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DIREITO

PROCESSUAL
PENAL
Sentença

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sentença

Sumário
Dos Atos Processuais: a Sentença Penal.................................................................................... 3
Conceito e Classificações. . ............................................................................................................. 3
Estrutura da Sentença Penal. . ....................................................................................................... 5
Embargos de Declaração.. .............................................................................................................. 7
“Emendatio libelli”........................................................................................................................... 8
Mutatio libelli..................................................................................................................................12
Independência Judicial na Sentença........................................................................................... 17
Intimação da Sentença................................................................................................................. 18
Questões de Concurso.................................................................................................................. 32
Gabarito............................................................................................................................................ 47
Referências Bibliográficas. . .........................................................................................................48

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DOS ATOS PROCESSUAIS: A SENTENÇA PENAL


Apresentação

Caro(a) aluno(a), é com muita satisfação que lhes apresento este trabalho, fruto de grande
dedicação e privação. Estudaremos neste material a sentença penal, que seguramente é o ato
judicial mais importante. Os despachos e decisões serão objeto de outro PDF.
Em provas de concursos, podemos ver o assunto da sentença ser cobrado com muita in-
cidência em provas objetivas, especialmente no que se refere ao conteúdo, elementos, vícios,
classificação e estrutura da sentença.
Em provas discursivas, também é comum o assunto ser cobrado, seja diretamente, seja
indiretamente, por meio do exame dos vícios da sentença, do recurso cabível e das diversas
formas de impugnação.
Além disso, nas provas de magistratura, há uma fase especialmente dedicada ao tema, a
terceira etapa do concurso, em que o candidato(a) tem que elaborar uma sentença completa,
com foco especial na dosimetria da pena e na técnica de elaboração de sentença penal. Esse
estudo específico para a prova de sentença não é o objetivo principal do presente trabalho,
mas você já terá uma boa visão, ao fim da leitura, dos diversos elementos da sentença.
Durante meus estudos para a magistratura, o assunto sentença sempre foi um dos assun-
tos aos que eu mais me dediquei, pois sabia que só passaria no concurso sabendo fazer sen-
tença e sabia que o juiz tem que fazer sentenças todos os dias de trabalho.
Cheguei a treinar sentenças criminais a partir da parte das notícias criminais dos jornais
impressos (e aqui já estou denunciando a minha idade). Eu lia sobre um estupro e já ia senten-
ciar o caso, até mesmo inventando dados sobre as circunstâncias legais e judiciais do caso.
Mas a sentença não é importante apenas para o magistrado, pois tanto promotor quanto
defensor devem saber muito bem sobre a sentença criminal, especialmente para elaborar os
pedidos na tramitação do feito e para recorrer.
Portanto, é um assunto muito especial.
Espero que aproveite e goste do estudo que começa agora.

Conceito e Classificações
Ao passo que o CPC subdivide os pronunciamentos do juiz em sentenças, decisões inter-
locutórias e despachos, no art. 203, e conceitua sentença como o pronunciamento por meio
do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução; o CPP, embora reserve todo o título XII para o tema
sentença, não a subdivide nem a conceitua.
Segundo Renato Brasileiro, sentença, para o CPP, “é tão somente a decisão que julga o mé-
rito principal, ou seja, a decisão judicial que condena ou absolve o acusado. A contrario sensu,

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as decisões que extinguem o processo sem julgamento de mérito, segundo o CPP, são tratadas
como decisões interlocutórias mistas”1.
Importante distinção a ser feita é entre sentença definitiva e sentença transitada em julga-
do. A primeira é a que põe fim ao processo com julgamento do mérito, sendo mencionada no
art. 82 do CPP. Já a sentença transitada em julgado é aquela em relação à qual não cabe mais
nenhum recurso.

Outra classificação decorre do art. 593 do CPP, qual seja: sentença definitiva, que é a que
põe fim ao processo com julgamento do mérito, condenando ou absolvendo o acusado, como
visto acima, decisão definitiva ou terminativa de mérito, que é a que também decidem o mé-
rito, mas sem condenar ou absolver o acusado, como por exemplo a decisão que extingue a
punibilidade do réu e decisão com força de definitiva ou interlocutória mista, que é a que põe
fim a uma fase do procedimento ou coloca fim ao processo, sem o julgamento do mérito, como
a decisão de rejeição da denúncia.
Mais uma interessante classificação, que foi cobrada, por exemplo, no concurso de juiz de
direito substituto do TJ-MG, de 2006, é a distinção entre sentença suicida, vazia e autofágica.
Sentença suicida é aquela em que o dispositivo contraria a fundamentação: por exemplo, na
fundamentação o juiz menciona que as provas são frágeis, que os depoimentos são contradi-
tórios, mas no dispositivo condena o réu. Sentença vazia é a que padece de fundamentação,
classificação que ganhou maior relevo com a nova redação do art. 315, do CPP, dada pela lei
anticrime. No § 2º desse artigo, preceitua o legislador que não se considera fundamentada
qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão que:

I – limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência
no caso;
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

1
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal – Volume único. Rio de Janeiro: Jus Podvum, 2020, pg. 1607.

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IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
V – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos de-
terminantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

O TJMG já anulou sentença suicida, confira:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - APELOS MINISTERIAL E DEFENSIVO - CONTRADIÇÃO


ENTRE A FUNDAMENTAÇÃO E O DISPOSITIVO DO DECISUM - SENTENÇA SUICIDA - NULI-
DADE VERIFICADA. - Havendo discrepância entre a fundamentação e o dispositivo, con-
clui-se pela imprestabilidade do decreto condenatório, considerando que não é possível
admitir como válida a sentença suicida, com argumentos antagônicos.
(TJ-MG - APR: 10417150009179001 MG, Relator: Cássio Salomé, Data de Julgamento:
27/11/2019, Data de Publicação: 04/12/2019)

Sentença autofágica, por fim, é a que se reconhece a imputação, mas o juiz extingue a pu-
nibilidade, como ocorre no exemplo do perdão judicial.

Estrutura da Sentença Penal


O título que trata da sentença, no CPP, começa por elencar os elementos que a sentença
penal deve conter, seja ela condenatória ou absolutória:

Art. 381. A sentença conterá:


I – os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados;
V – o dispositivo;
VI – a data e a assinatura do juiz.

Os dois primeiros incisos tratam do relatório da sentença penal, o qual devemos lembrar
que é dispensado nas sentenças do juizado especial criminal, por expressa disposição do art.
81, § 3º da Lei n. 9099/05. Fora dessa situação, a ausência de relatório poderá conduzir à nuli-
dade da sentença penal. Confira:

APELAÇÃO CRIMINAL. RESISTÊNCIA. ART. 329, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA


DE RELATÓRIO NA SENTENÇA. NULIDADE ABSOLUTA. A dispensa do relatório, de acordo
com o art. 81, § 3º, da Lei 9.099/95, não se aplica aos processos que seguiram o rito

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comum. A falta do relatório, segundo entendimento da Câmara, acarreta nulidade abso-


luta da sentença, de acordo com os art. 381, I e II, do CPP. NULIDADE DA SENTENÇA
DECLARADA. (Apelação Crime N. 70078519733, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em 13/09/2018).
(TJ-RS - ACR: 70078519733 RS, Relator: Julio Cesar Finger, Data de Julgamento:
13/09/2018, Quarta Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
03/10/2018)

O relatório, como o nome diz, é um resumo do que aconteceu no processo, devendo o juiz,
observando os dois primeiros incisos do art. 381 do CPP, indicar os nomes das partes ou, quan-
do isso não for possível, as indicações necessárias para identifica-las e fazer uma exposição
sucinta da acusação e da defesa. Quando preparamos os alunos para a prova de sentença do
concurso da magistratura, costumamos indicar que é importante que se observe e indique, no
relatório, as fases obrigatórias de cada rito, pois o relatório tem o condão de demonstrar que
foi observado o devido processo legal.
Fundamentação, por outro lado, é a parte da sentença em que o juiz explicita as suas ra-
zões de decidir, motivando a aplicação do direito ao caso concreto, analisando as teses de acu-
sação e de defesa. A carência de fundamentação ganhou especial relevo com a lei anticrime,
que passou a prever essa situação como causa de nulidade absoluta.
O art. 564, V, do CPP, determina que haverá nulidade absoluta em decorrência de decisão
carente de fundamentação, o que decorre também da previsão do art. 93, IX, da Constituição.
O CPP prevê, no art. 381, III e IV, que a sentença conterá a indicação dos motivos de fato e de
direito em que se fundar a decisão e a indicação dos artigos de lei aplicados.
A fundamentação deve ser feita em observância também ao art. 155 do CPP, que determina
que a sentença não poderá ser fundamentada exclusivamente nos elementos de informação
colhidos no inquérito, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Ao dizer
isso, dá o legislador às provas, ou seja, aquelas colhidas em contraditório judicial, maior relevo
que aos elementos de informação, que podem ser livremente usados para absolver o réu, mas
não para condená-lo, salvo se corroborados por provas produzidas em contraditório judicial ou
nas três exceções previstas na parte final do dispositivo.
Com relação à fundamentação “per relationen” ou “aliunde”, é nula a decisão que se limita
a colacionar, por exemplo, trecho de alegações finais do Ministério Público, o que podemos
concluir do que foi decidido pelo STJ:

É nulo o acórdão que se limita a ratificar a sentença e a adotar o parecer ministerial, sem
sequer transcrevê-los, deixando de afastar as teses defensivas ou de apresentar funda-
mento próprio. Isso porque, nessa hipótese, está caracterizada a nulidade absoluta do
acórdão por falta de fundamentação. De fato, a jurisprudência tem admitido a chamada

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fundamentação per relationem, mas desde que o julgado faça referência concreta às
peças que pretende encampar, transcrevendo delas partes que julgar interessantes para
legitimar o raciocínio lógico que embasa a conclusão a que se quer chegar. Precedentes
citados: HC 220.562-SP, Sexta Turma, DJe 25/2/2013; e HC 189.229-SP, Quinta Turma,
DJe 17/12/2012. HC 214.049-SP, Rel. originário Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/2/2015, DJe 10/3/2015.

O CPC prevê, no art. 489, § 1º, V e VI, que não se considera fundamentada qualquer deci-
são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que se limitar a invocar precedente
ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos ou que deixar de seguir enunciado
de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
De forma semelhante, a lei anticrime passou a prever que não se considera fundamen-
tada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que (art. 315, §
2º, do CPP):

I – limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência
no caso; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
V – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos de-
terminantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído
pela Lei n. 13.964, de 2019)
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

Embargos de Declaração
Dentro ainda do título da sentença, o CPP prevê o cabimento de embargos de declaração,
estipulando que qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare
a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.
Chamo a sua especial atenção para o prazo, pois enquanto no processo civil os embargos
de declaração cabem no prazo de cinco dias, no processo penal o cabimento é no prazo de
dois dias, e esse assunto é muito cobrado em provas de concurso.

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Alguns doutrinadores chamam os embargos de declaração previstos no art. 382 de “em-


barguinhos”, diferenciando-os dos embargos de declaração previstos no art. 619 do CPP, que
trata dos embargos relativos aos acórdãos, também no prazo de dois dias e também cabíveis
em casos de ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão. Observe que o CPP não faz
diferença entre os dois, denominando ambos de embargos.
Embora, na prática, fale-se nas expressões obscuridade, ambiguidade, contradição ou
omissão conjuntamente, certo é que são situações diferentes e que devem ser especificadas
nos embargos, com indicação de qual delas teria ocorrido na sentença. Ocorre obscuridade
quando a decisão não é suficientemente clara; contradição ocorre se houver incerteza no provi-
mento por meio de proposições inconciliáveis; ambiguidade quando a sentença permitir duas
ou mais interpretações acerca de seu conteúdo e omissão quando na sentença não houver
pronunciamento sobre determinada tese.
Voltando aos prazos, é de se salientar que nos juizados especiais criminais o prazo de
embargos de declaração é de cinco e não de dois dias, e os embargos podem ser opostos por
escrito ou oralmente. Com efeito, preceitua o art. 83, § 1º, da Lei n. 9.099/1995:

Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade,
contradição ou omissão.
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias,
contados da ciência da decisão.

Cabe ainda salientar que erros materiais simples podem ser corrigidos pelo juiz, de ofício,
sem necessidade de embargos de declaração.

“Emendatio libelli”
A partir do art. 383 do CPP, temos dois institutos extremamente cobrados em provas de
concurso e que são objeto de muita confusão por parte dos (as) concurseiros (as), ou seja,
emendatio libelli e mutatio libelli.
Inicialmente, preciso que você preste atenção que esses dois institutos estão em ordem
alfabética, ou seja, o primeiro dos dois artigos, que é o art. 383, vai tratar da emendatio libelli,
enquanto o segundo, art. 384, trata da mutatio libelli. Parece uma explicação simplória, mas
que já caiu em concurso e, se cair novamente, pode te garantir uma questão. Sistematizando:

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A segunda importante distinção, sobre o conteúdo de cada uma, passará a ser vista agora.
A emendatio libelli ou modificação da definição jurídica do fato, do art. 383 do CPP, se re-
fere a um erro que houve na denúncia, por isso o nome emendatio, emenda, que se refere ao
que precisa ser corrigido. De fato, no dicionário encontramos que emenda é o ato ou efeito de
retificar falta ou defeito, de corrigir algo.
Dessa maneira, ao promover a emendatio libelli, o juiz verifica que houve uma inadequação,
um erro, na denúncia, ou seja, verifica que, embora os fatos narrados na denúncia estejam cor-
retos, houve uma incorreção entre os fatos narrados e a capitulação jurídica pretendida pelo ór-
gão de acusação. Por exemplo: o promotor narra um crime de roubo, dizendo que determinada
pessoa subtraiu um aparelho celular da vítima, usando de grave ameaça para poder perpetrar
o crime. Todavia, requer a condenação do réu nas penas do art. 155 do CP, que se refere ao
furto. Tem-se, portanto, uma inadequação entre os fatos narrados e a capitulação, que poderá
ser objeto de emendatio libelli, por ocasião da sentença.
Como os fatos foram devidamente narrados na peça inicial acusatória e o réu se defende
dos fatos (princípio da correlação), o CPP prescreve que o juiz, de ofício, sem necessidade de
aditamento da denúncia e nem da oitiva da defesa, poderá promover a emendatio, efetuando
a correção:

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe
definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.

