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Aplicação da lei no espaço

Direito Penal I (Universidade de Lisboa)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Tiago Mendonça (fcomigoeassim@gmail.com)
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APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

Metodologia de Resolução de Problemas:

A Aplicação da Lei no Espaço implica o domínio de 3 diplomas:

- CP - art 4º a 7º
- Lei da cooperação judiciária internacional - 144/99 - parte da extradição
- Lei do mandado de detenção europeu

Art 5º quando nos fala da competência internacional portuguesa remete muitas vezes para estas leis.

Começamos sempre pelo art 7º CP


Loctus deliti - lugar da prática do facto

Critério de determinação do lugar da prática do facto:

O critério é bilateral:
O facto tanto é praticado no lugar onde o agente atua como no lugar onde o resultado se verifica - ambos
são o lugar da prática do facto - um facto pode ser praticado em Portugal e em Espanha

Porquê?
É ai que teve impacto - é onde se fazem sentir as razões de prevenção geral - onde a comunidade foi afetada é onde
o julgamento deve ser realizado

Princípio da territorialidade:
Se o facto foi praticado em Portugal é ai que deve ser julgado porque foi onde as expectativas da comunidade
foram alteradas

Lugar da prática do facto nos crimes tentados:


O lugar da prática do facto é onde este atuou ou o lugar em que a tentativa do agente, se tivesse resultado, iria
resultar - quer a atuação quer o resultado que eu representei são relevantes

Conflitos negativos:
Porque é que o critério é bilateral?
- Para evitar conflitos de competência negativa - evitar situações onde existisse crime mas ninguém o julgava

Se o critério fosse unilateral:


Portugal dizia que o lugar da prática do facto é onde o agente atuou
Espanha dizia que o facto é praticado onde o resultado se verifica
- Ninguém julgava

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Para não haver dúvidas:


O facto é praticado tanto no sítio onde o agente atuou como onde o resultado se verifica
Mas pode haver conflitos positivos
Há critérios para decidir quem é que vai julgar

1ª Coisa a fazer - Determinar o Lugar da Prática do Facto:

Art 7º CP
Abrem-se duas hipóteses:
- Ou foi praticado em Portugal
- Ou foi praticado fora de Portugal

Se o facto foi praticado em Portugal - a lei penal portuguesa é competente?


Os tribunais portugueses têm competência para julgar o caso?

Se o facto é praticado em Portugal é irrelevante se também é praticado noutros sítios - Basta que seja praticado em
Portugal ainda que também seja praticado noutros sítios

A lei penal portuguesa é competente - art 4º - princípio da territorialidade - LP portuguesa aplica-se aos
factos praticados em Portugal ou a bordo de navios ou aeronaves com a bandeira portuguesa

Aplica-se a lei portuguesa


Razões de prevenção geral - é em Portugal que a comunidade foi afetada nas suas expectativas de validade do
direito e validade da norma
Se foi em Portugal que a confiança da comunidade foi afetada então é em Portugal que essa confiança vai ter de ser
restabelecida e que o arguido vai ter de ser julgado

Há outra hipótese - art 7º - concluímos que o facto foi praticado no estrangeiro


LP portuguesa é competente para julgar esse caso?
Pode ser
Se o facto foi praticado no estrangeiro em principio Portugal não é competente
Mas há alguns casos em que Portugal tem competência extra territorial da lei penal portuguesa
Competência sobre factos praticados fora do território - competência internacional - sobre algo fora do território
nacional

Art 5º - Competência Extraterritorial:

Temos de ir ao art 5º CP ver se alguma das alíneas do art 5º está preenchida.


Na vida rela, o normal é não estar, 99% dos casos que acontecem no estrangeiro não são julgados em Portugal
Nos exames não é bem assim
Se alguma das alíneas está preenchida então Portugal tem competência extraterritorial - a lei penal portuguesa
pode ser aplicada àquele facto que foi praticado fora do território português.
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- Se nenhuma alíneas estiver preenchida - Portugal não tem competência para julgar aquele facto
- Se estiver preenchida alguma das alíneas do art 5º - Portugal em competência

O Art 5º é uma norma incriminadora - sujeito às regras de normas incriminadoras


- Não aplicação retroactiva e a proibição de analogia

Os crimes previstos no CP estão previstos para serem praticados no território português


O art 5º estende esse art para além das fronteiras portuguesas - estender o âmbito de aplicação do CP para o
mundo - de forma excecional
Ao alargar o âmbito de aplicação dos crimes tem uma eficácia incriminadora
Quando no art 5º se fala em portugês e estrangeiro - deve.se tomar em consideração se ele era portugês ou
estrangeiro no momento da pratica do facto - não interessa depois - se ele era português e depois se tornou
estrangeiro
O que aconteceu depois não interessa - só interessa aquilo que existia no momento da pratica do facto.

