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Aplicação da Lei Penal
AGEPEN MG
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Sumário
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO PENAL. ............................................................................ 4
INTRODUÇÃO. .................................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO. ........................................................................................................................................................ 25
Retroatividade................................................................................................................................................. 26
Irretroatividade................................................................................................................................................ 31
Lei penal excepcional ou temporária................................................................................................................. 36
Tempo do crime. .............................................................................................................................................. 38
Lugar do crime. ................................................................................................................................................ 41
TERRITORIALIDADE. ................................................................................................................................................ 45
Princípios aplicáveis a territorialidade. ............................................................................................................. 47
EXTRATERRITORIALIDADE. ....................................................................................................................................... 51
Pena cumprida no estrangeiro.......................................................................................................................... 56
INTRODUÇÃO. ........................................................................................................................................................ 57
Princípio da especialidade. ............................................................................................................................... 57
Princípio da subsidiariedade. ............................................................................................................................ 58
Princípio da consunção. ................................................................................................................................... 58
Princípio da alternatividade. ............................................................................................................................ 59
Eficácia da sentença estrangeira. ..................................................................................................................... 60
Contagem de prazos. Frações não computáveis da pena. Aplicação do CP a Leis Especiais. ............................... 60
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GABARITO ........................................................................................................................................ 96
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Seja muito bem-vindo ao nosso estudo sobre os princípios constitucionais do Direito Penal.
Desse modo, vamos, inicialmente, ao estudo dos princípios relacionados com a missão fundamental do
direito penal.
Veja só:
A) PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS: são todos os dados que são pressu-
postos de um convívio pacífico entre os homens. Nenhuma criminalização é legítima se não busca evitar a lesão
ou perigo de lesão a um bem juridicamente determinável (impede que o Estado utilize o direito penal para pro-
teger bens jurídicos ilegítimos).
Parte da doutrina critica a expansão inadequada e ineficaz da tutela penal, em razão dos novos bens jurí-
dicos de caráter coletivo e difuso. Argumenta-se que tais bens são formulados de modo vago e impreciso, en-
sejando a denominada desmaterialização (espiritualização) do bem jurídico, ou liquefação do bem jurídico.
B) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: o direito penal só deve ser aplicado quando estritamente
necessário, mantendo-se subsidiário, isto é, sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas
de controle e fragmentário, isto é, observa somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado.
Da fragmentariedade!
Vale ressaltar que, de acordo com os Tribunais Superiores, os vetores para aplicação do princípio da in-
significância são os seguintes: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da
ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada. Con-
sequência: excluí a tipicidade material do fato. Não há crime. O fato é materialmente atípico. Nos crimes tri-
butários e previdenciários, aplica-se esse princípio quando o valor sonegado for de até 20mil reais (STJ e STF).
Por sua vez, esse princípio é aplicado no crime de furto, quando o valor subtraído for de até 10% do salário
mínimo. Por outro lado, o princípio da insignificância não incide no crime de roubo porque neste há emprego
de violência ou grave ameaça. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a adm. pública (599,
STJ). Da mesma forma, conforme a súmula 589 do STJ, é inaplicável o princípio da insignificância nos crimes
praticados contra mulher no âmbito doméstico.
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Vale ressaltar, meu amigo(a), que o direito penal do autor é marcado pela punição de pessoas que não
tenham praticado nenhuma conduta. Por outro lado, no direito penal do fato, somente devem ser punidos fatos
causados pelo homem. Dessa forma, só devem ser incriminados fatos, mas na punição, o juiz considera as con-
dições pessoais do agente, conforme art. 59 do CP. Foi com base nesse princípio da exteriorização do fato, que
o art. 60 da LCP foi revogado, uma vez que se punia um estilo de vida e não um fato.
Pergunta de concurso: “Dr.(a), os crimes de perigo abstrato foram recepcionados pela CF/88? “
Para uma primeira corrente, o crime de perigo abstrato viola o princípio da ofensividade, não sendo re-
cepcionado pela CF/88. A segunda corrente prevalece – o crime de perigo abstrato é uma opção legítima do
legislador na tutela antecipada de bens jurídicos relevantes. O STF e o STJ adotam a segunda corrente, quando
decidiram ser crime a condução embriagada de veículo automotor sem mesmo gerar perigo concreto.
A) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL: proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. Não
há responsabilidade penal coletiva no direito penal brasileiro.
Pergunta de concurso: “Dr.(a), cite duas exceções em que se admite a responsabilidade penal objetiva em
nosso ordenamento penal?”
Embriaguez não acidental completa (no momento do crime não há dolo ou culpa, estes devem ser anali-
sados quando do momento em que o agente se embriagava) e Rixa qualificada (se ocorrer morte ou lesão grave
– porque todos respondem pela qualificadora, até mesmo a vítima).
C) PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: o Estado só pode punir agente imputável com potencial consciência
da ilicitude, quando dele era exigível conduta diversa.
D) PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU DA ISONOMIA: todos são iguais perante a lei. Atenção: a igualdade
é material e não formal, admitindo distinções justificadas. Estrangeiro em situação irregular no país: a 1ª turma
do STF concedeu HC em favor de cidadão Paraguaio em situação irregular no Brasil para substituir PPL por
PRD.
E) PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: CF/88 – ninguém pode ser considerado culpado até
sentença penal condenatória transitada em julgado. Convenção americana de DH – art. 8º, §2º - todos devem
ser presumidos inocentes. STF – tem utilizado a expressão princípio da presunção de inocência como sinônimo
do princípio de não culpa, pois, a convenção pertence ao nosso ordenamento.
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C) PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE DA PENA: art. 5º, XLV – a pena não passa da pessoa condenado.
A pena do confisco pode ser estendida aos sucessores, conforme a exceção prevista na própria CF. Se-
gunda corrente: prevalece – o princípio da pessoalidade é absoluto, não admite exceções, pois o confisco não
é pena, mas efeito da condenação. O art. 5º, §3º da CADH, deixa claro que tal princípio é absoluto => a pena
não pode passar da pessoa do delinquente.
1º - processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime.
2º - material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato.
3º - execução: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo
fato. Para a doutrina, trata-se de um princípio constitucional implícito na CF. Porém, está ex-
presso no art.20 do Estatuto de Roma: ne bis in idem.
Desse modo, meu amigo(a), encerramos o estudo dos princípios constitucionais do direito penal.
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INTRODUÇÃO.
Olá, meu amigo(a)!
Antes de adentrarmos em nosso conteúdo propriamente dito, é necessário que façamos uma breve in-
trodução sobre a localização do Direito Penal para o ramo da ciência do Direito.
Para isso, cito uma breve passagem de Roberto Lyra, citando o maior penalista do século XIX, Tobias
Barreto:
“O Direito Penal é o rosto do Direito, no qual se manifesta toda a individualidade de um povo, seu pensar
e seu sentir, seu coração e suas paixões, sua cultura e sua rudeza. Nele se espelha a sua alma. O Direito
Penal dos Povos é um pedaço da história da humanidade”. 1(p.37)
“Dentre os ramos jurídicos, o Penal traduz, em toda sua expressão, as virtudes e vicissitudes de um
povo. Nele se expõem os valores culturais apontados como fundamentais para determinada sociedade
(como a vida humana, o patrimônio, a saúde pública, a proteção do meio ambiente e da ordem econô-
mica), o estágio civilizatório de uma nação (representado em princípios fundamentais acolhidos ou não
por determinado modelo de Direito Penal) e, em algumas vezes, até mesmo a defasagem entre o que
está prescrito e o que realmente acontece no cotidiano”. (ESTEFAM, 2017, p.33).
Desse modo, meu amigo(a), o Direito Penal é o ramo do Direito que está encarregado de regular os fatos
humanos perturbadores da vida em sociedade, de modo a assegurar, de forma efetiva, a aplicação da norma
penal quando houver alguma violação a um bem jurídico por ela tutelado.
Dados esses breves comentários, não menos importante, é o caráter subsidiário do Direito Penal. Em ou-
tras palavras, meu amigo(a), o Direito Penal é considerado a ultima ratio (última razão) do ordenamento jurí-
dico, somente vindo a ser a aplicado quando outro ramo do direito (constitucional, administrativo, civil, tribu-
tário e etc) não derem conta da situação ocorrida no mundo fenomênico.
Isso quer dizer que: ocorrida uma situação no mundo da vida e que tenha relevância para o Direito, será
necessário verificar se tal ocorrido pode ser solucionado à luz de outro ramo do direito (conforme acima men-
cionado). Caso nenhum ramo tenha o poder para sanar o conflito, será necessário que o Direito Penal interve-
nha para solucionar o imbróglio. Portanto, isso é o que caracteriza o Direito Penal como a ultima ratio do direito.
1
LYRA, Roberto. Direito Penal científico: criminologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Konfino, 1977.
2
ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – 6.ed. – São Paulo : Saraiva, 2017.
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O Direito Penal também se reveste de alguns conceitos fundamentais e, dentro deste, vamos tratar es-
pecialmente acerca das suas fontes.
Fontes Fontes
Materiais Formais
Fontes materiais: indicam o órgão encarregado da produção do Direito Penal. No ordenamento jurídico
brasileiro somete a União possui competência legislativa para criar normas penais (art. 22, I, da CF).
A partir dessa subdivisão, somente a lei pode servir como fonte primária e imediata do direito penal,
tendo em vista o princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX e art. 1º, do CP). Entretanto, admite-se, também, de
forma secundária ou mediata como fonte do direito penal , os costumes e os princípios gerais de direito. Porém,
tais fontes encontram limitação no princípio da legalidade, razão pela qual, não se admite que o emprego dos
costumes e dos princípios gerais surjam crimes não previsto em lei ou, ainda, a agravamento da punibilidade
de delitos já existentes. Em resumo, caríssimo(a), os princípios gerais do direito e os costumes somente incidem
no âmbito da licitude penal.
Assim, meu amigo(a), encerramos nossos breves comentários introdutórios sobre o Direito Penal.
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Então, meu amigo(a), para darmos início ao nosso estudo, precisamos nos debruçar sobre os princípios
que direcionam a interpretação e aplicação de todas as disposições do direito penal.
A nossa Constituição Federal, no seu art. 5º, inciso XXXIX, define o princípio da legalidade:
Art. 5º
[...]
XXXIX – “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
Assim, a primeira informação que devemos guardar e que será importantíssima para o seu concurso é que
não há possibilidade de existir um crime sem que haja uma lei anterior que o regule. Ocorre que o artigo 1º do
Código Penal repetiu o comando constitucional da seguinte maneira:
Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Assim, caríssimo, o princípio da legalidade tem o objetivo de garantir segurança jurídica a todos (eu, você,
seus familiares e quem você possa imaginar nesse momento) que estão submetidos às leis penais. Ou seja, a
segurança jurídica diz respeito ao encaixe perfeito de uma conduta realizada no mundo exterior (fato) e o tipo
penal (artigo do Código Penal que incrimina essa conduta realizada no mundo exterior – fato).
Pode ser que esteja um pouco confuso nesse momento, mas para deixar mais clara suas ideias, permita-
me uma pergunta: “Você já assistiu a série ‘la casa de papel’?” Se ainda não assistiu, aqui vai um spoiler: os per-
sonagens possuem nomes de cidades. Agora, se você já assistiu e sabe disso, permita-te apresentar nosso per-
sonagem “Austin” que será romantizado durante todo o nosso estudo para facilitar seu aprendizado.
Imagine a seguinte situação: Austin desfere dois tiros em Dallas e esse, por sua vez, acaba morrendo por
conta dos disparos. A atitude de Austin em desferir dois tiros em Dallas e matá-lo, é o nosso fato (realização de
uma conduta no mundo exterior). Dessa forma, Austin responderá pelo crime de homicídio, do art. 121 3, do
3
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
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Código Penal (que protege a vida), por sua conduta (matar alguém), se amoldar perfeitamente a redação do
referido artigo.
O art. 1º do Código Penal afirma que não há crime sem lei anterior que o defina e que não há pena sem prévia
cominação legal. O mencionado dispositivo corresponde a qual princípio de direito penal?
A) Princípio da legalidade.
C) Princípio da proporcionalidade
D) Princípio da igualdade.
E) Princípio da austeridade.
Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário
E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.
Gabarito: C – Conforme estudamos anteriormente, o art. 5º, XXXIX, da CF, insculpiu o princípio da legalidade
afirmando que “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
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Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área
Judiciária
Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-
leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da
A) legalidade.
B) proporcionalidade.
C) individualização.
D) pessoalidade.
E) dignidade humana.
Gabarito – “B” – Sabemos que o princípio da legalidade está elencado no art. 5º, XXXIX, da CF, razão pela qual,
o gabarito não pode ser a letra “a”. Dessa forma, procederemos através da exclusão das demais alternativas e
a única que não possui previsão expressa na CF é alternativa “b” que trata do princípio da proporcionalidade.
