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Material referente à PRESCRIÇÃO

Profª. Caroline Fockink Ritt

PRESCRIÇÃO1: perda do direito de punir do Estado pelo decurso de


tempo.

O Estado, como ente dotado de soberania, detém exclusivamente o


direito de punir (jus puniendi). No instante que um crime é praticado, o
direito passa a ser pretensão, (Estado passa a ter o interesse de
submeter o direito de liberdade do criminoso ao seu direito de punição).
Punibilidade é a possibilidade de efetivação concreta da pretensão
punitiva. Para satisfazê-la, o Estado deve agir dentro de determinados
prazos, sob pena de perder essa pretensão.
Prescrição é a perda da pretensão concreta de punir os criminosos
ou de executar essa punição, devido à inércia do Estado durante
determinado período de tempo. É instituto penal, estando elencada
como causa de extinção da punibilidade (art. 107, IV), embora também
leve à extinção do processo.
Prescrição da pretensão punitiva – afasta todos os efeitos.
Prescrição da pretensão executória – persistem os efeitos do crime.
Ensina Mirabete2 que: ocorrido o crime, nasce para o Estado a
pretensão de punir o autor do fato criminoso. Essa pretensão deve, no
entanto, ser exercida dentro de determinado lapso temporal que varia
de acordo com a figura criminosa composta pelo legislador e segundo o
critério do máximo cominado em abstrato da pena privativa de
liberdade. Escoado esse prazo, que é submetido a interrupções ou
suspensões, ocorre a prescrição da pretensão punitiva, chamada
impropriamente de prescrição da ação penal. Nessa hipótese, que ocorre
sempre antes de transitar em julgado a sentença condenatória, são
totalmente apagados todos os seus efeitos, tal como se jamais tivesse
sido praticado o crime ou tivesse existido sentença condenatória.)

1
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 750-753.
2
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte
geral: arts. 1º a 120 do CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
2

Transitada em julgado a sentença condenatória para ambas as partes,


surge o título penal a ser executado dentro de certo lapso de tempo,
variável de acordo com a pena concretamente aplicada. Tal título perde
sua força executória se não for exercitado pelos órgãos estatais o direito
dele decorrente, verificando-se então a prescrição da pretensão
executória, também denominada prescrição da pena, da condenação, ou
da execução da pena. Nessa hipótese, extinguem-se somente as penas.
A prescrição em matéria criminal é de ordem pública, devendo
ser decretada de ofício ou a requerimento das partes, em qualquer fase
do processo, nos termos do art. 61 do CPP. Tanto a prescrição da
pretensão punitiva como a da pretensão executória podem ser
pleiteadas pela via do habeas corpus ou da revisão. É do requerente,
porém, o ônus da prova da liquidez e certeza do direito, inclusive no que
tange à inocorrência de qualquer causa interruptiva. Tratando-se de
prescrição da pretensão executória, entretanto, a competência
originária para decretá-la é do juiz da execução.
No Código Penal, a prescrição da pretensão punitiva está prevista
no art. 109 e no art. 110, § 1º (prescrição intercorrente e retroativa), e a
prescrição da pretensão executória é objeto do art. 110, caput.
Contrariando a doutrina, que prega a prescritibilidade em todos os
ilícitos penais, a nova Constituição determina que são imprescritíveis
a prática do racismo (art. 5º, XLII) e a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art.
5º, XLIV).

Regra:
A maioria dos crimes são prescritíveis.
Obs: os Crimes Hediondos são prescritíveis.
Crimes que são imprescritíveis:

1- Crime de racismo (art. 5, XLII da CF/88; Lei 7.716/89);


XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;

Exemplo:
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Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo


da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei
nº 12.288, de 2010) (Vigência)
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou
práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído
pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de
condições com os demais trabalhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)
(Vigência)
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício
profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho,
especialmente quanto ao salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade,
incluindo atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra
forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia
para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigências. (Incluído pela Lei nº
12.288, de 2010) (Vigência)
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir,
atender ou receber cliente ou comprador.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento
de ensino público ou privado de qualquer grau.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é
agravada de 1/3 (um terço).

Importante:
Com relação aos crimes de racismo, o Supremo Tribunal Federal, em
decisão recente, em 28 de outubro de 2021, considerou o crime de
injúria racial como espécie de gênero racismo. Portanto, é
imprescritível, conforme o artigo 5º, XLII, da Constituição.
Entendimento firmado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, por
oito votos a um. Ficou vencido o ministro Nunes Marques.

Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo
meio empregado, se considerem aviltantes:
4

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à


violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)

O HABEAS CORPUS 154.248


Uma idosa, atualmente com 80 anos, foi condenada por injúria racial a
um ano de reclusão e dez dias-multa pela 1ª Vara Criminal de Brasília
por ter chamado uma frentista de um posto de combustíveis de
"negrinha nojenta, ignorante e atrevida". A defesa pediu a extinção da
punibilidade pelo transcurso de metade do prazo prescricional, pois a ré
tem mais de 70 anos. O Superior Tribunal de Justiça negou,
considerando o delito imprescritível. A defesa então impetrou Habeas
Corpus no STF.
Em novembro de 2020, o relator do caso, ministro Edson Fachin, votou
pela equiparação da injúria racial (artigo 140, parágrafo 3º, do Código
Penal) ao crime de racismo (previsto pela Lei 7.716/1989). Portanto,
entendeu que não há como reconhecer a extinção da punibilidade a
acusados por injúria racial. Afinal, o artigo 5º, XLII, da Constituição,
estabelece que "a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei".
O ministro Nunes Marques abriu a divergência, sob argumento de que
as condutas dos crimes são diferentes e que a imprescritibilidade da
injúria racial só pode ser implementada pelo Poder Legislativo. "No
crime de injúria, o bem jurídico protegido é a honra subjetiva, e a
conduta ofensiva se dirige à dela. Já no crime de racismo, o bem
jurídico tutelado é a dignidade da pessoa humana, que deve ser
protegida independente de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional", disse Nunes Marques, em dezembro de 2020. O julgamento
foi interrompido na época por pedido de vista do ministro Alexandre de
Moraes.
Em voto-vista, Alexandre de Moraes, seguiu o relator. O ministro
apontou que é objetivo fundamental da República Federativa do Brasil
"promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
5

idade e quaisquer outras formas de discriminação" (artigo 3º, IV, da


Constituição). Além disso, o país deve pautar suas relações
internacionais pelo "repúdio ao terrorismo e ao racismo" (artigo 4º, VIII,
da Constituição). E o artigo 5º, XLII, da Carta Magna, determina que o
racismo é crime inafiançável e imprescritível.
De acordo com Alexandre de Moraes, a Constituição considera
inafiançável e imprescritível a prática do racismo, não apenas de um
tipo penal nomeado "racismo". E isso vale tanto para o crime da Lei
7.716/1989 quanto para a injúria racial.
"Referir-se a alguém como expressões preconceituosas, como 'negrinha
nojenta, ignorante e atrevida', foi uma manifestação ilícita e
preconceituosa em razão da condição de negra da vítima. Então houve
um ato de racismo", declarou o ministro.
Essa interpretação permite uma efetivação plena do combate ao racismo
no Brasil, avaliou Alexandre de Moraes. "Somente assim poderemos
atenuar esse sentimento de inferiorização que as pessoas racistas
querem impor às suas vítimas".
O entendimento foi seguido pelos ministros Luís Roberto Barroso, Rosa
Weber, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux.
Barroso destacou os efeitos sociais do racismo, reproduzido não só em
ofensas, mas também em atos cotidianos, sem que muitos tenham
consciência disso. "Estamos todos precisando passar por um processo
de reeducação nessa matéria", disse.
Cármen Lúcia opinou que, mesmo no caso de injúria racial, a vítima
não é apenas a pessoa ofendida, mas toda a humanidade.
Lewandowski declarou que o racismo não se limita às condutas
previstas pela Lei 7.716/1989. E o presidente do STF, Luiz Fux,
ressaltou que a jurisprudência sobre o tema vem se desenvolvendo no
sentido de conferir proteção ampla às vítimas de racismo.
O ministro Gilmar Mendes não participou do julgamento.
Decisão elogiada
Silvio de Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama, elogiou a decisão
do Supremo. Conforme Almeida, "apesar de o Direito Penal ser um
6

instrumento bastante limitado para o enfrentamento do racismo, a


decisão do STF foi acertada e com isso será possível que as ofensas de
cunho racista tenham o tratamento adequado por parte do sistema de
Justiça do Brasil".
"A decisão do STF reafirma a posição do STJ que firmou o entendimento
de que a injúria racial é uma modalidade do crime de racismo e
portanto não pode estar sujeito aos prazos decadenciais que incidem
sobre os crimes contra honra, subordinando-se ao inciso XLII do artigo
5º da Constituição Federal que estabelece que 'a prática do racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível'. A decisão é acertada,
sobretudo porque em muitos casos havia a desclassificação do delito de
racismo para injúria racial e, neste caso, invariavelmente era
reconhecida o decurso de prazo decadencial, o que resultava, na
prática, na impunidade do ofensor, uma vez que não poderia haver
condenação neste caso".
Sugestão de leitura complementar:
https://www.conjur.com.br/dl/fachin-hc-injuria-racial-
imprescritivel.pdf