Art 5º/1 alínea a):

Os tribunais portugueses terão competência no caso de se tratar de um dos perigos aí presentes. É um pressuposto
que esses crimes não são praticados em Portugal, e também não é preciso que sejam praticados por portugueses,
basta que sejam esses crimes.
Porque é que os tribunais portugueses têm competência para julgar esses crimes?
- O que justifica este critério é o princípio da defesa dos interesses nacionais - É fácil de perceber se
atendermos aos crimes aí em causa

Alguns destes crimes, pela sua própria natureza e até pela sua previsão só fazem sentido quando são praticados
contra o estado português - Ex: traição à pátria ou violação de deveres de estado, ou a fraude eleitoral
Aquilo que a doutrina chama normas espacialmente auto delimitadas.
Há crimes que só o são se forem praticados em território português. Ex: crime de invasão.
Há outros crimes referidos na alínea a) como por exemplo contrafação de moeda.

Exemplo:
Espanhol traficou dólares em Espanha e depois se for encontrado em Portugal, isto até pode ser crime à luz da lei
portuguesa - saber se os tribunais portugueses têm competência para julgar esse crime.

Divergência doutrinária:
Alguma doutrina - Inês Ferreira Leite - defende que a lei portuguesa neste caso não é aplicável porque não há
interesses nacionais a proteger - o estado português não foi posto em cheque por causa disto e portanto justificar-
se-á uma redução teleológica desta alínea

Pedro Caeiro - na linha do pProf. Almeida Costa - O bem jurídico em questão destes crimes é a integridade/
intangibilidade do sistema monetário legal: podem vir a ser colocadas em causa mesmo que a moeda contrafeita
seja estrangeira porque essa moeda pode vir a ser utilizada para vir a fazer pagamentos internacionais e por isso
pode vir a afetar o estado português.

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Art 5º/1 alínea b) - Critério da Nacionalidade:

Este critério também intervém na alínea e).


Aqui diz respeito às pessoas em concreto e não aos interesses nacionais
A nacionalidade releva:
- Do lado ativo - agente do crime
- Do lado passivo - vítima do crime.
Para os tribunais competentes terem competência é preciso que tanto o agente como a vítima sejam portugueses.
E porque é que isto tem tanta importância?
No caso da vítima (nacionalidade passiva) - releva ser portuguesa (tanto aqui como na alínea e)), por causa
da defesa dos interesses nacionais, agora numa vertente subjetiva. O estado quer proteger os bens jurídicos dos
seus nacionais.
No caso do agente (nacionalidade ativa)- um dos direitos de cidadania é o de permanecer no território onde
se é cidadão, pelo que o estado português, em princípio não extradita nacionais; a contrapartida é o compromisso
do estado português em julgar os portugueses que tenham praticado crimes no estrangeiro.

Não basta a nacionalidade ativa e passiva: é preciso que o agente viva habitualmente em Portugal no momento da
prática do facto para atribuir competência à alínea b)
- Contra português, por português que viver atualmente em Portugal à data dos factos e esse português que
praticou o crime tem de ser encontrado em Portugal

Divergencia Doutrinária:
Prof. Taipa de Carvalho:
Vê uma clausula que implica a fraude à lei - aplica se quando o português foi ao estrangeiro de propósito para
praticar o crime
Ex: português que bater na mulher, em Portugal é violência domestica, mas num pais qualquer o marido pode
bater na mulher quando for necessário para a corrigir - pensa em oferecer uma viagem à mulher para lhe poder
bater - TP diz que a alínea está preenchida - contra português por um português que viva normalmente em
Portugal - clausula implícita de fraude a lei - foi de propósito a esse país para praticar um facto que não podia
praticar em Portugal
Aqui há intenção de fraude à lei e ai é que esta alínea está preenchida - Portugal tem competência para evitar a
fraude à lei
diz que o requisito de fraude á lei é contra
Prof Figueiredo Dias: legem
Não interessa a fraude à lei - se o português foi ao estrangeiro numa viagem normal não há fraude à lei - cumpre se
na mesma - o requisito da intenção de fraude à lei não existe para aplicação desta alínea
Ideia de fidelidade aos valores da comunidade onde essa pessoa está normalmente inserida, ainda que
ocasionalmente esteja no exterior

