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CRIMINOLOGIA

SOCIOLOGIA CRIMINAL

Conteúdo trabalhado na 7ª Turma Regular de Delegado de Polícia

(atualizado até 02/03/2020)

Clique aqui para assistir as aulas da


Jornada da Aprovação (de 02 a 08 de março)
Apresentação
Bem vindo Megeano e Megeana à Jornada da Aprovação Delegado de Polícia.

Tudo bem com você? Hoje vamos estudar um tópico fundamental para o seu sucesso nos
certames: criminologia - sociologia criminal.

Tema de destaque dentro da matéria, você será capaz de entender pós estudo,
basicamente, diferenças introdutórias entre biologia, psicologia e sociologia criminal. De
forma mais aprofundada, você será capaz de relacionar importantes conceitos como
macrossociologia e microssociologia, situando cada uma das escolas relevantes para a
criminologia e com capacidade para objeticar concepções signicativas para a
criminologia: teorias do consenso e teorias do conito.

A importância da criminologia para a sua carreira é notória. Cada vez mais espera-se da
Autoridade Policial o entendimento sobre os fundamentos da ciência criminal, e, é dentro
do estudo detido da disciplina de criminologia que você adquirirá isso.
Esteja pronto(a) para encontrar essa temática nos próximos concursos. A título de exemplo,
sobretudo da relevância da matéria, a última prova de Delegado de Polícia do Espírito
Santo (Instituto Acesso) cobrou, dentro de um universo de 100 (cem) questões, 13 (treze)
questões de criminologia, e, dentre estas, o entendimento de sociologia criminal foi fonte
para resolução de variados enunciados. Desta mesma forma, nosso objeto de estudo neste
ponto da Jornada da Aprovação esteve presente em variados concursos.

Alm, a partir de hoje, você, inscrito em nossa Jornada da Aprovação, terá todo o subsídio
para resolução de qualquer questão, de qualquer banca, sobre a matéria abordada.

Vamos juntos nessa Jornada?


Estamos contigo, juntos até a Aprovação, com os conteúdos super direcionados para a
carreira de Delegado de Polícia.

Este é só o ponta pé inicial da Jornada, para você, que se inaugura hoje.


Curso Mege.
Sumário

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ....................................................................................3


1. BIOLOGIA, PSICOLOGIA E SOCIOLOGIA CRIMINAL .............................................4
2. TEORIA SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE....................................................17
3. CADERNO DE QUESTÕES .......................................................................................38
3.1. COMENTÁRIOS...............................................................................................43

3
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
(Conforme Edital Mege)

3 CRIMINOLOGIA
Sociologia Criminal
Rafael Catunda
Delegado de Polícia - DF

Conteúdo atualizado até 02/03/2020.

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1. BIOLOGIA, PSICOLOGIA E SOCIOLOGIA CRIMINAL
Inicialmente, cumpre lembrar que a criminologia é uma ciência interdisciplinar, e
justamente por isso traz conhecimentos de outros ramos cien ficos para elaborar seus
pensamentos.
Dentre essas matérias, destacam-se a Biologia criminal, Psicologia Criminal e a
Sociologia Criminal. Segundo Antonio García-Pablos de Molina:

“Com a luta das Escolas surgiram no panorama criminológico três orientações


rela vamente definidas: as biológicas, as psicológicas e as sociológicas.
As primeiras cuidam de novo do homem delinquente, tratando de localizar e iden ficar
em alguma parte de seu corpo ou no funcionamento dos diversos sistemas e subsistemas
deste, o fator diferencial que explica a conduta deli va que é entendida como
consequência de alguma patologia, disfunção ou transtorno orgânico. As hipóteses são
tão variadas como as disciplinas que existem no âmbito das ciências: antropológicas,
bio pológicas, endocrinológicas, gené cas, neurofisiológicas, bioquímicas, etc.
As orientações psicológicas – entendida esta expressão em sua acepção mais ampla –
buscam a explicação do comportamento deli vo no mundo anímico do homem, nos
processos psíquicos anormais (psicopatologia) ou nas vivências subconscientes que têm sua 5
origem no passado remoto do indivíduo e que só podem ser captadas por meio da
introspecção (Psicanálise); ou, ademais, creem que o comportamento deli vo, em sua
gênese (aprendizagem), estrutura e dinâmica, tem idên cas caracterís cas e se rege pelas
mesmas pautas que o comportamento não deli vo (teorias psicológicas da aprendizagem).
Por úl mo, as orientações sociológicas contemplam o fato deli vo como 'fenômeno
social', aplicando à sua análise diversos marcos teóricos preciso: ecológico, estrutural-
funcionalista, subcultural, conflitual, interacionista, etc.”

