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Bernardo Bustani
Direito Penal – Técnico Judiciário Auxiliar do TJ/SC
Aula 04
Direito Penal
Técnico Judiciário Auxiliar do TJ/SC – Aula
04
Prof. Bernardo Bustani
Atualizada conforme o edital de 2020
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Sumário
SUMÁRIO 2
APRESENTAÇÃO 3
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 4
TEORIA DA PENA 6
1) MEDIDAS DE SEGURANÇA 9
2) PENAS 13
2.1)Pena privativa de liberdade 14
2.2)Penas restritivas de direito 29
2.3)Pena de multa 34
3) SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 36
4) LIVRAMENTO CONDICIONAL 40
5) EFEITOS DA CONDENAÇÃO 44
6) REABILITAÇÃO 49
GABARITO 62
RESUMO DIRECIONADO 63
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Apresentação
Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo como Assessor Adjunto
de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região.
Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico
Judiciário/Área Administrativa do TRF da 1ª Região (2017) e também consegui aprovação para o cargo de
Analista Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017).
Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - e pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.
Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os
meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB.
Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha
capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e
confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”,
“frustração” e “pressão”.
Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento de aprovação é
capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar.
E é com muito prazer que, junto com o Professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na disciplina de
Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como cai.
Não hesitem em entrar em contato para tirar dúvidas:
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Conteúdo Programático
O edital trouxe o conteúdo da seguinte forma:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL: Princípios de Direito Penal. Aplicação da lei penal. Crime. Imputabilidade penal.
Concurso de pessoas. Penas: Espécies de pena. Regimes de pena. Substituições da pena. Ação penal. Extinção da
punibilidade. Crimes contra o patrimônio: do furto, do roubo, da apropriação indébita, do estelionato e outras
fraudes; dos crimes contra a fé pública: da falsidade de títulos e outros papéis públicos, da falsidade documental;
Dos crimes praticados por funcionário público e por particular contra a Administração Pública; dos crimes contra
a administração da justiça. Crimes contra a ordem tributária e econômica (Lei nº 8.137/1990). Crimes ambientais
(Lei nº 9.605/1998). Crimes de licitações (Lei nº 8.666/1993). Lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/1998).
Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013).
09 23/03/2020 Dos crimes praticados por funcionário público e por particular contra
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Teoria da Pena
Nesta aula, estudaremos a Teoria da Pena. Trata-se do assunto responsável pelo estudo das sanções penais
amplamente consideradas (medidas de segurança, penas, espécies de penas...).
Primeiramente, é necessário dizer que sanção penal é gênero das espécies pena e medida de segurança.
Falei “em regra”, pois o semi-imputável pode sofrer a aplicação de uma pena ou de uma medida de
segurança, como veremos em instantes.
OBS: Lembrando que crime é fato típico, ilícito e culpável. A imputabilidade está na culpabilidade.
Ilícito
Crime
Comportamento
Humano
Voluntário e
consciente
Conduta
Finalidade
Resultado
(crimes
materiais)
Fato Típico Dolo/Culpa
Nexo causal
(crimes
materiais)
Formal
Tipicidade
Material
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Elementos que
excluem a ilicitude
Maior de 18 anos
Imputabilidade
Entender
ilicitude do fato
Potencial + determinar-se
Culpabilidade Consciência da
ilicitude Coação moral
irresistível
Exigibilidade de
conduta diversa
Obediência
hierárquica
Professor, se o agente é imputável, aplica-se uma pena. Se o agente é inimputável, aplica-se uma medida
de segurança. É isso?
Sim! Isso porque a aplicação de uma pena requer que o fato seja típico, ilícito e culpável. No entanto, para
ser aplicada uma medida de segurança, o fato deve ser típico, ilícito e o agente deve ter periculosidade.
Periculosidade, professor?!?
Sim, periculosidade é a qualidade de quem é perigoso. Em síntese, se o agente representa perigo para a
sociedade, ele sofrerá uma medida de segurança.
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Sanção Penal
Medida de
Pena
Segurança
Aplicada, em
Aplicada, em regra, aos
regra, aos inimputáveis
imputáveis (periculosidade)
(culpabilidade)
Culpabilidade Periculosidade
Analisa-se o “passado” (o momento da conduta) Analisa-se o “futuro” (se o agente representa perigo)
Vistas estas diferenças, precisamos estudar as espécies de sanção penal. Por questões didáticas,
começaremos pela medida de segurança.
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1) Medidas de segurança
As medidas de segurança, como falado anteriormente, são aplicadas, em regra, aos inimputáveis. Elas se
subdividem em tratamento ambulatorial e em internação.
A internação está prevista no artigo 96, I do CP e a o tratamento ambulatorial está no artigo 96, II do
mesmo código.
Olhe:
• Na internação (medida de segurança detentiva), o sujeito tem sua liberdade restringida, pois fica
em um hospital de custódia (ou estabelecimento adequado).
• O tratamento ambulatorial (medida de segurança restritiva), por sua vez, se trata de um
acompanhamento médico (medicamentos, profissionais de saúde, etc.).
A internação é cabível em crimes punidos com reclusão e o tratamento é cabível em crimes punidos com
detenção. Veja:
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
OBS: Se o fato tem sua punibilidade extinta, não se aplica pena nem medida de segurança.
Art. 96, Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que
tenha sido imposta.
Prazo
O artigo 97, parágrafo 1º trata do prazo da medida de segurança. Ele diz, em resumo, que o tempo será
indeterminado, perdurando enquanto o indivíduo tiver periculosidade.
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Art. 97, § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando
enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo
deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
Observe que o prazo mínimo é de 01 a 03 anos. Ou seja, o artigo traz prazo mínimo, mas não traz prazo
máximo. E isso é um problema.
Quer ver?
Exemplo: Caio, inimputável, pratica um fato e sofre uma medida de segurança de internação.
Sendo assim, se a periculosidade não cessar, segundo o CP, ele poderia ficar internado “para sempre”.
Como falei, isso é um problema, pois a CF veda penas de caráter perpétuo, segundo artigo 5º, XLVII, b:
Sendo assim, para resolver essa questão, surgiram duas correntes jurisprudenciais.
❖ 1ª Corrente → O STJ entende que o limite máximo deve respeitar o limite máximo de pena cominada ao
delito praticado.
