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Direito Penal I – 1º semestre – 2º Ano

02.11.2020 - aula online

Aplicação da lei penal no espaço - continuação

• O momento da prática do facto está ultrapassado e o princípio regra também está ultrapassado
só que para além de sabermos quando é que o facto se considerou praticado também é preciso
saber onde é que ele se considera praticado.

• O princípio regra é o princípio da territorialidade que está previsto no artigo 4 a) do código


penal. E desde logo temos um princípio complementar que é o critério do pavilhão que está no
artigo 4 b) do código penal.

• O princípio da territorialidade é o princípio regra porque há uma ideia segundo a qual os estados
querem julgar os crimes que foram cometidos no seu território. Para que efetivamente este
princípio possa ser cumprido os diferentes estados possuem um mecanismo que é a extradição. Se
a pessoa A cometeu um determinado crime em Portugal e se souber que ela entretanto foi para
outro país por exemplo para o Brasil, uma vez que essa pessoa cometeu o crime em território
nacional o estado português pode lançar mão da extradição que no fundo consiste num mecanismo
através do qual o estado onde foi praticado o crime pede a outro estado onde está o suposto autor
da prática do crime que entregue esse cidadão para que seja julgado no estado onde cometeu o
crime. A extradição visa cumprir o princípio da territorialidade. No seio da União Europeia foi criado
um mecanismo cujo objetivo é igual à extradição que se chama mandado de detenção europeu.
Ambos visam cumprir o princípio da territorialidade.

• Artigo 5 do código civil - Já não estamos no âmbito do princípio da territorialidade. Estamos sim
no âmbito de crimes que foram cometidos no estrangeiro, mas que ainda assim Portugal vai
julgar. Porque é que Portugal vai julgar se o facto não se considera praticado em Portugal? -
porque efetivamente o crime tem alguma, mais forte ou menos forte, ligação com o território
nacional, no entanto, isto só não chega. Ja não estamos perante extensões do princípio da
territorialidade, mas digamos que estamos na presença de princípios complementares do
princípio da territorialidade.

Artigo 5 a) do código penal - Princípio dos interesses nacionais - A lei penal portuguesa pode ser
aplicada aos crimes cometidos fora do território nacional desde que sejam crimes previstos por
exemplo no artigo 5 a) do código penal. Porque é que Portugal julga estes crimes apesar de não
terem sido praticados em solo português? - estão em causa interesses do estado português, ou
seja, o estado português por um lado quer que as comunicações entre as pessoas sejam feitas em
segurança e por outro lado por uma questão de fé publica. Portanto estes crimes dizem
essencialmente respeito ou deverão ser essencialmente julgados pela lei penal portuguesa. São
interesses nacionais. O que está aqui em causa é a defesa de valores, interesses, bens jurídicos que
de certa maneira são estruturantes do estado de direito seja, porque tem a haver com as
comunicações, com falsificações de moedas, seja porque está em causa o estado de direito, seja
porque está em causa a independência e integridade nacionais.

Artigo 5 b) do código penal - Princípio da nacionalidade típica ou cumulativa ou princípio da
nacionalidade ativa e passiva - O que está aqui em causa é que o crime é cometido por um
português contra um português, ambos vivem em Portugal e são encontrados em Portugal.
Exemplo: O Carlos é médico da Delfina e o Carlos pretende fazer um tratamento à Delfina que à luz
da lei portuguesa não constitui um ato médico e que poderá constituir um crime de ofensa à
integridade física. A Delfina diz que está disposta a fazer o tratamento, mas Carlos diz-lhe que terão
de o fazer no estrangeiro, terão de realizar a operação a uma clínica de um amigo dele. Vão para o
tal país realizam a operação e voltam para Portugal. O que se verifica aqui é que a justificação para
que o crime seja cometido em território estrangeiro é o agente ficar impune o que não aconteceria
se tivesse cometido o crime em solo português. Para estas situações nós aplicamos a lei portuguesa
porque não aplicar a lei portuguesa a estes factos significaria que o estado português estava a
permitir que os seus nacionais fossem ao estrangeiro praticar crimes que lá não fossem
considerados crimes e que regressassem impunes a Portugal. Está aqui em causa evitar uma fraude
à lei portuguesa.

