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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE SÃ O JOSÉ DO RIO PRETO - SP


, brasileira, uniã o está vel, com RG nº e CPF nº , residente e domiciliada na , por meio
de seus advogados e bastante procuradores , , e-mail: e , , e- mail: , com escritó rio na ,
vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor
AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS POR VIOLÊ NCIA
DOMÉ STICA
Em face de , brasileiro, uniã o está vel, CPF: , residente e domiciliado, nº
331, , pelas razõ es de fato e de direito a seguir expostas:

I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA:
Sejam concedidos os benefícios da Assistência Judiciá ria Gratuita, nos termos dos
artigos 98 e seguintes do CPC/2.015 e das Leis 1.060/50 e 1.115/83, conforme
declaraçã o anexa, por ser a REQUERENTE pessoa pobre na acepçã o legal do termo,
declaraçã o em anexo, com isençã o de custas, despesas processuais e ô nus
sucumbenciais porventura existentes.

II - DOS FATOS:
A Requerente conheceu o requerido em ambiente publico, em um barzinho junto com
varios amigos em comum, e tiveram um breve namoro na qual a requerida terminou
assim que descobriu uma neoplasia maligna. Tal relacionamento era de conhecimento
de todos, mantiveram um relacionamento serio, mesmo que por pouco tempo 3 (tres)
meses, o requerido dormia na casa da requerente praticamente todos os dias,
conhecia muito bem a casa da requerente, amigos, freequentava todos ambientes
juntos.
Entretanto, apó s a descoberta da neoplasia maligna, a requerente resolveu vender seu
carro para arcar com os altos custos do seu o tratamento, colocar sua casa que é de
alto padrã o (com varios moveis planejados e moveis inclusos) para alugar, e com
valor do aluguel morar em um apartarmento menor, perto dos seus medicos, visando
economizar. O requerido viu anuncio do aluguel, e incasavelmente insistiu para que a
requerente alugasse para ele. A requerente no desespero, e por se tratar de uma
pessoa da qual ela já tinha se relacionado, confiou no requerido e resolveu colocar um
bem adquirido com tanto trabalho. Acontece que, apó s ambos fechar o contrato de
aluguel, o requerido nã o soube separar o vinculo profissional de ex-namorados entre
locador e locatario. Tornando a vida da requerida um verdadeiro caos, tratando-a de
forma agressiva,com constante ameças, debochando dos problemas de saude que a
requerida sofria.
Fatos estes que, o requerido nã o cometeria, caso nã o tivesse tido vincula afetivo com a
requerente no passado.Vossa excelencia tais atitudes agressivas, falta de respeito, nã o
saber separar o profissional do pessoal (ex relacionamento que ambos tiveram) vem
acontecendo desde que a requerida alugou a casa para o requerido.
Demonstrando claramente que o requerido, nã o superou o termino do
relacionamento, começando um perseguiçã o incansavél, fatos estes que, o requerido
nã o cometeria, caso nã o tivesse tido nenhum vinculo afetivo com a requerida no
passado. Inclusive, por acaso, uma cliente foi reaizar uma tatuagem com o requerente
e ele começou a comentar sobre o ex-relacionamento que teve com a requerente, foi
quando descobriram que ambos conheciam a requerida. (audios anexados ao
processo)
A Requerente ao longo de todos esses meses , que faz tratamento contra o cancer, teve
que lidar com as torturas psicoligicas, ameaças, atrasos de aluguel ,da qual a mesma
dependia totalmete para arcar com o pagamento de outro apartamento para estar
mais perto dos seus medicos, tornado a vida da requerente uma verdadeira “bola de
neve” fazendo inclusive que a requerente fosse despejada.

