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Prof.

Bernardo Bustani
Direito Penal – Técnico Judiciário Auxiliar do TJ/SC
Aula 04

Direito Penal
Técnico Judiciário Auxiliar do TJ/SC – Aula
04
Prof. Bernardo Bustani
Atualizada conforme o edital de 2020
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Sumário
SUMÁRIO 2

APRESENTAÇÃO 3

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 4

TEORIA DA PENA 6

1) MEDIDAS DE SEGURANÇA 9
2) PENAS 13
2.1)Pena privativa de liberdade 14
2.2)Penas restritivas de direito 29
2.3)Pena de multa 34
3) SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 36
4) LIVRAMENTO CONDICIONAL 40
5) EFEITOS DA CONDENAÇÃO 44
6) REABILITAÇÃO 49

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 51

LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 59

GABARITO 62

RESUMO DIRECIONADO 63

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Apresentação
Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo como Assessor Adjunto
de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região.
Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico
Judiciário/Área Administrativa do TRF da 1ª Região (2017) e também consegui aprovação para o cargo de
Analista Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017).

Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - e pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.
Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os
meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB.
Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha
capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e
confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”,
“frustração” e “pressão”.

Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento de aprovação é
capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar.

E é com muito prazer que, junto com o Professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na disciplina de
Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como cai.
Não hesitem em entrar em contato para tirar dúvidas:

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Conteúdo Programático
O edital trouxe o conteúdo da seguinte forma:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL: Princípios de Direito Penal. Aplicação da lei penal. Crime. Imputabilidade penal.
Concurso de pessoas. Penas: Espécies de pena. Regimes de pena. Substituições da pena. Ação penal. Extinção da
punibilidade. Crimes contra o patrimônio: do furto, do roubo, da apropriação indébita, do estelionato e outras
fraudes; dos crimes contra a fé pública: da falsidade de títulos e outros papéis públicos, da falsidade documental;
Dos crimes praticados por funcionário público e por particular contra a Administração Pública; dos crimes contra
a administração da justiça. Crimes contra a ordem tributária e econômica (Lei nº 8.137/1990). Crimes ambientais
(Lei nº 9.605/1998). Crimes de licitações (Lei nº 8.666/1993). Lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/1998).
Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013).

OBS: Os tópicos riscados são de outro professor.

Portanto, o nosso curso foi dividido assim:

Número Data de Assunto


da Aula Disponibilização

00 25/02/2020 Princípios de Direito Penal. Aplicação da lei penal.

01 02/03/2020 Aplicação da lei penal.

02 07/03/2020 Crime. Imputabilidade penal.

12/03/2020 Teste de Direção

03 17/03/2020 Concurso de pessoas.

04 22/03/2020 Penas: Espécies de pena. Regimes de pena. Substituições da pena

05 27/03/2020 Ação penal.

06 03/04/2020 Extinção da punibilidade.

08/03/2020 Teste de Direção

07 13/03/2020 Crimes contra o patrimônio: do furto, do roubo, da apropriação


indébita, do estelionato e outras fraudes;

08 18/03/2020 Dos crimes contra a fé pública: da falsidade de títulos e outros


papéis públicos, da falsidade documental;

09 23/03/2020 Dos crimes praticados por funcionário público e por particular contra

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a Administração Pública; dos crimes contra a administração da justiça.

28/03/2020 Teste de Direção

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Teoria da Pena
Nesta aula, estudaremos a Teoria da Pena. Trata-se do assunto responsável pelo estudo das sanções penais
amplamente consideradas (medidas de segurança, penas, espécies de penas...).
Primeiramente, é necessário dizer que sanção penal é gênero das espécies pena e medida de segurança.

➢ As penas são, em regra, aplicadas aos indivíduos imputáveis (com imputabilidade);


➢ As medidas de segurança, por sua vez, em regra, são aplicadas aos inimputáveis (sem
imputabilidade).

Falei “em regra”, pois o semi-imputável pode sofrer a aplicação de uma pena ou de uma medida de
segurança, como veremos em instantes.

OBS: Lembrando que crime é fato típico, ilícito e culpável. A imputabilidade está na culpabilidade.

Como se trata de um tema já estudado, colocarei os mapas mentais para revisão:

Ilícito

Fato Típico Culpável

Crime

Comportamento
Humano

Voluntário e
consciente
Conduta
Finalidade
Resultado
(crimes
materiais)
Fato Típico Dolo/Culpa
Nexo causal
(crimes
materiais)
Formal
Tipicidade
Material

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Legítima defesa Estado de Necessidade

Elementos que
excluem a ilicitude

Estrito cumprimento do dever legal Exercício regular de Direito

Maior de 18 anos

Imputabilidade
Entender
ilicitude do fato
Potencial + determinar-se
Culpabilidade Consciência da
ilicitude Coação moral
irresistível
Exigibilidade de
conduta diversa
Obediência
hierárquica

Feita essa revisão, precisamos voltar para o estudo da Teoria da Pena.


Vamos lá?

Professor, se o agente é imputável, aplica-se uma pena. Se o agente é inimputável, aplica-se uma medida
de segurança. É isso?

Sim! Isso porque a aplicação de uma pena requer que o fato seja típico, ilícito e culpável. No entanto, para
ser aplicada uma medida de segurança, o fato deve ser típico, ilícito e o agente deve ter periculosidade.

Portanto, podemos concluir que a culpabilidade é pressuposto de aplicação da pena e a periculosidade é


pressuposto de aplicação da medida de segurança.

Periculosidade, professor?!?

Sim, periculosidade é a qualidade de quem é perigoso. Em síntese, se o agente representa perigo para a
sociedade, ele sofrerá uma medida de segurança.

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Sanção Penal

Medida de
Pena
Segurança

Aplicada, em
Aplicada, em regra, aos
regra, aos inimputáveis
imputáveis (periculosidade)
(culpabilidade)

Culpabilidade Periculosidade

Pressuposto de aplicação de pena Pressuposto para aplicação de medida de segurança

Analisa-se o “passado” (o momento da conduta) Analisa-se o “futuro” (se o agente representa perigo)

Vistas estas diferenças, precisamos estudar as espécies de sanção penal. Por questões didáticas,
começaremos pela medida de segurança.

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1) Medidas de segurança
As medidas de segurança, como falado anteriormente, são aplicadas, em regra, aos inimputáveis. Elas se
subdividem em tratamento ambulatorial e em internação.

A internação está prevista no artigo 96, I do CP e a o tratamento ambulatorial está no artigo 96, II do
mesmo código.

Olhe:

Art. 96. As medidas de segurança são:

I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento


adequado;

II - sujeição a tratamento ambulatorial.

• Na internação (medida de segurança detentiva), o sujeito tem sua liberdade restringida, pois fica
em um hospital de custódia (ou estabelecimento adequado).
• O tratamento ambulatorial (medida de segurança restritiva), por sua vez, se trata de um
acompanhamento médico (medicamentos, profissionais de saúde, etc.).

Portanto, sem dúvidas, a internação é a mais grave.

Professor, quando cabe internação e quando cabe tratamento ambulatorial?

A internação é cabível em crimes punidos com reclusão e o tratamento é cabível em crimes punidos com
detenção. Veja:

Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.

OBS: Se o fato tem sua punibilidade extinta, não se aplica pena nem medida de segurança.

Art. 96, Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que
tenha sido imposta.

Prazo

O artigo 97, parágrafo 1º trata do prazo da medida de segurança. Ele diz, em resumo, que o tempo será
indeterminado, perdurando enquanto o indivíduo tiver periculosidade.

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Art. 97, § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando
enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo
deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.

Observe que o prazo mínimo é de 01 a 03 anos. Ou seja, o artigo traz prazo mínimo, mas não traz prazo
máximo. E isso é um problema.
Quer ver?

Exemplo: Caio, inimputável, pratica um fato e sofre uma medida de segurança de internação.
Sendo assim, se a periculosidade não cessar, segundo o CP, ele poderia ficar internado “para sempre”.

Como falei, isso é um problema, pois a CF veda penas de caráter perpétuo, segundo artigo 5º, XLVII, b:

Art. 5º, XLVII - não haverá penas:


b) de caráter perpétuo;

Sendo assim, para resolver essa questão, surgiram duas correntes jurisprudenciais.

❖ 1ª Corrente → O STJ entende que o limite máximo deve respeitar o limite máximo de pena cominada ao
delito praticado.

Súmula 527 do STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado

Exemplo: Caio, inimputável, pratica um fato e sofre uma medida de segurança de internação.

O fato é previsto no Código Penal e é apenado com reclusão de até 20 anos.


Sendo assim, o prazo mínimo da internação será de 01 a 03 anos e o prazo máximo será de 20 anos.

