Você está na página 1de 18

Aula 01

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase -


Revisão de Direito Material - Direito
Penal

Autor:
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís
Marques da Silva
Aula 01
12 de Junho de 2021

84115572353 - CARLOS EDUARDO DE SOUSA DO NASCIMENTO


Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

Sumário

Teoria da Pena ................................................................................................................................................... 2

1 - Definição ................................................................................................................................................... 2

2 - Funções da pena ....................................................................................................................................... 3

2.1 - Teorias Absolutas ............................................................................................................................... 3

2.2 - Teorias Relativas ................................................................................................................................ 3

2.3 - Teorias unitárias ou ecléticas ............................................................................................................ 4

3 - Espécies de penas (Art. 32 do CP)............................................................................................................. 4

3.1 - Penas privativas de liberdade ............................................................................................................ 5

3.2 - Regimes de cumprimento de pena privativa de liberdade (Art. 33 do CP) ....................................... 5

3.3 - Modalidades de pena privativa de liberdade .................................................................................... 6

3.4 - Limite máximo de cumprimento de Pena Privativa de liberdade ..................................................... 6

4 - Dosimetria concreta das Penas Privativas de liberdade ........................................................................... 7

4.1 - Principais circunstâncias agravantes e atenuantes da pena ............................................................. 9

5 - Pena de multa ......................................................................................................................................... 14

5.1 - Dosimetria concreta da pena de multa (critério de dias-multa) ..................................................... 15

Considerações finais ........................................................................................................................................ 15

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 1
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

TEORIA DA PENA
Olá amigos, vamos dar início ao nosso estudo de teoria da pena, na nossa 2ª fase Penal, tema que todos
nós sabemos que é fundamental, e super cobrado na nossa prova.

Vamos dividir o estudo da Teoria da Pena em duas etapas, igualmente importantes para nossa prova,
quais sejam, o estudo da estrutura teórica das penas e a sua dosimetria concreta (principalmente da pena
privativa de liberdade), e depois o estudo da execução das penas, englobando as penas privativas de
liberdade, restritivas de direitos e a pena de multa, tudo isso com base na estrutura da LEP e do Código
Penal com as devidas alterações promovidas pelo famoso Pacote Anticrime (Lei 13.964/19).

Importante que vocês saibam que, no que tange a pena privativa de liberdade, a mais importante das
penas para nós, precisamos inicialmente conhecer como é feita sua dosimetria concreta, ou seja, como o
juiz calcula o valor concreto de pena a ser aplicado ao condenado, para só depois entendermos suas
regras de execução e como isso poderá ser cobrado na nossa prova.

Mas você pode estar se perguntando:

- Pra que eu preciso saber isso para uma prova de 2ª fase da OAB?

- Eu vou ter que fazer cálculo de pena na minha prova???

Primeiro, fiquem tranquilos, vocês não precisarão calcular pena na sua prova da OAB, mas precisarão sim,
avaliar o cálculo feito pelo juiz, e apresentado a você, no enunciado de muitas peças, e também de
algumas questões discursivas, para que vocês possam apresentar suas defesas, contra um eventual
cálculo mal feito.

Segundo, posso garantir que dosimetria de pena é um dos assuntos mais cobrados na sua prova de 2ª
fase, e aparece quase sempre nas peças mais comuns, e mais cobradas, do exame de ordem, como a
apelação e alegações finais em memoriais, sem falar nas questões discursivas em que este assunto
também pode ser cobrado de vocês!

Vamos lá!!!

Começaremos com os aspectos gerais da pena, e em seguida partiremos para o estudo das regras de
dosimetria concreta da pena privativa de liberdade e da pena de multa!!!

1 - Definição

Para começarmos bem, precisamos entender alguns conceitos básicos e analisar as funções desempenhadas
pela Pena em nosso ordenamento jurídico.

Vamos a uma definição bem simples primeiro: Pena é toda sanção imposta pelo Estado, mediante a ação
penal, a quem pratica uma infração penal, como retribuição ao ato ilícito praticado e com o fim de evitar

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 2
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

novos delitos.

Pode consistir em privação de liberdade, restrição de direitos ou ainda numa sanção pecuniária (multa)
imposta como decorrência da prática de uma infração penal (crime ou contravenção).

Mas não se esqueçam, pelo princípio da humanidade ou da dignidade da pessoa humana, não haverá em
nosso ordenamento penas de morte, penas cruéis, castigos corporais, trabalhos forçados, banimento nem
sanções perpétuas (art. 5º ,XIX, CF).