Além da requerente ter sido despejada pelos constantes atrasos de aluguel, usar um
bem que foi locado para residencia e montar um studio de tatuagem illegal, no dia 27
de julho de 2023, legalmente embasado no contrato de locaçã o firmado entre ambos, a
requerente enviou uma notificaçã o da quebra do mesmo solicitando que o requerido
desocupasse o imovel no prazo de 30 dias. Foi quando o requerido novamente nã o
soube separar o relacionamente que tiveram, com o profissional, recusou sair do
imovél, piorando ainda mais as ameaças, as torturas psicologicas, o deboche
resrepeitoso com todo problema de saude que a requerente sofria. A requerente que,
além de depressã o grave refrataria, sofre de TAG (Transtorno de Ansiedade
Generalizada) doente,se vê sendo despejada, sem ter para onde ir, com data marcada
para ir a Sã o Paulo, perder um tratamento de altissimo custo e extrema importancia.
O requerido nã o causou somente persequiçã o contra a requerente, como dano
financeiro e psicologico, deixando a requerente desamparada, sem moradia, sem
saber o que fazer, já que tinha um tratamento marcado de extrema importancia a ser
realizado em Sã o Paulo, tratamento de altissimo custo, que a requerente perdeu, por
ter que, procurar um imovel as pressas, já que o requerido se recusava sair do imovel
da requerente. Tal desespero, desamparo e tristeza por perder um tratamento tã o
importante para seu tratamento. A requerente que além do tratamento contra o
cancer, ter depressao grave refrataria, sofre de TAG (transtorno de ansiedade
Generalizada) teve uma crise de panico gravissima, foi internada com extrema
urgencia na UTI, do hospital Neorologico no dia 28 de agosto de 2023 com parada
cardiorepiratoria, seguida de convulsã o.

de separaçã o, vem tentando vá rios tipos de acordo, inclusive que o Requerido


pagasse uma pensã o alimentícia, haja vista que nã o dá um valor sequer como forma de
alimentos, entretanto, todas as tentativas foram em vã o, nã o tendo mais outra soluçã o
senã o buscar na justiça seu refú gio.
Entretanto, ao entrar com a Açã o de Dissoluçã o de Uniã o Está vel em face do
Requerido, as ameaças que vinha sofrendo só pioraram.
A medida protetiva estabelece possuída pela Requerente e face do Requerido
determina que este tem que ficar a uma distâ ncia da Requerente e de seus familiares
de 100 metros.
Entretanto, o Requerido tem, desde a concessã o da medida e da instauraçã o do
processo de dissoluçã o da uniã o está vel, desrespeitado a decisã o judicial, tentando
agredir fisicamente a Requerente, ameaçando ela e seus familiares (mã e e irmã s) de
morte.
A Requerente vem sendo perseguida pelo Requerido, constantemente.
Nã o consegue ir ao curso que faz no período noturno, haja vista a perseguiçã o, o
Requerido inclusive já chegou a "jogar" o seu carro em cima do carro da Requerente.

III - DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA:


A violência contra a mulher nã o é um acontecimento recente. A violência doméstica só
passou a ocupar um papel importante no século XIX em virtude da
constitucionalizaçã o dos direitos humanos, mas antes de adentrarmos nesse tipo de
violência é necessá rio analisar a violência contra a mulher. Esse ú ltimo tipo é
considerado uma violência de gênero. Nesse caso o termo gênero deve ser
compreendido como uma categoria que serve para demonstrar as desigualdades
sociais, econô micas e culturais que existem entre homens e mulheres.
Violência é quando alguém se utiliza da força física, psicoló gica ou intelectual sobre
outra pessoa. A violência, nada mais é de que "um meio de coagir, de submeter outrem
ao seu domínio, é uma violaçã o dos direitos essenciais do ser humano".
A violência é mais do que uma simples força, ela pode ser considerada como o pró prio
abuso da força.
Para definir violência contra mulher, utilizamos da definiçã o usada na Conferência de
Beijing de Sonia Rovinski que é:
"Qualquer ato de violência que tem por base o gênero e que resulta ou pode resultar em dano ou
sofrimento de natureza física, sexual ou psicológica, incluindo ameaças, a coerção ou a privação arbitrária da
liberdade, quer se produzam na vida pública ou privada" . (GRIFO NOSSO)