Importante: inovação da Lei 14.532/2023 alterou a lei 7.716/89 – Lei do


Crime racial – e o Código Penal: tipificou como crime de racismo a injúria
racial.
A lei equipara o crime de injúria racial ao de racismo, que é inafiançável e
imprescritível.
O texto inscreve a injúria, hoje contida no Código Penal, na Lei do Racismo e
cria o crime de injúria racial coletiva.
O crime de injúria racial é caracterizado quando a honra de uma pessoa
específica é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Já o de racismo ocorre quando o agressor atinge um grupo ou coletivo de
pessoas, discriminando uma raça de forma geral.
 Antes da lei, a pena para injúria racial era de reclusão de um a três
anos e multa.
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 Com sanção da nova lei, a punição passa a ser prisão de dois a cinco
anos. A pena será dobrada se o crime for cometido por duas ou mais
pessoas.
Ainda, segundo a proposta, o crime de racismo realizado dentro dos
estádios terá também pena de dois a cinco anos. Isso valerá no contexto de
atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais.
O texto proíbe ainda a pessoa que cometer o crime em estádios ou teatros, por
exemplo, de frequentar por três anos este tipo de local.
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Lei do Crime Racial), passa a
vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de
raça, cor, etnia ou procedência nacional.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for cometido
mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas."
"Art. 20. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.....................................................................
.....
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido por intermédio dos
meios de comunicação social, de publicação em redes sociais, da rede mundial de
computadores ou de publicação de qualquer natureza:
.....................................................................
.....
§ 2º-A Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido no contexto de
atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao público:
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e proibição de frequência, por 3 (três)
anos, a locais destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais destinadas ao
público, conforme o caso.
§ 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incorre nas mesmas penas
previstas no caput deste artigo quem obstar, impedir ou empregar violência contra
quaisquer manifestações ou práticas religiosas.
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público
ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
.....................................................................
"(NR)
8

"Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas aumentadas de 1/3 (um terço)
até a metade, quando ocorrerem em contexto ou com intuito de descontração,
diversão ou recreação."
"Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta Lei terão as penas
aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando praticados por funcionário
público, conforme definição prevista no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las."
"Art. 20-C Na interpretação desta Lei, o juiz deve considerar como discriminatória
qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause
constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida, e que
usualmente não se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou
procedência."
"Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a vítima dos crimes de
racismo deverá estar acompanhada de advogado ou defensor público."
Art. 2º
O § 3º do art. 140 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 140. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.....................................................................
.....
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a religião ou à
condição de pessoa idosa ou com deficiência:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa."(NR)
Art. 3º
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
A injúria racial – era previsto no artigo 140, § 3º do Código Penal, que tinha a
seguinte redação:
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
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§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a


raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa.

Com relação ao crime de injúria racial, atenção à inovação da Lei 14.532/2023


- de 11 de janeiro de 2023. Essa lei alterou a Lei 7.716/89 – Lei de Racismo e
alterou também o Código Penal. Ela tipificou como crime de racismo a injúria
racial, criando o artigo 2º - A lei 7.716/89.
Assim, a lei equiparou o crime de injúria racial (que estava no artigo 140, §
3ºdo Código Penal) ao de racismo, que é inafiançável e imprescritível.
Ou seja, o texto inscreve a injúria racial, que estava no Código Penal, na Lei do
Racismo e cria o crime de injúria racial coletiva.
Atenção ao artigo 2º - A da Lei de Racismo, que passou a definir a injúria
racial:
Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em
razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for cometido
mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas.
Antes da lei, a pena para injúria racial era de reclusão de um a três anos e
multa. Com sanção da nova lei, a punição passa a ser prisão de dois a cinco
anos. A pena será dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.
Ainda, segundo a proposta, o crime de racismo realizado dentro dos estádios
terá também pena de dois a cinco anos. Isso valerá no contexto de atividades
esportivas, religiosas, artísticas ou culturais. O texto da nova lei, proíbe ainda a
pessoa que cometer o crime em estádios ou teatros, por exemplo, de
frequentar por três anos este tipo de local, conforme artigo 20 da Lei de
Racismo.
Não esquecer: O artigo 140 do Código Penal, continua vigorando, na forma
qualificada, no § 3º, quando a injúria consiste na “utilização de elementos
referentes a religião ou à condição de pessoa idosa ou com deficiência:”
Aspectos raciais, ou seja, injúria em razão de raça, cor, etnia ou procedência
nacional, estão previstas agora na Lei de Racismo (7.716/89), especificamente
na forma de injúria racial, artigo 2º - A.
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As ações de grupos armados contra a ordem


constitucional e o Estado Democrático - art. 5º, XLIV, da
Constituição Federal de 1988.
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Observação:
Crimes Contra a Segurança Nacional: eram os previstos na Lei
7.170/83 que foi revogada pela Lei nº 14.197/21, onde deu-se fim, à
era
das “leis de segurança nacional”.
Esta Lei de 01 de setembro de 2021, acrescenta o Título XII na Parte
Especial do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), relativo aos crimes contra o Estado Democrático de Direito; e
revoga a Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983 (Lei de Segurança
Nacional), e dispositivo do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de
1941 (Lei das Contravenções Penais).
A nova lei revoga expressamente a Lei nº 7.170/83 e o artigo 39 da
Lei de Contravenções Penais e possuí um período de vacatio legis de 90
dias, entrando em vigor no dia 1/12/2021, nos termos do artigo 8º,
§1º, da Lei Complementar nº. 95/98.

Nas palavras de Evânio Moura: 3

No intuito de proteger a democracia e as instituições democráticas


avista-se entalhado no artigo 5º, XLIV, do texto constitucional
afirmação de que "constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático". Cuida-se de mandado de criminalização explícito,
restando evidenciada a responsabilidade do legislador ordinário em
tipificar as condutas que atentem diretamente contra o Estado
democrático de Direito.

3
MOURA, Evânio. Os crimes contra o Estado Democrático de Direito e a revogação da LSN. Disponível
em: https://www.conjur.com.br/2021-set-08/moura-crimes-estado-direito-revogacao-lsn
11

Malgrado a relevância dos comandos constitucionais acima


mencionados, desde a promulgação da Carta Cidadã convivíamos com a
famigerada Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), concebida nos
estertores da ditadura militar, com forte tendência a uma defesa da
doutrina de segurança nacional, de indisfarçável viés autoritário e
autocrático, inservível para proteger um Estado democrático de Direito
inaugurado com o advento da Carta Magna de 1988, sendo pertinentes
as críticas doutrinárias acerca de sua legitimidade.
O Parlamento brasileiro portou-se com descaso e evidente demora para
debater e aprovar um projeto de lei que efetivamente viesse a
contemplar a criminalização de condutas atentatórias ao Estado
democrático de Direito, cumprindo-se mandamento constitucional,
merecendo registro que mesmo existindo diversos projetos de lei
tramitando no Congresso Nacional desde o longínquo ano de 1991,
somente três décadas depois, no último dia 11, após sucessivos
ataques às instituições democráticas, resultando, inclusive, em prisões
e ameaças de prisões com base na antiga Lei nº 7.170/83, é que foi
aprovado pelo Senado Federal o PL nº 2108/21, sendo sancionado com
veto parcial pelo presidente da República, resultando na publicação da
Lei nº 14.197, de 1º de setembro de 2021.
Referida lei insere o Título XII no Código Penal, denominado "Dos
crimes contra o Estado Democrático de Direito", tipificando os ilícitos
contra a soberania nacional (atentando à soberania — artigo 359-I;
atentado à integridade nacional — artigo 359-J; e espionagem — artigo
359-K), os crimes contra as instituições democráticas (abolição violenta
do Estado democrático de Direito — artigo 359-L; e golpe de estado —
artigo 359-M), crimes contra o funcionamento das instituições
democráticas no processo eleitoral (interrupção do processo eleitoral —
artigo 359-N; violência política — artigo 359-P) e os crimes contra o
funcionamento dos serviços essenciais (sabotagem — artigo 359-R).
Foram vetados pelo presidente da República os dispositivos que
tipificavam o crime de "comunicação enganosa em massa" (artigo 359-
O) e "atentado a direito de manifestação" (artigo 359-S), além dos
12

artigos que estabeleciam a possibilidade da ação penal privada


subsidiária da pública de iniciativa de partido político com
representação no Congresso Nacional (artigo 359-Q) e a previsão de
causa de aumento de pena para os crimes previstos neste novel título
do Código Penal praticados com violência ou grave ameaça exercidas
com emprego de arma de fogo ou cometidos por funcionário público
(artigo 359-U).
A nova lei revoga expressamente a Lei nº 7.170/83 e o artigo 39 da Lei
de Contravenções Penais e possuí um período de vacatio legis de 90
dias, entrando em vigor no próximo dia 1/12/2021, nos termos do
artigo 8º, §1º, da Lei Complementar nº. 95/98.

Nos ensinamentos de Rogério Sanches Cunha e Ricardo Silvares:4

Apesar de estarmos já há mais de três décadas da promulgação de


nossa Bíblia Política, não havia, ainda, no campo do
direito penal, a adequada tipificação para as diversas condutas
que atacam ou ameaçam atacar o Estado Democrático de Direito.
Tínhamos vigente, até agora, uma legislação arquitetada
e construída em tempos de exceção, quando a democracia era
somente esperança, e a preocupação do legislador era a tutela
da “segurança nacional”. Estamos falando da Lei 7.170/83.
A expressão “Lei de Segurança Nacional” ficou impregnada
pela memória de um tempo de arbítrio, que se supõe superado
desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Segundo
Luís Roberto Barroso, o novo texto constitucional “foi a superação
histórica do regime que tinha como um de seus fundamentos a
ideologia da segurança nacional, e toda carga autoritária que dela
decorria.