2 - Funções da pena

Amigos, há inúmeras teorias delimitadoras das funções a serem desempenhadas pelas penas no
ordenamento jurídico penal.

Entre elas, podemos destacar as seguintes teorias que podem gerar algum tipo de questionamento na nossa
prova, então vamos a elas!!!

2.1 - Teorias Absolutas

A pena tem função exclusivamente retributiva, ou seja, de compensar o mal causado pelo crime, sendo
apenas uma forma de castigo, uma reação à prática de uma infração penal. Portanto, sua duração deve
corresponder fundamentalmente à gravidade do delito.

Nas teorias absolutas, a função da pena (retributiva) está completamente desvinculada de qualquer efeito
social futuro, e a aplicação da pena decorre de uma necessidade ética e de justiça; por ser a negação do
delito, é a afirmação do direito.

2.2 - Teorias Relativas

De acordo com essas teorias, a pena se fundamenta exclusivamente na necessidade de evitar a prática futura
de delitos, traduzindo assim apenas a função de prevenção, que pode ser:

a) Prevenção geral: Dirige-se a toda a sociedade e aos possíveis e potenciais delinquentes, visando assim
evitar a futura prática de crimes.

Essa prevenção geral pode ser:

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 3
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

Negativa:

• prevenção por intimidação, faz que potenciais criminosos não queiram cometer crimes,
traduzindo um conceito de exemplaridade (“o crime não compensa”).

Positiva:

• visa a demonstração da inviolabilidade do direito (Claus Roxin) ou ainda busca a


fidelidade e o respeito às normas, e a afirmação da estabilidade do direito, cuja violação
tem como consequência a sanção penal.

b) Prevenção especial: Atua diretamente na pessoa do delinquente pela aplicação e execução da pena,
==1d3efc==

visando evitar que este volte a cometer crimes.

Essa prevenção especial pode ser:

Negativa:

• neutralização do indivíduo através do cárcere. Por tirar o indivíduo da sociedade,


impossibilita que ele pratique novos crimes (pena privativa de liberdade).

Positiva:

• visa a ressocialização, ou seja, fazer que o condenado não volte a cometer novos crimes.

2.3 - Teorias unitárias ou ecléticas

Fiquem atentos a essas teorias chamadas de unitárias pois essa é a posição adotada em nosso Código Penal,
sendo que essas teorias unificam as teorias absolutas e relativas; portanto, conciliam a retribuição com os
fins de prevenção geral e especial.

Como disse a vocês, essa posição foi adotada no Brasil (art. 59 do CP) e, de acordo com as 3 etapas pelas
quais passa uma pena, podemos perceber claramente o que representa cada uma dessas funções da pena:

a) Prevenção geral negativa: na cominação abstrata da pena no tipo.

b) Prevenção geral positiva e retribuição: na aplicação da pena concreta através da dosimetria.

c) Prevenção especial positiva e negativa: na etapa de execução, cumprimento das penas.

3 - Espécies de penas (Art. 32 do CP)

Vamos partir agora para o estudo das penas em espécie, principalmente as penas privativas de liberdade,

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 4
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

para que possamos em seguida analisar sua dosimetria concreta da forma como você irá encontrar esse
tema na sua prova!

3.1 - Penas privativas de liberdade

Nosso ordenamento, por meio do Código Penal e da Lei de Execução Penal, adotou o sistema penitenciário
progressivo (modelo inglês), em que o detento deve passar por regimes progressivamente menos severos
de cumprimento da pena, desde que, em regra, cumpra pelo menos 16% da pena no regime em que se
encontra (art. 112 da LEP - Pacote Anticrime ).

Na segunda progressão, ou seja, para passar do regime semiaberto para o aberto, deve-se incidir o
percentual indicado sobre o saldo restante de pena que falta cumprir e não sobre o valor inicial de pena (ex.:
12 anos: 50% (6 anos) = 6 anos; 50% (3 anos) = 3 anos )

Não podemos deixar de lembrar que, caso o indivíduo tenha sido condenado a penas superiores a 40 anos,
embora vá cumprir apenas 40 anos, com base no art. 75 do Código Penal (pacote anticrime), o valor da
progressão incide sobre o total de pena aplicada, de acordo também com a Súmula 715 do STF.

Galera, não vou me alongar muito no assunto execução das penas agora, pois ele será objeto de estudo
detalhado na nossa próxima aula, mas ainda quero fazer algumas rápidas considerações com vocês aqui,
para depois entramos de cabeça no cálculo, em si, da pena privativa de liberdade!

