bloco B de material dife-
O 10 t (s)
rente, mas de mesma massa, inicialmente a O °C,
Considerando os dados fornecidos pelos gráfi- verifica-se, no equilíbrio térmico, que a tempera-
cos, podemos afirmar que: tura dos dois blocos é de 0,75 6 °C. Supondo que
a) ml = 3/n2 só houve troca de calor entre os dois corpos, a
b) ml = 2m2 relação entre os calores específicos dos mate-
c) Wj = m2
riais A e B \
d) c
m2 a) T
e)
T
b) 4
T.86 (UFC-CE) Uma quantidade m do material A, de c) 0,4
calor específico desconhecido, foi posta em con- d) 40
tato térmico com igual quantidade m do material e) 3
B, cujo calor específico é CB = 0,22 cal/g • °C. Os
materiais em contato foram isolados termica- T.89 (Fuvest-SP) Dois recipientes iguais, A e B, con-
mente da vizinhança, e a temperatura de cada um têm, respectivamente, 2,0 litros e 1,0 litro de água
foi medida ao longo do tempo até o equilíbrio tér-
à temperatura de 20 °C. Utilizando um aquecedor
mico entre eles ser atingido. A figura mostra os
elétrico, de potência constante, e mantendo-o li-
gráficos de temperatura versus tempo, resultan-
gado durante 80 s, aquece-se a água do recipien-
tes dessas medidas.
te A até a temperatura de 60 °C. A seguir, transfe-
re-se 1,0 litro de água de A para B, que passa a
conter 2,0 litros de água à temperatura 8. Essa
mesma situação final, para o recipiente B, pode-
ria ser alcançada colocando-se 2,0 litros de água
a 20 °C em B e, a seguir, ligando-se o mesmo aque-
cedor elétrico em B, mantendo-o ligado durante
um tempo aproximado de:
a) 40 s
b) 60 s
c) 80 s
í (min) d) 100 s
-20- e) 120 s
C A P Í T U L O 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA 61

de Calorimetria

Exercícios Resolvidos
R.26 O calor específico de uma substância no estado líquido varia com a c(cal/g-~°C)
temperatura, sob pressão constante, segundo o gráfico. Determine a
quantidade de calor necessária para aquecer 50 g dessa substância
entre 10 °C e 70 T. 0,30 --

10 70 0(°C)
Solução:
Como o calor específico é variável, não se pode usar diretamente a equação fundamental da Calorimetria
Q - mcA6. No caso, como a variação do calor específico ê linear com a temperatura, pode-se adotar no inter-
valo considerado o calor específico médio como a média aritmética dos calores específicos extremos. Então:
0,30 + 0,42
CM = => CM = 0,36 cal/g • °C
Aplica-se agora a equação fundamental da Calorimetria usando-se esse valor médio para o calor específico
(Q = mcM • A8).
Sendo m = 50 g e A0 = 70 °C - 10 °C = 60 °C, temos:

Q = 50 • 0,36 • 60 =
Resposta: 1.080 calorias
Observação:
Outra solução (mais geral, pois pode ser usada mesmo que a variação do calor específico não seja linear) seria
a utilização de uma propriedade do gráfico c X 6.
Se o calor específico fosse constante, teríamos o gráfico ao lado. A
área destacada, no intervalo de temperatura A9, seria dada numerica-
mente por:
A = c • AG
Mas, da equação fundamental, obtemos:
O
Q = me • A0 => — = c • A9
m

Comparando: (numericamente)

Essa propriedade pode ser generalizada para qualquer gráfico que c (cal/g • °C)
forneça a variação do calor específico com a temperatura. Para o caso
do problema apresentado:
Q _ 0,42 + 0,30
A = —— (70 - 10)
m
10 70 8(°C)
- =0,36-60 => — =21,6
m 50