Questão das mulheres que iam a Espanha abortar quando não era permitido - estavam preenchidos os requisitos
Mas o contra português não podia incluir o feto - para ter nacionalidade era preciso já ter nascido - os fetos ao têm
nacionalidade - Para a Prof MFP - seria analogia proibida

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Art.5º alínea c) e d):


Ratio: Princípio da Universalidade
Não é preciso que o agente seja português, nem que a vítima portuguesa, nem o crime seja praticado em Portugal
(é suposto que não ocorra)
Entende-se que os tribunais portugueses têm competência - tratam-se de bens jurídicos que constituem valores
éticos à luz da humanidade: escravidão, tráfico de pessoas, rapto etc e isto normalmente tem a ver com
transposição de fronteiras.
Esta ideia da universalidade tem também ramificações em legislação extravagante: lei 31/2004; crimes de
genocídio; lei do terrorismo
Só se aplicam estas alíneas se:
- O agente tiver sido encontrado em Portugal: não quer dizer extraditado nem raptado.
Profs. Taipa de Carvalho e Figueiredo Dias:
Tendo em conta a ratio destas alíneas, elas vão ser aplicáveis também na hipótese de a extradição ou execução de
mandado de detenção europeu não tiverem lugar porque nem sequer foram requeridas - estas só têm lugar se
forem requeridas - Se não tiverem lugar porque nem sequer forem requeridas então a alínea c) também se aplica

Art 5º alínea d):


Proteção de menores
Catálogo dos crimes é diferente da alínea c)
A vítima é menor
Prof. Taipa de Carvalho: esta alínea devia ser incluída no art 6º/3, sob pena de se pressupor a dupla
incriminação.

Art 5º alínea e) - Princípio da Nacionalidade


Não é preciso que a vítima e o agente sejam portugueses: basta que um deles seja;
Já não há um catálogo de crimes
Qual é o momento que interessa?
- Releva o momento da prática do facto - os critérios do art 5º, na prática, funcionam como extensões de tipicidade
e portanto deve valer o principio da legalidade

Prevê duas situações:


1. crimes praticados por portugueses ou
2. crimes praticados por estrangeiros contra portugueses

Quando vamos ver a nacionalidade o que interessa é o momento da prática do facto


Mas no parágrafo 3 diz - a extradição ou mandado não puder ser executado
Uma das razões para a extradição não ser concedida é a nacionalidade do agente - vê- se no art 32º/6 da lei da
extradição - o momento relevante para aferir a nacionalidade é no momento da decisão da extradição

No caso se uma pessoa que era estrangeira e que depois se tenha tonado português - para efeitos da alínea e) pode
ser simultaneamente os dois
No momento da prática do facto ele era estrangeiro
No 3º parágrafo em que a extradição não puder ser concedida - uma das razões é ele ser português - para esses
efeitos o que interessa é o momento da decisão da extradição
Nessa altura já é português e não pode ser extraditado
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Porquê?
- Momento da prática do facto para o art 5º por ser norma incriminadora
- Para efeitos de decisão da extradição se pode ou não ser concedida a nacionalidade interessa no momento da
decisão - não extraditamos nacionais por razões de prevenção especial - mais possibilidades de reinserção
social se cumprirem a pena cá

Art 5º alínea f) - Aplicação Supletiva da Lei Penal Portuguesa:


Evitar impunidade inexplicável
Se não houvesse esta alínea, o autor estrangeiro só tinha de fugir para Portugal e esperar que Portugal decide-se
não extraditar ou não entregar essa cidadão ao país de onde pertence.
Casos em que um estrangeiro tenha cometido um crime num estrangeiro, não tenha qualquer conexão com
Portugal, mas para evitar que ele venha para Portugal e nos casos em que Portugal se recusa a entregar esta pessoa
o Estado compromete-se a julgar para atribuir competência aos tribunais portugueses.

