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PROVA DE CRIMINOLOGIA

QUESTÃO 1 - AULA 1
A) Tarefas das políticas criminais (item 5.2)
Para o prof. Aníbal Bruno, são 2:
- Determinar os fatos antissociais que devem ser definidos E
- Estabelecer as medidas de que o Estado se deve valer, diante desses fatos, para a defesa social, não
como função normativa estatal, mas como sugestão de aperfeiçoamento dos meios de combate à
criminalidade.
Para Rodríguez (tendo por base que as políticas criminais estão fundadas em bases valorativas):
- ordenar sistematicamente todas estas valorações, fundamentando a opção sistemática, além de
estabelecer qual é a finalidade geral em que se enquadram todas as finalidades específicas.
De modo sintético (Rodríguez):
1) estudar a realidade do delito, o que a remete à sua relação com as criminologias;
2) estudar os mecanismos de prevenção do delito;
3) formular a crítica à legislação penal;
4) apresentar o programa de objetivos e estratégias para a prevenção da criminalidade;
5) realizar a avaliação acerca de si próprias.

B) Interdisciplinaridade das criminologias (item 6.3 e 7)


Segundo Molina, “são muitas as disciplinas científicas que se ocupam do crime como fenômeno individual
e social” (biologia criminal, psicologia criminal e sociologia criminal), com seus respectivos métodos,
enfoques e pretensões foram acumulando valiosos saberes especializados sobre o delito.
“Somente através de um esforço de síntese e integração das experiências setoriais e especializadas é que
cabe formular um diagnóstico científico, totalizador, do crime, mais além dos conhecimentos
fragmentados, parciais e incompletos que possam oferecer aquelas”.
Assim, o princípio interdisciplinar “é uma exigência estrutural do saber científico imposto pela natureza
totalizadora deste e não admite monopólios, prioridades nem exclusões sobre as partes ou setores de seu
tronco comum”.
Para Rodriguéz: as criminologias, as políticas criminais e as dogmáticas jurídico-penais (o tripé das
ciências criminais) juntas conformam as ciências encarregadas de estudar e prevenir a criminalidade, as
quais somente lograrão seus objetivos quando verdadeiramente se produza uma intercomunicação
entre elas, isto é, quando trabalharem sob o norte da interdicisplinariedade”.
A interdisciplinariedade, como método de investigação criminológica e político-criminal, faz com que as
criminologias e as políticas criminais tenham de buscar o seu aporte teórico, filosófico, antropológico,
sociológico, psicológico, psicanalítico, psiquiátrico, estatístico, histórico, político, econômico e jurídico em
diversas outras áreas do conhecimento, tanto em ciências que integram, diretamente, esses saberes,
quando em outras com elas relacionadas, como, também, naquelas que, apesar de se relacionarem de
forma autônoma e independente, são capazes de fornecer elementos que podem ser extremamente úteis
para a compreensão do fenômeno criminal.
Há, também, as relações entre com as teorias do Estado: os modelos de Estado e as formas de exercício do
poder interferem nas práticas punitivas e, via de consequência, no saber relativo a essas práticas.
Além disto, sendo o Estado expressão da organização social, a sociologia, também, influencia o saber
criminológico e político-criminal que se ocupa do controle social.
C) Relacionamento das políticas criminais com as criminologias. Relação circular entre o tripé das ciências
criminais (item 7.2)
É a partir dos estudos realizados pelas criminologias que as políticas criminais fazem as suas proposições
sobre o que deve ser criminalizado, ou seja, sobre o âmbito ou os limites da criminalização e sobre as
respostas que devem ser apresentadas ao fenômeno criminal, as quais, transformadas em legislação,
tornam-se objeto de estudo das dogmáticas jurídico-penal, processual penal e de execução penal.
Em outros termos, enquanto as criminologias dizem “o que é” o fenômeno criminal em qualquer dos
paradigmas, as políticas criminais dizem “se se deve reagir ou não” penalmente contra esse fenômeno e
“como se deve fazê-lo”. Os saberes e ações levadas a efeito em face das políticas criminais tornam-se
objetos das criminologias, instituindo-se, assim, uma relação de circularidade.
A criminologia é uma ciência que, com base em diversos métodos, sobretudo o empírico, de observação
da realidade, e valendo-se de pesquisas realizadas em diversas áreas do conhecimento, ocupa-se do
estudo do fenômeno criminal, que compreende tanto a conduta infracional, dos sujeitos ativo e passivo e
do sistema de controle dessas condutas, com o propósito de fornecer informações válidas, contrastadas e
comprovadas a quem quer que seja, mas, sobretudo, à política criminal, a fim de que esta possa formular
as suas proposições de ações e decisões acerca desse fenômeno, como, também, às dogmáticas jurídico-
penais, para que estas possam, a partir dessas informações, realizar a melhor interpretação dos textos
normativos, construir os melhores e mais fundamentados conceitos e sistematizá-los da forma mais
adequada possível, sendo, assim, útil à aplicação do direito.
O direito penal objetivo é produto das proposições das políticas criminais, formuladas a partir de estudos
criminológicos.

D) Status científico das criminologias e das políticas criminais (p. 14 a 16 e ítem 6)


