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Assistência à Saúde e Psicologia Aplicada ao Sistema Prisional |

Assistência à Saúde e Psicologia Aplicada ao Sistema Prisional

DISCIPLINA
ASSISTÊNCIA À SAÚDE E
PSICOLOGIA APLICADA AO
SISTEMA PRISIONAL

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Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 Assistência à Saúde e Psicologia Aplicada ao Sistema Prisional ----------------------- 3
1.1 Aspectos Históricos e Marcos Legais ------------------------------------------------------------------------ 3
1.2 Introdução à Legislação Penitenciária Brasileira na Execução Penal ------------------------------- 5
1.3 Aspectos da Criminologia Clínica --------------------------------------------------------------------------- 12
1.4 Atribuições e Princípios --------------------------------------------------------------------------------------- 14
1.5 Diretrizes para a Atuação do Psicólogo no Sistema Penitenciário -------------------------------- 16
1.6 Exame Criminológico------------------------------------------------------------------------------------------- 17
Manifestações mórbidas do sistema nervoso comportamento criminoso ------------------------------------------- 20
1.7 Criminologia e sua Interface com a Sociedade --------------------------------------------------------- 21
1.8 Posicionamento Ético ------------------------------------------------------------------------------------------ 24
Princípios Fundamentais ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 25
1.9 Resolução CFP 010/2005 -------------------------------------------------------------------------------------- 27
Princípios Fundamentais ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 27
Das Responsabilidades Do Psicólogo ------------------------------------------------------------------------------------------- 27
Das Disposições Gerais ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33

2 Referências ------------------------------------------------------------------------------------------- 35

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1 Assistência à Saúde e Psicologia Aplicada ao Sistema


Prisional
1.1 Aspectos Históricos e Marcos Legais

A Psicologia Penitenciária faz parte da Psicologia Jurídica, área geral da Psicologia


que se relaciona com o sistema de justiça (FRANÇA, 2004). Vimos que os aspectos
históricos da Psicologia Jurídica e agora vamos seguir nossos estudos para entender
como a Psicologia Penitenciária surgiu no Brasil. O Conselho Regional de Psicologia
do Rio de Janeiro (2005), por meio de seu jornal, traçou um histórico desta área. O
trabalho do psicólogo no sistema penitenciário surgiu, principalmente, das suas
práticas nos manicômios judiciários, hoje chamados de Hospitais de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico.

Ainda conforme a publicação do CRP-RJ, as atividades do psicólogo foram


regulamentas nesses espaços apenas com a aprovação da Lei nº 7.2010, de 11 de julho
de 1984. Esta lei é conhecida como Lei de Execuções Penais (LEP) e dispõe sobre os
seguintes itens:

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou


decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado e do internado.

Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o


Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade
desta Lei e do Código de Processo Penal.

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao


condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento
sujeito à jurisdição ordinária.

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não


atingidos pela sentença ou pela lei.

Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social,


religiosa ou política.

Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de


execução da pena e da medida de segurança.

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Além dos tópicos mencionados acima, a LEP estendeu a atuação do psicólogo às


penitenciárias, instituiu o exame criminológico e criou a Comissão Técnica de
Classificação (CTC). Essa comissão foi fundamental porque exigiu que os diretores das
unidades prisionais formassem uma equipe com um psicólogo, um assistente social,
um psiquiatra e dois chefes de serviços para trabalhar nos presídios. Essa comissão
era presidida pelo próprio diretor do presídio (CRP-RJ, 2005).

De maneira geral, a Psicologia Penitenciária implica no trabalho do psicólogo


dentre de presídios. Ou seja, quando o juiz opta por manter afastado da sociedade
pessoas que já foram condenadas por crimes cometidos ou aquelas que estão
aguardando julgamento em meio fechado. A Psicologia Penitenciária implica na forma
de intervenção feita no sistema penitenciário, que busca promover a mudança das
prisões, tornando-as mais eficientes e eficazes na resolução de seus conflitos. (CELIDA,
s/d). Por muito tempo a prática da Psicologia aplicada nas penitenciárias teve como
foco a avaliação e o diagnóstico dos detidos (MONGE, 2011). Mudanças culturais e
nas práticas profissionais foram reconhecendo que a Psicologia tem outras funções
somadas as que, inicialmente, eram tidas como funções exclusivas. MONGE (2011), ao
estudar a Psicologia nos presídios, aponta como principais funções do psicólogo nesta
área:

a) Avaliar detentos nas diferentes fases de internamento: inteligência,


personalidade, processos psicológicos, habilidades e outros.
b) Elaborar relatórios psicológicos para as autoridades competentes:
mediante solicitação e baseada na abordagem criminológica.
c) Elaborar planos de tratamento para cada pessoa privada de liberdade.
d) Executar programas de intervenção psicoterapêutica: individual e em
grupo.
e) Proporcionar formação para novos profissionais da Psicologia que venham
a compor o quadro de recursos humanos.
f) Realizar diagnósticos de transtornos mentais, distúrbios de
comportamento sexual e de alta periculosidade.
g) Desenvolver programas de saúde social e mental.
h) Organizar grupos de apoio com detentos: comissão de saúde, disciplina,
higiene, esportes.
i) Treinar todos os profissionais da equipe técnica e de vigilância.

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Mesmo com a apresentação dessas funções, que confirma que o trabalho do


psicólogo não pode ser visto como abreviações, o dia a dia nos mostra que esta ainda
é uma área com pouca visibilidade. Nem mesmo a sua evolução, que a liberta do
campo restrito à elaboração e emissão de laudos e pareceres solicitados pelos juízes,
não foram suficientes para que sua discussão fosse ampliada.

Essa afirmação é facilmente constatada quando buscamos livros específicos


sobre o tema ou quando fazemos uma simples busca em sites de pesquisas virtuais. A
Psicologia Penitenciária aparece, na maioria das vezes, embutida dentro da Psicologia
Jurídica, em especial a Psicologia Criminal, ou das discussões do Direito que envolvem
o tema. Mas nem por isso ela deixa de ser área específica da Psicologia e do Direito e
ter seus estudos, mesmo que de forma discreta, avaliados como necessários e
essenciais para o exercício dos profissionais que trabalham no sistema penitenciário.
Nos tópicos seguintes teremos a oportunidade de discutir melhor a Psicologia
Penitenciária e sua relação com a criminologia.