Individualização – art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
b) perda de bens;
c) multa;
Pessoalidade – art. 5º , XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Agora que já verificamos como esse assunto é cobrado em prova, vamos adiante com nosso estudo!!
“Professor, você falou que o Código Penal repetiu as disposições do art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição que
define o princípio da legalidade. Mas e agora, porque o título do art. 1º do CP define o princípio como “anterioridade
da lei”?
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Para exemplificar a adoção dessa nomenclatura pelo Código Penal, ficará mais fácil a partir do esquema
abaixo:
Reserva Legal
Taxatividade
Ao analisarmos esse esquema, notamos que o princípio da legalidade se subdivide em: anterioridade, ta-
xatividade e reserva legal. Saber essas subdivisões é muito importante para o seu estudo, mas não se preo-
cupe, pois cada um deles será objeto de estudo a partir de agora.
Reserva legal.
Meu amigo, a reserva legal é um dos desdobramentos do princípio da legalidade e representa a exi-
gência de lei no sentido formal para a criação de crimes no mundo jurídico, razão pela qual, costumes, por
exemplo, não podem ser utilizados como fontes de criação ou agravamento de infrações penais.
Assim, para que possamos falar em crimes no ordenamento jurídico, somente leis complementares
ou leis ordinárias são aptas a criminalizarem condutas, ou seja, a tornar determinado fato do mundo real, uma
conduta criminosa.
Você provavelmente deve ter tomado conhecimento através da mídia acerca de criminosos que eja-
culavam em mulheres no interior dos transportes públicos no Estado de São Paulo. Ocorre que, no período em
que essas práticas (infelizmente) se tornaram corriqueiras, não havia no Código Penal nenhuma norma que
incriminasse o indivíduo por tal fato, mas apenas a contravenção penal de perturbação da tranquilidade.
Dessa forma, o legislador ciente da gravidade dos fatos, editou a Lei n.º 13.718/18, criando o crime de
importunação sexual, previsto no art. 215-A do Código Penal. Assim, passou-se a criminalizar, através de lei em
sentido formal, um fato que acontecia no mundo real e que não havia previsão legal para punição.
Meu jovem, a lei penal deve ser exclusivamente federal, por força do art. 22, I, da Constituição Federal.
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-
tes.
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O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos
penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – CERTO – Conforme estudamos anteriormente, os tipos penais somente podem ser criados através
de lei em sentido estrito (lei complementar ou ordinária de competência privativa da União, por força do art.
22, I, CF).
Agora eu lhe faço uma pergunta: Você acha que é possível Medida Provisória regular matéria que en-
volve direito penal? Responda de uma maneira franca para você mesmo! Respondeu? Pois bem, a resposta não
é positiva e nem negativa nesse momento. Agora a resposta é DEPENDE! Explico-lhes!
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional
I - relativa a:
“Mas professor, se o art. 62, §1º, I, “b”, da Constituição Federal diz textualmente que é vedado o uso de
MP para regular direito penal, como a resposta pode ser DEPENDE?”
Certo, meu amigo(a), pelo texto da Constituição você tem razão, é vedado o uso de MP para regular
matéria penal, como, por exemplo, criar um crime ou, até mesmo, agravar a pena já presente em um crime
regulado pelo Código Penal.
Entretanto, é possível Medida Provisória regular matéria BENÉFICA em direito penal, e isso já acon-
teceu no Brasil, com o art. 32 do Estatuto do Desarmamento (Lei nº. 10.826/03) que trata o instituto da entrega
espontânea de arma de fogo, tornando isso uma causa extintiva da punibilidade.
Então, meu amigo, quando você for questionado acerca do uso de MP em direito penal, a resposta é
depende, pois caso seja para piorar a situação do agente criminoso, é vedado, entretanto, se for para beneficiar,
é possível o seu uso.
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Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal”.
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-
gue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-
var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação
da medida pelo Congresso Nacional.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – ERRADO – pois, conforme vimos anteriormente, é vedado o uso de Medida Provisória em direito
penal para criar crimes ou AGRAVAR a pena de determinado crime. Então, para ficar mais fácil, tenha sempre
em mente a seguinte premissa: se a MP vier a piorar a situação, é vedado o seu uso em direito penal.
Superada essa primeira parte, outro ponto importante que você precisa ter o pleno conhecimento é
o instituto da analogia.
Analogia.
Em outras palavras, meu caro, a analogia atua no direito penal como um “tapa buracos”, ou seja, con-
siste em aplicar a um caso não contemplado de modo direto ou específico por uma norma jurídica, uma norma
prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado. Isso é o método de integração!
Imagine que nosso personagem Austin praticou o crime de dano do art. 163, p.ú, do Código Penal
(figura do dano qualificado) – até dezembro de 2017 figurava como qualificadora destruir o patrimônio da
União, Estados e Município. Mas e agora, se o dano causado por Austin fosse contra o patrimônio do Distrito
Federal, seria um crime de dano simples ou qualificado? O STJ disse várias vezes que o crime que fosse come-
tido contra o patrimônio do DF seria simples, pois a lacuna não poderia ser suprida por meio da analogia, o que
geraria o que chamamos de analogia “in malan partem” (em prejuízo do réu – que é proibido pelo direito penal).
Entretanto, meu caro estudante, para suprir essa lacuna e não gerar analogia in malan partem o legislador in-
cluiu, através de lei em sentido formal (Lei n.º 13.531/17), o Distrito Federal no rol do p.ú, do art. 163 do CP,
razão pela qual, se nosso personagem Austin cometesse um dano qualificado contra o patrimônio do DF, res-
ponderia pelo crime na sua forma qualificada.
Dano
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Dano qualificado
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; (Re-
dação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
Dessa forma, fechamos nosso estudo sobre analogia no direito penal. Porém, antes de avançarmos, vou
deixar-lhes essa tabela diferenciando a analogia, interpretação extensiva e interpretação analógica. Veja só
Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o
concreto concreto caso concreto
Amplia-se o alcance da pa- Utilizam-se exemplos segui- Cria-se nova norma a partir
lavra (não importa no surgi- dos de uma fórmula gené- de outra (analogia legis) ou
mento de uma nova rica para alcançar outras hi- do todo do ordenamento ju-
norma) póteses rídico (analogia iuris)
Tudo certo?!
Anterioridade.
Meu amigo, minha amiga!
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A anterioridade é mais um dos desdobramentos do princípio da legalidade. Sendo assim, para que possamos
punir alguém pela prática de um crime, a lei penal deve ser anterior à conduta do agente. Em outras palavras,
a lei deve estar vigendo no ordenamento jurídico antes da prática da conduta pelo criminoso.
Você provavelmente deve ter tomado conhecimento através da mídia acerca de criminosos que ejacula-
vam em mulheres no interior dos transportes públicos no Estado de São Paulo. Ocorre que, no período em que
essas práticas (infelizmente) se tornaram corriqueiras, não havia no Código Penal nenhuma norma que incrimi-
nasse o indivíduo por tal fato, mas apenas a contravenção penal de perturbação da tranquilidade.
Dessa forma, o legislador ciente da gravidade dos fatos, editou a Lei n.º 13.718/18, criando o crime de im-
portunação sexual, previsto no art. 215-A do Código Penal. Assim, passou-se a criminalizar, através de lei em
sentido formal, um fato que acontecia no mundo real e que não havia anterior previsão legal para punição.
Ao analisarmos o exemplo acima, com base no que ensinei a vocês sobre o significado do princípio da
anterioridade (a lei penal deve ser anterior à conduta do agente), podemos ter a certeza de que o nosso crimi-
noso não poderia ter sido responsabilizado pelo crime de importunação sexual caso tivesse ejaculado nas suas
vítimas antes da entrada em vigor da Lei nº. 13,718/18, pois, nesse caso, estamos diante da irretroatividade da
lei penal (o que é regra no direito penal).
Entretanto, meu caro, é bom que você saiba que é possível a retroatividade da lei penal benéfica (e isso
será objeto de estudo logo adiante).
Assim, para que possamos fixar de forma bem clara o que acabamos de aprender, vamos ver como isso
vem sendo cobrado nos concursos!
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-
lícia
A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigência é
chamada de
B) princípio da legalidade.
C) princípio da irretroatividade.
D) princípio da normalidade.
E) princípio da adequação.
Gabarito: C - Trata-se do princípio da irretroatividade, pois, lendo o enunciado da questão, podemos trans-
porta-lo para o exemplo mencionado anteriormente acerca do importunador sexual, que não poderá ser punido
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pelos crimes praticados antes da entrada em vigor da Lei n.º 13.718/18, que criou o crime do art. 215-A do,
Código Penal.
Assim, para encerrarmos os desdobramentos do princípio da legalidade, falta apenas estudarmos a figura
da taxatividade. Vamos em frente?!!
Taxatividade.
Por taxatividade, meus caros, temos a exigência de lei penal com conteúdo (tanto no preceito primário –
tópico da lei penal que descreve a conduta – figura típica) e o preceito secundário (tópico da lei que comina a
pena – reclusão de tanto a tanto) determinado.
O ordenamento jurídico penal veda o emprego de tipos penais vagos (cujo conteúdo é indeterminado).
“Arpini, agora fiquei um pouco confuso. Poderia me dar um exemplo de como isso funciona? ”
Mas é claro! É para isso que estou aqui. Quero facilitar e, ao mesmo tempo, potencializar seu estudo!
Vou dissecar um tipo penal para que você visualize o que é um tipo penal com conteúdo determinado e
logo em seguida um tipo penal de conteúdo vago/indeterminado.
Homicídio simples (isso é o nome do crime – você pode encontrar em prova a expressão nomem iuris)
Art. 121. Matar alguém (esse é nosso preceito primário, que possui conteúdo determinado, que se verifica através
do verbo “matar”)
Pena - reclusão, de seis a vinte anos (esse é nosso preceito secundário, que possui conteúdo determinado, que
se verifica através dos parâmetros numéricos abstratos – pena de 6 a 20 anos).
Isso que acabei de ensinar você, meu caro aluno(a) você precisa dominar, pois quando lhe for questionado
algo sobre o preceito primário ou preceito secundário, você já terá o retrato da figura criminosa em sua mente
e saberá onde encontrar a resposta para seu teste.
Agora, como prometido, disse que mostraria um exemplo do que é vedado pelo direito penal, para que
você não se confunda na hora da prova.
Se retornarmos ao período da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha Nazista, em seu Código Penal, tinha a pre-
visão da seguinte figura criminosa:
“Praticar qualquer atentado ao sentimento sadio do povo alemão”. No preceito primário, é notória a ausência de
conteúdo de determinado. Fica o questionamento, meu amigo (a), o que poderia ser considerado atentado
para ferir o sentimento sadio do povo alemão?
“Pena – a ser fixada segundo o prudente arbítrio do juiz criminal”. Aqui, também, não há conteúdo determinado.
Que tipos de penas poderiam ser aplicada pelo juiz criminal? Pena de morte, prisão perpétua, trabalhos força-
dos, banimento? Ou seja, o preceito secundário, assim como o preceito primário são completamente vagos.
Então, meus caros, é esse tipo de situação que se apresentava no Código Penal da Alemanha nazista que
o legislador brasileiro quer evitar quando nos presenteia com o desdobramento da taxatividade.
Entretanto, meu amigo, você não deve confundir tipos penais vagos (que é o exemplo do código penal
nazista) com crime vago.
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O crime vago é aquele em que o sujeito passivo (a vítima do crime – titular do bem jurídico protegido) é
um ente sem personalidade jurídica, por exemplo: o crime de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da Lei
11.343/06, tem como sujeito passivo, a sociedade, ou seja, um ente sem personalidade, diferentemente do que
acontece, no crime de homicídio, em que a vítima é uma pessoa individualizada.
Não quero que você confunda crime vago com tipos penais abertos, então, para isso, vamos a diferenci-
ação!
O sujeito passivo (a vítima do crime – titular do bem É o que possuí conteúdo amplo, porém, determi-
jurídico protegido) é um ente sem personalidade ju- nado. P.ex. o homicídio culposo do art. 121, §3º, do
rídica CP, razão pela qual, a conduta culposa (negligência,
imprudência e imperícia) poderá se dar de diversas
formas.
Dessa forma, vamos dar seguimento ao nosso estudo, adentrando ao segundo ponto da nossa matéria.
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DESDOBRAMENTOS MATERIAIS
LIMITAÇÕES AO CONTEÚDO DOS TIPOS PENAIS.
Princípio da Insignificância.
Dando seguimento ao nosso estudo, ainda dentro do tema da aplicação da lei penal, vamos iniciar a abor-
dagem acerca das limitações ao conteúdo dos tipos penais através de outros princípios presentes no direito
penal.
O mais conhecido deles, e afirmo sem nenhuma dúvida, o que mais DESPENCA em concurso é o princípio
da insignificância.
Você deve ter em mente que condutas (fatos criminosos) que produzam lesões insignificantes aos bens
jurídicos (vida, patrimônio, honra e etc.) são consideradas atípicas (ou seja, não são consideradas crimes).