Artigo 5 c) do código penal - Princípio da universalidade - Temos aqui neste conjunto de artigos
crimes que por assim dizer são consensuais praticamente em todo o universo daí que este princípio
se designe de princípio da universalidade. Para além do agente ser encontrado em Portugal ele não
pode ser extraditado ou entregue em execução de mandado de detenção europeu. Exemplo: Crime
de mutilação genital feminina, o senhor está em Portugal, cometeu este crime noutro país, então o
que vai acontecer é que quando chegar a Portugal o pedido de extradição vai haver uma apreciação
primeiro procedimental do processo de extradição e em segundo lugar o que o estado português
faz é averiguar quais as condições em que o arguido vai ser julgado no país onde cometeu o crime e
vai ver que as garantias processuais do estado onde ele cometeu crime são diminutas e por outro
lado pode ser sancionado com uma pena de morte e se assim é efetivamente o estado português
não vai extraditar, estamos a falar de extradição porque estamos a pressupor que estamos a falar
fora da União Europeia. Portanto, Portugal não entrega agentes a um estado que não respeite os
direitos fundamentais no âmbito do processo penal desse mesmo agente e não entrega também
um agente a esse estado para que lhe seja aplicada uma pena de prisão perpétua ou uma pena de
morte.


Artigo 5 d) do código penal - Princípio da universalidade


Artigo 5 e) do código penal - Desdobra-se em dois princípios: princípio da nacionalidade ativa e o
princípio da nacionalidade passiva. No segmento da expressão “por portugueses…” temos o
princípio da nacionalidade ativa e na expressão “por estrangeiros contra portugueses…” temos o
princípio da nacionalidade passiva. A extradição só funciona se se verificar o princípio da dupla
incriminação. Exemplo: Se alguém pedir ao estado português um agente para o julgar pelo crime
por exemplo de proibição de usar calças de ganga numa segunda feira, o estado português não
extradita porque esse crime não é crime cá em Portugal, logo, não se verifica o princípio da dupla
incriminação

Artigo 5 f) do código penal - Princípio da administração supletiva - O crime não foi praticado em
Portugal, não foi praticado por portugueses, não foi praticado contra portugueses e não diz
respeito a interesses universalmente protegidos. Exemplo: Um estrangeiro vem para Portugal e
cometeu um crime por exemplo nos Estados Unidos e um dos estados norte americanos manda-
nos para cá o pedido de extradição do senhor Smith, o estado português recebe esse pedido vai
analisá-lo e conclui que aquele crime é punido com a perda de um dedo naquele país (pena
corporal) e como nós somos um estado que presa a integridade física de todas as pessoas não só
dos nacionais, apesar de se tratar de um estrangeiro não o vamos entregar para ele ser julgado
nesse estado. O estado português deve julgá-lo.


Os artigos 4 e 5 do código penal começam pela expressão “Salvo tratado ou convenção
internacional em contrário”, significa que estamos perante normas que podem ser derrogadas em
sede de acordo ou de convenção internacional. Portanto, estas normas são normas de caráter
supletivo.

03.11.2020
Restrições à aplicação da lei portuguesa:

Artigo 6 nº1 do código penal - 1º exemplo: Um agente, senhor Smith, foi condenado a prisão
perpétua pelo crime de escravidão e vamos imaginar que esse estrangeiro foi julgado e condenado
nos Estados Unidos só que qualquer coisa correu mal e no dia em que ele tomou conhecimento da
sentença conseguiu fugir para Portugal. O que acontece é que ele já foi julgado pela pratica deste
crime de escravidão. Todavia, ele não cumpriu a pena então o estado português já não o pode julgar
mas como ele não cumpriu nenhum dia de pena nos Estados Unidos terá de cumprir a pena cá em
Portugal. No entanto, nós não temos pena de prisão perpétua e por isso teremos de ver o limite
máximo de pena prisão que nós temos e aplicá-la ao caso concreto. 2º exemplo: Se ele não foi
condenado a pena de prisão perpétua mas sim a 3 anos de prisão e não se evadiu cumpriu os 3 anos
foi solto e veio para Portugal, se isto acontecer Portugal não pode fazer nada porque primeiro ele já
foi julgado, e em segundo já cumpriu a pena. 3º exemplo: O agente foi condenado nos Estados
Unidos pelo crime de ofensas à integridade física, foi julgado com pena de 3 anos de prisão e ao fim
de 1 ano evadiu-se para Portugal. Nesta situação Portugal aplica a pena que aplicaria em Portugal
nesta situação tendo em conta que ele já cumpriu um ano da pena que lhe foi aplicada.