1.2 Introdução à Legislação Penitenciária Brasileira na Execução Penal

Como vimos anteriormente, a Lei de Execuções Penais (LEP) foi fundamental para
reconhecer o psicólogo como profissional no sistema penitenciário. Neste item vamos
conhecer alguns artigos essenciais da LEP. Quando for possível, teceremos alguns
comentários sobre os artigos para entendermos melhor:

Art. 1º - A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de


sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.

A execução da pena se vincula ao direito subjetivo do Estado em poder castigar


o infrator da lei penal. Porém, a forma e a maneira de condução desse processo
ressocializador deve considerar que o condenado ou internado, cedo ou tarde,
retornará ao convívio social.

Destaca-se que os servidores penitenciários que lidam com o condenado, em


especial os da área educacional e de formação profissional, precisam criar as
condições necessárias para que o condenado, quando estiver em liberdade, tenha
maior chance de resolver os conflitos próprios da vida social sem que busque, para
isso, o crime.

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É importante lembrar que o cumprimento da pena no Brasil corresponde a uma


atividade ampla e nem sempre é possível alcançar resultados positivos, pois educar é
uma tarefa muito complexa em qualquer ambiente em que ela seja desenvolvida.
Dentro do possível, o condenado precisa ser preparado para o retorno à vida social.
Esse é o principal trabalho do servidor penitenciário, seja qual for sua área de atuação.
Nesse sentido, é importante distinguir a “atividade meio” e a “atividade fim” da
privação da liberdade pelos profissionais que atuam dentro do sistema prisional.

A atividade meio corresponde à contenção do preso nos limites da cerca da


penitenciária. Necessita apenas do trabalho exaustivo na segurança. A atividade fim
corresponde à plena reinserção social do apenado. Isso significa que manter o sujeito
preso não significa que ele mudará seu comportamento após cumprir a pena
estabelecida pelo juiz.

Ao tratar de condenado e internado nesta lei, também é necessário fazer uma


distinção entre os termos. Condenado corresponde àquela pessoa que recebe uma
sentença judicial definitiva. Ou seja, não cabem mais recursos e o sujeito deverá
cumprir toda a sentença estipulada em audiência.

Ao contrário do condenado, podemos definir o interno como pessoas que


cometeram algum crime, mas tem sua saúde mental comprometida. Nos casos em
que o crime for acometido por alguma doença mental, o sujeito será declarado
inimputável pela lei. Quando o condenado recebe uma pena, ele é encaminhado para
uma unidade prisional. Já o internado recebe uma medida de segurança e é conduzido
para estabelecimentos adequados ao tratamento psiquiátrico de pessoas criminosas.

Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e


personalidade, para orientar a individualização da execução penal.

De acordo com Trindade (2003, p. 64), a personalidade “é um conjunto


biopsicossocial dinâmico que possibilita a adaptação do homem consigo mesmo e
com um meio, numa equação de fatores hereditários e vivenciais”. O estudo da
personalidade vai depender de uma escolha profissional e nem sempre é similar entre
as áreas do conhecimento.

Freud, por exemplo, define a personalidade como parte do aparelho psíquico. Ou


seja, a personalidade é parte e não todo. Isso porque, para a Psicanálise, o aparelho
psíquico é formado por três sistemas: o inconsciente, o consciente e o pré-consciente
(Trindade, 2003).

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Trindade (2003) ainda apresenta outros dois modelos de estrutura que vão definir
a personalidade. O modelo de Erikson (1994) afirma que a personalidade se estrutura
a partir de etapas do desenvolvimento e que auxiliam na organização do conflito. O
autor mostra que em cada etapa de vida do indivíduo existe um conflito que deve ser
vivenciado e superado:

IDADE CONFLITO

0 – 18 meses Confiança x Desconfiança

18 m – 3 anos Autonomia x Dúvida e Vergonha

3 – 6 anos Iniciativa x Culpa

6 anos-Puberdade Competência x Inferioridade

Adolescência Identidade x Confusão de Papéis

Jovem Adulto Intimidade x Isolamento

Meia-Idade Produtividade x Estagnação

Anos Posteriores Integridade x Desespero

Fonte: Adaptado de Trindade, 2003.

O terceiro e último modelo apresentado por Trindade (2003) corresponde à


pirâmide das necessidades elaborada por Maslow, em 1962. De acordo com o teórico,
a satisfação do nível inferior da pirâmide é condição indispensável pera a satisfação
das necessidades do nível superior, seguindo a estrutura da figura abaixo:

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Para os profissionais da Psicologia que se utilizam da Psicanálise, é necessário


estudar as formas de mecanismo de defesa do ego. Trindade (2003) apresenta 16
mecanismos de defesa que ajudam a garantir o equilíbrio da personalidade, já que
existe uma tendência do organismo para manter suas condições estáveis.

“De acordo com a teoria psicanalítica, mecanismos de defesa são maneiras


inconscientes utilizadas frente às diversas situações, com vista a repelir ou reduzir a
ansiedade e manter o equilíbrio da personalidade”. (TRINDADE, 2003, p. 70).

São mecanismos de defesa do ego, segundo a Psicanálise (Trindade, 2003, p. 70-


72):

1. Repressão ou recalcamento: consiste em expulsar da consciência desejos,


sentimentos, ideias ou fantasias desprazerosas, que permanecendo fora
dela não causam ansiedade.
2. Regressão: caracteriza-se pela retirada ou retorno a uma fase anterior do
desenvolvimento, adequada para evitar o desprazer e a frustração.
3. Projeção: consiste em atribuir a terceiros os sentimentos ou características
não admitidas em si mesmo.
4. Introjeção: é quando um objeto externo é internalizado, tomado e
assimilado simbolicamente pelo sujeito.
5. Identificação: é por meio desse mecanismo que a criança internaliza
características do objeto para desenvolver sua personalidade.

