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MARIA DA PENHA.

 Comando constitucional de coibir a violência no âmbito familiar,


previsto no art. 226, §8º, da Constituição Federal de 88.
O artigo 1º.
 Atender diversos Tratados Internacionais ratificados pelo Brasil.

 A Lei n° 11.340 é criada no ano de 2006 a fim de atender à


recomendação da OEA resultante da condenação imposta ao
Brasil no caso que ficou conhecido como "Maria da Penha3". Daí o
nome Lei Maria da Penha.

 Em 29 de maio de 1983, na cidade de Fortaleza, a farmacêutica


Maria da Penha, enquanto dormia, foi atingida por disparo de
espingarda desferido por seu próprio marido. Por força desse
Quem é Maria da
disparo, que atingiu a vítima em sua coluna, Maria da Penha ficou
Penha: paraplégica. Porém, as agressões não cessaram. Uma semana
depois, a vítima sofreu nova violência por parte de seu então
marido, tendo recebido uma descarga elétrica enquanto se
banhava. O agressor foi denunciado em 28 de setembro de 1984.
Devido a sucessivos recursos e apelos, sua prisão ocorreu somente
em setembro de 2002.

É uma lei de  De pronto, devo pontuar que essa lei não trata apenas de regras
penais, mas também de normas processuais penais (ex: art. 205),
caráter assim como de conteúdo de direito civil (ex: art. 256).
multidisciplinar.
 Mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher;
Deflui ainda do art. 1º Lei
11343/06 as 3 grandes
 A criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
finalidades desse diploma
Mulher;
legal:

 Medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de


violência doméstica e familiar.

 Informativo 654 do STF na Ação Declaratória de


Constitucionalidade de nº 19 ao se pronunciar sobre o tema.
Sobre a Vejamos:
constitucionalidade
 O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a conveniência de
da lei 11343/06. criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a
mulher, não implica usurpação da competência normativa dos
estados quanto à própria organização judiciária. VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº
9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a
afastar, nos crimes de violência doméstica contra a mulher, a Lei nº
9.099/95, mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do
artigo 226 da Carta da República, a prever a obrigatoriedade de o
Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no âmbito das
relações familiares. (ADC 19, Relator: Min. MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2012).

 Isonomia entre homem e mulher (art. 5º, I, da CF7) e igualdade


Tanto o artigo 2º e 3º entre homens e mulheres na sociedade conjugal (art. 226, §5º, da
da lei, decorrem de 3 CF8) e o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da
princípios constitucionais. CF9).

Como deve ser interpretada  Serão considerados os fins sociais a que ela se destina e,
a Lei Maria da Penha? especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação
de violência doméstica e familiar (art. 4º da Lei 11.340/06).
Estamos diante de uma interpretação teleológica.

Aplica do princípio da  Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos


insignificância ? crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no
âmbito das relações domésticas.

 MARI_ Devido à expressiva ofensividade, periculosidade social,


reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada,
perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao
direito penal (RHC 133043/MT, 2ª Turma do STF, Min. Rel. Cármen
Lúcia, j. 10/05/2016, j. 10/05/2016).

 1-) A vítima necessariamente deve ser mulher.


Estamos diante de uma violência de gênero. O agente aproveita
odoodoiiincidência da Lei
que a vítima encontra-se em situação de vulnerabilidade, quer seja
11.340/06 são necessários 3
física, quer seja econômica, para praticar violência doméstica e
requisitos cumulativos.
familiar.

2) A violência deve ser praticada em 1 dos contextos do art. 5º da


Lei 11.343/06. Em outras palavras, a violência deve ser cometida no
âmbito da unidade doméstica (art. 5º, I, da Lei 11340/06), na esfera
familiar (art. 5º, II, da Lei 11340/06) ou em qualquer relação íntima
de afeto (art. 5º, III, da Lei 11.340/06).