Tanto no que diz respeito às criminologias quanto às políticas criminais, é necessário reconhecer que
ambas são ciências práticas (empíricas), porquanto voltadas às transformações da realidade, o que lhes
aproxima, em certa medida, especialmente as políticas criminais, da técnica ou da arte. Isso, ao contrário
de afastar o seu status científico, reforça os seus compromissos de serem ciências que buscam
transformar a realidade.
CUIDAR! “a Criminologia é uma ciência empírica, porém não necessariamente experimental”
Segundo Molina, “a Criminologia é uma ciência”, pois “reúne informação válida, confiável e contrastada
sobre o problema criminal, que é obtida graças a um método (empírico) que se baseia na análise e
observação da realidade”. “Não se trata, pois, de uma ‘arte’ ou de uma ‘práxis’, senão de uma genuína
ciência”, isso porque “a Criminologia dispõe de um objeto de conhecimento próprio, de um método ou
métodos e de um sólido corpo doutrinário sobre o fenômeno delitivo, confirmado, por certo, por mais de
um século de investigações”.
Criminologia: ciência empírica, pois “se serve de um método indutivo, empírico, baseado na análise e na
observação da realidade”
PORÉM, HÁ PENSAMENTO CONTRÁRIO:
Edwin Hardin Sutherland: “a criminologia não pode, possivelmente, tornar-se uma ciência”, pois “as
proposições de validade universal são a essência da ciência; essas proposições somente podem ser feitas
relativamente a unidades estáveis e homogêneas” e que “o crime não é unidade estável e homogênea, mas
varia de uma jurisdição ou época para outra”.
Implica reconhecer que “não se podem formular proposições universais com relação ao crime”, de modo
que “os estudos científicos do comportamento criminoso se tornam, portanto, impossíveis”.
IMPORTANTE SABER QUE:
Para Vicenzo Ruggiero (criminólogo italiano), não sendo a generalização de uma teoria essencial nos
estudos criminológicos, o status científico da criminologia haverá de ser definido, apenas, a partir dos seus
objetos e dos seus métodos.
Sobre as POLÍTICAS CRIMINAIS, alguns autores sustentam serem uma “mera técnica” (Antolisei), isto é,
“um critério diretivo das reformas penais, que se baseia no exame crítico do direito vigente, sob o aspecto
de sua adaptação ao momento histórico-social” (Calón) ou, ainda, apenas, “um critério orientador da
produção legislativa” (Soler) ou “um método de trabalho ou, mais exatamente, uma arte no legislar,
segundo as necessidades do povo, em dado momento histórico” (Asúa).
Outros autores afirmam que é uma ciência, pois ela “pode classificar e organizar os seus princípios,
ordenando-os unitariamente em sistema, e assumir, assim, a dignidade de ciência”, o que implica
reconhecer que ela “não é simples método de trabalho, mas um conjunto de princípios de orientação do
Estado na sua luta contra a criminalidade, através de medida aplicável aos criminosos”, pois, “na
realidade, ela se situa entre a Criminologia e o Direito Penal, entre os estudos do crime como fenômeno
social e humano, cujos dados utiliza, e a prescrição de normas para a sua disciplina jurídica, que ela se
destina a orientar” (Aníbal Bruno).
“como ciência, a Política Criminal firma princípios e, como arte, aplica-os”. Por isso, “a política criminal
somente pode ser entendida como ciência”, porém “não é ciência à maneira das ciências exatas, mas no
sentido aproximativo, que orienta as investigações sobre as estratégias de combate à criminalidade na
direção da fórmula mais eficaz para o estabelecimento de uma sociedade ideal” (Rocha)
Segundo Zipf, uma ciência político criminal seria entendida como “uma parte da ciência política cujas
funções consistem no inventário dos princípios vigentes da luta contra o delito e na configuração de
mudanças no âmbito da justiça criminal” e, como tal, “haverá de desenvolver e realizar os conceitos de
ordenação decisivos.

E) Objeto da investigação criminológica


Delito/crime - Delinquente/criminoso - Vítima/ofendido - Reação Social/Controle social e penal
Para Molina, as investigações criminológicas tradicionais versavam quase que exclusivamente sobre a
pessoa do delinquente e sobre o delito. A Criminologia tradicional tinha por base um sólido e pacífico
consenso sobre o conceito legal de delito, não questionado.
O atual redescobrimento da vítima e dos estudos sobre o controle social do crime representam uma
positiva extensão da análise científica para âmbitos outrora desconhecidos (representou um novo modelo
ou paradigma: o paradigma do controle). O controle social é realizado por meio do processo de
criminalização, pelo sistema penal, composto por agências formais (aparato estatal) e informais (sociedade
civil).

E. clássica → o fato criminoso


E. positiva italiana → o homem criminoso
E. de Chicago e a sua criminologia da reação social → o controle social, mais especificamente o controle
penal realizado por meio do processo de criminalização
Criminologia crítica → o funcionamento seletivo e desigual do sistema, a gênese do sistema penal e a sua
prática oficial.

QUESTÃO 2 - AULAS 2 e 3
A e B) Aspectos importantes sobre as técnicas de estudo em Carraher
Além da familiaridade com os fatos, exige que se busquem os significados subjacentes, de modo que o
cientista social deve procurar levantar dúvidas e exercer não apenas uma função consumidora do
conhecimento, mas, também, construtora desse, o que significa dizer que ele deve ter uma mente
analítica, reflexiva e criadora.
Pelo que eu tenho anotado da aula, para Carraher o senso crítico se constrói a partir de 4 fatores:
- familiaridade e subjacência com os fatos: o conhecimento científico não se reduz ao conhecimento dos
fatos, pois é preciso ver um significado subjacente a eles (o conhecimento precisa ser fundamentado,
ter perspectiva, conhecimento mais amplo)
- observação e inferência: fazer distinção entre observações e aquilo que foi inferido a partir delas. A
diferença entre o cientista e o leigo é que o cientista reconhece a facilidade com que pode enganar-se
e tenta estabelecer meios para evitar várias fontes de erro nas suas observações.
O senso crítico exige que o pesquisador: a) consiga distinguir as suas observações sobre determinado
objeto das inferências (deduções, conclusões) que ele pode fazer a partir delas; e b) evite erros
decorrentes dessas inferências
- levantamento de dúvidas: além de adquirir conhecimentos na sua área de especialização, a pessoa
com senso crítico levanta dúvidas sobre aquilo em que se comumente acredita, explora
rigorosamente alternativas através da reflexão e avaliação de evidências, com a curiosidade de
quem nunca se contenta com o seu estado atual de conhecimento.
- mente analítica, reflexiva e construtora: tende a ser produtora ao invés de apenas consumidora do
conhecimento, não podendo aceitar passivamente as ideias dos outros.
“ser cientista e, portanto, pensador crítico envolve manter em equilíbrio duas mentes: uma para análise e
reflexão, que exige comprovação e não se satisfaz com evidências fracas e uma mente criadora, artística,
pronta para ver implicações ser inspirada, ver significâncias e relacionar o presente com seus
conhecimentos e as suas experiências anteriores”. “saber trabalhar como cientista envolve o
discernimento de saber quando uma e outra mente é apropriada à situação”.
É necessário, portanto, conciliar a mente analítica e reflexiva, que busca comprovações e não se satisfaz
com evidências fracas, com a mente criadora, que é artística e receptiva e permite que se estabeleçam
novas conexões.
O saber criminológico e político-criminal exige do pesquisador uma postura orientada pelo senso crítico,
isto é, uma busca incessante de se aproximar dos fatos, mas, sobretudo, dos significados que esses fatos
podem carregar consigo de forma oculta, razão pela qual o caminho para a descoberta desses significados
é a constante formulação de indagações acerca da realidade, o que implica abdicar da função meramente
consumidora do conhecimento, para assumir uma função construtora, por meio da conciliação entre as
mentes analítica, reflexiva e criadora.

