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SOCIOLOGIA CRIMINAL
Tudo bem com você? Hoje vamos estudar um tópico fundamental para o seu sucesso nos
certames: criminologia - sociologia criminal.
Tema de destaque dentro da matéria, você será capaz de entender pós estudo,
basicamente, diferenças introdutórias entre biologia, psicologia e sociologia criminal. De
forma mais aprofundada, você será capaz de relacionar importantes conceitos como
macrossociologia e microssociologia, situando cada uma das escolas relevantes para a
criminologia e com capacidade para objeticar concepções signicativas para a
criminologia: teorias do consenso e teorias do conito.
A importância da criminologia para a sua carreira é notória. Cada vez mais espera-se da
Autoridade Policial o entendimento sobre os fundamentos da ciência criminal, e, é dentro
do estudo detido da disciplina de criminologia que você adquirirá isso.
Esteja pronto(a) para encontrar essa temática nos próximos concursos. A título de exemplo,
sobretudo da relevância da matéria, a última prova de Delegado de Polícia do Espírito
Santo (Instituto Acesso) cobrou, dentro de um universo de 100 (cem) questões, 13 (treze)
questões de criminologia, e, dentre estas, o entendimento de sociologia criminal foi fonte
para resolução de variados enunciados. Desta mesma forma, nosso objeto de estudo neste
ponto da Jornada da Aprovação esteve presente em variados concursos.
Alm, a partir de hoje, você, inscrito em nossa Jornada da Aprovação, terá todo o subsídio
para resolução de qualquer questão, de qualquer banca, sobre a matéria abordada.
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
(Conforme Edital Mege)
3 CRIMINOLOGIA
Sociologia Criminal
Rafael Catunda
Delegado de Polícia - DF
Ou seja, essas matérias foram (ao longo da evolução da Criminologia), e são ainda
fundamentais para análise da criminalidade, cada uma com seu enfoque.
A Biologia Criminal teve seu principal momento na Escola Posi vista, mais
especificamente nos trabalhos de Cesare Lombroso que realizou estudos voltados na
antropologia, visando iden ficar o “criminoso-nato” através de medidas do crânio.
Passado esse período, as teorias sociológicas ganharam relevo, e a Biologia Criminal
passou a ser vista como ultrapassada e até mesmo absurda.
Como mencionado por Pablos de Molina, as teorias Biológicas concentravam seu
estudo na pessoa do delinquente, buscando caracterís cas sicas, ou de seu funcionamento,
que pudessem iden ficá-lo como criminoso. Dessa maneira, o “fator criminoso” seria 6
consequência de alguma doença, disfunção ou transtorno orgânico.
Uma reportagem foi feita em pacientes de dos no Manicômio Judicial Franco da
Rocha, em São Paulo no ano de 2004. Alguns desses internos apresentavam “jus fica vas”
mirabolantes, e não demonstravam qualquer sen mento de culpa:
“Muitos pacientes andam na cela por 24 horas, inquietos, indo e vindo, reproduzindo a
agitação dos funcionários fora das grades. Sacodem as mãos em conversas imaginárias,
intercaladas de risinhos nervosos. Outros permanecem agachados, está cos, em
absoluto silêncio. O psicó co conhecido como ““ Furador de olhos “”, é assim: pacato,
pouco conversa ou reclama, mas, quando começa a divagar sobre assuntos de japonês e
ouro, o perigo torna-se iminente. U liza como forma de defesa para sua alucinação, a
mania de furar os olhos das pessoas. Não importa quem esteja por perto, paciente,
funcionário, ou visitante. Certa vez de traz da grade, roubou a caneta do bolso da camisa
de um enfermeiro que se distraiu e por pouco não perfurou-lhe o olho. O dissimulado J.P. C
é alto e raquí co. Diz ouvir vozes de três japoneses que o mandam matar para “recuperar
o ouro”. E diz: Matei um, Não, matei dois... Matei cinco. Eu mato por causa do ouro. Os
japoneses me mandam matar pelo ouro que tem no largo do Arouche[...]”.(TAVOLARO,
Douglas. A casa do delírio: Reportagem do Manicômio Judiciário de Franco da Rocha. 3ª
edição. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.)