Como essa é a única razão de ser: é preciso que a extradição ou entrega tenham sido requeridas pelo Estado em
causa, se não forem, ou seja, se o Estado em causa não tem interesse em punir a pessoa e se não tem conexão
nenhuma com o estado português, então este ultimo também não tem muito interesse em punir a pessoa

Art 5º alínea g):


Pessoa coletiva com sede em território português

Depois de aplicarmos o art 5º temos de ir, de seguida, sempre, ao Art 6º

ERRO:
Dizer que a lei penal portuguesa é competente pelo art 6º
O art 6º nunca atribui competência à lei penal portuguesa
Só 2 art o podem fazer - ou o 4º ou o 5º - facto praticado em Portugal ou no estrangeiro respectivamente
O art 6º é uma restrição a aplicação da lei penal portuguesa
Só se pode passar para o art 6º depois de conseguir atribuiu competência pelo art 5º!!!!

Vamos a seguir restringir esta aplicação do art 5º pelo 6º:

Art 6º/1:
Portugal é competente para julgar pelo art 5º um facto praticado no estrangeiro mas se esse estado estrangeiro
onde o facto foi praticado já tiver julgado o arguido, Portugal não vai julgar outra vez - principio de que
ninguém pode ser julgado pelo mesmo facto

Art 6º/2:
Se a lei do estado onde o facto foi praticado for mais favorável então Portugal julga mas de acordo com essa lei
mais favorável - Portugal pelo art 5º é competente para julgar o homicídio em frança - lá vai até aos 20 anos mas cá
é até aos 25 anos - Portugal julga mas só até ao limite da lei francesa

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Art 6º/3:
Restrição do nº2 - atenção que o nº2 não se aplica nos casos de fraude à lei da alínea b) - se o homem foi de
propósito ao estado estrangeiro porque essa era mais favorável
Também não se aplica relativamente à alínea a) - porque esta consagra o principio da proteção dos interesses
nacionais - se assim é não faz sentido nenhum que se aplique a lei estrangeira que não quer saber dos interesses
portugueses mas só e apenas dos seus interesses

Prof Taipa de Carvalho - também inclui a aliena d) no art 6º/3

Para além disto há algumas normas especiais - lei do terrorismo - Tem uma norma especial de aplicação da lei no
espaço
Nos casos que cabem no seu âmbito de aplicação - aplica-se essa

O DL 15/93 do tráfico de estupefacientes também tem uma norma especial de aplicação de lei no espaço

O Diploma da corrupção no comercio internacional - também tem norma especial de ALE

Extradição:

3 condições cumulativas:
- Agentes encontrados em Portugal
- Facto praticado também punido no lugar onde foi praticado o crime
- Tem de constituir crime que admita a extradição e esta não possa ser concedida

Quando a alinea e) ou até na f)


Os crimes que não admitem extradição, em principio são só crimes políticos - art 7º LE
Os crimes que admitem em princípio são os que não são considerados políticos
Questão é se ela pode ser concedida ou não

Se o arguido for um cidadão nacional e na extradição existe uma limitação quanto à extradição de cidadãos
nacionais:
Art 33º/3 CRP
- Só há extradição de cidadãos nacionais se houver convenção internacional
- Casos de terrorismo
- Garantidas as condições de um processo justo e equitativo

Em principio os cidadãos portugueses não podem ser extraditados a não ser que as condições do art 33º/3 se
verifiquem
Portugal seria competente - lei penal portuguesa seria competente
Não entregamos cidadãos portugueses a países estrangeiros se não estiverem preenchidos os requisitos

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Outro problema:
No pais onde o facto foi praticado a pena era de multa
LE - 31º/2 - critério da dupla incriminação - pena não inferior a 1 ano de prisão - aqui a pena de multa não dá
Necessário que a pena não seja inferior a 1 ano em ambos os países
Neste caso, no outro país a sanção era uma pena de multa - não estava cumprido o princípio da dupla incriminação
- não dia ser concedida a extradição

Extradição de nacionais - regime que vem previsto também no 32º lei extradição + 33º/3 CRP

Limites à Extradição em função das Penas de prisão perpétua e da Pena de Morte:

Art 33º4/6 CRP e 6º LE


Regimes são diferentes

Pena de Morte:
Há uma ideia errada de que Portugal não extradita para países que apliquem a pena de morte
Isto não é assim - pode fazê-lo para países que prevejam a pena de morte

Exemplo:
Indiano Detido em Lisboa acusado de terrorismo
Lei indiana previa pena de morte ou prisão perpetua
Pedem a extradição a Portugal
Ele foi extraditado.

