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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA

CRIMINAL DO ESTADO XXXX.

Processo nº:

MATEUS _____________, __________ (nacionalidade), ____________ (estado civil),


_________ (profissão), cadastrado no CPF sob o nº __________, portador do RG nº
__________, residente e domiciliado na _________________, vem, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, por meio de seu procurador abaixo assinado, segundo instrumento de
mandato em anexo, com fulcro no Art. 5 º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, apresentar

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

pelas seguintes razões de fato e direito:

DA TEMPESTIVIDADE

O prazo para apresentação da presente peça é de 10 dias a partir da citação do acusado,


conforme o Art. 396, do Código de Processo Penal.
Tendo em vista que a citação do acusado foi efetivada em 18/11/2016, tem-se que o último
dia para o oferecimento da peça cabível seria o dia 28/11/2016.

DOS FATOS

O mérito da denúncia trata-se de suposta prática dos delitos de Estupro de Vulnerável,


enquadrado no Art. 217-A, §1º, c/c art.234-A, III, todos do Código Penal.
Segundo consta da denúncia, o acusado teria se dirigido à residência de Maísa, suposta
vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol. Naquela ocasião, o acusado teria
aproveitado do fato de estar a sós com Maísa, para a constranger a manter com ele conjunção
carnal. A acusação afirma que o autor não se valeu de violência ou de grave ameaça para
constranger a vítima a com ele manter conjunção carnal, alega, entretanto, que o denunciando
haveria se aproveitado do fato de Maísa ser incapaz de oferecer resistência, sob justificativa
que é deficiente mental, incapaz de reger a si mesma.
Apesar de não comprovado, a denúncia foi recebida indevidamente e merece ser revista,
uma vez que o denunciado mantinha relações constantes e consentidas, com a vítima, sua
namorada, maior de idade e absolutamente capaz, conforme passa a demonstrar.

DO CRIME IMPUTADO

O crime de Estupro de Vulnerável, previsto no Art. 217-A do Código Penal, exige


expressamente a presença de dois elementos para a configuração do crime:
1) Conjunção Carnal ou Ato libidinoso

2) Vítima menor de 14 anos ou alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,


não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência.
No entanto, tais elementos não restam comprovadamente caracterizados.
Apesar do fato conjunção carnal ter ocorrido, comprovada por exame de corpo de delito, a
vítima é maior de idade, atualmente conta com 19 (dezenove) anos, e além disso, é
completamente capaz, não possuindo enfermidade ou deficiência mental, o que foi alegado
pela acusação sem, entretanto, a presença de provas.
A vítima não é deficiente mental, e que já mantinha um relacionamento com o acusado
havia algum tempo. Inclusive, a avó materna e a mãe do acusado, que moram com ele, sabiam
do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas.
Vale ressaltar, ainda, que a vítima não quis dar ensejo à ação penal, tendo o promotor agido
por conta própria. Não havendo qualquer prova da debilidade mental da vítima, tem-se que esta
pode comparecer para depor em juízo e confirmar as alegações aqui presentes.

DO MÉRITO DA ABSOLVIÇÃO NECESSÁRIA

Não tendo sido o ato praticado mediante violência ou grave ameaça e não sendo a vítima
deficiente mental ou incapaz de oferecer resistência, não é possível o enquadramento da
conduta em nenhuma típica do Código Penal, sendo plenamente normal e socialmente aceito
entre namorados, como se caracteriza a relação do denunciado com a vítima.

DA POSSIBILIDADE DE APELAR EM LIBERDADE

Na busca pelo caráter ressocializador da pena, a justiça deve trabalhar para aplicar aquilo
que se coaduna com a realidade social.
Hoje, infelizmente, o sistema prisional brasileiro é cercado de incertezas sobrre a
verdadeira função de ressocialização dos indivíduos, tratando-se, muitas vezes de uma
verdadeira “escola do crime”.
Com base no princípio da presunção de inocência, previsto no Art 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal, requer o denunciado que responda ao processo em liberdade até o
trânsito em julgado, tendo em vista as circunstâncias do fato (Art. 282, II, CPP) que, ainda
existente, não configura crime algum.

DOS PEDIDOS

1) A absolvição do denunciado MATHEUS ___________, pela inexistência de crime, tendo


em vista a não comprovação da tipicidade da conduta, nos termos do Art. 386, III, do CPP;

2) Caso não seja este o entendimento deste Douto Juízo, que seja absolvido por não existir
prova suficiente para a condenação (Art.386, VII do CPP), vez que não foi comprovada
violência, grave ameaça ou, ainda, a incapacidade da suposta vítima em oferecer resistência;

3) A produção de provas testemunhais, com a intimação das testemunhas abaixo arroladas,


inclusiva vítima, para depor em juízo.

Nestes termos,
Pede deferimento

LUA CHIARA GOMES BEZERRA


OAB 000000

Rol de testemunhas:
- Olinda;
- Alda;
- Maísa.

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