O princípio da correlação acima mencionado, também chamado de simetria ou congruên-


cia, significa que o juiz, ao prolatar sentença, deverá observar a correlação, nesta sentença,
com os fatos narrados na denúncia (e não com o pedido, como ocorre no CPC), ou seja, o prin-
cípio da correlação comporta diferença no processo civil e no processo penal:

Dessa maneira, a emendatio libelli nada mais é do que a correção feita pelo juiz, aplican-
do o princípio da simetria por ocasião da sentença, adequando os fatos narrados na inicial à

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sentença, pois o juiz conhece o direito (jura novit cúria) e pode aplicar o direito a partir dos fatos
(narra mihi factum dabo tibi jus – narra-me os fatos que eu te darei o direito).
Caso seja possível, a partir da emendatio libelli, a proposta de suspensão condicional do
processo, pois com a correção, a pena mínima do novo crime não for superior a um ano, o juiz
deverá aplicar o art. 89 da lei dos juizados. Assim prevê o art. 383, § 1º, do CPP:

§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspen-


são condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.

Exemplo disso seria quando a denúncia descreve um crime de roubo, mas capitula como
se furto fosse. Nesse caso, por ocasião da sentença, verificando que o crime é de furto, o juiz
deverá dar vistas ao MP para analisar o cabimento da proposta de suspensão condicional
do processo.
Caso o juiz, com a emendatio libelli, verifique a existência de infração da competência de
outro juízo, deverá encaminhar os autos ao juízo competente, como prevê o art. 383, § 2º
Nessa situação, chamo a sua atenção para uma possibilidade excepcional desse tipo de
correção ocorrer já no recebimento da denúncia, quando o juiz observa de plano que a incorre-
ta capitulação comporta em supressão de algum benefício (como a suspensão condicional do
processo) ou em deslocamento da competência. Nesse caso, o STF admitiu o juízo desclassi-
ficatório prévio, ou seja, antes do momento do art. 383 do STF2.
Em outras palavras, caso haja necessidade de emenda, de adequação entre os fatos narra-
dos na denúncia ou queixa e a capitulação jurídica, o momento correto para que o juiz promova
a correção é por ocasião da sentença, nos termos do art. 383 do CPP. Excepcionalmente, toda-
via, poderá fazer em momento anterior, até mesmo por ocasião do recebimento da denúncia
quando: 1. A incorreta capitulação importar em supressão de algum benefício ao réu ou quan-
do 2. A incorreta capitulação importar em deslocamento da competência criminal.
A emendatio libelli é cabível tanto em primeira instância quanto na fase recursal, diversa-
mente do que acontece com a mutatio libelli. No entanto, para que seja aplicada a emendatio

2
EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. Emendatio libelli. LAVAGEM DE ATIVOS. DESCLASSIFICAÇÃO NO RECE-
BIMENTO DA DENÚNCIA, PARA ESTELIONATO. ART. 383 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. MOMENTO PROCESSUAL
ADEQUADO. RELATIVIZAÇÃO. ESPECIALIZAÇÃO DO JUÍZO. 1. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é a
sentença o momento processual oportuno para a emendatio libelli, a teor do art. 383 do Código de Processo Penal. 2. Tal
posicionamento comporta relativização – hipótese em que admissível juízo desclassificatório prévio –, em caso de erro de
direito, quando a qualificação jurídica do crime imputado repercute na definição da competência. Precedente. 3. Na espé-
cie, a existência de peculiaridade – ação penal relacionada a suposto esquema criminoso objeto da ação em trâmite na
vara especializada em lavagem de ativos –, recomenda a manutenção do acórdão recorrido que chancelou a remessa do
feito, comandada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região para a 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Maranhão, que
detém tal especialização. 4. Ordem denegada.
(HC 115831, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 22/10/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-227 DIVULG
18-11-2013 PUBLIC 19-11-2013)

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libelli em segunda instância, é necessário que não haja reformatio in pejus. Confira importante
precedente do STF:

EMENTA Habeas corpus. Penal e Processual Penal. Condenação. Crimes Contra o Sis-
tema Financeiro Nacional (Lei n. 7.492/86) e Lavagem de Capitais (Lei n. 9.613/98).
Alegação de que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região teria incidido em ofensa à
coisa julgada ao reclassificar, em recurso exclusivo da defesa, as condutas pelas quais
os pacientes foram sentenciados em primeiro grau. Não ocorrência. Típica situação de
emendatio libelli (CPP, art. 383) levada à cabo em segundo grau de jurisdição, a qual não
transbordou a acusação capitaneada na denúncia. Possibilidade em recurso exclusivo
da defesa quando não acarretar reformatio in pejus (CPP, art. 617). Precedentes. Tenta-
tiva de obstar a execução provisória da pena. Condenação transitada em julgado noti-
ciada pelo juízo de origem. Prejudicialidade da matéria. Ordem denegada. 1. O Superior
Tribunal de Justiça, ao endossar o acórdão daquele Tribunal Regional Federal, concluiu
que não houve, em recurso exclusivo da defesa, reformatio in pejus decorrente da conde-
nação dos pacientes pelos crimes dos arts. 16 e 22, parágrafo único, da Lei n. 7.492/86,
uma vez que aquela Corte Regional teria tão somente adequado a imputação ao quadro
fático dos autos, não transbordando a acusação delineada na denúncia, em típica situa-
ção de emendatio libelli (CPP, art. 383), levada à cabo em segundo grau de jurisdição. 2.
O Supremo Tribunal Federal possui entendimento quanto à possibilidade de realização
de emendatio libelli em segunda instância mediante recurso exclusivo da defesa, con-
tanto que não gere reformatio in pejus, nos termos do art. 617 do Código de Processo
Penal (v.g. HC n. 103.310/SP, Relator para acórdão o Ministro Gilmar Mendes, DJe de
8/5/15). 3. O acórdão do Tribunal Regional Federal não agravou a situação dos pacientes,
já que o quantum de pena aplicado em primeiro grau teria sido respeitado. Aliás, a reclas-
sificação jurídica dos fatos a eles imputados para os crimes dos arts. 16 e 22, parágrafo
único, da Lei n. 7.492/86 - que foram objeto da denúncia - e a redução que foi operada nas
suas reprimendas, deram causa à extinção de punibilidade no tocante ao delito do art. 16
da Lei n. 7.492/86, tendo em vista a consumação da prescrição, reconhecida em sede de
embargos. 4. Não havendo ilegalidade a ser sanada a respeito da condenação remanes-
cente dos pacientes pelo art. 22, parágrafo único, da Lei n. 7.492/86, correta a posição
do Superior Tribunal de Justiça ao afirmar a prejudicialidade da alegação de atipicidade
em relação ao crime de lavagem de capitais por inexistência de crime antecedente. 5. A
pretensão de obstar a execução provisória da pena está prejudicada, pois os pacientes
encontram-se em cumprimento definitivo de pena (Petição/STF n. 15.295/18). 6. Ordem
denegada.
(HC 134872, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 27/03/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 08-10-2018 PUBLIC 09-10-2018)

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Mutatio libelli
Situação diferente ocorre quando, encerrada a instrução probatória, o juiz entender cabível
nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acuação. Nesse caso, o juiz deverá dar vistas
ao órgão de acusação, para que, no prazo de cinco dias, adite a denúncia, adequando-a ao novo
tipo penal.
Caso o Ministério Público não adite a denúncia, o juiz deverá aplicar analogicamente o art.
28 do CPP. Você pode estar perguntando, professora, mas o art. 28 não prevê discordância do
juiz. Pois é, um grave erro não calculado pelo legislador reformador da chamada lei anticrime.
Antes da lei, era facilmente aplicável o art. 28, de forma que o juiz deveria enviar o caso ao Pro-
curador-Geral de Justiça, que poderia aditar a denúncia, designar outro promotor para fazer o
aditamento ou então insistir no não aditamento. Por outro lado, com a reforma (lembrando que
o art. 28 do CPP segue suspenso por decisão monocrática do STF), não há mais possibilidade
de discordância do juiz.
Não obstante, o art. 384, § 1º, do CPP, segue prevendo discordância do juiz. Assim, a nosso
sentir, quando não houver mais a suspensão do dispositivo e em se mantendo o procedimento
previsto no art. 28 do CPP, com a redação da lei anticrime, o juiz poderá enviar o caso à instân-
cia de revisão ministerial prevista no art. 28 do CPP3.
Renato Brasileiro assevera que

Há quem entenda que, diante da nova redação do caput do art. 384, não há como se dar aplicação
ao § 1º do mesmo dispositivo, por ser claramente incompatível com o sistema acusatório, não
mais sendo cabível qualquer forma de provocação, pelo juiz, do aditamento. Cuida-se, porém, de
posição minoritária. Na verdade, apesar de a aplicação do art. 28 do CPP acarretar certo prejuízo à
imparcialidade do magistrado, é sabido que essa função anômala exercida pelo juiz de fiscalização
do princípio da obrigatoriedade é extremamente comum no âmbito do processo penal, não apenas
nos casos de não aditamento espontâneo pelo Promotor de Justiça, mas também nas hipóteses de
controle judicial do arquivamento do inquérito policial e nos casos de recusa injustificada do ofere-
cimento da proposta de transação penal ou de suspensão condicional do processo. (BRASILEIRO,
2020, p. 1671).

Voltando ao conceito do instituto, podemos perceber que a situação é muito diferente a


emendatio libelli, pois nesta não há alteração dos fatos narrados na inicial, que seguem sendo
os mesmos (alterando-se apenas a capitulação jurídica), enquanto na mutatio libelli há altera-
ção dos fatos narrados na denúncia. Para você tentar visualizar melhor:

3
Não é esse o posicionamento de parte da doutrina, e aqui citamos Leonardo Barreto (ALVES, 2020, p. 231), que assevera
que “resta prejudicado o disposto no art. 384, §1º do CPP, que fazia menção ao teor do artigo 28 do CPP, hipótese em que,
no exercício da função anômala de fiscal do principio da obrigatoriedade da ação penal pública, se permitia ao magistrado
remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, para que decidisse em definitivo a questão”.

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A mutatio libelli tem total relação com o princípio da congruência ou simetria, pois como
os fatos narrados na denúncia devem guardar perfeita correlação com a sentença, se houve
alteração nos fatos é necessário o aditamento da denúncia.
Alguns autores, como Aury Lopes Junior (Lopes Jr., 2010, p. 405) e Leonardo Barreto Mo-
reira Alves (ALVES, 2020, p. 230)4 entendem que não cabe ao juiz provocar o MP para esse
aditamento, de forma que, caso houvesse a alteração dos fatos durante a instrução, o juiz nada
poderia fazer, a menos que o MP requeresse vistas para aditamento.
Não coadunamos com esse entendimento e nos posicionamos com Guilherme de Souza
Nucci (NUCII, 2020, p. 666), pois entendemos que o art. 384, § 1º, do CPP, não faria sentido
algum caso o juiz não pudesse, de ofício, ao prolatar a sentença, percebendo que ocorreu a mu-
tatio, abrir vistas ao MP para, querendo, oferecer o aditamento. Seria o caso de o juiz prolatar
um despacho simples, como: “Observa-se que, encerrada a instrução probatória, há possibili-
dade de nova definição jurídica do fato, em tese. Assim, nos termos do art. 384, do CPP, dê-se
vistas ao MP para, querendo, aditar a denúncia”.
Não é outro o entendimento do STJ:

PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA. ESTUPRO DE VULNERÁ-


VEL. ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL - CP. SENTENÇA CONDENATÓRIA COM DESCLAS-
SIFICAÇÃO PARA O DELITO DE SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE
CRIANÇA OU ADOLESCENTE. ART. 218-A DO CP.
APELAÇÃO DEFENSIVA PROVIDA PARA ABSOLVER O RECORRIDO. 1) VIOLAÇÃO AO ART.
619 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CPP. INOCORRÊNCIA.
REDISCUSSÃO DE JULGAMENTO. DESNECESSIDADE DE REFUTAR DIRETAMENTE
RAZÕES DA PARTE QUANDO SE PODE CONCLUIR QUE HOUVE ADOÇÃO DE ENTENDI-
MENTO DIVERSO PELO QUE CONSTOU DO JULGADO. 2) VIOLAÇÃO AO ART. 384 DO

4
Segundo o autor, “em verdade, não procedendo o órgão ministerial ao aditamento, em prol do sistema acusatório, nenhuma
providência deve adotar o magistrado, vinculando-se ao conteúdo da peça inicial acusatória, o que muito provavelmente
resultará na absolvição do réu.