Artigo 6 nº2 do código penal - Se a pessoa que se subtraiu à justiça penal ou se a pessoa que não
cumpriu a pena vier para Portugal e se ela não for remetida ao estado onde praticou o crime os
tribunais portugueses têm ainda que fazer uma tarefa. Exemplo: O agente cometeu o crime no
estrangeiro, veio para Portugal, Portugal vai julgá-lo mas o tribunal que o julgar vai ter que fazer uma
tarefa prévia, vai ter que verificar se a lei estrangeira é mais favorável do que a lei portuguesa. Em
última instância pode acontecer que a lei estrangeira por ser mais favorável é aplicada num tribunal
português.

• Artigo 6 nº3 do código penal - Sempre que estejam em causa a defesa dos interesses nacionais
ou sempre que esteja em causa o princípio da nacionalidade cumulativa não se escolhe a lei penal
mais favorável porque se aplica sempre a lei penal do estado português porque em princípio esse
facto penalmente relevante só interessa ao estado português.

Extradição:

• A extradição prevista no artigo 33 nº3, nº4, nº5 e nº6 da constituição é o facto pelo qual um estado
envia a outro estado uma pessoa que está no seu território para que seja aí julgada. É excecional nos
termos do artigo 33 nº3. Tem um diploma que a regula de forma mais exaustiva - Lei da cooperação
judiciária internacional em matéria penal (Lei nº 144/99 de 31 de agosto).

09.11.2020

Aplicação da lei penal no espaço (continuação)

• A extradição está prevista no artigo 33 nº3 a nº7 da constituição.

• Artigo 33 nº3 - Relativo a nacionais - a extradição de um nacional pode não se efetuar porque o estado
requisitante não deu garantias que ia julgar aquele português de acordo com um processo justo e
equitativo.

• Artigo 33 nº4 - Garantia de que o estado que está a requisitar não aplica penas restritivas de caráter
perpétua ou duração indefinida - o estado que está a requisitar tem de oferecer a garantia que não
aplica penas de caráter perpétuo ou de duração indefinida. Se temos um estado que pune uma pessoa
com pena corporal ou se um estado pede uma pessoa para aplicar uma pena de morte ou por exemplo a
perda de uma mão, Portugal também não extradita e se Portugal não extradita, vai ter que julgar essa
pessoa.

- Lei 144/99 - A extradição é uma medida de cooperação judiciária em matéria penal. Neste diploma está
prevista não só a extradição mas está também prevista por exemplo a troca de informações, ou seja,
Portugal pode pedir a um estado que lhe mande um documento para atestar qualquer coisa que seja
necessário provar.

• Artigo 31 nº2 (Princípio da dupla incriminação) - Exemplo: O estado português tem uma pessoa cá que
cometeu um crime no Brasil, o estado brasileiro desencadeia o pedido de extradição e esse pedido tem
na sua base um crime que é punido com pena de prisão até 2 anos e que não é considerado crime cá em
Portugal, como Portugal não tem este crime não extradita porque não se cumpre o princípio da dupla
incriminação.

• Artigo 16 (Princípio da especialidade) - Quando alguém pede uma extradição ao estado português, o
estado requisitante tem que dizer para que é que está a pedir a extradição desde logo para verificar
também se se cumpre o princípio da dupla incriminação.

