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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA

ESP. DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A


MULHER DA COMARCA DE BELO HORIZONTE - MINAS
GERAIS.

URGENTE

Júlia Arvoredo, brasileira, casada, manicure, inscrita no RG nº 31926390 e CPF nº 474.943.813-84,


residente e domiciliada na Rua Jornalista Mauro Almeida, Ipê, nº 1259, Belo Horizonte - Minas
Gerais, por sua procuradora que esta subscreve (apud instrumento de procuração anexo), com
endereço profissional indicado no rodapé desta, onde recebe intimações e notificações de estilo, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 19 da Lei N.º 11.340/2006,
requerer:

MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA

Em face de Jonatas Batalha, brasileiro, servente de pedreiro, inscrito no RG 293472456 , CPF:


639.264.770-83, podendo ser localizado na Rua Libânia Pena, Bairro São Bernardo, CEP 31750-080,
na cidade de Belo Horizonte - Minas Gerais, consubstanciando o pedido na causa de pedir próxima e
remota a seguir alinhavada.

DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Inicialmente, requer a Vossa Excelência o deferimento dos benefícios da assistência judiciária


gratuita, por ser a ofendida hipossuficiente, nos termos da lei 1060/50, não tendo atualmente
condições de arcar com as custas e demais despesas processuais sem o prejuízo do próprio sustento
e de sua família, conforme se aduz da declaração acostada junto aos autos (Anexo 03).

Maria Vitória Tavares, OAB 18.298


(31) 5682-2228
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Rua das Missões, Bairro da Penha, 1145, Belo Horizonte - MG
I. Dos Fatos

A requerente e o requerido estabeleceram uma união estável no dia 10 de Dezembro de 2006, na


comarca de Belo Horizonte - MG, com regime de separação total de bens, conforme documento
em anexo. Dessa união, nasceram três filhos: Alessandra Arvoredo Batalha, Amélia Arvoredo
Batalha e DJorgy Arvoredo Batalha, os quais possuem respectivamente, 17, 16 e 3 anos, conforme
documentos acostados aos autos. (anexos 7, 8 e 9)

A referida união cumpriu sua ideia durante alguns anos, contudo, após o aumento não planejado
da prole a família se afundou em dívidas. Não obstante a mencionada crise, no ano de 2020,
ocorreu a pandemia de COVID-19, a qual impediu completamente que as partes trabalhassem,
dificultando ainda mais o sustento já abalado da família.

Tendo isto posto, o requerido preocupado com o futuro de seus herdeiros se utilizou de bebidas
alcóolicas para se distanciar da dura realidade que os cercava. Em pouco tempo as substâncias
lícitas pararam de ser suficientes para o desanuviar de suas angústias, fazendo com que o senhor
Jonatas apelasse para substâncias ilícitas, tornando-se assim não somente alcóolatra como também
dependente químico.

Sabendo de suas preocupações e de suas dependências, a requerente tentou por repetidas vezes
ajudá-lo para que juntos pudessem reestruturar a família, contudo, o requerido mesmo em lapsos
de sobriedade se recusou a aceitar a ajuda, culminando em discussões constantes entre o casal,
criando um clima hostil no lar.

Mesmo após dois anos lidando com essa situação extremamente desagradável onde a mesma sofria
diariamente grave violência psicológica, culpando-a por ter engravidado em momento
inoportuno, porém, mesmo assim a requerente não desistiu do companheiro. Contudo, a situação
mudou no dia 10 de março de 2023 (conforme consta boletim de ocorrência em anexo), quando o
senhor Jonatas agrediu a senhora Júlia, na frente de seus três filhos, importante salientar ainda que
o filho mais novo estava no colo da genitora.

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O requerido estava sob efeito de entorpecentes e ao chegar em casa visivelmente transtornado e
escutar o filho chorando, mais uma vez culpou a mãe da criança pelos problemas financeiros,
surtando completamente e desferindo murros em seu tórax até que a mesma caísse no chão, após
isso, foram desferidos mais alguns chutes e quando o agressor se sentiu satisfeito cuspiu no rosto
da requerente e despejou-lhe mais algumas palavras extremamente degradantes, ameaçando ainda
agredir os menores.

Desde esse fatídico dia, a requerida voltou para a casa da mãe com seus filhos em busca de maior
segurança e meio de poder proporcionar um ambiente mais seguro para os menores.

Ainda que tenha sido feito o boletim de ocorrência e a requerente tenha saído da casa em que
moravam, e avisado inclusive em mídias sociais o fim do relacionamento, o requerido permanece
tentando forçar a volta do relacionamento, invadindo a atual residência da mesma, tentando
invadir a escola de seus filhos e ameaçando inclusive a vida de seus filhos para que a requerente
volte para o relacionamento doentio que já vem se perpetuando há muito mais tempo que o
necessário, causando extremo mal estar e insegurança para a mesma e seus filhos.

Outra medida tomada pela requerente foi recorrer ao CEJUSC de Belo Horizonte para que desse
início a dissolução da união estável o mais rápido possível e qualquer vínculo exceto os
descendentes fosse cortado entre os dois.