C) Pensamento crítico de L.F. Coelho - Aplicação do pensamento dialético no âmbito das políticas criminais
(Aula 2, item 3.4)
● O termo dialética significa o “caminho entre as ideias” e a “arte do diálogo e da argumentação”.
● conforme Coelho, a interdisciplinaridade “não é a incorporação em visão unitária dos resultados de
diversas ciências, ou seja, a incorporação da crítica à ciência da sociedade realizada desde fora”,
mas, sim, “como interação de regiões teóricas, realizando-se no plano epistemológico a tarefa que
a dialética culturalista já realizara no plano ontológico.24
● Em síntese, os elementos do conhecimento, as controvérsias acerca das suas possibilidades, as suas
formas, as questões paradigmáticas e pragmáticas relativas à ciência, à técnica e a ética e o
contexto interdisciplinar no qual o conhecimento criminológico e político-criminal se desenvolve
revelam a complexidade desse conhecimento, o que deve ser levado em conta por qualquer
pesquisador das criminologias e das políticas criminais.
● No dizer de Coelho, “essas quatro dimensões do movimento, espacial, temporal, lógica e
ontológica, estão presentes, respectivamente, na natureza, na história, no pensando e no ser em
geral, isto é, nos fenômenos”, sendo, por isso, respectivamente, “o fundamento de uma dialética da
natureza, uma dialética da histórica, uma lógica dialética e uma dialética fenomenológica”.31
● De forma resumida, pode-se dizer que, a partir das diversas concepções acerca da dialética, a
realidade decorre do movimento ou da dinamicidade, ou seja, que tanto as ideias quanto das ações
que daquelas decorrem, contêm elementos que se movimentam de um campo a outro.
● A dialética da participação, segundo Coelho, “é assim uma proposta metodológica às exigências de
uma práxis transformadora, o que pressupõe também a dimensão política”. Além disso, “ao novo
estatuto justamente repugna a separação entre a teoria e a práxis, consideradas não mais como
entidades separadas no plano teórico, mas apenas o epistemológico de princípios da única
realidade, o ser humano individual e social, cuja ontologia, esta sim, pode servir de fundamento a
qualquer teorização

TIREI ISSO DO TEXTO DO COELHO, NÃO DO RESUMO DO PROFESSOR.

D) Quais as diversas correntes criminológicas que integram as criminologias tradicionais


Compõem o estudo das criminologias tradicionais:
- a CRIMINOLOGIA CLÁSSICA
- os estudos empíricos sobre o fenômeno criminal que antecederam a criminologia positivista
- a ESCOLA CARTOGRÁFICA e as ESTATÍSTICAS CRIMINAIS
- a CRIMINOLOGIA POSITIVISTA (escolas italiana, francesa, espanhola e austríaca)
- as CRIMINOLOGIAS ECLÉTICAS (terza scuola, escola alemã/Marburgo/política criminal, movimento de
defesa social, escola técnico-jurídica)

E) Quais as políticas criminais decorrentes das criminologias tradicionais


- CRIMINOLOGIA CLÁSSICA → políticas criminais LIBERAIS. Limitação do poder punitivo estatal: garantia
do indivíduo diante do poder estatal de punir, sobretudo por meio da legalidade e pela evitação de
penas excessivas. Paradigma garantista.
Preocupação com a PENA: propunham, sobretudo, penas moderadas, úteis, humanas e
proporcionais. Enfatizavam a função retributiva da pena (prevenção geral negativa - prevenção
contra a motivação ou dissuasão ou intimidação dos infratores). Ideia de responsabilidade moral
(culpabilidade - pena imposta apenas aos imputáveis, os dotados de livre-arbítrio).
TEORIA MONISTA (dto penal/pena apenas ao imputável). Meramente penal, não se preocupava
com as respostas ao fenômeno criminal que possam estar fora do dto penal.
- CRIMINOLOGIA POSITIVISTA → políticas criminais de DEFESA SOCIAL/PREVENCIONISTA.
Preocupação com o DELINQUENTE: ao invés de atuar nas causas, propuseram agir nas pessoas:
conjunto de medidas de segurança para a defesa da sociedade em relação ao perigo representado
pelo criminoso. Desenvolvidas com base nas funções de prevenção especial positiva (pena poderia
se transformar em instrumento de coalizão ou de integração social) e negativa. Visava evitar a
reincidência. Respaldo às sanções penais indeterminadas.
TEORIA MONISTA (dto penal/pena para todos). Caráter meramente penal, pois aplicadas em face
de uma conduta tida como de natureza criminosa. Caráter retributivo.
CUIDAR! As escolas positivas italiana e espanhola desenvolveram as políticas criminais humanitárias,
no âmbito do desenvolvimento do movimento da nova defesa social. Pressuposto de responsabilidade
social ou legal (não se fala em livre-arbítrio e imputabilidade, pois o comportamento criminoso é
determinado por causas biopsíquicas e sociais, o criminoso não detém o livre arbítrio).
- CRIMINOLOGIAS ECLÉTICAS → políticas criminais DUALISTAS.
Preocupação com o: propunham respostas penais de duplo caráter, orientadas pelo critério
cumulativo ou duplo binário, admitindo a aplicação cumulativa de pena e de medida de segurança
aos imputáveis e semi-imputáveis e o critério alternativo ou vicariante, o qual não admite essa
acumulação. Distinção entre imputáveis, semi-imputáveis e inimputáveis.

Questão 3 - BECCARIA E CARRARA


A e B - resuminho completo
BECARRIA: Como vê a punição; como prevenir o crime; como deveria ser a pena; surgimento do poder de
punir (contratual)
Do contrato
● Limitar o poder estatal
● Poder punitivo é fundado no contrato social, o homem abriu mão de parte de sua liberdade visando
proteção/segurança do Estado. “os primeiros homens, até então selvagens, se viram forçados a
reunir-se”. ““as leis foram as condições que reuniram os homens”; “a soma de todas essas porções
de liberdade, sacrificadas assim ao bem geral, formou a soberania da nação” [ “O conjunto de todas
essas pequenas porções de liberdades é o fundamento do direito de punir}
● O homem tende ao despotismo, para proteger a segurança coletiva, o Estado se valeu da pena
como instrumento. “[...] Não bastava, porém, ter formado esse depósito; era preciso protegê-lo
contra as usurpações de cada particular [...] “Esses meios foram as penas estabelecidas contra os
infratores das leis.”