Sendo assim, quando for aplicado o princípio da insignificância há a presença da atipicidade material (que será
objeto de estudo quando tratarmos do conceito analítico de crime).
Entretanto, para que possamos verificar no caso concreto a incidência (ou não) do princípio da insignifi-
cância, o Supremo Tribunal Federal nos presenteou com os quatro vetores abaixo:
Para que fique mais fácil de você memorizar esses quatro vetores, vou reproduzir o mnemônico “PROL”
de autoria do meu colega André Estefam.
Além do “PROL”, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui duas súmulas acerca do tema. Para que você
se familiarize com as nomenclaturas, meu caro(a), súmulas são o entendimento consolidado do tribunal depois
de ter enfrentado inúmeros casos que versaram sobre determinado tema. Então, dessa forma, o STJ, ao se
debruçar inúmeras vezes sobre casos envolvendo o princípio da insignificância, editou três súmulas, quais se-
jam:
STJ, 589 – Não cabe o princípio da insignificância em infrações praticadas mediante violência doméstica ou
familiar contra a mulher.
STJ, 599 – Não cabe o princípio da insignificância em crimes contra a administração pública.
STJ, 606 – Não cabe a insignificância no crime de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequên-
cia.
Insignificância nos crimes matérias contra a ordem tributária: Se o valor do tributo acessório não atinge
a cifra de R$20.000,00 (entendimento do STF), não se admite a propositura da ação penal.
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Aposto que você lembra do Austin. Então, vamos colocá-lo em mais uma situação criminosa para que
você entenda o que significa a insignificância.
Imagine a situação em que Austin se dirige até o interior de um supermercado e subtrai de uma das pra-
teleiras um pacote de chicletes avaliado em R$5,00 (cinco reais). Ao verificarmos a conduta de Austin verifica-
mos que ela se amolda ao crime de furto do art. 155, do Código Penal 4.
Superado esse primeiro momento, precisamos verificar no caso concreto a incidência do “PROL”.
Dessa forma, não há dúvida de que na subtração do pacote de chiclete está ausente a periculosidade so-
cial de Austin, há um reduzido grau de reprovabilidade do fato, presente também a mínima ofensividade da
conduta e, por fim o ínfimo grau de lesão jurídica, razão pela qual, o fato é materialmente atípico, fazendo
incidir o princípio da insignificância.
Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -
Analista Judiciário - Área Judiciária
A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não
configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura
dos consumidores desses produtos.
B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de
resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-
nais aos seus agentes.
C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código
Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.
4
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a
existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.
Gabarito – B – Conforme acabamos de estudar, devemos verificar na análise do caso concreto se há ou não a
presença dos elementos que compõe o “PROL” e, caso estejam presentes os requisitos, estamos diante da apli-
cação do princípio da insignificância, que considera o fato materialmente atípico, não ensejando a aplicação de
sanções penais ao criminoso.
Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de cri-
mes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o pre-
juízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – Errado – pois, como estudamos anteriormente, o STJ já tem entendimento sumulado sobre a ma-
téria (589) vedando a aplicação do princípio da insignificância em crimes contra a administração pública.
Alteridade
Outra limitação ao conteúdo dos tipos penais é o princípio da alteridade e, por esse princípio, o direito
penal só deve punir condutas que atingem bens jurídicos alheios. Ou seja, meu amigo(a), em sentido contrário,
por exemplo, a autolesão é fato atípico, porque atinge bem jurídico do indivíduo que se auto lesionou.
Suponhamos que Austin munido de uma faca, se lesionasse propositalmente em seu braço, cortando-o
de forma superficial, causando em si mesmo, uma lesão corporal de natureza leve. Nesse caso, estaremos di-
ante a atipicidade do fato, por conta do princípio da alteridade, pois não houve lesão a um bem jurídico alheio
capaz de gerar o crime de lesão corporal do art. 129 do Código Penal.
Sendo assim, vamos encerrar nosso estudo acerca das limitações ao conteúdo dos tipos penais com a
análise do princípio da adequação social.
Adequação social.
Por adequação social, verificamos que condutas socialmente adequadas não podem ser objeto de crimi-
nalização.
Vamos lá!
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Imagine que Austin tenha sido presenteado por Deus com o nascimento de sua filha, fruto da sua união
com Houston. Logo em seguida ao nascimento de sua filha, Houston a leva até uma drogaria perto de sua resi-
dência para furar as orelhas da menina com a finalidade de colocar brincos. Assim, em um primeiro momento,
não temos dúvidas de que a conduta de “furar as orelhas” é causadora de uma lesão corporal. Entretanto, por
conta de tal conduta ser socialmente adequada, o fato é atípico, ou seja, não há crime para o fato ora descrito.
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciária
A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não
possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a
jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.
( ) Certo
( )Errado
Resolução:
a) – ERRADO. Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de
considerar socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é con-
siderada criminosa.
Princípio da ofensividade.
Para o princípio da ofensividade, não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta a um bem jurídico
tutelado.
Segundo esse princípio, os crimes de perigo abstrato (aqueles que o tipo penal descreve determinada
conduta sem exigir ameaça concreta ao bem jurídico tutelado) seriam inconstitucionais.
Porém, esse não é o entendimento que prevalece nos Tribunais Superiores (STJ e STF) a respeito do tema,
razão pela qual, ambos os Tribunais consideram constitucionais os crimes de perigo abstrato.
Um exemplo de crime de perigo abstrato é o porte de arma de fogo do artigo 14 do Estatuto do Desar-
mamento, onde o legislador resolveu incutir o potencial lesivo no próprio tipo penal, sem que da conduta de
portar a arma de fogo causa alguma lesão ou perigo de lesão a terceiros.
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Entendido?!
Vamos adiante!
Outro aspecto intimamente ligado o princípio consiste na proibição de que ao mesmo fato concreto seja
encaixado mais de uma norma penal.
“Assim, por exemplo, se o agente desfere diversos golpes de faca contra uma pessoa, num só contexto,
visando matá-la, objetivo atingido depois do trigésimo golpe, não há vinte e nove crimes de lesão cor-
poral e um homicídio, mas tão somente um crime de homicídio” (ESTEFAM, 2017, p.153).
Desse modo, o princípio da individualização da pena deve ser observado em várias vertentes.
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“O princípio deve ser observado, em primeiro lugar, pelo legislador, a quem se proíbe a construção de
tipos penais que retirem do magistrado a possibilidade de estabelecer uma pena que leve em conta a
natureza particular do crime cometido, com todas as suas características relevantes, bem como os as-
pectos ligados ao agente que, de algum modo, guardem relação com o fato praticado. Depois da indivi-
dualização legislativa, há a individualização judicial, que se reflete justamente no intrincado e rico pro-
cedimento de aplicação da pena.[...]. Sob esse prisma, é vedado ao julgador impor uma sanção padro-
nizada ou mecanizada, olvidando os aspectos únicos da infração cometida. Há, ainda, a individualiza-
ção executiva, a ser observada durante a execução da pena, com vistas à ressocialização do sentenci-
ado. (ESTEFAM, 2017, p. 394).
Certo, meu caro aluno! Superamos toda essa primeira parte sobre aplicação da lei penal, agora, vamos
dar início ao nosso segundo tema macro, mais precisamente o estudo da lei penal no tempo.
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Sendo assim, a partir do momento em que uma norma em vigor no ordenamento jurídico, o Estado (de-
tentor do direito de punir – jus puniendi) poderá exigir de todas as pessoas que se abstenham de praticar a con-
duta definida como criminosa.
A título de exemplo, quando entrou em vigor a Lei n.º 12.850/13, o Estado passou a ter o direito de exigir
de todos, que não pratiquem os comportamentos definidos como crimes de organizações criminosas (art. 2º
da Lei 12.850/13). Antes disso, não poderia exigir tal conduta das pessoas, visto que tal fato não era definido
como infração penal.
Os dispositivos legais que você precisa ter em mente para mapearmos o nosso estudo sobre lei penal no
tempo, são os artigos 2º a 4º do Código Penal e, também o art. 5º, XL da Constituição Federal:
Art. 5º [...]:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado – retroatividade penal benéfica.
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.
Dessa forma, a lei penal poderá ser irretroativa (regra), retroativa (exceção) e também ultra ativa. Para
ficar mais fácil a visualização, preparei o esquema abaixo:
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Irretroativa
Lei Penal
Retroativa (art. 2º, p.ú, CP)
Ultra ativa (art. 3º, CP)
Agora que você já sabe quais são os efeitos que a lei penal pode apresentar, vamos ver como esse conteúdo
está sendo cobrado em concurso:
Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.
C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.
D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.
E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.
Gabarito – B – A lei penal, conforme o art. 2º, p.ú, do CP, poderá retroagir para beneficiar o réu.
Então, meu aluno(a), a partir de agora vamos estudar cada uma dos efeitos da lei penal.
Retroatividade.
Conforme acabamos de ver na questão anterior, o Código Penal, em seu artigo 2º, p.ú., repetiu o co-
mando constitucional do art. 5º, XL e afirmou categoricamente que a lei penal só poderá retroagir para benefi-
ciar o réu.
“Tudo bem, Arpini! Mas e agora, como fica isso no plano prático?”
Imaginemos que Austin tenha cometido o crime de furto, previsto no art. 155, caput, do Código Penal.
Conforme estudamos no primeiro tema macro do nosso PDF de estudo, você lembra que o crime possui um
preceito primário (onde está a conduta incriminada) e um preceito secundário (onde nos traz a pena a ser apli-
cada para aquele fato).
Pois bem, se Austin cometeu o crime de furto, ao analisarmos o preceito secundário do art. 155, caput,
do Código Penal, verificamos que a pena a ser aplicada para esse crime é de 1 a 4 anos (Lei 1). Então, se Austin
for condenado pela prática de furto a uma pena de 2 anos, venha uma nova lei penal (Lei 2) dando nova redação
ao crime de furto, apenando esse crime com um preceito secundário de 6 meses a 1 ano. Essa será uma nova
lei benéfica (Lei 2), razão pela qual, ela deverá ser aplicada para beneficiar Austin.
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“Professor, mas como será feita a aplicação dessa lei benéfica se o Austin já foi condenado definitivamente
a uma pena de 2 anos como você falou?”.
Nesse caso, meu jovem, caberá ao juiz da execução penal, com base na súmula 611 do STF, aplicar a lei
penal benéfica (Lei 2) a Austin, alterando seus benefícios de cumprimento de pena.
611, STF – Compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal.
Certo!
Quer ver como isso está sendo cobrado em prova? Aposto que sim!
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia
No que concerne aos princípios, direitos e garantias fundamentais, estabelecidos na Constituição Federal de
1988 (CF), julgue os itens a seguir.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – ERRADO – Conforme já estudamos em passagens anteriores, a lei penal somente poderá retroagir
para beneficiar o réu.
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Você também precisa saber que lei penal benéfica ou (lex mitior – outra terminologia que você pode
encontrar em sua prova) é gênero, do qual são espécies a abolitio criminis e a novatio legis in mellius, que serão
nosso objeto de estudo a partir de agora.
Abolitio criminis – nova lei que descriminaliza condutas. Não confundir os termos descriminalização
com despenalização (significa suprimir/dificultar/impedir a aplicação de pena privativa de liberdade).
Outra informação importante que quero que você não confunda com a abolitio criminis, diz respeito
ao princípio da continuidade normativo típica.
Novatio legis in mellius – nova lei que mantém a criminalização do ato, mas lhe confere tratamento
mais brando (611, STF – compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal).
A conduta não será mais punida (o fato deixa de ser O fato permanece punível (a conduta criminosa
punível) passa para outro tipo penal).
O legislador não quer mais considerar o fato crimi- O legislador quer manter a conduta como crimi-
noso nosa.
A partir dos quadros resumo que apresentei para vocês acima, podemos verificar que no exemplo que
narrei anteriormente em que Austin havia cometido um furto e uma nova lei penal benéfica havia entrado em
vigor dando tratamento menos rigoroso ao fato criminoso, estamos diante de uma novatio legis in mellius, ou
seja, uma lei penal que mantém a criminalização (furto cometido por Austin) mas lhe confere um tratamento
mais brando (pena de 6 meses a 1 ano).
Já a abolitio criminis seria o caso, por exemplo, de uma nova que lei deixasse de considerar crime o
furto praticado por Austin
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Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é
B) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.
Gabarito – A – Pois, conforme o exemplo em que “xxx” cometeu um furto, a sua conduta é considerada um
crime e, no momento em que há a abolitio criminis, por conta de uma lei penal benéfica, essa conduta anterior-
mente criminosa não mais é considerada crime.
Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe
O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,
em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou
em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado
crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta
no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.
A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica
a fatos anteriores.
C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse
antes de 01 de fevereiro de 2015
D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da
condenação.
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E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-
tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.