Excelência, como em tantas outras situações onde há violência doméstica, o agressor não aceita a
separação e está de todas as formas tentando abalar a sanidade psicológica da ofendida por meio de
ameaças constantes de matar seus filhos. O último episódio remonta a data de 20 de abril de 2023
quando o agressor estava na residência da ofendida pois sabia que era um feriado e as crianças
estavam em casa, implorando para reatarem relacionamento pois ele mataria as crianças ou tiraria
a própria vida na frente de toda a vizinhança. Diante da negativa da requerente, o mesmo
começou a bater no portão da casa com um pé de cabra e proferiu diversos xingamentos
humilhantes para a senhora Júlia, ficando ainda mais nervoso e ameaçando-a agora matá-la. O fato
é que o agressor está fazendo constantes ameaças de morte à ofendida e seus, alegando inclusive,

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que não precisa de uma arma para se suicidar na frente da mesma ou para machucar seus filhos,
caracterizando evidente violência psicológica além das violências físicas já perpetradas por este.

Diante de tantos episódios de agressões, ameaças, crises e surtos psicóticos que apenas comprovam
a total instabilidade psíquica e emocional do agressor, a ofendida resolveu dar um basta nesta
situação e para tanto se socorre das medidas protetivas de urgência previstas na Lei N.º
11.340/2006.

Nesse contexto a jurisprudência é enfática: (verbis)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Apelação Criminal:


APR XXXXX-64.2016.8.13.0024 Belo Horizonte
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. MARIA DA PENHA. MEDIDAS
PROTETIVAS. REVOGAÇÃO CABÍVEL. SITUAÇÃO DE
URGÊNCIA, IMEDIATIDADE E NECESSIDADE NÃO
DEMONSTRADAS. RECURSO PROVIDO. - O fundamento
norteador das medidas protetivas da Lei Maria da Penha é a
necessidade real de se contornar situações de urgência e com isso
garantir de pronto a integridade da vítima, não devendo perdurar se
não se teve mais notícia concreta de episódios de agressão ou
ameaças. Deve-se, em cada caso concreto, atentar à situação de
urgência e critérios da necessidade, atuali-dade, razoabilidade,
proporcionalidade de aplicação da medida protetiva e,
principalmente, ao fim pretendido pela legislação especial.

Consoante os termos do artigo 22, constatada a prática de violência doméstica e familiar


contra a mulher, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou
separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite


mínimo de distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de


comunicação;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e


psicológica da ofendida;

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IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de
atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

Diante da gravidade da situação vivenciada pela ofendida, é evidente a necessidade do


deferimento cumulativo de todas as hipóteses acima previstas, no intuito de salvaguardar a
integridade física e psicológica da ofendida e de seus filhos menores que vem presenciando
todas as crises e surtos do agressor, além da situação de iminente perigo.

A ofendida vem tentando restabelecer a sua vida, no entanto, a latente presença do agressor e
suas ameaças expressas de morte, tornam isso impossível, vez que o mesmo se utiliza de todas
as formas para abalar seu equilíbrio psicológico e físico, para alcançar seus objetivos narcisistas
que não aceitam o final do relacionamento.

É inevitável, portanto, a intervenção do Estado no caso concreto para coibir mais atitudes
danosas advindas do agressor contra a ofendida e seus filhos.

Nessa linha, o artigo 19 do mesmo diploma legal, assegura a concessão das medidas protetivas
de urgência a PEDIDO DA OFENDIDA, medidas estas que serão concedidas de imediato,
independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público.

2. DAS CONCLUSÕES E REQUERIMENTOS

Em razão disso, a ofendida REQUER a concessão das seguintes medidas protetivas de


urgência para assegurar seu direito básico de viver sem violência e preservação de sua saúde
física e mental, bem como a preservação da integridade de seus filhos:

1 - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida e seus filhos


Alessandra Arvoredo Batalha, Amélia Arvoredo Batalha e DJorgy Arvoredo Batalha.

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2- proibição de aproximação da ofendida, dos filhos e de familiares que morarem com a
requerente, com a fixação de um limite mínimo de distância;

3 – proibição de contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de
comunicação;

4 – proibição de frequentar o local de trabalho da ofendida, o estabelecimento “Minha cor


esmalteria”, localizado na Rua Corcovado, 278, CEP 30421-389. A escola de seus filhos,
Escola Estadual Afonso Pena, localizada na Av. João Pinheiro, 450, a fim de preservar a
integridade física e psicológica da ofendida;

6 – Suspensão das visitas aos filhos, pois a presença do agressor já demonstrou ser fato danoso
ao equilíbrio dos menores uma vez que os mesmos já presenciaram as agressões e ameaças
inclusive a própria vida, e as alterações de comportamento do agressor e já apresentam
transtornos emocionais em razão disso;

7 – Prestação de alimentos provisionais não inferiores a 3 salários mínimos.

8- Ao final, postula a decretação da dissolução da união estável, bem como a expedição do


Termo de Guarda definitiva dos filhos.

Reitera por fim, a concessão do benefício da assistência judiciária, de acordo com a Lei n.
1060/50, por ser a ofendida pessoa financeiramente hipossuficiente, privada
momentaneamente de arcar com custas processuais e honorários advocatícios, sob pena de
prejudicar o sustento próprio e o de sua família.

Por derradeiro, vale registrar que, não obstante a ofendida já não apresente qualquer marca
física do mal causado pelo agressor, as marcas mais profundas e difíceis de superar já estão
enraizadas no seu interior e com toda a certeza terão consequências pelo resto de sua vida e
que irão provocar inúmeros danos em relações vindouras.

Maria Vitória Tavares, OAB 18.298


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Termos em que,

pede deferimento.

Belo Horizonte, data da assinatura eletrônica

Maria Vitória Tavares


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OAB 18.292

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