A base da justiça humana é a utilidade comum. Três consequências da origem contratual:


a) limitação pelo princípio da legalidade penal (apenas o legislador pode criar leis e penas);
b) jurisdicionalidade: todos devem se submeter à lei, quem desrespeita a lei deve ser julgado pelo
magistrado, único capaz de “pronunciar se há um delito ou se não há”;
c) humanidade das penas: princípio da humanidade das penas, pois a atrocidade ou a crueldade
das penas é “inútil”, além de “odiosa, revoltante, contrária a toda justiça e à própria natureza do
contrato social”
● Interpretação das leis: os magistrados não poderiam interpretar, estavam limitados a aplicação,
pois “ o legítimo intérprete destas não são aqueles, mas o soberano, que é o guardião das
vontades atuais de todos”. O Magistrado deve apenas associar delito à ocorrência ditando se
houve ou não crime, mas tudo em acordo com a lei, sendo a “consequência, a liberdade ou a
pena”. Visava evitar que houvesse contaminação das “subjetividades das opiniões”.
● E as leis obscuras? “[...] precisam ser interpretadas e, maior é o inconveniente quando elas não
estão escritas em língua vulgar” (PELO SOBERANO, ÚNICO INTÉRPRETE GUARDIÃO DAS
VONTADES)
Finalidade da Pena
● A finalidade maior é a PREVENÇÃO. “[...] impedir o culpado de ser nocivo futuramente à
sociedade e desviar seus concidadãos da senda do crime. A PENA TEM FUNÇÃO DE PREVENÇÃO
GERAL NEGATIVA (contramotivação da sociedade em geral) E ESPECIAL NEGATIVA
(contramotivação do condenado: ressocialização?)
● As penas devem ser aplicadas de forma PROPORCIONAL, devem ser escolhidos “os meios que
devem causar no espírito público a impressão mais eficaz e mais durável, e, ao mesmo tempo,
menos cruel no corpo do culpado”, pois, historicamente, os países que registraram os suplícios
mais atrozes, foram, justamente, os que presenciaram os crimes mais cruéis.
● Ainda sobre a PROPORCIONALIDADE entre delito e pena: “No caso de crimes que atingem a
sociedade em graus diferentes, mas possuem a mesma pena, o infrator não precisará se ater ao
delito menos gravoso, uma vez que poderá melhor satisfazer-se com o ato criminoso mais
hediondo e obter a mesma punição
● Importa para BECCARIA a INEVITABILIDADE E CERTEZA da pena.
● “Não é o rigor do suplício que previne os crimes com mais segurança, mas a certeza do castigo, o
zelo vigilante do magistrado e essa severidade inflexível que só é uma virtude no juiz quando as
leis são brandas” “O homem treme à ideia dos menores males, quando vê a impossibilidade de
evitá-los”
● NÃO DEFENDE A PENA DE MORTE.

Prevenção do Crime
LEIS CLARAS, SIMPLES, IMPARCIAIS E GERAIS “deve preferir o impedimento do mal a sua reparação
posterior [...] as leis devem causar nos cidadãos, acima de tudo, medo de infringi-las.”
Evitar a proliferação de leis “mais leis, mais crimes”: “[...]quanto mais se estender a esfera dos crimes,
tanto mais se fará que sejam cometidos, porque se verão os delitos multiplicar-se à medida que os
motivos de delitos especificados pelas leis forem mais numerosos”
Outro meio de prevenção: “Outro meio de prevenir o crime é através do ILUMINISMO, pois o
oferecimento de luz ao povo afastará a ignorância e este passará a amar sua legislação, conhecendo
seus dispositivos e garantindo a segurança pública.”, bem como a RECOMPENSA DE VIRTUDES, “forma
de estímulo à prática do bem e à não violação da legislação”

LETRA C . - RESUMINHO COMPLETO


marcos históricos, filosóficos, políticos, econômicos, epistemológicos da escola clássica
● Surgiu na segunda metade do século XVIII (18)
1) Filosóficos:
a) humanismo:
● No âmbito do Direito: contribui para “sistematização e no novo conteúdo do direito positivo, em
face, sobretudo, do desenvolvimento e da sedimentação de novas concepções relacionadas aos
direitos subjetivos”.
● No âmbito penal: busca pela sistematização do direito, o que levou a um melhor delineamento
da ciência do direito penal, bem como pela humanização das penas e pela abolição daquelas
consideradas cruéis, degradantes e infamantes, justamente as que atentavam contra a
dignidade da pessoa humana.”
b) iluminismo:
● “visa a estimular a luta da razão sobre a autoridade”, isto é, cujo “programa é a difusão do uso
da razão para dirigir o progresso da vida em todos os aspectos”
● na filosofia do direito o iluminismo visa: “construir um corpo de normas jurídicas universais e
imutáveis, que, no momento, constituem o critério de juízo da legislação vigente, mas que, num
Estado iluminado, se tornam, ao mesmo tempo, causa eficiente e final da própria legislação”
● Campo penal: descobrir as origens do poder punitivo estatal e, a partir dessas, deduzir,
racionalmente, os limites para o exercício da atividade punitiva estatal [...] orientado pela
proporcionalidade, pela utilidade e humanidade das penas.

c) utilitarismo (mais felicidade, menos sofrimento - BENTHAM)


● “a natureza colocou o gênero humano sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e o
prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que na
realidade faremos”
2) O MARCO POLÍTICO: Liberalismo Político
a) Estado absolutista:
● passagem do Estado absolutista ao liberal marca a escola clássica. Não se pode perder de vista
que o Estado moderno nasceu como um Estado absolutista, ou como um “Estado policial” [...]
detentor do poder exerce o governo sem dependência ou controle de outros poderes, superiores
ou inferiores, havendo, portanto, a concentração de poder nas mãos do soberano, que
personifica o Estado. Nessa etapa as leis são apenas instrumento do arbítrio, servem a vontade
do soberano, não visam limitar o soberano.
b) Estado liberal:
● modelo de Estado de direito que está atrelado ao conteúdo próprio do liberalismo, impondo,
assim, aos liames jurídicos do Estado a concreção do ideário liberal, especialmente no que diz
respeito ao princípio da legalidade, à separação entre Estado e sociedade civil, à democracia
vinculada ao ideário de soberania da nação, à divisão de poderes ou funções, à garantia dos
direitos ou das liberdades individuais e ao Estado mínimo.
● John Locke e Montesquieu (importantes sustentáculos da noção de Estado Lieberal de Direito)
● Supremacia do poder legislativo e separação dos poderes: oposição ao poder do soberano,
liberdade do homem não se sujeita a vontade a outra vontade, salvo a vontade positiva em lei e
ao alcance de todos (LOCKE) - “Montesquieu, por sua vez, afirma, na sua teoria da separação
dos poderes, que a liberdade não existe quando os poderes legislativo e executivo estão
reunidos na mesma pessoa”
● Surge da necessidade de diminuir a insegurança jurídica e conter excessos do poder punitivo;
prever condutas puníveis(base na legalidade e no princ. retribuição) e impor penas
proporcionais (motivação política)
3) econômico (capitalismo)
A escola clássica do direito penal surgiu no marco econômico do capitalismo, devendo-se ressaltar que,
embora o feudalismo tenha iniciado a sua derrocada, no século XIII, com o surgimento do Estado
absolutista, esse processo se prolongou, por alguns séculos, chegando ao seu término no século XVIII,
quando se estabeleceu, definitivamente, o modo de produção capitalista, momento em que surgiu,
também, o pensamento criminológico e jurídico-penal clássico.
4) epistemológico (concepção racionalista de ciência)
● Segundo a concepção racionalista de ciência, o mundo é visto como um sistema ordenado e
regido por leis universais e necessárias que o homem, como ser razoável, é dotado de capacidade
de compreender. A ciência é concebida, assim, como a adequação da razão subjetiva do homem
à razão objetiva do universo.
● a escola clássica do direito penal propugnava por um modo de pensar que buscava descobrir as
leis gerais de regência do universo, sobretudo as origens do poder punitivo estatal, a partir das
quais eram deduzidas as leis especiais, ou seja, as leis penais e processuais penais.
● “a construção do saber, para a escola clássica do direito penal, deve observar o método
dedutivo.” “o direito de punir está em uma realidade preexistente, ou seja, no contrato social
(Beccaria) ou no direito natural de defesa coletiva (Romagnosi) ou na fórmula sacramental do
Direito Penal como tributo divino (Carrara).