3.2 - Regimes de cumprimento de pena privativa de liberdade (Art. 33 do


CP)

Nosso ordenamento trabalha com três regimes de cumprimento de pena privativa de liberdade.

São eles:

a) Fechado: a pena será cumprida em estabelecimento de segurança máxima ou média, como


penitenciária (art. 33, § 1º, a, do CP).

b) Semiaberto: a pena será cumprida em colônia agrícola ou estabelecimento similar (art. 33, § 1º,
b, do CP).

c) Aberto: a pena será cumprida em casa de albergado, fundamentando-se esse regime no senso de
disciplina do condenado, que como regra trabalha fora durante o dia e se recolhe à noite e nos dias
de folga (art. 33, § 1º, c, do CP).

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 5
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

3.3 - Modalidades de pena privativa de liberdade

Muita gente esquece, mas na verdade há duas grandes modalidades de pena privativa de liberdade,
previstas abstratamente nos tipos penais, de acordo com sua maior ou menor gravidade, são elas:

a) Reclusão: prevista para crimes mais graves. Admite os três regimes de cumprimento de pena, quais
sejam, o fechado, semiaberto ou aberto;

b) Detenção: prevista para crimes menos graves. Não admite o regime fechado, mas somente o
regime semiaberto e o regime aberto.

A única hipótese em que se admite uma detenção cumprida em regime fechado ocorre
quando há a transferência do condenado que estava em regime semiaberto ou aberto para
regime fechado, diante do descumprimento das regras dos regimes menos rigorosos
(regressão de regime).

Devemos lembrar ainda que, em um concurso material (art. 69 CP), cumpre-se primeiro a
reclusão e depois a detenção, já que somente a reclusão admite que o agente inicie o
cumprimento da pena em regime fechado.

3.4 - Limite máximo de cumprimento de Pena Privativa de liberdade

Galera, ATENÇÃO!!! o limite máximo de cumprimento de pena admitido em nosso ordenamento era de 30
anos (art. 75 do CP), porém o PACOTE ANTICRIME alterou este limite máximo, que passou a ser de 40 anos.
Evidentemente esse tema, principalmente em face alteração é super importante para nossa prova!

Porém, cuidado ao analisar sua questão, pois caso haja outra condenação por fato posterior far-se-á nova
unificação, desprezando o tempo já cumprido, para efeito de um novo limite máximo de 40 anos.

Por exemplo: Imaginem um condenado a 60 anos de reclusão. Evidente a pena será unificada em 40 anos.

Mas se ele, após cumprir 10 anos, cometer outro crime e for condenado a mais 25 anos?

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 6
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

Como deveríamos trabalhar na nossa prova?

Se liga aeeee !!!

Deve-se somar o saldo restante (30 anos) com a nova pena (25 anos) e unificar o valor total (55 anos) para
um novo limite de 40 anos, que serão aplicados e cumpridos por ele, independentemente dos outros 10
anos que já haviam sido cumpridos.

4 - Dosimetria concreta das Penas Privativas de liberdade

Agora sim, vamos estudar a tão famosa dosimetria da pena e, não se preocupe, esse tema é mais simples
do que você pensa, sendo que é muito, muito provável mesmo, que ele caia na sua prova, como uma das
teses defensivas a serem abordadas por você!

Para se que a gente faça o cálculo concreto das penas privativas de liberdade, o nosso Código Penal adotou
o Sistema trifásico (Nelson Hungria) – Art. 68 do CP.

Funciona da seguinte forma:

a) 1ª fase: O juiz irá fazer a fixação da pena-base entre o mínimo e o máximo previstos em lei para
o crime, de acordo somente com as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP).

Fiquem espertos pois, as famosas circunstâncias qualificadoras também devem ser avaliadas no
momento de fixação da pena base (1ª fase), já que estabelecem na própria lei novos valores
mínimos e máximos de pena abstrata (ex.: art. 121, § 2º, do CP – pena 12 a 30 anos).

b) 2ª fase: O juiz irá aplicar as circunstâncias agravantes e atenuantes de pena (arts. 61, 62, 65 e
66 do CP) para elevar ou reduzir a pena-base da primeira fase.

Fiquem atentos pois, não há valor certo para isso, porém, o STF/STJ entendem que deve ser de
até 1/6, mas sempre respeitando o mínimo e o máximo de pena previstos na lei para o crime.

