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JUSTIÇA GRATUITA.

A requerente, por razão de insuficiência de recursos, não possui condições


de pagar as custas, despesas processuais e os honorários advocatícios, e
faz jus à gratuidade da justiça, conforme dispõe o art. 98 do Código de
Processo Civil.
Nos termos do §3º do art. 99 do Código de Processo Civil, presume-se
verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural. In fine, a requerente não possui condições de arcar com as
custas do processo, requerendo assim, o deferimento de concessão dos
benefícios da gratuidade judicial, conforme avaliado e deferido já pela
equipe de triagem da Defensoria Pública.
DOS FATOS
A requerente e o requerido contraíram núpcias com o termos da cópia da
certidão de casamento anexa.
O convívio com cônjuge se tornou difícil, hostil e insuportável, a
requerente sofre com insultos, agressões psicológicas, ameaças e coações
morais, logo, o comportamento do “ex-companheiro” lhe impõe medo,
colocando em cheque sua integridade física, psicoemocional, moral, como
pessoa humana, como mulher, mãe e afetando até o seu exercício
profissional.
Tais fatos de agressão comprovados pelo laudo policial em anexo.
Ainda com a narrativa dos fatos citados e comprovados por documentos
fica simples entender pelo fim deste casamento, restando indubitável a
decisão da autora quanto a dissolução da união civil, não existindo meios
para reconciliação ou manutenção do conúbio.
O litígio se faz necessário pela indisposição do cônjuge em fazê-lo de
maneira consensual.
Nos moldes dos artigos 226, § 6º da Carta Magna, 1.571, inciso IV do
Código Civil e 2º, III e IV da lei 6.515/77, estes asseguram faculdade as
partes para rescindirem o casamento civil, vejamos:
Art. 226 - CF/88. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada
Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010).
Art. 1.571 – CC/02. A sociedade conjugal termina:
(...)
IV - pelo divórcio.
Diante do exposto, a dissolução do enlace conjugal é o que cabe, bem
como, os seus efeitos relativos aos deveres de coabitação, fidelidade
recíproca, fim do regime matrimonial de bens e de utilização do nome do
cônjuge.
A requerente já cansada e esgotada desta situação, e envergonhada pelo
que vem passando busca através da tutela jurisdicional do estado a
dissolução litigiosa da união civil, pela indisposição do requerido em fazê-
lo pela via amigável.
Assim, é mister, o divórcio, medidas protetivas e o afastamento do
cônjuge requerido da casa onde coabitam.
Na Constância do casamento, a requerente e o requerido adquiriram uma
casa financiada (descrição da casa), saldo em conta corrente (descrição do
banco conta e valor),e uma motocicleta BIZ (descrição da moto)(CDHU),
no qual ainda não está quitada.
O casal vieram a separar-se em ************.
Insta observar que não houve um acordo amigável entre as partes sobre a
dissolução do vínculo, nem sobre a divisão dos bens obtidos na Constância
do casamento.

DA TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA, CONCEDIDA LIMINARMENTE


INAUDITA ALTERA PARTES, DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE
AFASTAMENTO DO CÔNJUGE DO LAR, LIMITE MÍNIMO DE DISTÂNCIA E
PROIBIÇÃO DE FREQUENTAR DETERMINADOS LUGARES.