4
CUNHA, Rogério Sanches.; SILVARES, Ricardo. Crimes contra o Estado Democrático de Direito: Lei
14.197/21. Salvador: Editora JusPodivm, 2021, p. 9-12. Disponível em:
https://www.editorajuspodivm.com.br/cdn/arquivos/4bb16cbad7481f39a4f2f3b7ab775209.pdf
13

Por tal razão, a própria locução ‘segurança nacional’


ficou praticamente fora de seu texto, salvo uma intempestiva
menção no art. 173, onde se cuida das hipóteses excepcionais
de exploração da atividade econômica pelo Estado. No Título
V, incorporando o ideário vitorioso, a Carta emprega a terminologia
compatível com a nova ordem: ‘Da Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas’”.5
A Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83) merecia, há
tempos, ser inteiramente substituída por outro texto, pois, à parte
sua carga genética, muitos de seus dispositivos traziam diversas
dificuldades de interpretação. A sua atualização e adequação
às finalidades e princípios da CF de 1988, a começar pelo seu
objetivo maior, urgia. Era questão de menor importância se tal
mudança deveria vir por meio de acréscimo de tipos penais
ao Código Penal (CP) ou se por intermédio de lei especial.
O importante era que a mudança ocorresse.
Embora os crimes tipificados na Lei de Segurança Nacional
fossem de pouca incidência prática (no dia a dia), nos últimos
dois anos, sobretudo, começaram a ser ventilados de forma
surpreendente, até mesmo de maneira equivocada, ignorando
premissas, servindo de mola propulsora para que vozes minoritárias
pregassem abertamente uma ruptura institucional – em,
outras palavras, um golpe – semelhante àquele ocorrido em 1964.
Tornou-se comum a disseminação de mensagens, pelas
redes sociais e outros meios de comunicação digital, incitando
ao ódio entre facções políticas, elogiando regimes ditatoriais,
difamando o regime democrático e suas instituições, inclusive
a própria credibilidade do sistema eleitoral, e, assim, criando
uma falsa ideia de que a destruição da ordem constitucional e
democrática pode ser uma solução (mas, para qual problema?).

5
BARROSO, Luís Roberto. A superação da ideologia da segurança nacional e a tipificação dos
crimes contra o estado democrático de direito. Revista de Estudos Criminais, n. 9, vol. 2, p. 71-79,
2003, p. 73.
14

O discurso chegou no meio político, onde uma parcela


se aventurou a defender franca e abertamente a ruptura, com
possibilidade de, por meio das urnas, tal pensamento sair
vitorioso. Cumpre lembrar que alguns dos piores regimes da
história chegaram ao poder pela via legítima. Depois, trataram
de, paulatinamente, solapar o Estado Democrático de Direito. As
consequências, sempre trágicas e nunca benéficas ao povo, são
suficientemente conhecidas e documentadas.
Com a nova Lei n. 14.197/21, deu-se fim, esperamos, à era
das “leis de segurança nacional”. A Lei n. 7.170/1983, agora revogada,
foi a última de uma linhagem de textos normativos, assim conhecidas,
que muito serviram aos governos de turno (e coturno) para a repressão
da divergência política-ideológica.
6
Prescrição da pretensão punitiva:
É a que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

Perda do poder-dever de punir, devido a inércia do Estado.

EFEITOS:

a) Impede o início, promove trancamento do IP; ou interrompe a


persecução da pena em juízo;

b) Afasta todos os efeitos, principais (pena) e secundários (ex:


reincidência) da condenação;

c) A condenação não pode ser considerada como antecedentes.

Observações:

a) Pode ser declarada a qualquer momento, art. 61 do CPP, de


ofício ou a requerimento de qualquer das partes;

b) Exame de mérito fica prejudicado – juiz não examina o mérito,


apenas reconhece a prescrição.

6
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 754-755.
15

ESPÉCIES:7

1. Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita (PPP


ABSTRATO):

Calculada com base na maior pena prevista – pena em abstrato.

2. Prescrição da PP Retroativa: calculada com base na pena


efetivamente fixada pelo juiz na sentença condenatória e aplicável da
sentença condenatória, para trás.

3. Prescrição da PP Intercorrente ou Superveniente à


sentença condenatória (Tribunal): Calculada com base na pena
efetivamente fixada pelo juiz na sentença condenatória.

TERMO INICIAL DA PPP8 (art. 111, I, II, III e IV e V do CP)

1. Dia da consumação do crime: adoção da Teoria do


Resultado;

2. Dia da tentativa: no dia em que cessou a atividade (atos de


execução). EX: A dispara o primeiro tiro às 23h11min no dia 23 e o
outro tiro no dia 24, às 0h e 1min – a vítima não morre – é crime
tentado: 121+14, II e a prescrição se inicia no dia 24.

3. Crimes permanentes: são aqueles em que momento da


consumação se prolonga no tempo – a prescrição inicia no momento da
cessação da permanência. Ex: Extorsão mediante sequestro – se a
pessoa é sequestrada do dia 10 a 24 de abril, conta-se a partir do dia
24.

4. Nos crimes de bigamia e de falsificação ou alteração do


registro civil:

- No momento em que o fato se tornou conhecido pela autoridade;


- Razão: fato de serem crimes difíceis de serem descobertos;
7
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 755.
8
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 755-756.
16

- Prova de conhecimento: instauração de IP ou de requisição feito


pelo Juiz ou Promotor de Justiça;
Ex: pessoa que não é mãe falsifica registro de uma criança. Passam-se
mais de 20 anos e o crime é descoberto pela autoridade policial que
instaura o IP. No dia da instauração começa a correr a prescrição.

5. No crime continuado: a prescrição incide sobre cada um


dos crimes, isoladamente – art. 119 CP;

6. Concurso formal e material – art. 119 do CP; a prescrição


é calculada sobre cada um, isoladamente

7. Crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de


impedimento: art. 236 CP – a prescrição só se inicia a partir do
trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento. Estado
somente poderá exercer o “jus puniendi” a partir desse momento.

8. Crime de sonegação fiscal – contagem do prazo


prescricional só se inicia a partir da inscrição da dívida tributária – STF:
HC 8344/RS.

Com o lançamento e a inscrição, o fato se consuma – tornando-se


típico – iniciando-se o prazo do art. 111, I, do CP.

9. Nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam


violência contra criança e adolescente, previstos no CP ou em
legislação especial, da data em que a vítima completar 18 anos, salvo
se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
Esse dispositivo (art. 111, V), foi inserido no Código Penal pela Lei nº
12.650/2012, e posteriormente alterado pela lei Henry Borel, lei 14.344
de 24 de maio de 2022.
V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência
contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a
esse tempo já houver sido proposta a ação penal."
17

O inciso V foi alterado pela lei 14.344 de 2022. Esta lei que criou
mecanismos para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica
e familiar contra a criança e o adolescente, nos termos do § 8º do art.
226 e do § 4º do art. 227 da Constituição Federal e das disposições
específicas previstas em tratados, convenções e acordos internacionais
ratificados pela República Federativa do Brasil.
Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), e as Leis nºs 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução
Penal), 8.069, de 13 de julho de 1990, (Estatuto da Criança e do
Adolescente), 8.072, de 25 de julho de 1990 (Lei de Crimes Hediondos),
e 13.431, de 4 de abril de 2017, que estabelece o sistema de garantia de
direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência.
A lei foi apelidada de “Lei Henry Borel”, em homenagem a ele.
Não esquecer:
Atualmente todos os crimes contra a dignidade sexual de menores
de idade apuram-se mediante ação pública incondicionada (art. 225,
parágrafo único, do CP) e, por isso, não se sujeitam a prazo
decadencial.
É comum, todavia, que crianças e adolescentes abusados
sexualmente, por medo ou vergonha, mantenham-se em silêncio em
relação aos crimes contra eles praticados e, somente muito tempo
depois, quando já maiores de idade, tenham coragem de revelar o fato a
amigos, psicólogos ou autoridades.
O decurso desse longo período poderia fazer com que o prazo
prescricional já tivesse sido atingido. Esta é, portanto, a razão da
inserção desse novo dispositivo. Assim, se uma criança de 10 anos for
vítima de crime de estupro de vulnerável e o delito não for apurado, o
lapso prescricional só terá início na data em que ela completar 18 anos.
Existe uma ressalva no texto legal, segundo a qual a prescrição
começará a correr antes de a vítima completar 18 anos se a esse tempo
já tiver sido proposta ação penal para apurar a infração penal.
Ex: crime contra criança de 10 anos em que a vítima conta o
ocorrido aos pais e o Ministério Público oferece denúncia quando ela
18

tem 15 anos. O prazo prescricional neste caso começará a correr da


propositura da ação penal, e não da data do crime; se até o
oferecimento da denúncia a prescrição não estava correndo, o termo
inicial é o de propositura da ação, não retroagindo à data do fato.
Aliás, caso a vítima morra antes de completar 18 anos e antes de
ser iniciada a ação penal, o termo a quo do prazo prescricional é a data
do falecimento, e não a da consumação do crime, porque, nos termos da
lei, o prazo não estava ainda em andamento.
A regra em análise aplica-se, nos termos do texto legal, a crimes contra
a dignidade sexual, previstos no Código Penal e leis especiais.
O Código Penal prevê os crimes a seguir, cometidos contra menores de
idade;
a) estupro qualificado por ser a vítima maior de 14 anos e menor de
18 anos (art. 213, § 1º);
b) estupro de vulnerável por ser a vítima menor de 14 (art. 217-A);
c) violação sexual mediante fraude (art. 215); - assédio sexual (art.
216-A, § 2º);
d) satisfação de lascívia mediante presença de criança ou
adolescente (art. 218-A);
e) favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual de vulnerável e suas figuras equiparadas (art. 218-B, e
seu § 2º);
f) mediação para satisfazer a lascívia de outrem (art. 227, §1º);
g) rufianismo (art. 230, § 1º);
h) tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual
(art. 231- A, §2º, I).