É um ato de brutalidade, abuso, constrangimento, desrespeito, discriminaçã o,


impedimento, imposiçã o, invasã o, ofensa, proibiçã o, sevícia, agressã o física, psíquica,
moral ou patrimonial contra alguém e caracteriza relaçõ es intersubjetivas e sociais
definidas pela ofensa e intimidaçã o pelo medo e terror. Segundo o dicioná rio Aurélio
violência seria ato violento, qualidade de violento ou até mesmo ato de violenta.
O crime doméstico se manifesta como violência física, psicoló gica, sexual, patrimonial
ou moral; à s vítimas possuem baixa autoestima e vá rios problemas de saú de, na
maioria dos casos, as mulheres sã o chantageadas por seus maridos e frequentemente
cedem à s pressõ es, sentindo-se incapaz de agir; à s vítimas vivem em estado de pâ nico
e temor. Precisam de ajuda externa para assumir seu problema e encontrar soluçõ es
alternativas.
A violência traz consequências gravíssimas para as vítimas, que vã o muito além de
traumas ó bvios das agressõ es físicas. A violência conjugal tem sido associada com o
aumento de diversos problemas de saú de como baixo peso dos filhos ao nascer,
queixas ginecoló gicas, depressã o, suicídio, entre outras.
A violência doméstica também tem reconhecimento na Constituiçã o Federal também
no artigo 226, pará grafo 8º, onde é previsto que o Estado deverá assegurar assistência
aos membros da família e criar meios que coíbam a violência no â mbito de suas
relaçõ es.

IV - DO DIREITO A INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL:


Nos casos de violência contra a mulher ocorridos em contexto doméstico e familiar, é
possível a fixaçã o de valor mínimo de indenizaçã o a título de dano moral, desde que
haja pedido expresso da acusaçã o ou da parte ofendida (vítima), ainda que sem
especificaçã o do valor. Essa indenizaçã o nã o depende de instruçã o probató ria
específica sobre a ocorrência do dano moral, pois se trata de dano presumido.
A nova tese foi fixada pela Terceira Seçã o do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao
julgar recursos especiais repetitivos que discutiam a possibilidade da reparaçã o de
natureza cível por meio de sentença condenató ria nos casos de violência doméstica. A
decisã o unâ nime passa a orientar os tribunais de todo o país no julgamento de casos
semelhantes.
A simples relevâ ncia de haver pedido expresso na denú ncia, a fim de garantir o
exercício do contraditó rio e da ampla defesa, é bastante para que o juiz sentenciante, a
partir dos elementos de prova que o levaram à condenaçã o, fixe o valor a título de
reparaçã o dos danos morais causados pela infraçã o perpetrada, nã o sendo exigível
produçã o de prova específica para aferiçã o da profundidade e/ou extensã o do dano. O
merecimento à indenizaçã o é ínsito à pró pria condiçã o de vítima de violência
doméstica e familiar. O dano, pois, é in re ipsa , afirmou o Ministro Relator.