3) A Prática de uma das violências do art. 7º da Lei 11.340/06. Vale


dizer, basta a presença de uma das formas de violência (violência
física, violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial e
violência moral).

 A expressões
 âmbito Doméstico (cometida no âmbito do art. 5º, I. aqui nem é
violência
necessário ser parente.
doméstica e
familiar contra  familiar (praticada na esfera do art. 5º, II.
a mulher.
 ou em qualquer relação íntima de afeto art. 5º, III.

Sujeito passivo da  Exclusivamente mulher.

violência domestica.
 Homem não pode ser sujeito passivo de violência domestica, sob
pena de analogia em malam partem.

 Sogra, a nora, a mãe, avó, a namorada, a ex-namorada, a filha, a


companheira, a amante, a esposa, enfim, qualquer pessoa do sexo
feminino em que exista uma relação doméstica, familiar ou íntima
de afeto.

 É necessário que a ofendida esteja em uma situação de


hipossuficiência física ou econômica, ou seja, que a infração penal
tenha como motivo a opressão à mulher. Ausente a violência de
gênero, a Lei Maria da Penha não se aplica.

SUJEITO ATIVO DA 

VIOLÊNCIA  Pode ser tanto o homem como uma outra mulher ,


bastando que fique evidenciado o vínculo de relação doméstica,
DOMÉSTICA E
familiar ou de afetividade, com ou sem coabitação.
FAMILIAR CONTRA A
MULHER
 5º, parágrafo único, da Lei nº 11.340/06 preconiza que as relações
pessoais que geram a violência doméstica e familiar contra a
mulher independem de orientação sexual.
OBS 1_ Quando o homem for sujeito ativo existe uma presunção absoluta
de vulnerabilidade da mulher (vítima), isto é, não há necessidade de se
comprovar no caso concreto a vulnerabilidade (fragilidade) da mulher.

OBS 2_ Quando o sujeito ativo for a mulher estamos diante de uma


presunção relativa de vulnerabilidade da mulher, ou seja, deve ser
analisado no caso concreto a situação de vulnerabilidade da mulher.

OBS-3- Questão: Aplica-se a Lei Maria da Penha caso uma irmã (de 25 anos)
cause lesão corporal em sua irmã caçula (de 22 anos)?

 A resposta é negativa, pois não se vislumbra vulnerabilidade da


vítima no caso concreto, quer sob o aspecto econômico, que sob o
aspecto físico.

OBS 4_ Delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura hipótese de


incidência da Lei nº 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa
perspectiva de gênero e em condições de hipossuficiência ou inferioridade
física e econômica.

ELEMENTO  dolo.
 O agente de modo consciente e voluntário deve aproveitar-se da
SUBJETIVO
situação de vulnerabilidade da mulher para sujeitá-la a alguma
forma de violência descrita no art. 7º

ÂMBITO DA UNIDADE  A empregada doméstica pode ser vítima de violência doméstica e


familiar?
DOMÉSTICA
 Dependerá do caso concreto. A grande questão é saber se a
mulher (vítima) faz parte desse convívio permanente.

ÂMBITO FAMILIAR  STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no


artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a
coabitação entre autor e vítima.

 O conceito de família abrange o casamento, a união estável


(heterossexual ou homossexual) e a entidade familiar
monoparental.

 (HC 175.816/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA


TURMA, julgado em 20/06/2013, DJe 28/06/2013) sogra e nora por
entender que não estava presentes os requisitos cumulativos do
artigo 5º.
QUALQUER RELAÇÃO
 No qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
ÍNTIMA DE AFETO,
independentemente de coabitação.
INDEPENTEMENTE DE
 com caráter sexual ou amoroso. Exemplo: Namorada, Amante.
COABITAÇÃO.
Professor: Renato Brasileiro de Lima – mas Rogerio Sanches
defende que qualquer relacionamento abrca a maria da penha, ex
amizade.

 É possível aplicar a Lei Maria da Penha para ex-namorada?