Gabarito: A – O enunciado da questão nos traz uma situação de abolitio criminis, razão pela qual, sobrevindo
em 2015 uma lei que deixe de considerar criminosa a conduta de aborto com consentimento da gestante,
mesmo que o agente tenha sido condenado pela pratica do referido crime, ela será automaticamente aplicada
ao seu caso através do juiz da execução penal (611, STJ) que declarará extinta a punibilidade do agente pela
superveniência da abolitio criminis.
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário
Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha
entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-
tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova
A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-
ormente à vigência da nova lei.
B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-
cípio da retroatividade.
C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se
situação em que o acusado será beneficiado.
D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.
E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em
curso quando a nova lei passou a vigorar.
Gabarito – C – Diante da situação apresentada no enunciado, em que o indivíduo está sendo processado pela
prática do crime de estelionato (art. 171, CP) e, durante o tramite do processo, sobrevém nova lei penal bené-
fica, é o caso de aplicarmos, de forma retroativa, a nova lei ao caso concreto, beneficiado o acusado do crime
de estelionato.
Dessa forma, encerramos por aqui o estudo do primeiro efeito da lei penal benéfica e também de suas
espécies. No próximo tópico iniciaremos o estudo de mais um dos efeitos da lei penal, dessa vez a irretroativi-
dade!!
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Irretroatividade.
O instituto da irretroatividade da lei penal é a regra no ordenamento jurídico, ou seja, meus caros, a
regra é de que as leis penais não retroajam para alcançar fatos passados.
Quanto a irretroatividade, você também precisa saber que ela é gênero (lex gravior – outra termino-
logia que você pode encontrar em sua prova) da qual são espécies a novatio legis incriminadora e a novatio
legis em pejus, que serão abordadas a partir de agora.
Novatio legis in pejus – nova lei que mantém a criminalização, mas dá ao fato tratamento mais severo.
Ex: inclusão do §2º ao artigo 157 do CP.
Para falar para você acerca da novatio legis incriminadora, quero que você recorde, mais uma vez, do
exemplo dado no início do nosso curso no tocante ao crime de importunação sexual.
A Lei n.º 13.718/18, que criou o crime de importunação sexual (art. 215-A, do CP) é um típico exemplo de
nova lei incriminadora, pois, antes de ela entrar em vigor, não havia no ordenamento jurídico a previsão de um
crime específico para o agente que ejaculasse em uma moça nas condições em que o crime se desenvolvia (no
interior do transporte público paulistano). Assim, por ser uma nova lei incriminadora, ela é irretroativa, não
podendo punir os agentes que tenham praticado a referida conduta antes da sua entrada em vigor no mundo
jurídico.
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prejudicial para si e só passará a incidir a partir dos furtos praticados a partir da sua entrada em vigor no orde-
namento jurídico.
Furto
Furto Nova Lei Penal
Gravosa Pena 10 a 20
Pena 1 a 4 anos
anos
Entretanto, preciso que nesse momento você redobre a sua atenção, pois o que vou lhe ensinar agora é
importantíssimo para dar seguimento ao seu aprendizado sobre lei penal no tempo.
Em que pese a nova lei penal mais gravosa e a nova lei penal incriminadora serem irretroativas, temos um
instituto dentro do direito penal que se chama “superveniência de nova lei gravosa” que acontece durante a
permanência ou continuidade delitiva.
Para que possamos entender o que se trata a “superveniência de nova lei gravosa” precisamos entender
o que é um crime permanente.
Dentro do direito penal temos inúmeras formas de classificar os crimes de acordo com o seu momento
consumativo, ou seja, quando o crime produziu todos os seus efeitos no mundo jurídico e dá ao Estado o direito
de punir o agente que praticou tal conduta.
Dentre essas classificações uma delas é o crime permanente, que é aquele em que a consumação do crime
se prolonga no tempo.
Vamos a um exemplo: suponha que Austin sequestrou uma pessoa exigindo que lhe seja entregue uma
grande quantia em dinheiro para a libertação dessa vítima. Nesse contexto estamos diante do crime de extor-
são mediante sequestro, do art. 159 do Código Penal.
Da análise do crime em tela, a conduta do agente é a de sequestrar, ou seja, no momento em que Austin
sequestra sua vítima, o crime está automaticamente consumado, independente do criminoso vir a receber ou
não a vantagem solicitada para a libertação da vítima.
Quero que você também perceba que a pena desse crime é de 8 a 15 anos.
Agora, tenhamos a seguinte situação em mente.
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Se Austin mantém a vítima em seu poder por uma semana e, durante esse período de tempo, entra em
vigor uma lei penal que altera o preceito secundário do crime (de 8 a 15 anos) para 20 a 30 anos, não temos
dúvidas de que se trata de uma novatio legis in pejus, correto? Correto! Então, em que pese tratar-se de uma lei
penal gravosa, ELA VAI SE APLICAR AO CRIME QUE ACABEI DE MOSTRAR A VOCÊS, pelo simples fato de
enquanto o sequestrado estiver em poder do sequestrador, a consumação do crime está se prolongando no
tempo, pelo seu caráter permanente.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois ter-
ços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do art. 70 e do art. 75 deste Código.
A partir da leitura do artigo 71 do CP, podemos concluir que a continuidade delitiva (crime continuado)
ocorre quando o sujeito, mediante pluralidade de condutas, realiza uma série de crime da mesma espécie, guar-
dando entre si um elo de continuidade (em especial, as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de exe-
cução).
Para tanto, alguns requisitos são necessários para a ocorrência do crime continuado, quais sejam:
Requisitos Objetivos:
1º) Os crimes praticados devem ser de mesma espécie (aquelas previstos no mesmo tipo penal);
2º) Condições semelhantes: tempo (aproximadamente 30 dias), lugar (no mesmo foro ou foros próximos)
e modo de execução (verificar o “modus operandi”).
Espécies:
a) comum/simples – Art. 71, caput, basta o preenchimento dos requisitos acima, e uma vez verificados, o
aumento de pena é de 1/6 a 2/3.
b) Específico/qualificado (p.ú. do art.71): São requisitos adicionais aos do caput, com caráter cumulativo,
sendo todos os crimes doloso, praticados contra vítimas diferentes, cometido com violência ou grave ameaça
contra a pessoa. A pena nesse caso pode ser aumenta até o triplo
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Súmula 711 do STF – A lei gravosa se aplica ao crime permanente ou continuado quando entrar em vigor
durante a permanecia ou continuidade delitiva.
Agora, meu amigo(a), preste atenção como esse conteúdo vem caindo em provas:
Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,
prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.
A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.
B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,
em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da
nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.
D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-
vidade da lei penal.
E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do
princípio da irretroatividade da lei penal.
Gabarito – C – Pois, conforme acabamos de estudar, a lei penal mais gravosa se aplica ao crime continuado ou
permanente enquanto não cessada a atividade delituosa e a entrada em vigor da lei mais gravosa. Essa também
é a redação da súmula 711 do Supremo Tribunal Federal.
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de
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duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,
ainda que seja mais gravosa.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – Certo – Conforme se verifica do enunciado da questão, ela retrata o teor do entendimento sumulado
pelo STF no verbete 711, o qual diz ser possível a aplicação da lei penal mais gravosa que entra em vigor durante
a permanência ou continuidade delitiva.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária
Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte Geral
do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa
quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-
vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-
noel.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – ERRADO – A lei mais gravosa incidirá sobre Manoel, pois entrou em vigor durante a permanência
(prolongamento da consumação do crime) enquanto a vítima se encontrava sob seus domínios.
Sendo assim, meu querido(a) estudante, através das análise das questões que acabamos de resolver, é
de suma importância você estar atento a súmula 711 do Supremo e sua incidência em provas de concurso.
Diante desse panorama que apresentei a vocês, quero-lhes fazer uma pergunta. Você acha que é possível
haver a combinação de leis penais? Em outras palavras, você acha possível que o juiz, no caso concreto, possa
mesclar dispositivos benéficos da nova lei com benefícios da lei revogada?
A resposta por um “sim” pode até parecer tentadora diante de tantas nuances presentes em vários dos
institutos que já estudamos, entretanto, nesse caso é vedado ao juiz a combinação de leis penais, pois, nesse
contexto, ele estaria criando uma terceira lei (chamada de lex terxio), e o STJ, por meio da súmula 501 tratou de
pôr um ponto final na controvérsia.
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"É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976,
sendo vedada a combinação de leis."
Na época, a controvérsia pairava sob a forma de como seria aplicada a pena em crimes envolvendo o
tráfico de drogas.
Naquela ocasião, o juiz, ao condenar o indivíduo pela prática do crime de tráfico, ao realizar a dosimetria
da pena (matéria que será objeto de estudo mais adiante no nosso curso) deveria fazer duas dosimetrias, sendo
uma com a lei antiga e outra com a lei nova, aplicando-se a sentença em que chegara em uma condenação mais
branda (pena menor), sendo vedada a combinação dos dispositivos da Lei 11.343/06 (nova lei de drogas) com
os dispositivos da Lei 6.368/76 (antiga lei de drogas) para formular a sentença.
Então, para encerrarmos o estudo dos diversos desdobramentos da lei penal no tempo, ainda tenho a
incumbência de ensina-los acerca do instituto da lei penal excepcional ou temporária. Não percamos tempo!
Vamos adiante!
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Como exemplo, posso citar a vocês a Lei 12.663/12 (a Lei Geral da Copa) criada para vigorar somente
durante o período de realização da Copa do Mundo no Brasil. A referida lei criou figuras criminosas, mas fixou
um contexto temporal para que houvesse a incidência desses crimes caso a lei fosse violada. O marco temporal
estipulado pela lei geral da copa foi dia 31/12/2014. Após essa data a Lei Geral da Copa parou de produzir efeitos
no mundo jurídico.
Entretanto, meu amigo(a), como você acha que fica a punição de um indivíduo que tenha cometido um
crime previsto na Lei Geral da Copa durante o seu período de vigência, se posteriormente ele veio a perder os
seus efeitos? Pense um pouco e reflita comigo.
Se a Lei Geral da Copa, criada justamente para proteger os acontecimentos durante a Copa do Mundo,
não punisse os indivíduos que a violassem, mesmo após a sua data final (31/12/2014) de vigência, de nada teria
sentido a criação da referida norma.
Sendo assim, ambas as leis penais (excepcionais e temporárias) são aplicáveis aos fatos cometidos du-
rante a situação excepcional ou o período de tempo, mesmo após o seu termino. Então, meu brilhante aluno,
isso significa que essas leis penais possuem ultratividade.
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Para melhor visualizarmos, suponha que Austin tenha reproduzido indevidamente quaisquer um dos sím-
bolos oficias de titularidade da FIFA durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, conforme prevê o art. 30 da
Lei Geral da Copa.
Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titula-
ridade da FIFA:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Dessa forma, suponha que a investigação que apurou ser Austin o autor do crime de utilização indevida e
símbolos oficiais tenha se encerrado no ano de 2016, ou seja, dois anos após o término da data prevista para
perdurarem os efeitos da lei (31/12/2014).
Mesmo que Austin venha a ser processado somente em 2016 por ter violado o art. 30 da Lei Geral da Copa,
que perdeu sua vigência em 31/12/2014, o criminoso será punido com base nessa lei pois, se tratando de lei
penal excepcional ou temporária, possui ultratividade alcançado os fatos praticados durante a sua vigência.
Fique atento, meu amigo(a), agora vamos ver como esse assunto vem sendo abordado nos concursos.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – CERTO – pois, conforme virmos anteriormente, a regra é que a lei penal será aplicada apenas du-
rante o seu período de vigência. Porém, excepcionalmente, por conta da ultra atividade, a lei poderá alcançar
fatos praticados durante a sua vigência mesmo após ela ter parado de produzir efeitos no mundo jurídico.
Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-
ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O
referido artigo prevê o fenômeno da:
A) coculpabilidade.
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B) tipicidade conglobante.
C) retroatividade da lei.
D) abolitio criminis.
E) ultra-atividade da lei.
Gabarito – E – tendo em vista que o enunciado nos traz a redação do art. 3º do Código Penal, e nosso estudo
até o momento, estamos diante do caráter ultra ativo da lei penal, que tem o condão de ser aplicada durante
sua vigência, mesmo que decorrido o período de sua duração ou cessada as circunstâncias que a determinaram.
Então, espero que você tenha entendido tudo até aqui, meu caro aluno!
Qualquer dúvida acerca da matéria, lembre-se que estou à disposição do você no canal de dúvidas aqui
do Direção Concursos!
Nesse momento entraremos no último tópico dentro do estudo da aplicação da lei penal, pois vamos tra-
tar do tempo do crime.
Tempo do crime.
Meu amigo, minha amiga!
Vamos dar início a umas das partes mais importantes no estudo do direito penal! A partir desse momento,
iremos tratar sobre o tempo do crime.
