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Autor:
Ricardo Torques
Aula 06
05 de Abril de 2021
Sumário
1 - Noções Gerais........................................................................................................................................... 2
2 - Estrutura .................................................................................................................................................... 3
08942555683
1607131
- Jôse R. Costa
Ricardo Torques
Aula 06
Vamos lá?!
1 - Noções Gerais
Em 1955 foi realizado o I Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e para o Tratamento de
Delinquentes. Entre outros assuntos, foi editado um conjunto de regras de direitos humanos voltado para
aqueles que estão em cumprimento de penas, denominado de Regras Mínimas para o Tratamento dos
Presos.
Essas regras constituem o que a doutrina denomina de soft law, vale dizer, constituem um conjunto de
normas desprovidas de caráter jurídico vinculante em relação aos signatários. Assim, os Estado que
participaram do Congresso que resultou na aprovação das Regras Mínimas não estão obrigados, pelo simples
fato de terem participado da criação do documento, a observarem, após a internalização, suas regras no
direito interno.
Apenas para fixar bem o assunto, as soft law distinguem-se das normas jus cogens. Neste caso, a norma pela
simples existência vincula os Estados, ainda que não tenham aderido expressamente ao seu texto. Já as soft
law somente tornam-se obrigatórias para o Estado membro caso ele assuma formalmente tal
responsabilidade perante a comunidade internacional.
Seguindo com o nosso estudo, questiona-se: quais são as regras tratadas no documento da ONU? Como o
próprio nome indica, são contemplados direitos humanos muito relevantes que devem ser assegurados a
todos, inclusive às pessoas que se encontram presas.
Entre os direitos albergados destacam-se o direito à integridade física e psíquica, o direito à igualdade, o
direito à liberdade de religião e o direito à saúde.
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2 - Estrutura
O diploma é composto por 95 itens, ou melhor, 95 regras mínimas que estão divididas em três seções.
Na primeira parte (observações preliminares) são fixadas regras gerais acerca do sistema penitenciário, que
devem ser adaptadas às condições sociais, econômicas, legais e geográficas de cada Estado.
A primeira observação aponta que as Regras indicam um modelo geral, contendo princípios e práticas
reconhecidos pela comunidade internacional e que são aptos a tornar o estabelecimento prisional mais
adequado para o reestabelecimento social do preso. Para tanto, há um esforço em estabelecer padrões
gerais a serem observados indistintamente a todos os Estados, independentemente dos aspectos
peculiares de cada nação.
A segunda observação considera, em modo complementar, o fato de que devem ser levadas em conta as
realidades de cada local. Efetivamente, não é possível o cumprimento de todas as regras de uma hora para
outra. Essas Regras, no entanto, são as condições mínimas postas pela Organização das Nações Unidas para
que se considere adequado o sistema prisional. É importante observar que nessa segunda observação há um
reconhecimento expresso de que é possível que as regras sejam afastadas justificadamente em casos
particulares.
A terceira observação apenas traz um apontamento geral sobre a estruturação das Regras. Quanto às regras
de aplicação geral são estabelecidas regras referentes à administração geral dos estabelecimentos
penitenciários, com a fixação de direitos àqueles que encontram-se presos por sentença definitiva ou
provisoriamente.
Por fim, as regras aplicáveis às categorias específicas que envolvem os reclusos condenados, reclusos
alienados e doentes mentais, reclusos detidos ou aguardando julgamento, condenados por dívidas ou prisão
civil e reclusos detidos ou presos sem acusação.
Por fim, a quarta observação indica que as Regras não se aplicam à detenção disciplinar adolescentes, os
quais devem ser submetidos a regramento distinto. Essa observação deve ser interpretada com
temperamento, podendo-se aplicar as Regras a estabelecimentos para adolescentes desde que isso seja mais
benéfico.
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- Jôse R. Costa
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Neste tópico, vamos destacar dentre todos os dispositivos do documento aqueles considerados mais
importantes e que possuem maior probabilidade de aparecerem em prova, os quais serão elencados em
forma de tópicos.
Antes de tudo, é essencial perceber que as Regras exigem um tratamento digno à pessoa do preso. É vedada
absolutamente a tortura ou outras penas e tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, os quais não
podem ser justificados em qualquer situação, bem como há um dever por parte dos agentes prisionais de
manter a segurança dos presos, dos visitantes e de todas as pessoas que prestem serviço no
estabelecimento. A regra 3 expressa a ideia de que a própria segregação dos presos é a penalidade, devendo-
se evitar ao máximo qualquer outro tipo de situação desagradável aos presos e, principalmente, deve-se
manter a autodeterminação do preso.
Ainda, há menção, na regra 4, dos objetivos de se aplicar as sanções de prisão, que são: proteger a sociedade
contra a criminalidade e reduzir a reincidência. Para que isso seja alcançado, é preciso que o encarceramento
seja utilizado como um modo de reintegrar o indivíduo à sociedade, devendo-se fornecer ao preso educação,
formação profissional, trabalho e qualquer outra atividade que propicie a ressocialização.