É preciso que estejam verificadas certas condições rigorosas para que a extradição ocorra:

Na pena de morte aquilo que se exige para que Portugal extradite é:


- Ser juridicamente impossível, no caso, a aplicação da pena de morte àquele arguido
- Tem de haver um mecanismo qualquer que vincule o tribunal do Estado requerente no caso concreto a que
mesmo que quisesse, naquele caso concreto, não pode aplicar a pena de morte - instrumento vinculativo para o
tribunal que o impeça de aplicar no caso concreto, embora fosse aplicável em abstrato

Mesmo que o tribunal indiano quisesse, no caso concreto, aplicar a pena de morte, não podia
Neste caso, em concreto, era juridicamente impossível a aplicação da pena de morte

Prisão Perpétua:
Art 33º/4 CRP e art 6º LE
Podemos extraditar o indivíduo desde que haja garantias de que essa sanção não será executada
Na pena de morte temos de ter uma garantia de que é juridicamente impossível de aplicar
Na prisão perpétua são garantias de que não será executada
O tribunal até pode aplicar mas depois ela não será executada - juridicamente vinculativa para o Estado, dada pelo
orgão que tem competência para vincular o estado nessa matéria do cumprimento de penas e o estado requerente,
através do órgão competente dá uma garantia de que, mesmo que o tribunal aplique a pena de prisão perpétua,
ela não será executada
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O vice presidente indiano que tinha de acordo com a constituição poderes para tal, fez um despacho a garantir ao
estado portugês que mesmo que o tribunal indiano aplique a pena perpétua ele depois reduz para 25 anos
Podia apanhar a pena de prisão perpétua mas não a cumpria

Se estas condições não estiverem verificadas - Portugal não extradita

Mandado Detenção Europeu:

Podem haver casos que envolvam a entrega de um português que cumpriu um crime na Alemanha
Entregamos?

12º/g) - recusamos a entrega e aplicamos a pena em Portugal - razões de prevenção especial - reinserção social da
pessoa - tanto mais eficaz quanto a pessoa estiver no seu ambiente

Recusa facultativa - o juiz tem que ponderar o caso concreto e atendendo à finalidade da alínea em causa decidir se
recusa ou não

Art 11º - recusa é obrigatória

Art 13º:
Situação em que o cidadão é nacional mas o mandado é pedido para efeitos de procedimento criminal - ou seja os
alemães estão a pedir a entrega da pessoa para o julgar - enviamos a pessoa para a Alemanha desde que eles
dêem a garantia de que o devolvem depois de o julgarem
Vem da Alemanha para cumprir pena cá.
Se for para julgar deixamos que a pessoa vá la mas depois volta
Depois, o país do julgamento faz um novo mandado para cumprir a pena e depois nós podemos decidir se o
queremos mesmo cá ou se o deixamos lá ficar.

Dupla incriminação no mandado de detenção europeu:


Art 2º
A epígrafe do art 2º é enganadora - diz âmbito de aplicação
Mas na verdade trata o principio da dupla incriminação
Diz:
2º1 + 2º/3 - na generalidade dos casos em princípio é preciso dupla incriminação em termos gerais mas diferentes
do regime da extradição
2º/1 - no estado requerente tem de ser pena não inferior a 12 meses
2º/3 - Em Portugal tem de ser crime

Na extradição era preciso que em ambos os lados fosse crime e a pena não fosse inferior a 1 ano
Aqui é diferente
No entanto há o 2º/2 - excepcionalmente não é preciso que haja dupla incriminação para haver entrega de pessoas
ao abrigo do mandado de detenção europeu
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O que é que é preciso que aconteça excepcionalmente?


- É preciso que no estado requerente - o que pede a entrega - o crime em causa não seja punido com uma pena
não inferior a 3 anos
- Crime tem de pertencer à lista de crimes do art 2º/2
Se estiverem verificados nós (Portugal ) podemos entregar a pessoa mesmo que o facto não seja crime em
Portugal.
Relevância pratica reduzida - são crimes que, salvo um ou outro caso, são sempre crimes em todo o lado

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