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6. Isolamento: corresponde à separação intrapsíquica entre o afeto e o seu


conteúdo para diminuir a ansiedade.
7. Anulação: é a realização de um ato determinado com o objetivo de apagar,
desfazer ou anular simbolicamente o ato anterior.
8. Negação: quando a realidade externa é considerada como não existente
por ser desagradável ao ego.
9. Formação reativa: é quando o ego realiza o oposto do desejo.
10. Racionalização: a razão é utilizada para explicar comportamentos que
foram desencadeados por motivos não reconhecidos.
11. Somatização: corresponde à transferência de sentimentos dolorosos para
o corpo, trazendo prejuízos orgânicos.
12. Dissociação: parte da personalidade que gere ansiedade é eliminada por
meio da divisão da consciência.
13. Sublimação: se refere à energia psíquica retida no material reprimido,
quando é canalizada a objetivos socialmente úteis e aceitos.
14. Intelectualização: quando o sujeito articula uma teoria do afeto para
explicar e diminuir a ansiedade.
15. Deslocamento: é quando os sentimentos ligados a uma fonte são
redirecionados à outra.
16. Conversão: deslocamento de uma conflitiva psíquica para o corpo, mas
não há prejuízo orgânico.

Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação, que


elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada
ao condenado ou preso provisório.

É importante lembrar que apesar de se tratar de uma instituição coletiva é


necessário que atividades sejam desenvolvidas pensando no indivíduo. Os trabalhos
devem ser planejados considerando as especificidades do sistema prisional e,
portanto, ao serem propostos devem ser completamente possíveis de execução na
prisão.

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada


estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois)
chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social,
quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.

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Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da


Execução e será integrada por fiscais do serviço social.

Apesar de ter uma equipe composta por diversos profissionais, é importante que
cada profissional esteja apto a desenvolver atividades e funções específicas desse tipo
de serviço.

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em


regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos
elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à
individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o
condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime
semiaberto.

O exame criminológico foi extinto, enquanto obrigatoriedade, pela LEP, mas


muitos juízes continuam exigindo este tipo de exame como pré-requisito para a
concessão de benefícios durante o cumprimento da pena (CRP-RJ, 2012).

A função desse exame é avaliar se o preso deve ou não receber a progressão de


regime e só pode ser realizado por psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais do
sistema prisional e quando o juiz solicitar (CRP-RJ, 2012).

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da


personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças
ou informações do processo, poderá:

I. entrevistar pessoas;
II. requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e
informações a respeito do condenado;
III. realizar outras diligências e exames necessários.

Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado
e prepará-los para o retorno à liberdade.

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O serviço social aqui mencionado não corresponde ao trabalho desenvolvido


pela Comissão, mas sim, pelo trabalho desenvolvido por uma equipe específica para
buscar, por exemplo, a inserção profissional de presidiários. Contudo, isso não exclui
a participação do psicólogo nessas atividades.

Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:

I. conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; II - relatar, por


escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as
dificuldades enfrentadas pelo assistido; III - acompanhar o
resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias;
II. promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a
recreação;
III. promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento
da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à
liberdade;
IV. providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da
Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho;
V. orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do
internado e da vítima.

Esse artigo define de forma consistente as atividades do serviço de assistência


social. Notem que muitos itens podem contar com o trabalho do psicólogo.

Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado em diferentes


categorias funcionais, segundo as necessidades do serviço, com especificação de
atribuições relativas às funções de direção, chefia e assessoramento do
estabelecimento e às demais funções.

Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao


tratamento são obrigatórios para todos os internados.

Diferente de outras áreas de atuação do psicólogo, quando o profissional sugere


a realização de exames psicológicos e o paciente pode se recursar, no sistema prisional
o detento não pode se recusar a prestar os exames solicitados pelo juiz.

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Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabelecimento deverá


satisfazer os seguintes requisitos:

I. ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou Psicologia,


ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços Sociais;
II. possuir experiência administrativa na área;
III. ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desempenho
da função.

Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabelecimento, ou nas


proximidades, e dedicará tempo integral à sua função.

Muitas pessoas desconhecem, mas o diretor da unidade prisional não precisa ter
formação exclusiva em Direito. É difícil imaginar um psicólogo ocupando este cargo,
mas é possível desde que atenda todos os requisitos estabelecidos por lei. Neste
tópico, apresentamos apenas alguns artigos da Lei de Execução Penal. Contudo, para
profissionais que atuam neste campo devem conhecer todo seu conteúdo. Ao
estudarmos os aspectos da Criminologia Clínica, no próximo tópico, veremos que essa
lei foi essencial para uma nova percepção do crime, do criminoso e das formas de
punição.

1.3 Aspectos da Criminologia Clínica

Os estudos sobre o crime e suas particularidades vêm sendo examinados há


bastante tempo por estudiosos, especialistas e pesquisadores da área. De acordo com
Sá (2012), o pensamento criminológico buscou por longa data explicar as causas do
comportamento criminoso, dos motivos que levam as pessoas a cometerem crimes e
os fatores associados à conduta criminosa.

Inicialmente, todos os aspectos que tangiam os crimes eram estudados a partir


de uma visão causalista. A partir da influência das teorias sociológicas do crime, a
percepção causalista perdeu espaço para uma visão multifatorial e crítica da
Criminologia Clínica, que também é conhecida como Criminologia Aplicada à
Execução Penal (SÁ, 2012).

Os fundamentos teóricos da Criminologia Clínica foram responsáveis pelo avanço


do pensamento criminológico e do trato prisional (BORBA; CORREIA, 2011). Em seu
conceito tradicional, a Criminologia Clínica pode ser definida, segundo Borba e Correia
(2011), como a compreensão da conduta criminal, sendo esta ligada diretamente a

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uma conduta anormal, desviada e como possível expressão de anomalias físicas ou


psíquicas.

Em seu conceito mais moderno, o autor coloca que a Criminologia Clínica se


preocupa em conhecer o homem encarcerado como pessoa. Ela busca, também,
conhecer suas aspirações e as verdadeiras motivações de sua conduta criminosa, bem
como tenta conhecer o que ela representa para o sujeito dentro de seu contexto
familiar, ambiental e histórico.