Para que ocorra a correta aplicação da lei penal, é imprescindível definir o tempo do crime, ou seja,
quando um crime se considera praticado.
Art. 4º - considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o mo-
mento do resultado.
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Com o intuito de clarear o seu estudo, trago um exemplo do saudoso professor André Estefam 5:
“Em 1994, o homicídio qualificado tornou-se crime hediondo; a inclusão deste fato na lista contida na
Lei n. 8.072/90 ocorreu no dia 7 de setembro do ano citado. Suponha que o agente, visando à morte de
seu inimigo, tenha desferido contra ele diversos disparos de arma de fogo, por motivo fútil, no dia 5 de
setembro de 1994. Imagine, ainda, que o atirador se evada do local e a vítima seja socorrida por tercei-
ros, ficando hospitalizada por uma semana, até que vem a óbito, por não resistir à gravidade dos feri-
mentos. Neste exemplo, a conduta foi praticada antes da entrada em vigor da lex gravior, embora o
resultado se tenha produzido despois desta” (ESTEFAM, André. pg. 166).
Assim, meu caro(a) aluno(a), podemos verificar através do exemplo acima mencionado que, o homicídio
qualificado cometido pelo agente não será considerado hediondo, tendo em vista que o tempo do crime é o da
conduta (disparos de arma de fogo), e não da consumação (morte da vítima).
Outra importante função desempenhada pela teoria da atividade, insculpida no art. 4º do Código Penal é
a delimitação da responsabilidade penal do agente criminoso. Sendo assim, através da teoria da atividade,
torna-se possível fixar o exato momento em que o agente passará a responder criminalmente por seus atos –
isso se dará somente se a ação ou omissão houver sido praticada quando ele já tiver completado 18 anos de
idade (o que ocorre no primeiro minuto de seu 18º aniversário).
Peguemos o exemplo acima e mudemos a idade do agente criminoso, teremos a seguinte situação hipo-
tética, por exemplo:
Se ao tempo do disparo de arma de fogo o agente era menor de 18 anos, terá praticado ato infracional
e será punido de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei n.º 8.069/90), ainda que
a vítima somente venha a óbito quando o agente complete 18 anos.
Confira junto comigo como esse conteúdo vem sendo cobrado em prova!
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-
lícia
5
ESTEFAM, André. Direito Penal : parte geral (arts. 1º a 120) / André Estefam. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva, 2017.
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Gabarito – C – Ao analisar o enunciado da questão, ela nos traz a indagação acerca do marco que o Direito Penal
brasileiro resolveu adotar como momento para o cometimento do crime e, a partir dessa informação, conse-
guimos verificar na alternativa “c” que ela transcreveu a literalidade do art.4º do Código Penal, que considera
como momento do cometimento do crime, a ação ou omissão, ainda que outo seja o momento do resultado.
Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciário -
Área Administrativa
“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o
Código Penal adota a teoria:
A) Ubiquidade.
B) Da atividade.
C) Do resultado.
D) Ambivalência.
Gabarito – C – Em que pese X ter falecido 20 dias depois da data dos disparos, o art. 4º do Código Penal, que
adotou a teoria da atividade, é claro ao afirmar que considera-se tempo do crime o momento da conduta (ação
ou omissão) ainda que outro seja o momento do resultado.
E, para fecharmos o estudo do tempo do crime, vamos analisar mais uma questão acerca do tema, para
que, na sequência possamos dar início ao nosso novo tema macro.
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Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária
No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,
em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em
Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões
causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:
A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;
B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;
E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.
Gabarito – A – Ao analisarmos o enunciado da questão, à luz do tempo do crime (art. 4º do CP), é possível
notarmos que Jéssica possuía 17 anos de idade na data dos disparos, razão pela qual, não poderá ser responder
pelo seu crime com base no Código Penal e sim com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei
nº 8.069/90), por ato infracional análogo ao crime de homicídio. Quanto a teoria da ubiquidade, ela será objeto
de estudo quando iniciarmos o estudo da lei penal no espaço.
Tenho a certeza de que você irá gabaritar todas as questões sobre o tempo do crime no seu próximo con-
curso! Espero você para o estudo do nosso próximo tópico!
Até lá!
Lugar do crime.
Conforme estudamos até o presente momento, o art. 5º do Código Penal, determina que seja aplicada
a lei brasileira ao crime praticado no território nacional. Entretanto, da mesma forma que uma infração penal
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pode se fracionar em tempos diversos, é possível que ela se desenvolva em lugares diversos, alcançando o
território de dois ou mais países igualmente soberanos.
Para que ficar mais fácil a sua visualização, trago-lhes um exemplo de outro colega, também pena-
lista, Rogério Sanches Cunha 6:
“Imaginemos, por exemplo, uma bomba fabricada no Brasil e enviada para explodir e matar vítima que
se encontra em país vizinho. Esse crime foi praticado no Brasil (devendo sofrer os consectários da lei
nacional) ou no país vizinho (aplicando-se a lei estrangeira)?
Me permita responder à questão e trazer a solução que você deverá ter em mente na hora de respon-
der suas questões de concurso.
A nossa solução, meu amigo(a) está no art. 6º do Código Penal, que nos apresenta a seguinte redação.
Lei comigo: “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado”.
Assim, quanto ao lugar do crime, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade. Logo, sempre que
por força do critério da ubiquidade o fato se deva considerar praticado tanto no território brasileiro como no
estrangeiro, será aplicável a lei brasileira.
CRIMES À DISTÂNCIA
O crime percorre territórios de dois Estados soberanos (Brasil e Paraguai, por exemplo)
Vou lhes dar mais um exemplo para que fique bem claro: imagine a hipótese de um roubo que tenha
iniciado sua execução no município de Ponta Porã e que sua consumação ocorra no Paraguai. Nesse caso, vai
ser aplicada a lei penal brasileira. Como dizia o PAI do Direito Penal, Nelson Hungria, basta que o crime tenha
“tocado” o território nacional para que nossa lei seja aplicável.
Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal - Nacional
6
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º a 120) / Rogério Sanches Cunha – 5. ed. rev.,
ampl. e atual. – Salvador: JusPODIVM, 2017.
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Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Ro-
raima, Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa He-
lena, na Venezuela.
Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para
processar e julgá-lo.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – ERRADO – Pois, conforme estudamos, estamos diante de um crime à distância (aquele que toca o
território de dois ou mais países) e nesse caso, aplicamos o art.6º do CP que trata da teoria da ubiquidade.
Sendo assim, baste que o crime toque o nosso território para que se possível a aplicação da lei penal brasileira.
Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária -
Específicos
Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-
são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o
resultado.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – CERTO – ao analisar o enunciado da questão, podemos perceber que ela retrata a literalidade do
art. 6º do Código Penal, já estudado por nós anteriormente.
Superada essa parte, quero deixar a você um mnemônico para memorização acerca da teoria da ati-
vidade e da teoria da ubiquidade.
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LU
LUGAR UBIQUIDADE
TA
TEMPO ATIVIDADE
LUTA
Lembre-se desse mnemônico
Dessa forma, meu nobre estudante, encerramos mais um tópico do nosso estudo e vamos dar segui-
mento a partir do tema da extraterritorialidade.
Venha comigo!
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Pois bem, quando estamos tratando de lei penal no espaço, precisamos definir a territorialidade, ou seja,
quais são os limites territoriais para a aplicação do direito penal brasileiro.
De acordo com o artigo 5º, caput, do CP, “aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
A partir da regra elencada no art. 5º do Código Penal, podemos verificar que nosso CP acolheu o princípio
da territorialidade da lei penal, ou seja, a lei penal brasileira será aplicada a todos os fatos ocorridos dentro
do nosso território.
“Arpini, o que pode ser considerado território nacional? Somente o espaço físico brasileiro? “
Por território nacional, entende-se a soma do espaço físico (geográfico) com o espaço jurídico (espaço
físico por ficção ou por extensão).
Espaço físico por extensão ou ficção Para os efeitos penais, consideram-se como es-
paço físico por ficção as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do go-
verno brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as embarcações e aeronaves brasileiras (ma-
triculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente em alto
mar ou no espaço aéreo correspondente (art. 5º,
§1º, CP).
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Contudo, meu caro aluno(a), através da redação do art. 5º, podemos perceber que há exceções, não sendo
absoluta a regra da territorialidade, comportando a aplicação de disposições previstas em convenções, trata-
dos e regras de direito internacional (territorialidade temperada/mitigada).
Essa ressalva se refere aos casos de imunidades diplomáticas (que possuem caráter absoluto – tendo va-
lidade para todos os crimes) ou consular (tem caráter relativo – o detentor de imunidade consular só fica
isento dos crimes ligados à função). Isso é decorrência do princípio da soberania das nações.
Imagine a seguinte situação: suponha que o embaixador italiano no Brasil, por conta de uma discussão
ocasionada com um brasileiro, acaba matando-o mediante três disparos de arma de fogo.
A partir dessa situação, não temos dúvida de que se trata de um crime de homicídio, praticado dentro do
território brasileiro, contra uma vítima brasileira, sendo assim, devemos aplicar para o caso concreto a lei brasi-
leira, correto? Errado, meu amigo(a)!!! Nesse caso, por conta do princípio da soberania das nações, e das exce-
ções previstas no art. 5º do Código Penal, o embaixador italiano, mesmo que tenha praticado um homicídio
contra um brasileiro, dentro do território brasileiro, por conta de sua função diplomática, responderá pelo ho-
micídio com base na lei italiana.
Por conta disso, permite-se a aplicação da lei penal estrangeira a fato praticado em território brasileiro,
fenômeno conhecimento como intraterritorialidade, presente, justamente na imunidade diplomática.
A intraterritorialidade não se confunde com a extraterritorialidade, que será objeto de estudo logo adi-
ante, quando analisarmos o art. 7º do Código Penal.
Vou exemplificar para você em uma tabela logo abaixo, para que facilitar sua memorização!
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* Na intraterritorialidade, o fato criminoso, apesar de cometido no Brasil, será punido de acordo com a lei
estrangeira aplicada pelo juiz criminal do seu país.
Encerrada essa parte, vamos, a partir do próximo tópico, analisar os princípios aplicáveis a territoriali-
dade.
Venham comigo!!
Em caso de eventual colisão há, pelo menos, seis princípios que sugerem algum tipo de solução.
Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa Aplica-se a lei do país a que pertence o agente crimi-
noso, pouco importando o local do crime, a naciona-
lidade da vítima ou do bem jurídico violado.
Princípio da Justiça Penal Universal ou da Justiça O agente fica sujeito à lei do País onde for encon-
cosmopolita trado, não importando sua nacionalidade, do bem ju-
rídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está
normalmente presente nos tratados internacionais
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Princípio da representação, do pavilhão, da subs- A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos
tituição ou da bandeira. em aeronaves e embarcações privadas, quando pra-
ticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.
Agora, vamos ver como esse assunto vem sendo cobrado nas provas de concursos!
Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário
Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,
marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Considera-se praticado o crime no momento da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada,
que se ache no espaço aéreo correspondente.
( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente
da República.
A) V, F, F, V
B) F, V, V, F
C) V, V, F, F
D) F, F, V, V
Conforme já estudado anteriormente, você já está craque em saber que “não há crime sem lei anterior que o
defina”, razão pela qual a primeira assertiva é falsa. A segunda assertiva é cópia integral do art.4º do Código
Penal, que adotou como tempo do crime a teoria da atividade, em que este se considera praticado no momento
da conduta (ação ou omissão). A terceira assertiva é verdadeira, pois, conforme acabamos de analisar, as aero-
naves de propriedade privada que se achem no espaço aéreo correspondente são consideradas extensão do
território nacional. Por fim, a última assertiva está equivocada pois, embora cometido no estrangeiro, o crime
contra a liberdade do Presidente da República, fica sujeito a lei brasileira (esse é o fenômeno da extraterritori-
alidade – que será objeto de estudo logo em seguida).
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Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada,
Gabarito – A – Assim, meu caro, conforme visto anteriormente, quando a embarcação for brasileira (mercante
ou de propriedade privada) encontrando-se em alto mar, será considerada extensão do território brasileiro.
Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando
o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:
C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.
E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.
Gabarito – A – tratando-se de navio da Marinha Brasileira, independente do navio estar sob as águas de sobe-
rania Japonesa, este considera-se território brasileiro, razão pela qual, a lei penal brasileira será aplicada ao fato.
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Assim, fechamos mais uma parte do nosso conteúdo programático para essa aula inaugural sobre
territorialidade.
No próximo tópico vamos tratar sobre o lugar do crime e a teoria adotada pelo direito penal brasileiro
para definir em que lugar se considera praticado o crime.
Vamos lá?!
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Extraterritorialidade.
Anteriormente expliquei a vocês que o critério geral adotado pelo ordenamento jurídico penal é o de
que a lei penal brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional (art. 5º, CP), vale
dentro do território nacional (geográfico e por extensão). No entanto, meu caro, em casos excepcionais, a nossa
lei poderá ultrapassar os limites do território, alcançando crimes cometidos exclusivamente em território es-
trangeiro. Esse é o fenômeno conhecido por extraterritorialidade.