❖ 2ª Corrente → O STF, por outro lado, entende que o limite máximo é o limite máximo de cumprimento
de pena no ordenamento jurídico, ou seja, 40 anos, conforme artigo 75 do CP. Isso porque pena e medida
de segurança são espécies de sanção penal.

Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40
(quarenta) anos

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OBS: Antes da Lei 13.964/2019, o limite máximo de cumprimento de pena era 30 anos. Sendo assim, a posição
do STF no que tange ao limite máximo de cumprimento da medida de segurança era também 30 anos.

Como o artigo 75 do CP foi alterado (de 30 para 40), a tendência é que o STF “altere” a sua posição de 30
para 40. Coloquei entre aspas porque, na verdade, não seria uma alteração propriamente dita.

Isso porque o STF entende que o limite máximo de cumprimento da medida se segurança é o limite
máximo de cumprimento de pena. Se este foi alterado, consequentemente altera-se aquele.

Exemplo: Caio, inimputável, pratica um fato e sofre uma medida de segurança de internação.
O fato é previsto no Código Penal e é apenado com reclusão de até 20 anos.

Sendo assim, o prazo mínimo da internação será de 01 a 03 anos e o prazo máximo será de 40 anos.

Resumindo, por ser um tema divergente, o aluno deve ficar atento ao enunciado: “De acordo com o STJ” ou
“De acordo com o STF”.

Finalizado o prazo mínimo da medida (01 a 03 anos), o sujeito será submetido a uma perícia médica, com a
finalidade de ver se ainda há periculosidade. Após esse lapso temporal, ela será repetida todo ano.
Além disso, tal perícia pode ser determinada pelo Juiz da execução a qualquer tempo.

Art. 97, § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de
ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.

Liberado o sujeito (desinternação), se antes de 01 ano ele praticar fato que indique periculosidade, deverá
voltar à situação anterior (internação, por exemplo).

Art. 97, § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a
situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência
de sua periculosidade.

Ademais, se for aplicado um tratamento ambulatorial e o Juiz verificar que essa medida é insuficiente,
poderá determinar a internação.

Art. 97, § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do
agente, se essa providência for necessária para fins curativos.

O artigo 98 nos traz a possibilidade (já vista) de o semi-imputável sofrer medida de segurança.

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Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de


especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e
respectivos §§ 1º a 4º.

Por fim, o artigo 99 nos diz que quem for internado será recolhido a estabelecimento com características
hospitalares.

Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será


submetido a tratamento.

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2) Penas
As penas, como já visto, são espécies de sanção penal. Antes de ver cada uma delas, preciso falar de
algumas teorias. Em síntese, elas explicam a função (finalidade) da pena.

✓ Teoria absoluta/retributiva → Para esta teoria, a finalidade da pena é retribuir o mal cometido.
Em outras palavras, castiga-se o autor do fato.

✓ Teoria relativa/preventiva → Para esta teoria, a finalidade da pena é a de prevenir o cometimento


de crimes. A prevenção pode ser geral ou especial e positiva ou negativa.

▪ Geral-positiva→ No aspecto geral-positivo, a prevenção se dá porque a sociedade se


conscientiza de que a conduta é errada. Há o “pensamento coletivo”.
▪ Geral-negativa → No aspecto geral-negativo, a prevenção se dá porque a sociedade teme
a pena aplicada. Há intimidação.
▪ Especial-positiva→ No aspecto especial-positivo, a prevenção se dá porque o indivíduo
que cometeu o fato melhorou, ou seja, viu que a conduta foi errada e se ressocializou.
▪ Especial-negativa → No aspecto especial-negativo, a prevenção se dá porque o indivíduo
foi encarcerado (“neutralizado”) e/ou teme aplicação de nova pena.

✓ Teoria mista/unificadora/unitária → Esta teoria é uma junção das duas anteriores. Ou seja, pena é
retribuição e prevenção. Esta é a teoria adotada no Brasil, conforme podemos ver pelo artigo 59 do
CP.

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

Vista essa parte teórica, é importante dizer que o Código Penal traz as espécies de pena.
Vamos vê-las?

Art. 32 - As penas são:

I - privativas de liberdade;

II - restritivas de direitos;

III - de multa.

As penas privativas de liberdade são divididas em reclusão, detenção e prisão simples. As restritivas de
direito tem várias subespécies e as de multa consistem em um pagamento em dinheiro.

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Penas

Privativa de liberdade Restritivas de direito Multa

Feita essa subdivisão, precisamos agora estudar os tipos de pena.

2.1)Pena privativa de liberdade


Tais penas, como acabamos de ver, podem ser de reclusão, de detenção ou de prisão simples. Em linhas
gerais, a prisão simples é para contravenções penais e as outras duas são para crimes.

Lembre-se: Infração penal é gênero das espécies crime (delito) e


contravenção penal. Ou seja, a infração penal se subdivide em crime e
contravenção.
As diferenças estão nas consequências de cada infração penal e estão
previstas na Lei de Introdução ao Código Penal (LICP - Decreto-Lei 3.914/41):

Art 1º da LICP - Considera-se crime a infração penal que a lei comina


pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa
ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de
multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.

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Pena privativa de
liberdade

Reclusão/detenção Prisão simples

Crimes Contravenções
(delitos) penais

Reclusão X Detenção

Em relação aos crimes, quem decide se o crime é punido com reclusão ou com detenção é o próprio
legislador.

A reclusão será cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. Por outro lado, a detenção, em regra,
será cumprida em regime semiaberto ou aberto. Veremos tais regimes em instantes.

No momento, observe o artigo 33 do CP:

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

OBS: Apesar de a detenção ser cumprida em regime semiaberto ou aberto, pode haver cumprimento de
detenção em regime fechado. Trata-se da situação na qual o agente regride de regime (pratica falta grave
prevista na Lei de Execuções Penais, por exemplo).

Veja:

Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a
regime mais rigoroso:

O mais correto, portanto, é o aluno dizer que a reclusão pode começar no regime fechado, semiaberto ou
aberto e a detenção somente pode começar no semiaberto ou no aberto. No entanto, poderá haver
cumprimento de detenção no regime fechado, desde que seja hipótese de regressão de regime.

Diferenças entre regime fechado, semiaberto e aberto

O parágrafo 1º traz as características de cada regime. Em resumo, no regime fechado, o cumprimento de


pena será em estabelecimento de segurança máxima ou média; no semiaberto, o cumprimento se dá em colônia
(agrícola, industrial ou estabelecimento similar); no aberto, por fim, a execução tem lugar em casa de albergado
ou local adequado.

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OBS: Após cada alínea (“letra”), colocarei destacado o dispositivo correspondente da Lei de Execuções Penais
(LEP – Lei 7.210/84).

Art. 33, § 1º - Considera-se:

a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;

Art. 87 da LEP - A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.

b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento


similar;

Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena em regime
semi-aberto.

c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime
aberto, e da pena de limitação de fim de semana.

Para fins de prova, basta saber disso.


Mas professor, como eu sei se o sujeito começará no fechado, no semiaberto ou no aberto?!!

É isso que veremos agora!

Incidência dos regimes de cumprimento de pena

Como falado, as penas privativas de liberdade, em regra, serão executadas de forma progressiva.
Entretanto, precisamos saber em quais situações cada regime será aplicado.

As alíneas do parágrafo 2º do artigo 33 trazem essa resposta, veja:

Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:

a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;

b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;

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c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.

Vamos resumir com um esquema?

Condenado à pena
Regime fechado
superior a 08 anos

Condenado não
reincidente

Regime semiaberto

Pena maior que 04 e


até 08 anos

Condenado não
reincidente

Regime aberto

Pena até 04 anos

Professor, e se o condenado for reincidente e for condenado a uma pena de até 04 anos??! Qual será o
regime?

Em regra, o fechado. No entanto, a jurisprudência viu que isso era muito rigoroso.

Por isso, o STJ tem entendimento sumulado no sentido de que, nestes casos, o Juiz, atendendo às
circunstâncias judiciais, pode estabelecer o regime semiaberto. Em outras palavras, o reincidente condenado a
uma pena reclusiva de até 04 anos não necessariamente terá de ir para o regime fechado.

Súmula 269 do STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais

As circunstâncias judiciais estão no artigo 59 do CP. A previsão da Súmula em relação a tais circunstâncias
nos remete para o parágrafo 3º do artigo 33 do CP, olhe:

Art. 33, § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos
critérios previstos no art. 59 deste Código.

Por fim, observe o que diz o artigo 59 do CP:

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Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do


agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

COMO CAI: FCC/2018 – DPE/MA – ADAPTADA - Sobre o regime inicial de cumprimento de pena é correto
afirmar que se a pena aplicada for superior a oito anos o regime inicial será obrigatoriamente o fechado.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Questão, na minha opinião, sensacional.