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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CPP. RECURSO DE APELAÇÃO PROVIDO PARA ABSOL-


VER O RÉU, APÓS CONSTATADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO, ANTE SEN-
TENÇA CONDENATÓRIA POR FATOS NÃO CONTIDOS NA DENÚNCIA. 2.1) VIOLAÇÃO AO
ART. 25, III, DA LEI N. 8.625/93.
INOCORRËNCIA. INÉRCIA DA ACUSAÇÃO NA ADOÇÃO ESPONTÂNEA DE Mutatio libelli.
INEXISTÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE DE RETORNO DOS AUTOS. 2.2) RECURSO DE APE-
LAÇÃO PROVIDO PARA ABSOLVER O RÉU. Mutatio libelli PROVOCADA. FACULDADE. 2.3)
TEORIA DA CAUSA MADURA. CABIMENTO. ART.
1.013, § 3º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - CPC. ART. 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL - CPP. 3) VIOLAÇÃO AO ART. 1.013, § 3º, DO CPC.
JULGAMENTO EXTRA PETITA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 4) VIOLAÇÃO AO
ART. 155, CAPUT, E AO ART. 202, AMBOS DO CPP. CONDENAÇÃO. ÓBICE DO REVOLVI-
MENTO FÁTICO-PROBATÓRIO, VEDADO CONFORME SÚMULA N. 7 DO SUPERIOR TRIBU-
NAL DE JUSTIÇA - STJ. 5) RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. O Tribunal de origem que aponta os motivos do seu convencimento ao apreciar tese da
parte não incorre em omissão, sendo certo que não está obrigado a refutar diretamente
todos os pontos deduzidos quando das razões expostas se possa concluir, por dedução
lógica, pelo não acolhimento do ponto.
2. Conforme art. 384, caput, do CPP, o exercício da mutatio libelli é atribuição espontânea,
de ofício, da acusação.
2.1. Diante da inércia da acusação, não há que se falar em violação ao seu direito de pro-
mover a ação penal pública constante no art.
25, III, da Lei n. 8.625/93.
2.2. Conforme o art. 384, § 1º, do CPP, a mutatio libelli também pode ser exercida de
forma provocada pelo magistrado. Constatada ausência de mutatio libelli e ofensa ao
princípio da correlação pela sentença condenatória, o Tribunal de origem pode tanto deci-
dir sobre o mérito da condenação como é praxe de julgamento do recurso de apelação
quanto anular a sentença e provocar a mutatio libelli.
2.3. Em reforço, a Teoria da Causa Madura, constante no Código de Processo Civil - CPC,
aplicável no ponto por força do art. 3º do CPP, expressamente preconiza que o Tribunal
deve decidir desde logo o mérito quando decretar nulidade da sentença por não ser ela
congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir (Art.
1.013, § 3º, II, do CPC).
3. O prequestionamento admitido por esta Corte se caracteriza quando o Tribunal de
origem emite juízo de valor sobre determinada questão, englobando aspectos presentes
na tese que embasam o pleito apresentado no recurso especial. Assim, uma tese não
refutada pelo Tribunal de origem não pode ser conhecida no âmbito do recurso especial
por ausência de prequestionamento. 3.1. No caso em tela, o Tribunal de origem não ana-
lisou a tese de ocorrência de julgamento extra petita.

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3.2. “Mesmo se tratando de nulidades absolutas e condições da ação, é imprescindível


o prequestionamento, pois este é exigência indispensável ao conhecimento do recurso
especial, fora do qual não se pode reconhecer sequer matéria de ordem pública, passí-
vel de conhecimento de ofício nas instâncias ordinárias. Súmulas 282/STF e 356/STF”
(AgRg no AREsp 1229976/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, DJe 29/6/2018).
4. No caso em tela, o acolhimento do pleito de condenação demandaria o reexame fáti-
co-probatório, providencia vedada conforme Súmula n. 7 do STJ, porquanto as instâncias
ordinárias com base na prova produzida, incluindo a palavra da vítima, atestam que os
fatos descritos na denúncia não ficaram comprovados.
5. Recurso especial conhecido e desprovido.
(REsp 1731183/BA, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
01/10/2019, DJe 07/10/2019)

A mutatio libelli não pode ocorrer em segundo grau de jurisdição, como prevê a Súmula
453 do STF, que tem grande incidência em concursos públicos: “Não se aplicam à segunda
instância o art. 384 e parágrafo único do CPP, que possibilitam dar nova definição jurídica ao
fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente,
na denúncia ou queixa”. Nesse sentido:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO ESPECIAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.


CRIME DE RESPONSABILIDADE. DECRETO LEI N. 201/1967.
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. Mutatio libelli. RECONHECIMENTO EM SEGUNDO GRAU.
DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO PRIMEIRO GRAU. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 453/STF.
ABSOLVIÇÃO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. O Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e a Terceira Seção deste Superior
Tribunal de Justiça, diante da utilização crescente e sucessiva do habeas corpus, pas-
saram a restringir a sua admissibilidade quando o ato ilegal for passível de impugnação
pela via recursal própria, sem olvidar a possibilidade de concessão da ordem, de ofício,
nos casos de flagrante ilegalidade.
2. O trancamento da ação penal somente é possível, na via estreita do habeas corpus, em
caráter excepcional, quando se comprovar, de plano, a inépcia da denúncia, a atipicidade
da conduta, a incidência de causa de extinção da punibilidade ou a ausência de indícios
de autoria ou de prova da materialidade do delito.
3. O princípio da correlação entre a denúncia e a sentença condenatória representa no
sistema processual penal uma das mais importantes garantias ao acusado, porquanto
descreve balizas para a prolação do édito repressivo ao dispor que deve haver precisa
correspondência entre o fato imputado ao réu e a sua responsabilidade penal. (...) (HC

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n. 321.154/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, Quinta Turma, julgado em 13/6/2017, DJe
22/6/2017).
4. Neste caso, não houve simples modificação da capitulação jurídica atribuída aos fatos,
o que ensejaria mera emendatio libelli, possível de ser feita tanto pelo juiz quanto pelo
Tribunal.
Ao contrário, constatou-se que a condenação indicou fatos não descritos na denúncia,
traduzindo verdadeira mutatio libelli.
5. Portanto, a inexistência de descrição, na denúncia, de fatos que pudessem dar suporte
à conclusão do magistrado de primeiro grau a respeito da tipificação, caberia ao Tribu-
nal reconhecer a violação ao princípio da correlação e, diante da inviabilidade de mutatio
libelli em segundo grau, por força do enunciado n. 453 da Súmula do Supremo Tribunal
Federal, restaria ao Tribunal a quo absolver o réu.
6. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para determinar o tranca-
mento da Ação Penal n. 0001616-06.2007.8.26.0312.
(HC 534.249/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, jul-
gado em 04/02/2020, DJe 10/02/2020)

Caso o MP não promova o aditamento, nem mesmo com a aplicação analógica do art. 28
do CPP, o juiz deverá decidir nos termos da denúncia, o que importaria, provavelmente, em ab-
solvição do acusado. Nesse sentido, o art. 384, § 5º, estipula que não recebido o aditamento,
o processo prosseguirá.
Nada impede que a mutatio libelli seja efetiva em caso de ação penal privada mas, consi-
derando a existência do instituto da perempção, vislumbro apenas a possibilidade da mutatio
libelli espontânea, e não da provocada.
Caso ocorra o aditamento, o defensor do acusado será ouvido no prazo de 5 dias, antes
de o juiz receber o aditamento. Admitido o aditamento, o juiz deverá designar dia e hora para a
continuação da audiência, com oitiva de até 3 testemunhas de cada parte e novo interrogatório
do réu, debates e julgamento.
Procedimento do aditamento:
Mutatio libelli – aditamento em 5 dias – vista à defesa em 5 dias – recebimento do adita-
mento – audiência de instrução com 3 testemunhas de cada parte e interrogatório do réu –
debates – julgamento.
O aditamento é vinculador ao magistrado, no sentido de que não pode condenar com base
na denúncia originária, a princípio. Exceção seria se o aditamento apenas acrescentasse uma
circunstância qualificadora e o juiz desclassificasse, na sentença. Isso, por óbvio, em caso de
aditamento espontâneo, não provocado.
Há precedente do STJ no sentido de que o recebimento do aditamento à denúncia que
acrescenta fato novo é causa interruptiva da prescrição:

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RECURSO ESPECIAL. PENAL. ART. 1º, INCISOS I E II, C.C. O ART. 12, INCISO I, AMBOS DA
LEI N.º 8.137/90. ADITAMENTO À DENÚNCIA.
INEXISTÊNCIA DE NOVOS FATOS. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL.
INCABÍVEL. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.
INARREDÁVEL. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
1. O aditamento à denúncia é apto a interromper o prazo da prescrição apenas quando, por
esse meio, são apresentados argumentos que denotam significativa modificação fática.
2. Cotejando os termos da denúncia e do respectivo “aditamento/rerratificação”, verifico
que, por intermédio desse último, conquanto tenha sido pleiteada a exclusão do pólo pas-
sivo ou absolvição sumária do corréu, não foi trazida à baila inovação substancial quanto
aos fatos imputados aos Recorrentes, pois tão somente foi explicitada, de maneira minu-
dente, o que já havia sido delineado na peça de ingresso e, assim o fazendo, procedeu-se
correta capitulação dos delitos.
3. Não tendo sido apresentada inovação factual de expressiva monta por força do adi-
tamento à denúncia - na qual, inclusive, o Parquet estadual, textualmente, afirmou que
“[...] os fatos em nada tenham sido alterados [...]” -, nos termos da jurisprudência desta
Corte Superior de Justiça, o recebimento daquela peça processual pelo Juízo primevo
não representou marco interruptivo da prescrição.
4. As reprimendas impostas aos Recorrentes, com trânsito em julgado para a Acusação,
foram fixadas em 4 (quatro) anos de reclusão, mais 160 (cento e sessenta) dias-multa.
Portanto, o prazo prescricional é de 8 (oito) anos, conforme previsão do art. 109, inciso
IV, do Código Penal. No mesmo prazo, prescreve a pena de multa, nos termos do art.
114, inciso II, do mesmo Codex. No caso, tal lapso transcorreu entre o recebimento da
denúncia, em 24/03/2008, e a data da publicação da sentença condenatória, ocorrida em
03/02/2017.
5. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 1794147/PA, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 05/12/2019,
DJe 17/12/2019)

Por fim, lembramos que tanto na mutatio quanto na emendatio, caso seja possível a tran-
sação penal, suspensão condicional do processo ou acordo de não persecução penal, devem
esses institutos ser aplicados em benefício do réu, não havendo se falar em preclusão, o que
ocorreria apenas com a sentença penal condenatória.

Independência Judicial na Sentença


Segundo o art. 385 do CPP, nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reco-
nhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
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Assim, o juiz tem independência no momento da prolação da sentença, no que tange à


ação pública, o que decorre do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública.
É de se ressaltar que essa independência não se aplica à ação pena privada, por força do
instituto da perempção, previsto no art. 60, inciso III, do CPP, que determina que a ação penal
privada será considerada perempta se o querelante deixar de formular pedido de condenação
nas alegações finais.

Intimação da Sentença
É a partir da intimação da sentença que os prazos para embargos de declaração e de ape-
lação começam a correr. O juiz, tradicionalmente, profere a sentença e o escrivão, em seguida,
certifica nos autos a publicação e providencia as intimações.
O Ministério Público é intimado pessoalmente, conforme previsão do art. 390 do CPP, con-
tando-se o prazo da data da entrada do processo nas dependências da instituição e não de
quando o promotor apõe a ciência nos autos. Isso foi tema, inclusive, de tese em recurso repe-
titivo, no STJ:

RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART.


1.036 DO CPC C/C O ART. 256, I, DO RISTJ). PROCESSO PENAL E PROCESSO CIVIL. INTI-
MAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CONTAGEM DOS PRAZOS. INÍCIO.
NECESSIDADE DE REMESSA DOS AUTOS À INSTITUIÇÃO. INTIMAÇÃO E CONTAGEM DE
PRAZO PARA RECURSO. DISTINÇÕES. PRERROGATIVA PROCESSUAL. NATUREZA DAS
FUNÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PECULIARIDADES DO PROCESSO PENAL.
REGRA DE TRATAMENTO DISTINTA. RAZOABILIDADE. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS.
18, II, “h”, DA LC N. 75/1993 e 41, IV, DA LEI N. 8.625/1993.
1. A intimação dos atos processuais tem por objetivo dar conhecimento ao interessado
sobre o ato praticado, permitindo-lhe, eventualmente, a ele reagir, em autêntica expres-
são procedimental do princípio do contraditório, o qual se efetiva no plano concreto com
a participação das partes no desenvolvimento do processo e na formação das decisões
judiciais, de sorte a conferir tanto ao órgão de acusação quanto ao de defesa o direito de
influir, quer com a atividade probatória, quer com a apresentação de petições e arrazoa-
dos, escritos e orais, na formação do convencimento do órgão jurisdicional competente.
2. Na estrutura dialética do processo penal brasileiro, o Ministério Público desempenha
suas funções orientado por princípios constitucionais expressos, entre os quais se desta-
cam o da unidade e o da indivisibilidade, que engendram a atuação, em nome da mesma
instituição, de diversos de seus membros, sem que isso importe em fragmentação do
órgão, porquanto é a instituição, presentada por seus membros, que pratica o ato. 3.
Incumbe ao Ministério Público a preservação da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127 da CF), o que autoriza a otimização da

