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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO ____ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE


MACAÉ/RJ.

SANDRA DA MATA DA HORA, brasileira, solteira, cozinheira, portadora da Carteira de


Identidade nº 11.577.350-96/SSP-BA, inscrita no CPF sob o nº 014.887.515-79, residente e
domiciliada na Avenida Hebe Camargo (Rua W28), Travessa 15, nº 69, sentido Praia, Lagomar,
Macaé/RJ, CEP: 27966-800, com o endereço eletrônico contato@venancioebaptista.com.br,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, para fins do art. 106, I, do Novo
Código de Processo Civil, requerer a presente:

RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL


C/C TUTELA DE URGÊNCIA

Em desfavor de Gisevaldo Mendes dos Santos, brasileira, solteiro, pedreiro, portador da


Carteira de Identidade nº 1.619.820/SSP-PI, inscrita no CPF sob o nº 093.237.717-32,
residente e domiciliada no Avenida Hebe Camargo (Rua W28), Travessa 15, nº 69, sentido
Praia, Lagomar, Macaé/RJ, CEP: 27966-800, com telefone (22) 99760-9709, com o endereço
eletrônico desconhecido, aduzindo para tanto o seguinte:

I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer a Autora, a concessão dos benefícios da gratuidade de justiça, com fulcro no art. 98 e
seguintes do CPC e na Lei 1.060/50, em virtude de ser pessoa pobre na acepção jurídica da
palavra e sem condições de arcar com os encargos decorrentes do processo, sem prejuízo de
seu próprio sustento e de sua família, conforme Carteira de trabalho e declaração de
hipossuficiência em anexos.

II – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO

A Autora por meio desde advogado tentou por diversas vezes realizar o reconhecimento e a
dissolução da união estável de forma consensual, toda via o seu ex-companheiro, mostrou-se
indisposto ao procedimento consensual. Nesse sentido, mesmo com a ausência de interesse

Av. Agenor Caldas, 193, Sala 305, Ed. Júlio de Olival - Imbetiba, Macaé/RJ
+55 (22) 99269-2017 – contato@venancioebaptista.com.br
conciliatório do Réu, a Autora manifesta pelo interesse em conciliar, somente após o
deferimento das tutelas pleiteadas.

III – DOS FATOS

A Autora e o Réu conviveram maritalmente por aproximadamente 12 anos, com início


aproximado em junho de 2008 e término em 26/08/2020, de forma duradoura, pública e
contínua, quando se separaram definitivamente.

Durante esse relacionamento o casal não teve filhos, porém ambos criaram o filho da Autora,
o Sr. Fabricio da Hora dos Santos que nasceu em 24/08/2002, fruto do relacionamento
anterior da Autora. O Réu fez o papel de pai durante todo esse tempo.

Alguns pontos merecem destaque no tocante a forma com que o relacionamento chegou ao
fim, o Réu tem o costume de fazer o uso constante e excessivo de bebidas alcoólicas o que o
deixa muito agressivo.

O Réu quando chega em casa alcoolizado tem o costume de ameaçar a Autora, proferindo a
frase: “Eu prefiro te matar do que te dar a casa”.

No dia 25/08/2020, por volta das 22h o Réu chegou novamente embriagado e começou a
discutir com a Autora na frente de seu Filho, mandando a Autora fazer a comida dele e a
Autora argumentou que ele não tem ajudado em casa, e que estava gastando todo o
dinheiro dele na rua com bebida, e que por isso sairia de casa. Por conta disso o Réu mais
uma vez a ameaçou: “Eu bato na sua casa, Eu só não vou te bater em respeito ao seu
filho” e “Você mete o pé das minhas casas”.

No dia 26/08/2020 a Autora saiu de casa, e no dia 28/08/2020 fez um Registro de ocorrência
onde o Réu foi representado criminalmente e foi deferido medida protetiva.

Mesmo com o deferimento da medida protetiva, a Autora se viu obrigada a retornar para a
casa onde morava com o Réu, pois não tinha condições financeiras de continuar pagando
aluguel.

A título probatório junta-se os prints de conversas no aplicativo de mensagens “Whatsapp”


que demonstra desde o início das tratativas a intenção da Autora de resolver o feito
amigavelmente, porém sem qualquer retorno da parte Ré, inclusive no link:
https://www.dropbox.com/sh/f1s6r6vqmebb9j2/AADIw9V1XoUTgZYaaDtq1dEOa?
dl=0, o Juízo pode ter acesso aos áudios enviados pelo Réu, onde está claramente
alcoolizado.

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Atualmente a Autora dorme em um dos quartos, seu filho dorme em outro e o Réu dorme na
sala, não convivendo mais como marido e mulher, apenas dividindo a mesma casa.