- A União Europeia baseia-se numa filosofia de que as coisas devem ser mais leves entre os estados
membros, os processos devem ser agilizados e uma das formas de agilizar os processos prende-se no
princípio da dupla incriminação. Exemplo: A Holanda pede-nos uma pessoa para a julgar pelo crime de
homicídio por envenenamento, o que vai acontecer é que não há nenhum homicídio por
envenenamento no código penal, o que há é um homicídio que pode ser qualificado ou não por causa de
a morte ter sido dada com veneno, ou seja, em Portugal sempre que uma pessoa mata outra por
envenenamento não estamos logo na presença de um crime mais grave porque o envenenamento é
apenas uma das formas que pode ou não qualificar o homicídio (artigo 132 do código penal). Em
abstrato, não se verifica o princípio da dupla incriminação, mas em concreto parece que se verifica este
princípio. Logo, o princípio da dupla incriminação pode levantar problemas e por isso os estados da
União Europeia agarraram num conjunto de crimes e disseram o seguinte: se alguma pessoa cometer
algum destes crimes que está no artigo 2 da lei 65/2003 (princípio do reconhecimento mútuo) então o
estado que está a requisitar a pessoa pode requisitá-la sem ter de verificar se se verifica o princípio da
dupla incriminação.
- Tribunal Penal Internacional - É um tribunal que visa julgar alguns crimes contra a humanidade, crimes
de guerra etc quando o estado onde os crimes foram cometidos não quer ou não pode julgar. O Tribunal
Penal Internacional é um tribunal que existe para julgar crimes cometidos depois de ele ter sido
instituído, não é um tribunal criado especialmente para julgar aquele ou o outro crime. Dentro desta
medida, este tribunal obedece a uma filosofia boa. Devemos saudar este tribunal também porque se
garantem aqui os direitos dos arguidos e o respeito pelas suas liberdades e garantias, é um tribunal que
permite o recurso e é sempre positivo uma causa ser apreciada por um tribunal superior. Mas há dois
problemas essenciais relativamente a este tribunal:

• Este tribunal não foi ratificado por países como a China, Japão, Rússia, Estados Unidos, entre outros.

• Este tribunal só julga a título subsidiário (artigo 17) - Exemplo: É cometido um genocídio dentro de um
estado ou então duas etnias que se tentam extremar uma à outra, pode acontecer que os tribunais
desse estado não se sintam suficientemente imparciais para julgar e pedem ao Tribunal Penal
Internacional que julgue.

Aplicação da lei penal quanto às pessoas


• O princípio básico de aplicação da lei penal quanto às pessoas é o princípio da igualdade (artigo 13 da
constituição).

Desvios ao princípio da igualdade:

• Presidente da República (artigo 130 da constituição) - Se o cidadão Marcelo Rebelo de Sousa se irritar
com o facto de uma pessoa lhe retirar a vez no Multibanco e se lhe chamar nomes desagradáveis,
acontece que ele para ser julgado só pode ser julgado quando o mandato dele terminar. O crime fica em
banho maria para que ele seja investigado apenas quando terminarem as suas funções enquanto
Presidente da República. No entanto, se o nosso Presidente da República cometer o crime no exercício
das suas funções é julgado pelo tribunal hierarquicamente mais importante - Supremo Tribunal de
Justiça.

• Deputados (artigo 157 da constituição) - Os deputados quando estão em debates parlamentares às


vezes excedem-se, a pessoa está a defender as ideias pelas quais foi eleita e, portanto, tem o direito de
se expressar de uma forma mais livre. Dentro desta medida, os deputados gozam de imunidade.
Portanto se estão investidos do poder de representar os cidadãos que os elegeram poderão ter que ser
duros e falar de forma quase a tocar o crime de injúria do que propriamente um cidadão comum. Os
deputados também não podem depor sem que a Assembleia da república autorize.

• Membros do Governo (artigo 196 da constituição) - Os membros do governo não podem ser detidos
sem autorização da Assembleia da República.

10.11.2020
Fontes de Direito Penal

- As fontes de direito penal são a constituição, a lei em sentido estrito e o direito da União Europeia.