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eficiência dos serviços oficiais, dependentes do acompanhamento e da fiscalização de


vultosa quantidade de processos. Daí a necessidade e a justificativa para que a intimação
pessoal seja aperfeiçoada com a vista dos autos (conforme disposto expressamente no
art. 41, IV, da Lei n.
8.625/1993 e no art. 18, II, “h”, da LC n. 75/1993). Raciocínio válido também para a Defen-
soria Pública (arts. 4º, V, e 44, I, da LC n. 80/1994), dada sua equivalente essencialidade à
função jurisdicional do Estado (art. 134 da CF) e as peculiaridades de sua atuação.
4. Para o escorreito desempenho de suas atribuições constitucionais e legais, a intima-
ção pessoal dos membros do Ministério Público é também objeto de expressa previsão
no novo CPC, no art. 180 (repetindo o que já dizia o CPC de 1973, em seu art. 236, § 2º),
semelhantemente ao disposto no art. 370, § 4º, do Código de Processo Penal.
5. A distinção entre intimação do ato e início da contagem do prazo processual permite
que se entenda indispensável - para o exercício do contraditório e a efetiva realização da
missão constitucional do Ministério Público - que a fluência do prazo para a prática de
determinado prazo peremptório somente ocorra a partir do ingresso dos autos na secre-
taria do órgão destinatário da intimação.
Precedentes. 6. Assim, a não coincidência entre a intimação do ato decisório (em audi-
ência ou por certidão cartorial) e o início do prazo para sua eventual impugnação é a
única que não sacrifica, por meio reflexo, os direitos daqueles que, no âmbito da jurisdi-
ção criminal, dependem da escorreita e eficiente atuação do Ministério Público (a vítima
e a sociedade em geral). Em verdade, o controle feito pelo representante do Ministério
Público sobre a decisão judicial não é apenas voltado à identificação de um possível pre-
juízo à acusação, mas também se dirige a certificar se a ordem jurídica e os interesses
sociais e individuais indisponíveis - dos quais é constitucionalmente incumbido de defen-
der (art. 127, caput, da CF) - foram observados, i.e., se o ato para o qual foi cientificado
não ostenta ilegalidade a sanar, ainda que, eventualmente, o reconhecimento do vício
processual interesse, mais proximamente, à defesa.
7. É natural que, nos casos em que haja ato processual decisório proferido em audiência,
as partes presentes (defesa e acusação) dele tomem conhecimento. Entretanto, essa
ciência do ato não permite ao membro do Ministério Público (e também ao integrante
da Defensoria Pública) o exercício pleno do contraditório, seja porque o órgão Ministe-
rial não poderá levar consigo os autos, seja porque não necessariamente será o mesmo
membro que esteve presente ao ato a ter atribuição para eventualmente impugná-lo.
8. Recurso especial provido para reconhecer a tempestividade da apelação interposta
pelo Ministério Público Federal e determinar ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região
que julgue o recurso ministerial.
TESE: O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o
Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão,

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sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou


por mandado.
(REsp 1349935/SE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
23/08/2017, DJe 14/09/2017)

O querelante e o assistente de acusação serão intimados da sentença pessoalmente ou na


pessoa de seu advogado, este por meio de publicação oficial. Caso não sejam encontrados, a
intimação é feita por edital, com prazo de 10 dias.
Preceitua o CPP:

Art. 392. A intimação da sentença será feita:


I – ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II – ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afian-
çável a infração, tiver prestado fiança;
III – ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de
prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
IV – mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem
encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V – mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído também não for
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI – mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certifi-
car o oficial de justiça.
§ 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo
igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos.
§ 2º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for
feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo.

Jurisprudência Atinente

RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART. 1.036 DO


CPC C/C O ART. 256, I, DO RISTJ). PROCESSO PENAL E PROCESSO CIVIL. INTIMAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. CONTAGEM DOS PRAZOS. INÍCIO. NECESSIDADE DE REMESSA
DOS AUTOS À INSTITUIÇÃO. INTIMAÇÃO E CONTAGEM DE PRAZO PARA RECURSO. DIS-
TINÇÕES. PRERROGATIVA PROCESSUAL. NATUREZA DAS FUNÇÕES DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. PECULIARIDADES DO PROCESSO PENAL. REGRA DE TRATAMENTO DISTINTA.
RAZOABILIDADE. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 18, II, “h”, DA LC N. 75/1993 e 41, IV, DA
LEI N. 8.625/1993.
1. A intimação dos atos processuais tem por objetivo dar conhecimento ao interessado
sobre o ato praticado, permitindo-lhe, eventualmente, a ele reagir, em autêntica expres-
são procedimental do princípio do contraditório, o qual se efetiva no plano concreto com
a participação das partes no desenvolvimento do processo e na formação das decisões

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judiciais, de sorte a conferir tanto ao órgão de acusação quanto ao de defesa o direito de


influir, quer com a atividade probatória, quer com a apresentação de petições e arrazoa-
dos, escritos e orais, na formação do convencimento do órgão jurisdicional competente.
2. Na estrutura dialética do processo penal brasileiro, o Ministério Público desempenha
suas funções orientado por princípios constitucionais expressos, entre os quais se desta-
cam o da unidade e o da indivisibilidade, que engendram a atuação, em nome da mesma
instituição, de diversos de seus membros, sem que isso importe em fragmentação do
órgão, porquanto é a instituição, presentada por seus membros, que pratica o ato. 3.
Incumbe ao Ministério Público a preservação da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127 da CF), o que autoriza a otimi-
zação da eficiência dos serviços oficiais, dependentes do acompanhamento e da fiscali-
zação de vultosa quantidade de processos. Daí a necessidade e a justificativa para que a
intimação pessoal seja aperfeiçoada com a vista dos autos (conforme disposto expres-
samente no art. 41, IV, da Lei n.
8.625/1993 e no art. 18, II, “h”, da LC n. 75/1993). Raciocínio válido também para a Defen-
soria Pública (arts. 4º, V, e 44, I, da LC n. 80/1994), dada sua equivalente essencialidade à
função jurisdicional do Estado (art. 134 da CF) e as peculiaridades de sua atuação.
4. Para o escorreito desempenho de suas atribuições constitucionais e legais, a intima-
ção pessoal dos membros do Ministério Público é também objeto de expressa previsão
no novo CPC, no art. 180 (repetindo o que já dizia o CPC de 1973, em seu art. 236, § 2º),
semelhantemente ao disposto no art. 370, § 4º, do Código de Processo Penal.
5. A distinção entre intimação do ato e início da contagem do prazo processual permite
que se entenda indispensável - para o exercício do contraditório e a efetiva realização da
missão constitucional do Ministério Público - que a fluência do prazo para a prática de
determinado prazo peremptório somente ocorra a partir do ingresso dos autos na secre-
taria do órgão destinatário da intimação.
Precedentes. 6. Assim, a não coincidência entre a intimação do ato decisório (em audi-
ência ou por certidão cartorial) e o início do prazo para sua eventual impugnação é a
única que não sacrifica, por meio reflexo, os direitos daqueles que, no âmbito da jurisdi-
ção criminal, dependem da escorreita e eficiente atuação do Ministério Público (a vítima
e a sociedade em geral). Em verdade, o controle feito pelo representante do Ministério
Público sobre a decisão judicial não é apenas voltado à identificação de um possível pre-
juízo à acusação, mas também se dirige a certificar se a ordem jurídica e os interesses
sociais e individuais indisponíveis - dos quais é constitucionalmente incumbido de defen-
der (art. 127, caput, da CF) - foram observados, i.e., se o ato para o qual foi cientificado
não ostenta ilegalidade a sanar, ainda que, eventualmente, o reconhecimento do vício
processual interesse, mais proximamente, à defesa.
7. É natural que, nos casos em que haja ato processual decisório proferido em audiência,
as partes presentes (defesa e acusação) dele tomem conhecimento. Entretanto, essa

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ciência do ato não permite ao membro do Ministério Público (e também ao integrante


da Defensoria Pública) o exercício pleno do contraditório, seja porque o órgão Ministe-
rial não poderá levar consigo os autos, seja porque não necessariamente será o mesmo
membro que esteve presente ao ato a ter atribuição para eventualmente impugná-lo.
8. Recurso especial provido para reconhecer a tempestividade da apelação interposta
pelo Ministério Público Federal e determinar ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região
que julgue o recurso ministerial.
TESE: O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o
Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão,
sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou
por mandado.
(REsp 1349935/SE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
23/08/2017, DJe 14/09/2017)

AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. CONSELHEIROS DE TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. PRE-


LIMINAR. “DENUNCIA ANÔNIMA”. NEXO CAUSAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO. DENÚNCIA.
APTIDÃO. PREJUÍZO À AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA EM ABSTRATO. OCORRÊNCIA PARCIAL. PECULATOS. ART. 312, CAPUT, DO CP.
SAQUES EM ESPÉCIE, NA BOCA DO CAIXA. CHEQUES À ORDEM DO PRÓPRIO SACADOR.
ART. 9º, I, DA LEI 7.357/85. ASSINATURA. ANVERSO. RESPONSABILIDADE. PRESIDENTE
DO TCE. ORDENADOR DE DESPESAS. PECULATO-DESVIO. CONFIGURAÇÃO. MATERIALI-
DADE E AUTORIA. COMPROVAÇÃO. MAJORANTE. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. Emenda-
tio libelli. ART. 383 DO CPP. RECONHECIMENTO. POSSIBILIDADE. CAUSA DE AUMENTO.
FUNÇÃO DE DIREÇÃO. ART. 327, § 2º, DO CP. CONTINUIDADE DELITIVA. ART. 71 DO CP.
EXECUÇÃO HOMOGÊNEA. CONDIÇÕES DE TEMPO E LUGAR. IDENTIDADE. REEMBOLSO
DE DESPESAS MÉDICAS. ELEMENTO SUBJETIVO. DOLO. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA.
PASSAGEM AÉREA. PAGAMENTO PELO ERÁRIO. PROVA. INEXISTÊNCIA. “AJUDA DE
CUSTO”. RECEBIMENTO. POSSE A TÍTULO ALHEIO. AUSÊNCIA. ATIPICIDADE. QUADRI-
LHA OU BANDO. ART. 288 DO CP. REDAÇÃO ORIGINAL. ESTABILIDADE E PERMANÊNICA.
COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. ACUSAÇÃO. PARCIAL PROCEDÊNCIA. EFEITOS SECUNDÁ-
RIOS. PERDA DO CARGO. IMPOSIÇÃO.
1. Cuida-se de denúncia por meio da qual se imputa a JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHO,
AMIRALDO DA SILVA FAVACHO e REGILDO WANDERLEY SALOMÃO, Conselheiros do Tri-
bunal de Contas do Estado do Amapá - TCE/AP, a suposta prática dos crimes de peculato,
de forma continuada, ordenação despesas sem autorização legal e quadrilha ou bando
(atual associação criminosa) (arts. 312 c/c 71, 359-D e 288, caput, todos do CP).
2. Segundo a denúncia, os réus teriam: a) efetuado sistemáticos saques em espécie na
conta corrente do TCE/AP, por meio da emissão de cheques à ordem do próprio sacador

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(TCE/AP); b) autorizado indevidamente o reembolso de despesas médicas e hospitala-


res; c) pago salários a pessoas estranhas aos quadros de pessoal do TCE/AP;
d) pago passagem aérea de interesse privado com dinheiro público; e) recebido valores a
título de “ajuda de custo” sem previsão legal;
f) ordenado despesas sem prévia autorização legal; e g) se associado para lesar o patri-
mônio público do TCE/AP.
3. O propósito da presente fase procedimental é determinar se: a) o processo é nulo por
ter sido embasado unicamente em fatos narrados em delatio criminis anônima; b) ocor-
reu a prescrição da pretensão punitiva em abstrato dos crimes imputados aos réus; c)
a denúncia é apta; e d) os fatos atribuídos aos réus realmente configuram a prática dos
crimes que lhes são imputados.
4. A colisão entre valores constitucionais existente na delatio criminis anônima foi resol-
vida pela jurisprudência por meio de aplicação dos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, por meio dos quais se repudia o abuso do anonimato e se reforça o dever-
-poder da autoridade responsável de apurar condutas supostamente criminosas.
5. Não há nulidade a ser declarada se a narrativa de delatio criminis anônima for cor-
roborada por elementos informativos complementares obtidos pelas autoridades com-
petentes que denotem a verossimilhança da comunicação, pois o que se veda é que a
investigação seja lastreada única e exclusivamente nos fatos narrados de forma apó-
crifa. Precedentes.
6. Na hipótese concreta, a guinada das investigações ao TCE/AP, bem como as medidas
de busca e apreensão domiciliar e quebras de sigilo constitucionais que se seguiram,
foram fundadas em diversos e entrelaçados fatos concretos da causa, cujas informa-
ções foram complementadas por diligências adicionais, razão pela qual não há cogitar
de nulidade do inquérito ou do processo, sequer da aplicação da teoria da nulidade por
derivação (frutos da árvore envenenada).
7. Em razão de um dos réus contar, na data da sentença, mais de 70 (setenta) anos, os seus
prazos prescricionais devem ser contabilizados à metade, por força do art. 115 do CP.
8. Na hipótese vertente, está prescrita em abstrato a pretensão punitiva relativa aos
crimes de ordenação de despesas sem autorização legal (art. 359-D do CP), de quadrilha
(art. 288 do CP, na redação original) e dos peculatos (art. 312, caput, do CP) pelo (i) paga-
mento de servidores sem vínculo com o TCE/AP e (ii) recebimento de “ajuda de custo”
atribuídos ao réu JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHO.
9. A alegação de inépcia da denúncia somente pode ser acolhida quando demonstrada ine-
quívoca deficiência da peça acusatória, capaz de impedir a acusação que é imputada aos
réus, prejudicando seu exercício de defesa, o que não foi evidenciado na hipótese em exame.
10. O crime de peculato, na modalidade desvio, consuma-se quando à bem público móvel
é dado destinação ou emprego diverso daquele para o qual ele foi entregue ao agente,
independentemente da concreta obtenção do proveito próprio ou alheio, sendo, inclusive,