Súmula 527 do STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado
Exemplo: Caio, inimputável, pratica um fato e sofre uma medida de segurança de internação.
❖ 2ª Corrente → O STF, por outro lado, entende que o limite máximo é o limite máximo de cumprimento
de pena no ordenamento jurídico, ou seja, 40 anos, conforme artigo 75 do CP. Isso porque pena e medida
de segurança são espécies de sanção penal.
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40
(quarenta) anos
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OBS: Antes da Lei 13.964/2019, o limite máximo de cumprimento de pena era 30 anos. Sendo assim, a posição
do STF no que tange ao limite máximo de cumprimento da medida de segurança era também 30 anos.
Como o artigo 75 do CP foi alterado (de 30 para 40), a tendência é que o STF “altere” a sua posição de 30
para 40. Coloquei entre aspas porque, na verdade, não seria uma alteração propriamente dita.
Isso porque o STF entende que o limite máximo de cumprimento da medida se segurança é o limite
máximo de cumprimento de pena. Se este foi alterado, consequentemente altera-se aquele.
Exemplo: Caio, inimputável, pratica um fato e sofre uma medida de segurança de internação.
O fato é previsto no Código Penal e é apenado com reclusão de até 20 anos.
Sendo assim, o prazo mínimo da internação será de 01 a 03 anos e o prazo máximo será de 40 anos.
Resumindo, por ser um tema divergente, o aluno deve ficar atento ao enunciado: “De acordo com o STJ” ou
“De acordo com o STF”.
Finalizado o prazo mínimo da medida (01 a 03 anos), o sujeito será submetido a uma perícia médica, com a
finalidade de ver se ainda há periculosidade. Após esse lapso temporal, ela será repetida todo ano.
Além disso, tal perícia pode ser determinada pelo Juiz da execução a qualquer tempo.
Art. 97, § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de
ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
Liberado o sujeito (desinternação), se antes de 01 ano ele praticar fato que indique periculosidade, deverá
voltar à situação anterior (internação, por exemplo).
Art. 97, § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a
situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência
de sua periculosidade.
Ademais, se for aplicado um tratamento ambulatorial e o Juiz verificar que essa medida é insuficiente,
poderá determinar a internação.
Art. 97, § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do
agente, se essa providência for necessária para fins curativos.
O artigo 98 nos traz a possibilidade (já vista) de o semi-imputável sofrer medida de segurança.
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Por fim, o artigo 99 nos diz que quem for internado será recolhido a estabelecimento com características
hospitalares.
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2) Penas
As penas, como já visto, são espécies de sanção penal. Antes de ver cada uma delas, preciso falar de
algumas teorias. Em síntese, elas explicam a função (finalidade) da pena.
✓ Teoria absoluta/retributiva → Para esta teoria, a finalidade da pena é retribuir o mal cometido.
Em outras palavras, castiga-se o autor do fato.
✓ Teoria mista/unificadora/unitária → Esta teoria é uma junção das duas anteriores. Ou seja, pena é
retribuição e prevenção. Esta é a teoria adotada no Brasil, conforme podemos ver pelo artigo 59 do
CP.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
Vista essa parte teórica, é importante dizer que o Código Penal traz as espécies de pena.
Vamos vê-las?
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
As penas privativas de liberdade são divididas em reclusão, detenção e prisão simples. As restritivas de
direito tem várias subespécies e as de multa consistem em um pagamento em dinheiro.
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Penas
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Pena privativa de
liberdade
Crimes Contravenções
(delitos) penais
Reclusão X Detenção
Em relação aos crimes, quem decide se o crime é punido com reclusão ou com detenção é o próprio
legislador.
A reclusão será cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. Por outro lado, a detenção, em regra,
será cumprida em regime semiaberto ou aberto. Veremos tais regimes em instantes.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
OBS: Apesar de a detenção ser cumprida em regime semiaberto ou aberto, pode haver cumprimento de
detenção em regime fechado. Trata-se da situação na qual o agente regride de regime (pratica falta grave
prevista na Lei de Execuções Penais, por exemplo).
Veja:
Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a
regime mais rigoroso:
O mais correto, portanto, é o aluno dizer que a reclusão pode começar no regime fechado, semiaberto ou
aberto e a detenção somente pode começar no semiaberto ou no aberto. No entanto, poderá haver
cumprimento de detenção no regime fechado, desde que seja hipótese de regressão de regime.
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OBS: Após cada alínea (“letra”), colocarei destacado o dispositivo correspondente da Lei de Execuções Penais
(LEP – Lei 7.210/84).
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena em regime
semi-aberto.
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime
aberto, e da pena de limitação de fim de semana.
Como falado, as penas privativas de liberdade, em regra, serão executadas de forma progressiva.
Entretanto, precisamos saber em quais situações cada regime será aplicado.
Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
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c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.
Condenado à pena
Regime fechado
superior a 08 anos
Condenado não
reincidente
Regime semiaberto
Condenado não
reincidente
Regime aberto
Professor, e se o condenado for reincidente e for condenado a uma pena de até 04 anos??! Qual será o
regime?
Em regra, o fechado. No entanto, a jurisprudência viu que isso era muito rigoroso.
Por isso, o STJ tem entendimento sumulado no sentido de que, nestes casos, o Juiz, atendendo às
circunstâncias judiciais, pode estabelecer o regime semiaberto. Em outras palavras, o reincidente condenado a
uma pena reclusiva de até 04 anos não necessariamente terá de ir para o regime fechado.
Súmula 269 do STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais
As circunstâncias judiciais estão no artigo 59 do CP. A previsão da Súmula em relação a tais circunstâncias
nos remete para o parágrafo 3º do artigo 33 do CP, olhe:
Art. 33, § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos
critérios previstos no art. 59 deste Código.
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COMO CAI: FCC/2018 – DPE/MA – ADAPTADA - Sobre o regime inicial de cumprimento de pena é correto
afirmar que se a pena aplicada for superior a oito anos o regime inicial será obrigatoriamente o fechado.
GABARITO: ERRADO.
O artigo 33, parágrafo 2º, “a” nos diz que o condenado a pena superior a 08 anos começará a cumpri-la em
regime fechado.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
No entanto, devemos ter em mente que o regime inicial fechado só se aplica se a pena for de reclusão.
