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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO

O MINISTÉRIO PÚBLICO, por seus Promotores de Justiça que se


subscrevem, no uso de suas atribuições constitucionais
(art. 129, I, CRFB/88) e legais (art. 41 do CPP), em face
do Inquérito Policial registrado sob no. 2007/2020, vem,
respeitosamente, perante este insigne Juízo, oferecer

DENÚNCIA

Contra KELY CRISTINA, brasileira, solteira, natural de SÃO


PAULO, nascido em 2/3/2000, com 20 (vinte) anos de idade,
desempregada, órfã, RG 7465923, sem endereço fixo, pelos
seguintes fatos:

Consta no aludido Inquérito Policial baixado nesse Juízo


sob os autos que, no dia 20 de julho de 2020, a denunciada,
dois anos após o cumprimento de sua pena pelo crime
previsto no Art. 155, Código Penal , Kely Cristina
ingressou em uma farmácia e pediu de modo agressivo para
que à atendente lhe desse uma barra de cereal, a qual se
recusou por ausência de pagamento da ré. Após a recusa
desta, Cristina lhe desfere um soco no rosto de modo
intencional causando uma grave lesão no rosto da vítima,
causando pânico para a mesma é os demais que ali se
encontravam, logo após utilizou se de uma navalha de
barbearia o qual estavam em sua posse como meio de ameaça
é intimidação dos que estavam ali presentes no recinto,
colocando em risco a integridade física da vítima é demais.
A mesma apropriou-se dá barra de cereal exposta no
estabelecimento, momento no qual é presa em fragrante por
um policial “a paisana” que encontrava se em seu horário de
folga com sua família no referido estabelecimento.

Após os fatos apresentados anteriormente, a mesma foi


encaminhada para a 12° Delegacia de Furtos e Roubo da
cidade de SÃO PAULO, para proceder-se às oitivas da vítima,
testemunhas e interrogado o acusado na Delegacia de Polícia
Civil. Durante o interrogatório à ré confessou a pratica
dos crimes é negou se a responder quaisquer outras
perguntas feitas pelo delegado responsável, veja-se:

“Dr., o Sr. sabe o que é viver na


rua e não ter o que comer? Se
prostituir porque é a única forma
de sobreviver? Ou, simplesmente,
ser descartada depois de velha e
todos te olharem como indigente?
Se nunca teve que passar por isso,
então não me venha com essa
baboseira e com perguntas
idiotas”.

Por conseguinte, em face das provas testemunhais,


induvidosa, a subtração de coisa move alheia da vítima é o
emprego de violência para assegurar a posse do mesmo, daí a
materialidade do crime de roubo próprio, consumado,
subsumindo-se a hipótese dos autos à situação prevista no
CP, 157, parágrafo, 2º, inc. VII.
O delito de roubo consiste na subtração, para si ou
para outrem, de coisa alheia móvel, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Necessário, portanto, que o detentor perca o poder de
guarda da coisa e a disponibilidade física da mesma. O
objeto da tutela penal é a posse, seja qual for a sua
origem, pouco importando que a ela se encontre reunido o
direito de propriedade ou qualquer outro direito.

Para consumação do roubo é irrelevante a restituição


do objeto subtraído, pois o que importa é a subtração da
coisa alheia e que isto tenha ocorrido mediante violência
ou ameaça, consumando-se o delito no momento em que o
agente se torna possuidor da res subtraída mediante grave
ameaça ou violência.

Desta feita, os fatos e provas colhidas é induvidosa acerca da


materialidade e da autoria do crime de roubo, majorante pelo uso de arma
branca.

Por fim, a acusada tem propensão à criminalidade, o que é


demonstrado pela reincidência genérica de fatos.
 
“A REINCIDÊNCIA E OS MAUS
ANTECEDENTES PODEM COEXISTIR, DESDE
QUE FUNDADOS EM CONDENAÇÕES
DISTINTAS E TRANSITADAS EM JULGADO.
"2 O uso de condenações distintas
para caracterizar maus antecedentes
e reincidência não configura bis in
idem, nem viola a Súmula 241/STJ.
(...)
Doutrina e jurisprudência admitem o
uso de condenações definitivas
distintas para caracterizar os maus
antecedentes e a reincidência, sem
caracterizar bis in idem, nem violar
a Súmula 241/STJ." (APR
20150110093863)”

III - DO PEDIDO

ISTO POSTO, o Órgão Ministerial requer a procedência


total do pedido inaugural, com a CONDENAÇÃO do Acusado como
autor do crime tipificado no CP, 157, parágrafo, 2º, inc.
VII.

E. deferimento.

São Paulo, 06 de Maio de 2023

Promotoria de Justiça

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