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dispensável a indicação dos beneficiários da vantagem ou dos destinatários do dinheiro


desviado. Precedentes.
11. Nos cheques em questão na presente ação penal, o sacador (emitente) é o TCE/AP e
o beneficiário (tomador) também é o próprio TCE/AP, consistindo em hipótese de emis-
são de cheque à ordem do próprio sacador, prevista no art. 9º, I, da Lei 7.357/85, cujo
fim único é a movimentação de quantias disponíveis na conta corrente e a obtenção de
numerário em espécie.
12. A assinatura, pelo Presidente do Tribunal de Contas, na condição de ordenador de
despesas, de cheque destinado unicamente à obtenção de dinheiro em espécie, não con-
trolado pelo dever de prestar contas, pois contabilizado sob rubrica genérica “outras des-
pesas variáveis”, configura o crime de peculato-desvio (art. 312, caput, segunda figura, do
CP), por ser ato de execução do desvio do valor público de sua finalidade certa e determi-
nada de ordem pública.
13. No processo penal, o princípio da congruência é norteado pela causae petendi, tendo
em vista que o réu se defende dos fatos, não da capitulação jurídica correlata promovida
pelo órgão da acusação.
Precedentes.
14. Por esse motivo, por meio da emendatio libelli, prevista no art.
383 do CPP, é possível o reconhecimento de causa de aumento descrita faticamente na
denúncia, ainda que não expressamente indicada sua capitulação legal. Precedentes.
15. Como foi narrado na denúncia que as condutas que configuram peculato-desvio
foram praticadas pelo réu JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHJO no exercício do cargo de
Presidente da Corte de Contas, incide a majorante do art. 327, § 2º, do CP, ante a maior
reprovabilidade da conduta criminosa decorrente da posição ocupada pelo agente.
16. Quando houver homogeneidade de bens jurídicos atingidos e semelhança de pro-
cesso executório em sua prática - caracterizada pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outros fatores -, aplica-se ao agente a pena de apenas um dos crimes,
aumentada de um sexto a dois terços, conforme prevê o art. 71, caput, do CP.
17. Em se tratando de aumento de pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a
fração de aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4
infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para 6 infrações e 2/3 para 7 ou mais infrações.
Precedentes.
18. A acusação não se desincumbiu do ônus de comprovar o dolo de JOSÉ JÚLIO DE
MIRANDA COELHO em autorizar o reembolso indevido de despesas médicas e tampouco
o efetivo pagamento com recursos do TCE/AP de passagem aérea emitida em favor de
seu filho.
19. O crime de peculato-apropriação exige que o funcionário público receba o bem, valor
ou dinheiro público em razão do cargo e no nome da Administração.

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20. É atípica a conduta de receber valores a título próprio, mesmo que o pagamento seja
indevido, pois, nessa circunstância, não ocorre a inversão do título da posse nem a vio-
lação aos deveres de fidelidade e probidade do funcionário público, necessárias para a
tipificação do crime de peculato-apropriação (art. 312, caput, primeira figura, do CP).
21. O crime de quadrilha ou bando (art. 288 do CP, na redação original) demanda a
demonstração da estabilidade e da permanência da associação para cometer crimes
indeterminados. Precedentes.
22. Na presente hipótese, não foi comprovada a estabilidade e a permanência da parti-
cipação dos réus AMIRALDO DA SILVA FAVACHO e REGILDO WANDERLEY SALOMÃO, o
que não é suficiente para a adequação dos fatos ao crime do art. 288 do CP.
23. Os efeitos secundários da condenação não se confundem com as penas restritivas
de direito, sobretudo com a de interdição temporária de direitos, pois são reflexos extra-
penais mediatos da condenação e de duração permanente, podendo ser impostos de
forma fundamentada na sentença aos condenados por crimes cometidos com abuso de
poder ou violação de dever com a Administração à pena igual ou superior a um ano (art.
92, I, a, do CP).
24. Na presente hipótese, o crime de peculato-desvio (art. 312, caput, segunda figura, do
CP), cometido pelos réus, é crime cuja prática ofende o dever de fidelidade do funcionário
público com a Administração, sobretudo em razão das responsabilidades que o cargo
público de Conselheiro de Tribunal de Contas deveria observar no controle das despesas
públicas, e a pena que lhes foi imposta tem duração superior a um ano, o que autoriza a
decretação da perda do cargo público até então ocupado.
25. Ação penal julgada parcialmente procedente.
(APn 702/AP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/08/2020,
DJe 14/08/2020)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RÉU DENUNCIADO POR TRÁFICO. FINA-


LIDADE MERCANTIL NÃO EVIDENCIADA. CONDENAÇÃO POR USO DE DROGAS. POSSIBI-
LIDADE. HIPÓTESE DE Emendatio libelli. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a simples posse de drogas, não tendo sido
comprovada a finalidade de repasse a terceiros, automaticamente enquadra-se no delito
menos gravoso de posse para consumo, na medida em que o intento de consumo torna-
-se implícito quando negada a finalidade de repasse a outrem, configurando hipótese de
emendatio libelli, nos termos do art. 383 do Código de Processo Penal, sendo, pois, plena-
mente possível e válida a nova capitulação jurídica frente a descrição fática consignada
na denúncia.
2. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1861765/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
19/05/2020, DJe 25/05/2020)

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AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. DECISÃO MONOCRÁTICA. POSSIBILIDADE.


OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 210 DO RISTJ.
PROCESSO PENAL. DENÚNCIA. CRIME DE LATROCÍNIO. DESCLASSIFICAÇÃO. REVOLVI-
MENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCABÍVEL. Emendatio libelli. ART. 383 DO CPP. MOMENTO
DO RECEBIMENTO DA EXORDIAL ACUSATÓRIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. EXCEP-
CIONALIDADE NÃO CONSTATADA NO PRESENTE CASO. AUSÊNCIA DE FLAGRANTE ILE-
GALIDADE. NOVOS ARGUMENTOS HÁBEIS A DESCONSTITUIR A DECISÃO IMPUGNADA.
INEXISTÊNCIA. DECISUM MANTIDO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
I – O julgamento monocrático do writ não representa ofensa ao princípio da colegialidade,
quando a hipótese se coaduna com o previso no art. 34, XVIII, “a” e “b” ou art. 210, ambos
do RISTJ, notadamente porque qualquer decisão monocrática está sujeita à apreciação
do órgão colegiado, em virtude de possibilidade de interposição do agravo regimental,
como na espécie.
II – Nos termos do art. 159, IV, do RISTJ, não haverá sustentação oral no julgamento de
agravo.
III – A desclassificação do tipo penal demanda o exame aprofundado do conjunto fáti-
co-probatório dos autos, de forma a concluir-se pela atipicidade da conduta imputada à
paciente e sua reclassificação, providência inviável de ser realizada no habeas corpus,
que não admite dilação probatória.
IV – Desde o advento da Lei n. 11.719/2008, tem este Tribunal Superior, em hipóteses
excepcionais, admitido a alteração da capitulação jurídica (emendatio libelli) da conduta
quando do recebimento da denúncia, nos casos em que se vislumbra benefício imediato
ao réu, com a correta fixação da competência ou do procedimento a ser adotado, ou
mesmo quando, diante do manifesto equívoco na indicação do tipo legal, o delito apa-
rentemente cometido possui gravidade significativamente diversa, com reflexos jurídicos
imediatos na defesa do acusado. Precedentes.
V – In casu, contudo, o eg. Tribunal estadual não fundamentou o acórdão recorrido em
qualquer hipótese de excepcionalidade para antecipação da alteração da capitulação jurí-
dica, confirmando a presença de indícios de autoria e materialidade relativos à prática
do delito de latrocínio. Não se mostra possível, neste momento, discordar das instâncias
ordinárias, principalmente na estreita via do habeas corpus, ou em seu recurso ordinário,
e vislumbrar motivação plausível a justificar a desclassificação do tipo penal para outros
delitos, notadamente diante da dinâmica relatada na exordial acusatória.
VI – Neste agravo regimental não foram apresentados argumentos novos capazes de
alterar o entendimento anteriormente firmado, devendo ser mantida a decisão impug-
nada por seus próprios e jurídicos fundamentos.
Agravo regimental desprovido.

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(AgRg no HC 564.546/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em


12/05/2020, DJe 18/05/2020)

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPE-


CIAL. ROUBO MAJORADO. CONTINUIDADE DELITIVA. ANÁLISE COM BASE NA LEGIS-
LAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. DESNECESSÁRIO INGRESSO NA SEARA CONSTITU-
CIONAL. FATOS NARRADOS NA DENÚNCIA. PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA OBSERVADO.
Emendatio libelli. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Nos casos dos autos, a matéria foi analisada com base na legislação infraconstitucio-
nal porquanto desnecessário ingressar na seara constitucional para o reconhecimento
da incidência do art. 71 do CP. Uma vez que os fatos estão expressamente narrados na
denúncia, o agravante pode se defender do que lhe é imputado, não havendo se falar por-
tanto, em violação ao princípio da congruência.
2. Como é cediço, o crime continuado é benefício penal, modalidade de concurso de
crimes, que, por ficção legal, consagra unidade incindível entre os crimes que o formam,
para fins específicos de aplicação da pena. Para a sua aplicação, o art. 71, caput, do
Código Penal, exige, concomitantemente, três requisitos objetivos: I) pluralidade de con-
dutas; II) pluralidade de crime da mesma espécie;
e III) condições semelhantes de tempo lugar, maneira de execução e outras semelhantes,
além do requisito subjetivo.
3. No caso dos autos, trata-se de dois roubos cometidos mediante similar modus ope-
randi, tendo o réu abordado o caixa da agência dos Correios e subtraído o valor de R$
8.725,80 da empresa e a quantia de R$ 280,00 pertencente ao empregado da mesma,
mediante violência ou grave ameaça. Ademais, as condutas ocorreram nas mesmas con-
dições de tempo e lugar o que permite o reconhecimento da continuidade delitiva.
4. A sentença deve guardar consonância com a descrição fática apresentada na denún-
cia, sob pena de violação ao princípio da congruência. Como a vinculação é com os fatos
narrados, não está o Magistrado adstrito à classificação penal apresentada pelo Ministé-
rio Público, sendo possível proceder à emendatio libelli, conforme autoriza o artigo 383 do
CPP. Correto, portanto, o juiz sentenciante que, pela descrição fática operada na denún-
cia, decidiu condenar o recorrido na forma continuada do crime do art. 157, § 2º, I e II, do
CP, procedendo a emendatio libelli.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 1637200/RO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 28/04/2020, DJe 04/05/2020)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECEPTAÇÃO. INEXISTÊN-


CIA DE APELO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE ANULAR

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A SENTENÇA, DE OFÍCIO, PARA A Mutatio libelli. ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE COM A


JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. A orientação desta Corte se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido, de que,
verificada em apelação da defesa prova de fatos diversos daqueles delineados na denún-
cia, com possibilidade de nova definição jurídica, não é possível anular a sentença, de
ofício, para determinar a observância do art. 384 do CPP. Se não ocorreu a mutatio libelli
em primeiro grau, o Ministério Público não recorreu e não comprovou a acusação, a única
solução viável é absolver o réu, pois o Tribunal não pode reconhecer nulidade não arguida
em seu prejuízo. Súmula n. 160 do STF.
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 1530852/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 30/06/2020, DJe 04/08/2020)

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIME DE ROUBO MAJORADO. NULIDADES


DA CONDENAÇÃO EM PRIMEIRO GRAU. AUSÊNCIA DE AUTORIA. TEMAS NÃO ENFREN-
TADOS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍ-
PIO DA CONGRUÊNCIA. INOCORRÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Diante da não apreciação pelo Tribunal de origem dos temas alegados neste manda-
mus - ausência de autoria e nulidades do feito em primeiro grau, bem como em razão da
não oposição de embargos de declaração contra o acórdão na origem, torna-se inviável
a apreciação dos pleitos diretamente por esta Corte Superior, sob pena de incorrer em
indevida supressão de instância.
2. “O simples fato de a questão haver sido suscitada na instância de origem o não é sufi-
ciente para que possa ser debatida por esta Corte Superior de Justiça, pois, diante da
omissão da autoridade impetrada em examiná-la, cumpria à defesa opor os competentes
embargos de declaração. Precedentes” (AgRg no HC 563.607/ES, Rel. Ministro JORGE
MUSSI, Quinta Turma, julgado em 13/4/2020, DJe de 20/4/2020).
3. Não há que se falar em violação ao princípio da congruência entre acusação e sen-
tença, pela suposta ocorrência de mutatio libelli, quando não houve mudança do fato
imputado aos acusados, tampouco na capitulação jurídica descrita na inicial acusatória.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no HC 552.881/AC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 09/06/2020, DJe 18/06/2020)

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CON-


CUSSÃO E CORRUPÇÃO PASSIVA CONTINUADA, EM CONCURSO MATERIAL. AUSÊNCIA
DE CORRELAÇÃO ENTRE A DENÚNCIA E A SENTENÇA. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS. FATOS
DEVIDAMENTE NARRADOS NA INICIAL. DESCABIMENTO DA APLICAÇÃO DA Mutatio

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libelli. REEXAME DA DOSIMETRIA DA PENA INVIÁVEL NA VIA ESTREITA DO HABEAS