Sendo de detenção, o regime inicial será o semiaberto.
O regime fechado
O artigo 34 traz as regras do regime fechado. Em síntese, sua execução será individualizada (atendendo-se
às características do condenado) e o indivíduo ficará sujeito ao trabalho diurno (de dia) e ao isolamento noturno
(de noite).
Além disso, o trabalho obedecerá às aptidões do condenado (desde que compatível com a pena, claro),
sendo admissível o trabalho externo, desde que em serviços e obras públicas.
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O regime semiaberto
O artigo 35 traz as regras do regime semiaberto. Nesta hipótese, o condenado irá trabalhar durante o dia
em colônia (agrícola, industrial ou similar). Nota-se que o trabalho pode ser externo, admitindo-se também a
frequência em cursos profissionalizantes, de segundo grau e superior.
Olhe:
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena
em regime semiaberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar.
O regime aberto
O artigo 36 traz as regras do regime aberto. Observe que, no regime aberto, o condenado deve ter
autodisciplina e responsabilidade. Isso quer dizer que ele deverá trabalhar e frequentar curso (ou exercer outra
atividade autorizada) fora do estabelecimento e sem vigilância. Nos dias de folga e no período noturno, no
entanto, o sujeito ficará recolhido.
Trata-se do regime que, em tese, prepara a pessoa para voltar para a sociedade.
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso,
se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.
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OBS: No caso de crimes hediondos e equiparados, apesar de o artigo 2º, parágrafo 1º da Lei 8.072/90 nos dizer
que o cumprimento de pena iniciará em regime fechado, o STF entende que tem de se analisar o caso concreto,
não podendo o legislador decidir o regime de cumprimento de pena em abstrato.
Art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90 - A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em
regime fechado.
Progressão de regime
Como falamos, o cumprimento de pena será, em regra, progressivo. Em outras palavras, o condenado,
cumpridas algumas condições, poderá ir para um regime menos gravoso.
Veja o que diz a LEP:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa
ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a
prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.
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OBS: O bom comportamento carcerário pode ser acrescido do chamado “exame criminológico”, a critério do
Juiz. Não se trata de um requisito da lei, mas sim de uma possibilidade do Juiz. Em outras palavras, é uma
faculdade do Magistrado, não uma obrigação.
Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.
Art. 112 da LEP - § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;
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Cumprimento de 1/8
Requisito objetivo
da pena
Requisitos para a
progressão de Não ter cometido
regime na LEP crime com
(para gestante e violência/grave
mãe/responsável ameaça à pessoa
por criança ou
pessoa com Não ter cometido
deficiência) crime contra
filho/dependente
Requisitos subjetivos
Ser primária e ter
bom
comportamento
OBS: Antes da Lei 13.964/2019, a progressão de regime no caso dos crimes hediondos era regulada pelo artigo
2º, parágrafo 2º da Lei 8.072/90. No entanto, esse artigo foi revogado, sendo tal progressão regulada agora pelo
artigo 112 da LEP.
OBS 2: Condenado por crime contra a administração pública → a progressão de regime fica condicionada à
reparação do dano ou à devolução do produto ilícito.
Art. 33, § 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais.
OBS: Progressão por salto (per saltum) → consiste na situação na qual um indivíduo sai do fechado e vai direto
para o aberto.
Súmula 491 do STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
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A pena privativa de liberdade será estabelecida de acordo com o famoso “critério trifásico”, criado por
Nelson Hungria. Em outras palavras, para chegar-se à pena final, o Magistrado deve passar por 03 fases.
Isso está no artigo 68 do CP:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
➢ 1ª Fase → pena-base →A pena base nada mais é do que a pena escolhida pelo Juiz, dentro dos
limites do crime cometido.
Exemplo: Caio comete crime de homicídio simples, que tem pena de reclusão de 06 a 20 anos.
Sendo assim, o magistrado deve escolher um valor entre 06 e 20 anos. Para isso, ele usará as 08 circunstâncias
judiciais do artigo 59 do CP.
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
➢ 2ª Fase (pena provisória) → agravantes e atenuantes →Após o Juiz “escolher” os 08 anos, ele
analisará se há alguma agravante ou alguma atenuante. Elas estão nos artigos 61, 62, 65 e 66 do
CP.
Nesta fase, o Magistrado agrava/atenua a pena em “quanto quiser”, pois a Lei não traz nenhum valor.
Obviamente, isso deve ser fundamentado e deve respeitar a proporcionalidade.
Digamos que, no exemplo dado, o Juiz acresça a pena em 01 ano, totalizando 09 anos.
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Nesta fase, a Lei sempre traz percentuais. Digamos que, no exemplo, o homicídio seja privilegiado. Sendo
assim, os 09 anos serão diminuídos de 1/6 a 1/3, de acordo com o parágrafo 1º do artigo 121 do CP:
Art. 121, § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Suponhamos que o Juiz tenha escolhido diminuir de 1/3. Portanto, a pena final será 06 anos de reclusão (09
anos menos 03 anos).
É preciso dizer que, em virtude do caso concreto, pode haver, por exemplo, uma agravante e uma
atenuante. Nesse caso, o resultado da pena deve se aproximar das chamadas “circunstâncias preponderantes”,
que são os motivos do crime, a personalidade e a reincidência.
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas
circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do
crime, da personalidade do agente e da reincidência.
É possível, ainda, que haja concurso entre causas de aumento e de diminuição previstas na parte especial
(parte que comina crimes, a partir do artigo 121). Nesse caso, o Juiz pode se limitar a um só aumento ou a uma só
diminuição, prevalecendo a maior.
Art. 68, Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa
que mais aumente ou diminua.
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OBS: O aumento da pena-base deve seguir os critérios do artigo 59 do CPP → Por isso, o STJ entende que o Juiz
não pode aumentar a pena-base (1ª fase) levando em consideração inquérito policial e ação penal em curso, sob
pena de violar o princípio da presunção de inocência.
Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base.
OBS: Na 2ª fase (agravantes e atenuantes), a pena não poderá ultrapassar o mínimo nem o máximo legal. Trata-
se de entendimento sumulado pelo STJ.