O artigo 33, parágrafo 2º, “a” nos diz que o condenado a pena superior a 08 anos começará a cumpri-la em
regime fechado.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:

a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;

No entanto, devemos ter em mente que o regime inicial fechado só se aplica se a pena for de reclusão.
Sendo de detenção, o regime inicial será o semiaberto.

Dessa forma, questão errada.

O regime fechado

O artigo 34 traz as regras do regime fechado. Em síntese, sua execução será individualizada (atendendo-se
às características do condenado) e o indivíduo ficará sujeito ao trabalho diurno (de dia) e ao isolamento noturno
(de noite).
Além disso, o trabalho obedecerá às aptidões do condenado (desde que compatível com a pena, claro),
sendo admissível o trabalho externo, desde que em serviços e obras públicas.

Veja os dispositivos legais:

Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de


classificação para individualização da execução.

§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso


noturno.

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§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou


ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.

§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.

O regime semiaberto

O artigo 35 traz as regras do regime semiaberto. Nesta hipótese, o condenado irá trabalhar durante o dia
em colônia (agrícola, industrial ou similar). Nota-se que o trabalho pode ser externo, admitindo-se também a
frequência em cursos profissionalizantes, de segundo grau e superior.

Olhe:

Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena
em regime semiaberto.

§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar.

§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos


profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.

O regime aberto

O artigo 36 traz as regras do regime aberto. Observe que, no regime aberto, o condenado deve ter
autodisciplina e responsabilidade. Isso quer dizer que ele deverá trabalhar e frequentar curso (ou exercer outra
atividade autorizada) fora do estabelecimento e sem vigilância. Nos dias de folga e no período noturno, no
entanto, o sujeito ficará recolhido.

Trata-se do regime que, em tese, prepara a pessoa para voltar para a sociedade.

Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.

§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso


ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias
de folga.

O parágrafo 2º traz a possibilidade (já falada) de regressão de regime.

§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso,
se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.

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OBS: No caso de crimes hediondos e equiparados, apesar de o artigo 2º, parágrafo 1º da Lei 8.072/90 nos dizer
que o cumprimento de pena iniciará em regime fechado, o STF entende que tem de se analisar o caso concreto,
não podendo o legislador decidir o regime de cumprimento de pena em abstrato.

Art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90 - A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em
regime fechado.

Progressão de regime

Como falamos, o cumprimento de pena será, em regra, progressivo. Em outras palavras, o condenado,
cumpridas algumas condições, poderá ir para um regime menos gravoso.
Veja o que diz a LEP:

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa
ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a
prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.

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OBS: O bom comportamento carcerário pode ser acrescido do chamado “exame criminológico”, a critério do
Juiz. Não se trata de um requisito da lei, mas sim de uma possibilidade do Juiz. Em outras palavras, é uma
faculdade do Magistrado, não uma obrigação.

Esse é o entendimento sumulado do STJ:

Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.

Preciso falar de uma peculiaridade na progressão de regime. Trata-se do caso da gestante e da


mãe/responsável por criança ou pessoa com deficiência. Neste caso, os requisitos são outros:

Art. 112 da LEP - § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:

I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;

III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;

IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;

V - não ter integrado organização criminosa.

Observe esse esquema:

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Cumprimento de 1/8
Requisito objetivo
da pena

Requisitos para a
progressão de Não ter cometido
regime na LEP crime com
(para gestante e violência/grave
mãe/responsável ameaça à pessoa
por criança ou
pessoa com Não ter cometido
deficiência) crime contra
filho/dependente
Requisitos subjetivos
Ser primária e ter
bom
comportamento

Não ter integrado


organização
criminosa

OBS: Antes da Lei 13.964/2019, a progressão de regime no caso dos crimes hediondos era regulada pelo artigo
2º, parágrafo 2º da Lei 8.072/90. No entanto, esse artigo foi revogado, sendo tal progressão regulada agora pelo
artigo 112 da LEP.

OBS 2: Condenado por crime contra a administração pública → a progressão de regime fica condicionada à
reparação do dano ou à devolução do produto ilícito.

Aqui, o importante é conhecer o parágrafo 4º do artigo 33 do CP:

Art. 33, § 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais.

OBS: Progressão por salto (per saltum) → consiste na situação na qual um indivíduo sai do fechado e vai direto
para o aberto.

De acordo com o STJ, é inadmissível:

Súmula 491 do STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.

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Aplicação da pena privativa de liberdade

A pena privativa de liberdade será estabelecida de acordo com o famoso “critério trifásico”, criado por
Nelson Hungria. Em outras palavras, para chegar-se à pena final, o Magistrado deve passar por 03 fases.
Isso está no artigo 68 do CP:

Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.

Vamos analisar essas fases?

➢ 1ª Fase → pena-base →A pena base nada mais é do que a pena escolhida pelo Juiz, dentro dos
limites do crime cometido.

Exemplo: Caio comete crime de homicídio simples, que tem pena de reclusão de 06 a 20 anos.

Sendo assim, o magistrado deve escolher um valor entre 06 e 20 anos. Para isso, ele usará as 08 circunstâncias
judiciais do artigo 59 do CP.

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do


agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;

III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

Digamos que, no exemplo, o Juiz escolha 08 anos.

➢ 2ª Fase (pena provisória) → agravantes e atenuantes →Após o Juiz “escolher” os 08 anos, ele
analisará se há alguma agravante ou alguma atenuante. Elas estão nos artigos 61, 62, 65 e 66 do
CP.
Nesta fase, o Magistrado agrava/atenua a pena em “quanto quiser”, pois a Lei não traz nenhum valor.
Obviamente, isso deve ser fundamentado e deve respeitar a proporcionalidade.

Digamos que, no exemplo dado, o Juiz acresça a pena em 01 ano, totalizando 09 anos.

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➢ 3ª Fase (pena final) → causas de aumento (majorantes) e diminuição (minorantes) →Após as


agravantes/atenuantes, o Magistrado deve verificar se há alguma causa de aumento ou de
diminuição.

Nesta fase, a Lei sempre traz percentuais. Digamos que, no exemplo, o homicídio seja privilegiado. Sendo
assim, os 09 anos serão diminuídos de 1/6 a 1/3, de acordo com o parágrafo 1º do artigo 121 do CP:

Art. 121, § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.

Suponhamos que o Juiz tenha escolhido diminuir de 1/3. Portanto, a pena final será 06 anos de reclusão (09
anos menos 03 anos).

1ª fase --> Pena-base 3ª fase --> Pena final

2ª fase --> Pena provisória

É preciso dizer que, em virtude do caso concreto, pode haver, por exemplo, uma agravante e uma
atenuante. Nesse caso, o resultado da pena deve se aproximar das chamadas “circunstâncias preponderantes”,
que são os motivos do crime, a personalidade e a reincidência.

Observe o artigo 67 do CP:

Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas
circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do
crime, da personalidade do agente e da reincidência.

É possível, ainda, que haja concurso entre causas de aumento e de diminuição previstas na parte especial
(parte que comina crimes, a partir do artigo 121). Nesse caso, o Juiz pode se limitar a um só aumento ou a uma só
diminuição, prevalecendo a maior.

Art. 68, Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa
que mais aumente ou diminua.

Exemplo: Caio comete crime.


Há duas causas de aumento na parte especial. Nesse caso, o Juiz pode aplicar somente a maior delas.

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OBS: O aumento da pena-base deve seguir os critérios do artigo 59 do CPP → Por isso, o STJ entende que o Juiz
não pode aumentar a pena-base (1ª fase) levando em consideração inquérito policial e ação penal em curso, sob
pena de violar o princípio da presunção de inocência.

Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base.

Em síntese, se não há condenação, não há maus antecedentes.

OBS: Na 2ª fase (agravantes e atenuantes), a pena não poderá ultrapassar o mínimo nem o máximo legal. Trata-
se de entendimento sumulado pelo STJ.

Súmula 231 do STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.

Em síntese, se o crime tem pena de 06 a 20 anos, na 2ª fase ela não poderá ser inferior a 06 nem superior a
20.

OBS: Na 3ª fase (causas de aumento e de diminuição), a pena poderá ultrapassar o mínimo e o máximo legal.

Em síntese, se o crime tem pena de 06 a 20 anos, na 3ª fase ela poderá ser inferior a 06 e superior a 20.

Agravantes

As agravantes estão nos artigos 61 e 62 do CP. Elas são taxativas, ou seja, o Juiz não pode criar novas
agravantes.

Para fins de prova, basta a simples leitura.

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

I - a reincidência;

II - ter o agente cometido o crime:

a) por motivo fútil ou torpe;

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b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;

c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou


impossível a defesa do ofendido;

d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia
resultar perigo comum;

e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de


hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;

g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;

h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;

i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;

j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça


particular do ofendido;

l) em estado de embriaguez preordenada.