LETRA D - RESUMINHO COMPLETO


CARRARA: o fundamento da responsabilidade penal; o que é responsabilidade para ele; surgimento do
poder de punir (divino)
● O Direito é dado por Deus “fórmula sacramental”
● Era necessário: [...] encontrar a fórmula que expressasse esse princípio; e a ela unir, e dela
deduzir, os preceitos particulares que deveriam servir de guia constante nesta importante
matéria. Uma fórmula devia conter em si o germe de todas as verdades em que a ciência do
direito criminal viria compendiar-se nos seus desenvolvimentos e aplicações peculiares.
● Carrara critica a suposta passagem do estado selvagem para o de natureza: “[...] É falso que o
gênero humano tenha vivido, durante certo período de tempo, livre de qualquer vínculo
associativo. É falsa a transição de um estado primitivo, de absoluto isolamento, para outro,
modificado e artificial. [...] que pouco a pouco se acrescentou a constituição de leis permanentes,
e de uma autoridade fiscalizadora da sua observância; e, assim, a organização da sociedade que
se denominou civil.”
● Para Carrara, esse estado de associação é decorrente da lei natural, que, por sua vez, remete à lei
física, a qual deve estar de acordo com a lei eterna.
a) Lei eterna: “Deus dispôs tudo o que foi criado para a eterna ordem ou harmonia, sendo essa lei,
que foi denominada lei eterna ou lei da ordem ou lei da harmonia universal, a que impeliu “o
homem à sociedade”
● o direito penal tem sua gênese e seu fundamento racional na lei eterna da harmonia
universal”. (importante)
b) Lei física ou lei da atração: “há uma tendência física de atração, em face da qual se operou a
primeira conjunção dos corpos. [...] é uma “força única, imensa, pela qual se exercita o poder
divino sobre tudo o que foi criado”. [...] “uma força de coação, e uma sanção, que tornavam
indefectível o seu cumprimento”
c) Lei moral ou natural: no sexto dia criou o homem a sua imagem “dotado de uma alma espiritual,
rica pela inteligência e vontade livre” “lançou à Terra a semente de uma série de entes dirigíveis
e responsáveis pelas próprias ações”, “não podiam, como os meros corpos, submeter-se apenas
às leis físicas; uma lei moral nasceu com eles: a lei natural”, que impõe ao homem o respeito ao
direito do próximo. “Quem nega essa lei renega a Deus”. As leis morais apenas possuem força de
coação moral, “não possui sanção na terra , senão no remorso”. AS PAIXÕES PERVERTEM,
MUITAS VEZES, O SENSO MORAL E SUFOCAM O REMORSO.
d) lei política ou lei do Estado ou civil ou lei positiva: “essa força coatora e repressiva, que a lei
moral não possuía em si mesma, não podia ser encontrada senão no próprio braço do homem”,
de modo que, segundo a lei eterna da ordem, “o homem foi destinado a ser, ao mesmo tempo,
súdito e mantenedor do preceito moral”. Para Carrara, a sociedade civil é “a única forma capaz
de fazer valer a ordem jurídica” e a sua razão de ser “reside, tão-só, na necessidade de tutela
jurídica”.
Delito como ente jurídico e o direito dado por Deus
● a noção de delito decorre fórmula sacramental, pois, para ele, “o delito não é um ente de fato,
mas um ente jurídico”, isso “porque a essência do delito deve forçosamente consistir na violação
de um direito
● “o direito é congênito ao homem, porque lhe foi dado por Deus, desde o momento de sua criação,
para que possa cumprir os seus deveres nesta vida”. Por isso, deve o direito “ter existência e
critérios anteriores às inclinações dos legisladores terrenos”.
● Duas verdades da forma sacramental:
a) “cada direito deve conter a faculdade da própria defesa, a qual deve ser secundada por
uma força capaz de gerar a sua observância”
b) há uma impotência para exercitar constantemente uma defesa coativa direta suficiente
para impedir a violação do direito
● “no terreno da repressão e da proibição, a tutela jurídica, sendo a pena justificada pela
emanação do direito e respeitando aos critérios jurídicos que lhe regulam a qualidade e a
quantidade, proporcionalmente ao dano sofrido pelo direito. Qualquer excesso não é guarda,
mas violação do direito; é prepotência, tirania.” [...] O rito processual serve aos honestos
● os objetos da ciência do direito penal são: (a) a infração da lei pelo homem (o delito); (b) o desejo
da lei da punição deste homem (a pena); e (c) a verificação da violação pelo magistrado,
impondo o castigo (juízo).
● delito “como a infração da lei do Estado, promulgada para proteger a segurança dos cidadãos,
resultante de um ato externo ao homem, positivo ou negativo, sendo moralmente imputável e
politicamente danoso’’
Responsabilidade Moral para CARRARA
Deriva do livre arbítrio “se o homem está submetido à lei penal, enquanto é um ente dirigível, essa sua
subordinação tem origem no próprio intelecto e na própria vontade”
Funções da pena
● [...] não é que se faça justiça, nem que seja vingado o ofendido, nem que seja ressarcido o dano
por ele sofrido; ou que se amedrontem os cidadãos, expie o delinquente o seu crime, ou obtenha
a sua correção. Podem, todas essas, ser consequências acessórias da pena, algumas delas
desejáveis; mas a pena permaneceria como ato inatacável mesmo quando faltassem todos esses
resultados. O fim primário da pena é o restabelecimento da ordem externa da sociedade.
● Segundo Carrara, “o juízo criminal é o terceiro momento de fato em que, depois de reguladas a
proibição e a sanção da proibição, se desenvolve e se completa o magistério punitivo, segundo a
ciência. [...] “a proibição seria mera poesia se a ela não se seguisse a sanção. E a sanção seria vã
jactância se a ela não se seguisse o juízo, com a consequente execução efetiva do julgado.”

