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CDD: 612.8233
22-80413 CDU: 612.821.3:347.95
30/09/2022 05/10/2022
PERCEPÇÃO 61
Limites e peculiaridades 67
Ilusões perceptivas 75
MEMÓRIA 105
Tipos de memória 116
Pré-ativação (priming) 119
Falsas memórias 130
CONCLUSÃO 267
REFERÊNCIAS 291
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INTRODUÇÃO a
A primeira lembrança que tenho de contato com a leitura é muito
poderosa: lendo revistas em quadrinhos com meu pai antes de dormir.
É também a primeira memória emocional boa com ele e, por isso, tão
marcante. Era um momento só nosso. Eu, meu pai, Tio Patinhas, Pato
Donald, Pateta e o resto da trupe em mil aventuras!
A pilha de revistas era renovada em sebos periodicamente. Mal sabia
meu pai, que hoje voltou a ser criança, quanto aqueles minutos quase
diários antes de dormir seriam tão importantes para mim no futuro.
Ou talvez ele soubesse, já que amava ler e escrever, mas esteve entre os
milhões de vítimas do trabalho infantil, que o arrancou da sala de aula
no que hoje seria o quinto ano do ensino fundamental.
Até hoje me pergunto qual carreira o meu pai teria seguido se a fome
e a pobreza não o houvessem forçado a deixar a escola para vender sabão
na feira de Campina Grande, quando ainda era uma criança. Talvez não
se tornasse cabo do Exército e depois padeiro. Talvez o Campina do Meu
Passado, um poema épico sobre sua infância e adolescência na cidade,
não tivesse sido o único livro que escreveu.
Aquelas noites de leitura despertaram em mim a busca pelo conhe-
cimento. Conforme eu crescia, nossas leituras evoluíram e os gibis
ganharam a companhia do Almanaque Abril – um antepassado nível
Tiranossauro Rex da Wikipedia, cuja edição anual saía sempre no final
do mês de fevereiro. Chegando à adolescência, eu estava lendo com ele
os Clássicos de Bolso da Ediouro. Lembro-me de que os primeiros foram
comprados de um catálogo e enviados pelos Correios. Madame Bovary,
Hamleto (era assim mesmo no título da Ediouro), O Elogio da Loucura, A
Utopia e tantos outros. Foi também nessa época que dei meus primeiros
a. Advertimos que neste material buscamos garantir a fluidez da leitura. Portanto, optamos por fa-
zer uso da linguagem padrão, que se reporta ao masculino. Apesar dessa opção, estamos cientes e
atentos a toda discussão a respeito da linguagem de gênero.
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DAS NEUROCIÊNCIAS
AO NEURODIREITO
“Quem o Direito só sabe, nem o direito sabe”
San Tiago Dantasb