Súmula 231 do STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.
Em síntese, se o crime tem pena de 06 a 20 anos, na 2ª fase ela não poderá ser inferior a 06 nem superior a
20.
OBS: Na 3ª fase (causas de aumento e de diminuição), a pena poderá ultrapassar o mínimo e o máximo legal.
Em síntese, se o crime tem pena de 06 a 20 anos, na 3ª fase ela poderá ser inferior a 06 e superior a 20.
Agravantes
As agravantes estão nos artigos 61 e 62 do CP. Elas são taxativas, ou seja, o Juiz não pode criar novas
agravantes.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
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d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia
resultar perigo comum;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
Embriaguez preordenada é aquela em que o agente se coloca em estado de embriaguez para “criar
coragem” e cometer o crime.
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;
A reincidência, prevista no artigo 61, I do CP, é verificada quando o agente comete novo crime depois de
transitar em julgado uma sentença (no Brasil ou no exterior) que o condenou por outro crime.
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
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Art. 7º do Decreto-Lei 3.688/41 (Lei de Contravenções Penais): Verifica-se a reincidência quando o agente
pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil
ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
O artigo 7º pode parecer simples, mas tem uma peculiaridade muito importante. Para evitar uma
explicação longa e desnecessária, colocarei um quadro no qual direi quando há reincidência e quando não há, ok?
Afinal, seu tempo é valioso.
O artigo 64 do CP, por sua vez, nos diz que, para fins de reincidência, não se considera o crime anterior se o
cumprimento/extinção de sua pena tiver ocorrido há mais de 05 anos.
Além disso, os crimes militares próprios e os políticos também não são considerados.
Observe:
Exemplo: Em 2005, Caio é condenado e cumpre pena. Em 2010, sua pena é extinta.
Em 2016, ele comete novo crime.
Se a circunstância agravante por prevista como qualificadora, o Juiz não poderá utilizá-la como
qualificadora (1ª fase) e como agravante (2ª fase), sob pena de bis in idem (punição duas vezes pelo mesmo fato).
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Exemplo: O motivo fútil qualifica o homicídio. No entanto, é também previsto como circunstância agravante.
Súmula 241 do STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.
Atenuantes
As atenuantes estão nos artigos 65 e 66 do CP. Para fins de prova, também basta a simples leitura.
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença;
II - o desconhecimento da lei;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
Observe que o artigo 66 traz a possibilidade de o Juiz reconhecer atenuantes que não estão previstas em
Lei. Trata-se, portanto, de rol exemplificativo.
Exemplo: Considere, por exemplo, o fato de o indivíduo não ter sido devidamente amparado pelo Estado, o que
o levou a praticar crime de roubo para comprar remédio para um familiar.
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Como já visto, a pena privativa de liberdade tem um limite de cumprimento. Esse limite, que anteriormente
à Lei 13.964/2019 era de 30 anos, agora é de 40 anos.
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40
(quarenta) anos.
É necessário esclarecer que esse limite é para o cumprimento, não para a imposição.
Ah, professor...não era necessário falar isso!! É obvio que ninguém pode ser condenado a mais de 40 anos,
né?!?!!?
Na verdade, pode. Como falei, o limite de cumprimento é de 40 anos, não havendo limite para
imposição/condenação.
Em outras palavras, um indivíduo pode ser condenado a 200 anos, por exemplo. No entanto, só poderá
cumprir 40.
O parágrafo 1º do artigo 75 traz a informação de que se o agente for condenado a várias penas privativas de
liberdade que superem 40 anos (na soma), elas devem ser unificadas.
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta)
anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
I - prestação pecuniária;
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos
arts. 46, 47 e 48.
Vemos que há 05 espécies de penas restritivas de direito. Analisaremos cada uma delas no momento
oportuno. Agora, precisamos ver quando as PRD’s serão aplicadas.
Primeiramente, é importante dizer que elas são autônomas e substituem as penas privativas de liberdade,
desde que cumpridos certos requisitos.
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Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
Vamos vê-los?
Requisitos
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
Note que no caso de crimes culposos a pena pode superar 04 anos e pode haver violência à pessoa
(homicídio culposo, por exemplo).
O parágrafo 2º nos diz que, em casos de condenação de até 01 ano, o Juiz pode substituir a prisão por uma
pena de multa ou por uma PRD. Se for superior a 01 ano, o Juiz poderá substituir por PRD+multa ou por duas
PRD’s.
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§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma
pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
*O parágrafo 3º, por sua vez, nos diz que, mesmo em caso de condenado reincidente, o Juiz pode
substituir a pena, desde que a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não seja na prática do
mesmo crime.
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado
em virtude da prática do mesmo crime.
O parágrafo 4º ensina que se o sujeito descumprir a PRD, esta converte-se em pena privativa de liberdade.
No cálculo da prisão, obviamente, será diminuído o tempo cumprido de PRD. No entanto, respeita-se o saldo
mínimo de 30 dias de detenção/reclusão.
Por fim, o parágrafo 5º traz uma hipótese de conversão facultativa. É o caso em que há uma nova
condenação por outro crime, devendo o Juiz da execução decidir sob a manutenção da PRD ou não.
§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.
Prestação pecuniária
A prestação pecuniária consiste no pagamento de valor fixado pelo Juiz, observado o parágrafo 1º do artigo
45 do CP. Em resumo, a quantia vai para a vítima (ou seus dependentes).
Se não há vítima nem dependente, tal quantia vai para uma entidade pública/privada com destinação
social.
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Art. 45, § 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou
a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1
(um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
Note que tal valor, calculado em salários mínimos, será diminuído de um eventual valor que o condenado
tiver que pagar, caso haja ação de reparação civil (ação cível), desde que os beneficiários (aquele que receber o
valor) sejam coincidentes.
Art. 45, § 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária
pode consistir em prestação de outra natureza.
Em resumo, se o beneficiário aceitar, o condenado pode dar outra prestação que não seja pecuniária
(dinheiro).
A prestação de serviços é amplamente conhecida. Ela consiste na prestação de serviços (como o nome já
diz) de forma gratuita e incidirá quando a condenação for superior a 06 meses.
Observe:
§ 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho.