Em leis especiais: podem ser apontados os crimes dos arts. 240 e


241 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por
qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
11.829, de 2008)
19

§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de


qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. (Redação
dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: (Redação
dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; (Redação
dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;
ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima
ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu
consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou
divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829,
de 2008)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas
ou imagens de que trata o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.(Incluído pela
Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis
quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado,
deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo
ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)
§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade
o material a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de
comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos
arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)
20

II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas


finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento
de notícia dos crimes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou
serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do
material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao
Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o
material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo
explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: (Incluído pela
Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829,
de 2008)
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda,
disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou
armazena o material produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de
comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829,
de 2008)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829,
de 2008)
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo
explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir
criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de
sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva
criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou
exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins
primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008).

Contagem do prazo prescricional:9 art. 10 do CP.


Incluindo o dia do começo e excluindo o último dia; contando os meses
e anos;

9
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 757.
21

O prazo é fatal e improrrogável – mesmo que termine num sábado, por


exemplo;

Causas interruptivas da prescrição:10


- Obstam o curso de prescrição;

- Prazo reinicia do zero.

- Art 117 do CP.

1- Data de recebimento da denúncia ou queixa. D.R.D.Q11 – data


de recebimento da denúncia ou da queixa; publicação que recebe a
inicial – data em que o juiz entrega em cartório a decisão.

- aditamento à denúncia não interrompe a prescrição; a não ser


que seja incluído novo crime;

-rejeição da denúncia também não interrompe.

Mirabete12: O recebimento da denúncia ou da queixa, em primeira


instância ou em julgamento de recurso, é causa interruptiva. Tem-se
considerado a data do despacho de recebimento como o dia da
interrupção, mas, na dúvida, deve prevalecer a data da entrega dos
autos em cartório pelo juiz, salvo se prejudicar o agente. Deve tratar-se
de recebimento válido, pois o anulado nenhum efeito pode produzir.
Eventual retificação ou ratificação do recebimento não tem o efeito de
interromper a prescrição, valendo a data do despacho anterior. O
recebimento de aditamento da peça inicial, por corresponder a
recebimento da denúncia, interrompe a prescrição quando é descrito
novo ilícito penal ou é incluído novo acusado, estendendo-se a
interrupção a todos os corréus (art. 117, § 1º). Mas já se entendeu que a
lei se refere, no primeiro caso, apenas à conexão material, e não à
instrumental, ditada por motivos de conveniência. Evidentemente, a
rejeição da denúncia não interrompe o prazo prescricional, e a
interrupção somente poderá ocorrer na data em que, em recurso, a
Superior Instância receber a denúncia ou a queixa.
10
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 760-761.
11
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 760-761.
12
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
22

2-Data da Publicação da decisão de pronúncia:13

- interrompe para crimes dolosos contra a vida e os crimes conexos


– 117, §1º, última parte do CP.

- pronúncia é causa interruptiva mesmo que haja posterior


desclassificação pelos jurados – Súmula 191 STJ.

3. Acórdão confirmatório da pronúncia:

- inclui acórdão que confirma a pronúncia (juiz havia pronunciado


o réu) ou a hipótese em que o réu anteriormente estava impronunciado
ou absolvido e é pronunciado pelo tribunal;

4. Publicação da sentença e acórdão condenatórios


recorríveis:14

- ocorre na data em que o escrivão a recebe em cartório assinado


pelo juiz – art. 117, IV, redação da lei 11.596/07.

Para efeito de configuração do marco interruptivo do prazo


prescricional a que se refere o art. 117, IV, do CP, considera-se como
publicado o “acórdão condenatório recorrível” na data da sessão
pública de julgamento, e não na data de sua veiculação no Diário da
Justiça ou em meio de comunicação congênere. Conforme entendimento
do STJ e do STF, a publicação do acórdão nos veículos de comunicação
oficial deflagra o prazo recursal, mas não influencia na contagem do
prazo da prescrição.
Precedentes citados do STJ: EDcl no REsp 962.044-SP, Quinta Turma,
DJe 7/11/2011; e AgRg no Ag 1.325.925-SP, Sexta Turma, DJe
25/10/2010.
Precedentes citados do STF: AI-AgR 539.301-DF, Segunda Turma, DJ
3/2/2006; e HC 70.180-SP, Primeira Turma, DJ 1º/12/2006. HC
233.594-SP, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira, julgado em
16/4/2013.
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
EXECUTÓRIA. TERMO INICIAL: TRÂNSITO EM JULGADO PARA A ACUSAÇÃO.
RAZÕES DA IMPETRAÇÃO DISSOCIADAS DO FUNDAMENTO ADOTADA PELAS
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. ACÓRDÃO CONFIRMATÓRIO DA CONDENAÇÃO É
MARCO INTERRUPTIVO PARA A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA, NÃO
DA EXECUTÓRIA. PRECEDENTES DO STJ. AFERIÇÃO QUE DEVE SER FEITA
PELO JUÍZO DAS EXECUÇÕES PENAIS, EM RAZÃO DA ESCASSEZ DE
INFORMAÇÕES. PRECEDENTES DO STJ. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO,
MAS CONCEDIDA PARCIALMENTE A ORDEM DE OFÍCIO. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. O entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça é que "a tese
13
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 761.
14
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 761-762.
23

recentemente firmada pelo Supremo Tribunal Federal (HC 176.473/RR, Tribunal


Pleno, Rel. Ministro Alexandre de Moraes, julgado em 27/4/2020, DJe 5/5/2020), no
sentido de que o acórdão meramente confirmatório também é causa interruptiva
da prescrição, não se aplica à hipótese dos autos, haja vista o marco
interruptivo previsto no art. 117, inciso IV, do Código Penal, dizer respeito à
prescrição da pretensão punitiva, e não da pretensão executória" (AgRg no HC
686.401/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 24/08/2021, DJe 30/08/2021). No mesmo sentido: AgInt no HC
455.042/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
24/08/2021, DJe 30/08/2021.
2. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 606.721/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em
08/02/2022, DJe 15/02/2022)

5. Início ou continuação do cumprimento da pena: (art. 117 V


do CP)15

O termo inicial da prescrição executória está fixado no art. 112 e


incisos e no art. 117, incisos V e VI. Com a prisão do agente, para
cumprir pena, interrompe-se a prescrição, iniciada com o trânsito em
julgado da sentença, para a acusação. Com a continuação da prisão,
interrompida pela fuga, ou decorrente de revogação do livramento
condicional, interrompe-se a prescrição. No entanto, nessas duas
hipóteses, a prescrição volta a correr, não por inteiro, mas pelo resto da
pena que falta cumprir (art. 113 do CP). Evidentemente, durante o
período de prova do sursis e do livramento condicional, não corre a
prescrição executória, pois é como se estivesse cumprindo a pena.

6. Pela Reincidência16 – somente PPE.

A reincidência, a rigor, tem dois efeitos: aumentar o prazo


prescricional (art. 110, caput) e interromper o seu curso (art. 117, VI).
Segundo uma corrente, o momento de interrupção da prescrição não é
determinado pela prática do segundo crime, mas pela sentença
condenatória que reconhece a prática do ilícito, pressuposta daquela.
Em sentido contrário, outra corrente, minoritária, entende que a
interrupção ocorre da data do novo crime, uma vez que a reincidência
seria fática e não jurídica. O aumento do prazo prescricional, no
15
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, v. 1, 26. Ed. São
Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1032.
16
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, v. 1, 26. Ed. São
Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1032-1033>
24

entanto, aplica-se tão somente à prescrição da pretensão executória.


Recentemente, porém, surgiram alguns julgados, inclusive do STJ,
admitindo o aumento decorrente da reincidência também para a
prescrição intercorrente.17

Obs: sentença que concede perdão judicial não interrompe – é


sentença declaratória de Extinção da Punibilidade – Súmula 18 STJ;

- sentença que reconhece e a semi-imputabilidade interrompe- é


condenatória – mesmo aplicando a MS.

- interrupção da prescrição atinge a todos os participantes;

EX: denúncia contra A, desconhece-se os co-autores B, C e D – se


futuramente são descobertos – a prescrição já estará interrompida.

Causas Suspensivas da prescrição: 18

Preservam o lapso prescricional que já se desenvolveu;

- paralizam a contagem;

Ex: João matou Maria;

Já se passaram 10 anos;

Ele é denunciado e o processo é suspenso porque João não é


encontrado;

A prescrição fica parada em 10 anos - aguardando a localização de


João.

Causas impeditivas da prescrição


Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não
corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa
o reconhecimento da existência do crime;

1- questão prejudicial:19 é aquela em que a solução importa em


prejulgamento da causa.
17
Revista do Superior Tribunal de Justiça, ano 1, 4/1481.
18
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 762.
19
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 762.
25

EX: discussão sobre casamento valido nos crimes de Bigamia;


A primeira causa suspensiva é a existência de questão prejudicial,
prevista nos arts. 92 e 93 do CPP. Se a decisão sobre a existência da
infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e
fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará
suspenso obrigatoriamente, e se depender de decisão sobre questão
diversa, a suspensão é facultativa. A primeira hipótese pode ocorrer, por
exemplo, no crime de bigamia, em que se discute a validade do
casamento anterior. Exemplo do segundo é o delito de esbulho
possessório quando pende sobre o imóvel uma ação de reivindicação ou
possessória. Não há suspensão na pendência de processo
administrativo. A exceção da verdade, nos processos por calúnia e
difamação, é apenas um meio de defesa de que o acusado dispõe, não
constituindo, pois, questão prejudicial suspensiva do prazo
prescricional.20

2- Enquanto o agente cumpre pena no exterior; (art. 116, II do


CP)
O fundamento político-jurídico dessa causa suspensiva é que
durante o cumprimento de pena no estrangeiro não se consegue a
extradição do delinquente. E a pena em execução pode ser tão ou mais
longa que o próprio lapso prescricional do crime aqui cometido. Por
isso, se justifica a suspensão da prescrição.
A segunda causa, prevista no início II, é o cumprimento da pena pelo
agente no exterior. Não se podendo desenvolver o processo no Brasil,
não deve correr a prescrição nessa hipótese.21

