Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
José Ramos dos Santos, conforme consta nos autos de inquérito policial, de n.
1968-84.2015.8.26.0052, matou Shirley Souza, que estava grávida de seis meses, no dia
26 de março de 2020, na Rua Manoel Rodrigues Mexelhão, n. 15, São Paulo, inclusive,
realizando a ocultação posterior do cadáver.
Tal qual foi apurado pelas autoridades policiais, o denunciado mantinha um
relacionamento amoroso com a vítima desde março de 2019, residindo em residências
separadas. No local do crime, que é casa do irmão do denunciado, Adriano Ramos dos
Santos, José veio a manter relações sexuais com Shirley, que acabou por revelar não
estar grávida dele, mas sim de outro sujeito que atende pelo nome de Eduardo,
confirmando suspeitas anteriores do denunciado. Importa destacar que o denunciado fez
questão de acalmar a vítima afirmando que nada aconteceria a ela após as revelações
feitas.
Após isto, a vítima se despiu com o intuito de tomar banho, momento em que
José se aproveitou para, pegando Shirley desprevenida, aplicar um golpe gravata por
trás, ao qual já havia caído sem vida no chão. Em ato contínuo, o suspeito se dirigiu
para o banheiro para tomar banho.
Logo após tomar banho, não satisfeito, o suspeito com uma faca corta a cabeça
da vítima, por meio da utilização de uma faca, colocando a cabeça da vítima na sua
mochila após enrolar ela em um saco plástico. No que se refere ao que sobrou do corpo,
o suspeito o amarrou em um edredom e colocou sacos plásticos no tronco e nos pés para
não escorrer sangue, após o qual escondeu o corpo atrás de compartimento da casa
próprio para o armazenamento de botijão de gás.
No entanto, em função do mau cheiro do local, o denunciado retirou o corpo da
vítima do local e levou para a viela do Tico-Tico, próximo ao local do crime, o
colocando sob uma escada.
Assim agindo, está José Ramos dos Santos incurso nas sanções dos arts. 121, §
2°, IV e VI, § 7°, I, e 211, do Código Penal, recaindo em crime de homicídio
qualificado em concurso material com o crime de ocultação de cadáver.
Neste sentido, o denunciado matou dolosamente Shirley Souza, nas
circunstâncias descritas anteriormente, recaindo no tipo penal base do art. 121, do
Código Penal:
Toda a materialidade delitiva, bem como autoria e dolo estão comprovados por
meio da vasta descrição presente no inquérito policial de n. 1968-84.2015.8.26.0052,
que fornece a circunstância espacial e temporal do crime, as motivações e os meios de
realização da conduta delituosa.
Importante mencionar que quando se tem a realização de um homicídio
qualificado com posterior ocultação de cadáver é consenso na jurisprudência e na
doutrina que a situação é de um concurso material de crimes, visto que a ocultação do
cadáver não é um mero meio de exaurimento do crime de homicídio. Assim, cita-se as
palavras do penalista Cleber Masson:
Além do mais, o agente premeditadamente acalmou a vítima para que ela fosse
em segurança tomar banho, e, se aproveitando da situação, a pegou desprevenida por
trás e aplicou um golpe com o intuito de matá-la. Neste contexto, o indivíduo recai na
forma qualificada de homicídio, conforme art. 121, § 2°, IV:
Desta forma, diante tudo que fora exposto, pede e requer o MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO que seja recebida e processada a presente
denuncia, nos termos do art. 396, do Código de Processo Penal.
Ultrapassada a fase de absolvição sumária, requer seja designada audiência de
instrução e julgamento e, uma vez comprovadas a materialidade a autoria delitivas,
requer seja acatada a pretensão punitiva ora deduzida, com a prolação de sentença
condenatória.
Testemunhas arroladas:
1. _____________________
2. _____________________
3. _____________________
4. _____________________
Cidade, data
Assinatura
Promotor de Justiça
Matrícula n. XXXX