A extraterritorialidade está prevista no art. 7º do Código Penal, em seus incisos I e II e, também no §3º,
nos anunciam quais são os crimes que fixam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro.
Vejamos:
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou con-
denado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condi-
ções:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibili-
dade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
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A extraterritorialidade incondicionada está prevista no art. 7º, §1º do Código Penal, alcançando os
crimes descritos no art. 7º, inciso I. Nessas hipóteses, a lei brasileira, para ser aplicada não depende do preen-
chimento de qualquer requisito. Ocorrendo um crime que se amolde a essas hipóteses, aplica-se a lei brasileira
não importando se o autor do fato foi absolvido ou condenado no estrangeiro.
Por outro lado, a extraterritorialidade condicionada alcança as hipóteses trazidas pelo inciso II do art.
7º do Código Penal. Nesses casos, para que a nossa lei possa ser aplicada, faz-se necessário o concurso das
seguintes condições (art. 7º, §2º, CP):
Agora, meu amigo(a), precisamos recordar dos princípios que ensinei a vocês quando tratei do tema
da territorialidade.
Precisamos recordar tais princípios pois o Brasil, para fundamentar as hipóteses de extraterritoriali-
dade que elenquei acima para vocês, adotou, de forma excepcional, tais princípios.
Dessa forma, para otimizar seu estudo, preparei essa tabela em que a dividindo em três colunas,
sendo a primeira delas responsável pelo dispositivo legal em que incorreu o agente criminoso; a segunda coluna
o princípio a ser aplicado e, por fim, a modalidade de extraterritorialidade (incondicional ou condicionada).
Venha comigo!!
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Agora que superamos toda essa parte mais teórica sobre os critérios da extraterritorialidade (condi-
cionada e incondicionada), vou trazer exemplos para que você possa visualizar melhor minha explicação até
esse momento.
Imaginemos que Austin, brasileiro, residente nos EUA, mata, dolosamente um cidadão americano.
A partir desse exemplo, pergunt0-lhe: “Austin, autor de homicídio executado no estrangeiro, foge e re-
tornar ao território brasileiro antes do fim das investigações (nos EUA). A lei brasileira alcança esse fato praticado
no estrangeiro? ”.
Resposta: Trata-se de crime praticado por brasileiro, hipótese que se encaixa ao art. 7º, II, b, do Código
Penal, sendo caso de extraterritorialidade condicionada. O agente criminoso retornou ao Brasil (primeira con-
dição preenchida). O homicídio doloso é crime também nos EUA (então, presente a segunda condição), incluído
entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição (observada a terceira condução). Austin fugiu dos
EUA antes do início do processo, sem notícia de perdão ou de causa extintiva da punibilidade (tudo isso será
objeto de estudo aqui no nosso curso de Direito Penal mais adiante – condições quarta e quinta presentes). Con-
clusão, meu amigo(a): a lei brasileira vai ser aplicada ao crime de homicídio praticado por Austin nos EUA.
Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista
Judiciário - Área Judiciária
José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão,
onde trabalhava como funcionário público.
Em tal situação,
A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.
B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.
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D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada
do agente no território nacional.
E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.
Gabarito – A – O caso envolvendo o brasileiro que comete o crime de peculato apropriação, se apropriando de
valores da embaixada brasileira no Japão, é o típico caso de extraterritorialidade incondicionada, pois, con-
forme o art. 7º, I, b, do Código Penal, fica sujeita a lei brasileira, embora cometido no estrangeiro o crime contra
o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.
Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária
Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem
os crimes cometidos:
Gabarito – D – Por exclusão, meu caro, é a única hipótese que não costa do rol do art. 7º, I, do CP.
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I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre-
ventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
(sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exer-
cício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena
em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
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A extradição consiste na entrega de uma pessoa autora de infração penal, por parte do Estado em
cujo território se encontre, a outro que solicita a referida entrega. Assim, para que a extradição ocorra, é neces-
sário que entre os países haja um tratado bilateral ou multilateral tratando do assunto. Porém, caso não
exista, o Estado requerente deverá prometer reciprocidade de tratamento ao Brasil.
Agora, para fecharmos o nosso grande tema macro (Territorialidade) quero falar com vocês sobre
pena cumprida no estrangeiro e, logo em seguida, para encerramos nossa primeira aula de direito penal parte
geral, vou tratar com vocês sobre conflito aparente de normas.
A partir da leitura do artigo mencionado, podemos concluir que dois fatores devem ser considerados
ao mencionarmos a hipótese de pena cumprida no estrangeiro, quais sejam: a qualidade e quantidade da pena
imposta.
Imagine que Austin é condenado a pena de 10 anos na Itália por ter atentado contra a vida do nosso
Presidente da República. No Brasil, é também processado e condenado, mas a pena imposta foi de 22 anos.
Neste caso, serão abatidos os 10 anos cumpridos na Itália, cumprindo Austin, no Brasil, somente os 12 anos.
Agradeço sua presença até esse momento e espero que eu esteja atendendo todas as suas expecta-
tivas. Dessa forma, seguimos por aqui e passamos para o estudo do conflito aparente de normas.
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Sendo assim, o conflito aparente de normas surge no momento em que (como o próprio nome já nos diz)
quando a um único fato incidem aparentemente dois ou mais tipos penais, todos eles vigentes no ordenamento
jurídico.
Importante que você saiba que o conflito aparente de normas só ocorrerá se houver um só fato ou uma
só conduta, aos quais aparentemente se apliquem várias normas penais incriminadoras (todas vigentes). En-
tretanto, na hipótese de serem vários fatos, não há que se falar em conflito aparente de normas e sim em con-
curso de crimes, salvo nas situações de antefato e pós-fato impuníveis (todas essas informações serão objeto
de estudo individualizado no decorrer do nosso curso).
Feitas essas considerações iniciais, vamos ao estudo dos princípios que solucionam o conflito aparente de
normas!
Princípio da especialidade.
O critério da especialidade surge quando entre duas normas aparentemente incidentes sobre o mesmo
fato, houver uma relação de gênero e espécie.
Vamos a um exemplo: se a mãe mate o filho durante o parto, sob a influência do estado puerperal, incorre,
aparentemente, nos arts. 121 (homicídio) e 123 (infanticídio). No primeiro, porque matou uma pessoa; no se-
gundo, porque essa pessoa era seu filho e a morte se deu no momento do parto, influenciada pelo estado pu-
erperal.
Ao analisarmos a situação acima descrita, podemos notar que o art. 123 do Código Penal (infanticídio),
contém todas as elementares do homicídio (matar + alguém), além de outras que são especializantes (o próprio
filho + durante o parto ou logo após + sob a influência do estado puerperal), o que torna o infanticídio especial
em relação ao homicídio.
Dessa forma, meu jovem, notamos que toda a ação que realiza o tipo do infanticídio realiza a do homicídio,
mas nem toda ação que se encaixa ao homicídio tem enquadramento no tipo do infanticídio.
Assim, esse conflito se resolve no plano abstrato, sendo suficiente apenas uma comparação entre as duas
normas para saber qual é a especial.
Agora, grave isso que vou lhe dizer: O TIPO PENAL ESPECIAL PREVALECE SOBRE O TIPO PENAL GE-
RAL INDEPENDENTE DE SUA GRAVIDADE.
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Princípio da subsidiariedade.
Já quanto a relação de subsidiariedade, pressupomos que tenha entre as normas aparentemente aplicá-
veis, uma relação de conteúdo a continente, como se um tipo penal estivesse dentro (contido) no outro. O con-
tinente (maior) é o tipo primário/principal e o menor (contido nele) é o chamado de tipo subsidiário.
Nessa hipótese, o tipo penal primário prevalece, mas se sobre qualquer hipótese não puder ser aplicado,
aplica-se o tipo penal subsidiário.
Você deve ficar atento ao fato de que a subsidiariedade pode ser de duas espécies: a) expressa: quando o
próprio tipo penal se declara subsidiário, como, por exemplo, o art. 132 do Código Penal, que dispõe – “se o fato
não constituir pena mais grave” (a norma se autoproclama “soldado de reserva” – nas palavras de Nelson Hun-
gria. b) tácita/implícita: ocorre quando um tipo penal está contido em outro na condição de elementar (elemen-
tos presentes no caput do artigo) ou circunstâncias (dados acessórios que podem interferir na pena), por exem-
plo, no caso do art. 304 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que prevê a omissão de socorro em acidente de
trânsito, em relação ao homicídio culposo na direção de veículo automotor, qualificado pela omissão de socorro
(art. 302 c/c o art. 303, parágrafo único, inciso III, do CTB).
Princípio da consunção.
Pelo princípio da consunção (ou absorção), meu amigo, ocorre quando um fato definido por uma norma
incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime. Nesse caso, há uma
relação de meio – fim, em que o crime fim absorve o crime meio.
Você também deve ficar atento ao fato de que o princípio da consunção é aplicado de duas formas, quais
sejam:
a) Crime progressivo (há uma uniformidade de dolo): o agente possui, desde o princípio, o mesmo es-
copo e o persegue até o final, ou seja, pretendendo um resultado determinado de maior lesividade
(por exemplo a morte de seu algoz), pratica outro fato de menor intensidade (p.ex. lesão corporal, ao
lhe desferir facadas que causam a morte). Nesse caso, as lesões corporais serão absorvidas e o agente
responderá somente pelo crime de homicídio.
b) Progressão criminosa: aqui o indivíduo inicia o caminho do crime com o objetivo específico de prati-
car determinado crime (por exemplo, lesões corporais), entretanto, após alcançar esse resultado (já
houve lesão a sua vítima) o agente criminoso MUDA de ideia e resolve matá-la. Desse modo, haverá
a progressão criminosa e o indivíduo responderá apenas pelo homicídio, ficando as lesões inicial-
mente praticadas, absorvida pelo crime do art. 121, do Código Penal.
c) Ante factum impunível: ocorre quando um fato anterior menos grave é praticado como meio necessá-
rio para a realização de outro. Preste atenção nesse exemplo, caríssimo: o crime de falsidade exclusi-
vamente utilizado com o fim de cometer estelionato, nos termos da súmula 17 do STJ.
d) Post factum impunível: essa, por sua vez, se da quando o agente, após praticar o fato, provoca nova
violação o mesmo bem jurídico, pertencente ao mesmo sujeito passivo. Outro exemplo, meu amigo
(a): o indivíduo que após furtar um relógio simplesmente o quebra (crime de dano). Nesse caso, ha-
verá apenas punição pelo crime de furto.
Agora, vamos ver qual o nível de profundidade questionado nas provas de concurso.
Venha comigo!
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Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia
Federal
Julgue os itens a seguir com base no direito penal.
Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-
ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação
ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do
crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva,
este absorve aquele.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – Certo – conforme estudamos minutos atrás, o conflito aparente de normas pode ser solucionado
com base no princípio da consunção. Ademais, o enunciado da questão traz um dos exemplos que por nós foi
explorado e que retrata o teor da súmula 17 do STJ.
E, para encerrarmos nosso estudo e finalizarmos o conteúdo teórico da primeira parte do nosso curso,
vamos para o último princípio do conflito aparente de normas.
Princípio da alternatividade.
Esse princípio está presente nos crimes que possuem diversos núcleos (verbos), separados pela conjunção
alternativa “ou”.
Quando alguém pratica mais de um verbo presente no mesmo tipo penal, num mesmo contexto fático, só
responde por um crime (e não pelo mesmo crime várias vezes).
Suponha que Austin exponha a venda e, em seguida, venda substância entorpecente. Nesse contexto, ele
responderá por crime único de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06 7), mesmo que tenha praticado dois
verbos nucleares (expor venda e vender).
Então, para encerrar nosso estudo acerca do conflito aparente de normas, deixo a você essa tabela resu-
mindo cada um dos principais pontos acerca dos institutos:
7
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depó-
sito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratui-
tamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
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Pressupõe uma rela- Pressupõe uma rela- Relação meio – fim Tipo misto alternativo
ção gênero - espécie ção continente- con-
teúdo
Prevalece o tipo es- Prevalece o tipo con- O crime fim absorve Há crime único
pecial sobre o tipo tinente (primário) o crime meio quando os verbos
geral atingem o mesmo ob-
jeto material.
São casos em que a algum país requer à Justiça brasileira que execute a sua sentença, ou seja, o processo
de conhecimento tramita no estrangeiro e a execução é aqui no Brasil.
Quais são os efeitos decorrentes de sentença penal estrangeira que podem ser executados no Brasil?
2) Medida de segurança. Entretanto, para isso a sentença penal deve ser objeto de homologado pelo STJ.
Só caberá homologação quando o STJ verificar que a lei brasileira autoriza aplicação dos mesmos efeitos no
caso concreto (requisito básico).