O comportamento hostil, os insultos, as agressões psicoemocionais, as


coações morais e ameaças, impõem na requerente grande medo,
colocando em cheque sua integridade sob os diversos aspectos,
impossibilitando a coabitação e a proximidade no intuito de debater sobre
assuntos pessoais dos litigantes.
As evidências dos fatos narrados pela autora que ocorrem no campo
doméstico e familiar se encaixam perfeitamente nas formas de violência
previstas na lei 11.340/2006, no artigo 7º e incisos II e V, respectivamente
psicológica e moral.
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher,
entre outras:
(...)
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe
cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou
controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer
outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação;
(...)
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure
calúnia, difamação ou injúria.
Consoante a violência é necessário a imposição de medidas protetivas de
urgência que visam a proteção dos bens tutelados pela Constituição e lei
Maria da Penha, estas providências atingem a garantia de integridade da
mulher no âmbito familiar e doméstico, podendo o dispositivo ser
utilizado em sede de tutela de urgência, seja no procedimento civil e/ou
penal.
A concessão da tutela provisória trata-se de técnica processual usada para
abrandar os efeitos do tempo que levaria para a consecução da efetiva
tutela judicial definitiva, por meio da qual, antecipa-se de forma
provisória, o gozo antecipado e imediato dos efeitos da tutela pretendida.
Vale ressaltar que a cognição para a concessão desta tutela é sumária e
que, por ser provisória, será substituída por uma tutela definitiva ao fim
do processo, que a confirme, revogue ou modifique.
No caso em tela a concessão da tutela antecipada dos artigos 300 a 302 do
CPC em vigor, para imposição das medidas protetivas especificamente as
do artigo 22, incisos II e III nas alíneas a e c da lei 11.340/2006, em caráter
liminar, é necessária.
Restando preenchidos os requisitos da tutela antecipada, ou seja, o direito
a manutenção de sua integridade, o perigo iminente de continuar a sofrer
violência psicológica e moral, podendo estas progredirem pra física, sexual
ou alcançar um resultado mais danoso.
Corrobora com o pedido de urgência, os grifos doutrinário abaixo
mencionado:
O pedido de medida de proteção de urgência (MPU) deve ser
compreendido como direito de ação, como nova tutela inibitória, a ser
processada conforme o rito do artigo 273, CPC/73, podendo inclusive
resultar em provimento de natureza mandamental.
As MPUs não tem natureza de cautelar penal, pois além de ser deferida
por juízo com competência híbrida (cível e penal) seus efeitos persistem
ainda que inexista persecução penal, o que garante plena e eficaz
proteção à mulher.1
A literatura é contundente acerca da natureza jurídica das medidas
protetivas e da necessidade prática de proteger a mulher, de fazer cessar
a violência, inibir a reiteração violenta e prevenir novos casos ou a
progressão dos tipos de violência, observemos o autor:
1 DINIZ, ANAÍLTON M. DE SÁ, Medidas protetivas de urgência: Natureza
jurídica, reflexos procedimentais, ano de publicação 2014. Disponível em:
http://tmp.mpce.mp.br/nespeciais/promulher/artigos/Medidas
%20Protetivas%20de%20Urgencia%20-%20Natureza%20Jur%C3%Addica
%20-%20Anailton%20Mendes%20de%20Sa%20Diniz.pdf, acesso em
21.08.2016.
Outrossim, não se pode deixar de citar a jurisprudência abaixo como
exemplo de aplicação da lei e garantia dos direitos
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER.
MEDIDAS PROTETIVAS DA LEI N. 11.340⁄2006 (LEI MARIA DA PENHA).
INCIDÊNCIA NO ÂMBITO CÍVEL. NATUREZA JURÍDICA. DESNECESSIDADE
DE INQUÉRITO POLICIAL, PROCESSO PENAL OU CIVIL EM CURSO.
1. As medidas protetivas previstas na Lei n. 11.340⁄2006, observados os
requisitos específicos para a concessão de cada uma, podem ser
pleiteadas de forma autônoma para fins de cessação ou de
acautelamento de violência doméstica contra a mulher,
independentemente da existência, presente ou potencial, de processo-
crime ou ação principal contra o suposto agressor.2. Nessa hipótese, as
medidas de urgência pleiteadas terão natureza de cautelar cível
satisfativa, não se exigindo instrumentalidade a outro processo cível ou
criminal, haja vista que não se busca necessariamente garantir a eficácia
prática da tutela principal. "O fim das medidas protetivas é proteger
direitos fundamentais, evitando a continuidade da violência e das
situações que a favorecem. Não são, necessariamente, preparatórias de
qualquer ação judicial. Não visam processos, mas pessoas" (DIAS. Maria
Berenice. A Lei Maria da Penha na justiça. 3 ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2012).3. Recurso especial não provido.
Diante disto, se pede a concessão liminar das medidas protetivas, quais
sejam, o afastamento do cônjuge do lar, a proibição do requerido
aproximar-se 200 metros da requerente proibi-lo de frequentar ambientes
comuns aos frequentados pela requerida.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


A pretensão da requerente encontra fundamento no § 6º, do artigo 226
da Constituição Federal de 1988. Com a modificação introduzida pela
Emenda Constitucional nº 66, de 13 de julho de 2010, que dá nova
redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe sobre a
dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de
prévia separação judicial por mais de 01 (um) ano ou de comprovada
separação de fato por mais de 02 (dois) anos, ampara a pretensão dos
autores.
Portanto, a única forma de dissolução do casamento é o divórcio, eis que
o instituto da separação foi banido do ordenamento jurídico pátrio.