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 7
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

c) 3ª fase: Aqui o juiz fará a aplicação das causas de aumento e de diminuição de pena previstas
nas Partes Geral e Especial do Código Penal, podendo ultrapassar os limites mínimo e máximo
de pena previstos abstratamente na lei para o crime. Isto acontece, pois, essas causas
possuem valor certo e determinado para aumentar ou diminuir a pena (por exemplo: +1/3 /
-1/2 / dobro / triplo / etc.).

ATENÇÃO!

1: Na primeira fase o valor da pena-base concreta jamais deverá ultrapassar o ponto médio
das penas (valor da soma do mínimo e do máximo dividido por dois), mesmo que todas as
circunstâncias judiciais estejam presentes. Porém, nada impede que, na ausência de
circunstâncias judiciais, a pena-base seja mantida no mínimo legal.

2: Para que haja antecedente criminal, e se aumente a pena-base na primeira fase, é


preciso que já haja sentença condenatória transitada em julgado por determinado crime
quando o juiz for dar a sentença condenatória do crime em questão, não importando,
para isso, quando este outro crime foi praticado.

Amigos, quero chamar a atenção de vocês para a Súmula 444 do STJ, que já caiu inúmeras vezes na nossa
prova, e determina que inquéritos policiais ou ações penais em curso anteriores, não podem gerar
antecedentes criminais e alterar a pena-base na primeira fase da nossa dosimetria!

Para a gente entender bem quando que os tais antecedentes podem ser aplicados pelo juiz, e aumentar a
pena-base na primeira fase da dosimetria, vamos olhar o esquema abaixo:

Antecedentes criminais (Art. 59, CP)

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 8
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

Lembram que falamos que as qualificadoras determinam nova pena mínima e nova pena máxima e, por isso,
fazem parte da análise da primeira fase da dosimetria?

Cuidado!!!

Pois, havendo mais de uma circunstância qualificadora em um caso concreto, uma irá qualificar o crime e as
demais serão consideradas na segunda fase, isso, caso estejam previstas expressamente também como
agravantes de pena nos arts. 61 e 62 do CP.

Por fim, precisamos ressaltar que, de acordo com o art. 67 do CP, em conflito de agravantes e atenuantes
a pena deverá seguir aquela que for preponderante (motivos determinantes, personalidade e reincidência),
já que não há valor determinado para se alterar a pena nesta etapa da dosimetria.

Porém, se no caso concreto você perceber que há conflito de agravantes e atenuantes comuns, sem
preponderância, elas anulam-se mutuamente, mantendo, assim, a pena-base da primeira fase sem qualquer
alteração, ou a pena pendendo para o lado que tiver mais circunstâncias presentes.

4.1 - Principais circunstâncias agravantes e atenuantes da pena

Amigos, vamos agora analisar alguns detalhes referentes às principais circunstâncias agravantes e
atenuantes de pena, aquelas que mais tem aparecido nas peças práticas da nossa prova da OAB.

a) Reincidência (art. 61, I, do CP): Trata-se da principal circunstância agravante da pena, decorrendo da
prática de novo crime pelo agente, desde que essa prática ocorra depois de transitada em julgado a
sentença que no país ou no estrangeiro tenha condenado o sujeito por um crime anterior (art. 63 do
CP).

Há duas formas de reincidência:

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 9
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

Reincidência real:

prática de nova infração após cumprir total ou parcialmente a pena imposta.

Reincidência ficta:

prática de novo crime após o trânsito em julgado da sentença por crime praticado anteriormente.

Não haverá reincidência se, entre a data do término do cumprimento da pena ou de sua
extinção (sursis ou livramento condicional) e o novo crime, se passarem mais de 5 anos
(art. 64 do CP).

Será considerado criminoso primário aquele que for condenado pela primeira vez (nesse caso também não
terá antecedentes), bem como aquele que for condenado sem ser reincidente, ou seja, praticar o novo crime
após o prazo de 5 anos (tecnicamente primário), embora nesse caso possua maus antecedentes.

Atenção galera, pois caso o agente venha a cometer novo crime após esse prazo, será considerado
tecnicamente primário, porém, majoritariamente, entende-se que poderá se considerar que o condenado
tem antecedentes (1ª fase), já que, para estes, não há prazo definido em lei.

Mas fiquem atentos, pois atualmente há posição divergente nos tribunais superiores defendendo que, para
se considerar antecedentes, também deve ser utilizado o limite de prazo de 5 anos, contados a partir do
término de cumprimento da pena do crime anterior, e se isso aparecer na sua prova, cite a divergência e vá
pelo caminho mais favorável, afinal, você já estará atuando como advogado (a) !!!