Veja que essa prestação acontecerá nos locais dispostos no parágrafo 2º:
Por fim, se a pena for superior a 01 ano, o condenado pode cumpri-la em menos tempo, desde que não seja
inferior à metade da pena privativa de liberdade.
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I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
A limitação de fim de semana consiste na obrigação de o condenado, aos sábados e domingos, permanecer
por 05 horas diárias em estabelecimento adequado.
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos,
por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras
ou atribuídas atividades educativas
Penas restritivas
de direito
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2.3)Pena de multa
A pena de multa, conhecida como pena pecuniária, não se confunde com a prestação pecuniária (PRD). Na
multa, o valor pago vai para o fundo penitenciário e a quantia é calculada em dias-multa.
Em seguida, o valor de cada dia-multa será fixado pelo Juiz. Trata-se, portanto, de um critério bifásico
(fixação dos dias-multa + fixação do valor de cada dia-multa).
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença
e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.
O artigo 50 nos diz que a multa deve ser paga dentro de 10 dias do trânsito em julgado da condenação. O
mesmo artigo permite o pagamento em parcelas mensais.
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença.
A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se
realize em parcelas mensais.
a) aplicada isoladamente;
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O artigo 51 nos diz que a multa é considerada dívida de valor e será executada perante o juiz da execução
penal. Isso quer dizer que seu descumprimento não poderá ensejar conversão em pena de prisão. Até aí tudo
bem.
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
Acontece que a Súmula 521 do STJ diz que cabe exclusivamente à Fazenda Pública executar o valor não
pago.
Súmula 521 do STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta
em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
No entanto, o STF entendeu que o Ministério Público é o principal interessado em executar a multa penal
não paga. Sendo assim, a legitimidade para executar tal pena não é “exclusiva da Procuradoria da Fazenda
Pública”.
Esse entendimento é novo. Muito cuidado em provas.
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Sursis simples
Observe que o artigo fala expressamente em “pena privativa de liberdade não superior a 02 anos”. Nesse
caso, ela fica suspensa por 02 a 04 anos (chamado de “período de prova”).
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa,
por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
O sursis etário/humanitário está no parágrafo 2º do artigo 77 do CP. Nesse caso, a pena privativa de
liberdade deve ser não superior a 04 anos e poderá ser suspensa por 04 a 06 anos (chamado de “período de
prova”), desde que o condenado seja maior de 70 anos (etário) ou tenha saúde debilitada (humanitário).
Art. 77, § 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser
suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões
de saúde justifiquem a suspensão.
Art. 77, § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
O parágrafo 1º nos diz que a condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do sursis.
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As condições
Vimos dois tipos de sursis e seus requisitos. Agora, precisamos ver as condições que vincularão o
condenado. Elas estão no artigo 78 do CP, olhe:
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das
condições estabelecidas pelo juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou
submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
Sursis especial
O que pudemos extrair até agora é que, em regra, no primeiro ano, o condenado prestará serviços à
comunidade ou se sujeitará à limitação de fim de semana.
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde
que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
Note que a sentença pode especificar outras condições para o condenado, desde que tenha
razoabilidade/proporcionalidade.
Além disso, como a suspensão é da pena privativa de liberdade, ela não se estende às restritivas de direito
nem às de multa.
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Revogação do benefício
Como o sursis da pena possui algumas condições, se estas forem descumpridas, o benefício poderá/deverá
ser revogado.
Coloquei “poderá” e “deverá” de propósito, pois há causas de revogação obrigatória e causas de revogação
facultativa.
Para fins de prova, basta a atenta leitura.
Revogação obrigatória
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a
reparação do dano;
Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou
é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos.
Ok, professor. Entendi que a pena fica suspensa. Mas.....e se o condenado está sendo processado por outra
infração penal??!!
Nesse caso, o prazo da suspensão (02 a 04 anos, por exemplo) fica prorrogado até o julgamento definitivo,
conforme previsão do artigo 81, parágrafo 2º.
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado
o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.
Por fim, quando o prazo de suspensão expirar e não tiver havido revogação, haverá extinção da pena
privativa de liberdade.
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OBS: O sursis da pena não se confunde com o sursis do processo (estudado na Lei 9.099/95 – Juizado Especiais
Criminais).
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4) Livramento Condicional
Outro ponto importante da Teoria da Pena é o Livramento Condicional. Trata-se da última etapa do
cumprimento de uma pena no sistema progressivo.
O LC, em linhas gerais, permite que o condenado saia do estabelecimento antes do término do tempo
fixado na sentença condenatória, desde que cumpridos alguns requisitos e aceitas algumas condições.
Em outras palavras, é a antecipação da liberdade.
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;
III - comprovado:
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza.
➢ Não reincidente em crime doloso + bons antecedentes: Cumprimento de mais de 1/3 da pena;
➢ Reincidente em crime doloso: Cumprimento de mais da metade da pena;
➢ Condenação por crime hediondo (ou equiparado) e tráfico de pessoas, se não for reincidente
específico: Cumprimento de mais de 2/3 da pena.
Em qualquer dessas 03 hipóteses, o condenado também deve cumprir os requisitos do inciso III e IV. Ou
seja, deve ter tido bom comportamento durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho, aptidão
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para se sustentar e não ter cometido falta grave nos últimos 12 meses. Ademais, deve ter reparado o dano
causado, salvo se isso for impossível.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa,
a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a delinquir.
O parágrafo único, por sua vez, nos diz que para o condenado por crime doloso, cometido mediante
violência/grave ameaça à pessoa, a concessão do LC só deve ser deferida se ficar constatado que a pessoa não
voltará a praticar crimes.
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.
Como apontado anteriormente, o sujeito fica subordinado a algumas condições. Elas devem ser
especificadas na sentença, conforme artigo 85 do CP.
Causas de revogação
Assim como no sursis da pena, se as condições forem descumpridas, o benefício poderá/deverá ser
revogado.
Mais uma vez, há causas de revogação obrigatória e causas de revogação facultativa.
Revogação obrigatória
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível:
Revogação facultativa
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Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das
obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena
que não seja privativa de liberdade.
Excepcionalmente, no entanto, esse tempo pode ser contado em caso de revogação. Trata-se da hipótese
em que esta (revogação) se deu pela condenação por crime anterior ao benefício ser concedido.
