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Pós-graduação em Direito da

Diversidade e da Inclusão

Módulo: Direito das Pessoas Encarceradas


Luciana Marin Ribas
Doutora em Direitos Humanos pela USP
Mestra em Direito Constitucional pela PUC-SP
Temas da Aula
Bloco 1: Breve contextualização sobre a relação entre direitos humanos no âmbito penal e a influência da obra
Dos Delitos e das Penas de Cesare Beccaria.

Bloco 2: Tratados Internacionais de Direitos Humanos sobre a proteção das pessoas encarceradas: Regras de
Mandela

Bloco 3: Tratados Internacionais de Direitos Humanos sobre a proteção das pessoas encarceradas: Regras de
Pequim

Bloco 4: Tratados Internacionais de Direitos Humanos sobre a proteção das pessoas encarceradas: Regras de
Tóquio

Bloco 5: Tratados Internacionais de Direitos Humanos sobre a proteção das pessoas encarceradas: Regras
Internacionais de Combate à Tortura e Maus Tratos

Bloco 6: Iniciativas para combate à condenação de inocentes. Exemplo de Innocence Project. Atuação das
Defensoria Públicas.
Cesare Beccaria
• Influenciado por Rousseau,
Montesquieu e Diderot

• Dos delitos e das penas (1764):