Ou seja, essas matérias foram (ao longo da evolução da Criminologia), e são ainda
fundamentais para análise da criminalidade, cada uma com seu enfoque.

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Enquanto a Sociologia tem seus estudos voltados para uma visão “Macro” da
criminalidade, pois avalia a influência de seus fatores perante uma cole vidade (ex: como a
pobreza influencia o aspecto criminológico em uma comunidade?), a Biologia e Psicologia
Criminal se debruçam no estudo “Micro” da criminalidade, ou seja, como um indivíduo pode ser
afetado pelos aspectos biológicos e psicológicos (ex. Como um indivíduo com distúrbio mental
teria mais propensão ao crime? – Biologia Criminal) (Como um indivíduo que sofre agressões
constantes pode propender ao crime? – Psicologia Criminal).

1.1. Biologia Criminal

A Biologia Criminal teve seu principal momento na Escola Posi vista, mais
especificamente nos trabalhos de Cesare Lombroso que realizou estudos voltados na
antropologia, visando iden ficar o “criminoso-nato” através de medidas do crânio.
Passado esse período, as teorias sociológicas ganharam relevo, e a Biologia Criminal
passou a ser vista como ultrapassada e até mesmo absurda.
Como mencionado por Pablos de Molina, as teorias Biológicas concentravam seu
estudo na pessoa do delinquente, buscando caracterís cas sicas, ou de seu funcionamento,
que pudessem iden ficá-lo como criminoso. Dessa maneira, o “fator criminoso” seria 6
consequência de alguma doença, disfunção ou transtorno orgânico.
Uma reportagem foi feita em pacientes de dos no Manicômio Judicial Franco da
Rocha, em São Paulo no ano de 2004. Alguns desses internos apresentavam “jus fica vas”
mirabolantes, e não demonstravam qualquer sen mento de culpa:

“Muitos pacientes andam na cela por 24 horas, inquietos, indo e vindo, reproduzindo a
agitação dos funcionários fora das grades. Sacodem as mãos em conversas imaginárias,
intercaladas de risinhos nervosos. Outros permanecem agachados, está cos, em
absoluto silêncio. O psicó co conhecido como ““ Furador de olhos “”, é assim: pacato,
pouco conversa ou reclama, mas, quando começa a divagar sobre assuntos de japonês e
ouro, o perigo torna-se iminente. U liza como forma de defesa para sua alucinação, a
mania de furar os olhos das pessoas. Não importa quem esteja por perto, paciente,
funcionário, ou visitante. Certa vez de traz da grade, roubou a caneta do bolso da camisa
de um enfermeiro que se distraiu e por pouco não perfurou-lhe o olho. O dissimulado J.P. C
é alto e raquí co. Diz ouvir vozes de três japoneses que o mandam matar para “recuperar
o ouro”. E diz: Matei um, Não, matei dois... Matei cinco. Eu mato por causa do ouro. Os
japoneses me mandam matar pelo ouro que tem no largo do Arouche[...]”.(TAVOLARO,
Douglas. A casa do delírio: Reportagem do Manicômio Judiciário de Franco da Rocha. 3ª
edição. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.)

Como citamos no ponto anterior (Escola Posi vista), essa antropologia criminal não foi

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totalmente descartada. Atualmente, a neurociência tem contribuído para compreensão do
fenômeno criminal.
Um movimento capitaneado pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul busca
iniciar estudos em jovens infratores que cometeram atos infracionais violentos a fim de
verificarem uma base biológica em comum entre eles.