O que a Autora vive é um verdadeiro inferno, tendo que trancar seu quarto sempre quando
sai de casa, e inclusive quando está em casa com o Réu, mantém as portas trancadas. O Réu
por conta do seu problema com a bebida não consegue se manter fixo em emprego algum,
e por conta disso aumentou ainda mais o seu consumo de bebidas alcoólicas. Chegando
todos os dias em casa de madrugada, fazendo barulho, xingando a Autora e fazendo
ameaças.

Diante de todo o exposto, a autora passa a requerer:

IV – DOS ALIMENTOS ENTRE OS CÔNJUGES

Não se faz necessária a fixação de alimentos entre os cônjuges, tendo em vista que cada um
possui a sua renda, e não precisam do apoio financeiro reciprocamente. Diante disse, não se
faz necessária a fixação de alimentos entre as partes.

V – DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL

A união estável encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro na Lei nº 9.278/96 e no


artigo 1.723 e seguintes do Diploma Civil vigente.

O artigo 1.723 em sua inteligência afirma:

“Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem
e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família.”

Os Requerentes viveram juntos como se fossem marido e mulher no período compreendido


entre o dia Junho de 2008 até 26/08/2020, conforme é comprovado pelas fotografias e
contrato de compra do terreno em nome do casal (que fora rasgado pelo Réu).

Diante do reconhecimento de ambas as partes, no sentido tiveram relação duradoura,


pública e com a finalidade de constituir família, requisitos exigidos pelo código civil em seu
artigo 1.723, devendo ser reconhecida como união estável.

VI – DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

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A relação entre o casal veio a se dissolver no dia 26/08/2020, foi quando houve a separação
de fato do casal, muito embora ambos residam atualmente na mesma casa, mas dormem em
quartos separados, sendo que o réu se recusa a sair do imóvel.

Desta forma, requer que seja decretado a dissolução da presente união estável com data final
a separação de fato do casal.

VII – DOS BENS ADQUIRIDOS

Durante a união estável do casal, foram adquiridos os seguintes bens:

1. Lote nº 435 da Quadra 37, situado à W-15 no Loteamento Balneário Lagomar,


Em Macaé/RJ, não foreiro e dentro do perímetro urbano, com 10 metros de
frente, 10 metros de fundos, 18 metros de cada lado, perfazendo a área total de
180 m²;

2. Uma casa construída e acabada com um quarto, uma sala, uma cozinha, uma
área de serviço, um banheiro, dois quartos e uma garagem;

3. Uma casa construída e em fase de acabamento em cima da primeira casa, com


um quarto, uma sala, uma cozinha, uma área de serviço, um banheiro e dois
quartos;

4. Um Terraço em cima da casa do item 3;

O artigo 5º da Lei nº. 9.278/96 que trata a respeito da União Estável, estabelece que os bens
móveis ou imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união
estável e a título ONEROSO, são considerados fruto do trabalho e da colaboração de ambos
os companheiros.

O artigo 1.725 do C. C, estabelece que na união estável, salvo contrato escrito, o regime de
bens será regido pelo o regime de comunhão parcial de bens. Como não houve qualquer
contrato escrito referente a escolha do regime de bens deve ser partilhado em 50%
(cinquenta por cento) para cada convivente de acordo com a avaliação dos bens.

VIII – DA NECESSIDADE DA CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA

No presente caso, a Autora suplica a Vossa Excelência que o réu seja afastado do lar, de
forma urgente e sem que seja ouvido, com a adoção das medidas protetivas com base na Lei
nº 11.340/06.

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No caso estamos diante de um caso claro de violência doméstica, onde a Autora sofre com
as atitudes do Réu, face às hostilidades, os insultos e agressões de ordem psicológica, que
são incessantes, tornando o medo, permanente, o que mostra a impossibilidade de
coabitação.

Os fatos narrados se amoldam à forma de violência doméstica prevista no art. 7º, inciso II
uma vez presentes a ameaça, o prejuízo a saúde psicológica e o constrangimento constantes.

Vejamos a norma invocada:

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
(...)
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação
de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
(...)

As atitudes do réu configuram exatamente a hipótese legal acima invocada e por isso se faz
necessária uma atitude urgente e efetiva por meio da concessão de decisão em sede de
tutela de urgência.

A Autora não poderá aguardar uma decisão definitiva de mérito coagida sob tanta pressão, o
que pode lhe causar problemas de saúde e agora vê um risco a sua integridade física, que
não quer sofrer para depois, ter quer procurar o Poder Judiciário ou ter sua vida ceifada.

Com efeito é possível e se faz obrigatória, a concessão da tutela de urgência, para a


imposição das medidas protetivas, especificamente as do art. 22, inciso II e III nas alíneas a, b,
e c da Lei 11.340/2006 em caráter liminar.

Os elementos de fato evidenciam a probabilidade e o perigo de dano, autorizando a


concessão da tutela de forma urgente, vejamos a base legal:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Ressalta-se que o perigo de dano envolve a saúde e a vida da autora, que não pode ficar
desamparada à própria sorte e a situação pode se agravar, além de que não pode se
manter no tempo.