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A) CONTAGEM DE PRAZO PENAL (ART.10): Prazo penal é aquele que reflete diretamente no exercício
do direito de punir. Inclui o dia do início e exclui o do final. Os meses e anos devem ser contados de acordo com
o calendário comum.
B) FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS NA PENA (ART.11): Desprezar as frações de dia em pena de prisão
e os centavos em pena pecuniária. (p.ex.: pena de 1 ano 4 meses e 3 dias – aí tem uma casa de diminuição e
o juiz resolve diminuir pela metade, ficaria 8 meses e 1 dia e meio, sendo essa fração “meia” dispensada,
ficando a pena em 8 meses e 1 dia.)
C) APLICAÇÃO DO CÓDIGO PENAL A LEIS ESPECIAIS (ART.12): As regras gerais deste código de apli-
cam a todas as leis penais especiais, salvo se essas dispuserem de modo diverso.
Assim, meu querido estudante, chegamos ao fim da nossa primeira parte do conteúdo de direito penal.
Espero que eu tenha atendido a todas as suas expectativas durante essa aula.
Foi uma satisfação estudar na sua presença! Fico ao seu dispor em minhas redes sociais!
Até a próxima!
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O art. 1º do Código Penal afirma que não há crime sem lei anterior que o defina e que não há pena sem prévia
cominação legal. O mencionado dispositivo corresponde a qual princípio de direito penal?
A) Princípio da legalidade.
C) Princípio da proporcionalidade
D) Princípio da igualdade.
E) Princípio da austeridade.
Resolução:
a) Conforme nosso estudo inicial sobre os princípios do direito penal, o art. 1º do Código Penal, reproduzindo
o art. 5º, XXXIX, da Constituição federal, elenca o princípio da legalidade.
b) O princípio da proibição da pena indigna diz respeito ao fato de que a ninguém poderá ser imposta uma pena
ofensiva à dignidade humana, como, por exemplo, a imposição de trabalhos forçados ou, até mesmo a escra-
vidão.
c) O princípio da proporcionalidade não corresponde somente a um princípio do direito penal, pois é utilizado
em todos os ramos do direito, como critério norteador para aplicação de medidas adequadas a determinados
casos concretos. Também, não há previsão legal expressa do princípio da proporcionalidade no ordenamento
jurídico.
d) Não corresponde ao significado do enunciado da questão, pois, o princípio da igualdade (ou isonomia) está
disposto no art. 5º, I, da Constituição Federal, que garante aos homens e mulheres igualdade em direitos e
obrigações na ordem jurídica.
Gabarito: Letra A.
2) Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário
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E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.
Resolução:
a) O princípio da legalidade não está expressamente previsto no código de processo penal. Ao contrário, está
expressamente previsto no Código Penal.
b) O princípio do in dubio pro reo é próprio do direito processual penal, ocasião em que, milita a favor do réu o
benefício da dúvida quando não houver prova suficiente para embasar sua condenação. Dessa forma, deverá o
juiz aplicar o princípio do in dubio pro reo (ou favor rei – na dúvida, a favor do réu).
c) Sim, pois o artigo 1º do CP e o art. 5º, XXXIX, da CF, dispõem: “não há crime sem lei anterior (reserva legal)
que o defina e que não há pena sem prévia cominação legal (anterioridade)”.
Gabarito: Letra C.
3) Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -
Área Judiciária
Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-
leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da
A) legalidade.
B) proporcionalidade.
C) individualização.
D) pessoalidade.
E) dignidade humana.
b) – Não há previsão legal expressa a respeito do princípio da proporcionalidade no ordenamento jurídico bra-
sileiro.
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e) – O princípio da dignidade da pessoa humana está expresso no art. 1º, III, da CF, como um dos fundamentos
da República.
Gabarito: Letra B.
4) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-
tes.
O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos
penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme o enunciado da questão, devemos recordar que uma das subdivisões do princípio da legalidade é a
reserva legal, que diz ser obrigatória a criação de tipos penais através de lei em sentido estrito (seja ela com-
plementar ou ordinária).
Gabarito: CERTO.
5) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal”.
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-
gue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-
var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação
da medida pelo Congresso Nacional.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
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A edição de MP em matéria penal, como regra geral é vedada, inclusive para criação de crimes e agravamento
dos já existentes. Entretanto, é possível MP benéfica, conforme já ocorreu no Brasil, através do art. 32 da Lei
10.826/03 – Estatuto do Desarmamento.
Gabarito: ERRADO.
6) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigên-
cia é chamada de
B) princípio da legalidade.
C) princípio da irretroatividade.
D) princípio da normalidade.
E) princípio da adequação.
Resolução:
a) - A ultra-atividade é um efeito decorrente das leis penais excepcionais e temporárias, fazendo que os efeitos
delas retroajam a data em que se encontravam em vigor.
d) – Tentativa da banca de induzi-lo ao erro, pois o princípio da normalidade é próprio da sociologia e não do
Direito Penal.
e) – O princípio da adequação está inserido dentro dos limites materiais do direito penal, tornando atípico um
fato considerado socialmente adequado.
Gabarito: Letra C.
7) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP)
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A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não
configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura
dos consumidores desses produtos.
B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de
resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-
nais aos seus agentes.
C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código
Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.
E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a
existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.
Resolução:
a) – Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de considerar
socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é considerada
criminosa.
b) – Está de acordo com os vetores elencados pelo STF e que foram objeto de estudo anteriormente na nossa
primeira aula. Lembre-se do mnemônico que ensineis a vocês: “PROL”.
c) – Simulacro (arma de brinquedo) ou arma de fogo desmuniciada, não são aptos a gerar o aumento do em-
prego de arma previsto para o delito de roubo.
d) – Muito pelo contrário, pois caso a vítima seja menor de 14 anos ou maior de 60 na data do fato, e o agente
tenha conhecimento desse dado objetivo, tal hipótese é uma majorante, responsável por aumentar a pena do
criminoso de 1/3 até metade.
e) – Nos crimes contra a honra (art. 138, 139 e 140, todos do CP), é necessário o elemento específico de cada
um dos crimes, animus caluniandi (art.138), animus difamandi (art. 139) e animus injuriandi (art. 140).
Gabarito: Letra B.
Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de
crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o
prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
( ) Certo
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( ) Errado
Resolução:
Conforme a súmula 589 do STJ, é vedada a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a adm.
pública.
Gabarito: ERRADO.
9) Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.
C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.
D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.
E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.
Resolução:
a) – Conforme exaustivamente estudado por nós, o princípio da legalidade, pela via da reserva legal, exige lei
em sentido formal (seja complementar ou ordinária) para a criação de crimes e penas.
c) – Não há impedimento para que uma lei deixe de incriminar uma conduta incriminada por lei anterior. O
instituto que regula essa possibilidade é conhecido como abolitio criminis.
d) – Por vedação constitucional (art. 5º, XLVII) é proibida a imposição de penas cruéis.
e) – Conforme o princípio da personalidade da pena (art. 5º, XLV, CF) nenhuma pena poderá passar da figura
do condenado.
Gabarito: Letra B.
10) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia
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( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Gabarito: ERRADO.
11) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é
B) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.
Resolução:
a) - Estamos diante da situação de abolitio criminis (quando nova lei penal deixa de considerar fato que anteri-
ormente era criminoso).
b) – Nesse caso estamos diante do princípio da continuidade normativo típica. uma novatio legis in pejus (nova
lei penal gravosa).
c) – Nesse caso estamos diante de uma novatio legis in pejus (nova lei penal gravosa).
d) – Também estamos diante de uma novatio legis in pejus (nova lei penal gravosa).
e) – Aqui estamos diante de uma novatio legis incriminadora (nova lei incriminadora).
Gabarito: Letra A.
12) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário
Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha
entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-
tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova
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A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-
ormente à vigência da nova lei.
B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-
cípio da retroatividade.
C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se
situação em que o acusado será beneficiado.
D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.
E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em
curso quando a nova lei passou a vigorar.
Resolução:
a) – Por se trata de lei pena benéfica (novatio legis in mellius) ela retroagirá, beneficiando o estelionatário.
b) – A lei penal obedece ao princípio da irretroatividade e, também, há de ser feito uma análise acerca do seu
conteúdo material.
c) – Pois, a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize situação benéfica ao acusado.
d) – A lei penal benéfica poderá ser aplicada mesmo após o trânsito em julgado, ocasião em que o juiz da exe-
cução penal será o encarregado da aplicação da nova lei penal benéfica (611, STF).
Gabarito: Letra C.
13) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a
Classe
O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,
em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou
em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado
crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta
no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.
A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica
a fatos anteriores.
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C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse
antes de 01 de fevereiro de 2015
D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da
condenação.
E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-
tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.
Resolução:
a) – Entrado em vigor uma lei penal que deixei de considerar o aborto um crime, estaremos diante de uma
abolitio criminis, aplicando-se ao condenado pelo fato, fazendo cessar em virtude da lei, a execução e os efeitos
penais da sentença (art. 2º, do CP).
b) – A nova lei penal se aplica imediatamente, independentemente de qualquer previsão expressa acerca de
sua retroatividade.
c) – A figura da abolitio criminis alcança todos os fatos praticados anterior a sua entrada em vigor. Não há hipó-
tese de limitação de sua aplicação.
d) – A abolitio criminis se aplica mesmo após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
e) – Conforme redação do art. 2º do CP, todos os efeitos penais da sentença condenatória cessam.
Gabarito: Letra A.
14) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,
prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.
A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.
B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,
em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da
nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.
D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-
vidade da lei penal.
E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do
princípio da irretroatividade da lei penal.
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Resolução:
a) – Por força da súmula 711 do STF, será aplicada a lei penal mais gravosa, pois o crime que a banca trouxe é
um crime permanente (que a consumação se prolonga no tempo).
b) – Não há que se falar em aplicação da lei anterior, pois, conforme vimos, trata-se de crime permanente, que
permite a aplicação da lei penal mais gravosa que sobrevenha durante o período da permanência.
c) – É o exato conteúdo da súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência
d) – Nesse caso não estamos diante de uma lei excepcional ou temporária, e sim de uma lei que irá vigorar por
tempo indeterminado no ordenamento jurídico.
e) – Não há que se falar em irretroatividade da lei penal, pois é o caso de aplicação de lei penal mais gravosa por
conta da permanência do crime de extorsão mediante sequestro.
Gabarito: Letra C.
15) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de
duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,
ainda que seja mais gravosa.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme a súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Gabarito: Certo.
16) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária
Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte
Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa
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quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-
vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-
noel.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme a súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime perma-
nente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência, razão pela qual, se aplicará
a Manoel.
Gabarito: ERRADO.
17) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
O enunciado da questão nos traz as hipóteses envolvendo a ultra atividade da lei penal excepcional ou tempo-
rária, conforme o artigo 3º do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Gabarito: CERTO.
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18) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-
ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O
referido artigo prevê o fenômeno da:
A) coculpabilidade.
B) tipicidade conglobante.
C) retroatividade da lei.
D) abolitio criminis.
E) ultra-atividade da lei.
Resolução:
a) – O fenômeno da coculpabilidade diz respeito a uma teoria de aplicação da pena de autoria de Zaffaroni (que
será objeto de estudo em nossas aulas de Processo Penal).
b) – A tipicidade conglobante, também de Zaffaroni, diz respeito ao conceito de tipicidade no conceito analítico
de crime. Não se assuste, meu amigo(a)! Isso será objeto de estudo nas nossas próximas aulas.
d) – O art. 3º do CP não diz respeito a abolitio criminis (que está prevista no art. 2º do CP).
Gabarito: Letra E.
19) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
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Resolução:
a) – Vamos estudar em aulas próximas que o planejamento do crime (atos preparatórios – em regra, não são
puníveis).
c) – O tempo do crime (momento) é o da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado, con-
forme o art. 4º do CP.
d) – O tempo do crime (momento) é o da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado, e não
o momento que que chega ao conhecimento das autoridades competentes.
e) – O momento do cometimento do crime tem inúmeras relevâncias para o direito penal, as quais serão objeto
de estudo aqui em nossa próxima aula.
Gabarito: Letra C.
20) Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciá-
rio - Área Administrativa
“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o
Código Penal adota a teoria:
A) Ubiquidade.
B) Da atividade.
C) Do resultado.
D) Ambivalência.
Resolução:
b) – A teoria da atividade foi adotada pelo art.4 º do CP para delimitar o tempo do crime.
c) – A teoria do resultado é adotada no âmbito do processo penal para definir a competência, conforme o art.
70 do CPP.
Gabarito: Letra B.
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21) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária
No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,
em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em
Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões
causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:
A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;
B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;
E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.
Resolução:
a) – Esse é o nosso gabarito, tendo em vista que Jéssica não poderá ser responsabilizada pelo fato, pois possui
17 anos de idade ao tempo da conduta, bem como, o Código Penal adota a teoria da atividade para o tempo do
crime e a teoria da ubiquidade para o lugar do crime.
b) – A assertiva erroneamente insere a teoria do resultado, adotada para definir a competência, conforme o art.