LETRA E - RESUMINHO COMPLETO


sobre política criminal: qual política criminal decorreu da criminologia clássica (monista, dualista)?
● POLÍTICA CRIMINAL LIBERAL, DE LIMITAÇÃO DO PODER PUNITIVO OU GARANTISTA.
● “os estudos realizados por esta escola ensejaram a formulação de uma política criminal, a qual
pode ser considerada liberal, de limitação do poder punitivo estatal ou garantista, pois está em
oposição à política autoritária do regime ancião, a qual se caracterizava pelos excessos do poder
punitivo estatal, e propugnam, principalmente, por penas moderadas, úteis, humanas e
proporcionais, o que enfatiza a função retributiva da pena.”
● “busca a limitação desse poder, sobretudo por meio da legalidade penal, processual penal e da
execução penal e pela evitação de penas excessivas.
● “Trata-se de uma política criminal estruturada com base na responsabilidade moral, isto é, que
está fundada na concepção de que as penas somente podem ser impostas em relação às pessoas
imputáveis, ou seja, aquelas dotadas de livre-arbítrio ou que detenham o poder de decidir entre
praticar ou não a conduta criminosa, permanecendo todas as demais inalcançadas pela resposta
penal” MONISTA (NÃO HÁ MEDIDA DE SEGURANÇA, APENAS PENA)
● a responsabilidade penal, na visão clássica, está sustentada na ideia de culpabilidade.
● uma política meramente penal, pois ela não se ocupa com respostas ao fenômeno criminal que
possam estar fora do direito penal.

Questão 4
LETRA A - CIÊNCIA PENITENCIÁRIA (2 autores precursores e estudos)
● Três estudiosos são muito mencionados como representantes da ciência penitenciária: John
Howard¹, Jeremy Bentham² (mais influentes) e Nikolaus Heinrich Julius.
● Howard estudos: “propôs que as prisões fossem transformadas, passando de prisões cautelares
para prisões-pena, com a melhora das suas condições.”
★ Howard sustentava a obrigatoriedade do trabalho para os condenados, não para os
presos provisórios, pois “serviria de meio adequado para a regeneração moral”. Devido a
sua religião calvinista, Howard considerava “a religião o meio maia adequado para
instruir e moralizar” e afirmava que a execução da pena deveria ser realizada por meio do
isolamento dos delinquentes, pois “favorece a reflexão e o arrependimento” e “tem o
propósito prático de combater inúmeros males de promiscuidade”
● Bentham estudos: “propôs um sistema de vigilância rigorosa, para criar novos e bons hábitos nos
presos, o qual seria realizado em estabelecimentos penitenciários com arquitetura circular, com
uma torre ao centro, onde permanecer iam os vigilantes, circunstada por outra torre anelar, onde
se situavam as celas, das quais aqueles tinham total visualização, uma vez que não continham
paredes nas partes externa e interna, apenas grades, de modo que a luz penetrava por inteiro,
favorecendo o controle visual”
● Julius estudos: fundou a ciência que se ocupa da execução ou do cumprimento das penas privativas
de liberdade e das sanções penais que, de alguma forma, privam, restringem ou limitam a liberdade
de ir, vir ou ficar dos condenados.

LETRA B - PSIQUIATRIA (quando surgiu? Estruturação do pensamento? Do que se ocupa enquanto ramo
médico? É importante na atualidade?)
● Distinção entre enfermos mentais e delinquentes, psiquiatria surgiu no final do século XVIII, no
âmbito clínico, quando começou o trabalho revolucionário de distinção entre os enfermos
mentais e os delinquentes, e a elaboração, no começo do século XIX, das primeiras categorias
psiquiátricas e do seu aparato conceitual, tais como de “crime” e de “loucura”, e as teorias da
degeneração, da inferioridade e da loucura moral.
● A psiquiatria é uma especialidade da medicina que cuida, especificamente, da prevenção, do
diagnóstico e do tratamento dos transtornos mentais e do comportamento.
● Atualidade: “O saber psiquiátrico, embora tenha passado por diversas transformações desde o
seu surgimento, continua tendo relevante importância para as ciências penais, sobretudo no que
diz respeito à apuração da inimputabilidade penal por meio dos exames de sanidade mental, daí
por que o seu estudo é primordial para a compreensão, também, do direito penal.”
● Pinel tem o mérito de haver realizado os primeiros diagnósticos clínicos, separando criminosos de
enfermos mentais e evitando rigores inúteis. também, foi o pioneiro na fundação de asilos e
hospitais psiquiátricos genuínos e na oportuna iniciação do tratamento dos enfermos psíquicos.
● O médico psiquiatra inglês Henry Maudsley (1835-1918), nas suas obras intituladas
“Responsabilidade em Doença Mental” e “Crime e Loucura”, publicadas, respectivamente, nos anos
de 1874 e 1888, afirma que o criminoso pertence uma classe especial de ser vivo inferior e
degenerado e uma subespécie mórbida cujos estigmas se perpetuam por via hereditária.