(i) princípio básico das regras mínimas: aplicação indistinta sem discriminação.
As normas previstas aplicam-se a todos sem qualquer fora de discriminação (raça, cor, sexo, língua,
religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, condições financeiras, origem etc.). Além disso,
eventuais crenças religiosas e preceitos morais específicos devem ser respeitados por todos. Evidentemente,
eventuais ações em benefício de certo grupo de pessoas, principalmente aos deficientes, não podem ser
consideradas como discriminação.
Eventuais bens que estejam com o preso deve permanecer devidamente custodiados se não puderem
ficar com a pessoa. Quando da liberação, esses bens devem ser restituídos. Os bens devem ser devidamente
inventariados pelo estabelecimento. Eventuais medicamentos utilizados pelo preso podem ser utilizados
pelo preso conforme decisão de profissional médico.
(iv) Informação
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Ao ingressar no estabelecimento penitenciário o preso de devem ser informados a respeito das regras
relativas à pena que cumprirá. Neste ato será informado do regime da prisão, regras do estabelecimento
penal, procedimentos internos, notadamente, como deve proceder em caso de solicitação de informações e
apresentação de reclamações. Nessa parte de informações, é previsto o direito dos presos de formularem
pedidos ou reclamações perante a administração prisional, bem como o preso deve ter acesso ao inspetor.
Os pedidos devem ser apreciados prontamente e a solução deve ser rápida.
Ä Determina-se que os presos sejam agrupados em locais segundo categorias específicas, separados uns dos
outros. Nesse contexto:
HOMENS MULHERES
ADULTOS ADOLESCENTES
Um mesmo local de prisão não pode ser ocupado, em regra, por mais de uma pessoa. Excepcionalmente,
em caso de excesso temporário no estabelecimento é possível que seja ocupado por mais de uma pessoa.
Os locais de reclusão devem ser salubres, com boas condições de higiene e de saúde, com vestuários, roupa
e alimentação adequados.
Está previsto que os estabelecimentos penais devem possuir ao menos um médico (com conhecimentos
na área de psiquiatria) e dentista para atender aos presos.
Aos presos doentes deve ser despendido atendimento especial, com adequado tratamento às
necessidades da pessoa doente.
Às presas gestantes deve-se assegurar instalações especiais, notadamente para atender ao nascimento
da criança.
Quando da admissão do preso é necessário o atendimento prévio para que sejam tomadas as medidas
necessárias, caso verificada alguma condição específica.
Os estabelecimentos penitenciários devem contar com uma biblioteca para uso e reunião dos reclusos.
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A ordem e disciplina deve ser mantida, segundo as regras estabelecidas ao órgão penitenciário. Em razão
disso, tais regras devem ser obedecidas estritamente, sem discriminações ou com rigores excessivos.
Infrações disciplinares devem ser tratadas como tais, com aplicação das sanções previstas internamente,
por intermédio de comissões disciplinares, sem arbitrariedades. Desse modo, é inaceitável que o preso seja
punido disciplinarmente com excesso (pois constitui abuso de poder) ou sem observância das prescrições
internas (pois constitui ato arbitrário).
• O preso não pode ser punido sem ser informado da infração de que é acusado.
• O preso não poderá ser punido sem oportunidades de defesa.
Dentre as punições a serem aplicadas por infrações disciplinares, veda-se: penas corporais e colocação em
solitárias, bem como punições cruéis, desumanas ou degradantes.
Veda-se, ainda, a utilização das algemas, coletes de força, correntes e ferros como sanção.
Embora o apenado permaneça segregado do convício social, deverá ser fraqueado o direito do preso de
comunicar-se com a família (visitas, correspondências), bem como devem ter acesso aos noticiários, segundo
normas e controles da administração carcerária.
Desse modo, falecimentos, doenças e transferências devem ser informados ao preso e à família.
Exige-se a formação específica e diretrizes referentes à atuação dos servidores nesta área da segurança
pública, ressaltando a missão social de grande importância, bem como diretrizes sobre o relacionamento dos
funcionários com os reclusos, especialmente tendo-se em conta o tratamento com as mulheres.
O sistema penitenciário não deve agravar o sofrimento inerente a essa situação, exceto pontualmente,
por razões justificáveis de segregação e para a manutenção da disciplina.
O fim da pena de privação de liberdade é a proteção da sociedade contra o crime, o que só pode ser
assegurado se o recluso, após seu regresso à liberdade, tenha vontade e aptidão para seguir um modo de
vida de acordo com a lei e provendo suas próprias necessidades.
Devem ser adotadas medidas com a finalidade de permitir a reintegração, entre elas:
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(xiii) Atendimento especial para presos doentes mentais, que devem ser atendidos em estabelecimentos
apropriados.
(xiv) Os presos preventivos devem ser mantidos em prisão específica, garantindo-se atendimento com
médicos e dentistas pessoais, bem como o direito de ser entrevistado pelo advogado com privacidade.
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