3- Enquanto o agente está preso por outro motivo: (art. 116,


parágrafo único). Dispõe ainda o art. 116, em seu parágrafo único:
“Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição
não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro
motivo.” Trata-se de hipótese de suspensão do prazo da prescrição da
20
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
21
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
26

pretensão executória, não importando a que título o sujeito está preso:


prisão provisória, cumprimento de outra pena, etc.22

4- - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos


Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

A Lei nº 13.964, de 24-12-2019, criou duas outras causas suspensivas


da prescrição ao inserir os incisos III e IV no art. 116. A terceira causa
suspensiva é a pendência de embargos de declaração ou recursos aos
Tribunais Superiores, quando inadmissíveis (inciso III). Com a inovação,
pretendeu o legislador, se não coibir, ao menos reduzir o elevado
número de prescrições que têm sido decretadas e que decorrem da
demora no processamento e julgamento de diversos recursos,
principalmente para os tribunais superiores, como embargos, recursos
especiais e extraordinários, agravos etc., os quais, embora não sejam
admissíveis no caso concreto em face da lei processual, inúmeras vezes
são oferecidos pela defesa com o objetivo precípuo de procrastinar o
final julgamento do feito e favorecer a ocorrência daquela causa de
extinção da punibilidade. Embora esses recursos não tenham, em
princípio, o condão de impedir o curso da prescrição, esse efeito
suspensivo deve ser reconhecido se, por ocasião do julgamento,
verificar-se que não eram eles admissíveis na espécie. Em relação aos
embargos de declaração que se mostrem inadmissíveis, aplica-se a
causa suspensiva não somente quando opostos perante tribunal
superior, mas, também, nos juízos de primeiro e segundo graus. Na
pendência desses recursos, portanto, a prescrição não deve ser
declarada se a verificação da fluência do prazo prescricional depender
do cômputo do tempo de seu processamento, diante da possibilidade de
que sejam eles afinal reconhecidos como incabíveis. Evidentemente, não
há que se reconhecer a causa suspensiva na hipótese de recurso
oferecido pela acusação.23

22
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
23
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
27

5- - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não


persecução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

A inclusão desta causa suspensiva justifica-se em razão da


criação, pela Lei nº 13.964, de 24-12-2019, no novel art. 28-A do CPP,
do acordo de não persecução penal, que pode ser celebrado entre o
Ministério Público e o investigado, uma vez satisfeitos os pressupostos e
presentes os requisitos legais, mediante a fixação de condições a serem
observadas pelo autor do crime, e que obsta o imediato ajuizamento da
ação penal. Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não
persecução penal não corre a prescrição (inciso IV). A suspensão inicia-
se na data da homologação do acordo pelo juiz e perdura durante toda a
execução dos termos acordados, enquanto não for rescindido em razão
do descumprimento de alguma das condições estipuladas. Rescindido o
acordo pelo juiz, a prescrição volta a fluir até a verificação da primeira
causa interruptiva consistente no recebimento da denúncia. Se o acordo
é integralmente cumprido, não mais torna a correr a prescrição,
impondo-se a extinção da punibilidade (art. 28-A, § 13, do CPP). 24

Outras situações de suspensão da prescrição:25


1. Na hipótese de suspensão parlamentar do processo – EC nº 35,
de 20/12/2001;

- A partir dessa Emenda Constitucional não há mais necessidade de


licença prévia da casa respectiva para a instauração de processo contra
Deputado ou Senadores;

- O STF pode receber a denúncia, sem solicitar qualquer autorização ao


Poder Legislativo;

24
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
25
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 763.
28

- Há um controle posterior- recebida a peça acusatória, o Poder


Judiciário deverá cientificar a Câmara dos Deputados ou o Senado
Federal, conforme o caso – os quais, por maioria absoluta de seus
membros (metade mais 1), em votação aberta, que deverá realizar-se
dentro do prazo máximo de 45 dias.

- poderão determinar a sustação do processo;

-a suspensão do processo suspenderá a prescrição, enquanto durar o


mandato – art. 53, § 3º e 5º da CF/8826.

Com a EC nº 35/2001, que alterou o art. 53, os Deputados Federais


e Senadores continuam invioláveis, penalmente, “por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos”. Todavia, não é mais necessária prévia
licença da respectiva casa Legislativa para o processo dos crimes sem
relação com o exercício do mandato (art. 53, §3º). Recebida a denúncia,
26
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer
de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 35, de 2001)
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão
ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da
maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a
diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável
de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que
lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e
ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio,
só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa
respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que
sejam incompatíveis com a execução da medida. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)
29

por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência `respectiva


Casa, que, pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão
final, sustar o andamento da ação (art. 53, §3º). Neste caso, a sustação
do processo suspenderá a prescrição enquanto durar o mandato (art. 53,
§ 5º).

É também causa de suspensão do curso da prescrição da


pretensão punitiva a suspensão da ação penal obtida por partido
político quanto a processo contra deputado ou senador conforme dispõe
o art. 53, § 3º c. c. o art. 53, § 5º, da Constituição Federal, na redação
que lhes foi dada pela Emenda Constitucional nº 35, promulgada em
20-12-2001.
Para o STJ, a suspensão do prazo não se aplica ao processo criminal
contra Governador do Estado, já que na hipótese não se trata de mero
pedido de licença para o processo, mas do curso de verdadeiro juízo de
admissibilidade da acusação.27
Então:

- STF recebe a denúncia;

-STF, após o recebimento, cientifica a Câmara dos


Deputados/Senado

- A casa legislativa por:

- maioria absoluta (metade mais 1);

- votação aberta;

- dentro de no máximo de 45 dias;

- determina a suspensão do processo;

- a prescrição fica suspensa – enquanto durar o mandato;28

27
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
28
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=Emenda+Constitucional+n
%C2%BA+35%2F2001
30

2. Durante o prazo de suspensão condicional do processo29 – art.


89, § 6º, da lei 9.099/95; estabelece a lei que durante o período em que
o processo estiver suspenso não corre a prescrição.

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior
a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não
tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos
que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código
Penal).
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do
processo.

Também não corre o prazo prescricional quando concedida a suspensão


condicional do processo nos termos do art. 89, § 6º, da Lei nº 9.099, de
26-9-1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, e
que é cabível nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, pelo prazo de dois a quatro anos. O processo volta a
correr a partir da sentença de revogação; não ocorrendo esta, extingue-
se a punibilidade pelo decurso do prazo fixado.30

3. Se o acusado citado por edital não comparecer nem constituir


advogado;31

- ficarão suspenso o processo e o curso do prazo prescricional até o


seu comparecimento – art. 366 do CPP (Lei 9.271/96);

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem


constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do
prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada
das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

29
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 763.
30
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
31
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 763.
31

A questão que aqui se impõe é a seguinte: se o acusado jamais for


localizado, o processo ficará indefinidamente suspenso e não
prescreverá?
Se o imputado for encontrado 40 anos depois, já com 80 anos de
idade, o processo retomará seu curso normal nessa data? A resposta
negativa se impõe, uma vez que os casos de imprescritibilidade se
encontram delimitados expressamente no Texto Constitucional (art. 5º,
XLII e XLIV), não havendo possibilidade de ampliá-los por meio de
dispositivo infraconstitucional.
Dessa forma, a prescrição não poderá ficar perpetuamente
suspensa, havendo um momento de retomada da contagem, com o
reinício da prescrição.
A indagação que fica é a seguinte: se a suspensão não é perpétua,
por quanto tempo a prescrição ficará suspensa?
Entendemos que o prazo de suspensão será o prescricional
máximo, calculado com base na maior pena abstrata cominada ao
crime, ou seja: toma-se o máximo de pena previsto, coteja-se essa pena
abstrata à tabela do art. 109 e encontra-se o prazo máximo de
suspensão.
Após o decurso desse período, o processo continua suspenso, mas
a prescrição voltará a correr.
Finalmente vale mencionar que o Superior Tribunal de Justiça
editou a Súmula 415, no sentido de que: “o período de suspensão do
prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada".
Obs: o prazo de suspensão é o prazo prescricional máximo,
Superado – a prescrição volta a correr;
-EX: prazo prescricional máximo – calculado com base na maior
pena abstrata cominada ao crime – máximo pena prevista – lança no
art. 109 do CP. Dito de outra forma, se a pena máxima cominada for de
seis (6) anos, a prescrição em abstrato verifica-se em doze (12) anos,
conforme artigo 109, Inciso III do CP.
32

4- estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado


por carta rogatória, suspendendo o prazo até seu cumprimento – art.
368 do CPP.32

Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado


mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição
até o seu cumprimento. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)

Acusado que se encontrar no estrangeiro. Em lugar sabido, será


citado através de carta rogatória, independentemente de a infração
penal imputada ser ou não afiançável. No entanto, segundo a redação
do artigo 368 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso até o
cumprimento da carta rogatória.

Outras situações de suspensão da prescrição:

Nos crimes de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A) e de


sonegação de contribuição previdenciária (337-A), bem como nos crimes
contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de
27-12-1990, permanecem suspensas a pretensão punitiva e a
prescrição durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com
o agente estiver incluída no regime de parcelamento de débitos
conforme previsto no art. 9º, caput e § 1º, da Lei nº 10.684, de 30-5-
2003, no art. 68, caput e parágrafo único, da Lei nº 11.941, de 27-5-
2009 e no art. 83, § 4º, da Lei nº 9.430, de 27-12-1996, inserido pela
Lei nº 12.382, de 25-2-2011. Efetuado o pagamento integral dos
débitos, inclusive acessórios, extingue-se a punibilidade.

