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MAIO/2022
CRATO/CE
O Mandado de Injunção é um remédio constitucional, previsto no art. 5º,
inciso LXXI, da Constituição Federal de 1988, cujo cabimento se dá sempre que se
perceba a ausência de uma norma supralegal regulamentadora de direitos e
garantias fundamentais. Ressalta-se que, esse direito constitucionalmente garantido,
estará tendo sua eficácia limitada, ante a falta de norma regularizadora.
No caso em tela, o Mandado de Injunção nº 4733, intentou suprimir uma
omissão jurídico-penal no tocante a tipificação de conduta de caráter discriminatório,
que atentasse contra a integridade física e moral, em razão de preconceito de contra
a orientação sexual e identidade de gênero.
Não obstante, a Constituição Federal em seu art. 3º, inciso IV, coibi atos
discriminatórios de qualquer natureza, objetivando a promoção da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, inciso III) e de uma sociedade mais justa e livre (art. 3º,
inciso I).
O Supremo Tribunal Federal – STF, em seu julgamento não reconheceu o
referido mandado de injunção. Em sua justificativa, trouxe o pensamento de
Guilherme de Souza Nucci, acerca do vocábulo “raça”, trazido tanto na Constituição
Federal, como pela Lei 7.716/89. Cujo pensamento afirma que a palavra “raça” deve
ser entendida como “elemento de valoração razoável para evidenciar a busca de um
grupo hegemônico qualquer de extirpar da convivência social indivíduos
indesejáveis”
Diante disso, entendeu-se que, no ordenamento jurídico pátrio já há
mecanismos, presentes no arcabouço penal, com o intuito de coibir a prática,
induzimento ou a incitação de discriminação contra homossexuais, lésbicas,
bissexuais e trânsgerenos. Uma vez que, estendeu-se o entendimento do termo
“raça” as pessoas LGBTQIA+.
A partir desse entendimento a norma penal incriminador constante no art. 20,
da Lei 7.716/89, passou-se a ser aplicada também aos casos de discriminação por
orientação sexual e identidade de gênero.
No tocante ao Princípio da Legalidade, este prever nenhum cidadão pode ser
obrigado a fazer, ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de Lei. Esse
princípio visa assegurar a chamada segurança jurídica, evitando a criação de tipos
penais a partir de uma interpretação mais ampla do texto normativo.
Dessa forma, entende-se que, no âmbito do direito penal, torna-se necessário
a especificação e limitação do tipo penal. Tanto com o fito, de evitar interpretações
diversas de um mesmo tipo penal, como, de que se conceba um a nova conduta
ilícita a partir do instituto da analogia.
O Princípio da Legalidade, em regra, veda que seja aplicado o instituto da
analogia no eixo do direito penal, seja para criar tipos incriminadores, seja para
agravar as penas dos que já existem. Ressalvada, caso sua utilização reste
benefício para o réu.
Senão vejamos o precedente do STJ (RHC 57.544/SP, julgado em
06/08/2015):