Um dos marcos evolutivos da legislaçã o ocorreu em 2008, com a inclusã o do inciso IV
no art. 387 do Có digo de Processo Penal, que passou a prever a fixaçã o de valor
mínimo de reparaçã o de danos por ocasiã o da sentença condenató ria. Apesar de certa
divergência doutriná ria, o STJ já possui jurisprudência pacífica no sentido de que a
indenizaçã o prevista no dispositivo contempla as duas espécies de dano: material e
moral.
Desse modo, o pedido expresso do Ministério Pú blico ou da parte ofendida é
suficiente, ainda que nã o haja a indicaçã o do valor específico, para que o magistrado
fixe o valor mínimo de reparaçã o pelos danos morais, sem prejuízo de que a pessoa
interessada promova pedido complementar no â mbito cível, situaçã o em que será
necessá rio produzir prova para a demonstraçã o dos danos sofridos.
Em relaçã o a essa dispensa da produçã o de prova em situaçõ es de violência
doméstica, afastando a jurisprudência já consolidada no STJ, há de se ressaltar que a
Lei passou a permitir que um juízo ú nico possa decidir sobre quantificaçõ es que estã o
relacionadas à dor, ao sofrimento e à humilhaçã o da vítima, que derivam da pró pria
prá tica criminosa e, portanto, possuem difícil mensuraçã o e comprovaçã o.
Portanto, concluiu a nova tese firmada pelo STJ, que basta exigir como prova,
mediante o respeito à s regras do devido processo penal, do contraditó rio e da ampla
defesa, o pró prio pedido de condenaçã o, porque, uma vez demonstrada à agressã o à
mulher, os danos psíquicos dela derivados sã o evidentes.
A jurisprudência do STJ ao julgar dois recursos sobre o tema, o STJ decidiu, que nos
casos de violência contra a mulher praticada no â mbito doméstico, a indenizaçã o
mínima por dano moral independe de prova do sofrimento da vítima.
De acordo com a decisã o do STJ, isso significa que o dano moral na violência
doméstica passa a ser tido como presumido. A decisã o passará a orientar os tribunais
de todo o País no julgamento de casos semelhantes.
"VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO MÍNIMA. ART.
397, IV, DO CPP. PEDIDO NECESSÁRIO. PRODUÇÃO DE PROVA ESPECÍFICA. PRESCINDIBILIDADE. DANO IN RE
IPSA. RECURSO PROVIDO. 1. Para a fixação da reparação dos danos causados pela infração deve-se realizar
pedido expresso. 2. A produção de prova específica quanto à ocorrência e extensão do dano e a indicação
do valor pretendido a título de reparação, contudo, são dispensáveis, conforme entendimento firmado por
esta Corte no julgamento do Recurso Especial n. 1.675.874/MS, no qual firmou-se a tese de que"nos casos
de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo
indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida,
ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória". 3. Agravo regimental
provido para restabelecer a condenação por danos morais nos moldes arbitrados na sentença
condenatória."