Além do conceito tradicional e moderno, Sá (2005) apresenta a Criminologia


Clínica a partir de uma percepção crítica. Essa abordagem tem como objetivo não só
conhecer o homem encarcerado enquanto pessoa, mas buscar identificar sua história
de marginalização social e psíquica que o fragiliza perante o sistema punitivo e se
deixando criminalizar pelo mesmo.

Para tanto, a Criminologia Clínica estuda os fatores sociais e individuais que


promoveram e facilitaram a criminalização por parte do sistema penal e a
vulnerabilidade do encarcerado perante o sistema punitivo. Cabette (2010), ao discutir
a criminologia no século XXI, mostra que os estudos da Criminologia Clínica
representam uma parcela do que é estudado nesta área. O autor apresenta outros
enfoques e áreas de estudo e intervenção que, somados ao estudo da Criminologia
Clínica, aperfeiçoam os estudos sobre a Criminologia.

Para isso, ele lança mão da apresentação de outras áreas que compõem o estudo
da criminologia:

- Biologia Criminal: estuda as características e morfologia (estrutura, forma e


configuração) dos criminosos para propor uma classificação.

- Criminologia Genética: estuda os cromossomos XYX que podem estar


relacionados à conduta criminosa. Apesar dos inúmeros estudos, não há
comprovações até o momento de que as anomalias cromossômicas têm alguma
correlação com o crime.

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- Psiquiatria e Psicologia Criminal: estudam o crime como consequência de


distúrbios psíquicos. Busca-se indicar a anormalidade do criminoso em comparação
com o restante da população. Além disso, a Psiquiatria e a Psicologia Criminal se
ocupam com os estudos sobre a formação da personalidade, do narcisismo, das
moléstias mentais (neuroses, psicoses e oligofrenias), dos desvios sexuais, parafilias e
outros.

- Endocrinologia: estuda a atuação de secreções endócrinas (glândulas) para a


produção do evento criminoso. Também é conhecida como Psicofisiologia Criminal.

- Toxicomanias: pesquisa a reação de drogas (legais ou ilegais) como elemento


criminogenético. Eles consideram em suas análises seu uso rotineiro (dependência) e
o uso recreativo.

- Criminologia Sociológica: considera as influências ambientais e exógenas na


conduta criminosa. O estudo natural do crime prevê fatores individuais e sociais que
podem indicar formas de defesa preventiva e repressiva.

1.4 Atribuições e Princípios

A Criminologia Clínica serve como meio de orientação do estudo da criminologia.


A partir das diversas concepções ele influencia diretamente na execução penal. Sua
prática ocorre a partir da aplicação dos conhecimentos criminológicos e dos
problemas forenses e penitenciários. Criminologia Clínica é um campo de
conhecimento e atividades interdisciplinares predominantemente científicas, cujas
atividades e conhecimentos são voltados para a prática profissional. Ela se propõe a
fazer uma escuta compreensiva de casos individuais referentes a pessoas envolvidas
com a justiça e uma leitura da dinâmica da instituição enquanto instância de controle.
(YIMG, 2011).

As definições mais modernas de Criminologia Clínica definem que o trabalho


prisional deve ser pautado em estratégias de intervenção junto aos presidiários. Borba
e Correia (2011) colocam que, atualmente, o sentenciado não é visto apenas como um
criminoso. Ou seja, mesmo tendo cometido algum crime e devendo responder pelo
crime, o detento deve ser visto como pessoa. Essa mudança de paradigma só foi
possível a partir de 1984, quando foi aprovada a Lei de Execução Penal, já mencionada
anteriormente. Sá (2012) menciona que dentre as principais mudanças ocorridas foi a

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destacada anteriormente: pessoa é pessoa e deve ser tratada como tal em qualquer
circunstância ou situação.

O autor acrescenta que a distinção entre criminosos imputáveis e inimputáveis


foi essencial, já que os criminosos imputáveis passam a cumprir pena reclusiva,
enquanto pessoas inimputáveis – aquelas que cometem algum crime por terem
problemas mentais, por exemplo – devem cumprir medida de segurança em locais
apropriados. D’Assumpção (2011) afirma que o estudo criminológico clínico poderia
ser desenvolvido em qualquer ambiente, porém, é realizado nos presídios, pois é o
local onde há maior concentração de pessoas que cometeram crimes. Bom, até agora
vimos definições e algumas áreas da Criminologia Clínica. Que tal entendermos como
ela se efetiva dentro dos presídios?

Os profissionais da Criminologia Clínica podem compor a equipe da unidade


prisional ou não. Neste último caso, estudos são realizados em parcerias com
instituições de pesquisa ou acadêmica. Independente do vínculo do profissional, os
profissionais da Criminologia Clínica analisam casos particulares e tendem a observar
o aspecto biológico e comportamental do indivíduo (OLIVEIRA, 2009). Segundo o
autor, utilizam-se, basicamente, técnicas de experimentação e de indução. Tais
análises podem ser utilizadas, também, com vítimas. A principal atribuição da
Criminologia Clínica é estabelecer estratégias de reabilitação ou ressocialização (SÁ,
2011).

As estratégias estabelecidas são baseadas em três modelos distintos, definidos


pelo próprio profissional, com base em suas convicções teóricas. São elas: Modelo
Médico-Psicológico, Modelo Psicossocial e Modelo de Criminologia Clínica de
Inclusão Social. Segundo Sá (2011), os conceitos, os princípios e os métodos de
investigação médico-psicológicos e sociofamiliares desenvolvem a seguinte estratégia
de atuação:

1. Diagnóstico: analisar a dinâmica de sua conduta criminosa, sua personalidade e


seu nível de periculosidade.
2. Prognóstico: interferir nas perspectivas de desdobramentos futuros.
3. Tratamento: propor estratégias de intervenção com o objetivo de promover a
superação ou a contenção de uma possível tendência criminal e a evitar a
reincidência.