70 do código de processo penal.
c) – A assertiva inverte as teorias adotas pelo CP. Para o tempo do crime, o CP adotou a teoria da atividade.
Para o lugar do crime, adotou a teoria da ubiquidade.
d) – A autora do crime não poderá ser responsabilizada, porém, a alternativa traz a teoria do resultado para
definir o lugar do crime, o que não está correto, tendo em vista que a referida teoria se aplica para o tema da
competência no processo penal.
e) – Além de não poder ser responsabilizada, o CP adotou a teoria da atividade para o momento do crime.
Gabarito: Letra A.
22) Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário
Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,
marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
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( ) Considera-se praticado o crime no momento da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada,
que se ache no espaço aéreo correspondente.
( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente
da República.
A) V, F, F, V
B) F, V, V, F
C) V, V, F, F
D) F, F, V, V
Resolução:
3ª Proposição: – a aeronave de propriedade privada, que se ache no espaço aéreo correspondente é conside-
rada extensão do território brasileiro.
4º Proposição: - Os crimes praticados contra a liberdade do Presidente ficam sujeitos à lei brasileira, ainda que
cometidos no estrangeiro. (art. 7º, I, a, CP).
Gabarito – Letra B.
23) Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada,
Resolução:
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Gabarito: Letra A.
24) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando
o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:
C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.
E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.
Resolução:
a) – Pois o navio-escola da Marinha Brasileira é extensão do território brasileiro. Dessa forma, para fins penais,
é como se o crime tivesse acontecido dentro do território brasileiro, aplicando-se o princípio da territorialidade.
b) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o do pavilhão e, sim o da territorialidade.
c) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o da justiça universal e, sim o da territoriali-
dade.
d) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o da defesa e, sim o da territorialidade.
e) – A lei a ser aplicada é a brasileira, por conta do navio da Marinha ser extensão do território brasileiro, razão
pela qual, não há que se falar em aplicação da lei Japonesa.
Gabarito: Letra A.
25) Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal - Nacional
Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Roraima,
Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa Helena, na
Venezuela.
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Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para pro-
cessar e julgá-lo.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Basta que a infração penal “toque” o território brasileiro para que haja incidência da lei penal brasileira, con-
forme o artigo 6º do Código Penal.
Gabarito: ERRADO.
26) Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária
- Específicos
Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-
são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o
resultado.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
O enunciado da questão é cópia literal do art. 6º do Código Penal - Considera-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado
Gabarito: CERTO.
27) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -
Analista Judiciário - Área Judiciária
José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão, onde
trabalhava como funcionário público.
Em tal situação,
A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.
B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.
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D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada
do agente no território nacional.
E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.
Resolução:
a) – Não há que se falar em processo e julgamento Japonês pelo crime cometido por José, visto que o crime
praticado é de extraterritorialidade incondicionada.
b) – Trata-se de típico caso de extraterritorialidade incondicionada, razão pela qual, o agente será processado
no Brasil independentemente de ter sido processado ou não no Japão.
c) – Aplica-se a lei brasileira, pois trata-se de hipótese de extraterritorialidade, conforme o artigo 7º, inciso I,
“c”, do CP).
d) – A aplicação da lei brasileira não está condicionada a entrada de José no território geográfico brasileiro.
e) – Aplica-se a lei brasileira independente de qualquer outra condição, por questão de soberania brasileira.
Gabarito: Letra C.
28) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária
Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem
os crimes cometidos:
Resolução:
Gabarito: Letra D.
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29) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia
Federal
Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-
ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação
ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do
crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este
absorve aquele.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
O enunciado da questão nos traz a súmula 17 do STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais po-
tencialidade lesiva, é por este absorvido.
Gabarito: Certo.
30) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciá-
ria
A respeito de institutos diversos de direito penal, julgue o item a seguir.
A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não
possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a
jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.
( ) Certo
( )Errado
Resolução:
Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de considerar
socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é considerada
criminosa.
Gabarito: ERRADO.
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Resolução: veja, meu amigo(a), a situação trazida pela banca está prevista expressamente no artigo 2º, caput,
do CP, que trata acerca do instituto da abolitio criminis, bem como, o art. 5º, XL, da Constituição Federal. Veja
só:
Desse modo, a lei penal retroagirá para alcançar os fatos passados, extinguindo a punibilidade de Pégaso.
Gabarito: Letra B.
Resolução: veja bem, concurseiro(a), a questão não possui uma redação das melhores, porém, para conseguir-
mos respondê-la, precisamos nos deter a redação do artigo 5º, §2º, do CP:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacio-
nal, ao crime cometido no território nacional.
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§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embar-
cações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou
em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Portanto, meu amigo(a), a banca gabaritou a assertiva letra “b” para o referido teste.
Gabarito: Letra B
A) admissão coletiva
B) conjunção popular
C) reprovação comum
D) adequação social
Resolução: lembre-se, caríssimo(a), quando o direito penal não tiver interesse em punir uma conduta que seja
tolerada pela sociedade, estaremos diante do princípio da adequação social.
Gabarito: Letra D.
Resolução: a aeronave que é de propriedade da União é uma extensão do território nacional e, os crimes ocor-
ridos em seu interior serão dirimidos pela lei penal brasileira, conforme o artigo 5º, §1º, do CP:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.
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Gabarito: Letra B.
B) anistia pessoal
C) tipificação posterior
D) inovação para pior
E) abolição do crime
Resolução: veja, meu amigo(a), mais uma vez a situação trazida pela banca está prevista expressamente no
artigo 2º, caput, do CP, que trata acerca do instituto da abolitio criminis, bem como, o art. 5º, XL, da Constituição
Federal. Veja só:
Desse modo, a lei penal retroagirá para alcançar os fatos passados, extinguindo a punibilidade de Patuscada.
Gabarito: Letra E.
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Lista de questões
O art. 1º do Código Penal afirma que não há crime sem lei anterior que o defina e que não há pena sem prévia
cominação legal. O mencionado dispositivo corresponde a qual princípio de direito penal?
A) Princípio da legalidade.
C) Princípio da proporcionalidade
D) Princípio da igualdade.
E) Princípio da austeridade.
2) Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário
E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.
3) Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -
Área Judiciária
Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-
leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da
A) legalidade.
B) proporcionalidade.
C) individualização.
D) pessoalidade.
E) dignidade humana.
4) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-
tes.
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O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos
penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.
( ) Certo
( ) Errado
5) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal”.
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-
gue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-
var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação
da medida pelo Congresso Nacional.
( ) Certo
( ) Errado
6) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigên-
cia é chamada de
B) princípio da legalidade.
C) princípio da irretroatividade.
D) princípio da normalidade.
E) princípio da adequação.
7) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP)
- Analista Judiciário - Área Judiciária
A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não
configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura
dos consumidores desses produtos.
B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de
resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-
nais aos seus agentes.
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C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código
Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.
E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a
existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.
Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de cri-
mes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o pre-
juízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
( ) Certo
( ) Errado
9) Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.
C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.
D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.
E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.
10) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia
( ) Certo
( ) Errado
11) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é
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B) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.
12) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário
Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha
entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-
tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova
A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-
ormente à vigência da nova lei.
B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-
cípio da retroatividade.
C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se
situação em que o acusado será beneficiado.
D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.
E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em
curso quando a nova lei passou a vigorar.
13) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a
Classe
O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,
em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou
em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado
crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta
no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.
A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica
a fatos anteriores.
C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse
antes de 01 de fevereiro de 2015
D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da
condenação.
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E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-
tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.
14) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,
prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.
A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.
B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,
em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da
nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.
D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-
vidade da lei penal.
E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do
princípio da irretroatividade da lei penal.
15) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de
duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,
ainda que seja mais gravosa.
( ) Certo
( ) Errado
16) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária
Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte
Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa
quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-
vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-
noel.
( ) Certo
( ) Errado
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17) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal
( ) Certo
( ) Errado
18) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-
ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O
referido artigo prevê o fenômeno da:
A) coculpabilidade.
B) tipicidade conglobante.
C) retroatividade da lei.
D) abolitio criminis.
E) ultra-atividade da lei.
19) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
20) Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciá-
rio - Área Administrativa
“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o
Código Penal adota a teoria:
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A) Ubiquidade.
B) Da atividade.
C) Do resultado.
D) Ambivalência.
21) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária
No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,
em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em
Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões
causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:
A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;
B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;
E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.
22) Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário
Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,
marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Considera-se praticado o crime no momento da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada,
que se ache no espaço aéreo correspondente.
( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente
da República.
A) V, F, F, V
B) F, V, V, F
C) V, V, F, F
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D) F, F, V, V
23) Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada,
24) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando
o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:
C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.
E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.
25) Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal - Nacional
Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Roraima,
Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa Helena, na
Venezuela.
Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para pro-
cessar e julgá-lo.
( ) Certo
( ) Errado
26) Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária
- Específicos
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Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-
são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o
resultado.
( ) Certo
( ) Errado
27) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -
Analista Judiciário - Área Judiciária
José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão, onde
trabalhava como funcionário público.
Em tal situação,
A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.
B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.
D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada
do agente no território nacional.
E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.
28) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária
Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem
os crimes cometidos:
29) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia
Federal
Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-
ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação
ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do
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crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este
absorve aquele.
( ) Certo
( ) Errado
30) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciá-
ria
A respeito de institutos diversos de direito penal, julgue o item a seguir.
A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não
possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a
jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.
( ) Certo
( ) Errado
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Eros requereu a absolvição de Hermes e Zeus, vez que os atos pelos quais foram acusados teriam aprovação da
comunidade e, dessa forma, aplicável seria o princípio da:
A) admissão coletiva
B) conjunção popular
C) reprovação comum
D) adequação social
B) anistia pessoal
C) tipificação posterior
E) abolição do crime
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Gabarito
1.A
2.C
3.B
4.Certo
5.Errado
6.C
7.B
8.Errado
9.B
10.Errado
11.A
12.C
13.A
14.C
15.Certo
16.Certo
17.Certo
18.E
19.C
20.B
21.D
22.B
23.A
24.A
25.Errado
26.Certo
27.C
28.D
29.Certo
30.Errado
31.B
32.B
33.D
34.B
35.E
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Resumo direcionado
A seguir, meu amigo(a) segue um resumão que eu preparei com tudo o que vimos de mais importante nesta
aula. Espero que você já tenha feito o seu resumo também, e utilize o meu para verificar se ficou faltando colocar
algo.
Reserva Legal
Analogia
Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o
concreto concreto caso concreto
Amplia-se o alcance da pa- Utilizam-se exemplos segui- Cria-se nova norma a partir
lavra (não importa no surgi- dos de uma fórmula gené- de outra (analogia legis) ou
mento de uma nova rica para alcançar outras hi- do todo do ordenamento ju-
norma) póteses rídico (analogia iuris)
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Desdobramentos materiais.
Ausência de Periculosidade Social
Abolitio criminis – nova lei que descriminaliza condutas. Não confundir os termos descriminalização
com despenalização (significa suprimir/dificultar/impedir a aplicação de pena privativa de liberdade).
Novatio legis in mellius – nova lei que mantém a criminalização do ato, mas lhe confere tratamento
mais brando (611, STF – compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal).
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Novatio legis in pejus – nova lei que mantém a criminalização, mas da ao fato tratamento mais severo.
Ex: inclusão do §2º ao artigo 157 do CP.
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LU
LUGAR UBIQUIDADE
TA
TEMPO ATIVIDADE
LUTA
Lembre-se desse mnemônico
Lei penal no espaço
Territorialidade.
Espaço físico por extensão ou ficção Para os efeitos penais, consideram-se como es-
paço físico por ficção as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do go-
verno brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as embarcações e aeronaves brasileiras (ma-
triculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente em alto
mar ou no espaço aéreo correspondente (art. 5º,
§1º, CP).
CONCLUSÕES
Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa Aplica-se a lei do país a que pertence o agente crimi-
noso, pouco importando o local do crime, a naciona-
lidade da vítima ou do bem jurídico violado.
Princípio da Justiça Penal Universal ou da Justiça O agente fica sujeito à lei do País onde for encon-
cosmopolita trado, não importando sua nacionalidade, do bem ju-
rídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está
normalmente presente nos tratados internacionais
de cooperação de repressão a determinados delitos
de alcance transnacional.
Princípio da representação, do pavilhão, da subs- A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos
tituição ou da bandeira. em aeronaves e embarcações privadas, quando pra-
ticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.
Lugar do crime
CRIMES À DISTÂNCIA
O crime percorre territórios de dois Estados soberanos (Brasil e Paraguai, por exemplo)
Extraterritorialidade
Progressão crimi-
Crime progressivo Antefato impunível Pós-fato Impunível
nosa