Embriaguez preordenada é aquela em que o agente se coloca em estado de embriaguez para “criar
coragem” e cometer o crime.

Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:

I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;

II - coage ou induz outrem à execução material do crime;

III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;

IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

A reincidência, prevista no artigo 61, I do CP, é verificada quando o agente comete novo crime depois de
transitar em julgado uma sentença (no Brasil ou no exterior) que o condenou por outro crime.

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

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No entanto, a Lei de Contravenções Penais também trata da reincidência, veja:

Art. 7º do Decreto-Lei 3.688/41 (Lei de Contravenções Penais): Verifica-se a reincidência quando o agente
pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil
ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.

O artigo 7º pode parecer simples, mas tem uma peculiaridade muito importante. Para evitar uma
explicação longa e desnecessária, colocarei um quadro no qual direi quando há reincidência e quando não há, ok?
Afinal, seu tempo é valioso.

Infração Penal anterior Infração Penal posterior Há reincidência?

Crime Crime Sim

Crime Contravenção Penal Sim

Contravenção Penal Contravenção Penal Sim

Contravenção Penal Crime Não

O artigo 64 do CP, por sua vez, nos diz que, para fins de reincidência, não se considera o crime anterior se o
cumprimento/extinção de sua pena tiver ocorrido há mais de 05 anos.

Além disso, os crimes militares próprios e os políticos também não são considerados.

Observe:

Art. 64 - Para efeito de reincidência:

I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a


infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

Exemplo: Em 2005, Caio é condenado e cumpre pena. Em 2010, sua pena é extinta.
Em 2016, ele comete novo crime.

Nesse caso, Caio não é reincidente.

OBS: Circunstância agravante prevista como qualificadora.

Se a circunstância agravante por prevista como qualificadora, o Juiz não poderá utilizá-la como
qualificadora (1ª fase) e como agravante (2ª fase), sob pena de bis in idem (punição duas vezes pelo mesmo fato).

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Exemplo: O motivo fútil qualifica o homicídio. No entanto, é também previsto como circunstância agravante.

Esse entendimento se aplica, inclusive, na 1ª fase, conforme Súmula 241 do STJ.

Súmula 241 do STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.

Atenuantes

As atenuantes estão nos artigos 65 e 66 do CP. Para fins de prova, também basta a simples leitura.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença;

II - o desconhecimento da lei;

III - ter o agente:

a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;

b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;

c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;

d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;

e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

Observe que o artigo 66 traz a possibilidade de o Juiz reconhecer atenuantes que não estão previstas em
Lei. Trata-se, portanto, de rol exemplificativo.

Exemplo: Considere, por exemplo, o fato de o indivíduo não ter sido devidamente amparado pelo Estado, o que
o levou a praticar crime de roubo para comprar remédio para um familiar.

Limite de cumprimento da pena privativa de liberdade

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Como já visto, a pena privativa de liberdade tem um limite de cumprimento. Esse limite, que anteriormente
à Lei 13.964/2019 era de 30 anos, agora é de 40 anos.

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40
(quarenta) anos.

É necessário esclarecer que esse limite é para o cumprimento, não para a imposição.
Ah, professor...não era necessário falar isso!! É obvio que ninguém pode ser condenado a mais de 40 anos,
né?!?!!?
Na verdade, pode. Como falei, o limite de cumprimento é de 40 anos, não havendo limite para
imposição/condenação.

Em outras palavras, um indivíduo pode ser condenado a 200 anos, por exemplo. No entanto, só poderá
cumprir 40.

O parágrafo 1º do artigo 75 traz a informação de que se o agente for condenado a várias penas privativas de
liberdade que superem 40 anos (na soma), elas devem ser unificadas.

§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta)
anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.

2.2)Penas restritivas de direito


As PRD’s, como são chamadas, estão disciplinadas a partir do artigo 43 do CP, veja:

Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

I - prestação pecuniária;

II - perda de bens e valores;

IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

V - interdição temporária de direitos;

VI - limitação de fim de semana.

Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos
arts. 46, 47 e 48.

Vemos que há 05 espécies de penas restritivas de direito. Analisaremos cada uma delas no momento
oportuno. Agora, precisamos ver quando as PRD’s serão aplicadas.

Primeiramente, é importante dizer que elas são autônomas e substituem as penas privativas de liberdade,
desde que cumpridos certos requisitos.

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Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:

Vamos vê-los?

Requisitos

Os requisitos vêm dispostos no artigo 44 do CP:

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;

II – o réu não for reincidente em crime doloso;

III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como


os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

Veja este esquema:

Requisitos das penas


restritivas de direitos

Aplicação de pena Crime não cometido


Indicação de que a
privativa de liberdade com violência/grave *Réu não reincidente substituição será
de até 04 anos, em ameaça à pessoa, em em crime doloso eficiente
crimes dolosos caso de crime doloso

Há exceção (artigo 44,


parágrafo 3º)

Note que no caso de crimes culposos a pena pode superar 04 anos e pode haver violência à pessoa
(homicídio culposo, por exemplo).

O parágrafo 2º nos diz que, em casos de condenação de até 01 ano, o Juiz pode substituir a prisão por uma
pena de multa ou por uma PRD. Se for superior a 01 ano, o Juiz poderá substituir por PRD+multa ou por duas
PRD’s.

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§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma
pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

*O parágrafo 3º, por sua vez, nos diz que, mesmo em caso de condenado reincidente, o Juiz pode
substituir a pena, desde que a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não seja na prática do
mesmo crime.

§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado
em virtude da prática do mesmo crime.

O parágrafo 4º ensina que se o sujeito descumprir a PRD, esta converte-se em pena privativa de liberdade.
No cálculo da prisão, obviamente, será diminuído o tempo cumprido de PRD. No entanto, respeita-se o saldo
mínimo de 30 dias de detenção/reclusão.

Essa hipótese é de conversão obrigatória.

§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o


descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar
será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de
detenção ou reclusão.

Por fim, o parágrafo 5º traz uma hipótese de conversão facultativa. É o caso em que há uma nova
condenação por outro crime, devendo o Juiz da execução decidir sob a manutenção da PRD ou não.

§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.

Feita essa introdução, precisamos analisar as espécies de PRD. Vamos lá?

Prestação pecuniária

A prestação pecuniária consiste no pagamento de valor fixado pelo Juiz, observado o parágrafo 1º do artigo
45 do CP. Em resumo, a quantia vai para a vítima (ou seus dependentes).

Se não há vítima nem dependente, tal quantia vai para uma entidade pública/privada com destinação
social.

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Art. 45, § 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou
a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1
(um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.

Note que tal valor, calculado em salários mínimos, será diminuído de um eventual valor que o condenado
tiver que pagar, caso haja ação de reparação civil (ação cível), desde que os beneficiários (aquele que receber o
valor) sejam coincidentes.

O parágrafo 2º traz uma interessante possibilidade, veja:

Art. 45, § 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária
pode consistir em prestação de outra natureza.

Em resumo, se o beneficiário aceitar, o condenado pode dar outra prestação que não seja pecuniária
(dinheiro).

Prestação de serviços à comunidade/entidades públicas

A prestação de serviços é amplamente conhecida. Ela consiste na prestação de serviços (como o nome já
diz) de forma gratuita e incidirá quando a condenação for superior a 06 meses.

Além disso, para cada dia de condenação, haverá 01 hora de trabalho.

Observe:

Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações


superiores a seis meses de privação da liberdade.

§ 1º A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas


gratuitas ao condenado.

§ 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho.

Veja que essa prestação acontecerá nos locais dispostos no parágrafo 2º:

§ 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas,


orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.

Por fim, se a pena for superior a 01 ano, o condenado pode cumpri-la em menos tempo, desde que não seja
inferior à metade da pena privativa de liberdade.

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§ 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena


substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

Interdição temporária de direitos

A interdição de direitos está no artigo 47 do CP. Em resumo, trata-se da impossibilidade de o condenado


exercer algumas faculdades. Basta a simples leitura.

Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:

I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;

II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de


licença ou autorização do poder público;

III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.

IV – proibição de frequentar determinados lugares.

V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.

Limitação de fim de semana

A limitação de fim de semana consiste na obrigação de o condenado, aos sábados e domingos, permanecer
por 05 horas diárias em estabelecimento adequado.

Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos,
por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.

Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras
ou atribuídas atividades educativas

Penas restritivas
de direito

Prestação de serviços à Interdição


Prestação Perda de bens e Limitação de fim
comunidade/entidades temporária de
pecuniária valores de semana
públicas direitos

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2.3)Pena de multa
A pena de multa, conhecida como pena pecuniária, não se confunde com a prestação pecuniária (PRD). Na
multa, o valor pago vai para o fundo penitenciário e a quantia é calculada em dias-multa.