influência do direito penal moderno

• Proporcionalidade entre pena e


delito e razoabilidade na aplicação
das penas
Regras de Mandela
• Antecedente: Regras Mínimas para o Tratamento dos
Reclusos, o conjunto de Princípios para a Proteção de Todas
as Pessoas Submetidas a Qualquer Forma de Detenção ou
Prisão, os Princípios Básicos para o Tratamento de Reclusos,
as Regras Mínimas das Nações Unidas para a Elaboração de
Medidas não Privativas de Liberdade (Regras de Tóquio) e
os princípios básicos sobre a utilização de programas de
justiça restaurativa em matéria criminal
• Resultado de resoluções e propostas de grupos de trabalho
• 2015: novo quadro de normas na ONU
• Especificação ao tratamento de crianças (Regras de
Pequim), jovens (Diretrizes de Riad), Mulheres (Regras de
Bangkok)
Regras de Mandela
Observações preliminares:
1. Estabelecimento de princípios e práticas no
tratamento de presos e na gestão prisional
2. Princípio da aplicação da norma mais
benéfica
3. Aplicação a todos os presos: provisórios,
definitivos, medidas socioeducativas
4. Questões específicas a presos juvenis
Regras de Mandela
• Princípios básicos
• Registros
• Separação de categorias
• Acomodações
• Higiene pessoal
• Vestuário próprio e roupas de cama
• Alimentação
• Exercício e esporte
• Serviços de saúde
• Restrições, disciplina e sanções
• Instrumentos de restrição
Regras de Mandela
• Revistas íntimas e inspeção em celas
• Informações e direito à queixa dos presos
• Contato com o mundo exterior
• Livros
• Religião
• Retenção de pertences dos presos
• Notificações
• Investigações
• Remoção de presos
• Funcionários da unidade prisional
• Inspeções internas e externas
Regras de Mandela
Regras aplicáveis a categorias especiais
• Presos sentenciados
• Presos com transtornos mentais e/ou com
problemas de saúde
• Presos sob custódia ou aguardando
julgamento
• Presos civis
• Pessoas presas ou detidas sem acusação
Regras de Pequim
Contexto
• 1985 Ano Internacional da Juventude:
Participação, Desenvolvimento e Paz
• Convenção Internacional sobre os Direitos das
Crianças de 1989
• Compilado de relatos de grupos de trabalho e
regras específicas de proteção a crianças e
jovens
Regras de Pequim
Parte 1
• Princípios gerais
Orientações fundamentais
Campo de aplicação das regras e definições utilizadas
Extensão das regras
Idade da responsabilidade penal
Objetivos da justiça de menores
Alcance do poder discricionário
Direitos dos menores
Proteção da vida privada
Cláusula de proteção
Regras de Pequim
Parte 2
• Investigação e Procedimento
Primeiro contato
Recurso a meios extrajudiciais
Especialização nos serviços de polícia
Prisão preventiva
Regras de Pequim
Parte 3
• Julgamento e Decisão
Autoridade competente para julgar
Assistência judiciária e direitos dos pais e tutores
Relatórios de inquérito policial
Princípios relativos ao julgamento e à decisão
Várias medidas aplicáveis
Recurso mínimo à colocação em instituição
Prevenção de demoras desnecessárias
Necessidade de profissionalização e de formação
Regras de Pequim
Parte 4
• Tratamento em Meio Aberto
Meios de execução do julgamento
Assistência aos menores
Mobilização de voluntários e outros serviços
comunitários
Regras de Pequim
Parte 5
• Tratamento em Instituição
Objetivos do tratamento em instituição
Aplicação das regras mínimas das Nações Unidas
para o Tratamento de Reclusos
Aplicação frequente e rápida do regime de
liberdade condicional
Regimes de semidetenção
Regras de Pequim
Parte 6
• Investigação, Planificação, Formulação de
Políticas e Avaliação
Formulação de políticas e sistema de avaliação
sobre prevenção à delinquência juvenil
Diretrizes de Riad
1988: resultado de várias orientações
• Princípio fundamentais
• Âmbito dos princípios orientadores
• Prevenção geral
• Processo de socialização: família, educação,
comunidade, meios de comunicação social
• Política social
• Legislação e administração da justiça de menores
• Investigação, elaboração de políticas e coordenação
Regras de Tóquio
Objetivo: proposta é consolidar uma série de princípios
comprometidos com a promoção e estímulo à aplicação,
sempre que possível, de medidas não privativas de
liberdade. Procura estabelecer um divisor de águas entre
uma cultura exclusivamente punitivista e a construção de
um modelo mais humanizado de distribuição da justiça,
na medida em que propõem a valorização de formas e
resultados menos danosos do que aqueles decorrentes
da utilização da prisão.
Regras de Tóquio
I. Princípio gerais
Objetivos fundamentais
Abrangência das medidas não privativas de liberdade
Garantias jurídicas
Cláusula de proteção
II. Estágio anterior ao julgamento
Medidas que podem ser tomadas antes do processo
A prisão preventiva como medida de último recurso
III. Estágio de processo e condenação
Relatórios de inquéritos sociais
Disposições de julgamento
IV. Estágio de aplicação das penas
Disposição sobre a aplicação das penas
Regras de Tóquio
V. Execução das medidas não privativas de liberdade
Supervisão
Duração das medidas não privativas de liberdade
Condições para a utilização de medidas não privativas de liberdade
Processo de tratamento
Disciplina e desrespeito às condições do tratamento
VI. Pessoal
Recrutamento
Treinamento de pessoal
VII. Voluntários e outros recursos da comunidade
Participação da coletividade
Compreensão e cooperação por parte do público
Voluntários
VIII. Pesquisa, planejamento, elaboração e avaliação das políticas
Pesquisa e planejamento
Formulação de políticas e desenvolvimento de programas
Relação com organismos e atividades relevantes
Cooperação internacional
Convenção de 1984
Convenção contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis Desumanos
ou Degradantes
Tortura é qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou
mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou
de terceira pessoa, informações ou confissões; de castiga-la por ato que ela
ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido
baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
exercício de funções públicas ou por sua instigação, ou com seu
consentimento ou aquiescência.
Três elementos essenciais:
a) Inflição deliberada de dor ou sofrimentos físicos ou mentais;
b) Finalidade do ato para obtenção de informações, confissões, aplicação de
castigos;
c) Vinculação do agente ou responsável direta ou indiretamente com o
Estado
Convenção de 1984
Convenção contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis Desumanos
ou Degradantes
Promulgada pelo Brasil pelo Decreto n° 40/1991
Possui 33 artigos
Institui o Comitê contra a Tortura
Monitoramento por relatórios e função de investigação própria
Protocolo Facultativo à Convenção, ratificado pelo Brasil em 2007
Protocolo propõe sistema preventivo com visitas locais de detenção
Convenção Interamericana para
Prevenir e Punir a Tortura
Promulgada pelo Brasil pelo Decreto n° 98.386/1989
Possui 23 artigos
Diretrizes para comprometimento dos países na elaboração de regras e
normas de combate e prevenção à tortura
Legislação brasileira
Lei nº 12.847, de 2 de agosto de 2013
Institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT)
Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT)
Composto por 23 membros: 12 representam a sociedade civil, enquanto 11, o governo federal. O seu papel é
fundamental para manter um diálogo com o governo, propor ações estratégicas para a prevenção de qualquer
forma de tratamento degradante, além de manter um devido monitoramento das ações levadas adiante no
âmbito executivo, legislativo e judiciário. A presença da sociedade é mister para fazer frente às políticas
governamentais que possam indicar um prejuízo às garantias fundamentais e aos avanços em políticas públicas
já conquistados.
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT)
Órgão composto por 11 peritos que, por meio de atuação independente, sem intervenções do governo federal,
possuem acesso irrestrito a qualquer instituição de privação de liberdade. Assim, o trabalho de campo é
essencial para averiguar a situação real dos estabelecimentos brasileiros, e verificar se estão sendo seguidos os
parâmetros impostos pelas leis nacionais e pelos tratados internacionais.

Questão: Decreto n° 9.759/2019 e o desmonte da política de prevenção e


combate à tortura
Instituições de Defesa
Innocence Project

O Innocence Project Brasil é a primeira organização brasileira


especificamente voltada a enfrentar a grave questão das
condenações de inocentes no Brasil.

Fonte: https://www.innocencebrasil.org/
Innocence Project
Innocence Project

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