"Eu estava sozinho na rua. Não nha recurso. Ninguém queria me dar serviço. O que queriam
me dar não dava dinheiro. Comecei a traficar, roubar, matar." A história de D.S., de 17 anos,
interno da Fase (Fundação de Atendimento Socio-Educa vo, an ga Febem gaúcha) parece ser
comum entre as dos mais de 50 adolescentes homicidas que vão ter seus cérebros mapeados
por um aparelho de ressonância magné ca num estudo em Porto Alegre, no ano que vem.
Cien stas da PUC-RS (Pon cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e da UFRGS
(Universidade Federal do RS) querem saber se o que determina o comportamento de um
menor infrator é sua história de vida e se há algo sico no cérebro levando-o à agressividade.

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"Algo que sempre foi negligenciado foi o entendimento da violência como aspecto de saúde
pública", diz Jaderson da Costa, neurocien sta da PUC-RS que coordenará os trabalhos de
mapeamento cerebral. A ideia é entender quais pontos são mais relevantes dentro da
realidade brasileira na hora de determinar como se produz uma mente criminosa.
Para isso serão avaliados também aspectos gené cos, neurológicos, psicológicos e sociais de
cada pesquisado. Serão examinados dois grupos: um de internos da Fase e outro de meninos
sem passado de crime, para efeito de comparação. O projeto vai olhar para questões sociais,
mas o foco é mesmo o fundo biológico da questão.
"Estamos nos baseando em trabalhos que já existem mostrando que há um período crí co no
início da vida e que se uma criança é maltratada entre o 8º e o 18º mês ela adquire
comportamento alterado na idade adulta", diz um dos mentores do projeto, o secretário de
Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, aluno de mestrado de Costa. "Decidi no
ano passado retomar a neurociência como uma opção de vida; minha opção não é fazer
polí ca até morrer", diz.
Cabeça de agressor
Para os cien stas, um ambiente de desenvolvimento inadequado pode mesmo "fabricar" um
psicopata: pessoa que despreza regras de convívio social e é desprovida de sen mentos de 8
empa a e afeto.
O papel do mapeamento cerebral por ressonância magné ca na pesquisa é tentar entender
a manifestação sica de problemas como esse. O trabalho que inspira Costa nessa área é um
ar go do grupo do neurocien sta português António Damasio publicado em 1999. O estudo
mostra que meninos que sofreram lesões no córtex pré-frontal -região do cérebro próxima à
testa- nham sérios problemas de sociabilidade após crescer.
"A aquisição de convenções sociais complexas e de regras morais se estabelece precocemente",
diz Costa. "Essas lesões podem resultar mais tarde numa síndrome parecida com a psicopa a."
O cien sta quer saber se, independentemente de lesões, meninos cronicamente violentos
tenham a vidade reduzida em alguma região do córtex pré-frontal, área cerebral ligada a
tarefas mentais que envolvem juízo moral. "Não queremos que isso sirva como roupa sob
medida para explicar todos os casos, mas pode explicar boa parte", diz.
Traumas e psicopa a
Na avaliação psicológica que complementará o estudo, três ques onários serão aplicados.
Um deles avalia se houve traumas na infância dos pesquisados, outro avalia o histórico de
vida familiar e escolar. "Um terceiro tenta iden ficar se há ou não um traço de psicopa a ou
comportamento violento extremo", explica Ângela Maria Freitas, psicóloga da PUC-RS que
integra o projeto. O DNA dos meninos também será analisado.