Em seguida, o valor de cada dia-multa será fixado pelo Juiz. Trata-se, portanto, de um critério bifásico
(fixação dos dias-multa + fixação do valor de cada dia-multa).

Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença
e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa.

§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.

§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.

O artigo 50 nos diz que a multa deve ser paga dentro de 10 dias do trânsito em julgado da condenação. O
mesmo artigo permite o pagamento em parcelas mensais.

Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença.
A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se
realize em parcelas mensais.

§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do


condenado quando:

a) aplicada isoladamente;

b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;

c) concedida a suspensão condicional da pena.

§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de


sua família.

Por fim, o artigo 52 trata da suspensão da execução da multa.

Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental

Não pagamento da pena de multa

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O artigo 51 nos diz que a multa é considerada dívida de valor e será executada perante o juiz da execução
penal. Isso quer dizer que seu descumprimento não poderá ensejar conversão em pena de prisão. Até aí tudo
bem.

Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Acontece que a Súmula 521 do STJ diz que cabe exclusivamente à Fazenda Pública executar o valor não
pago.

Súmula 521 do STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta
em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.

No entanto, o STF entendeu que o Ministério Público é o principal interessado em executar a multa penal
não paga. Sendo assim, a legitimidade para executar tal pena não é “exclusiva da Procuradoria da Fazenda
Pública”.
Esse entendimento é novo. Muito cuidado em provas.

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3) Suspensão Condicional da Pena


O Código Penal, do artigo 77 ao artigo 82, disciplina a chamada suspensão condicional da pena. O sursis da
pena, como também é chamado, consiste na possibilidade de se suspender a aplicação de uma pena privativa de
liberdade, desde que cumpridas algumas condições.

Sursis simples

O sursis simples está no artigo 77 do CP.

Observe que o artigo fala expressamente em “pena privativa de liberdade não superior a 02 anos”. Nesse
caso, ela fica suspensa por 02 a 04 anos (chamado de “período de prova”).

Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa,
por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e


as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;

III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.

Nos incisos I, II e II, vemos os requisitos, que são:


▪ Não ser reincidente em crime doloso;
▪ Serem a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade, os motivos e as
circunstâncias do crime autorizadores da concessão do benefício;
▪ Não for possível substituir a pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos (artigo 44 do
CP).

Sursis etário ou humanitário

O sursis etário/humanitário está no parágrafo 2º do artigo 77 do CP. Nesse caso, a pena privativa de
liberdade deve ser não superior a 04 anos e poderá ser suspensa por 04 a 06 anos (chamado de “período de
prova”), desde que o condenado seja maior de 70 anos (etário) ou tenha saúde debilitada (humanitário).

Art. 77, § 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser
suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões
de saúde justifiquem a suspensão.

Art. 77, § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.

O parágrafo 1º nos diz que a condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do sursis.

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As condições

Vimos dois tipos de sursis e seus requisitos. Agora, precisamos ver as condições que vincularão o
condenado. Elas estão no artigo 78 do CP, olhe:

Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das
condições estabelecidas pelo juiz.

§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou
submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).

Analisaremos o parágrafo primeiro no próximo subtópico, ok?

Sursis especial

O que pudemos extrair até agora é que, em regra, no primeiro ano, o condenado prestará serviços à
comunidade ou se sujeitará à limitação de fim de semana.

No entanto, se tiver havido reparação do dano e as circunstâncias do artigo 59 forem favoráveis, o


magistrado poderá substituir a exigência anterior pelas condições do parágrafo 2º. Essa hipótese é chamada por
alguns de sursis especial.

§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias


do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do
parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente:

a) proibição de freqüentar determinados lugares;

b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;

c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde
que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.

Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.

Note que a sentença pode especificar outras condições para o condenado, desde que tenha
razoabilidade/proporcionalidade.

Além disso, como a suspensão é da pena privativa de liberdade, ela não se estende às restritivas de direito
nem às de multa.

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Revogação do benefício

Como o sursis da pena possui algumas condições, se estas forem descumpridas, o benefício poderá/deverá
ser revogado.

Coloquei “poderá” e “deverá” de propósito, pois há causas de revogação obrigatória e causas de revogação
facultativa.
Para fins de prova, basta a atenta leitura.

Revogação obrigatória

Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:

I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;

II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a
reparação do dano;

III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.

Revogação facultativa

§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou
é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos.

§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de


prova até o máximo, se este não foi o fixado.

Ok, professor. Entendi que a pena fica suspensa. Mas.....e se o condenado está sendo processado por outra
infração penal??!!
Nesse caso, o prazo da suspensão (02 a 04 anos, por exemplo) fica prorrogado até o julgamento definitivo,
conforme previsão do artigo 81, parágrafo 2º.

§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado
o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.

Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.

Por fim, quando o prazo de suspensão expirar e não tiver havido revogação, haverá extinção da pena
privativa de liberdade.

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OBS: O sursis da pena não se confunde com o sursis do processo (estudado na Lei 9.099/95 – Juizado Especiais
Criminais).

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4) Livramento Condicional
Outro ponto importante da Teoria da Pena é o Livramento Condicional. Trata-se da última etapa do
cumprimento de uma pena no sistema progressivo.

Ahn? Como assim, professor?


Digamos que alguém foi condenado a uma pena privativa de liberdade e que deverá cumpri-la em regime
fechado. Após determinado lapso temporal, essa pessoa passa para o regime semiaberto. Após mais um lapso,
ela passa para o regime aberto. Por fim, após mais um lapso, ela pode adquirir o livramento condicional.

O LC, em linhas gerais, permite que o condenado saia do estabelecimento antes do término do tempo
fixado na sentença condenatória, desde que cumpridos alguns requisitos e aceitas algumas condições.
Em outras palavras, é a antecipação da liberdade.

Veja a previsão legal e, posteriormente, um breve resumo:

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;

II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

III - comprovado:

a) bom comportamento durante a execução da pena;

b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;

c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e

d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;

IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;

V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza.

➢ Não reincidente em crime doloso + bons antecedentes: Cumprimento de mais de 1/3 da pena;
➢ Reincidente em crime doloso: Cumprimento de mais da metade da pena;
➢ Condenação por crime hediondo (ou equiparado) e tráfico de pessoas, se não for reincidente
específico: Cumprimento de mais de 2/3 da pena.

Em qualquer dessas 03 hipóteses, o condenado também deve cumprir os requisitos do inciso III e IV. Ou
seja, deve ter tido bom comportamento durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho, aptidão

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para se sustentar e não ter cometido falta grave nos últimos 12 meses. Ademais, deve ter reparado o dano
causado, salvo se isso for impossível.

Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa,
a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a delinquir.

O parágrafo único, por sua vez, nos diz que para o condenado por crime doloso, cometido mediante
violência/grave ameaça à pessoa, a concessão do LC só deve ser deferida se ficar constatado que a pessoa não
voltará a praticar crimes.

Professor a se o condenado tiver cumprindo várias penas???

Nesse caso, elas se somam para efeito do livramento.

Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.

Como apontado anteriormente, o sujeito fica subordinado a algumas condições. Elas devem ser
especificadas na sentença, conforme artigo 85 do CP.

Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.

Causas de revogação

Assim como no sursis da pena, se as condições forem descumpridas, o benefício poderá/deverá ser
revogado.
Mais uma vez, há causas de revogação obrigatória e causas de revogação facultativa.

Para fins de prova, basta a atenta leitura.

Revogação obrigatória

Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível:

I - por crime cometido durante a vigência do benefício;

II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.

Revogação facultativa

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Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das
obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena
que não seja privativa de liberdade.

Professor, o que acontece se o LC for revogado?!?!!


Nesse caso, ele não poderá ser novamente concedido. Além disso, em regra, não se desconta na pena o
tempo em que o indivíduo esteve solto. Isso quer dizer que o tempo em que o condenado esteve solto não
contará como pena cumprida!!!!!

Excepcionalmente, no entanto, esse tempo pode ser contado em caso de revogação. Trata-se da hipótese
em que esta (revogação) se deu pela condenação por crime anterior ao benefício ser concedido.

Isso tudo está no artigo 88 do CP.

Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação
resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que
esteve solto o condenado.

Cumpridos os requisitos/condições e passado o tempo do LC, a pena é extinta.

Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.

Súmula 617 do STJ - A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término
do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.

Por fim, se o acusado cometeu um crime na vigência do LC, o magistrado não poderá declarar a pena
extinta enquanto não transitar em julgado a sentença do crime cometido.

Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.