Suspende, também, a prescrição e impede o oferecimento da denúncia,


nos crimes contra a ordem econômica e nos demais relacionados com a
prática de cartel, a celebração de acordo de leniência com o CADE,
conforme previsto no art. 87 da Lei nº 12.529, de 30-11-2011. O
cumprimento integral do acordo é causa extintiva da punibilidade. Em
determinados crimes contra o meio ambiente (arts. 38, 39 e 48 da Lei nº
9.605, de 12-2-1998), a assinatura do termo de compromisso para
32
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 764.
33

regularização de imóvel ou posse rural perante o órgão ambiental é,


igualmente, causa de suspensão da pretensão punitiva e da prescrição,
conforme previsto no novo Código Florestal (art. 60, § 2º, da Lei nº
12.651, de 25-5-2012).33

Observações:

Não suspende o curso do prazo prescricional o incidente de insanidade


mental.

Embora não contenha o Código Penal dispositivo a esse respeito,


durante a suspensão condicional da pena não tem curso a prescrição da
pretensão executória. Nesse período, está suspenso o poder de execução
do Estado, que não pode, assim, ser atacado pela prescrição.

O mesmo se diga com relação ao livramento condicional. Entretanto,


nada impede o curso do prazo da prescrição da pretensão punitiva,
durante o livramento condicional, por outra ação.34

Crimes Complexos e Conexos35: 108 CP

1. Crime Complexo: é aquele que, no seu tipo, abrange outro crime;

- a prescrição da Prescrição Punitiva no tocante a crime que funciona


como elemento típico de outro não se estende a este;

Ex: extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP) a prescrição do


sequestro em nada afeta o tipo complexo do art. 159 CP.

2. Crimes conexos: aqueles vinculados processualmente por


diversos motivos; Ex: homicídio e ocultação de cadáver;

A prescrição do crime conexo – ocultação – não retira a qualificadora do


homicídio pelo fim de assegurar a ocultação do crime anterior – art.
121, § 2º, V, do CP.

33
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
34
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
35
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 765.
34

Como fazer o cálculo da Prescrição?


Cálculo da PPP em Abstrato:36

1- pela pena maior cominada – pois não se sabe qual a pena


aplicada;

2- Tabela do art. 109 do CP;

Observar: as circunstâncias judiciais e circunstâncias agravantes e


atenuantes

Regra: não interferem na prescrição;

Exceções: art. 115 do CP: 37

38
1- Circunstâncias atenuantes:
1.a: agente menor de 21 anos na data do fato (jovem adulto);

- prescrição pela metade;

Ex: A mata B (121 CP)

Prescrição – 20 anos

A tem 19 anos na data do fato – a prescrição é pela metade – 10


anos;

1.b: ser o agente maior de 70 anos na data da sentença:

- prescrição pela metade;

EX: A possui 70 anos na data da sentença e é condenado a 1 ano;

A prescrição seria de 4 anos (art. 109, V), mas em razão da idade


ocorrerá em 2 anos.

Mirabete39: São reduzidos de metade os prazos de prescrição


quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na
data da sentença, maior de 70 (art. 115). O dispositivo aplica-se a
qualquer espécie de prescrição: da pretensão punitiva com base na
36
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 757.
37
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 757-759.
38
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 759.
39
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
35

pena em abstrato, da pretensão punitiva com base na pena em concreto


(retroativa ou não) e na prescrição da pretensão executória (seja ou não
o sentenciado reincidente).
A diminuição da idade em que se atinge a maioridade civil para 18
anos pelo novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10-1-2002) não derrogou
o dispositivo. A redução do prazo prescricional para o maior de 18 e
menor de 21 anos funda-se em presunção penal absoluta que se baseia
expressamente na idade do agente e não em sua relativa incapacidade
civil. Sua aplicabilidade independe, portanto, dos conceitos e regras da
lei civil. Por essa razão, aliás, não se admitia a exclusão do favor a
maiores de 18 anos que fossem emancipados. Ademais, o art. 2.043 do
Código Civil determina que “até que por outra forma se disciplinem,
continuam em vigor as disposições de natureza processual,
administrativa ou penal, constantes das leis cujos preceitos de natureza
civil hajam sido incorporados a este Código”.
Atendendo aos reclamos da doutrina e adotando a posição de
corrente jurisprudência liberal, dispõe o art. 115 que se tratando de
agente menor de 21 anos deve ser considerada a data do tempo do
crime, ou seja, a da conduta criminosa. Ao contrário, quando se trata
de maior de 70 anos, examina-se a idade do réu no momento da
sentença.
Já se decidiu, por interpretação mais favorável ao acusado, que
deve ser reconhecida a prescrição, pela redução de prazo, no
julgamento da apelação, quando o réu completou 70 anos enquanto
pendente de julgamento seu recurso. O STF também entendeu que a
idade deve ser considerada até o último provimento judicial, ocorrendo
a prescrição se foi alcançado o limite previsto em lei antes da decisão de
segunda instância, porque esta substitui a sentença, quer a confirme,
quer a reforme. Há decisões, porém, afastando a aplicação do art. 115
na hipótese de acórdão que confirma a decisão de primeiro grau.
Quanto à prova da menoridade para os efeitos da redução do prazo
prescricional é predominante o entendimento, principalmente no STF,
que deve ser apresentada certidão de nascimento ou documento
36

equivalente. Já se tem decidido, porém, que é suficiente qualquer prova


idônea, e mesmo que é dispensável prova documental quando a idade
declarada pelo réu foi aceita sem contestação, no curso do processo.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça, entretanto, “para efeitos
penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por
documento hábil” (Súmula 74).

2- Circunstância agravante:40

2.a- Reincidência – aumenta o prazo prescricional em 1/3.


Somente sobre o prazo da Prescrição Executória – art. 110 CP –
Súmula 220 STJ.

Atualmente a questão não apresenta mais divergência – tanto


STF e STJ, entendimento da Súmula 220 STJ.

STF – 2ª turma, HC 69.044, DJU, 10/04/1992.

Obs2: o juiz deve reconhecer a Reincidência na sentença;

Ex: A é condenado a 1 ano e 2 meses por estelionato reconhecido


na Reincidência.

A prescrição da PPE ocorrerá em 4 anos (109, V) + 1/3 (por causa


da reincidência), então será em 5 anos e 4 meses.

Causas de aumento e diminuição de pena 41 (majorantes e


minorantes)

As que aumentam ou diminuem em proporção fixa;

Por permitir que a pena fique inferior ao mínimo ou superior ao


máximo – são levadas em conta no cálculo da prescrição;

Deve-se buscar sempre a pior hipótese para o réu – Ex: tentativa –


minorante de 1/3 até 2/3. Será de 1/3, o pior para o réu.

Obs: buscar sempre a pior das hipóteses – a maior pena possível -


leva-se em conta sempre, a causa de aumento que mais aumente e a
causa de diminuição que menos diminua.

EX: homicídio simples tentado (121+14II)

- pena varia entre 6 a 20 anos de reclusão;

40
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 759.
41
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 759-760.
37

- leva-se em conta o máximo da pena cominada; (independe


circunstância judiciais – agravantes e atenuantes);

- reduz-se pelo mínimo;

* na tentativa a pena é reduzida de 1/3 a 2/3 – a redução se fará


em apenas 1/3 - busca-se a maior pena possível para o homicídio
tentado – Pena: 20 anos, diminuída de 1/3 – total: 13 anos e 4 meses.

Prescrição – pena abstrata – em 20 anos;

Obs: observar se há causas modificadoras (majorante / minorante)


obrigatórias, estão no tipo penal – exceto: concurso formal e crime
continuado.

Então:

1- P. P. P. ABSTRATA:

1ª: Máximo da pena cominada;

2ª: Colocar no art. 109: encontro o prazo prescricional;

3ª: Observar se não há causa modificadora: como majorante e/ou


minorante obrigatória (não conta concurso formal, nem crime
continuado);

4ª: art. 115 do CP: se menor de 21 na data do fato ou com 70 anos na


data da sentença – prazo da prescrição conta-se pela metade;

Ex: A tem 23 anos na data do fato;

Cometeu um furto: art. 155 do CP;

Pena em abstrato: 1 a 4 anos e multa;

Art. 109: prescrição em 8 anos.

Não há aplicação do art. 115;

Não há causa modificadora – crime consumado;

2- P.P.P. RETROATIVA:42

1ª: Não pode ter ocorrido a PPA;

2ª: pena aplicada em sentença condenatória;

3ª: necessário trânsito em julgado para a acusação;

42
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 767.
38

4ª: contagem entre os marcos para traz;

5º: Observar art. 115 CP;

Observar inovação da Lei 12.234 de 05/05/2010 – modificou art. 110,


§§ 1º e 2º do CP.

3- P. P. P. INTERCORRENTE: 43

É a prescrição que ocorre entre a data de publicação da sentença


condenatória e o trânsito em julgado. Previsão arts. 110, §1º.

Calculada com base na pena concreta fixada na sentença;

Conta-se da data da publicação da sentença recorrível;

Necessário trânsito em julgado para a acusação. (art. 617 do CPP-


Princípio da non reformatio in pejus)

Procedimento para reconhecer a prescrição intercorrente:

1- Se a condenação tiver transitado em julgado para a acusação, o


tribunal, antes de examinar o mérito, declara extinta a
punibilidade pela prescrição;

2- Se a acusação tiver recorrido, o tribunal julga primeiro o seu


recurso e se negar provimento, antes de examinar o mérito de
recurso da defesa, reconhece a prescrição.

Pressupostos:

1º: não PPPA;

2º: não PPPR;

3º: sentença condenatória;

4º: TJ para a acusação ou improvimento de seu recurso.

Prazo da prescrição:

- tomar pena concretizada;

43
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 762.
39

- colocar no art. 109;

Observar as causas modificadoras – art. 115 do CP.