R.27 De que altura deve cair, partindo do repouso, um corpo de massa 2 kg, para que sua temperatura se eleve de 5 "C
ao se chocar inelasticamente com o chão? Admita que somente o corpo absorva a energia térmica desprendi-
da. O calor específico do material do corpo é 0,04 cal/g • °C. Adote g ^ 10 rn/s2 e l cal = 4 J.
Solução:
A energia potencial gravitacional do corpo (£p) em relação ao solo vai se converter totalmente em calor (Q)
que aquece o corpo:

Sendo Ep = mgh e Q = me • A0, vem: prígh = AO

•"
62 Os F U N D A M E N T O S DA FÍSICA

No entanto, para que essa fórmula possa ser usada, o calor específico deve ser expresso em J/kg • °C. Assim:

c = 0,04
4J
= 0,04 = 160 J/kg • °C
g-°C IO"3 kg i °C

160-5
Portanto: h =
. 10
Resposta: 80 m

R.28 Uma bala de chumbo de 5 g de massa move-se a uma velocidade de 40 m/s no instante em que se choca com uma
parede, ficando nela inscrustada. Supondo que toda a energia mecânica da bala tenha se convertido em calor
que a aqueceu, determine sua elevação de temperatura (dados: calor específico do chumbo = O 03 cal/g • °C-
g = 10 m/s2; l cal = 4,18 J).
Solução:
A energia cinética da bala se converte, com o impacto, no calor que vai aquecê-la:

mv
Sendo Ec = —r— e Q = me • A0, vem: • AG

Para usar essa fórmula, o calor específico deve estar em J/kg • °C. Então:
ral 4181
c = 0,03 -£2L = 0,03• .J?. _ - 125,4J/kg• T
g-°c IO'3 kg • °C

Resposta: 6,38 °C

Exercícios Propostos
P.75 Suponha que o calor específico de uma substância varie com a tempe- "c (cal/g-°C)
ratura segundo o gráfico. Determine a quantidade de calor necessária
para aquecer 60 g dessa substância no intervalo de temperaturas con-
siderado.

10 22 6 (°C)

P.76 Vamos supor que o calor específico de uma substância varie num cer- • c (cal/g •"C)
to intervalo de temperatura obedecendo ao gráfico ao lado.
a) Determine a quantidade de calor necessária para aquecer 150 g da o,22
substância de O a 40 °C.
b) Qual é o calor específico médio da substância no intervalo de tem-
peraturas considerado?
0 4o e (°o
2

P.77 (UFMG) Uma quantidade de calor igual a 4,2 J eleva de 1,0 °C a massa
de água igual a 1,0 • IO"3 kg. Considerando que g = 10 m/s2 e que toda
a energia potencial da água de uma cachoeira de 42 m de altura seja
transformada em calor, qual será a variação de temperatura da água
na queda?

P.78 Na experiência de Joule (ver figura), uma massa de 10 kg cai de uma


altura de 120 m, girando as pás que aquecem 1.000 g de água. Admi-
tindo-se que toda a energia da queda produza aquecimento da água,
qual seu aumento de temperatura?
(Dados: g = 10 m/s2; l cal = 4 J; c = l cal/g • °C)
C A P Í T U L O 4 — A MEDIDA DO CALOR — CALORIMETRIA 63

P.79 (Mackenzie-SP) Uma bola de 8,4 kg que é abandonada do repouso a uma altura de 5,0 m, após chocar-se com o
solo (altura zero), retorna a uma altura de 4,0 m. Adote g = 10 m/s2. Se.a perda de energia mecânica da bola
pudesse ser usada exclusivamente no aquecimento de 10 g de água (c = 1,0 cal/g • °C e l cal = 4,2 J), qual seria
a elevação de temperatura dessa água?