CORPUS. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
(RHC 168236 AgR, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em
16/08/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-191 DIVULG 02-09-2019 PUBLIC 03-09-
2019)
Agravo regimental no recurso ordinário em habeas corpus. 2. Trancamento de processo
penal. 3. Militar que, submetido a duas perícias médicas oficiais do Juízo, foi diagnosti-
cado com doença mental. Ação cível julgada procedente para determinar sua aposenta-
ção. 4. Agravante denunciado por estelionato, porquanto já servidor da Guarda Municipal
quando aposentado por invalidez. Tese acusatória de simulação de doença. Fragilidade.
Doença atestada por peritos judiciais. 5. Agravante que mentiu em Juízo para obter o
benefício. Indícios de prática de crime. Possibilidade de mutatio libelli. 6. Agravo impro-
vido.
(RHC 176636 AgR, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 06/12/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-282 DIVULG 17-12-2019 PUBLIC 18-12-2019)

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. REITERAÇÃO DOS ARGUMENTOS


EXPOSTOS NA INICIAL QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA.
PACIENTE DENUNCIADO PELA SUPOSTA TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO (ART.
121, § 2º, II E IV, COMBINADO COM O ART. 14, II, DO CP), PRATICADA COM DOLO EVEN-
TUAL (ART. 18, I, SEGUNDA PARTE, DO CP). Mutatio libelli. PRÉVIA MANIFESTAÇÃO DA
DEFESA. ATENDIMENTO AO DISPOSTO NO ART. 384, § 2º, DO CPP. CERCEAMENTO DE
DEFESA NÃO CONFIGURADO. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. INTELIGÊNCIA DO ART.
563 DO CPP. INCIDÊNCIA OU NÃO DE QUALIFICADORAS E A INCOMPATIBILIDADE DELAS
COM O DOLO EVENTUAL. ANÁLISE QUE DEVERÁ SER PROCEDIDA PELO TRIBUNAL DO
JÚRI, JUÍZO NATURAL DA CAUSA. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – O agra-
vante apenas reitera os argumentos anteriormente expostos na inicial do habeas corpus,
sem, contudo, aduzir novos elementos capazes de afastar as razões expendidas na deci-
são agravada. II – Possibilidade de o Ministério Público, na fase de alegações finais,
corrigir a tipificação penal inicialmente apontada na denúncia (art. 384 – mutatio libelli),
visando uma melhor conformação da peça acusatória à luz dos fatos narrados. Inteligên-
cia do § 2º do art. 384 do Código de Processo Penal. III – Pelos documentos que instruem
a petição inicial, não é possível verificar se o conteúdo do parecer Ministerial sobre reque-
rimento de diligência formulado por um corréu foi ou não decisivo para o recebimento do
aditamento em relação ao paciente, a ponto de ser imprescindível nova manifestação da
defesa acerca daquele documento. IV – O entendimento desta Corte é o de que, para o
reconhecimento de eventual nulidade, ainda que absoluta, faz-se necessária a demons-
tração do prejuízo. Nesse sentido, o Tribunal tem reafirmado que a demonstração de

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prejuízo, “a teor do art. 563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa
ou absoluta, eis que […] o âmbito normativo do dogma fundamental da disciplina das nuli-
dades pas de nullité sans grief compreende as nulidades absolutas” (HC 85.155/SP, Rel.
Min. Ellen Gracie). Precedentes. V – “[A] fase processual do recebimento da denúncia é
juízo de delibação, jamais de cognição exauriente. Não se pode confundir os requisitos
para o recebimento da denúncia, delineados no art. 41 do Código de Processo Penal, com
o juízo de procedência da imputação criminal” (Inq 4.022/AP, Rel. Min. Teori Zavascki).
VI – O órgão constitucionalmente competente para julgar os crimes contra a vida e, por-
tanto, apreciar as questões atinentes ao elemento subjetivo da conduta do agente aqui
suscitadas, inclusive relativamente à compatibilidade das qualificadoras imputadas com
o dolo eventual, é o Tribunal do Júri, de modo que não cabe ao Supremo Tribunal Federal,
na via estreita do habeas corpus, antecipar-se ao juízo natural da causa. Precedentes. VII
– Agravo regimental a que se nega provimento.
(HC 170207 AgR, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em
31/05/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-123 DIVULG 07-06-2019 PUBLIC 10-06-2019)

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME TIPIFICADO NO ART. 305


DO CÓDIGO PENAL (SUPRESSÃO DE DOCUMENTO). PLEITO DE RECLASSIFICAÇÃO DA
IMPUTAÇÃO PARA O CRIME DO ART. 356 DO MESMO DIPLOMA (SONEGAÇÃO DE PAPEL
OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO). INEXISTÊNCIA DE FLAGRANTE EQUÍVOCO NA
CAPITULAÇÃO POSTA NA DENÚNCIA. 1. Nos termos do Código de Processo Penal, o
momento apropriado, em regra, para o ajuste da tipificação trazida na denúncia ocorre
por ocasião da sentença, quando o magistrado pode proceder à emendatio ou à muta-
tio libelli (arts. 383 e 384). Conforme dispõe o § 1º do art. 383, se, em consequência de
definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do
processo, o juiz procederá de acordo com o disposto em lei; a significar, portanto, que o
regular trâmite da ação penal, no presente caso, não implica qualquer constrangimento
ilegal ao direito de locomoção do ora agravante. 2. Ademais, é da competência do juiz
processante, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, examinar os elementos de
prova colhidos durante a instrução criminal e conferir definição jurídica adequada para
os fatos apurados. O exame antecipado desta Corte Suprema a respeito da matéria, em
rigor, implicaria clara afronta ao juízo natural da causa penal. Precedentes. 3. Agravo
Regimental a que se nega provimento.
(HC 164907 AgR, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em
15/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-039 DIVULG 25-02-2019 PUBLIC 26-02-2019)

EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. Emendatio libelli. ART. 383 DO


CPP. DEVIDO PROCESSO LEGAL. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO. CONCUSSÃO.

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NOVA DEFINIÇÃO JURÍDICA DO FATO NARRADO NA DENÚNCIA. VIABILIDADE. 1. O acu-


sado defende-se dos fatos descritos na denúncia e não de sua classificação jurídica.
Precedente: Inq 4093, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe-101 18.5.2016. 2.
Não configuram ilegalidade ou abuso de poder as hipóteses em que o juiz sentenciante,
a partir de elementos decorrentes da instrução probatória, dá aos fatos nova definição
jurídica, nos termos do artigo 383 do CPP (emendatio libelli). 3. Narrativa da denúncia que
descreve a exigência de vantagem indevida pelos denunciados é suficiente para viabilizar
a desclassificação da imputação de extorsão mediante sequestro qualificada pela restri-
ção da liberdade da vítima (art. 158, § 3º, do CP) para o crime de concussão (art. 316 do
CP). 4. Agravo regimental conhecido e não provido.
(HC 134686 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 05/10/2018, PRO-
CESSO ELETRÔNICO DJe-220 DIVULG 15-10-2018 PUBLIC 16-10-2018)

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/2020/MPE-CE/TÉCNICO MINISTERIAL) Nero responde a ação penal por crime
contra patrimônio particular na comarca de Caucaia. Como ele não foi encontrado para ser ci-
tado pessoalmente, o juiz nomeou um defensor dativo e deu seguimento ao processo. Por fim,
Nero foi condenado, apesar de a defesa ter alegado nulidade da citação.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Na sentença condenatória de Nero, o juiz deve fixar valor mínimo para reparação dos danos,
considerando os prejuízos causados à vítima.

O item está certo, pois o art. 387, inciso IV, do CPP prevê exatamente a fixação de valor mínimo
para a indenização, no caso de sentença condenatória:

Art. 387, CPP. O juiz, ao proferir sentença condenatória:


(...)
IV – fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuí-
zos sofridos pelo ofendido.

002. (CESPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Os irmãos José e Luís foram denunciados


pela prática de contravenção penal de vias de fato, em situação de violência doméstica, com
pena de prisão simples de quinze dias a três meses ou multa, em concurso de agentes, por
terem puxado os cabelos da irmã Marieta. Após o recebimento da denúncia e várias tentativas,
sem sucesso, de citação pessoal dos réus, o juiz competente os citou por edital, seguindo, as-
sim, as regras do Código de Processo Penal.
Diante dessa situação hipotética, julgue o item que se segue.
Caso Luís tenha comparecido pessoalmente, ainda que o órgão acusador tenha pleiteado a
sua absolvição, segundo disposição legal, o juiz poderá condená-lo e reconhecer a existência
de circunstância agravante pelo fato de a vítima ser sua irmã.

O item está certo. A própria banca examinadora se encarregou de justificar o acerto do item
nos seguintes termos:

Segundo art. 385 do CPP, ‘Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória,
ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes,
embora nenhuma tenha sido alegada.
Com efeito, o juiz não fica adstrito ao pedido do MP formulado por ocasião das alegações fi-
nais, ainda que esse pedido de absolvição.

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003. (CESPE/2019/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) O Estado exerce sua pretensão punitiva


a partir do ingresso da ação penal, garantindo-se ao acusado o devido e justo processo legal.
Acerca do processo penal, julgue o item a seguir.
Sentença penal concessiva de perdão judicial é classificada como suicida, em razão dos seus
efeitos autofágicos.

O item está errado, pois a sentença suicida é aquela cuja fundamentação está em discordância
com o dispositivo ou conclusão, não se confundindo com a sentença de perdão judicial.

004. (CESPE/2017/TRF-1ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO) Com relação a nulidades no


processo penal, a recursos em geral e a execução penal, julgue o item a seguir.

Em nome do princípio da congruência, é possível atribuir-se, mesmo em grau recursal, defi-


nição jurídica diversa da descrição do fato contida na denúncia ou na queixa, não podendo,
porém, ser agravada a pena quando somente o réu tiver apelado da sentença.

O item está certo, pois a emendatio libelli pode ser efetivada mesmo em grau recursal e é ela
que efetiva a correção da definição jurídica dos fatos. Com relação à segunda parte do item,
também correta, encontra previsão no art. 617 do CPP:

O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no
que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado
da sentença.

005. (CESPE/2017/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) A respeito de coisa julgada e in-


quérito policial, julgue o item a seguir.
A homologação, pelo juízo criminal competente, do arquivamento de inquérito forma coisa
julgada endoprocessual.

O item está correto, pois coisa julgada endoprocessual é a característica de tornar a decisão
imutável, dentro do mesmo processo, o que acontece com o arquivamento do inquérito.
Chamo a atenção do aluno (a), todavia, para a nova redação do art. 28 do CPP, ainda suspenso
pela decisão do STF. Na previsão da nova redação, o arquivamento do inquérito será determi-
nado por ato do Ministério Público, de forma que não mais se poderá, a nosso ver, falar-se em
coisa julgada (no máximo, pode-se discutir a existência de coisa julgada administrativa).

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006. (FCC/2020/TJ-MS/JUIZ SUBSTITUTO) Quanto à sentença, correto afirmar que o juiz


a) poderá declarar a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição
ou omissão, se qualquer das partes o requerer no prazo de 5 (cinco) dias.
b) poderá, sem modificar a descrição contida na denúncia ou queixa, atribuir ao fato definição
jurídica diversa e, havendo possibilidade de proposta de suspensão condicional do proces-
so, procederá de acordo com o disposto na lei, ainda que, por força do crime continuado, a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for supe-
rior a um ano.
c) poderá proferir sentença condenatória, ainda que requerida a absolvição pela acusação,
independentemente da natureza da ação.
d) não fica adstrito aos termos do aditamento, se procedido após encerrada a instrução proba-
tória em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração
penal não contida na acusação.
e) poderá reconhecer circunstância agravante não alegada pela acusação, segundo previsto na
legislação processual penal.

A alternativa A está errada, pois o prazo previsto, no art. 382 do CPP, para a interposição de
embargos de declaração, é de dois dias.
A alternativa B está errada. Embora a parte inicial esteja certa, de acordo com o art. 383 do
CPP, a parte final está incorreta, porque em caso de continuidade delitiva não se aplica a sus-
pensão condicional do processo, como previsto na súmula 723 do STF:

Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da


pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a
um ano.

A alternativa C está errada, pois embora o juiz possa proferir sentença condenatória em caso
de pedido de absolvição, isso ocorre apenas nos crimes de ação pública, como previsto no art.
385 do CPP. Nos casos de ação penal privada, não se aplica o dispositivo.
A alternativa D está errada, pois o juiz fica adstrito aos termos do aditamento, conforme ex-
pressa previsão do art. 384, § 4º do CPP: “havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3
(três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos
do aditamento.”
A alternativa E está correta, conforme parte final do art. 385 do CPP, que menciona que o juiz po-
derá, nos crimes de ação pública, reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

007. (CESPE/2020/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL) Na hipóte-


se de haver duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer o processo em que
a) a sentença transitar em julgado primeiro.

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b) a sentença for prolatada primeiro.


c) o inquérito tiver sido instaurado primeiro.
d) a denúncia tiver sido ofertada primeiro.
e) a sentença for mais favorável ao acusado.

A alternativa correta é a letra A, conforme noticiado no informativo 642 do STJ:

Diante do duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer a sentença que transitou em julgado
em primeiro lugar.
Na mencionada decisão, foi ainda destacado que:

Ademais, sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal entende que “demonstrado o ‘bis in
idem’, e assim a litispendência, prevalece a condenação imposta na primeira ação” (HC n.
69.615/SP, Rel. Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 19/2/1993) e que “os institutos da
litispendência e da coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da
segunda sentença proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao
acusado” (HC n. 101.131/DF, Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. p/ acórdão Ministro Marco Auré-
lio, 1ª Turma, DJe 10/2/2012). Com base nessas premissas, reconhece-se a prevalência
da primeira sentença transitada em julgado.