1. Constituição - A constituição não obriga a criminalizar. Exceção: artigo 117 nº3 da constituição.

Será que a constituição proíbe a criminalização? - todo o crime tem que estar na lei (artigo 29 nº1 da
constituição). A constituição nem obriga a criminalizar nem proíbe a criminalização, deixa essa tarefa
à conta do legislador. No entanto, por vezes a constituição embora não obrigue a criminalizar ela às
vezes dá um impulso para que sejam criados crimes em certos setores. A constituição por vezes
assume-se como um impulso de criminalização. Tem vinculações implícitas de criminalização ou
vinculações ocultas - artigo 37 nº3 da constituição (direito de liberdade de expressão e informação) -
temos aqui um impulso à criminalização.


Por outro lado, a constituição assume-se também como um limite à criminalização. Artigo 18 da
constituição - conceito material de crime - a lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias
nos casos previstos na constituição.

2. Lei em sentido estrito - Manifestação do princípio da legalidade. Daqui decorre que os únicos órgãos
com competência para criarem crimes, para definirem penas é ou a lei da Assembleia da República ou o
decreto lei autorizado. Os tribunais apenas julgam.


Reserva de lei significa que não pode haver crimes feitos pelas autarquias, não pode haver penas
definidas por outros orgãos que não sejam o governo e a Assembleia da República. Em matéria de
crimes, está aqui em causa a proibição da intervenção normativa de regulamentos, isto é, tudo o que
diga respeito a matéria penal só pode ser feito pela lei da Assembleia da República e não por
regulamentos.

Normas penais em branco - Normas que nos falam da existência de um crime, definem um crime,
definem uma pena mas ha ali qualquer coisa que não está dita nessa norma e portanto precisa de uma
outra norma para ficar com o seu sentido completo. Por exemplo, artigo 278 nº3.


O princípio da reserva de lei significa também que o costume não é fonte de direito para o direito
penal, porque não é preciso, determinado, escrito, nem rigoroso. Isto não significa que o direito penal
não seja sensível aos usos e aos costumes. Exemplo: Há expressões cujo significado vai ser alterado ao
longo do tempo, por exemplo a noção de pudor de hoje é diferente daquela que os nossos avós
tinham.

3. Direito internacional e Direito da União Europeia (artigo 8 da constituição) - O direito internacional é


fonte do direito penal português mas se é para criar crimes ou para os alterar então é necessário que venha
uma lei da Assembleia da República ou do governo fazer uma alteração ao código penal.

Problema do direito da União Europeia - Exemplo: Decisão quadro que diz que os atos sexuais praticados
contra menores de idade devem ser punidos com penas de prisão abaixo de x anos. A única cautela que o
legislador tem que ter é ser a Assembleia da República a legislar e assim se cumpre a reserva de lei. O
direito comunitário revela-se fonte do direito, mas antes de ser fonte de direito primeiro passa para lei e
assim se cumpre o princípio plasmado no artigo 165 nº1 d) da constituição. Os regulamentos em matéria
penal não podem ser fonte de direito penal se agrava ou se introduz elementos no título legal de crime
porque isso viola o princípio de reserva de lei em sentido estrito. Coloca-se aqui um problema de saber o
que fazer aos regulamentos quando eles têm matéria penal - esta matéria precisa de ser legislada em lei ou
decreto lei autorizado. Há ainda outro problema (artigo 8 nº4 da constituição) - o regulamento colide com
o princípio da separação dos poderes.

Interpretação em direito penal:

• Podemos entender que o direito penal tem legitimidade material, mas de qualquer maneira sempre que
interpretarmos uma norma penal temos de o fazer em respeito à constituição.

O direito penal para nós só faz sentido se e quando proteger bens jurídicos essenciais à vida comunitária.
Portanto, cada norma incriminatória, homicídio, aborto, injúrias, furto etc. tem que servir para proteger
um bem jurídico com dignidade penal porque se assim não for a norma é inconstitucional. Dentro desta
medida, quando nós estamos a analisar uma determinada conduta o que temos de perguntar é: qual foi o
bem jurídico que esta pessoa defendeu? - ou seja, qual o título legal de crime que ela preencheu.

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