V - DO DANO MORAL E SEU QUANTUM:


Dano moral é a lesã o a um interesse que visa à satisfaçã o ou gozo de um bem
extrapatrimonial juridicamente tutelado contido nos direitos da personalidade a
dignidade, o decoro, a intimidade, a incolumidade psíquica, tranquilidade ou atributos
das pessoas, o nome, a capacidade, o estado de família.
Por outras palavras, o dano moral está ínsito na ilicitude do ato praticado, decorre da
gravidade do ilícito em si, sendo desnecessá ria sua efetiva demonstraçã o, ou seja,
como já sublinhado: o dano moral existe in re ipsa .
Afirma Ruggiero: "Para o dano ser indenizá vel, 'basta à perturbaçã o feita pelo ato
ilícito nas relaçõ es psíquicas, na tranquilidade, nos sentimentos, nos afetos de uma
pessoa, para produzir uma diminuiçã o no gozo do respectivo direito." [...] (STJ, REsp
608.918/RS, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Turma, julgado em 20/05/2004, DJ
21/06/2004 p. 176).
Dessa forma, caso haja violaçã o de qualquer dos direitos mencionados, resta
plenamente configurado o dano moral.
As agressõ es e as frequentes ameaças perpetradas pelo Requerido causaram, além das
marcas pelo corpo, inú meras sequelas à incolumidade psicoló gica da Requerente.
Nas relaçõ es amorosas e nos casamentos, a ofensa à honra praticada por um dos
cô njuges (marido ou mulher) contra o outro pode ser fundamento para uma açã o de
separaçã o, divó rcio ou danos morais.
O cô njuge que agride o outro ou que acarreta danos psíquicos com sua conduta ao
parceiro, pratica ato contrá rio à lei e pode ser condenado ao pagamento de dano
moral ao outro.
Ratificando nossos entendimentos, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
estabeleceu que "é possível ao cô njuge (marido ou mulher) inocente postular
indenizaçã o a ser prestada pelo cô njuge culpado, quando os motivos de uma
separaçã o conjugal sã o de modo a causar grave dano moral. A agressã o física ou moral
acarreta ao injustamente agredido um dano, aliá s, muito mais relevante em se
tratando de pessoas tã o intimamente relacionadas como marido e mulher. E esse dano
moral deve ser ressarcido".
Cumpre salientar que dano moral, como é sabido, é todo sofrimento humano
resultante de lesã o de direitos da personalidade, cujo conteú do é a dor, o espanto, a
emoçã o, a vergonha, em geral uma dolorosa sensaçã o experimentada pela pessoa.
Consideremos, ainda, a hipó tese do cô njuge que difama o outro e a difamaçã o reflita
desastrosamente na reputaçã o do parceiro em sua atividade profissional ou vida em
sociedade. Tal atitude justifica nã o apenas o pedido de separaçã o ou divó rcio e, se for
o caso, a pensã o de alimentos, como ainda uma indenizaçã o do dano resultante da
injú ria.
Assim, considerando que a tutela da dignidade da pessoa humana é o fundamento
má ximo do ordenamento, nã o há como se negar o cabimento da indenizaçã o por
ofensas sofridas por um dos cô njuges, feita pelo outro.
Em relaçã o ao quantum da indenizaçã o fixada para a vítima depende de "ponderaçã o
das circunstâ ncias do caso concreto, entre outras, da gravidade do ilícito, da condiçã o
socioeconô mica da ofendida e do ofensor, indenizaçã o essa que poderá ser
complementada em açã o cível".
Sobre a importâ ncia da decisã o do TJDFT e da tese do STJ, ela expõ e: "É importante
que esta tese fixada pelo STJ seja bem conhecida pelos operadores do direito para que
o autor do delito seja responsabilizado pelos seus atos e sofra as consequências,
inclusive a financeira, com a fixaçã o do valor mínimo para reparaçã o do dano moral".
(GRIFO NOSSO)
Haja vista todo sofrimento sentido, o valor a ser pago por danos morais deverá ser de ,
levando-se em consideraçã o a excelente situaçã o financeira do Requerido.