Para resumir a situação de reincidência e evitar pegadinhas na nossa prova, vamos ver esse pequeno resumo
que fiz pra vocês!

Ah...isso já foi objeto de questão discursiva mais de uma vez na nossa prova de 2ª fase!!

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 10
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

Para efeito de reincidência, pode-se afirmar (art. 63 do CP c/c art. 7º da LCP):

a) crime + crime = reincidência

b) contravenção + contravenção = reincidência

c) crime + contravenção = reincidência

d) contravenção + crime= primário (não gera reincidência)

Vamos a mais um esqueminha pra ninguém vacilar no que tange a questões concretas e quanto ao
afastamento da reincidência, como tese defensiva nas nossas peças!

Isso é muito comum de aparecer na nossa prova, por isso, ATENÇÃO!!!

Importante lembrar que de acordo com a Súmula 241 STJ, a reincidência não poderá ser considerada ao
mesmo tempo agravante e maus antecedentes (circunstância judicial –art. 59 do CP).

Porém, é majoritário o entendimento de que nada impede que isso ocorra se houver mais de um crime com
sentença transitada em julgado anterior, e o agente for considerado reincidente em relação a um e com
maus antecedentes em relação ao outro (STF).

Por fim, é importante lembrar também que, não se considera, para efeitos de reincidência, a prática de
crimes militares próprios e de crimes políticos (art. 64, II, do CP).

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 11
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

b) Atenuante da idade do autor (art. 65, I, do CP):

Precisamos lembrar que essa é a principal circunstância atenuante e será sempre aplicada:

– Se o agente é maior de 18 e menor de 21 anos na data da prática do crime (menoridade relativa);

– Se o agente é maior de 70 anos na data da sentença.

Atenção:

Essa circunstância atenuante não sofreu alterações com o novo Código Civil (2002), que passou a
considerar plenamente capazes para atos da vida cível os maiores de 18 anos, nem pelo Estatuto do
Idoso, quando este fala em 60 anos.

c) Agravantes no concurso de pessoas (art. 62 do CP):

Amigos, além das duas principais circunstâncias que acabamos de estudar, também irá se agravar o
crime para o agente que atuar em concurso com outras pessoas, nas seguintes hipóteses:

– Quem promove ou organiza a cooperação no crime (autor intelectual);

– Quem coage (resistível/irresistível) ou induz (partícipe) outrem à prática de crime;

– Quem instiga ou determina alguém sujeito à sua autoridade ou não punível por condição pessoal para
que cometa crime (ex.: escusas absolutórias – art. 181 do CP – inimputáveis);

– Quem executa o crime ou dele participa mediante paga ou promessa de recompensa (somente quem
recebe, pois quem paga entra no item referente a quem promove ou organiza).

d) Atenuante genérica (art. 66 do CP):

Por fim, é importante lembrarmos que juiz poderá ainda reduzir a pena sempre que considerar que há
circunstâncias relevantes para isso, mesmo que não haja nada previsto em lei.

A importância da atenuante genérica é que o juiz terá discricionariedade para decidir se cabe reduzir a
pena ou não em determinadas hipóteses, já que as atenuantes expressamente previstas em lei (art. 65
do CP) são obrigatórias e, sempre que presentes, deverão reduzir a pena.

Atualmente a atenuante genérica ou inominada (art. 66 do CP) pode ser vista como positivação e forma
de se aplicar a instigante teoria da coculpabilidade do Estado (vide nossos: Teorias da culpabilidade e

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 12
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

teoria do erro, Ed. Forense, e Temas controvertidos de direito penal, Ed. Método), pela qual o Estado
deve assumir certa parcela de culpa em determinados crimes, quando cometidos devido a omissões
desse próprio Estado, quanto a seus deveres constitucionais para com os cidadãos (ex.: aborto
econômico; crimes praticados devido à situação de abandono e miséria absoluta).

Atenção:

Importante lembrar que somente na 3ª fase, ao se considerarem causas de aumento e de diminuição de


pena, pelo fato de a própria lei determinar os valores para o aumento ou diminuição da pena, o valor final
poderá ficar abaixo do mínimo, ou mesmo acima do máximo previsto abstratamente na lei.