 A resposta é positiva, pois a situação tem amparo no art. 5º.
ordem Denegada_ III, HC 182.411/RS, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA
MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ),

 QUINTA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 03/09/2012).

 a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a


Violência contra a Mulher abrange somente as relações familiares,
domésticas e interpessoais em que haja coabitação entre agressor
e vítima. note que a convenção não dispensou a coabitação para a
hipótese de qualquer relação íntima de afeto tal como fez a Lei nº
11.340/06. possível Em homenagem ao princípio pro homine,
sempre é possível criar leis ampliativas dos direitos humanos.

 Artigo 7º
 todos a titulo de dolo!

FORMAS DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR OBS: Tais modos de violência não necessariamente precisam
CONTRA A MULHER tipificar infração penal. Exemplo: A humilhação que é uma
forma de violência psicológica (art. 7º, II, da Lei 11340/06) não
é infração penal.

 Entendo que o rol do art. 7º da Lei Maria da Pena é um rol


exemplificativo, porquanto o legislador apesar de enumerado as
formas de violência, ele encerra o caput com a expressão “entre
outras”

É possível a aplicação das  2ª Corrente: As imunidades absoluta e relativa dos arts. 182 e 183
imunidades absoluta (art. do Código Penal têm incidência aos crimes cometidos no contexto
181 do CP13) e relativa (art. da violência doméstica e familiar contra a mulher. Afinal de contas,
182 do CP14) a Lei Maria da Penha não prevê qualquer dispositivo legal
expressamente proibindo tal aplicação. Quando a lei quer afastar a
incidência de tais imunidades, ela a fez de modo expresso,
conforme facilmente se observa no art. 183 do CP. O Estatuto do
Idoso (Lei 10.741/03), visando afastar a incidência de tais
imunidades contra o idoso, acrescentou o inciso III ao art. 183 do
CP. Ora, a Lei Maria da Penha deveria ter agido da mesma forma.
Se assim não procedeu, não é possível ao intérprete assim agir, sob
pena de restar caracterizada a indevida analogia in malam partem.
Posição: Renato Brasileiro de Lima. Recomendamos a adoção dessa
posição.

Quanto a violência  Não é demais lembrar que tais crimes não serão processados e

moral, calunia, injuria, porquanto o


julgados no âmbito do Juizado Especial Criminal,

difamação. art. 41 da Lei Maria da Pena expressamente veda a


aplicação da Lei nº 9099/95 aos crimes cometidos
com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independente da quantidade da sanção penal prevista.

Das medidas  Art. 8o da Lei 11340/06.


 Chamo atenção de vocês para destacar o art. 8º, IV, da Lei
integradas de
11340/06 que prevê a implementação de Delegacias especialmente
prevenção: capacitadas para melhor atender às mulheres vítimas de violência
doméstica e familiar. Caso na localidade não exista Delegacia
especializada no atendimento à mulher vítima de tal violência, a
ofendida deve ser direcionada à Delegacia comum.

DA ASSISTÊNCIA À  9.º.
 chama-se a atenção ao pragrafo segundo i e II.
MULHER EM
 e os parágrafos incluídos em 2019, especialmente o § 4º.
SITUAÇÃO DE  e § 5º.
VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E
FAMILIAR

DO ATENDIMENTO  artigo 10.

PELA AUTORIDADE
POLICIAL.

providencias:

 Providencias, artigo 11.

 OBS 1- Deve ser destacado que o rol de providências elencadas no


art. 11 da Lei nº 11.340/06 é exemplificativo, pois o legislador no
caput encerrou com a expressão “entre outras”.

 Art. 11 da Lei nº 11340/06: No atendimento à mulher em situação


de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
entre outras providências:....(...)

 VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de


arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa
informação, bem como notificar a ocorrência à instituição
responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte,
nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto
do Desarmamento); (Incluído pela Lei nº13.880, de 2019)

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