008. (MPE-SP/2019/MPE-SP/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Sobre a correlação


entre acusação e sentença, é correto afirmar que
a) não se aplica a regra da emendatio libelli em grau de recurso, sob pena de supressão de um
grau de jurisdição e surpresa para a defesa.
b) ao aplicar a regra da emendatio libelli, o juiz poderá condenar o acusado, sem manifestação
das partes, aplicando-lhe, se for o caso, pena mais grave.
c) ao aplicar a regra da mutatio libelli, o juiz deve apenas colher a manifestação das partes,
ouvir eventuais testemunhas indicadas e sentenciar.
d) ao aplicar a regra da mutatio libelli, o juiz deve provocar o aditamento da denúncia, colher a
manifestação das partes, ouvir eventuais testemunhas indicadas e, após debates, sentenciar.
e) ao aplicar a regra da emendatio libelli, o juiz deve colher a manifestação das partes antes de
sentenciar, podendo, se for o caso, aplicar pena mais grave.

A alternativa A está errada, pois a emendatio libelli pode ser aplicada em grau de recurso, desde
que não ocorra reformatio in pejus.

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A alternativa B está correta, nos termos do artigo 383 do CPP, pois o juiz, sem modificar a
descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa,
ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
A alternativa C está errada, pois o procedimento completo da mutatio libelli está no art. 384 do
CPP, que exige, dentre outros, o aditamento da denúncia ou queixa.
A alternativa D está errada, pois também é necessário interrogar o acusado, o que não foi men-
cionado na alternativa.
A alternativa E está errada, porque na emendatio libelli não é necessário colher manifestação
das partes.

009. (MPE-PR/2019/MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO) Sobre “emendatio libelli”, “mutatio


libelli” e nulidades processuais, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa incorreta:
a) Não há correlação entre o instituto da “emendatio libelli” e o princípio da complementariedade.
b) Não é aplicável a “mutatio libelli” em segundo grau de jurisdição.
c) Para decretação de nulidade, seja absoluta ou relativa, há necessidade de ter ocorrido preju-
ízo para a acusação ou para a defesa.
d) A preclusão temporal é uma das formas de convalidação da nulidade relativa, ao lado de
outras formas de preclusão.
e) A ausência de citação não pode ser sanada, em nenhuma hipótese, por tratar-se de nulida-
de absoluta.

A alternativa A está correta, de fato não há relação, pois o princípio da complementariedade


significa que a parte pode complementar as razões de recurso já interposto.
A alternativa B está correta, a mutatio libelli não pode ser aplicada em segundo grau de
jurisdição.
A alternativa C está correta, pois o princípio do prejuízo se aplica a qualquer espécie de nulidade.
A alternativa D está correta, pois se a nulidade não for arguida no momento oportuno, sendo
ela relativa, ocorrerá a preclusão e convalidação dessa nulidade.
A alternativa E está errada, porque a ausência de citação pode ser sanada, nos termos do art.
570 do CPP.

010. (VUNESP/2018/TJ-SP/JUIZ SUBSTITUTO) Quanto à sentença penal, é correto


afirmar que
a) havendo fundada dúvida sobre a existência de circunstâncias que excluam o crime ou isen-
tem o réu de pena, o fundamento legal para a absolvição será o da inexistência de prova sufi-
ciente para a condenação.

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b) encerrada a instrução probatória, se o juiz entender cabível nova definição jurídica do fato,
em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal
não contida na acusação, prescindirá de abertura de vista ao Ministério Público para eventual
aditamento da denúncia, se não resultar em aplicação de pena mais grave.
c) preservada sua competência e sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou
queixa, poderá o juiz atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha
de aplicar pena mais grave.
d) o amplo efeito devolutivo dos recursos possibilita à segunda instância dar nova definição
jurídica ao fato delituoso em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou impli-
citamente, na denúncia ou queixa.

A alternativa A está errada, havendo fundada dúvida sobre a existência de circunstâncias que
excluam o crime ou isentem o réu de pena, a absolvição será lastreada no art. 386, VI, do CPP.
A alternativa B está errada, pois trata da mutatio libelli, na qual é necessário que se abra vista
ao MP para aditamento da denúncia e demais providencias do art. 384 do CPC.
A alternativa C está correta. Trata-se da emendatio libelli e a alternativa diz respeito ao proce-
dimento do art. 383 do CPP.
A alternativa D está errada, pois não se aplica a mutatio libelli na segunda instância.

011. (TRF-2ª REGIÃO/2018/TRF-2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Assinale a asser-


tiva correta a respeito da sentença penal:
a) A fundamentação da sentença penal tem por fim permitir o exame lógico da decisão, tanto
pelos sujeitos do processo, como pelos tribunais e a própria sociedade.
b) A motivação do juiz constante da fundamentação da sentença, tanto pode ser explícita
quanto implícita, haja vista que o que transita em julgado é apenas o dispositivo.
c) É válida a fundamentação da sentença penal que se limita a exarar: “está provado nos autos
que a imputação ministerial é verdadeira”, haja vista a força da máxima jura novilt curia para
mostrar a convicção do juiz.
d) É válida a fundamentação da sentença penal que se limita a consubstanciar reportes de
ementas diversas de jurisprudência dos tribunais nacionais, que nela são mencionadas como
amparo ao dispositivo da decisão.
e) Não viola o princípio da motivação das decisões judiciais, o recebimento puro e simples da
denúncia, haja vista que maiores considerações sobre os pressupostos processuais, a inépcia
ou a justa causa, só são exigidos quando da decisão sobre a resposta preliminar.

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A alternativa A está correta, tratando dos principais motivos que levam à necessidade de fun-
damentação da sentença.
A alternativa B está errada, pois a motivação não pode ser implícita.
A alternativa C está errada, porque é necessária a fundamentação a respeito de todas as teses,
tanto da acusação como da defesa.
A alternativa D está errada, devendo-se relacionar com a previsão do art. 315, § 2º, V, do CPP.
A alternativa E está errada, pois não é necessária fundamentação complexa quando do rece-
bimento da denúncia, mas isso não dispensa a necessidade de uma fundamentação, o que é
exigido pelo art. 93, IX, da CF, em relação a todos os atos judiciais.

012. (CONSULPLAN/2018/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Analise as afirmati-


vas a seguir.
I – Segundo o Código de Processo Penal, a “emendatio libelli” exige que seja assegurada ao
acusado vista sobre a possível modificação da classificação jurídica do fato, para incidência
de crime mais gravemente apenado.
II – “Y” foi denunciado por tentativa de furto simples. Encerrada a instrução, a prova coligida
aponta para a prática de furto qualificado consumado, a exigir a providência do art. 384 do CPP
(“mutatio libelli”). O Promotor de Justiça oficiante recusou-se a aditar a denúncia e, remetidos
os autos ao Procurador Geral de Justiça, este avalizou a recusa. Neste caso, nada restará ao
magistrado fazer, a não ser proferir sentença pelo crime constante da inicial.
III – No caso de “mutatio libelli”, não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento,
o assistente de acusação poderá fazê-lo, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o Juiz, na senten-
ça, adstrito aos termos do aditamento. IV. É admissível a “mutatio libelli” em segundo grau de
jurisdição.
Assinale a alternativa correta.
a) Todas as afirmativas estão incorretas.
b) A afirmativa II está integralmente correta e as afirmativas I, III e IV estão incorretas.
c) As afirmativas I, II e III estão integralmente corretas, mas a afirmativa IV está incorreta.
d) As afirmativas I e II estão integralmente corretas e as afirmativas III e IV estão incorretas.

O item I está errado, pois de acordo com o art. 383 do CPP, não é necessário que seja asse-
gurado vista ao acusado no caso de emendatio libelli, ainda que importe em pena mais grave.
O item II está correto, é o que decorre do art. 384, § 1º do CPP.
O item III está errado, pois se o membro do MP não promover o aditamento, o juiz deverá en-
caminhar os autos ao Procurador Geral de Justiça, em aplicação analógica ao art. 28 do CPP.

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O item IV está errado, pois não se admite a mutatio libelli no segundo grau de jurisdição.
Assim, o gabarito é letra B.

013. (FCC/2018/DPE-RS/DEFENSOR PÚBLICO) Sobre o princípio da correlação ou congruên-


cia entre imputação e julgamento, considere:
I – Pode o juiz dar nova definição jurídica ao fato denunciado, levando em consideração ele-
mentos ou circunstâncias do crime não constantes da denúncia, mas demonstrados em ins-
trução probatória, desde que a pena imposta ao novo delito seja inferior àquela cominada à
infração penal originariamente imputada.
II – É possível a desclassificação da imputação de furto mediante fraude (CP, art. 155, § 4º, II)
para estelionato (CP, art. 171, caput), independentemente de aditamento à denúncia, pois am-
bos são classificados como crimes patrimoniais e possuem semelhantes elementares típicas.
III – Pode o juiz dar nova definição jurídica ao fato denunciado, sem modificar a descrição do
fato contida na denúncia ou queixa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar ao réu pena
mais severa.
IV – Desde que não altere a classificação do delito imputado ao réu, pode o juiz considerar ele-
mentos ou circunstâncias do crime não contidos explicitamente na denúncia ou queixa, pois
ao réu é possível defender-se das elementares do crime previstas em lei.
Está correto o que consta APENAS de:
a) I e III.
b) III e IV.
c) I.
d) II, III e IV.
e) III.

O item I está errado, pois de acordo com o art. 383 do CPP, o juiz poderá dar nova definição
jurídica ao fato, ainda que em consequência tenha que aplicar pena mais grave.
O item II está errado, já que o furto qualificado pela fraude diferencia-se do estelionato. No pri-
meiro, a fraude possibilita a subtração do bem pelo agente sem a anuência da vítima, enquanto
que, no segundo, a fraude faz com que a própria vítima lhe entregue espontaneamente a coisa
ou a vantagem ilícita. Dessa forma, não basta a desclassificação, como reiteradamente deci-
dido pelos tribunais (cf. STF - ARE: 1225382 MG - MINAS GERAIS 0211503-80.2005.8.13.0629,
Relator: Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 27/04/2020, Data de Publicação: DJe-104
29/04/2020).
O item III está correto, nos termos do art. 383 do CPP.

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O item IV está errado, porque no caso seria necessário seguir o procedimento da mutatio libelli,
do art. 384 do CPP.
Assim, o gabarito é a letra E.

014. (VUNESP/2018/TJ-RS/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) O juiz, ao proferir sentença


condenatória,
a) poderá deixar de indicar os motivos de fato e de direito em que se funda a decisão, caso não
haja divergência entre as partes.
b) se aditada a denúncia e, em sendo recebido referido aditamento, está adstrito na sua sen-
tença aos termos do aditamento, não podendo considerar a definição jurídica anterior contida
na denúncia.
c) estabelecerá valor máximo para reparação dos danos causados pela infração, considerando
os prejuízos sofridos pelo ofendido.
d) mencionará as circunstâncias agravantes, desde que tenham sido estas requeridas na de-
núncia ou mesmo em alegações finais.
e) decidirá de forma resumida sobre a manutenção da prisão preventiva.

A alternativa A está errada, pois o juiz deve indicar os motivos de fato e de direito em que se
funda a decisão, como expressamente previsto no art. 381, III, do CPP.
A alternativa B está correta, nos termos do art. 384, § 4º do CPP.
A alternativa C está errada, pois o juiz deverá estabelecer valor mínimo e não máximo para a
reparação dos danos causados pela infração, nos termos do art. 387, IV, do CPP.
A alternativa D está errada, pois o juiz mencionará as agravantes independente de pedido das
partes, conforme descrito no art. 385 do CPP.
A alternativa E está errada, pois o juiz deve decidir fundamentadamente sobre a manutenção
ou não da prisão preventiva, conforme art. 387, § 1º do CPP.

015. (MPE-MS/2018/MPE-MS/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Leia os enuncia-


dos a seguir.
I – A condenação criminal transitada em julgado, enquanto perdurarem seus efeitos, indepen-
dente de fundamentação na sentença a respeito, acarreta a suspensão dos direitos políticos
do condenado, ainda que se trate de contravenção penal.
II – A condenação criminal transitada em julgado, por crime culposo, obsta o processo de na-
turalização do estrangeiro.
III – Na hipótese de emendatio libelli por interpretação diferente, ocorrendo modificação
de competência do juízo, este não poderá proceder ao juízo de condenação ou de absolvição,

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devendo ter sua fundamentação restrita à tipificação do crime, podendo haver impugnação por
meio de apelação.
IV – A decisão do juiz em dar vista ao Ministério Público para fins de aditamento quando cons-
tatar a possibilidade de nova definição jurídica do fato desafia recurso em sentido estrito.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente os itens I e III estão corretos.
b) Somente os itens II e IV estão corretos.
c) Somente os itens III e IV estão corretos.
d) Somente os itens I e II estão corretos.
e) Nenhum item está correto.

O item I está correto. A Constituição, no art. 15, III, estabelece que é vedada a cassação de
direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de condenação criminal tran-
sitada em julgado, enquanto jurarem os seus efeitos.
O item II está correto, pois a lei 13445 estipula em seu art. 65 que será concedida a naturaliza-
ção ordinária àquele que preencher determinadas condições, dentre elas não possuir conde-
nação penal (inciso IV).
O item III está errado, pois nesse caso o recurso cabível é o recurso em sentido estrito, nos
termos do art. 581, II, do CPP.
O item IV está errado, pois o recurso cabível é a apelação, já que não se encontra a situação no
rol taxativo do art. 581 do CPP.
Assim, o gabarito é a letra D.

