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As alegações:
- Deve-se reconhecer a existência de ilegalidade, pois “levando em consideração
que o último marco interruptivo data de 18/11/2013 (publicação da sentença
condenatória), e que já se passaram mais de 4 (quatro) anos sem que houvesse o
trânsito em julgado da condenação, operou-se a prescrição da pretensão
punitiva, não só no que tange à pena corporal, mas também à de multa;
- O STF cometeu gravíssimo equívoco ao asseverar que o crime de injúria
racial, previsto no art. 140, § 3º, do Código Penal, é “imprescritível” e
“inafiançável”, uma vez que a conduta de proferir ofensas injuriosas contra
alguém, ainda que com referências à cor da pele do sujeito passivo da ação, não
consiste em crime de racismo.
- “suspender o curso da ação penal ou a expedição de carta de guia, e, ao final,
a concessão do presente writ para declarar extinta a punibilidade da paciente,
em razão da prescrição da pretensão punitiva intercorrente”
Relator: min. Edson Fachin
STF entendeu, por maioria de votos de oito a um, vencido o min. Nunes
Marques, que o crime de injúria racial (art. 140, § 3º, do CP) ser espécie do
gênero racismo, é imprescritível.
PROBLEMA: INJÚRIA RACIAL É APENAS INJÚRIA QUALIFICADA OU
SE ENQUADRA COMO RACISMO?
Questionamento “derivado”: Quando seria cabível a injúria racial e quando
caberia racismo?
Nos termos da orientação jurisprudencial desta Corte (HC 82.424/RS), com o
advento da Lei n.9.459/97, introduzindo a denominada injúria racial, criou-se
mais um delito no cenário do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável e
sujeito à pena de reclusão.
- A prática de injuria racial, prevista no art. 140, § 3º, do CP, traz em seu bojo o
emprego de elementos associados aos que se definem como raça, cor, etnia,
religião ou origem para se ofender ou insultar alguém.
- Se o racismo é um processo sistemático de discriminação que elege a raça como
critério distintivo para estabelecer desvantagens valorativas e materiais, a injúria
racial consuma os objetivos concretos da circulação de estereótipos e estigmas
raciais.
- A simples distinção topológica entre os crimes previstos na Lei 7.716/1989 e o
art. 140, § 3º, do CP não tem o condão de fazer deste uma conduta delituosa
diversa do racismo, até porque o rol previsto na legislação extravagante não é
exaustivo.
- Excluir o crime de injúria racial do âmbito do mandado constitucional de
criminalização por meras considerações formalistas desprovidas de substância,
por uma leitura geográfica apartada da busca da compreensão do sentido e do
alcance do mandado constitucional de criminalização, é restringir-lhe
indevidamente a aplicabilidade, negando-lhe vigência.
Posicionamentos:
PGR
O inc. XLII do art. 5º da CF, ao determinar ser imprescritível a prática de racismo, não
define os tipos penais veiculantes dessa prática, deixando essa tarefa à lei ordinária.
Assim, a tipificação não pode ser tida como esgotada com a Lei 7.716/89, sob pena de
ser diminuída a vontade do Constituinte de 88 no sentido expurgar, por meio da
imprescritibilidade, a prática de racismo no Brasil, a qual não se resume a determinado
tipo penal. Até porque o Brasil rege-se no cenário internacional pelo repúdio ao
racismo, nos termos do inc. VIII do art. 4º da CF.
Diferenças na estrutura dos tipos penais referentes à prática do racismo não podem ser
usadas para interpretar a norma constitucional, sob pena de total desnaturação do Texto
Constitucional.
O crime de injúria racial, inserido no art. 140 do CP pela Lei 10.741/03, é
imprescritível, inafiançável e punível com reclusão e o serão todos os outros tipos
penais vindouros que visem a coibir a prática do racismo.
MP
o crime de injúria racial difere daqueles previstos na Lei de 1989 e assim o é porque o
racismo se manifesta de várias maneiras.
Diferenças entre os tipo penais, que visam a coibir a prática do racismo, quanto à
estrutura, à legitimidade à ação penal, ao quantum de pena em abstrato não podem ser
usadas para interpretar a norma constitucional, sob pena de total
desnaturação do Texto Constitucional.