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De modo geral, é importante saber que o principal aspecto deste trabalho é


estabelecer estratégias para reabilitação, ressocialização ou reintegração social.
D’Assumpção (2011), afirma que, independente do modelo de estratégia escolhido,
devemos sempre:

• Analisar a conduta tipificada como crime, bem como o agente que o


praticou;
• Analisar o cárcere e suas instabilidades e;
• Discutir as estratégias de intervenção.

Só assim será possível avaliar os desdobramentos possíveis dos comportamentos


problemáticos e formular estratégias que contribuam para que as pessoas privadas de
liberdade tenham um sucesso saudável em sua vida (YIMG, 2011).

1.5 Diretrizes para a Atuação do Psicólogo no Sistema Penitenciário

A questão penal e de segurança pública são eixos importantes para compreender


a sociedade brasileira contemporânea, já que além de suas funções punitiva e
disciplinar, ela representa a maneira pela qual a gestão política, gestão econômica e
social vêm se construindo (ZAFFARONI, 2007). Esse cenário foi responsável, segundo
Zaffaroni (2007), por inúmeros questionamentos da Psicologia brasileira, tornando
necessário discutir sobre aspectos éticos e formas de atuação no sistema prisional. A
Lei de Execuções Penais - LEP teve um papel decisivo na definição dos papéis do
psicólogo nos presídios. Esta lei cita, diretamente, o psicólogo em seu artigo 1º e 2º.
No primeiro artigo ele apresenta a Comissão Técnica de Classificação e no segundo
artigo apresenta o Centro de Observação Criminológica.

Segundo a LEP, o psicólogo no sistema penal possui duas atribuições básicas: a)


realizar exame diagnóstico com o objetivo de elaborar o projeto individualizador e; b)
realizar o exame prognóstico voltado à instrução dos incidentes do processo de
execução penal. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) coloca que esta síntese sobre
as diretrizes do trabalho do psicólogo no sistema prisional são reforçadas pelo Código
Penal (Brasil, 1940) em seus artigos 34 e 35:

Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a


exame criminológico de classificação para individualização da execução. Art. 35 -
Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o

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cumprimento da pena em regime semiaberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


1984).

São diretrizes do trabalho do psicólogo (CFP, s/d):

• Elaborar o programa individualizador;


• Atuar no acompanhamento do condenado, visando estabelecer um
vínculo de confiança;
• Proporcionar ao condenado o fortalecimento de laços sociais, o resgate
de sua cidadania e a inserção na sociedade e;
• Prestar assistência psicológica seguindo o Código de Ética.

Apesar de termos muito mais a discutir sobre as diretrizes para a atuação do


psicólogo no sistema prisional.

1.6 Exame Criminológico

O exame criminológico foi estabelecido pela LEP em seu artigo 8º e deve ser
aplicado aos condenados a penas em regimes fechados com o objetivo de obter
elementos que sirvam para uma adequada classificação do condenado e,
principalmente, para a individuação da execução penal. Anteriormente à LEP estavam
previstos três requisitos para que o condenado conseguisse uma progressão de
regime:

1. Cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior;


2. Apresentar bom comportamento durante o cumprimento da medida em
regime fechado;
3. Ter uma avaliação positiva no exame criminológico.

A alteração do artigo 112 da LEP deixou de contemplar o exame criminológico


como obrigatório:

A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a


transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom

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comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas


as normas que vedam a progressão. “O exame criminológico é a pesquisa dos
antecedentes pessoais, familiares, sociais, psíquicos e psicológicos do condenado,
para obtenção de dados que possam revelar a sua personalidade”. (BITENCOURT,
2012, p. 459).

Bitencourt (2012, p. 461), em seu Tratado de Direito Penal, coloca o exame


criminológico no mesmo patamar que a perícia: É uma perícia, embora a LEP não o
diga, busca descobrir a capacidade de adaptação do condenado ao regime de
cumprimento da pena; a probabilidade de não delinquir; o grau de probabilidade de
reinserção na sociedade por meio de um exame genético, antropológico, social e
psicológico.

Podemos dizer que o exame criminológico está inserido na Criminologia Clínica


e no Direito Penitenciário, pois as diversas análises realizadas a partir do exame
criminológico permitem um olhar sobre a dinâmica do ato criminal, suas causas e os
fatores associados a ele (ORSOLIN, 2003). De acordo com a autora, é essa análise que
possibilita o reconhecimento da personalidade do delinquente.

Apesar de encontrarmos vários conceitos que definem o exame criminológico,


não encontramos muitas diferenças entre eles. Uma das divergências existentes
quanto à discussão é utilizar o exame criminológico ou não. Alguns profissionais são
completamente contra a utilização do exame criminológico e justificam que esse
instrumento de avaliação do sujeito é uma violação à intimidade, o respeito à vida
privada e à liberdade de consciência e de opção. De outro lado, profissionais
defendem a permanência do exame criminológico, já que além de auxiliar nas
decisões do juiz ele é um importante instrumento para conhecer o comportamento
criminoso e definir estratégias de intervenção (ORSOLIN, 2003). Mesmo estando em
defesa da permanência, os profissionais, segundo a autora, reconhecem que ele deve
ser aperfeiçoado.

Pensando no formato do exame criminológico, você consegue imaginar como


ele é? Claro que se você já atuou ou atua nesta área ou mesmo leu outras publicações
em outros momentos é fácil imaginar. Mas quem nunca entrou em contato com
nenhum material consegue bolar uma estrutura dos exames criminológicos? Pense
um pouquinho e depois continue a leitura!!!

Ao contrário do que muita gente pensa, o exame criminológico não é apenas um


exame. Ele é um conjunto de exames que, juntos, possibilitam um olhar global sobre
o condenado. Muitas vezes nos confundimos ou não conseguimos imaginar os vários

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exames que formam o exame criminológico porque ao falar das suas características e
objetivos gerais, muitos autores apresentam aspectos mais ligados às questões
psíquicas ou comportamentais, como é o caso de Fernandes e Fernandes (2002). Os
autores, ao apresentarem as missões da Criminologia Clínica e os objetivos do exame
criminológico, destacam:

• Estudar a personalidade do criminoso;


• Sua capacidade para o delito;
• Medir sua periculosidade;
• Verificar sua sensibilidade à pena e;
• Sua respectiva capacidade de correção.

