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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOUTOR DELEGADO DE POLÍCIA DO 00º

DISTRITO POLICIAL DE BELO HORIZONTE (MG)

MARIA DAS QUANTAS, brasileira, casada, maior, comerciária, residente e


domiciliada na Rua Xista, nº. 000, Centro, Belo Horizonte (MG) inscrita no CPF
(MF) sob o nº. 222.333.444-55, possuidora do RG nº. 778899 – SSP/MG, vem,
na qualidade de representante, no presente exordial intermediado por seu
procurador, oferecer com fundamento legal no art. 5º, inc. II, do Código Penal,
e art. 147, parágrafo único, do Estatuto Repressivo c/c art. 13, da Lei nº.
11.340/06, a presente

REPRESENTAÇÃO CRMINAL

em face de ato delituoso, praticado por FRANCISCO DAS QUANTAS,


brasileiro, maior, casado, corretor de imóveis, residente e domiciliado Rua
Xista, nº. 000, Centro, Belo Horizonte (MG), detentor do RG nº. 446677 –
SSP/MG, inscrito no CPF (MF) sob o nº. 999.555.888-33 pelos fundamentos de
fato e direito a seguir expostos
1 - DOS FATOS

Acontece que a representante, Maria das Quantas, é casada com o


representado, Francisco das Quantas, desde o dia 22/33/4444, detendo
inclusive uma filha, menor de idade de nome Bárbara, e compartilhando a
mesma residência.

O Sr. Francisco das Quantas era conhecido como uma boa pessoa,
tranquila, compreensiva, e um bom pai, no entanto tudo mudou após este ser
demitido e, em função disto, ter se afundado no alcoolismo. Outrossim, aquele
que era considerado por muitos uma pessoa calma e compreensiva, agora se
tornara um homem violento, em especial quando estava sob os efeitos do
alcoolismo.

Neste sentido, a vítima se viu obrigada a suportar agressões


cotidianamente, que tiveram como ápice o dia 22/55/6666, em que Francisco
das Quantas chegou em casa em um estado tal de embriaguez que começou a
ameaçar a representante de morte por facadas. Não obstante, o representado,
segundo a mãe da vítima, bem como o vizinho desta, que testemunharam todo
o ocorrido, ainda segurou a vítima contra a parede e ameaçou desferir socos
contra ela.

Assim, não restam dúvidas sobre a necessidade de se tomarem


medidas protetivas de urgências para assegurar a integridade da
representante, bem como a abertura de um procedimento investigatório para
apurar as condutas do Sr. Francisco das Quantas.

2 – DO DIREITO

Primeiramente é essencial destacar o enquadramento típico da conduta


do representado no rol de violência doméstica e familiar contra a mulher, ao
qual para tanto passa-se a se fazer valer do que determina o art. 5°, I, da Lei
Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006):
Art. 5º - Para efeitos desta Lei, configura violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada
no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o


espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem
vínculo familiar, inclusive esporadicamente agregadas;

Assim, do referido dispositivo normativo retira-se a percepção que para


se enquadrar uma conduta como violência doméstica e familiar contra a mulher
se faz necessário tanto uma ação baseada no gênero, como um dano gerado
por meio dessa ação, importando inclusive que tal situação ocorra dentro do
âmbito da unidade doméstica.

Ora, acontece que da análise da situação se pode afirmar que o Sr.


Francisco das Quantas considerava Maria das Quantas como um individuo
submisso a este, de modo a dispor livremente sobre aquilo que ele considerava
um objeto ou uma posse sua. Tal fato se comprova pelas agressões que eram
reiteradas, mostrando uma relação clara de dominação de um para com o
outro, portanto, pode-se concluir primeiramente que houve sim uma ação
baseada no gênero.

Quanto aos demais requisitos, estes são cristalinos na situação descrita,


visto que Maria das Quantas sofreu nítido dano psicológico e moral pelas
ações delituosas do representado, sendo tais condutas realizadas dentro da
residência de ambos, ou seja, dentro da unidade doméstica. Ademais, o art. 7°,
I, da Lei n° 11.340/2006 vai estabelecer as formas de violências doméstica e
familiar contra a mulher:

Art. 7º - São forma de violência doméstica e familiar contra a


mulher, entre outras:

I – a violência psicológica, entendida como qualquer


conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da
autoestima ou lhe prejudique e pertube o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolagamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe causa prejuízo
à saúde psicológica e à autodeterminação;

Assim, pode-se afirmar, após todo o exposto, que a conduta do


representado se enquadra nos requisitos de nas formas trazidas pela Lei Maria
da Penha para a violência doméstica e familiar contra a mulher, tendo realizado
este tipo de violência por meio da ameaça.

Não obstante, o Código Penal vai dispor em seu art. 147 sobre o crime
de ameaça:

Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou


qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mau injusto e
grave:

Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa

Assim, retira-se do referido dispositivo que são requisitos irremediáveis


do crime de ameaça a conduta típica de ameaçar outrem de causar-lhe mau
injusto e grave. Ora, acontece que na situação descrita o Sr. Fernando das
Quantas ameaçou Maria das Quantas de morte, por facadas, e de agressão
física, por socos, demonstrando a intenção de lhe causar um mau injusto, visto
que não há justificativa em nosso ordenamento jurídico para tal ameaça, e
grave, pois afetam diretamente a vida e a integridade da vítima.

3 – DOS PEDIDOS

Diante os fatos supracitado, verifica-se o enquadramento típico no crime


de ameaça, tendo, assim, interesse a representante em representar contra o
agressor, requerendo que sejam tomadas as seguintes providências:

1) Determinar a abertura Inquérito Policial, a fim de averiguar a possível


existência do crime descrito, com fundamento no art. 5°, II, do Código
Penal, c/c arts. 12 e 13 da Lei Maria da Penha;
2) Requerer ao Juiz de plantão, em caráter de urgência, medidas
protetivas em face do representado, em especial que visem afastar o
agressor da residência, obrigar o agressor a não se aproximar em
uma distância mínima da vítima, dos familiares e das testemunhas
desta, bem como não manter qualquer contato com estas;
3) Requerer a oitiva das testemunhas arroladas a seguir:
1. Mãe da ofendida, brasileira, viúva, aposentada, residente e
domiciliada na Rua Xista, nº. 000 – Conjunto MG – Minas Gerais
(MG)
2. Vizinho da vítima, brasileiro, casado, comerciário, residente e
domiciliado na Rua Xista, nº. 000 – Conjunto MG – Minas Gerais
(MG)

Belo Horizonte (MG), data

Advogado

OAB (MG) XXXXX

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