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação
resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que
esteve solto o condenado.
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.
Súmula 617 do STJ - A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término
do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.
Por fim, se o acusado cometeu um crime na vigência do LC, o magistrado não poderá declarar a pena
extinta enquanto não transitar em julgado a sentença do crime cometido.
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
A falta grave
Professor...já ouvi falar que a falta grave (espécie de conduta prevista na Lei de Execuções Penais – Artigo
50 da Lei 7.210/84) tem vários reflexos no cumprimento da pena. Ela interfere no lapso temporal para a
concessão do LC?????
Não, segundo entendimento da Súmula 441 do STJ:
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Súmula 441 do STJ - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
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5) Efeitos da condenação
Havendo condenação, ela gera alguns efeitos. Primeiramente, temos o efeito principal (imposição de
sanção penal).
No mesmo sentido, temos os efeitos secundários. Eles podem ser genéricos (artigo 91 do CP) ou
específicos (artigo 92 do CP).
Veja:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente
com a prática do fato criminoso.
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime
quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
A alínea “a” traz hipóteses de crimes funcionais (nexo com a função exercida).
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais
casos.
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II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos
sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar,
contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.
Veja que os efeitos específicos não são automáticos, devendo ser declarados na sentença condenatória.
Sim!
Em regra, professor?!?!
Sim!
Temos exceções. Ou seja, é possível a perda do cargo como efeito automático da condenação.
Quer ver?
o Lei de tortura (Lei 9.455/97) → Condenados pela prática de tortura perderão seus cargos de forma
automática. É possível concluir isso pela palavra “acarretará”. Ou seja, trata-se de efeito
automático.
Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
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Art. 2º, § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do
cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público
pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
Isso porque a CF diz que se o parlamentar não comparece a pelo menos 1/3 das sessões da Casa Legislativa
(365 dias divididos por 3), ele perde o mandato.
Portanto, se houver condenação por mais de 120 dias, ele automaticamente deixará de comparecer a 1/3
das sessões ordinárias.
COMO CAI: FCC/2016 – SEGEP/MA – ADAPTADA - No que toca aos efeitos da condenação, é correto afirmar
que constitui efeito genérico e automático a perda de cargo, função ou mandato eletivo.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Na verdade, a perda do cargo, função ou mandato não é efeito automático. Em outras
palavras, o Juiz deve declarar expressamente na sentença.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
Trata-se da hipótese de condenação por infrações penais que trazem pena maior do que 06 anos de
reclusão.
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6
(seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens
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correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível
com o seu rendimento lícito.
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os
bens:
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na
data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
Observe que, nesses casos, poderá haver perda dos bens correspondentes à diferença entre o valor do
patrimônio que o sujeito tem e o valor do patrimônio “real” (que ele poderia ter). Cumpre esclarecer que
“patrimônio” pode ser da própria pessoa ou de “laranjas”.
Avançando nas investigações, percebe-se que Tício tem uma mansão em seu nome, no valor de 15 milhões de
reais, além de carros e outros imóveis no nome de parentes de sua esposa.
Nesse caso, haverá perda do valor correspondente à diferença do que ele tem e o valor do que ele
conquistou com sua atividade lícita.
Digamos que, no caso, o patrimônio total é de 20 milhões de reais. Quem recebe 15 mil por mês não tem
como ter esse patrimônio, certo?
Sendo assim, calcula-se o que ele “poderia ter”, que no caso é o apartamento de 500 mil (devidamente
financiado).
Dessa forma, subtrai-se 500 mil de 20 milhões, sendo o resto “perdido”.
Veja que o “perdimento” será pedido pelo MP (com o valor expresso) e será decretado pelo magistrado:
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por
ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens
cuja perda for decretada.
Professor, e se ocorrer alguma “injustiça”, ou seja, se o acusado perder mais bens do que o “justo”?
Nesse caso, de acordo com o parágrafo 2º, ele poderá demonstrar o “equívoco”.
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Por fim, o parágrafo 5º traz a previsão de que os instrumentos utilizados por organizações criminosas e
milícias deverão ser perdidos em favor do ente federativo (União ou Estado), ainda que sejam “normais”.
Isso quer dizer que um carro, mesmo que não ponha em risco a segurança e nem possa ser utilizado para o
cometimento de crimes, pode ser perdido.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão
ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação
penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem
ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.
Exemplo: As Polícias de alguns Estados já estão utilizando carros esportivos, anteriormente utilizados por
organizações criminosas.
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6) Reabilitação
O instituto da reabilitação nada mais é do que a possibilidade de o condenado, cumpridos alguns
requisitos, ter seus dados mantidos em sigilo, de forma a resguardar seu direito à privacidade/intimidade.
Veja:
O parágrafo único veda expressamente que o condenado readquira o cargo/mandato que perdeu e
também seu poder familiar/tutela/curatela.
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de
qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o
do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento
público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer,
até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.
Em linhas gerais:
❖ A reabilitação só pode ser requerida depois de 02 anos do dia em que foi extinta e pena (ou
terminada a execuçã0), computando-se o “período de prova” da suspensão condicional da pena e
do livramento, se não tiver havido revogação;
❖ Ter tido domicílio no país no prazo dos 02 anos;
❖ Ter dado demonstração de bom comportamento;
❖ Ter ressarcido o dano (salvo impossibilidade, renúncia da vítima ou novação da dívida).
Pelo parágrafo único, é possível ver que se o juiz negar a reabilitação, ela poderá ser requerida a qualquer
tempo, desde que o pedido contenha novos elementos.
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Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido
seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
Por fim, o artigo 95 diz que a reabilitação deverá ser revogada se o indivíduo for condenado, como
reincidente, em decisão condenatória transitada em julgado, a qualquer pena que não seja de multa.
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B)semiaberto, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
D)fechado, o trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de
instrução de segundo grau ou superior.
LETRA A: Na verdade, esse é o regime semiaberto. No regime aberto, o condenado deverá trabalhar fora
do estabelecimento e sem vigilância, permanecendo recolhido durante a noite e nos dias de folga.
Art. 36, § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar
curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de
folga.
LETRA B: Como falado, essas são as características do regime aberto. No semiaberto, o condenado
trabalha em colônia agrícola (ou industrial) ou estabelecimento similar.
