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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1° VARA CRIMINAL DA COMARCA DE

BACABAL-MA
PROCESSO N° 08082306720238100024

KLINGER ALMEIDA SANTOS, brasileiro, nascido aos 02/09/1970, portador do RG nº


036082712008-1 SSP/MA, inscrito no CPF sob o nº 334.935.103-49, filho de Pedro Raimundo dos Santos
e Raimunda Almeida Santos, residente na Avenida 2, nº 26, Cohab I, Bacabal/MA., que lhe move a
JUSTIÇA PÚBLICA, juridicamente em causa própria, devidamente constituído nos autos “in fine”, vem,
no prazo legal, perante Vossa Excelência com o devido acato e respeito de estilo, apresentar dentro do prazo
legal RESPOSTA À ACUSAÇÃO com fundamento no artigo 396 e 396-A ambos do Código de Processo
Penal pelas motivações fáticas e jurídicas a seguir expostas:

FATOS
Consta do Inquérito Policial que, no dia 24 de outubro de 2023, por volta das 08h30min, nesta
cidade, o denunciado acima qualificado, no ceio da relação familiar, possivelmente ameaçou causar mal
injusto e grave contra sua sobrinha, Laryssa Lourdes dos Santos Amorim.

Infere-se dos autos que, no dia e hora supracitados, a irmã do denunciado, Klingirleane, estava
em casa, na companhia da genitora e de KLINGER, quando ele, possivelmente proferiu injúrias,
chamando-a de “rapariga, puta e vagabunda”.

Ato contínuo, Klingirlene foi para seu quarto e teve impressão que o irmão falou alterado com
a genitora, momento em que a suposta vítima Laryssa chegou na residência e também foi injuriada pelo
denunciado.

Diante disso, a vítima Laryssa, temendo por sua integridade física, acionou a Polícia Militar,
que se fez presente no local, deu voz de prisão a KLINGER e o conduziu à Delegacia de Polícia.

Ao ser interrogado em sede policial, o denunciado negou a imputação que recai sobre si.

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DIREITO

DO INQUERITO POLICIAL

Excelência, na verdade, o inquérito policial pela sua própria essência inquisitorial, parcial e unilateral,
raríssimas vezes produzirá matéria ou subsídios capazes de embasar eventual tese defensiva, levando-se
em conta que o indiciado não representa ali, uma entidade apta a exercer qualquer atividade de defesa e
construir eventual prova que lhe favoreça. Tanto é verdade que o inquérito policial, continua tendo como
principal objetivo a investigação da autoria e materialidade e demais circunstâncias capazes de formar o
opinio delicti para que o titular da ação penal possa exercê-la. Ora Excelência, como enfrentar o mérito
nesta fase processual, se todas as diligências realizadas pela polícia judiciária visaram criar terreno
propício à cultura da pretensão condenatória da acusação oficial? O que o tempo vem demonstrando é
que a maioria esmagadora das respostas à acusação ou defesas preliminares continua tendo o mesmo
efeito da antiga e inofensiva defesa prévia, com caráter meramente formal, ausente de conteúdo probante,
cuja única finalidade é enfrentar eventuais questões processuais e arrolar testemunhas. Esta afirmação se
baseia na experiência do cotidiano forense, que de forma majoritária professa pela presunção de culpa
exagerada à pessoa do imputado, antecipando um julgamento e criando indiscutível clima de prévia
condenação.

DA ATIPICIDADE POR FALTA DE DOLO ESPECÍFICO - CRIME DE AMEAÇA COMETIDO


EM SITUAÇÃO DE IRA E DESCONTROLE EMOCIONAL.

O crime de ameaça exige que dolo específico da ação, isto é, que o agente, no momento que
proferiu as promessas de “mal injusto” almejava de fato gerar dano psíquico na vítima.

Nos casos de ameaças proferidas em situação grande nervosismo, ira e descontrole


emocional, se for demonstrado a ausência de dolo específico no cometimento crime (objetivo de
obter o resultado), será afastado atipicidade da ação.