À primeira vista, o exame criminológico mais parece um exame psicológico, mas


não é. O exame psicológico é apenas um dos exames criminológicos, como veremos
a seguir. Dentre as várias proposições de subdivisão do exame criminológico será
apresentada a proposta de Mirabete (2002), que prevê sete exames dentro do exame
criminológico:

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Exame Morfológico Constituição


somatopsíquica

Exame Psicológico

Exame Psiquiátrico

Exame
Social

Saúde individual e eventuais causas


Exame Clínico mórbidas relacionadas ao
comportamento criminoso

Exame Neurológico

Busca lesões focais ou difusas e a


Exame correlação entre as alterações
Eletroencefalográfic
funcionais do encéfalo e o
o

Nível mental, traços básicos de personalidade e agressividade. Informações


familiares, condições sociais em que o ato foi praticado e outros

Manifestações mórbidas do sistema nervoso comportamento criminoso

Não podemos deixar de citar as considerações de Albegaria (1996), que a partir


de uma visão voltada integralmente para o sujeito privado de liberdade define o
exame criminológico. Esse conceito poderia ter sido apresentado anteriormente, mas
ele retrata bem o que há de principal sobre o exame criminológico: O exame
criminológico tem por objetivo o diagnóstico criminológico do delinquente, a

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prognose de sua conduta futura e o progresso de tratamento ou plano de


readaptação social.

Do resultado do diagnóstico da personalidade do criminoso se deduzem as


conclusões quanto à possibilidade de reeducação, a saber: são verificadas as causas
de inadaptação social e carências fisiopsíquicas, bem como as dificuldades para a sua
ressocialização, para indicação das medidas de tratamento reeducativo. O diagnóstico
coincide com a classificação penitenciária em sua fase inicial. A classificação
penitenciária tem por fim a indicação de tratamento e a designação do
estabelecimento adequado, segundo as conclusões do exame criminológico
(ALBEGARIA, 1996, p. 33-34).

1.7 Criminologia e sua Interface com a Sociedade

É muito comum no nosso dia a dia escutarmos ou falarmos da insegurança que


sentimos ao sairmos nas ruas, ao deixarmos nossos filhos brincarem na rua, ao ver os
adolescentes chegando da “balada” na madrugada. Ao ligarmos a televisão, vemos
diariamente nos telejornais e programas de entretenimento inúmeras notícias de
assaltos, furtos, assassinatos, agressões e outros tantos crimes cometidos por pessoas
desconhecidas como por pessoas que fazem parte do convívio diário.

Você já se perguntou ou perguntou a alguém quando ou como se sente seguro?


Já que estamos discutindo sobre sistema prisional – o que nos leva a pensar em crimes,
segurança, punição, reinserção social e outras questões – fiz uma busca rápida em um
site de busca com o termo “quando se sente seguro”.

A busca despretensiosa chamou atenção pelo número de páginas que lançam


enquetes ou simplesmente questionam as pessoas desse ambiente virtual sobre
quando e como elas se sentem seguras. É interessante perceber que o assunto é
bastante discutido nas redes sociais e trata da segurança em diversos ambientes.

Azevedo (2008), ao discutir os aspectos sociológicos da criminalidade, apresenta


uma relação da globalização e suas implicações para o aumento desenfreado dos
crimes. O autor pontua que o processo de modernização da sociedade,
principalmente com a industrialização, provocou alterações em várias esperas da
sociedade.

De forma geral, como ele coloca, a globalização apresenta algumas


características:

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• Crise na capacidade regulatória e dos mecanismos de decisão e


gerenciamento do Estado-Nação;
• Surgimento de novos movimentos sociais;
• Complexificação das relações e atividades desenvolvidas nas esferas
pública e privada;
• Transbordamento da sociedade civil em relação ao especo estatal,
tradicionalmente ocupado por partidos políticos, que perdem a
capacidade de representar os interesses frente às demandas de resposta à
crise do Estado; - Desenvolvimento de amplos sistemas de informação e
supervisão social;
• Autonomia crescente do mercado sobre os critérios de controle político e
social; - Poderio militar concentrado nas mãos de uma única potência
média.

Partindo dessas características, podemos pensar, inicialmente, que nada tem


influência com a violência vivida nos dias de hoje. Porém, Azevedo (2008) aponta
algumas mudanças provocadas pela globalização que podem nos ajudar a relacionar
a criminalidade na sociedade. O primeiro trata do cotidiano do mundo moderno, que
alterou os padrões da sociedade. Isso porque a intimidade das sociedades é marcada
pela impessoalidade da esfera pública, pelo distanciamento e retraimento moral e pela
regulação sistêmica a partir do mundo do trabalho. Esse fato provoca o rompimento
de conceitos universais, que expressavam e articulavam os modos de ser, pensar e
imaginar.

Do ponto de vista político, os Estados se tornaram impotentes frente à economia


globalizada. A consequência disso é a mercantilização de todas as atividades e o
esvaziamento do conteúdo humano do trabalho. Adorno (2002) destaca que, desde a
década de 1970, a sensação de medo e de insegurança é reafirmada a partir de dados
estatísticos.

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Figura 1 - Número De Homicídios No Brasil - 1996/2006

Fonte: SIM/SVS/MS, 2008.

O impacto desse problema tem estimulado o desenvolvimento de pesquisas na


área das ciências sociais que identificou que a criminalidade apresenta três direções
(ADORNO, 2002):

1. Mudanças na sociedade e nos padrões convencionais de delinquência e


violência;
2. Violência e desigualdade social;
3. Crise no sistema de justiça criminal por não conseguir conter os crimes.

Figura 2 - Número De Homicídios Na População Total, Segundo Meio Utilizado - 2000/2006

Fonte: Microdados SIM/SVS/MS, 2008.

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Apesar dos dados apresentarem regularmente informações sobre a criminalidade


no nosso país, sabemos que até hoje os perfis dos criminosos e das vítimas, a
incidência dos vários tipos de crimes e os locais mais vulneráveis de ocorrência dos
crimes não apresentam tanto resultado quando se fala em políticas públicas de
segurança.