LETRA C - ESCOLA POSITIVA ITALIANA ( influência, correntes filosóficas, Como Ferri, via a
responsabilidade penal, fundamentos da responsabilidade penal, Estudo etiológico, Quais as 3 causas
As influências sofridas pelos pensadores da escola positiva italiana
a) Augusto Comte - POSITIVISMO
● “criação de uma filosofia positiva como tentativa de remediar o mal-estar social da
Revolução Francesa, criando uma doutrina social baseada nas ciências e formulando a sua
doutrina do “positivismo”.
b) Charles Darwin - DARWNISMO
● (aula 5 - antropologia - buscar)
c) Herbert Spencer - DETERMINISMO
● (aula 5 - antropologia - buscar)
FERRI - O HOMEM DELINQUENTE
● Ferri reforçou a concepção de que se exige da justiça penal uma função de defesa social e que o
método o método indutivo ou de observação e experiência deve ser utilizado na investigação do
fenômeno criminal.
● crime ou delito e o delinquente são dois objetos inseparáveis da lei penal, pois o objeto desta não
pode ser, apenas, a ação por ela proibida, mas é, e deve ser, inseparavelmente, também o
“homem” que pratica essa ação, porque o crime não pode ser, senão, a “ação de um homem”
● O delinquente sob o ponto de vista naturalístico: a pessoa anormal, inadaptada à vida social, pois
reage aos estímulos externos com uma ação delituosa
● O delinquente sob o ponto de vista jurídico: a pessoa que vive em sociedade que pratica o crime que
seja expressão da sua personalidade
● delinquente para a justiça penal: a pessoa que pratica uma ação qualificada como crime ou delito
pela lei penal
● Assim, um homem será considerado delinquente se, num dado momento de sua vida, uma ideia
criminosa tenha atravessado os seus sentimentos mais ou menos anormais, direta ou
indiretamente, por sensações do mundo externo, e esta ideia não encontre nas suas condições
fisiopsíquicas do momento (permanentes ou transitórias) uma suficiente inibição ou por
repugnância moral ou por previsão de danosas consequências, ou por ambas conjuntamente.
● A diferença entre o homem honesto e o homem delinquente está em que, no primeiro, o relâmpago
dessa ideia se dissipa ou é repelida, ao passo que na mente do outro fica, se enraíza, se aprofunda
CAUSAS DA CRIMINALIDADE PARA FERRI
● CRIME: “definição Ferri-Berenini”, de que crimes naturais são ações puníveis, determinadas por
motivos individuais (egoístas) e antissociais, que perturbam as condições de vida e vão de encontro
à moralidade média de um dado povo num dado momento”
● CAUSAS BIOLÓGICAS, PSICOLÓGICAS E SOCIAIS DO CRIME
● Causas sociais: “considerou ser o delito o resultado, entre outros, do meio social em que vive o
delinquente, da densidade populacional, da opinião pública, da religião, da constituição familiar,
do alcoolismo, dos sistemas educacional e industrial, da organização econômica e política, da
administração pública, especialmente da justiça e da polícia judicial e dos sistemas legislativo
civil e penal”
● “Ferri propõe medidas de prevenção e repressão em face da personalidade perigosa do homem
delinquente, tendo esse autor afirmado que “a realidade impunha ter em conta o homem
delinquente, não desconhecendo no delinquente os direitos insuprimíveis do homem, mas não
esquecendo nunca a insuprimível necessidade da defesa social contra o delFerri propõe que a
sociologia criminal seja a “ciência geral sobre a criminalidade”, a qual está dividida em dois ramos
distintos, isto é, “um ramo biossociológico (causas do ambiente (físicas e sociais)” e um ramo
jurídico (“organização jurídica de prevenção direta (polícia de segurança) e sobretudo a
organização jurídica repressiva (crime, pena, juízo, execução) ”.
RESPONSABILIDADE SOCIAL (medidas de segurança - periculosidade
● propõe a adoção do “critério positivista da ‘responsabilidade legal’ para todo o delinquente,
quaisquer que sejam as suas condições fisiopsíquicas de menoridade, loucura, anomalia etc.”,
sujeitando-os às medidas de segurança
● implica reconhecer que “todo sujeito ativo de delito é, portanto, sempre penalmente responsável,
desde que o ato seja seu, isto é, expressão da sua personalidade, quaisquer que sejam as condições
fisiopsíquicas em que ele o deliberou e executou”
● fundamento da responsabilidade social: “o homem é sempre responsável de todo o seu ato,
somente porque e até que vive em sociedade”
LETRA D ESCOLA POSITIVA ESPANHOLA ( qual era foco, representantes principais na espanha)
● Dorado Monteiro é considerado um correcionalista positivista, pois defendia o que denominou de
"pedagogia correcional" como sendo um "direito protetor" dos criminosos, completamente
desprovido de um sentido repressivo e doloroso, animado, apenas, por um objetivo protetor.
● Conforme Gabriel Ignacio Anitua, “a ideologia do tratamento deve uma fonte original de
legitimação no positivismo espanhol”, que, por sua vez, por meio do correcionalismo, introduziu o
positivismo penal e criminológico na Espanha de uma forma original
● Fizerem parte dessa escola criminológica, também, entre outros, Concepción de Arenal, Francisco
Giner de los Ríos, Luís Morote, Rafael Salillas, Constancio Bernaldo de Quirós e Quintiliano Saldaña.

LETRA E. ESCOLA AUSTRÍACA (representantes,área de estudo)


● jurista e criminólogo austríaco Hans Gustav Adolf Gross e Adolf Lenz (1868-1959), no campo da
holística e da biologia criminal.
● A escola se destacou mais por seus estudos em psicologia criminal e em criminalística (conjunto de
conhecimentos científicos e técnicos utilizados para desvendar crimes),