Como citamos no ponto anterior (Escola Posi vista), essa antropologia criminal não foi
"Eu estava sozinho na rua. Não nha recurso. Ninguém queria me dar serviço. O que queriam
me dar não dava dinheiro. Comecei a traficar, roubar, matar." A história de D.S., de 17 anos,
interno da Fase (Fundação de Atendimento Socio-Educa vo, an ga Febem gaúcha) parece ser
comum entre as dos mais de 50 adolescentes homicidas que vão ter seus cérebros mapeados
por um aparelho de ressonância magné ca num estudo em Porto Alegre, no ano que vem.
Cien stas da PUC-RS (Pon cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e da UFRGS
(Universidade Federal do RS) querem saber se o que determina o comportamento de um
menor infrator é sua história de vida e se há algo sico no cérebro levando-o à agressividade.
“Alberto fish – o modelo, ao menos em parte, para a personagem ficcional criada por Thomas
Harris, 'Hannibal Lecter' – talvez seja o mais atordoante de todos os serial killers. Quando foi
preso, em 1934, , aos 64 anos de idade, ele era um velho de corpo franzino, com boas maneiras,
cabelos grisalhos e terno surrado – como se fosse um indivíduo de aparência inofensiva que
alguém poderia desejar conhecer. Porém, sob o exterior plácido havia um homem de violência
extraordinária à espreita; de acordo com psiquiatras, Fish experimentou e apreciou cada uma
das perversões conhecidas pela humanidade, entre elas comer carne das jovens crianças que
ele havia torturado e matado de maneira selvagem (grifo não original) – Charllote Greig.
“Serial Killers, Nas Mentes dos Montros.”
Analisando a vida de Albert Fish, há evidências de que fatores psicológicos podem ter
influenciado sua vida criminosa: aos 5(cinco) anos de idade foi entregue a um orfanato onde sofria
severos cas gos completamente nu. Nesse período passou a ter predileções por sadomasoquismo.
Já como adulto, pedia que seus filhos lhe batessem nas nádegas, inseria agulhas em sua virilha e
forçava tecidos em seu ânus, no qual era antes ateado fogo.
Essa matéria é um perfeito exemplo de como a Biologia Criminal pode ser inserida na
Criminologia e na analise criminológica.
O que tem marcado a derrocada da Biologia Criminal no campo da Criminologia é sua
visão radical e independente. Mais uma vez ressaltamos que não há como destacar uma ciência
de outra quando estamos analisando os fatores criminológicos. Nesse sen do podemos
apontar as palavras de Eduardo Luiz Santos Cabe e:
“O retrocesso que pode ocorrer com uma adesão acrí ca a uma criminologia gené ca
com pretensões de controle sobre a conduta humana mediante intervenções pré ou
pós-deli vas, sustentando-se em concepções superadas do crime e do criminoso como
entes naturais marcados por desvios patológicos, também apresenta outra faceta
ainda mais sombria e obscura. Trata-se de uma clara tendência para a conformação
de uma estrutura totalitarista de poder” (Criminologia Gené ca, 2008, pg. 56). 10
A própria matéria indicada acima, afirma que “serão avaliados também aspectos
gené cos, neurológicos, psicológicos e sociais de cada pesquisado.”
Até mesmo o “pai da antropologia criminal”, Cesare Lombroso, percebeu ao fim de
seus estudos que não poderia iden ficar um indivíduo delinquente apenas baseando-se nos
estudos antropológicos. Passou a enxergar que as transformações sociais também
influenciavam os indivíduos, desajustando-os.
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Esse cenário pode ser muito bem ilustrado quando da greve dos Policiais Militares
no Estado do Espírito Santo em fevereiro de 2017. Nessa oportunidade, sem policiamento
ostensivo, saques tomaram conta de todo o Estado, onde pessoas – inicialmente, sem
comportamento desviante – cometeram furtos (saques) influenciados por uma “onda”.