Art. 35, § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
LETRA C: Errado, pois essas características são do regime fechado.
Art. 34, § 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou
ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
LETRA D: Essas características são do regime semiaberto.
Art. 35, § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
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A)tornar certa a obrigação de indenizar independe do dano causado pelo crime, mas depende de expressa
motivação nos crimes dolosos.
B)perda em favor do Estado da Federação do produto do crime depende de motivação declarada na sentença,
pois não é um efeito automático.
C)perda de bens e valores pode ser decretado mesmo quando o proveito ou produto do crime forem encontrados
no Brasil.
D)incapacidade para o exercício da tutela ou curatela ocorre em casos de crimes dolosos punidos com detenção
quando praticados contra o tutelado ou curatelado.
E)perda de cargo público ocorre em qualquer crime quando aplicada pena privativa de liberdade superior a 4
anos, se expressamente motivada na sentença.
GABARITO: LETRA E.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
LETRA A: Errado, pois a obrigação de reparar o dano está no artigo 91. Trata-se de um efeito automático
da condenação.
LETRA C: Errado, pois a perda de bens e valores equivalentes só será decretada se o produto/proveito do
crime estiver no exterior ou não for localizado.
Art. 91, § 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do
crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
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II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos
sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho,
filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado
3)FCC/2018 – DPE/MA - ADAPTADA - Sobre a progressão de regime de cumprimento de pena, é correto afirmar
que o reincidente precisa cumprir 2/3 da pena e realizar exame criminológico para progressão de regime.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: A assertiva possui dois erros. O primeiro é que os percentuais são os do artigo 112 da LEP.
O segundo erro é que o exame criminológico não é obrigatório, tratando-se de uma faculdade do Juiz,
conforme Súmula 439 do STJ:
Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.
4)FCC/2018 – DPE/MA - ADAPTADA - Sobre o regime inicial de cumprimento de pena é correto afirmar que os
crimes hediondos ou equiparados devem ser cumpridos em regime inicial fechado.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Na verdade, apesar de a Lei de crimes hediondos assim estabelecer, o STF entende que
tem de se analisar o caso concreto, não podendo o legislador decidir o regime de cumprimento de pena em
abstrato.
Art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90 - A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado.
5)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A reincidência determina que o regime inicial de cumprimento de pena
seja obrigatoriamente o fechado.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Não há qualquer determinação da Lei nesse sentido. Ademais, ainda que houvesse, essa
determinação, provavelmente, seria declarada inconstitucional pelo STF.
6)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A reincidência se verifica quando o agente comete novo crime depois de
condenação criminal definitiva por contravenção penal.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Como falado na parte da teoria, a prática de crime após a prática de uma contravenção
penal não gera reincidência. (Ver tabela no resumo direcionado).
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7)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A progressão de regime de cumprimento de pena ao regime aberto deve
ser acompanhada de exame criminológico para aferição do prognóstico de reincidência do condenado.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Como já falado, o exame criminológico não é obrigatório, tratando-se de uma faculdade
do Juiz, conforme Súmula 439 do STJ:
Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.
A)pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime culposo, salvo se a pena for superior a
quatro anos.
B)de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra a administração pública.
C)de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em prestação de outra natureza mesmo
com concordância da vítima.
D)de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo menor do que a pena privativa de
liberdade substituída, se esta for superior a um ano.
E)pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de tratamento ambulatorial, pois não implica em
restrição da liberdade.
GABARITO: LETRA D.
LETRA A: Errado, pois nos crimes culposos não há limite de pena. Além disso, a Lei veda, em regra, a
substituição para o reincidente em crime doloso.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
Art. 45, § 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária
pode consistir em prestação de outra natureza.
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LETRA E: No ordenamento jurídico brasileiro, não pode ser aplicada uma pena e uma medida de
segurança. É uma ou outra. Sendo assim, assertiva errada.
A)A pena de detenção deve ser cumprida em regime inicial aberto, enquanto a de reclusão permite os regimes
aberto, semiaberto e fechado.
B)O crime de roubo não permite o início de cumprimento de pena em regime aberto em razão da gravidade do
delito.
C)A reincidência possui relevância na progressão de regime, mas não influencia a determinação do regime inicial
de cumprimento de pena.
D)O Código Penal impede a avaliação negativa das circunstâncias judiciais para aplicação da pena-base e para
agravar o regime inicial de cumprimento de pena no mesmo caso, pois configuraria bis in idem.
E)O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semiaberto.
GABARITO: LETRA E.
COMENTÁRIOS: A letra “E” explicita o que está no artigo 33, parágrafo 2º, “b” do CP, veja:
Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
LETRA A: Errado, pois a detenção será cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto, enquanto
a reclusão será cumprida inicialmente em regime fechado, semiaberto ou aberto.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
LETRA B: Incorreto. Na verdade, o que vai determinar o regime inicial é a quantidade de pena e as
circunstâncias do artigo 59 do CP.
LETRA C: Na verdade, a reincidência influencia sim na determinação do regime inicial. Observe o exemplo
dado anteriormente:
Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
LETRA D: Na verdade, o CP permite que o Juiz avalie tais circunstâncias no momento da pena base e no
momento da fixação do regime inicial.
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Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
A)deve ser cumprida à razão de duas horas de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada de trabalho.
C)não pode ser cumprida em menor tempo pelo condenado, se a condenação for superior a um ano.
GABARITO: LETRA D.
Art. 46, § 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo
ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho.
LETRA B: O condenado reincidente pode ser beneficiado pela substituição, desde que cumpra alguns
requisitos. Veja:
Art. 44, § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude
da prática do mesmo crime.
Art. 46, § 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
11)FCC/2016 – DPE/ES - ADAPTADA - Quanto às causas de aumento da pena, é correto afirmar que pode o juiz
limitar-se a um só aumento, se houver concurso de causas previstas na parte geral do Código Penal.
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GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Na verdade, o CP nos diz que o Juiz pode limitar-se a um só aumento, se houver concurso
de causas previstas na parte especial.
Art. 68, Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua.