Prescrição da pretensão punitiva antecipada “projetada”


(perspectiva ou virtual):44 reconhecida antecipadamente, com base na
provável pena fixada na futura condenação.

Prescrição antecipada, virtual ou pela pena em perspectiva:45


Essa forma de prescrição não está prevista em lei, mas vinha
sendo admitida por grande parte da doutrina e jurisprudência.
Atualmente é vedada súmula do Superior Tribunal de Justiça.
Suponha-se que uma pessoa tenha sido indiciada em inquérito
policial por crime de “Perigo para a vida ou saúde de outrem” (art.
132 do CP), cuja pena é detenção de 3 meses a 1 ano.
Assim, o crime prescreve, pela pena em abstrato, em 4 anos.
O promotor de justiça, entretanto, ao receber o inquérito policial,
mais de 3 anos após a consumação do crime, percebe que o acusado é
primário e que o crime não se revestiu de especial gravidade, de forma
que o juiz, ao prolatar a sentença, certamente não irá aplicar a pena
máxima de 1 ano.
Dessa forma, considerando que a pena fixada na sentença será
inferior a 1 ano, inevitável, em caso de condenação, o reconhecimento
da prescrição retroativa, pois, pela pena a ser fixada, a prescrição teria
ocorrido após 3 anos.
Seria possível, então, que o Ministério Público pleiteasse o
arquivamento do feito com base nesse fato?
Alguns julgados entendiam que não, por não haver previsão legal
nesse sentido. Por outro lado, sustentava-se a possibilidade de tal
pedido com base na inexistência de interesse de agir por parte do órgão
acusador.

44
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 765.
45
ESTEFAM, André. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral. 10. Ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2021, p. 812-813.
40

Com efeito, a utilidade do processo traduz-se na eficácia da


atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Se, de plano,
for possível perceber a inutilidade da persecução penal aos fins a que se
presta, dir-se-á que inexiste interesse de agir. É o caso, por exemplo, de
se oferecer denúncia quando, pela análise da pena possível ser imposta
ao final, se eventualmente comprovada a culpabilidade do réu, já se
pode antever a ocorrência da prescrição retroativa. Nesse caso, toda a
atividade jurisdicional será inútil; falta, portanto, interesse de agir.
Assim, embora a tese não fosse aceita pelos Tribunais Superiores,
na prática era muito comum sua aplicação por juízes e promotores.
Ocorre que, em 13 de maio de 2010, O Superior Tribunal de
Justiça aprovou a Súmula nº 438, estabelecendo que “é inadmissível a
extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou da
sorte do processo penal”.
Tal súmula, portanto, proíbe a prescrição antecipada e obriga o
Ministério Público ao oferecimento da denúncia se existirem indícios de
autoria e materialidade.
Na medida em que a prescrição retroativa não pode, em nenhuma
hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa,
por força da Lei 12.234/2010, também não há mais falar em prescrição
virtual entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa.
Nesse contexto, não haverá mais a incidência da prescrição virtual na
fase extrajudicial.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA:46

No caso de o réu ser condenado por sentença transitada em


julgado, surge para o Estado o interesse de executar a pena imposta
pelo juiz. Essa é a pretensão executória, que também está sujeita a
prazos. Assim, se o Estado não consegue dar início à execução penal

46
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 772.
41

dentro desses prazos estabelecidos, ocorre a prescrição da pretensão


executória, chamada por alguns de prescrição da pena.47

Ao contrário do que ocorre com a prescrição da pretensão punitiva,


essa espécie de prescrição atinge apenas a pena principal,
permanecendo os demais efeitos condenatórios. Assim, se no futuro o
sentenciado vier a cometer novo crime, será considerado reincidente.
Continuará, ainda, com a obrigação de indenizar a vítima como efeito
da condenação. O prazo prescricional da PPE rege-se pela pena fixada
na sentença transitada em julgado, conforme patamares do art. 109 do
Código Penal.48

Art. 110 do CP:

- desaparece a pretensão executória ou o direito de o Estado


executar a pena aplicada;
- o réu não terá de cumprir a pena, mas os efeitos persistirão:
reincidência, obrigação de indenizar, perda do produto do crime...etc..
Pressupostos:
- não PPPA;
- não PP Retroativa;
- não PP Intercorrente;
- trânsito em julgado da sentença condenatória;
- Não satisfação da pretensão executória estatal pelo sentenciado;
Prazo da Prescrição:
- Tomar a pena aplicada – concretizada na sentença condenatória;
- Art. 109 CP;
- Causas modificadoras do art. 115 CP;
- Reincidência – reconhecida na sentença por fato anterior – se R
aumento de 1/3 (art. 110 do CP); Súmula 220 do STJ.
Prazo inicial da pretensão punitiva executória:
a) 112, I, 1ª parte: dia em que transita em julgado a sentença
condenatória para a acusação; OBS: a pena somente poderá ser
executada após o trânsito em julgado para ambas as partes. Mas a
prescrição já começa a correr a partir do trânsito em julgado para a
acusação;
- ainda que o réu não tenha sido intimado da sentença;

47
ESTEFAM, André. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral. 10. Ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2021, p. 813.
48
ESTEFAM, André. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral. 10. Ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2021, p. 813.
42

- Ex: condenado foge – sem cumprir 1 dia de pena – da data do


trânsito em julgado para a acusação – começa a correr a prescrição da
pretensão executória (PPP Intercorrente e PPE começam a correr
juntas);
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO
INDÉBITA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. ACÓRDÃO QUE
MANTEVE A SENTENÇA CONDENATÓRIA. MARCO INTERRUPTIVO.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA. MARCO INICIAL. TRÂNSITO
EM JULGADO PARA ACUSAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO,
COM DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO EXECUTÓRIA, DE OFÍCIO.
1. No HC n. 176.473, o Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou a tese de
que "Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão
condenatório sempre interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório
da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena
anteriormente imposta".
2. O STJ interpreta que o marco inicial para contagem do prazo
prescricional da pretensão executória é o trânsito em julgado da
condenação para a acusação, conforme a literalidade do art. 112, I, do
Código Penal. Precedente.
3. A pena imposta ao acusado, desconsiderado o acréscimo relativo à
continuidade delitiva, para cada um dos 10 delitos, é de 1 ano, 6 meses e 20
dias de reclusão. O prazo prescricional é de 4 anos, conforme a previsão do
art. 109, V, do Código Penal.
4. Do último dia do prazo recursal para acusação na origem até o presente
momento, o lapso é superior a 4 anos, o que torna cogente a declaração da
extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória dos crimes
atribuídos ao recorrente na presente ação penal.
5. Agravo regimental não provido, com declaração, de ofício, da prescrição da
pretensão executória.
(AgRg no REsp 1848831/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
SEXTA TURMA, julgado em 22/02/2022, DJe 03/03/2022)

b) Art. 112, I, 2ª parte – do dia em que transita em julgado a


decisão revogatória do sursis ou do livramento condicional;
c) Do dia em que interrompe a execução da pena – salvo
quando o tempo da interrupção deve ser computado na pena;
- se a interrupção é devido a fuga- começa a correr do dia da fuga
do condenado;
- fuga do apenado – evadir-se do livramento condicional – resto da
pena usa para cálculo da prescrição;
43

Causas Interruptivas: obstam o curso de prescrição, fazendo com


que se reinicie do zero (desprezado o tempo até então decorrido). São as
seguintes:
a) Início do cumprimento de pena;
b) Continuação do cumprimento de pena;
c) reincidência

Observações:
1- Interrupção da PPE em relação a um dos autores não
produz efeitos quanto aos demais (ao contrário das demais causas
interruptivas da PPP) – art. 117, § 1º, primeira parte;
2- No caso de Reincidência: a interrupção da prescrição
ocorre na data em que o novo crime é praticado e não da data em que
transita em julgado a sentença condenatória pela prática desse novo
crime. (RTJ, 107 990).
Causas suspensivas da PPE: aquelas que sustam o prazo
prescricional; recomeça pelo tempo que restar;
- Prisão do condenado por qualquer outro motivo que não a
condenação que se pretende executar; (art. 116 do CP);
Ex: condenado procurado em uma comarca, cumpre pena por
outro crime em comarca diversa;
- enquanto estiver preso, cumprindo tal pena, não correrá a
prescrição no que se refere à outra condenação.
Diminuição do Prazo Prescricional:

Na PPE- pela metade: art. 115 CP

- menor de 21 à época do fato;

- maior de 70 anos à época da sentença condenatória

Obs: Súmula 74 do STJ

Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por


documento hábil.»
44

Livramento Condicional:
a) Crime cometido antes do livramento: a prescrição será
calculada pelo tempo que falta para cumprir a pena, computando o
período em que esteve no livramento. Assim, numa pena de 9 anos, se
após cumprir 4 anos o apenado recebe o livramento condicional (resto
da pena – 5 anos) e permanecendo no mesmo por 2 anos, quando
então, ele é revogado por crime anterior ao benefício, o período em que
esteve no livramento condicional não é perdido. Assim, restaria 3 anos
para cumprir a pena. Se ele fugir, a prescrição será calculada sobre os 3
anos.
b) Crime posterior ao livramento: o apenado perde todo o
prazo cumprido do livramento (no exemplo anterior, os 2 anos em que
esteve no livramento), e a prescrição então, será calculada sobre os 5
anos.

Prescrição da Pena de Multa: art. 114 do CP49

- 2 anos se for a única cominada ou aplicada;

- mesmo prazo da PPL se alternativa ou cumulativa;

Obs: a Reincidência não altera o prazo de prescrição da pena de


multa, porque o art. 110 “caput” nos remete ao art. 109, que só regula
as penas privativas de liberdade. Todavia, a multa regula-se pela
prescrição da pena privativa de liberdade quando é aplicada
cumulativamente (art. 114, II, parte final, e art. 118 do CP).