A falta grave

Professor...já ouvi falar que a falta grave (espécie de conduta prevista na Lei de Execuções Penais – Artigo
50 da Lei 7.210/84) tem vários reflexos no cumprimento da pena. Ela interfere no lapso temporal para a
concessão do LC?????
Não, segundo entendimento da Súmula 441 do STJ:

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Súmula 441 do STJ - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

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5) Efeitos da condenação
Havendo condenação, ela gera alguns efeitos. Primeiramente, temos o efeito principal (imposição de
sanção penal).

No mesmo sentido, temos os efeitos secundários. Eles podem ser genéricos (artigo 91 do CP) ou
específicos (artigo 92 do CP).

Para fins de prova, a simples leitura é suficiente.

Veja:

Art. 91 - São efeitos da condenação:

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

O inciso I trata da reparação do dano.

II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:

a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
detenção constitua fato ilícito;

b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente
com a prática do fato criminoso.

O inciso II traz o confisco.

§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime
quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.

§ 2º Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger


bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda.

Art. 92 - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;

A alínea “a” traz hipóteses de crimes funcionais (nexo com a função exercida).

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais
casos.

A alínea “b” traz hipóteses de crimes não funcionais.

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II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos
sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar,
contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado;

III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.

Veja que os efeitos específicos não são automáticos, devendo ser declarados na sentença condenatória.

OBS: Se há condenação de um funcionário público, ele poderá perder o cargo?

Sim!

Em que hipóteses, professor?


▪ 1ª hipótese (crime funcional) → quando houver condenação a pena privativa de liberdade
(reclusão ou detenção) por tempo igual ou superior a 01 ano, em caso de crimes praticados com
abuso de poder ou violação de dever funcional.
▪ 2ª hipótese (crime comum) → quando, em qualquer crime, houver condenação a pena privativa de
liberdade (reclusão ou detenção) por tempo superior a 04 anos.

No entanto, como vimos, estes efeitos, em regra, não são automático.

Em regra, professor?!?!
Sim!
Temos exceções. Ou seja, é possível a perda do cargo como efeito automático da condenação.

Quer ver?

o Lei de tortura (Lei 9.455/97) → Condenados pela prática de tortura perderão seus cargos de forma
automática. É possível concluir isso pela palavra “acarretará”. Ou seja, trata-se de efeito
automático.

Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

o Lei de Organização Criminosa (Lei 12.850/13) → Condenados pelo crime de organização


criminosa perderão seus cargos de forma automática. É possível concluir isso também pela palavra
“acarretará”. Ou seja, trata-se de efeito automático.

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Art. 2º, § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do
cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público
pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.

o Condenação de parlamentar (Deputado Federal ou Senador) a pena privativa de liberdade por


tempo superior a 120 dias → Trata-se de construção jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal
(STF).

Isso porque a CF diz que se o parlamentar não comparece a pelo menos 1/3 das sessões da Casa Legislativa
(365 dias divididos por 3), ele perde o mandato.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:


III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da
Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;

Portanto, se houver condenação por mais de 120 dias, ele automaticamente deixará de comparecer a 1/3
das sessões ordinárias.

COMO CAI: FCC/2016 – SEGEP/MA – ADAPTADA - No que toca aos efeitos da condenação, é correto afirmar
que constitui efeito genérico e automático a perda de cargo, função ou mandato eletivo.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Na verdade, a perda do cargo, função ou mandato não é efeito automático. Em outras
palavras, o Juiz deve declarar expressamente na sentença.

Art. 92 - São também efeitos da condenação:


I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.

OBS: A Lei 13.964/2019 introduziu o artigo 91-A no Código Penal.

Trata-se da hipótese de condenação por infrações penais que trazem pena maior do que 06 anos de
reclusão.

Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6
(seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens

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correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível
com o seu rendimento lícito.

§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os
bens:

I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na
data da infração penal ou recebidos posteriormente; e

II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da


atividade criminal.

Observe que, nesses casos, poderá haver perda dos bens correspondentes à diferença entre o valor do
patrimônio que o sujeito tem e o valor do patrimônio “real” (que ele poderia ter). Cumpre esclarecer que
“patrimônio” pode ser da própria pessoa ou de “laranjas”.

Mas o que isso quer dizer?!?

Exemplo: Tício, funcionário público, ganha 15 mil líquidos por mês.


Certo dia, em diligência precedida de mandado, a Polícia Civil do Distrito Federal encontra, na residência do
indivíduo (apartamento de 500 mil reais, devidamente financiado), “cadernos de contabilidade” referentes ao
suposto recebimento de propina.

Avançando nas investigações, percebe-se que Tício tem uma mansão em seu nome, no valor de 15 milhões de
reais, além de carros e outros imóveis no nome de parentes de sua esposa.

Nesse caso, haverá perda do valor correspondente à diferença do que ele tem e o valor do que ele
conquistou com sua atividade lícita.

Digamos que, no caso, o patrimônio total é de 20 milhões de reais. Quem recebe 15 mil por mês não tem
como ter esse patrimônio, certo?
Sendo assim, calcula-se o que ele “poderia ter”, que no caso é o apartamento de 500 mil (devidamente
financiado).
Dessa forma, subtrai-se 500 mil de 20 milhões, sendo o resto “perdido”.

Veja que o “perdimento” será pedido pelo MP (com o valor expresso) e será decretado pelo magistrado:

§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por
ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.

§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens
cuja perda for decretada.

Professor, e se ocorrer alguma “injustiça”, ou seja, se o acusado perder mais bens do que o “justo”?
Nesse caso, de acordo com o parágrafo 2º, ele poderá demonstrar o “equívoco”.

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§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do


patrimônio.

Por fim, o parágrafo 5º traz a previsão de que os instrumentos utilizados por organizações criminosas e
milícias deverão ser perdidos em favor do ente federativo (União ou Estado), ainda que sejam “normais”.
Isso quer dizer que um carro, mesmo que não ponha em risco a segurança e nem possa ser utilizado para o
cometimento de crimes, pode ser perdido.

§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão
ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação
penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem
ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.

Exemplo: As Polícias de alguns Estados já estão utilizando carros esportivos, anteriormente utilizados por
organizações criminosas.

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6) Reabilitação
O instituto da reabilitação nada mais é do que a possibilidade de o condenado, cumpridos alguns
requisitos, ter seus dados mantidos em sigilo, de forma a resguardar seu direito à privacidade/intimidade.

Veja:

Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao


condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.

Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no


art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo
artigo.

O parágrafo único veda expressamente que o condenado readquira o cargo/mandato que perdeu e
também seu poder familiar/tutela/curatela.

OBS: Não há “retirada” dos antecedentes. Eles apenas ficam em sigilo.

Tá, professor...quando pode ser requerida a reabilitação??!!

A resposta está no artigo 94 do CP, olhe:

Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de
qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o
do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:

I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;

II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento
público e privado;

III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer,
até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.

Em linhas gerais:

❖ A reabilitação só pode ser requerida depois de 02 anos do dia em que foi extinta e pena (ou
terminada a execuçã0), computando-se o “período de prova” da suspensão condicional da pena e
do livramento, se não tiver havido revogação;
❖ Ter tido domicílio no país no prazo dos 02 anos;
❖ Ter dado demonstração de bom comportamento;
❖ Ter ressarcido o dano (salvo impossibilidade, renúncia da vítima ou novação da dívida).

Pelo parágrafo único, é possível ver que se o juiz negar a reabilitação, ela poderá ser requerida a qualquer
tempo, desde que o pedido contenha novos elementos.

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Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido
seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.

Por fim, o artigo 95 diz que a reabilitação deverá ser revogada se o indivíduo for condenado, como
reincidente, em decisão condenatória transitada em julgado, a qualquer pena que não seja de multa.

Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado


for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.

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Questões comentadas pelo professor


1)FCC/2018 – MPE/PE- De acordo com o que dispõe o Código Penal acerca das penas privativas de liberdade, no
regime
A)aberto, o condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar.

B)semiaberto, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.

C)semiaberto, o trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou


ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.

D)fechado, o trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de
instrução de segundo grau ou superior.

E)fechado, o trabalho externo é admissível em serviços ou obras públicas.


GABARITO: LETRA E.

COMENTÁRIOS: A questão cobra os regimes prisionais (aberto, semiaberto e fechado).

Realmente, no regime fechado, o trabalho externo é admitido em serviços/obras públicas, veja:


Art. 34, § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.

LETRA A: Na verdade, esse é o regime semiaberto. No regime aberto, o condenado deverá trabalhar fora
do estabelecimento e sem vigilância, permanecendo recolhido durante a noite e nos dias de folga.

Art. 36, § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar
curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de
folga.

LETRA B: Como falado, essas são as características do regime aberto. No semiaberto, o condenado
trabalha em colônia agrícola (ou industrial) ou estabelecimento similar.

Art. 35, § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
LETRA C: Errado, pois essas características são do regime fechado.

Art. 34, § 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou
ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
LETRA D: Essas características são do regime semiaberto.