P.80 (UFRJ) Um recipiente de capacidade térmica desprezível contém l kg de um líquido extremamente viscoso.
Dispara-se um projétil de 2 • IO"2 kg que, ao penetrar no líquido, vai rapidamente ao repouso. Verifica-se então
que a temperatura do líquido sofre um acréscimo de 3 °C. Sabendo que o calor específico do líquido é 3 J/kg • °C,
calcule a velocidade com que o projétil penetra no líquido.

P.81 (Uerj) Um corpo de massa 2,0 kg é lançado do ponto A,


conforme indicado na figura, sobre um plano horizontal,
com uma velocidade de 20 m/s. A seguir, sobe uma rampa
até atingir uma altura máxima de 2,0 m, no ponto B (dado: >•
g = 10 m/s2). |~1
Sabe-se que o calor gerado no processo foi todo absorvido A
pelo corpo e que um termómetro sensível ligado ao corpo
acusa uma variação de temperatura de l °C.
á) Determine o calor específico médio do material que constitui o corpo, em J/kg • °C.
b) Indique se a altura máxima atingida pelo corpo, caso não houvesse dissipação de energia, seria maior, me-
nor ou igual a 2,0 m. Justifique sua resposta.

P.82 (Mackenzie-SP) Um martelo com 2 kg de massa é usado para golpear um bloco de chumbo de massa 5 kg, cuja
temperatura se eleva de 20 °C a 30 °C após ter recebido 50 golpes. Admita que 80% da energia mecânica seja
retida pelo chumbo. Determine:
a) a altura de queda equivalente do martelo em cada golpe;
h) a velocidade do martelo no momento do golpe.
(Dados: calor específico do chumbo = 0,031 cal/g • "C; g = 10 m/s2; l cal = 4,18 J)

—— Btlvldide Experimentei ———


Determinando a capacidade térmica de um calorímetro
Consiga um recipiente de isopor pequeno, como o que é usado em bares e restaurantes
para manter "gelada" uma garrafa de cerveja. Esse será o seu calorímetro.
Faça um furo em sua parte superior de modo a permitir a introdução de um termómetro
comum de álcool ou mercúrio, graduado de O °C a 100 °C.
Inicialmente coloque cerca de 40 cm3 de água fria (à temperatura 6,, cerca de l O °C)~no
interior do seu calorímetro.
Em seguida, aqueça aproximadamente 60 cm3 de água até que ela atinja uma tempera-
tura 02 inferior a 100 °C (por exemplo, 70 °C).
Despeje agora a água quente no calorímetro. Feche-o rapidamente e agite-o para mis-
turar as águas no seu interior. Meça com o termómetro a temperatura final de equilíbrio 6f.
Considerando que a densidade da água é l g/cm3, os volumes misturados (em cm3)
correspondem numericamente às massas (em gramas). Sendo c = l cal/g • °C o calor especí-
fico da água, calcule o módulo das quantidades de calor trocadas pelas duas massas de água:
Lôil = mic (6f ~ ®i) Calor recebido por m{
\Q2\ m2c (6,2 - 6f) Calor perdido por m2
A diferença Ag = \Q2\ \Q{\e à quantidade de calor absorvida pelo calorímetro. Calcule-a.
A variação de temperatura do calorímetro será dada por: AG = 0f - Oj. Calcule-a.
_ 'Ag
A capacidade térmica do seu calorímetro será dada pela relação C --- ——. Calcule-a.
Repita a experiência mais duas vezes e tire a média aritmética dos resultados. Assim, você obterá um resultado mais próxi-
mo do real, compensando eventuais erros cometidos nas determinações.
• Você considera esse valor de capacidade térmica do seu calorímetro alto ou baixo?
• Na determinação do Calor específico de um corpo com esse calorímetro, sua capacidade tármloa podaria oo* Joaj>*o=«<4cvO
Por quê?
64 Os F U N D A M E N T O S DA F Í S I C A