QUESTÃO 5
LETRA A TERZA (como dividiu as ciências (fato jurídico e natural), quais os métodos) TAINARA - SERIAM
OS POSTULADOS?
● Conciliar clássicos e positivistas
● surgiu, na Itália, na última década do século XIX
● necessidade de que o estudo dogmático do crime seja complementado, mas não absorvido, pela
sociologia, pela estatística, pela antropologia e pela psicologia, bem como pela necessidade de se
distinguir imputáveis e inimputáveis
● RESPONSABILIDADE: “funda a responsabilidade criminal na saúde do delinquente, porém reconhece
a necessidade de aplicar ‘medidas de segurança’ ao não imputável” (DUALISTA)
● CRIME: “de um ponto de vista ‘jurídico’ e reconhece plena autonomia do direito criminal, se bem
que critica o excessivo tecnicismo jurídico e sugere que se considerem os aspectos sociológicos e
antropológicos do fenômeno criminal”
● PAIXÕES -IMPALLOMENI: “quando não são sintomas de uma doença mental, as paixões nunca
devem excluir a responsabilidade e nunca constituir desculpa, mas existem motivos que pedem uma
extraordinária mitigação de pena” (RELEVANTE VALOR MORAL? - DIR. PENAL)
POSTULADOS
a) 1) quanto à epistemologia, sustenta que deve haver uma nítida distinção entre a dogmática
jurídico-penal e a criminologia, devendo a primeira estar orientada pelo método lógico-abstrato e
dedutivo e a segunda, pelo método experimental causal-explicativo
b) 2) quanto ao delito, adotando um ponto de vista etiológico, concebe-o como um fato complexo, isto
é, como um fenômeno social causado naturalmente e produto de fatores tanto endógenos quanto
exógenos;
c) 3) em relação ao criminoso, rechaça a tipologia positivista, especialmente o seu conceito de
delinquente nato e as suas classificações, aceitando, no entanto, tão somente, a existência de
delinquentes ocasionais e anormais
d) 4) sobre as sanções penais, recepciona o dualismo penal, o qual permite conciliar o uso simultâneo
de consequências jurídicas distintas, isto é, das penas e das medidas de segurança, e, quanto às
suas funções, afirma que elas não podem ter, apenas, a função de punição ou de retribuição, mas,
também, as funções corretiva e educacional, persistindo a natureza de coação psicológica,
somente, em relação aos imputáveis, que são os que têm capacidade de sentir a ameaça da sanção
penal, de modo que o fim da pena é a defesa social, embora sem perder seu caráter aflitivo, e é de
natureza absolutamente distinta da medida de segurança;
e) 5) em relação à responsabilidade penal, distingue entre imputáveis e inimputáveis, ou seja,
preserva o conceito de responsabilidade moral desenvolvido pelos clássicos, mas de forma
mitigada, pois aceita a ideia de periculosidade desenvolvida pelos positivistas, de modo que, neste
ponto, a terza scuola recusa tanto o determinismo absoluto destes quanto o livre-arbítrio pleno
daqueles, pois não admite que a responsabilidade moral se fundamente no livre-arbítrio, que é
substituído pelo determinismo psicológico, segundo o qual o homem é determinado pelo motivo
mais forte, sendo imputável quem tiver capacidade de não se deixar levar pelos motivos, ou seja,
quem tem o controle das ações humanas em detrimento das fatalidades, e inimputável, quem não
tiver essa capacidade, ao qual deverá ser aplicada medida de segurança e não pena, o que implica
reconhecer que, para essa escola, a responsabilidade moral é tida como fundamento da pena e a
temibilidade ou a periculosidade, como fundamento das medidas de segurança
LETRA B ESCOLA ALEMÃ como concebeu o delito? - TAINARA
POSTULADOS:
1) Substituição dos enfoques filosóficos da Escola Clássica por um claro pragmatismo, que pressuponha a
análise e o conhecimento da realidade social. 2) Contemplação do delito como fenômeno natural e jurídico
ao mesmo tempo, combinando o estudo empírico de suas causas e a sua elaboração dogmática. 3)
Dualismo penal, isto é, reconhecimento de duas classes de consequências jurídicas distintas, dirigidas a
objetivos diferenciados, porém complementares: a pena e a medida de segurança. 4) A defesa social se
configura como fim prioritário da Administração penal. 5) Ecletismo filosófico em relação ao problema do
livre-arbítrio: ignora este, admitindo, contudo, a existência em todos os homens de uma impressão de
liberdade interna. O conceito de estado perigoso substitui o de responsabilidade moral.
● A CIÊNCIA TOTAL DO DIR. PENAL: “a ciência total do direito penal” deve comportar três partes: a
dogmática, a científica e a política criminal. Para esse autor, a dogmática seria “a parte
estritamente jurídica”; a criminologia, por sua vez, seria a parte “científica ou criminológica, que
consistia em estudar as causas do delito e os efeitos das penas – para isso, recorria à antropologia e
à sociologia criminais”; por fim, a parte político criminal ou “político-cultural, que era a parte
valorativa desta ciência total do direito penal”.
● “crime e anormalidade estavam ligados, embora houvesse afirmado que a "degeneração" ou o
"defeito" já estava presente muito antes de um indivíduo cometer um crime, pois, no seu entender,
o defeito é hereditário.”
● as classes sociais mais baixas são propícias para tornar perigosa uma pessoa degenerada, [...] as
classes sociais mais altas, embora, também, conhecessem o defeito, tinham a vantagem de dispor
de meios para conter uma pessoa degenerada.
● O CENTRO DAS PREOCUPAÇÕES: O CRIMINOSO E A PERICULOSIDADE
● Politica Criminal dualista: “pena e medida de segurança”a depender do critério a ser adotado, se o
duplo binário ou cumulativo (aplicação de medida e pena a uma mesma pessoa) ou se o vicariante
ou alternativo (ou medida ou pena, a depender da imputabilidade)

LETRA C ESCOLA TÉCNICA JURÍDICA Qual objeto/metodologia - eram 3


A escola técnico-jurídica se preocupou, sobretudo, em denunciar a “crise” existente no âmbito da ciência
do direito penal (excessiva "contaminação" do dto penal por indagações metafísicas, antropológicas,
psicológicas e sociológicas) e propôs a redução do seu objeto ao direito penal objetivo (normas jurídicas
penais).
Essa escola centrou seus estudos nas normas jurídicas, cuja investigação se dá por meio do método
técnico-jurídico, o qual se desdobra na EXEGESE, NA DOGMÁTICA E NA CRÍTICA DO DIREITO.
A tarefa e a função da ciência do direito penal é a elaboração técnico-jurídica do direito penal vigente. Por
isso, é composta por 3 ordens de procedimento:
1°) Realizar uma investigação EXEGÉTICA
Para Rocco, a exegese é considerada a primeira forma, a primeira manifestação do estudo científico do
direito. O investigador se detém no mero exame do documento legislativo e em que se traduz por meio
da interpretação da lei, segundo a ordem seguida por ela mesma.
2°) Realizar uma investigação DOGMÁTICA E SISTEMÁTICA
Consiste na investigação dogmática descritiva e expositiva dos princípios fundamentais do direito
positivo em sua coordenação lógica e sistemática.
3°) Realizar uma investigação CRÍTICA DO DIREITO
É aquela que pergunta a si mesma se, e até que ponto, o direito tem uma necessidade e uma razão de ser
e se esse direito deve, eventualmente, ser substituído por outro diferente.

LETRA D e E IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL - Conceito; responsabilidade penal, divergência, substratos de


quais criminologias (aula 7)
A ideologia da defesa social decorre do pensamento criminológico tradicional clássico, positivista e
eclético.
Trata da ideologia penal dominante, isto é, do conjunto de princípios que ainda continuam orientando o
saber jurídico-penal e a atividade punitiva estatal na atualidade.
As escolas clássica e positivistas acabaram sustentando a mesma visão de mundo, apesar das diferenças
existentes entre os momentos históricos que cada uma delas experimentava (embora as concepções do
homem e da sociedade sejam profundamente diferentes, em ambos os casos nos encontramos, salvo
exceções, em presença da afirmação de uma ideologia da defesa social).
Para Baratta, as diferenças metodológicas residem na análise do princípio da responsabilidade penal, que
passa a ter conotações diferenciadas em cada uma das correntes do pensamento criminológico, incidindo
no princípio da culpabilidade, o qual adquire um significado moral-normativo (desvalor, condenação
moral) para a Escola clássica, ou simplesmente sociopsicológico (revelador de periculosidade social), para a
Escola positiva.
Só o primeiro significado será idôneo para sustentar a ideologia de um sistema penal baseado na
retribuição (ideologia que não é absolutamente a mais difundida no seio da orientação liberal clássica), por
outro, ambas as impostações, se bem que de maneira diferente, são aptas a sustentar a ideologia de um
sistema baseado na defesa social.

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