Contudo, o trabalho com pessoas que cometeram algum crime deve ser realizado
com muito profissionalismo e respeitando, sobretudo, o art. 5º da Constituição Federal
do Brasil: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (BRASIL,
1988).

1.8 Posicionamento Ético

A ética, enquanto ciência, é a parte da filosofia que estuda os valores morais e os


princípios ideais do comportamento humano (Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa, ano). Oliveira (2007) coloca que a ética, como teoria e ciência do
comportamento moral humano, nos possibilita pensar sobre os valores, princípios e
normas relacionadas com crenças, desejos, sentimentos, ideologias de uma
determinada sociedade. Ele acrescenta que todos esses aspectos são colocados para
o agente moral como devendo ser respeitado.

Na área da Psicologia, as condutas do psicólogo são direcionadas pelo Código


de Ética do Profissional da Psicologia (CFP, 2005), por meio da Resolução CFP Nº
010/05. Conforme Gravataí (2010), as resoluções, os códigos de ética e as diretrizes

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curriculares têm a função de orientar o posicionamento do psicólogo em defesa da


dignidade humana e de oportunidades iguais a todos, de relações sociais justas.

NÃO SE ESQUEÇA: MORAL ≠ ÉTICA

• MORAL: se fundamenta na obediência a costumes e hábitos recebidos.


• ÉTICA: busca fundamentar as ações morais exclusivamente pela razão.
(DELEUZE, 2002)

Poderíamos listar aqui vários artigos do Código de Ética do Psicólogo, porém,


apenas os princípios fundamentais apresentados no início desse documento já
predizem como deve ser a postura do psicólogo no exercício de sua função. Isso não
significa que o profissional da Psicologia não deva ter consciência de todos os artigos
elencados no texto do Código de Ética, mas não é necessário aqui discutir todos os
artigos. Para auxiliar a compreensão geral da ética no exercício da prática do
psicólogo.

Princípios Fundamentais

(Código de Ética do Profissional da Psicologia)

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade,


da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos
valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das
pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer
formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e
historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo
aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da
Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática.
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da
população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos
serviços e aos padrões éticos da profissão.

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VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com
dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e
os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais,
posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios
deste Código. CFP (2005)

Oliveira (2007) sintetiza bem a postura do psicólogo em sua atuação profissional


ao dizer que embora plural, a Psicologia permite apontar o que há de comum no ofício
do psicólogo: o cuidado com o ser humano. O cuidado ao qual o autor se refere
corresponde ao agir a partir do diálogo com o outro. Além disso, acrescento, é
importante que, enquanto profissionais, sejamos capazes de olhar para o sujeito na
condição peculiar de privação de liberdade e que está respondendo por um crime,
seja ele qual for, de forma a mão estigmatizar e não direcionarmos qualquer
sentimento de depreciação ao cuidar, já que nos propomos a estar nestes
estabelecimentos.

Não podemos pensar que ao entrar no sistema prisional acompanharemos


apenas crimes com teor ofensivo brando. Encontraremos pessoas que fazem parte do
tráfico de drogas, que mataram para roubar uma bolsa ou celular, familiares que
mataram seus filhos ou filhos que mataram seus familiares, assassinos em série, líderes
de grupos com alto poder de persuasão, aqueles que por mais que tentemos
estabelecer uma ligação não estarão conectados a nós, mães solteiras preocupadas
com os filhos que foram deixados em serviços de acolhimento, criminosos com alto
grau de periculosidade, homens que abusaram sexualmente de mulheres e crianças e
vários outros casos que parecem ser personagens de televisão.

Como você se comportará diante dessa realidade? A ética será soberana aos
sentimentos subjetivos? Gravataí (2010) também traz questionamentos ao pontuar
que os preconceitos e as discriminações que atravessam a sociedade também estão
presentes nos profissionais e nos estudantes de Psicologia. É importante que cada
profissional busque informações sobre as áreas de atuação da Psicologia para definir
sua escolha profissional.

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1.9 Resolução CFP 010/2005


Princípios Fundamentais

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da


liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos
valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida


das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e


historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.

IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo


aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia
como campo científico de conhecimento e de prática.

V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da


população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos
padrões éticos da profissão.

VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com
dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.

VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua


e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se
de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste Código.

Das Responsabilidades Do Psicólogo

Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos:

a) Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Código;

Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as


b)
quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente;

c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho


dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios,

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conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência


psicológica, na ética e na legislação profissional;

d) Prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou de


emergência, sem visar benefício pessoal;

e) Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos


do usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia;

f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos,


informações concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional;

g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de


serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a tomada de
decisões que afetem o usuário ou beneficiário;

h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a


partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os
documentos pertinentes ao bom termo do trabalho;

i) Zelar para que a comercialização, aquisição, doação, empréstimo, guarda


e forma de divulgação do material privativo do psicólogo sejam feitas conforme os
princípios deste Código;

j) Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissionais,


respeito, consideração e solidariedade, e, quando solicitado, colaborar com estes,
salvo impedimento por motivo relevante;

k) Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por motivos


justificáveis, não puderem ser continuados pelo profissional que os assumiu
inicialmente, fornecendo ao seu substituto as informações necessárias à
continuidade do trabalho;

l) Levar ao conhecimento das instâncias competentes o exercício ilegal ou


irregular da profissão, transgressões a princípios e diretrizes deste Código ou da
legislação profissional.

Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:

a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem


negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão;

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b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas,


de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de
suas funções profissionais;

c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas


psicológicas como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de violência;

d) Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que exerçam ou favoreçam


o exercício ilegal da profissão de psicólogo ou de qualquer outra atividade
profissional;

e) Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direitos, crimes ou


contravenções penais praticadas por psicólogos na prestação de serviços
profissionais;

f) Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de


atendimento psicológico cujos procedimentos, técnicas e meios não estejam
regulamentados ou reconhecidos pela profissão;

g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico científica;

h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas


psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas;

i) Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a seus serviços;

j) Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo


com o atendido, relação que possa interferir negativamente nos objetivos do
serviço prestado;

k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos


pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do
trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação;

l) Desviar para serviço particular ou de outra instituição, visando benefício


próprio, pessoas ou organizações atendidas por instituição com a qual mantenha
qualquer tipo de vínculo profissional;

m) Prestar serviços profissionais a organizações concorrentes de modo que


possam resultar em prejuízo para as partes envolvidas, decorrentes de informações
privilegiadas;

n) Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços profissionais;

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Pleitear ou receber comissões, empréstimos, doações ou vantagens


o)
outras de qualquer espécie, além dos honorários contratados, assim como
intermediar transações financeiras;

p) Receber, pagar remuneração ou porcentagem por encaminhamento de


serviços;

q)Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados


de serviços psicológicos em meios de comunicação, de forma a expor pessoas,
grupos ou organizações.