Ainda sobre esse episódio, frisamos o que foi dito por um dos delegados de polícia
de um dos municípios mais afetados por esses delitos, Delegado Faus no Antunes:
O citado autor faz essa diferenciação após abordar as Escola Clássica e Posi vista, e antes
de inicias os estudos das teorias sociológicas. Ainda esclarece que “são sociológicas todas aquelas
estruturações que não têm como paradigma e ológico fatores patológicos individuais.”
Nos tempos atuais, não há dúvidas que fatores sociais influenciam a criminalidade de modo
direto. Como insis mos em destacar nesse ponto, nenhuma matéria isolada é capaz de diagnos car
e determinar a origem da criminalidade no indivíduo. Justamente por isso, ressaltamos que os
fatores sociais a seguir elencados, podem “influenciar” ou “despertar” a criminalidade.
Nesse sen do, convido os alunos a fazerem um exercício individual e hipoté co. De
“Em linhas gerais, este sistema conflitual determina, em sede de Direito penal, um
planejamento de produção de normas (criminalização primária) voltado para assegurar o
triunfo da classe dominadora. A histórica preferência da programação criminalizante pelas
classes inferiores seria uma comprovação da essência conflitual, a exemplo do que postulam
os teóricos da reação social (ou crí ca)
Labeling
Escola de Chicago
Approach/E quetamento
Anomia Cultural
Academicamente, trata-se de duas teorias dis ntas, mas que possuem grande ligação e
vários pontos incomuns. Por isso, dida camente preferimos compilar seus ensinamentos em
um mesmo capítulo a fim de facilitar a compreensão do aluno.
PERÍODO: DÉCADAS DE 20 E 30
Escola de Chicago é uma das teorias do consenso que surgiu nas décadas de 20 e 30 nos
Estados Unidos, mais precisamente na Universidade de Chicago com o estudo nomeado “sociologia
· A Zona I: É o bairro central, com comércio, bancos, serviços, etc. Burgess chamou esse
distrito de 'loop'.
· A Zona II: É a área imediatamente em torno da Zona I e representa a transição do distrito
comercial para as residências. Normalmente ocupada pelas pessoas mais pobres, é a
chamada zona de transição.
· A Zona III: Contém residências de trabalhadores que conseguiram escapar as péssimas
condições de vida da Zona II, sendo composta geralmente pela segunda geração de
imigrantes.
· A Zona IV: É chamada de suburbia, é formada por bairros residenciais e é caracterizada por
casas e apartamentos de luxo. É onde residem as classes média e alta.
· A Zona V: Denominada exurbia, fica além dos limites da cidade e contém áreas
suburbanas e 'cidades-satélites'. É habitada por pessoas que trabalham no centro e
dependem um tempo razoável no trajeto entre casa e trabalho. Esta área não é
caracterizada por residências proletárias.Ao contrário, normalmente é composta de
casas de classe média-alta e alta.
“A teoria ecológica explica esse efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos
conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos e,
sobretudo, invocando o debilitamento do controle social desses núcleos. A
deterioração dos grupos primários (família, etc.), a modificação qualita va das
relações interpessoais que se tornam superficiais, a alta mobilidade e a consequente
perda de raízes no lugar da residência, a crise dos valores tradicionais e familiares, a
superpopulação, a tentadora proximidade às áreas comerciais e industriais onde se 20
acumula riqueza e o citado enfraquecimento do controle social criam meio
desorganizado e criminógeno” (Antonio García-Pablos de Molina. Criminologia)
“Park pregava que a sociologia não estava interessada em fatos, mVas em como as
pessoas reagiam a eles. Nesse compasso, a experiência prá ca era considerada
fundamental, visto que a melhor estratégia de pesquisa era aquela em que o
pesquisador par cipava diretamente do objeto de seu estudo. Este método inovador e
cuja introdução na pesquisa se deve à Escola de Chicago é o da observação
par cipante. Nesse método, o observador toma parte no fenômeno social que estuda,
o que lhe permite examiná-lo da maneira como realmente ocorre.Assim, o
conhecimento tem por base não a experiência alheia, mas a própria experiência do
pesquisador.” (FREITAS, Wagner Cinelli de Paula. Espaço urbano e criminalidade –
Lições da Escola de Chicago. São Paulo)
Essa Teoria decorre da Escola de Chicago e da Teoria Ecológica. Teve seu ápice na
década de 1940 e defendia a influência arquitetônica e urbanís ca das grandes urbes como
meio de prevenir o crime.