HISTÓRIA DA FÍSICA
>
A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CALOR
O homem das cavernas, ao usar o fogo para se aquecer e cozinhar, foi prova-
velmente quem primeiro tentou entender o mistério do "calor". Os filósofos gre-
gos dos séculos VI, V e JV.a.C., EMPÉDOCLES, ARISTÓTELES e outros, acredita-
vam que o fogo, ao lado da água, da terra e do ar, era um dos plpmpntnc formarir.-
res da natureza. Essa ideia sobreviveu por quase dois mil anos, incluindo-se nesse
período os alquimistas, que admitiam ter o fogo um poder extraordinário para
levá-los ao encontro da pedra filosofal e do elixir da vida.
Apenas em 1661, o químico irlandês ROBERT BOYLE (1627-16.91 ^contem-
porâneo de Newton, em sua obra O químico célico, combateu as ideias dos al-
quimistas, emitindo com precisão o conceito de elemento químico. Entretanto,
Boyle ainda incluía o fogo como um desses elementos.
Alguns anos depois, GEORG STA H L,.o .médico do rei da Prússia, criou a ideia Aristóteles
do (logístico. Segundo ele, o flogístico era o princípio do fogo. Um corpo ao ser
aquecido, recebia flogístico; ao se resfriar, o corpo perdia flogístico.
. JOSEPH PRIESTLEY (1733-1809), químico ingtês, era liberal em polttica e re-
ligião/mas conservador em ciência, defendendo a teoria do flogístico. Entretanto,
ao descobrir o oxigénio (que chamou de ar deflogisticado), permitiu ao notável
químico francês ANTOLNÉrlAURENT LAVOISIER (1743-1794) derrubar definiti-
vamente, em 1777, a teoria do flogístico, explicando a combustão como uma sim-
ples reação com o oxigénio.
Lavoisier introduziu o termo calórico para descrever o elemento impon-
derável responsável pelo aquecimento dos corpos, por algumas reaçõès químicas
e por outros fenómenos. Em colaboração com PIERRE-SIMON LAPLACE (1749-
1827), fez importantes estudos sobre O calor liberado na combustão. Sobre sua trá-
gica morte na guilhotina, seu contemporâneo JOSEPH-LOU1S LAGRANGE (1736-
Lavoisier
1813) comentou: "Talvez um século não baste para produzir uma cabeça como
essa, que se levou apenas um segundo para cortar".
Q médico escocês JOSEPH BLACK (1728-1799), assim como Lavoisier, entendia o fluido calórico como
uma substância que podia combinar-se quimicamente com a matéria. Segundo ele, quando entre o corpo e o
calórico havia uma simples mistura, a temperatura aumentava, sendo perceptível a presença do calor: era o calor
sensível. Quando o calórico se combinava quimicamente com a matéria, ele "desaparecia", não produzindo
variação de temperatura: era o calor latente. Um exemplo dessa "reação química" com o calor aconteceria nas
mudanças de estado: gelo + calórico -» água.
Apesar de suas ideias não corresponderem à realidade, como ficaria comprovado mais tarde, Black teve o
mérito de entender o calor como uma quantidade, definindo a unidade até hoje usada para medi-lo: .a caloria.
Introduziu ainda os importantes conceitos de capacidade térmica e calor específico.
A ideia atual de que o calor é energia nasceu com o americano radicado na Alemanha B.EJSJAMIN
THOMPSON (1753-1814), o conde de Rumford, que, em 1799, ao pesquisar a perfuração de canhões numa
fábrica de armas na Baviera, percebeu que o aumento de temperatura que ocorria no material perfurado só
poderia provir da energia mecânica das brocas. A equivalência entre calor e energia mecânica foi determinada
porJULIUS ROBERT MAYER (1814-1878) em 1842 e, com mais precisão, por JAMES PRESCOTTJOULE (1818-
1889) em 1843. O relacionamento definitivo da energia térmica com a energia cinética das moléculas foi e^ta-
belecido em 1857 pelo físico alemão RUDOLPH CLAUSIUS (1822-1888).

Laplace Black

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