Art. 35, § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.

Portanto, incorreta a assertiva.

2)FCC/2018 – Câmara Legislativa do Distrito Federal - O efeito da condenação de

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A)tornar certa a obrigação de indenizar independe do dano causado pelo crime, mas depende de expressa
motivação nos crimes dolosos.
B)perda em favor do Estado da Federação do produto do crime depende de motivação declarada na sentença,
pois não é um efeito automático.

C)perda de bens e valores pode ser decretado mesmo quando o proveito ou produto do crime forem encontrados
no Brasil.

D)incapacidade para o exercício da tutela ou curatela ocorre em casos de crimes dolosos punidos com detenção
quando praticados contra o tutelado ou curatelado.

E)perda de cargo público ocorre em qualquer crime quando aplicada pena privativa de liberdade superior a 4
anos, se expressamente motivada na sentença.

GABARITO: LETRA E.

COMENTÁRIOS: É exatamente o que diz o artigo 92, I, b do CP e seu parágrafo único.

Art. 92 - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:


b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos
demais casos.

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.

LETRA A: Errado, pois a obrigação de reparar o dano está no artigo 91. Trata-se de um efeito automático
da condenação.

Art. 91 - São efeitos da condenação:


I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

LETRA B: Incorreto, pois se trata de efeito automático.

Art. 92 - São também efeitos da condenação:

II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:


b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a
prática do fato criminoso.

LETRA C: Errado, pois a perda de bens e valores equivalentes só será decretada se o produto/proveito do
crime estiver no exterior ou não for localizado.

Art. 91, § 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do
crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.

LETRA D: Na verdade, isso acontece em crimes punidos com reclusão.


Art. 92 - São também efeitos da condenação:

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II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos
sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho,
filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado

3)FCC/2018 – DPE/MA - ADAPTADA - Sobre a progressão de regime de cumprimento de pena, é correto afirmar
que o reincidente precisa cumprir 2/3 da pena e realizar exame criminológico para progressão de regime.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: A assertiva possui dois erros. O primeiro é que os percentuais são os do artigo 112 da LEP.

O segundo erro é que o exame criminológico não é obrigatório, tratando-se de uma faculdade do Juiz,
conforme Súmula 439 do STJ:

Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.

4)FCC/2018 – DPE/MA - ADAPTADA - Sobre o regime inicial de cumprimento de pena é correto afirmar que os
crimes hediondos ou equiparados devem ser cumpridos em regime inicial fechado.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Na verdade, apesar de a Lei de crimes hediondos assim estabelecer, o STF entende que
tem de se analisar o caso concreto, não podendo o legislador decidir o regime de cumprimento de pena em
abstrato.

Art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90 - A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado.

5)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A reincidência determina que o regime inicial de cumprimento de pena
seja obrigatoriamente o fechado.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Não há qualquer determinação da Lei nesse sentido. Ademais, ainda que houvesse, essa
determinação, provavelmente, seria declarada inconstitucional pelo STF.

Sendo assim, assertiva errada.

6)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A reincidência se verifica quando o agente comete novo crime depois de
condenação criminal definitiva por contravenção penal.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Como falado na parte da teoria, a prática de crime após a prática de uma contravenção
penal não gera reincidência. (Ver tabela no resumo direcionado).

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7)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A progressão de regime de cumprimento de pena ao regime aberto deve
ser acompanhada de exame criminológico para aferição do prognóstico de reincidência do condenado.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Como já falado, o exame criminológico não é obrigatório, tratando-se de uma faculdade
do Juiz, conforme Súmula 439 do STJ:
Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.

8)FCC/2018 – DPE/AM - A pena restritiva de direitos

A)pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime culposo, salvo se a pena for superior a
quatro anos.

B)de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra a administração pública.

C)de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em prestação de outra natureza mesmo
com concordância da vítima.

D)de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo menor do que a pena privativa de
liberdade substituída, se esta for superior a um ano.
E)pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de tratamento ambulatorial, pois não implica em
restrição da liberdade.

GABARITO: LETRA D.

COMENTÁRIOS: É exatamente o que diz o artigo 46, parágrafo 4º do CP.


Art. 46, § 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

LETRA A: Errado, pois nos crimes culposos não há limite de pena. Além disso, a Lei veda, em regra, a
substituição para o reincidente em crime doloso.

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;

II – o réu não for reincidente em crime doloso;

LETRA B: Não há essa previsão na Lei. Sendo assim, assertiva incorreta.


LETRA C: É exatamente o contrário.

Art. 45, § 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária
pode consistir em prestação de outra natureza.

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LETRA E: No ordenamento jurídico brasileiro, não pode ser aplicada uma pena e uma medida de
segurança. É uma ou outra. Sendo assim, assertiva errada.

9)FCC/2018 – DPE/AM - Sobre os regimes de cumprimento de pena:

A)A pena de detenção deve ser cumprida em regime inicial aberto, enquanto a de reclusão permite os regimes
aberto, semiaberto e fechado.

B)O crime de roubo não permite o início de cumprimento de pena em regime aberto em razão da gravidade do
delito.

C)A reincidência possui relevância na progressão de regime, mas não influencia a determinação do regime inicial
de cumprimento de pena.

D)O Código Penal impede a avaliação negativa das circunstâncias judiciais para aplicação da pena-base e para
agravar o regime inicial de cumprimento de pena no mesmo caso, pois configuraria bis in idem.

E)O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semiaberto.
GABARITO: LETRA E.

COMENTÁRIOS: A letra “E” explicita o que está no artigo 33, parágrafo 2º, “b” do CP, veja:

Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:

b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
LETRA A: Errado, pois a detenção será cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto, enquanto
a reclusão será cumprida inicialmente em regime fechado, semiaberto ou aberto.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
LETRA B: Incorreto. Na verdade, o que vai determinar o regime inicial é a quantidade de pena e as
circunstâncias do artigo 59 do CP.

LETRA C: Na verdade, a reincidência influencia sim na determinação do regime inicial. Observe o exemplo
dado anteriormente:

Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;

LETRA D: Na verdade, o CP permite que o Juiz avalie tais circunstâncias no momento da pena base e no
momento da fixação do regime inicial.

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Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;


III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

10)FCC/2017 – DPE/PR - A pena de prestação de serviços à comunidade

A)deve ser cumprida à razão de duas horas de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada de trabalho.

B)não é aplicável, em nenhuma hipótese, caso o condenado for reincidente.

C)não pode ser cumprida em menor tempo pelo condenado, se a condenação for superior a um ano.

D)aplica-se às condenações superiores a seis meses de privação de liberdade.


E)não substitui a pena privativa de liberdade.

GABARITO: LETRA D.

COMENTÁRIOS: É o que diz o artigo 46 do CP:

Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações


superiores a seis meses de privação da liberdade.

LETRA A: Na verdade, é uma hora por dia de condenação.

Art. 46, § 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo
ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho.

LETRA B: O condenado reincidente pode ser beneficiado pela substituição, desde que cumpra alguns
requisitos. Veja:

Art. 44, § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude
da prática do mesmo crime.

LETRA C: É exatamente o contrário.

Art. 46, § 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

LETRA E: Na verdade, as PRD’s substituem as privativas de liberdade.

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:

11)FCC/2016 – DPE/ES - ADAPTADA - Quanto às causas de aumento da pena, é correto afirmar que pode o juiz
limitar-se a um só aumento, se houver concurso de causas previstas na parte geral do Código Penal.

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GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Na verdade, o CP nos diz que o Juiz pode limitar-se a um só aumento, se houver concurso
de causas previstas na parte especial.

Art. 68, Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua.

12)FCC/2016 – DPE/BA - ADAPTADA - Sobre os efeitos da condenação, quando for aplicada pena privativa de
liberdade por tempo superior a 4 anos é automática a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.
GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Como já falado, a perda do cargo, função ou mandato não é efeito automático. Em
outras palavras, o Juiz deve declarar expressamente na sentença.

Art. 92 - São também efeitos da condenação:


I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.

13)FCC/2016 – Prefeitura de Teresina/PI - Fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar o condenado à pena

A)restritiva de direitos de prestação pecuniária e de perda de bens e valores.

B)de reclusão ou detenção, que cumpre pena em regime fechado.


C)restritiva de direitos de prestação de serviços à comunidade.
D)de reclusão ou detenção, que cumpre pena em regime semi-aberto.

E)restritiva de direitos de interdição temporária de direitos.


GABARITO: LETRA D.

COMENTÁRIOS: Fica sujeito a trabalho em comum durante o dia, em colônia (agrícola, industrial ou
similar), o condenado ao regime semiaberto, na forma do artigo 35 caput e seu parágrafo 1º do CP.

Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da
pena em regime semiaberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar.

Sendo assim, as demais assertivas estão incorretas.