VI - DO DIREITO:
Violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer açã o ou omissã o baseada
no gênero que lhe cause morte, lesã o, sofrimento físico, sexual ou psicoló gico e dano
moral ou patrimonial, conforme definido no artigo 5º da Lei , a Lei nº 11.340/2006.
A Lei 11.340/06 reza que:
"Art. 5º - Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com
ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo
independem de orientação sexual."

Nos casos de violência doméstica o Estado assegura proteçã o jurídica para coibir ou
atenuar o sofrimento sentido, e introduziu a possibilidade de reparaçã o por danos
morais, como forma de "amenizar" os danos a vítima.
"RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART. 1.036 DO CPC, C/C O ART. 256,
I, DO RISTJ). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO
MÍNIMA. ART. 397, IV, DO CPP. PEDIDO NECESSÁRIO. PRODUÇÃO DE PROVA ESPECÍFICA DISPENSÁVEL.
DANO IN RE IPSA. FIXAÇÃO CONSOANTE PRUDENTE ARBÍTRIO DO JUÍZO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O
Superior Tribunal de Justiça - sob a influência dos princípios da dignidade da pessoa humana ( CF, art. 1º, III),
da igualdade ( CF, art. 5º, I) e da vedação a qualquer discriminação atentatória dos direitos e das liberdades
fundamentais ( CF, art. 5º, XLI), e em razão da determinação de que"O Estado assegurará a assistência à
família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de
suas relações"(art. 226, § 8º) - tem avançado na maximização dos princípios e das regras do novo
subsistema jurídico introduzido em nosso ordenamento com a Lei n. 11.340/2006, vencendo a timidez
hermenêutica no reproche à violência doméstica e familiar contra a mulher, como deixam claro os verbetes
sumulares n. 542, 588, 589 e 600. 2. Refutar, com veemência, a violência contra as mulheres implica
defender sua liberdade (para amar, pensar, trabalhar, se expressar), criar mecanismos para seu
fortalecimento, ampliar o raio de sua proteção jurídica e otimizar todos os instrumentos normativos que de
algum modo compensem ou atenuem o sofrimento e os malefícios causados pela violência sofrida na
condição de mulher. 3. A evolução legislativa ocorrida na última década em nosso sistema jurídico evidencia
uma tendência, também verificada em âmbito internacional, a uma maior valorização e legitimação da
vítima, particularmente a mulher, no processo penal. 4. Entre diversas outras inovações introduzidas no
Código de Processo Penal com a reforma de 2008, nomeadamente com a Lei n. 11.719/2008, destaca-se a
inclusão do inciso IV ao art. 387, que, consoante pacífica jurisprudência desta Corte Superior, contempla a
viabilidade de indenização para as duas espécies de dano - o material e o moral -, desde que tenha havido a
dedução de seu pedido na denúncia ou na queixa. 5. Mais robusta ainda há de ser tal compreensão quando
se cuida de danos morais experimentados pela mulher vítima de violência doméstica. Em tal situação,
emerge a inarredável compreensão de que a fixação, na sentença condenatória, de indenização, a título de
danos morais, para a vítima de violência doméstica, independe de indicação de um valor líquido e certo pelo
postulante da reparação de danos, podendo o quantum ser fixado minimamente pelo Juiz sentenciante, de
acordo com seu prudente arbítrio. 6. No âmbito da reparação dos danos morais - visto que, por óbvio, os
danos materiais dependem de comprovação do prejuízo, como sói ocorrer em ações de similar natureza -, a
Lei Maria da Penha, complementada pela reforma do Código de Processo Penal já mencionada, passou a
permitir que o juízo único - o criminal - possa decidir sobre um montante que, relacionado à dor, ao
sofrimento, à humilhação da vítima, de difícil mensuração, deriva da própria prática criminosa
experimentada. 7. Não se mostra razoável, a esse fim, a exigência de instrução probatória acerca do dano
psíquico, do grau de humilhação, da diminuição da autoestima etc., se a própria conduta criminosa
empregada pelo agressor já está imbuída de desonra, descrédito e menosprezo à dignidade e ao valor da
mulher como pessoa.
8. Também justifica a não exigência de produção de prova dos danos morais sofridos com a violência
doméstica a necessidade de melhor concretizar, com o suporte processual já existente, o atendimento
integral à mulher em situação de violência doméstica, de sorte a reduzir sua revitimização e as
possibilidades de violência institucional, consubstanciadas em sucessivas oitivas e pleitos perante juízos
diversos.
9. O que se há de exigir como prova, mediante o respeito ao devido processo penal, de que são expressão o
contraditório e a ampla defesa, é a própria imputação criminosa - sob a regra, derivada da presunção de
inocência, de que o onus probandi é integralmente do órgão de acusação -, porque, uma vez demonstrada a
agressão à mulher, os danos psíquicos dela derivados são evidentes e nem têm mesmo como ser
demonstrados.
10. Recurso especial provido para restabelecer a indenização mínima fixada em favor pelo Juízo de primeiro
grau, a título de danos morais à vítima da violência doméstica. TESE: Nos casos de violência contra a mulher
praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de
dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada
a quantia, e independentemente de instrução probatória.
(STJ - REsp: MS 2016/, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 28/02/2018, S3 -
TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 08/03/2018)."