Prescrição das Penas Restritivas de Direito

– art. 109, parágrafo único do CP: mesmo prazo das penas


privativas de liberdade, pois as primeiras são substitutas das últimas.

Mirabete50: Prescrição das penas restritivas de direitos

49
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 773-774.
50
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral: arts. 1º a 120 do
CP, volume 1 – 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2021.
45

Dispõe o art. 44 do Código Penal que as penas restritivas de direito


são autônomas e substitutivas da pena privativa de liberdade. O art.
109, parágrafo único, do Código Penal determina: “Aplicam-se às penas
restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de
liberdade.” Como as penas restritivas de direitos disciplinadas no
Código Penal não são previstas abstratamente para cada tipo penal,
mas aplicáveis a qualquer infração quando preenchidos os pressupostos
legais, o dispositivo não se aplica à prescrição da pretensão punitiva
com base no art. 109, caput.
Extinta pela prescrição da pretensão punitiva a pena principal
(privativa de liberdade), não mais se poderá cogitar da imposição da
pena alternativa, também prescrita em abstrato. Imposta na sentença,
porém, a pena privativa de liberdade e substituída esta por pena
restritiva de direitos, a regra deve incidir na prescrição da pretensão
punitiva, intercorrente ou retroativa. A redação do dispositivo autoriza o
entendimento de que o tempo fixado na sentença para as penas
restritivas de direitos deve passar a regular o prazo prescricional,
mediante o seu cotejo com os prazos estabelecidos nos incisos I a VI do
art. 109.
Assim, no caso de prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas, interdição temporária ou limitação de fim de
semana, o prazo da prescrição dependeria do tempo de duração fixado
para tais sanções. A interpretação que tem predominado, porém,
inclusive no STJ, é no sentido de que embora operada a substituição
por pena restritiva de direito da pena privativa de liberdade, o prazo
prescricional continua a ser regulado pela pena substituída.
Assim se tem decidido, prevalentemente, nos casos de prescrição
intercorrente ou retroativa, inclusive para a hipótese em que o tempo
estabelecido para o cumprimento da pena restritiva de direitos é inferior
ao fixado para o cumprimento da pena privativa de liberdade.
No mesmo sentido já se decidiu também em relação à prescrição
da pretensão executória. Nos casos de prestação pecuniária e de perda
de bens e valores (arts. 43, I e II, e 45), não estando elas sujeitas a
46

tempo de duração, mas a valores, já se sustentou que o prazo


prescricional seria o mesmo previsto para a multa, ou seja, de dois anos
(art. 114, I).Contudo, sob o argumento de que as sanções têm natureza
distinta da pena de multa, inclusive diante da possibilidade de sua
conversão em pena privativa de liberdade, é dominante a orientação de
que essas penas restritivas de direitos substitutivas prescrevem no
mesmo prazo em que prescreveria a pena privativa de liberdade
substituída.

Leitura Complementar!
Causas impeditivas de Prescrição Pacote Anticrime51

A reforma instituída pela Lei 13.964/2019 acrescentou duas novas


causas impeditivas da prescrição, nos incisos III e IV do art. 116 do
Código Penal.
No inciso III, prevê-se a suspensão do decurso do prazo “na
pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais
Superiores, quando inadmissíveis”.
Somente esta causa já assegura, para a maioria dos casos
criminais, o afastamento da impunidade gerada pela prescrição, quando
a defesa ingressa com todos os recursos legais possíveis, protelando ao
máximo a sua finalização, justamente para provocar a extinção da
punibilidade pelo advento da prescrição.
Não se pode impedir que o defensor do réu se valha dos
instrumentos recursais colocados em lei para o patrocínio dos
interesses de seu constituído, embora, sem dúvida, o excesso de
manifestações em recursos seguidos e repetidos possam gerar o
transcurso apto a ocasionar a prescrição.
No entanto a partir da vigência da Lei 13.964/2019, dada a
sentença condenatória, havendo embargos de declaração, se forem
considerados inadmissíveis, a prescrição fica suspensa entre a data da
sentença e a data da prolação da decisão sobre os embargos; o processo
51
NUCCI, Guilherme de Souza. Pacote Anticrime Comentado: Lei 13.964. de
24.12.2019. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 17-19.
47

segue, em grau de apelação ao tribunal e o mesmo pode ocorrer;


prolatado o acórdão, havendo embargos, se inadmissíveis, a regra de
suspensão de aplica.
Após, a defesa pode ingressar com recurso especial ao STJ e
extraordinário ao STF. A partir desse ingresso e até finalizar o último
recurso, que levará ao trânsito em julgado, não corre a prescrição, se
ambos forem rejeitados (especial e extraordinário).
Segundo nos parece, a reforma foi justa, visto ter permitido a
prescrição caso advenha a aceitação dos referidos recursos.
Noutros termos, quando os embargos de declaração forem
considerados admissíveis, o recurso especial ou o extraordinário for
admissível, a prescrição intercorrente será computada normalmente
(não haverá suspensão da prescrição).
Lembrete: frise-se que a regra da suspensão da prescrição, em caso de
recursos, só vale para infrações penais cometidas após a entrada em
vigor da Lei 13.964/2019, pois o é norma penal desfavorável ao réu.
Exemplo: prolatado o acórdão, fixando a pena de menor de 21 anos
(prazo prescricional conta-se pela metade) em quatro anos de reclusão
(prescrição em oito anos, mas computada pela metade, ou seja, quatro
anos: art. 109, IV, combinado com artigo 115 do CP). Ingressa recurso
especial, dirigido ao STJ. Esse recurso é definitivamente negado após
cinco anos. A prescrição poderia ter acontecido com a égide da lei
anterior (mais de 4 anos se passaram entre a decisão do Tribunal do
Estado e do Superior Tribunal de Justiça); porém, com a nova redação
ao art. 116, III, a prescrição ficou suspensa desde a interposição do
recurso especial até a sua integral finalização; logo, não prescreveu e o
agente deverá cumprir a sua pena.
Lembrete: um ponto muito relevante a ser apontado com essa nova
regra é a desnecessidade de se cumprir pena, após a decisão de
segundo grau, para evitar a prescrição e, com isso, a impunidade.
Suspensa a prescrição, mesmo recorrendo, o condenado poderá
cumprir a sua pena mais tarde, sem gerar prescrição.
48

A segunda novel causa de suspensão de prescrição, prevista no


inciso IV, do art. 116 do Código Penal é a seguinte: “enquanto não
cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal”. Esse
instituto é igualmente novo, previsto no artigo 28 – A do CPP, trazido
pela lei 13.964/2019. O Ministério Público em vez de denunciar o
investigado, propõe o acordo de não persecução penal. Aceito o acordo,
suspende-se a prescrição, aguardando-se o seu integral cumprimento.
Se for cumprido, extingue-se a punibilidade. Não cumprido, será
rescindida a avença entre acusação e investigado, havendo denúncia
por parte do MP.

Não esquecer o passo a passo para fazer o cálculo


da Prescrição:
1. P. P. P. ABSTRATA:

1ª: Máximo da pena cominada;

2ª: Colocar no art. 109: encontro o prazo prescricional;

3ª: Observar se não há causa modificadora: como majorante e/ou


minorante obrigatória (não conta concurso formal, nem crime
continuado);

4ª: art. 115 do CP: se menor de 21 na data do fato ou com 70 anos na


data da sentença – prazo da prescrição conta-se pela metade;

Ex: A tem 23 anos na data do fato;

Cometeu um furto: art. 155 do CP;

Pena em abstrato: 1 a 4 anos e multa;

Art. 109: prescrição em 8 anos.

Não há aplicação do art. 115;

Não há causa modificadora – crime consumado;

2. P.P.P. RETROATIVA:52

1ª: Não pode ter ocorrido a PPA;

2ª: pena aplicada em sentença condenatória;


52
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 767.
49

3ª: necessário trânsito em julgado para a acusação;

4ª: contagem entre os marcos para traz;

5º: Observar art. 115 CP;

Observar inovação da Lei 12.234 de 05/05/2010 – modificou art. 110,


§§ 1º e 2º do CP.

3. P. P. P. INTERCORRENTE: 53

É a prescrição que ocorre entre a data de publicação da sentença


condenatória e o trânsito em julgado. Previsão arts. 110, §1º.

Calculada com base na pena concreta fixada na sentença;

Conta-se da data da publicação da sentença recorrível;

Necessário trânsito em julgado para a acusação. (art. 617 do CPP-


Princípio da non reformatio in pejus)

Procedimento para reconhecer a prescrição intercorrente:

3- Se a condenação tiver transitado em julgado para a acusação, o


tribunal, antes de examinar o mérito, declara extinta a
punibilidade pela prescrição;

4- Se a acusação tiver recorrido, o tribunal julga primeiro o seu


recurso e se negar provimento, antes de examinar o mérito de
recurso da defesa, reconhece a prescrição.

Pressupostos:

1º: não PPPA;

2º: não PPPR;

3º: sentença condenatória;

4º: TJ para a acusação ou improvimento de seu recurso.

Prazo da prescrição:

53
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts: 1º a 120. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 762.
50

- tomar pena concretizada;

- colocar no art. 109;

Observar as causas modificadoras – art. 115 do CP.

4. Prescrição executória
Pressupostos:

- não PPPA;

- não PP Retroativa;

- não PP Intercorrente;

- trânsito em julgado da sentença condenatória;

- Não satisfação da pretensão executória estatal pelo sentenciado;

Prazo da Prescrição:

- Tomar a pena aplicada – concretizada na sentença condenatória;

- Art. 109 CP;

- Causas modificadoras do art. 115 CP;

- Reincidência – reconhecida na sentença por fato anterior – se R


aumento de 1/3 (art. 110 do CP);

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