Art. 3º – O psicólogo, para ingressar, associar-se ou permanecer em uma


organização, considerará a missão, a filosofia, as políticas, as normas e as práticas nela
vigentes e sua compatibilidade com os princípios e regras deste Código.

Parágrafo único: Existindo incompatibilidade, cabe ao psicólogo recusar-se a


prestar serviços e, se pertinente, apresentar denúncia ao órgão competente.

Art. 4º – Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psicólogo:

a) Levará em conta a justa retribuição aos serviços prestados e as condições


do usuário ou beneficiário;

b) Estipulará o valor de acordo com as características da atividade e o


comunicará ao usuário ou beneficiário antes do início do trabalho a ser realizado;

c) Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos independentemente do


valor acordado.

Art. 5º – O psicólogo, quando participar de greves ou paralisações, garantirá que:

a) As atividades de emergência não sejam interrompidas;

b) Haja prévia comunicação da paralisação aos usuários ou beneficiários dos


serviços atingidos pela mesma.

Art. 6º – O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos:

a) Encaminhará a profissionais ou entidades habilitados e qualificados


demandas que extrapolem seu campo de atuação;

b) Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço


prestado, resguardando o caráter confidencial das comunicações, assinalando a
responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo.

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Art. 7º – O psicólogo poderá intervir na prestação de serviços psicológicos que


estejam sendo efetuados por outro profissional, nas seguintes situações: a) A pedido
do profissional responsável pelo serviço;

b) Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou usuário do serviço,


quando dará imediata ciência ao profissional;

c) Quando informado expressamente, por qualquer uma das partes, da


interrupção voluntária e definitiva do serviço;

d) Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a intervenção fizer parte


da metodologia adotada.

Art. 8º – Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou


interdito, o psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de seus responsáveis,
observadas as determinações da legislação vigente:

§1° – No caso de não se apresentar um responsável legal, o atendimento deverá


ser efetuado e comunicado às autoridades competentes;

§2° – O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se fizerem


necessários para garantir a proteção integral do atendido.

Art. 9º – É dever de o psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger,


por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a
que tenha acesso no exercício profissional.

Art. 10 – Nas situações em que se configure conflito entre as exigências


decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste
Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela
quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.

Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o


psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias.

Art. 11 – Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar


informações, considerando o previsto neste Código.

Art. 12 – Nos documentos que embasam as atividades em equipe


multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as informações necessárias para o
cumprimento dos objetivos do trabalho.

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Art. 13 – No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser


comunicado aos responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas
em seu benefício.

Art. 14 – A utilização de quaisquer meios de registro e observação da prática


psicológica obedecerá às normas deste Código e a legislação profissional vigente,
devendo o usuário ou beneficiário, desde o início, ser informado.

Art. 15 – Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo, por quaisquer


motivos, ele deverá zelar pelo destino dos seus arquivos confidenciais.

§ 1° – Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo deverá repassar todo o


material ao psicólogo que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para posterior utilização pelo
psicólogo substituto.

§ 2° – Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo responsável


informará ao Conselho Regional de Psicologia, que providenciará a destinação dos
arquivos confidenciais.

Art. 16 – O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades voltadas


para a produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias:

a) Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimentos, como pela


divulgação dos resultados, com o objetivo de proteger as pessoas, grupos,
organizações e comunidades envolvidas;

b) Garantirá o caráter voluntário da participação dos envolvidos, mediante


consentimento livre e esclarecido, salvo nas situações previstas em legislação
específica e respeitando os princípios deste Código;

c) Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo


interesse manifesto destes;

d) Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organizações aos resultados


das pesquisas ou estudos, após seu encerramento, sempre que assim o desejarem.

Art. 17 – Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores esclarecer, informar,


orientar e exigir dos estudantes a observância dos princípios e normas contidas neste
Código.

Art. 18 – O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá a


leigos instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício
ilegal da profissão.

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Art. 19 – O psicólogo, ao participar de atividade em veículos de comunicação,


zelará para que as informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito das
atribuições, da base científica e do papel social da profissão.

Art. 20 – O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por quaisquer


meios, individual ou coletivamente:

a) Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro;

b) Fará referência apenas a títulos ou qualificações profissionais que possua;

c) Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a técnicas


e práticas que estejam reconhecidas ou regulamentadas pela profissão;

d) Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda;

e) Não fará previsão taxativa de resultados;

f) Não fará autopromoção em detrimento de outros profissionais;

g) Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras


categorias profissionais;

h) Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais.

Das Disposições Gerais

Art. 21 – As transgressões dos preceitos deste Código constituem infração


disciplinar com a aplicação das seguintes penalidades, na forma dos dispositivos legais
ou regimentais:

a) Advertência;

b) Multa;

c) Censura pública;

d) Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) dias, ad referendum do


Conselho Federal de Psicologia;

e) Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal de


Psicologia.

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Art. 22 – As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos serão


resolvidos pelos Conselhos Regionais de Psicologia, ad referendum do Conselho
Federal de Psicologia.

Art. 23 – Competirá ao Conselho Federal de Psicologia firmar jurisprudência


quanto aos casos omissos e fazê-la incorporar a este Código.

Art. 24 – O presente Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de


Psicologia, por iniciativa própria ou da categoria, ouvidos os Conselhos Regionais de
Psicologia.

Art. 25 – Este Código entra em vigor em 27 de agosto de 2005.

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Referências

2 Referências
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