016. (MPE-PR/2016/MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO) Ao pronunciar o réu denunciado


pela prática do crime de homicídio qualificado por meio cruel, o magistrado, com esteio na
mesma situação fática descrita na denúncia, confere nova capitulação ao fato, reconhecendo
a qualificadora de recurso que impossibilitou a defesa do ofendido. A providência adotada pelo
magistrado corresponde a:
a) Hipótese de violação do princípio da congruência;
b) Hipótese de emendatio libelli por defeito de capitulação;
c) Hipótese de emendatio libelli por interpretação diferente;
d) Hipótese de emendatio libelli por supressão de circunstância;
e) Hipótese de mutatio libelli.

A alternativa correta é a letra C, porque no caso o juiz faz uma interpretação diferente daquela
feita pelo MP por ocasião do oferecimento da denúncia5.
5
Sobre o tema das modalidades de emendatio libelli, Renato Brasileiro assim explica:
“Emendatio libelli por defeito de capitulação - situação na qual o juiz profere sentença condenatória ou decisão de pronún-
cia em conformidade exata com o dato descrito na peça acusatória, porém reconhecendo a subsunção do fato delituoso

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017. (FCC/2016/DPE-BA/DEFENSOR PÚBLICO) Sobre os institutos jurídicos da mutatio li-


belli e emendatio libelli, é correto afirmar:
a) Havendo o aditamento da denúncia depois de admitida a emendatio libelli, cada parte pode-
rá arrolar até cinco testemunhas para serem ouvidas.
b) O princípio da congruência não permite que o juiz atribua definição jurídica distinta daquela
descrita na denúncia quando a nova tipificação prever pena mais severa.
c) Na hipótese do juiz reconhecer a emendatio libelli, poderá, caso a nova figura típica reflita
hipótese de furto qualificado tentado, oferecer a suspensão condicional do processo, mesmo
que já encerrada a instrução processual, caso o acusado preencha os requisitos previstos na
Lei n. 9.099/95.
d) O reconhecimento da emendatio libelli perpetua a competência do prolator da decisão para
a análise da nova figura típica, independentemente da nova tipificação.
e) No caso do Ministério Público não aditar a denúncia após ser reconhecida nova definição
jurídica do fato em vista de provas existentes nos autos de elementos não contidos na denún-
cia, deverá o Magistrado, de pronto, julgar improcedente a denúncia originalmente proposta.

A alternativa A está errada, porque o instituto mencionado é da mutatio libelli. Além disso, cada
parte pode arrolar até três testemunhas, nos termos do art. 384, § 4º, do CPP.
A alternativa B está errada, pois o art. 383 do CPP admite o procedimento ainda que o juiz te-
nha de aplicar pena mais grave.
A alternativa C foi considerada como correta, embora quem ofereça a proposta de suspensão
condicional do processo seja o MP e não o juiz.
A alternativa D está errada, pois não haverá perpetuação da jurisdição, como previsto no art.
383, § 2º, do CPP.
A alternativa E está errada, pois nesse caso o juiz deve aplicar, analogicamente, o disposto no
art. 384, § 1º, do CPP.

à classificação distinta daquela que constou da inicial. Possamos supor que, por evidente equívoco na redação da peça
acusatória, o Promotor de Justiça classifique uma conduta delituosa de furto do art. 312 do Código Penal, que versa sobre
o delito de peculato;
Emendatio libelli por interpretação diferente - mais uma vez, a imputação fática constante da peça acusatória não é alterada
por ocasião da sentença ou da pronúncia, porém o juiz faz interpretação diversa daquela feita pelo Ministério Público ou
pelo querelante quanto à tipificação do fato delituoso. Por exemplo, em caso concreto envolvendo a subtração de valores
por meio de fraude eletrônica na internet, apesar de a denúncia tipificar a conduta como estelionato, o juiz conclui que se
trata de furto qualificado pela fraude.
Emendatio libelli por supressão de elementar e/ou circunstância - nessa hipótese, o magistrado atribui nova capitulação ao
fato imputado em razão de a instrução probatória revelar a ausência de elementa ou circunstância descrita na peça acu-
satória. (...) Haverá certa alteração fática, mas não para acrescentar, como ocorre nas hipóteses de mutatio libelli, mas sim
para subtrair elementare e/ou circunstâncias de fato descrito, supressão esta que acaba por provocar uma mudança de
capituação do fato delituoso.”
(LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de processo penal. Niterói/RJ: Impetus, 2013, pp. 1549-1550)

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018. (MPE-GO/2016/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) A sentença autofági-


ca ou de efeito autofágico, como podemos observar em uma das Súmulas do STJ é:
a) Aquela em que o juiz reconhece que o fato é típico e antijurídico, porém não culpável, ou seja,
o crime existe, mas não pode ser reprovado, não se aplicando pena ao réu.
b) Aquela em que o juiz reconhece a tipicidade formal do delito, mas observa a existência de
excludente(s) de antijuridicidade, absolvendo o réu, não existindo o crime.
c) Aquela em que o juiz reconhece o crime e a culpabilidade do réu, mas julga extinta a punibi-
lidade concreta.
d) Aquela em que o juiz reconhece a nulidade do processo sem julgamento do mérito, anulan-
do os atos processuais, determinando que se reinicie a instrução processual.

A alternativa correta é a letra C e a Súmula Mencionada é a n. 18, do STJ, que prescreve que “a
sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsis-
tindo qualquer efeito condenatório”.
A doutrina indica que essa sentença que concede o perdão judicial é autofágica, porque admite
ter havido um crime, ao mesmo tempo que extingue a punibilidade.

019. (FAURGS/2016/TJ-RS/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Sobre a sentença em matéria


criminal, considere as afirmações abaixo.
I – A sentença penal absolutória implica, obrigatoriamente, a concessão da liberdade do réu
que tenha respondido ao processo enquanto se encontrava preso preventivamente, bem como
na cessação das medidas cautelares diversas eventualmente aplicadas.
II – Ainda que tenham sido identificados no curso do processo os prejuízos sofridos pela víti-
ma da infração penal, a sentença condenatória não poderá fixar valores a título de reparação
do dano, pois essa atribuição é de competência exclusiva da jurisdição cível no âmbito da ação
ex delicto.
III – Em caso de sentença condenatória, o juiz poderá decidir sobre a imposição de prisão
preventiva ou medidas cautelares diversas ao réu que tenha respondido ao processo em li-
berdade, não sendo necessário, todavia, que apresente fundamentos para a manutenção das
medidas anteriormente decretadas.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

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O item I está correto, pois o art. 386, parágrafo único, do CPP, determina que na sentença
absolutória o juiz deverá mandar por o réu em liberdade e ordenará a cessação das medidas
cautelares provisoriamente aplicadas.
O item II está errado, pois o art. 387, IV, do CPP, estipula que o juiz poderá fixar o valor mínimo
para a reparação dos danos causados pela infração.
O item III está errado, já que o art. 387, § 1º, do CPP determina que o juiz deve decidir funda-
mentadamente sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou
outra medida cautelar ao réu.
Assim, o gabarito é a letra A.

020. (FUNIVERSA/2015/PC-DF/DELEGADO DE POLÍCIA) Com relação à sentença no pro-


cesso penal, é correto afirmar que
a) o réu não poderá apelar sem que tenha sido recolhido à prisão em caso de sentença penal
condenatória em que tenha sido decretada sua prisão preventiva, sob pena de deserção.
b) o juiz, ao prolatar sentença penal condenatória, poderá, segundo entendimento do STJ, fixar
valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido, desde que haja pedido expresso e formal nesse sentido.
c) ocorre a mutatio libelli quando o juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia
ou na queixa, atribuir-lhe definição jurídica diversa.
d) é vedado ao juiz, em caso de ação penal pública, proferir sentença penal condenatória, caso
o Ministério Público tenha requerido a absolvição do réu em face do princípio da correlação ou
congruência.
e) o juiz que entender, por ocasião da prolação da sentença, que não há prova suficiente para a
condenação, deverá converter o feito em diligência para que o inquérito policial seja retomado.

A alternativa A está errada, pois o art. 594 do CPP, que continha tal redação, foi revogado.
Assim, não é necessário o recolhimento à prisão para que o réu possa apelar da sentença
condenatória.
A alternativa B está correta, sendo de se destacar o entendimento do STJ nesse sentido, no
recurso repetitivo a partir do REsp 1675874/MS6.
6
RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART.
1.036 DO CPC, C/C O ART. 256, I, DO RISTJ). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. DANOS MORAIS.
INDENIZAÇÃO MÍNIMA. ART.
397, IV, DO CPP. PEDIDO NECESSÁRIO. PRODUÇÃO DE PROVA ESPECÍFICA DISPENSÁVEL. DANO IN RE IPSA. FIXAÇÃO
CONSOANTE PRUDENTE ARBÍTRIO DO JUÍZO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça - sob a influência dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), da igual-
dade (CF, art. 5º, I) e da vedação a qualquer discriminação atentatória dos direitos e das liberdades fundamentais (CF, art.

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A alternativa C está errada, pois esse instituto mencionado é o da emendatio libelli, art.
383 do CPP.
A alternativa D está errada, pois o art. 385 dispõe em sentido diverso.

5º, XLI), e em razão da determinação de que “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que
a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações” (art. 226, § 8º) - tem avançado na
maximização dos princípios e das regras do novo subsistema jurídico introduzido em nosso ordenamento com a Lei n.
11.340/2006, vencendo a timidez hermenêutica no reproche à violência doméstica e familiar contra a mulher, como deixam
claro os verbetes sumulares n. 542, 588, 589 e 600. 2. Refutar, com veemência, a violência contra as mulheres implica
defender sua liberdade (para amar, pensar, trabalhar, se expressar), criar mecanismos para seu fortalecimento, ampliar o
raio de sua proteção jurídica e otimizar todos os instrumentos normativos que de algum modo compensem ou atenuem o
sofrimento e os malefícios causados pela violência sofrida na condição de mulher.
3. A evolução legislativa ocorrida na última década em nosso sistema jurídico evidencia uma tendência, também verificada
em âmbito internacional, a uma maior valorização e legitimação da vítima, particularmente a mulher, no processo penal. 4.
Entre diversas outras inovações introduzidas no Código de Processo Penal com a reforma de 2008, nomeadamente com a
Lei n. 11.719/2008, destaca-se a inclusão do inciso IV ao art. 387, que, consoante pacífica jurisprudência desta Corte Supe-
rior, contempla a viabilidade de indenização para as duas espécies de dano - o material e o moral -, desde que tenha havido
a dedução de seu pedido na denúncia ou na queixa.
5. Mais robusta ainda há de ser tal compreensão quando se cuida de danos morais experimentados pela mulher vítima de
violência doméstica. Em tal situação, emerge a inarredável compreensão de que a fixação, na sentença condenatória, de
indenização, a título de danos morais, para a vítima de violência doméstica, independe de indicação de um valor líquido
e certo pelo postulante da reparação de danos, podendo o quantum ser fixado minimamente pelo Juiz sentenciante, de
acordo com seu prudente arbítrio.
6. No âmbito da reparação dos danos morais - visto que, por óbvio, os danos materiais dependem de comprovação do pre-
juízo, como sói ocorrer em ações de similar natureza -, a Lei Maria da Penha, complementada pela reforma do Código de
Processo Penal já mencionada, passou a permitir que o juízo único - o criminal - possa decidir sobre um montante que,
relacionado à dor, ao sofrimento, à humilhação da vítima, de difícil mensuração, deriva da própria prática criminosa expe-
rimentada.
7. Não se mostra razoável, a esse fim, a exigência de instrução probatória acerca do dano psíquico, do grau de humilhação,
da diminuição da autoestima etc., se a própria conduta criminosa empregada pelo agressor já está imbuída de desonra,
descrédito e menosprezo à dignidade e ao valor da mulher como pessoa.
8. Também justifica a não exigência de produção de prova dos danos morais sofridos com a violência doméstica a necessi-
dade de melhor concretizar, com o suporte processual já existente, o atendimento integral à mulher em situação de vio-
lência doméstica, de sorte a reduzir sua revitimização e as possibilidades de violência institucional, consubstanciadas em
sucessivas oitivas e pleitos perante juízos diversos.
9. O que se há de exigir como prova, mediante o respeito ao devido processo penal, de que são expressão o contraditório e a
ampla defesa, é a própria imputação criminosa - sob a regra, derivada da presunção de inocência, de que o onus probandi
é integralmente do órgão de acusação -, porque, uma vez demonstrada a agressão à mulher, os danos psíquicos dela deri-
vados são evidentes e nem têm mesmo como ser demonstrados.
10. Recurso especial provido para restabelecer a indenização mínima fixada em favor pelo Juízo de primeiro grau, a título de
danos morais à vítima da violência doméstica.
TESE: Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo
indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não
especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória.
(REsp 1675874/MS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
28/02/2018, DJe 08/03/2018)

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A alternativa E está errada, pois nesse caso o juiz deverá absolver o réu, nos termos do art.
386 do CPP.

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GABARITO
1. C
2. C
3. E
4. C
5. C
6. e
7. a
8. b
9. e
10. c
11. a
12. b
13. e
14. b
15. d
16. c
17. c
18. c
19. a
20. b

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal – Volume único. Rio de Janeiro: Jus
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Atlas, 2018.

RANGEL, Paulo. Direito processual penal. – 27. ed. – São Paulo: Atlas, 2019

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Geilza Diniz
Formada pela UFRR, mestra em Direito pela UFPE e doutora em Direito pelo UniCeub. É juíza do TJDFT
desde 2003, tendo sido aprovada em 1º lugar, com a maior nota final no concurso, em toda a história
do Tribunal. Foi juíza do TJRR e foi ainda aprovada nos concursos para Consultor Legislativo do Senado,
Procurador do Banco Central, Advogado da União, dentre outros.

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