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No presente caso não se faz necessário grandes divagações jurídico-doutrinário-
jurisprudenciais, em vista ser evidente que existe uma pessoa convivendo com situação
profunda e evidentemente degradante.

Estamos diante de uma necessidade de proteção à pessoa, ao direito fundamental à vida, e


à saúde física e psicológica da autora.

A concessão de uma medida protetiva, seja ela com qual fundamento ou forma jurídica,
deve ser concedida de forma urgente para proteger uma pessoa de uma relação abusiva,
lesiva e comprovadamente de risco

O réu se aproveita de ser homem para impor violência moral, instabilidade emocional e
causa stress muito além da normalidade, além de demonstrar alto grau de desrespeito para
com o União.

A jurisprudência já enfrentou o tema, e considera a autonomia, a natureza jurídica civil das


medidas de proteção e seu caráter híbrido; vejamos o entendimento do Superior Tribunal
de Justiça no julgamento do Resp 1.419.421 de 2014:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER. MEDIDAS


PROTETIVAS DA LEI N. 11.340⁄2006 (LEI MARIA DA PENHA). INCIDÊNCIA NO ÂMBITO
CÍVEL. NATUREZA JURÍDICA. DESNECESSIDADE DE INQUÉRITO POLICIAL, PROCESSO
PENAL OU CIVIL EM CURSO.

1. As medidas protetivas previstas na Lei n. 11.340⁄2006, observados os requisitos


específicos para a concessão de cada uma, podem ser pleiteadas de forma autônoma
para fins de cessação ou de acautelamento de violência doméstica contra a mulher,
independentemente da existência, presente ou potencial, de processo-crime ou ação
principal contra o suposto agressor.

2. Nessa hipótese, as medidas de urgência pleiteadas terão natureza de cautelar cível


satisfativa, não se exigindo instrumentalidade a outro processo cível ou criminal, haja
vista que não se busca necessariamente garantir a eficácia prática da tutela principal.
"O fim das medidas protetivas é proteger direitos fundamentais, evitando a
continuidade da violência e das situações que a favorecem. Não são, necessariamente,
preparatórias de qualquer ação judicial. Não visam processos, mas pessoas" (DIAS.
Maria Berenice. A  Lei Maria da Penha  na justiça. 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2012).

3. Recurso especial não provido.”

Vimos que estamos diante de uma situação que não admite outra saída, senão, ao menos,
a proibição do réu em aproximar-se a 200 (duzentos) metros da autora, de sua residência

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ou de seus familiares e também de frequentar lugares comuns, sob pena de prisão e
incidência de crime de desobediência.

O pedido da concessão de tutela de urgência para que o réu seja afastado do lar, como
requerido ao final, se faz na proteção da vida e da saúde da autora, bem jurídicos
inalienáveis que, em uma situação dessas, devem ser amplamente protegidos, para que
cessem, definitivamente.

IX – DO PEDIDO

Em face de todo o exposto, e inclusive invocando os doutos suprimentos jurídicos de Vossa


Excelência, à Autora só resta pugnar pelo seguinte:

a) A concessão da Tutela de Urgência, com base no artigo 300 do CPC, determinando


Vossa Excelência as medidas protetivas provisórias, a fim de garantir efetivamente a
integridade física e psíquica plena da autora, convertendo-se em medidas definitivas ao
julgamento final da presente ação, especificamente as previstas no artigo 22, incisos II e III,
alíneas a, b e c da Lei nº 11.340/06;

b) os benefícios da Assistência Judiciária, com base na Lei1.060/50 e nos arts. 98 e seguintes
do NCPC, por ser pessoa juridicamente pobre, declaração de hipossuficiência de renda, em
anexo;

c) A parte autora manifesta pelo interesse em conciliação somente após o deferimento


das tutelas preiteadas;

d) Requer à Vossa Excelência que seja julgado procedente a presente ação para que seja
reconhecida bem como decretada a Dissolução da União Estável;

e) Como não houve qualquer contrato escrito referente a escolha do regime de bens,
requer a partilha dos bens do casal em 50% (cinquenta por cento) para cada convivente
de acordo com a avaliação dos bens;

f) Seja o Requerido condenado, pelo princípio da sucumbência, (art. 20 do CPC) a honrar os


honorários advocatícios sobre o valor da ação, nos usuais 20%, custas e demais cominações
legais.

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e
seguintes do NCPC, em especial as provas: documental, pericial, testemunhal e depoimento
pessoal da parte ré. 

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Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), para meros fins legais.

N. Termos.
P. Deferimento.
Macaé, 30 de março de 2021.

DR. MÁDISON BAPTISTA DA SILVA NETO


OAB/RJ 204.666

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