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posteriormente concentrando suas ações em seus pares e contra seus professores, cometendo
suicídio em seguida, ou ainda, o que levaria um indivíduo a se tornar um serial killer, dentre
outros fatores ligados à criminalidade.
Portanto, a psicologia criminal visa analisar o estudo da personalidade, tendo por obje vo
entender os fatores que a influenciam, sejam eles sociológicos ou biológicos (mais uma vez vemos
exemplos de que os ramos da Criminologia – sociologia, biologia e psicologia – estão integrados).
A Psicologia criminal se debruça sobre o estudo da mente humana e o que leva os
indivíduos a cometerem delitos. Alguns casos ficam no liame de fatores biológicos ou
psicológicos. Um exemplo específico é o de “Albert Fish”, famoso serial killer e um dos mais
violentos de sua categoria, ainda que não demonstrasse, em regra, qualquer perigo:

Imagem 1 (Albert Fish)

“Alberto fish – o modelo, ao menos em parte, para a personagem ficcional criada por Thomas
Harris, 'Hannibal Lecter' – talvez seja o mais atordoante de todos os serial killers. Quando foi
preso, em 1934, , aos 64 anos de idade, ele era um velho de corpo franzino, com boas maneiras,
cabelos grisalhos e terno surrado – como se fosse um indivíduo de aparência inofensiva que
alguém poderia desejar conhecer. Porém, sob o exterior plácido havia um homem de violência
extraordinária à espreita; de acordo com psiquiatras, Fish experimentou e apreciou cada uma
das perversões conhecidas pela humanidade, entre elas comer carne das jovens crianças que
ele havia torturado e matado de maneira selvagem (grifo não original) – Charllote Greig.
“Serial Killers, Nas Mentes dos Montros.”

Analisando a vida de Albert Fish, há evidências de que fatores psicológicos podem ter
influenciado sua vida criminosa: aos 5(cinco) anos de idade foi entregue a um orfanato onde sofria
severos cas gos completamente nu. Nesse período passou a ter predileções por sadomasoquismo.
Já como adulto, pedia que seus filhos lhe batessem nas nádegas, inseria agulhas em sua virilha e
forçava tecidos em seu ânus, no qual era antes ateado fogo.

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O projeto de Costa e Terra ainda está sendo analisado por um comitê de é ca da PUC-RS, e os
cien stas se dizem confiantes de que a aprovação sairá para início dos trabalhos em março
de 2008. O custo da empreitada, avaliado por Terra em cerca de R$ 120 mil, será coberto com
doações da siderúrgica Gerdau para a pesquisa, afirma o secretário da Saúde.

Essa matéria é um perfeito exemplo de como a Biologia Criminal pode ser inserida na
Criminologia e na analise criminológica.
O que tem marcado a derrocada da Biologia Criminal no campo da Criminologia é sua
visão radical e independente. Mais uma vez ressaltamos que não há como destacar uma ciência
de outra quando estamos analisando os fatores criminológicos. Nesse sen do podemos
apontar as palavras de Eduardo Luiz Santos Cabe e:

“O retrocesso que pode ocorrer com uma adesão acrí ca a uma criminologia gené ca
com pretensões de controle sobre a conduta humana mediante intervenções pré ou
pós-deli vas, sustentando-se em concepções superadas do crime e do criminoso como
entes naturais marcados por desvios patológicos, também apresenta outra faceta
ainda mais sombria e obscura. Trata-se de uma clara tendência para a conformação
de uma estrutura totalitarista de poder” (Criminologia Gené ca, 2008, pg. 56). 10

A própria matéria indicada acima, afirma que “serão avaliados também aspectos
gené cos, neurológicos, psicológicos e sociais de cada pesquisado.”
Até mesmo o “pai da antropologia criminal”, Cesare Lombroso, percebeu ao fim de
seus estudos que não poderia iden ficar um indivíduo delinquente apenas baseando-se nos
estudos antropológicos. Passou a enxergar que as transformações sociais também
influenciavam os indivíduos, desajustando-os.