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Desse modo, caso não haja a intenção do agente ameaçar a vítima, e a promessa fora proferida
em momento de descontrole emocional ou ira, o fato será atípico, devendo gerar a absolvição nos termos
do inciso III do art. 386 do CPP, visto a inexistência de crime de ameaça na modalidade culposa.
Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

APELAÇÃO CRIME. AMEAÇA. ART. 147 DO CP. ATIPICIDADE


DA CONDUTA. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA MANTIDA. Não se
reveste de tipicidade penal a conduta do réu que profere ameaça
sem concretude, em momento de alteração anímica, provocada
pelo próprio policial que atirou em seu cachorro, e que sequer
referiu ter se sentido intimidado. RECURSO MINISTERIAL
DESPROVIDO. (Recurso Crime Nº 71002544534, Turma Recursal
Criminal, Turmas Recursais, Relator: Cristina Pereira Gonzales,
Julgado em 10/05/2010) [Grifei]
RECURSO CRIME. AMEAÇA. ART. 147, CAPUT, DO CP.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. SENTENÇA CONDENATÓRIA
REFORMADA. O crime de ameaça não se configurou na espécie,
em que a afirmação foi proferida no calor de uma discussão, não
se verificando a ocorrência de promessa séria de mal futuro e grave,
mas mero desabafo ou bravata, que não correspondem à vontade de
preencher o tipo penal. RECURSO PROVIDO. (Recurso Crime Nº
71002437036, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator:
Cristina Pereira Gonzales, Julgado em 15/03/2010) [Grifei]
Deve ser destacado, que a matéria é controvertida e não está pacificada
nos tribunais e pela doutrina. A defesa deve sustentar a tese, mas com
prudência, e de certo não pode ser a única a ser alegada. Na doutrina,
Cezar Roberto Bitencourt explica que o estado de ira, de raiva ou de
cólera não exclui a intenção de intimidar, e, portanto, não afastaria a
ocorrência do crime. Vejamos:
“Ao contrário, a ira é a força propulsora da vontade de intimidar.
Ademais, é incorreta a afirmação de que a ameaça do homem irado não
tem possibilidade de atemorizar, pois exatamente por isso apresenta
maior potencialidade de intimidação, pelo desequilíbrio que o estado
colérico pode produzir em determinadas pessoas. Aliás, não raro os
crimes de ameaça são praticados nesses estados. E exatamente o estado
de ira ou de cólera é o que mais atemoriza o ameaçado.”[1]

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Por Conseguinte, se faz imperisoso destacar que, as medidas protetivas que estão vigentes no presente caso,
afasta toda e qualquer possibilidade de reiteração delitiva do acusado, pois acusado e vitima residiam no
mesmo lar, e em respeito das medidas protetivas impostas, o acusado não mora mais na casa da sua genitora,
não tendo nenhum tipo de contato com a vitima, onde de forma clara e inequivoca essa ação traz um cenario
de paz e tranquilidade, precluindo de forma logica os motivos hora externados em sede de denuncia
ministerial, desta feita é justo e necessario o encerramento do pleito porcessual.

DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:
requer a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do denunciado KLINGER ALMEIDA SANTOS e a TOTAL
IMPROCEDÊNCIA da denúncia, com fundamento no artigo 397, inciso III, do Código de Processo
Penal, visto que o crime imputado padece de dolo, portanto não constituindo crime;

Caso não seja este o entendimento deste Douto Juiz, a absolvição ainda é medida que se impõe conforme
o artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal e assim aplicado o princípio do “in dubio pro reo”;

Protesta provar a inocência do acusado por todos os meios em direito admitidos.

Neste Termos,
Pede e espera deferimento.
Bacabal 10 de Dezembro de 2023
PEDRO NETHO DOS SANTOS AMORIM
ADVOGADO/OAB MA 26.819

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