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Dentre os velhos bordões populares, por certo a expressão “da cabeça de juiz,
da barriga de grávida ou da bunda de neném” (ou nas suas variações, porque
mudando a sequência nada interferirá no conteúdo da expressão), ninguém
pode antecipar o que vira, é daquelas máximas totalmente superadas.
Porém, não obstante, o mundo jurídico jurássico não desencanta desse dito,
como de tantos outros pré-históricos. Muitos nesse mundo apartado ainda se
valem desse jargão como se fosse uma assertiva, utilizando-o para tentar
afirmar que o julgamento é imparcial e resultado exclusivo do livre
convencimento judicial, conforme os elementos e provas extraídas dos autos.
Ohhh, vejam só! Quanta ladainha e embromação para tentar ofuscar o que não
é mais do que conhecido!
Não é necessário dizer que hoje em dia todos sabem (ou podem saber) o sexo
da criança, pouco tempo depois da gravidez. A ciência permitiu dar certeza ao
diagnóstico, possibilitando aos pais providenciar enxovais azuis ou rosas (ou
ambos, se gravidez de gêmeos de sexos diferentes, ou as escolhas fugirem
também a esse velho padrão estético).
Em relação a essas indagações, portanto, não há mais dúvidas. Mais será que
existe ainda dúvida em relação ao que sairá da cabeça do juiz? No posso
credere!
É bem verdade que outro dia tive que ouvir de um magistrado – nitidamente na
tentativa de me provocar (do nada, mas tenho comigo as razões), porque
sabedor de minhas posições e coerência com essa lógica do julgamento,
sedimentada em princípios –, com sua impávida soberba e ignorância afirmar
que com ele não existe essa “estória de princípios”.
Óbvio, não perdi tempo. Sequer abri a boca. E não abriria se insistisse em me
chamar para um debate. Deixei-o pensar que havia me vencido. Isso o torna
mais vaidoso, que é o acalanto dos medíocres.