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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO JUIZADO DE


VIOLENCIA DOMESTICA E FAM CONTRA A MULHER DA COMARCA DE SÃO
GONÇALO - RIO DE JANEIRO

TJRJ SGO JVDM 202201934930 24/03/22 14:29:59142133 PROGER-VIRTUAL


Processo nº: 0007078-62.2022.8.19.0004

ALINE DE SOUSA VIDEIRA, qualificado no processo em epígrafe, vem, por


seu procurador infine assinado, respeitosamente à presença de V. Exa. com
fundamento no Art. 19 da lei 11.340 requerer:

Em Fls. 51. Visando a integridade física e psicológica da vítima, foi deferido por
Vossa Excelência as seguintes medidas protetivas:

Contudo, cabe salientar que a vítima é totalmente dependente financeiramente


do agressor.

A vítima teve um relacionamento íntimo de afeto e conviveu com o agressor


durante 11 anos.

Dessa relação sobreveio a menor Maria Eduarda de Sousa Lemos, filha de


ambos. (Certidão de Nascimento, Fls. 34)

O Agressor não permitia que a Vítima trabalhasse, alegando que ela deveria
cuidar da casa e dos filhos, configurando assim, a violência patrimonial.
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Ressalta-se que o Agressor é o provedor do sustento, não permitindo que a


Vítima tivesse nenhum gerenciamento da financia do casal.

Logo, com o afastamento do agressor, a vítima precisa de uma proteção estatal


que obrigue o agressor a arcar com as custas da casa e os elementos mínimos para a sua
subsistência, até que possa ser reinserida no mercado de trabalho.

Registra-se que a casa na qual residiam é alugada e o agressor alegou que não
irá arcar com aluguel deixando a vítima totalmente desamparada. ( Fls 37 e 38)

Nos termos do art. 1º da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006 que trata da
violência doméstica e familiar contra a mulher), tem-se que o objetivo geral desta legis é
criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher,
nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Já na dicção de seu art. 4º, ao se interpretar a referida norma, deve-se levar em


conta os fins sociais buscados pelo legislador, conferindo à norma um significado que a
insira no contexto em que foi concebida.

Assim, é de se ter claro que a própria Lei n. 11.340/2006, ao criar tais


mecanismos específicos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar praticada
contra a mulher, buscando a igualdade substantiva entre os gêneros, fundou-se
justamente na indiscutível desproporcionalidade física existente entre os gêneros, no
histórico discriminatório e na cultura vigente. Ou seja, a fragilidade da mulher, sua
hipossuficiência ou vulnerabilidade, na verdade, são os fundamentos que levaram o
legislador a conferir proteção especial à mulher e por isso tem-se como presumidos.
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Nesse diapasão, o legislador previu a possibilidade de prover às mulheres


vítimas de violência doméstica, medidas protetivas de urgência, que deem condições de
equilibrar a fragilidade, hipossuficiência e vulnerabilidade da mulher.

No caso em tela, diante da situação econômica da vítima (necessidade) e


condição econômica do agressor (possibilidade) faz-se necessário a aplicação da medida
de prestação de alimentos provisionais ou provisórios para que a vítima tenha condições
de mínimas de sobrevivência.

A situação de vulnerabilidade e fragilidade da mulher, envolvida em


relacionamento íntimo de afeto, nas circunstâncias descritas pela lei de regência, se
revela ipso facto. Com efeito, a presunção de hipossuficiência da mulher, a implicar a
necessidade de o Estado oferecer proteção especial para reequilibrar a
desproporcionalidade existente, constitui-se em pressuposto de validade da própria lei.

Para que ocorra um maior equilíbrio, é indispensável que o agressor preste

alimentos para a vítima, visto que ele era o provedor do sustento. A vítima
atualmente reside no imóvel alugado com dois menores de idade e
não exerce nenhuma atividade laboral.

Já o Agressor, é empresário e possui plenas condições de prestar alimentos até


que a vítima saia da situação de vulnerabilidade. ( 35, 36 e 42).

Por derradeiro, cabe a sincera advertência de que na fixação dos alimentos


provisionais ou provisórios a ser levada a efeito pelo julgador, este não deverá levar em
conta tão-somente a verba ordinariamente necessária para manutenção da mulher e da
prole, como os alimentos naturais, habitação, saúde, educação, vestuário e lazer. Deve
levar em conta, principalmente, a verba necessária para cobrir e mitigar todas as
despesas e transtornos físicos e emocionais ocasionados pela violação dos direitos
humanos da mulher, prestigiando-se, assim, a desejada restitutio in integrum do estado
anterior à violência perpetrada pelo acusado.
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Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios TJ-DF: 0703453-


92.2020.8.07.0000 - Segredo de Justiça 0703453-92.2020.8.07.0000 AGRAVO
DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AFASTAMENTO DO
LAR. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. MAJORAÇÃO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO.

I - Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a


mulher, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou
separadamente, medidas protetivas de urgência, dentre elas
a prestação de alimentos provisionais ou provisórios (Lei
n.º 11.340/06, art. 22, V).

II - O dever de prestar alimentos, seja em relação à mulher, como


decorrência do dever de mútua assistência, seja em relação aos filhos,
como dever de sustento, afigura-se sensivelmente agravado nos casos de
violência doméstica e familiar contra a mulher. A mulher, não raras as
vezes, por manter dependência econômica com o seu agressor se não por
si, mas, principalmente, pelos filhos em comum, tem a sua subsistência
gravemente comprometida e ameaçada com o afastamento do agressor do lar.

III - Deu-se parcial provimento ao recurso.

Isto exposto requer:

A- Seja determinado ao agressor a prestações de alimentos para vítima no


importe de 1 salário mínimo até que a vítima tenha condições desse reinserir
no mercado de trabalho. Conforme Art. 22, V da lei 11.340/06
B- Seja determinado ao agressor que arque com os gastos do aluguel, luz e
água da casa na qual residia com a vítima, situada no endereço: Rua 22 de
setembro, 165, sobrado, Porto da Pedra – SG – RJ, Cep: 24436-110, até que a
vítima tenha condições desse reinserir no mercado de trabalho. Conforme
Art. 22, V da lei 11.340/06
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Termos em que,

Pede deferimento.

Niterói, 24 de março 2022.

(Documento assinado eletronicamente)

VINICIUS BERNARDINI

ADVOGADO

OAB:225.438/RJ

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