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Assim como a Escola de Chicago, a Teoria das Janelas Quebradas teve seu surgimento nos
Estados Unidos, e ambas possuem pontos em comum. Seu aparecimento é atribuído a James Q.
Dois carros foram deixados em bairros dis ntos: um em um bairro de luxo em Palo Alto,
Califórnia e outro no bairro do Bronx, em Nova Yorque. O automóvel deixado no Bronx foi
“depenado” em trinta minutos, enquanto o veículo deixado no bairro de classe alta em Palo Alto
permaneceu intacto por uma semana. Contudo, após umas das janelas do carro deixado em
Palo Alto ser quebrada, o restante do automóvel não durou mais que poucas horas.
Uma das conclusões desse experimento reflete o que já era pregado pela Escola de
“... estes fatos estão a demonstrar que uma área se torna vulnerável ao crime quando os
moradores se descuidam dos seus padrões de controle social, quando deixam de tomar as
providências devidas para eliminar fatores adversos, quando se isolam em suas próprias
casas, quando não se interessam pelo que se passa à sua volta, evitando até os vizinhos. O
ambiente de desleixo e abandono, por falta de coesão social, dando a sensação de que as
pessoas 'não estão nem aí', cons tui claro indício do afrouxamento do controle social, que
não deixará de fomentar desordens, pequenas infrações, arruaças e bebedeiras, em
detrimento da qualidade de vida. Não tarda mudarem-se dali as pessoas ordeiras, mais
apegadas ao bairro, sendo subs tuídas por moradores mais instáveis, que passam a
habitá-lo em caráter provisório. O caminho fica aberto para o tráfico de entorpecentes e o
crime violento, pragas de nossa época.”
Essa teoria assevera que os pequenos delitos devem ser reprimidos para que se evite
uma proliferação de crimes mais severos por deixar transparecer que há ausência de
autoridade sobre os bens. Como se verá a seguir, essa premissa está diretamente ligada à Teoria 24
da Tolerância Zero.
Mais uma teoria decorrente da Escola de Chicago e da Teoria Ecológica que se enquadra
no “Movimento de Lei e Ordem” que se caracteriza por uma maior atuação policial visando à
diminuição da criminalidade, seja de crimes de repercussão, ou de pequenas infrações, todas
comba das com o mesmo rigor.
Essa teoria foi implementada na prá ca nas décadas de 80 e 90, na cidade de Nova
Iorque. George Kelling, um dos precursores da Teoria das Janelas Quebradas exerceu a função
de consultor do Departamento de Trânsito da cidade de Nova Iorque em 1985. O então
Comissário de Polícia de Nova Iorque, Willian Bra on, nomeado pelo prefeito Rudolph Giuliani,
seguindo os preceitos de George Kelling e sua Teoria das Janelas Quebradas delineou a Teoria da
“Zero Tolerance” (Tolerância Zero).
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(Imagem 10 – Prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani)
ATENÇÃO!
“Teoria das Janelas Quebradas” não se confunde com a “Teoria da Tolerância Zero”
A "teoria dos tes culos despedaçados" (breaking balls theory), originária da sabedoria
policial comum, es pula que se os policiais perseguirem com insistência um criminoso notório
por pequenos crimes ele acabaria vencido pelo cansaço e abandonaria o bairro para ir cometer
seus delitos em outro lugar. Fundamenta a teoria das janelas quebradas quanto a intolerância
com os pequenos delitos. Segundo esta teoria, a repressão imediata e severa das menores
infrações na via pública detém o desencadeamento de grandes atentados criminosas
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(r)estabelecendo nas ruas um clima sadio de ordem – prender os ladrões de galinhas permi ria
paralisar potenciais bandidos maiores.
Teoria dos tes culos quebrados (ou despedaçados) liga-se in mamente com a Teoria
das janelas quebradas.