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14)FCC/2016 – Prefeitura de Campinas/SP - A perda do cargo ou função pública, como efeito da condenação
criminal, ocorrerá quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a
A)quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder, violação de dever para com a Administração pública
ou contra a probidade administrativa.

B)seis meses, nos crimes praticados com violação de dever para com a Administração pública.
C)três anos independentemente da natureza do bem lesado.

D)cinco anos e somente na hipótese de crimes dolosos.

E)um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração pública ou
por tempo superior a quatro anos nos demais casos.

GABARITO: LETRA E.

COMENTÁRIOS: A questão cobra o entendimento do artigo 92 do CP.

Art. 92 - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais
casos.
Sendo assim, a única correta é a letra “E”.

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Lista de questões comentadas


1)FCC/2018 – MPE/PE- De acordo com o que dispõe o Código Penal acerca das penas privativas de liberdade, no
regime
A)aberto, o condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar.

B)semiaberto, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.

C)semiaberto, o trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou


ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.

D)fechado, o trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de
instrução de segundo grau ou superior.

E)fechado, o trabalho externo é admissível em serviços ou obras públicas.

2)FCC/2018 – Câmara Legislativa do Distrito Federal - O efeito da condenação de


A)tornar certa a obrigação de indenizar independe do dano causado pelo crime, mas depende de expressa
motivação nos crimes dolosos.

B)perda em favor do Estado da Federação do produto do crime depende de motivação declarada na sentença,
pois não é um efeito automático.
C)perda de bens e valores pode ser decretado mesmo quando o proveito ou produto do crime forem encontrados
no Brasil.
D)incapacidade para o exercício da tutela ou curatela ocorre em casos de crimes dolosos punidos com detenção
quando praticados contra o tutelado ou curatelado.

E)perda de cargo público ocorre em qualquer crime quando aplicada pena privativa de liberdade superior a 4
anos, se expressamente motivada na sentença.

3)FCC/2018 – DPE/MA - ADAPTADA - Sobre a progressão de regime de cumprimento de pena, é correto afirmar
que o reincidente precisa cumprir 2/3 da pena e realizar exame criminológico para progressão de regime.

4)FCC/2018 – DPE/MA - ADAPTADA - Sobre o regime inicial de cumprimento de pena é correto afirmar que os
crimes hediondos ou equiparados devem ser cumpridos em regime inicial fechado.

5)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A reincidência determina que o regime inicial de cumprimento de pena
seja obrigatoriamente o fechado.

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6)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A reincidência se verifica quando o agente comete novo crime depois de
condenação criminal definitiva por contravenção penal.

7)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A progressão de regime de cumprimento de pena ao regime aberto deve
ser acompanhada de exame criminológico para aferição do prognóstico de reincidência do condenado.

8)FCC/2018 – DPE/AM - A pena restritiva de direitos

A)pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime culposo, salvo se a pena for superior a
quatro anos.

B)de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra a administração pública.

C)de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em prestação de outra natureza mesmo
com concordância da vítima.

D)de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo menor do que a pena privativa de
liberdade substituída, se esta for superior a um ano.

E)pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de tratamento ambulatorial, pois não implica em
restrição da liberdade.

9)FCC/2018 – DPE/AM - Sobre os regimes de cumprimento de pena:


A)A pena de detenção deve ser cumprida em regime inicial aberto, enquanto a de reclusão permite os regimes
aberto, semiaberto e fechado.
B)O crime de roubo não permite o início de cumprimento de pena em regime aberto em razão da gravidade do
delito.
C)A reincidência possui relevância na progressão de regime, mas não influencia a determinação do regime inicial
de cumprimento de pena.

D)O Código Penal impede a avaliação negativa das circunstâncias judiciais para aplicação da pena-base e para
agravar o regime inicial de cumprimento de pena no mesmo caso, pois configuraria bis in idem.

E)O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semiaberto.

10)FCC/2017 – DPE/PR - A pena de prestação de serviços à comunidade


A)deve ser cumprida à razão de duas horas de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada de trabalho.

B)não é aplicável, em nenhuma hipótese, caso o condenado for reincidente.

C)não pode ser cumprida em menor tempo pelo condenado, se a condenação for superior a um ano.
D)aplica-se às condenações superiores a seis meses de privação de liberdade.

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E)não substitui a pena privativa de liberdade.

11)FCC/2016 – DPE/ES - ADAPTADA - Quanto às causas de aumento da pena, é correto afirmar que pode o juiz
limitar-se a um só aumento, se houver concurso de causas previstas na parte geral do Código Penal.

12)FCC/2016 – DPE/BA - ADAPTADA - Sobre os efeitos da condenação, quando for aplicada pena privativa de
liberdade por tempo superior a 4 anos é automática a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.

13)FCC/2016 – Prefeitura de Teresina/PI - Fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar o condenado à pena

A)restritiva de direitos de prestação pecuniária e de perda de bens e valores.

B)de reclusão ou detenção, que cumpre pena em regime fechado.

C)restritiva de direitos de prestação de serviços à comunidade.


D)de reclusão ou detenção, que cumpre pena em regime semi-aberto.

E)restritiva de direitos de interdição temporária de direitos.

14)FCC/2016 – Prefeitura de Campinas/SP - A perda do cargo ou função pública, como efeito da condenação
criminal, ocorrerá quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a

A)quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder, violação de dever para com a Administração pública
ou contra a probidade administrativa.
B)seis meses, nos crimes praticados com violação de dever para com a Administração pública.
C)três anos independentemente da natureza do bem lesado.

D)cinco anos e somente na hipótese de crimes dolosos.

E)um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração pública ou
por tempo superior a quatro anos nos demais casos.

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Gabarito
1. E 6. ERRADO 11. ERRADO
2. E 7. ERRADO 12. ERRADO
3. ERRADO 8. D 13. D
4. ERRADO 9. E 14. E
5. ERRADO 10. D

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Resumo direcionado
1) Teoria da Pena

Sanção Penal

Medida de
Pena
Segurança

Aplicada, em
Aplicada, em regra, aos
regra, aos inimputáveis
imputáveis (periculosidade)
(culpabilidade)

Culpabilidade Periculosidade

Pressuposto de aplicação de pena Pressuposto para aplicação de medida de segurança

Analisa-se o “passado” (o momento da conduta) Analisa-se o “futuro” (se o agente representa perigo)

Ilícito

Culpável
Fato Típico

Crime

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Comportamento
Humano

Voluntário e
consciente
Conduta
Finalidade
Resultado
(crimes
materiais)
Fato Típico Dolo/Culpa
Nexo causal
(crimes
materiais)
Formal
Tipicidade
Material

Legítima defesa Estado de Necessidade

Elementos que
excluem a ilicitude

Estrito cumprimento do dever legal Exercício regular de Direito

Maior de 18 anos

Imputabilidade
Entender
ilicitude do fato
Potencial + determinar-se
Culpabilidade Consciência da
ilicitude Coação moral
irresistível
Exigibilidade de
conduta diversa
Obediência
hierárquica

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Penas

Privativa de liberdade Restritivas de direito Multa

2) Pena privativa de liberdade

Pena privativa de
liberdade

Reclusão/detenção Prisão simples

Crimes Contravenções
(delitos) penais

Condenado à pena
Regime fechado
superior a 08 anos

Condenado não
reincidente

Regime semiaberto

Pena maior que 04 e


até 08 anos

Condenado não
reincidente

Regime aberto

Pena até 04 anos

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Cumprimento de
Requisito objetivo
1/8 da pena
Requisitos para a
progressão de Não ter cometido
regime na LEP crime com
(para gestante e violência/grave
mãe/responsável ameaça à pessoa
por criança ou
pessoa com Não ter cometido
deficiência) crime contra
filho/dependente
Requisitos
subjetivos
Ser primária e ter
bom
comportamento

Não ter integrado


organização
criminosa

1ª fase --> Pena-base 3ª fase --> Pena final

2ª fase --> Pena provisória

Infração Penal anterior Infração Penal posterior Há reincidência?

Crime Crime Sim

Crime Contravenção Penal Sim

Contravenção Penal Contravenção Penal Sim

Contravenção Penal Crime Não

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3) Penas restritivas de direito

Penas restritivas
de direito

Prestação de serviços à Interdição


Prestação Perda de bens e Limitação de fim
comunidade/entidades temporária de
pecuniária valores de semana
públicas direitos

Requisitos das penas


restritivas de direitos

Aplicação de pena Crime não cometido


Indicação de que a
privativa de liberdade com violência/grave *Réu não reincidente
substituição será
de até 04 anos, em ameaça à pessoa, em em crime doloso
eficiente
crimes dolosos caso de crime doloso

Há exceção (artigo 44,


parágrafo 3º)

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