A Convençã o Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a


Mulher, "Convençã o de Belém do Pará ", entende que a violência contra a mulher
abrange a violência física, sexual e psicoló gica, podendo ocorrer tanto no â mbito da
família ou unidade doméstica ou em qualquer relaçã o interpessoal, quer o agressor
compartilhe, tenha compartilhado ou nã o a sua residência, incluindo-se entre outras
formas, o estupro, maus tratos e abuso sexual; ocorrida na comunidade e cometida
por qualquer pessoa, incluindo, o estupro, abuso sexual, tortura, trá fico de mulheres,
prostituiçã o forçada dentre outras; perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus
agentes, onde quer que ocorra.
"A Recomendação Rec (2002) nº 5 do Conselho da Europa afirma que a violência contra a mulher é a
violência perpetrada na família e no lar, e nomeadamente as agressões de natureza física ou psíquica, os
abusos de natureza emocional e psicológica e o abuso sexual, o incesto, a violação entre cônjuges, parceiros
habituais, parceiros ocasionais ou co - habitantes, os crimes cometidos em nome da honra, a mutilação de
órgãos genitais ou sexuais femininos, bem como outras práticas tradicionais prejudiciais às mulheres, tais
como os casamentos forçados; a violência perpetrada pela comunidade em geral, nomeadamente a
violação, o abuso sexual, o assédio sexual e a intimidação no local de trabalho, nas instituições ou em outros
locais, o tráfico de mulheres com fim de exploração sexual e econômica bem como o turismo sexual; a
violência perpetrada ou tolerada pelo Estado ou os agentes do poder público; a violação dos direitos
fundamentais das mulheres em situação de conflito armado, particularmente a tomada de reféns, a
deslocação forçada, a violação sistemática, a escravatura sexual, a gravidez forçada e o tráfico com o fim de
exploração sexual e econômica."
A violência doméstica praticada contra a mulher é um concreto exemplo de violaçã o
da dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais. Tã o verdade é, que a
recente lei 11.340 de 07/08/2006 (Lei ), teve de se adequar aos documentos
internacionais de proteçã o aos direitos das mulheres, em seu artigo 6º, onde afirma
taxativamente que:
"Art. 6º - A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos
humanos."
"Violência doméstica. Lei Maria da Penha. Violação de direitos humanos. Ameaça. Absolvição.
Impossibilidade. Palavra da vítima. Conjunto probatório harmônico. Recurso não provido. A violência
doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos (art. 6º da
Lei 11.340/2006), daí porque o reconhecimento da violência baseada no gênero como violação de direitos
humanos impõe a adoção de um novo paradigma para orientar as respostas que o Estado deve dar para
esse problema social, punindo os agressores, promovendo os direitos das mulheres em situação de violência
doméstica. Há que se ter presente nos casos levados a juízo, que a violência doméstica, histórica e
injustamente aceita por nossa sociedade, se verifica com a imposição da hegemonia e preponderância do
agente sobre a vítima, pela chamada" assimetria de poder ", que ocorre basicamente de cinco formas: a)
física;
b) psicológica; c) sexual; d) patrimonial; e, e) moral (art. 7, I a V, Lei 11.340/2006). A palavra da vítima em
crime cometido no âmbito familiar é prova suficiente para manter a sentença condenatória, especialmente
quando harmônica com a prova e apta a evidenciar que o réu agiu na forma da conduta típica prevista pela
qual foi condenado, tornando-se desarrazoada a tese de fragilidade probatória.
(TJ-RO - APL: 10020498520178220010 RO 1002049-85.2017.822.0010, Data de Julgamento: 20/03/2019,
Data de Publicação: 27/03/2019)."

Esta satisfatoriamente demonstrada a veracidade dos fatos pelos documentos


anexados pela Requerente - decisã o deferindo medida protetiva e B.O.
Ainda, a situaçã o retratada nos autos extrapola as circunstancias naturais da vida,
como o simples termino de um relacionamento conjugal, uma vez que se cuida, aqui,
de agressõ es físicas e morais, situaçã o a qual nenhum ser humano deveria ser
submetido.

VII - DOS PEDIDOS:


Diante do exposto, requer:
Sejam concedidos os benefícios da Assistência Judiciá ria Gratuita, nos termos dos
artigos 98 e seguintes do CPC/2.015 e das Leis 1.060/50 e 1.115/83, conforme
declaraçã o anexa, por ser a requerente pessoa pobre na acepçã o legal do termo,
declaraçã o em anexo, com isençã o de custas, despesas processuais e ô nus
sucumbenciais porventura existentes;
Condenar o Requerido ao pagamento de , a título de indenizaçã o por danos morais no
â mbito da violência doméstica;
A citaçã o do REQUERIDO, para os fins pertinentes, sob as penas da lei de acordo com o
artigo 319, VII do Có digo de Processo Civil;
A produçã o de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental e a
testemunhal;
A intimaçã o do ilustre representante do Ministério Pú blico para intervir no feito ad
finem;
A condenaçã o do Requerido ao pagamento de custas e honorá rios advocatícios em
20% (vinte por cento) sobre o valor atualizado da causa.
Dá -se a causa o valor de .
Termos em que,
Pede deferimento.
Sã o José do Rio Preto, 19 de dezembro de 2019.

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