“A teoria da associação diferencial parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser
definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos
favorecidas, não sendo ele exclusividade destas. Em certo sen do, ainda que influenciado
pelo pensamento da desorganização social de Willian Thomas, Sutherland supera o
conceito acima para falar de uma organização diferencial e da aprendizagem dos valores
criminais. A vantagem dessa teoria é que, ao contrário do posi vismo, que já estava
centrado no perfil biológico do criminoso, tal pensamento traduz uma grande discussão
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dentro da perspec va social. O homem aprende a conduta desviada e associa-se com
referência nela.”
TEORIA DA ANOMIA
TEORIA DO CONSENSO
(COM VIÉS MARXISTA)
PERÍODO: DÉCADAS DE 30
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Émile Durkhein defende o desvio com um caráter funcional para a sociedade e não
como uma patologia da vida social como muitos entendiam. Alessandro Bara a (Criminologia
Crí ca e Crí ca ao Direito Penal) afirma que a teoria funcionalista e Durkhein representa uma
virada sociológica que rompe os paradigmas do “bem e do mal”.
“No âmbito das teorias mais propriamente sociológicas, o principal do bem e do mal foi
posto em dúvida pela teoria estrutural funcionalista da anomia e da criminalidade. (...) A
teoria estrutural-funcionalista da anomia e da criminalidade afirma:
1) As causas do desvio não devem ser pesquisadas nem em fatores bioantropológicos e
naturais (clima, raça), nem em uma situação patológica da estrutura social.
2) O desvio é um fenômeno normal de toda estrutura social.
A sociedade transmite a seus cidadãos metas culturais, em contrapar da, lhe oferece
meios (ins tucionalizados) para alcançá-las. Quando os meios não são suficientes para o
a ngimento das metas, ocorre uma situação de “anomia” (ausência de norma) em que as regras
sociais são ignoradas.
Merton criou um quadro que tenta jus ficar o comportamento dos indivíduos de acordo com
as metas culturais (obje vos para a ngir a 'felicidade') e os meios ins tucionalizados
(“ferramentas” que o Estado oferece para alcançar a “felicidade”).
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Dessa maneira, a adesão aos fins culturais sem o respeito aos meios ins tucionais levaria
ao comportamento criminoso (Ex. Propagandas onde incutem que a “felicidade” só pode ser
alcançada mediante aquisição de determinado bem). Assim, o indivíduo que não aceita o grupo
social em que está inserido sem condições de “ser feliz”, opta pelo comportamento criminoso.
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A Anomia surge em uma situação em que as metas culturais e os meios ins tucionais são
abandonados. Um bom exemplo pra ilustrar essa situação é o caso da greve dos policiais militares
no estado do Espírito Santo ocorrida em fevereiro de 2017 e mencionando no capítulo anterior.
e) Apelo a instancias superiores: Normas da sociedade são deixadas de lado em nome dos
valores do subgrupo (lealdade, solidariedade, etc.) 33
2.5. TEORIA DA LABELLING APPROACH, REAÇÃO SOCIAL, INTERACIONISMO
SIMBÓLICO OU ETIQUETAMENTO
(Imagem 19 –E quetamento)
Importante mencionar que as teorias até então explanadas são as mais expressivas no
estudo criminológico, bem como as mais cobradas em concursos públicos.
Entretanto, alguns “Modernos Modelos Sociológicos” tem surgido trazendo relevantes
aspectos a serem levados em conta no atual modelo sociológico em que vivemos:
c) TEORIA DA CONTENÇÃO
Desenvolvida por Walter Reckless, esta teoria afirma que “a sociedade produz uma
série de es mulos, de pressões, que impelem o indivíduo para a conduta desviada. Mas referidos
impulsos são impedidos por certos mecanismos, internos ou externos, de contenção que lhes
isolam posi vamente.” (Reckle, W. The sociology of crime and delinquency: containment theory,
p. 402 e . ssO autor concede uma relevância prioritária ao autoconceito ou conceito de si mesmo
do indivíduo. Cf . García-Pablos, A. Tratado de criminología cit., p. 765 e ss.)
Segundo o autor, a sociedade apresenta uma série de impulsos internos (individuais) e
de pressões e influências externas (sociais) que atuam no sujeito produzindo uma possibilidade
de come mento de delito.