12)FCC/2016 – DPE/BA - ADAPTADA - Sobre os efeitos da condenação, quando for aplicada pena privativa de
liberdade por tempo superior a 4 anos é automática a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Como já falado, a perda do cargo, função ou mandato não é efeito automático. Em
outras palavras, o Juiz deve declarar expressamente na sentença.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
13)FCC/2016 – Prefeitura de Teresina/PI - Fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar o condenado à pena
COMENTÁRIOS: Fica sujeito a trabalho em comum durante o dia, em colônia (agrícola, industrial ou
similar), o condenado ao regime semiaberto, na forma do artigo 35 caput e seu parágrafo 1º do CP.
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da
pena em regime semiaberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar.
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14)FCC/2016 – Prefeitura de Campinas/SP - A perda do cargo ou função pública, como efeito da condenação
criminal, ocorrerá quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a
A)quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder, violação de dever para com a Administração pública
ou contra a probidade administrativa.
B)seis meses, nos crimes praticados com violação de dever para com a Administração pública.
C)três anos independentemente da natureza do bem lesado.
E)um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração pública ou
por tempo superior a quatro anos nos demais casos.
GABARITO: LETRA E.
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais
casos.
Sendo assim, a única correta é a letra “E”.
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B)semiaberto, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
D)fechado, o trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de
instrução de segundo grau ou superior.
B)perda em favor do Estado da Federação do produto do crime depende de motivação declarada na sentença,
pois não é um efeito automático.
C)perda de bens e valores pode ser decretado mesmo quando o proveito ou produto do crime forem encontrados
no Brasil.
D)incapacidade para o exercício da tutela ou curatela ocorre em casos de crimes dolosos punidos com detenção
quando praticados contra o tutelado ou curatelado.
E)perda de cargo público ocorre em qualquer crime quando aplicada pena privativa de liberdade superior a 4
anos, se expressamente motivada na sentença.
3)FCC/2018 – DPE/MA - ADAPTADA - Sobre a progressão de regime de cumprimento de pena, é correto afirmar
que o reincidente precisa cumprir 2/3 da pena e realizar exame criminológico para progressão de regime.
4)FCC/2018 – DPE/MA - ADAPTADA - Sobre o regime inicial de cumprimento de pena é correto afirmar que os
crimes hediondos ou equiparados devem ser cumpridos em regime inicial fechado.
5)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A reincidência determina que o regime inicial de cumprimento de pena
seja obrigatoriamente o fechado.
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6)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A reincidência se verifica quando o agente comete novo crime depois de
condenação criminal definitiva por contravenção penal.
7)FCC/2018 – DPE/AM - ADAPTADA - A progressão de regime de cumprimento de pena ao regime aberto deve
ser acompanhada de exame criminológico para aferição do prognóstico de reincidência do condenado.
A)pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime culposo, salvo se a pena for superior a
quatro anos.
B)de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra a administração pública.
C)de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em prestação de outra natureza mesmo
com concordância da vítima.
D)de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo menor do que a pena privativa de
liberdade substituída, se esta for superior a um ano.
E)pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de tratamento ambulatorial, pois não implica em
restrição da liberdade.
D)O Código Penal impede a avaliação negativa das circunstâncias judiciais para aplicação da pena-base e para
agravar o regime inicial de cumprimento de pena no mesmo caso, pois configuraria bis in idem.
E)O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semiaberto.
C)não pode ser cumprida em menor tempo pelo condenado, se a condenação for superior a um ano.
D)aplica-se às condenações superiores a seis meses de privação de liberdade.
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11)FCC/2016 – DPE/ES - ADAPTADA - Quanto às causas de aumento da pena, é correto afirmar que pode o juiz
limitar-se a um só aumento, se houver concurso de causas previstas na parte geral do Código Penal.
12)FCC/2016 – DPE/BA - ADAPTADA - Sobre os efeitos da condenação, quando for aplicada pena privativa de
liberdade por tempo superior a 4 anos é automática a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.
13)FCC/2016 – Prefeitura de Teresina/PI - Fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar o condenado à pena
14)FCC/2016 – Prefeitura de Campinas/SP - A perda do cargo ou função pública, como efeito da condenação
criminal, ocorrerá quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a
A)quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder, violação de dever para com a Administração pública
ou contra a probidade administrativa.
B)seis meses, nos crimes praticados com violação de dever para com a Administração pública.
C)três anos independentemente da natureza do bem lesado.
E)um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração pública ou
por tempo superior a quatro anos nos demais casos.
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Gabarito
1. E 6. ERRADO 11. ERRADO
2. E 7. ERRADO 12. ERRADO
3. ERRADO 8. D 13. D
4. ERRADO 9. E 14. E
5. ERRADO 10. D
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Resumo direcionado
1) Teoria da Pena
Sanção Penal
Medida de
Pena
Segurança
Aplicada, em
Aplicada, em regra, aos
regra, aos inimputáveis
imputáveis (periculosidade)
(culpabilidade)
Culpabilidade Periculosidade
Analisa-se o “passado” (o momento da conduta) Analisa-se o “futuro” (se o agente representa perigo)
Ilícito
Culpável
Fato Típico
Crime
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Comportamento
Humano
Voluntário e
consciente
Conduta
Finalidade
Resultado
(crimes
materiais)
Fato Típico Dolo/Culpa
Nexo causal
(crimes
materiais)
Formal
Tipicidade
Material
Elementos que
excluem a ilicitude
Maior de 18 anos
Imputabilidade
Entender
ilicitude do fato
Potencial + determinar-se
Culpabilidade Consciência da
ilicitude Coação moral
irresistível
Exigibilidade de
conduta diversa
Obediência
hierárquica
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Penas
Pena privativa de
liberdade
Crimes Contravenções
(delitos) penais
Condenado à pena
Regime fechado
superior a 08 anos
Condenado não
reincidente
Regime semiaberto
Condenado não
reincidente
Regime aberto
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Cumprimento de
Requisito objetivo
1/8 da pena
Requisitos para a
progressão de Não ter cometido
regime na LEP crime com
(para gestante e violência/grave
mãe/responsável ameaça à pessoa
por criança ou
pessoa com Não ter cometido
deficiência) crime contra
filho/dependente
Requisitos
subjetivos
Ser primária e ter
bom
comportamento
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Aula 04
Penas restritivas
de direito
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