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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA VARA

ESPECIALIZADA NO COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A


MULHER DA COMARCA DE ARAGUAÍNA, ESTADO DO TOCANTINS.

Autos nº 0024392-75.2021.8.27.2706

Chave nº 581020137721

Medidas Protetivas de Urgência

ADRIANA AMANCIO DA SILVA, já qualificada nos autos em epígrafe,


relativos a MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA pleiteadas em desfavor de SAMUEL
GOMES CAMPOS, também qualificado nos autos supra, com tramitação nesta Vara
Especializada, assistida pela DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO TOCANTINS,
por seu órgão de execução a Defensora Pública subscritora, no cumprimento de
suas atribuições legais e constitucionais, vem à presença de Vossa Excelência
especialmente para expor e requerer o que se segue:

Tratam os autos de medidas protetivas de urgência pleiteadas pela


vítima, após a prática pelo requerido de atos típicos de violência doméstica e
familiar previstos na Lei nº 11.340/06 (evento n° 01).

Embora concedidas as medidas protetivas à vítima, o requerido


demonstrando não deter qualquer tipo de respeito para com à ex-companheira,
bem como as decisões deste Juízo, tem de forma reiterada descumprido as
Medidas de Proteção que lhe foram impostas nos autos.

Como consequência dos atos de descumprimento praticados, fora


determinado ao requerido o pagamento de multa por cada nova conduta a tal
título por ele praticada no importe de R$ 1.000,00 (mil reais) até o limite de R$
7.000,00 (sete mil reais), conforme infere-se da decisão do evento n° 24.

Avenida Filadélfia, n° 2.835, Jardim América, Araguaína/TO. Telefone de Contato: (63) 3228-8225.
Não obstante as novas determinações deste Juízo, após ser intimado da
multa que lhe fora imposta (evento nº 27), o requerido praticou novo ato de
descumprimento, conforme Boletim de Ocorrência juntado no evento n° 36 dos
autos.

Pois bem.

Excelência verifica-se que o requerido não tem respeitado as decisões


deste Juízo, continuando a praticar em sede de descumprimento de medidas
protetivas de urgência atos de violência psicológica e patrimonial em desfavor da
vítima, mesmo ciente das consequências derivadas de sua conduta.

Tem-se, como bem se observa do boletim de ocorrência em anexo no


evento nº 36 deste feito, que o requerido, buscando intimidar a vítima e a
compelir a deixar o imóvel que anteriormente era utilizado para moradia comum
das partes, em que ela atualmente reside com a filha de apenas 10 (dez) anos de
idade de união anterior, compareceu a BRK, concessionária fornecedora de água e
solicitou a retirada do hidrômetro do imóvel referido.

Em razão de tal conduta, a autora encontra-se sem água em sua


residência desde a data de 22/06/2023, estando a depender da ajuda de amigos e
parentes para poder juntamente com sua filha tomar banho e realizar outras
necessidades básicas que dependem do fornecimento de água.

Estabelece a Lei nº 11.340/06:

Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher,


entre outras:

[...]

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe


cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto,

Avenida Filadélfia, n° 2.835, Jardim América, Araguaína/TO. Telefone de Contato: (63) 3228-8225.
chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. (grifamos).

Quanto a violência psicológica bem aponta Maria Berenice Dias:1

A violência psicológica consiste na agressão emocional, que é tão ou


mais grave que a violência física. O comportamento típico se dá quando
o agente ameaça, rejeita, humilha ou discrimina a vítima. Demonstra
prazer quando a vê sentir-se amedrontada, inferiorizada e diminuída. É
o que se chama de a vis compulsiva.

A violência psicológica deixa dores na alma. Por isso suas conseqüências


são mais gravosas. Muitos companheiros se utilizam de xingamentos,
palavras depreciativas para reduzir suas companheiras a uma condição
inferior, enquanto ele se coloca em um patamar de superioridade.

A violência psicológica está relacionada a todas as demais modalidades


de violência doméstica. Sua justificativa encontra-se alicerçada na
negativa ou impedimento da mulher de exercer sua liberdade e condição
de alteridade em relação ao agressor.

Diante de todo o exposto, a Defensoria Pública requer:

a) Seja o requerido intimado para tome imediatamente as providências necessárias


para o restabelecimento do fornecimento de água no imóvel em que reside a
requerente e sua filha, responsabilizando integralmente pelos ônus que advenham
de tal;

b) Seja oficiada à empresa BRK encaminhando-se cópia da decisão quanto ao


requerimento retromencionado, em especial para que restabeleça imediatamente o
fornecimento de água no imóvel em que reside a autora;

c) Seja o requerido intimado para efetuar o pagamento da quantia de R$ 1.000,00


(mil reais) referente a multa por descumprimento da decisão de Medidas Protetivas

Lei Maria da Penha. A efetividade da Lei nº 11.340/2006 de combate à violência doméstica e familiar contra a
1

mulher.

Avenida Filadélfia, n° 2.835, Jardim América, Araguaína/TO. Telefone de Contato: (63) 3228-8225.
de Urgência deferidas em prol da vítima por este Juízo, conforme decisão do
evento nº 24;

d) Seja determinado que o requerido se abstenha de praticar qualquer novo ato de


violência patrimonial que atinja o imóvel em que reside a vítima, compreendendo-
se:

1) manter íntegros os fornecimentos de água e energia do imóvel;

2) se abstenha de celebrar qualquer ato ou contrato de compra, venda e locação


do imóvel comum;

e) Sejam as medidas protetivas deferidas nos autos mantidas em sua


integralidade, com o acréscimo das medidas pleiteadas no item “d” da presente;

f) Sejam os autos encaminhados ao Ministério Público para providências que


entender pertinentes quanto à possível prática pelo requerido de crime previsto
no artigo 24-A da Lei n° 11.340/06;

g) seja determinado o aumento da multa estabelecida por descumprimento das


MPU nestes autos, sem prejuízo da decretação de medidas mais severas que se
revelem necessárias para cumprimento pelo requerido das decisões prolatadas em
seu desfavor por este Juízo.

Nestes termos,

Pede Deferimento.

Data e hora da movimentação processual.

KARINE CRISTINA BIANCHINI BALLAN

DEFENSORA PÚBLICA

Avenida Filadélfia, n° 2.835, Jardim América, Araguaína/TO. Telefone de Contato: (63) 3228-8225.

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