Porém, o indivíduo conta também com outros disposi vos internos e externos de contenção:
· INTERNOS:
Ø Solidez da personalidade individual, Bom autoconceito, "ego" acentuado,
· EXTERNOS:
Ø Repressão das normas, que exerce a sociedade e os diversos grupos sociais
para controlar seus membros, promovendo o indispensável sen mento de
integração na comunidade;
Ø Código moral consistente,
Ø Reforço dos valores,
Ø Normas e obje vos convencionais,
Ø Supervisão efe va e disciplina,
Ø Papéis sociais plenos de sen do
Ø Etc.
Este modelos teórico tem forte ligação com a psicanálise e com a ciberné ca. Esta
Teoria foi desenvolvida por Albert J. Reiss Jr (1951). Segundo ela: “a delinqüência é o resultado de
uma rela va falta de normas e regras internalizadas, de um desmoronamento de controles
existentes com anterioridade e/ou de um conflito entre regras e técnicas sociais. A desviação
social é vista como a conseqüência funcional de controles pessoais e sociais débeis
(fundamentalmente pelo fracasso dos grupos primários)” (194. Reiss, A. J. Delinquency as the
failure of personal and social controls, American Sociological Review, 16,)
a) A Escola de Chicago fomentou a u lização de d) A escola clássica ficou marcada pelo método de
métodos de pesquisa que propiciou o fundo dedu vo que empregava na ciência do
conhecimento da realidade da cidade antes de direito penal: o jurista deveria par r do
se estabelecer a polí ca criminal adequada concreto, ou seja, das questões jurídico-
para intervenção estatal. penais, para passar ao abstrato, ou seja, ao
direito posi vo.
b ) A t e o r i a d a ro t u l a ç ã o s o c i a l b u s c a
compreender as causas da criminalidade por e) Os clássicos adotavam princípios rela vos e
meio do processo de aprendizagem das que não se sobrepunham às leis em vigor,
condutas desviantes. evitando leis draconianas e excessivamente
rigorosas, com penas desproporcionais.
c) O posi vismo criminológico desenvolveu a
ideia de criminoso nato, aplicável
( ) CERTO
( ) ERRADA
7. D Anomia Cultural
CUNHO Funcionalista/Integração Argumenta vo/Coerção A Sociologia tem seus estudos voltados para uma
IDEAIS Conservadores Progressistas visão “Macro” da criminalidade, pois avalia a
SOCIEDADE Estanque Dinâmica influência de seus fatores perante uma
Escola de Chicago
Labeling cole vidade (ex: como a pobreza influencia o
Approach/E quetamento
aspecto criminológico em uma comunidade?)
Associação Diferencial Crí ca/Radical
TEORIAS
Funcionalista Feminista 13. A
Anomia Cultural
c) A migração, em geral, ocasiona um “choque a) A questão inverteu as visões das escolas clássica
cultural” que pode ensejar uma produção de e posi vista. A primeira enxergava o crime como
crimes. um ente jurídico, enquanto os posi vistas
d) Vimos que a Escola de Chicago (entre outras) atribuíam a um fato social e humano.
analisa o crescimento desordenado como b) Correta, ainda que o termo “áreas naturais”
fato r p r i m o rd i a l p a ra o a u m e nto d a possa ter sido mal formulado, tendo sido mais
criminalidade. adequado “áreas urbanas”.
e) Correta. c) O crime, para o Labelling Approach decorre da
interação entre a sociedade e o indivíduo
2. A es gma zado como criminoso, e não de um 45
caráter ontológico e intrínseco.
A Mesologia estuda as relações entre o ambiente
e indivíduos que o habitam. Também pode ser d) De fato a Escola Clássica aplicava o método
entendida como sendo a "influência do meio" dedu vo. Contudo a alterna va explica esse
sobre o indivíduo. método de maneira inver da. O processo
dedu vo parte o abstrato para o concreto. O
3. A indu vo (aplicado pelos posi vistas) que
par a de uma análise fá ca para gerar um
a) Correta. Outro marco da Escola de Chicago foi a entendimento amplo.
aplicação do empirismo, pois os indivíduos da
e) Os princípios poderiam, em algumas situações,
comunidade eram “interrogados” por uma
se sobrepor às leis.