1.2. Psicologia Criminal

Como vimos anteriormente, em regra, nenhum fator isolado é capaz de tornar o


indivíduo criminoso. Além dos fatores sociais e biológicos, os fatores psicológicos têm grande
influência na análise criminológica.
Um dos primeiros registros do emprego da Psicologia Criminal se deu no século XIX, na
França, quando o Poder Judiciário solicitou a atuação de médicos a fim de que contribuísse com
a solução de alguns crimes. Esses delitos específicos não apresentavam nenhuma razão
aparente e seus autores não se enquadravam dentre aqueles com sinais de “loucura”.
A Psicologia Criminal volta seus estudos para questões rela vas à causa que levaria
uma pessoa a cometer um ato agressivo, ou por qual razão ví mas de bullying reagiriam

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Assim, como Albert Fish, vários outros Serial Killers apresentam fatores psicológicos
que podem ter contribuído para uma vida marcada pela criminalidade, tais como Ed Kemper,
Joachim Kroll, John Wayne Gacy (que inspirou o palhaço assassino de Stehpen King – “It, A
Coisa”), etc.
Alguns fatores podem levar indivíduos a um intenso nível criminológico, contudo, até
mesmo “pessoas de bem” podem ser influenciadas por questões psicológicas (quase
inconscientes) que os levem a pequenos delitos.
Algumas situações podem ser propulsoras na influência psicológica de um indivíduo
que o leve à criminalidade, nas palavras de David G. Myers:

“Se frustrações, insultos ou modelos agressivos aumentam as tendências de pessoas


isoladas, então esses fatores têm probabilidade de inspirar as mesmas reações em
grupos. Ao começar um tumulto, os atos agressivos, por exemplo, muitas vezes
espalham-se rapidamente após o início de um processo agressivo de uma pessoa
antagônica. Ao verem saqueadores pegando livremente aparelhos de TV,
espectadores normais que respeitam as leis, podem abandonar sua inibição moral e
imitá-los.” (Psicologia Social, tradução A.B. Pinheiro de Lemos)

11
Esse cenário pode ser muito bem ilustrado quando da greve dos Policiais Militares
no Estado do Espírito Santo em fevereiro de 2017. Nessa oportunidade, sem policiamento
ostensivo, saques tomaram conta de todo o Estado, onde pessoas – inicialmente, sem
comportamento desviante – cometeram furtos (saques) influenciados por uma “onda”.

Ainda sobre esse episódio, frisamos o que foi dito por um dos delegados de polícia
de um dos municípios mais afetados por esses delitos, Delegado Faus no Antunes:

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“A gente não imaginava que pessoas, inclusive, que não são dadas à vida do crime,
lamentavelmente se envolveram nessa situação”. Corroborando a análise, uma das
pessoas que subtraiu mercadorias de uma loja durante o “frenesi” da massa, acabou
devolvendo os produtos na delegacia e disse que “no momento, eu vi aquele arrastão,
tudo aquilo acontecendo e acabei me deixando levar, pegando uns pertences que
estou devolvendo”.

1.3. Sociologia Criminal

De um estudo de criminalidade focado no indivíduo ou em pequenos grupos, a


Criminologia passou a se preocupar com grande ênfase no estudo da macrocriminalidade, uma
abordagem dos fatores que levam a sociedade como um todo a pra car ou não infrações criminais.
A obra, “Criminologia Crí ca e Crí ca ao Direito Penal”, de Alessandro Bara a, define a
Sociologia Jurídica e a diferencia da Sociologia Jurídica Penal, trazendo a ideia de uma
Sociologia Criminal que vem a desmis ficar as análises realizadas ao longo do tempo pela
criminologia, observando o comportamento desviante, sua gênese e sua função dentro da
estrutura social.
Para o autor, o direito penal apresenta a tendência de privilegiar interesses de classes
12
dominantes no sistema e a imunizar o processo tendente à criminalização de indivíduos que
pertencem a tal classe. Tais indivíduos são ligados funcionalmente à existência de acumulação
capitalista e tendem a dirigir o processo de criminalização para as formas de desvio picas das
classes consideradas subalternas. Entende que o direito penal possui seu processo de
separação e proteção de uma classe mais abastada e arraigada nos moldes capitalistas em
detrimento de outros. Portanto, iden fica que existem estamentos sociais e que dentre eles
encontram-se aqueles considerados para um controle intensificado do direito penal:
Assim afirma o autor:

“Podemos determinar a relação da sociologia jurídica com a ciência do direito, tendo em


vista o objeto, dizendo que o objeto da ciência do direito são normas e estruturas
norma vas, enquanto a sociologia jurídica tem a ver com modos de ação e estruturas
sociais. É mais di cil precisar a relação com a filosofia do direito e com a teoria do direito. Na
verdade, trata-se aqui, principalmente, de problemas de terminologia: "filosofia do direito"
e "teoria do direito" são usadas pelos interlocutores para denotar conceitos diversos.”