Para concluirmos a análise da dosimetria, precisamos lembrar que, de acordo com o Art. 68 par. único CP
havendo duas ou mais causas de aumento ou diminuição presentes na parte especial, o juiz deverá fazer
apenas um aumento (ou uma diminuição), qual seja, aquela que mais altere a pena.

Fiquem atentos pois, na hipótese de haver várias causas de aumento ou diminuição da parte geral, aplicam-
se todas obrigatoriamente.

Vamos a mais um esquema que vai ajudar bastante a gente a lembrar de como deve ser feita a dosimetria
concerta de uma pena privativa de liberdade!!!

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 13
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

5 - Pena de multa

Para que possamos finalizar nosso estudo de dosimetria das penas, vamos analisar a pena de multa e sua
forma de ser calculada!

Esse tema NÃO é tão comum de ser cobrado na nossa prova, então relaxa...rs...mas mesmo assim
precisamos fazer uma breve análise a respeito do assunto.

A multa por definição é sanção penal de caráter pecuniário, patrimonial, que consiste no pagamento ao
fundo penitenciário de certa quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa (art. 49 do CP).

Trata-se de verdadeira pena, sanção penal oriunda de crime, e por isso é pessoal e individualizada, não
ultrapassando a pessoa do autor (princípio da intranscendência e da individualização das penas).

A pena de multa não paga torna-se dívida de valor e não pode ser convertida em pena privativa de
liberdade -art. 51 do CP, c/c o art. 5º, LXVII, CF - inclusive em sede de juizado especial (revogado o art. 85
da Lei 9.099/1995).

A multa, produto da prática de crime, é uma pena e não deve ter ideia de indenização, como acontece com

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 14
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

a multa administrativa ou fiscal, sendo que, tem feição reparadora e compensatória de dano.

5.1 - Dosimetria concreta da pena de multa (critério de dias-multa)

Galera, para finalizar o nosso estudo, vamos a um breve resumo de como deve ser frita a dosimetria
concreta da PENA DE MULTA!!

Vamos lá!!!

1ª etapa :estipula-se o número de dias-multa entre 10 e 360 dias e levam-se em conta somente a
gravidade do fato e a culpabilidade do agente.

2ª etapa :determina-se o valor da unidade dias-multa de 1/30 do salário mínimo até 5 vezes o salário
mínimo (art. 49, § 1º, do CP) e leva-se em conta a capacidade econômica do réu;

3ª etapa :multiplica-se o número de dias-multa pelo valor da unidade.

De acordo com a situação econômica do réu (art. 60 do CP), o valor da multa pode ser aumentado de
até o triplo se o juiz achar necessário, desde que já tenha sido estabelecido na segunda etapa o valor
da unidade no máximo legal (art. 60, § 1º, do CP).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito bem, amigos, fechamos a primeira parte do nosso estudo da Teoria da Pena e, agora que já sabemos
tudo a respeito de dosimetria concreta das penas, podemos seguir adiante com nosso estudo, passando para
a análise da execução das penas e suas teses defensivas, tema que será abordado na nossa próxima aula!

Como dissemos, dosimetria é tema certo de ser cobrado na nossa prova, porém, lembrem que vocês não
precisarão calcular pena nenhuma, até porque essa não é a função de um advogado.

Na nossa prova a dosimetria entra como tese subsidiária nas nossas peças e vocês terão que analisar a pena
aplicada pelo juiz na sentença condenatória e recorrer de eventuais falhas no cálculo da pena, ou mesmo
em alegações finais requerer que a pena seja calculada corretamente de acordo com atenuantes, causas de
diminuição, etc. identificadas de coerção com o enunciado.

Atenção para a alteração promovida pelo PACOTE ANTICRIME quanto ao limite máximo de cumprimento de
pena que citamos acima e, no mais, é correr para o abraço e mandar bem nessas teses dentro da sua peça e
nas questões discursivas a respeito do tema!!!

Então, acho que agora isso ficou bem mais simples, não foi???

Vamos agora passar pro estudo da execução das penas, tema que sofreu muitas alterações a partir da
entrada em vigor do PACOTE ANTICRIME para concluir essa parte da nossa matéria, tão cobrada na nossa
prova de 2ª fase!!!

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 15
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO
Cristiano Rodrigues, Ivan Luís Marques da Silva
Aula 01

Bora mandar ver galera!!!

05. OAB XXXII Exame - 2ª Fase - Revisão de Direito Material - Direito Penal 16
www.estrategiaconcursos.com.br 16
84115572353 - CARLOS EDUARDO
1916668
DE SOUSA DO NASCIMENTO

Você também pode gostar