equipe especial a fim de desenhar um gráfico da
criminalidade em relação a cada região da 5. A
metrópole. Outro método muito empregado
para se conhecer o real índice de criminalidade REAÇÃO SOCIAL, também chamada de
foi o emprego dos “Inquéritos Sociais” (social Labelling Approach, Etiquetamento,
surveys). Rotulação ou Interacionismo Simbólico. Seu
b) Alterna va atribui à Rotulação Social os estudo deixou de lado o delito em si e
ensinamentos da Associação Diferencial. dedicou atenção à Reação Social, ou seja, à
interação entre a sociedade e o crime.
c) A primeira parte da asser va está correta.
Para o Labelling Approach, o indivíduo acaba
Porém, a ideia de criminoso nato não é
assumindo a "etiqueta" de criminoso que a
aplicada contemporaneamente no Brasil nem
mesmo em relação ao inimputável. sociedade lhe impõe passando a adotar uma
conduta desviante.
“A teoria ecológica explica esse efeito “A teoria da anomia entende que os crimes
criminógeno da grande cidade, valendo-se dos ocorrem porque os indivíduos acreditam ser
conceitos de desorganização e contágio impossível a ngir as metas desejadas através dos
inerentes aos modernos núcleos urbanos e, meios ins tucionalizados. Durkheim jus fica a
sobretudo, invocando o debilitamento do normalidade e a funcionalidade do crime no
controle social desses núcleos. A deterioração ambiente social.” (COMENTÁRIOS CEBRACESPE)
d o s gru p o s p rimário s ( família, etc.) , a 46
modificação qualita va das relações 17. ERRADA
interpessoais que se tornam superficiais, a alta
“A teoria da conformidade diferencial, proposta
mobilidade e a consequente perda de raízes no
por Briar e Piliavin, explica que quanto maior o
lugar da residência, a crise dos valores
grau de conformidade do indivíduo com os
tradicionais e familiares, a superpopulação, a
valores sociais, menor a probabilidade do
tentadora proximidade às áreas comerciais e
come mento de crimes. Já a teoria da contenção,
industriais onde se acumula riqueza e o citado
proposta por Reckless, explica que a comunidade
enfraquecimento do controle social criam meio
produz es mulos impulsionam que levam o
desorganizado e criminógeno” (Antonio García-
indivíduo à conduta criminal, contudo tais
Pablos de Molina. Criminologia)
impulsos podem ser impedidos por fatores
15. ERRADA internos e externos. Ambas são teorias de
controle..” (COMENTÁRIOS CEBRACESPE)
“As orientações sociológicas da criminologia
buscam iden ficar os fatores criminais sociais 18. CORRETA
que desencadeiam a delinquência, o que
“A teoria do enraizamento social, proposta por
originou o chamado “Posi vismo Sociológico” de
Hirschi, também é uma teoria de controle, que
E n r i c o Fe r r i e m 1 9 1 4 , c o m a i d e i a d o
explica que todos somos infratores em potencial,
determinismo social. De forma geral, a análise
sendo que o crime ocorre quando existe o
psicológica está inserida em teorias
enfraquecimento dos vínculos sociais que nos
antropológicas ou biológicas da criminalidade e
impedem.” (COMENTÁRIOS CEBRACESPE)
não em pensamentos sociológicos. Podemos
a) CORRETA
b) INCORRETA. O Labelling Approach se afasta do
modelo e ológico, muito caracterizado na fase
posi vista.
c) INCORRETA. Uma das maiores marcas do
Labelling Approach é a crí ca ao controle social,
em especial ao informal. Há uma corrente mais
radical que entende que entende que “as
e quetas” são impostas pelas ins tuições do
Controle Formal: polícias, promotores, juízes,
etc.
d) INCORRETA. Não há qualquer relação do
interacionismo simbólico com a interpretação
das normas.
e) INCORRETA. O Labelling Approach surge nos
anos 60. Essa alterna va corresponde a Teoria
Funcional (ANOMIA) de Émile Durkhein defende
o desvio com um caráter funcional para a 47
sociedade e não como uma patologia da vida
social como muitos entendiam