FILHOS E PENSÃO
No que toca sobre aos alimentos devidos aos filhos, nada se pede, em
razão de serem maiores de idade.
A autora não tem interesse em receber pensão do requerido

DOS BENS E SUA PARTILHA


Há discordância quanto aos termos do divórcio entre as partes decorrente
da falta de consenso acerca daquilo que cabe ao requerido, ou seja, 50%
(cinquenta por cento) do patrimônio pertencente ao casal, e não mais que
isso, nos termos do regime matrimonial a que estão submetidos.
Observa-se que o Bem em discussão é uma casa FINANCIADA, conforme
documentos anexo, entendendo-se assim que seja feita divisão da casa na
cota parte cabível de cada um, no caso, a parte quitada deve ser
partilhada, bem como as parcelas vincendas. Assim, cada um tem
responsabilidade por 50% (cinquenta por cento) das parcelas vincendas.
Da mesma forma se aplica ao saldo em conta corrente que perfaz o
montante de R$***********, pede-se a inteira divisão e transferência de
50% do seu valor para a parte requerente, pois lhe é de direito.
No que toca a motocicleta (descrição) , a requerente faz jus a divisão de
50 % sobre a propriedade do bem, garantido este pelo acordo
convencionado em certidão de casamento, requerendo assim (divisão,
venda, posse)

DA VOLTA AO USO DO NOME DE SOLTEIRA


A requerente deseja voltar a usar seu nome de solteira, qual seja
*********************, o que lhe é de Direito e assegurada nos termos
do § 2º do art. 1.578 do Código Civil;

DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) Liminarmente, o deferimento dos benefícios da justiça gratuita á
Requerente, por ser pessoa pobre na concepção jurídica
b) a citação do Requerido para que, querendo, contestar o feito,
sob pena de sofrer os efeitos da revelia.
c) A procedência da ação para decretação do divórcio, colocando
fim ao casamento.
d) Que seja feita a divisão do bem imóvel em 50% da parte
quitada, contando do dia de posse ao dia da separação, descontando da
cota parte do requerido as parcelas pagas pela autora após a data da
separação, e 50% das parcelas vincendas;
e) que seja feita a divisão do saldo em conta corrente na sua totalidade e
dividido em 50% como determina a lei
f) espaço reservado para a intenção da motocicleta
g) Deferimento para a mulher voltar a usar o nome de solteira qual
seja: **************
h) Expedir os competentes mandados de averbação e de inscrição
da sentença ao cartório de registro civil competente, para que proceda às
alterações necessárias junto ao assento do casamento das partes, com
isenção de custas;
i) A condenação do Requerido em custas e honorários
advocatícios sucumbências fixados em 20% sob o valor da causa.
Protesta provar os requerentes por todos meios e provas admitidas
em direito, em especial juntada de documentos, oitiva de testemunhas e
depoimento pessoal da Requerentes
j) que seja declarado e expedido alvará determinando o afastamento do
cônjuge do lar, a proibição do requerido aproximar-se 200 metros da
requerente proibi-lo de frequentar ambientes comuns aos frequentados
pela requerida.
k) A concessão da Tutela de Urgência, com base no artigo 300 do CPC,
determinando Vossa Excelência as medidas protetivas provisórias, a fim
de garantir a integridade plena da requerente, convertendo-se em
medidas definitivas ao julgamento final da presente ação.
l) A intimação do Digníssimo Representante do Ministério Público, para
intervir em todos atos do processo, ex vi art. 698 do CPC em vigor;

Dá se por produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial a documental, juntada posterior de documentos, depoimentos
pessoais das partes e outras que se façam necessárias, bem como a oitiva
de testemunhas.

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