1.3.1. Macrossociologia X Microssociologia

A fim de melhor diferenciar essas duas vertentes da Sociologia, amparamo-nos nos


ensinamentos de Francis Cullen e Robert Agnew (Criminological Theory: Pas o Present –
Essen al Readings) e Ryanna Palas Veras (Nova Criminologia e os Crimes do Colarinho Branco)

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“As Teorias psicológicas ou microssociológicas estudam o problema do crime sob a
perspec va do indivíduo e, interação com o meio social. A sociedade cria as condições para o
desvio (o espaço geográfico, a pressão por sucesso, a falta de oportunidades, etc.), e a
microssociologia estuda como essas condições atuam no indivíduo, de forma par cular.
Encontram a predeterminação do crime no sujeito. Analisam as formas de transmissão do
comportamento criminoso e as mo vações sociais que levam um indivíduo a delinquir. São
Teorias que abandonaram a variante puramente individualista (biológica) e consideram
importante a influência da sociedade sobre o homem, enfa zando a formação, os valores e os
contatos sociais. A linha de pesquisa microssociológica é a predominante nos Estados Unidos.”
(Francis Cullen e Robert Agnew - Criminological Theory: Past to Present – Essen al Readings)
“A segunda linha de pesquisa da sociologia, a perspec va macrossociológica, detém-se
na estrutura social, não considerando o indivíduo como objeto de seu estudo. Considera a
própria 'sociedade criminógena' seu objeto de estudo. O crime é tomado como um fato
puramente social, produto da atuação das estruturas sociais, sem referência a
condições individuais. Assim, o objeto de estudo da macrossociologia não é o indivíduo,
mas o funcionamento da sociedade por si só.” (Ryanna Palas Veras - Nova Criminologia e
os Crimes do Colarinho Branco) 13
O mesmo autor recém citado, Alessandro Barata, afirma sobre impossibilidade de se
dissociar a “macrossociologia” da “microssociologia”. Antes disso, fundamental definir cada
uma e seu campo de atuação.
a) Macrossociologia: Analisa os fatores sociológicos de uma maneira mais ampla.
Estuda seus reflexos na sociedade como um todo. U liza-se de meios especula vos.
(ex. sistema polí co, ordem econômica, industrialismo).
b) Microssociologia: Foca sua observação no indivíduo e pequenos grupos, interações
sociais humanas e co dianas. Emprega meios interpreta vos. (ex. assédio sofrido
pelas mulheres,

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Nesse contexto,Alessandro Barata assevera que:

“Assim, não se trata, apenas, de determinar a área de pesquisa de uma sociologia


especial, mas também, e talvez ainda mais, o problema da relação funcional, e
portanto explica va, dos fenômenos estudados na área assim circunscrita, com a
estrutura socioeconômica global de que fazem parte. Só enfa zando este aspecto da
unidade da sociologia jurídica, a nossa matéria pode realizar a função de teoria
crí ca da realidade social do direito, que consideramos sua tarefa fundamental. Por
outro lado, só com esta condição se pode realizar a função prá ca da sociologia
jurídica, em sua mais vasta dimensão polí ca, sem cair em um mero instrumentalismo
tecnocrá co, como aconteceria se esta função, por exemplo, se circunscrevesse a
fornecer dados ao "polí co" para suas decisões legisla vas e administra vas.”

Para o autor, os objetos da criminologia devem ser analisados sobre um prisma


“microssociológicos”, ou seja, individualizando as condições do autor, ví ma e do delito em si.
Porém, por ser adepto da corrente crí ca da criminologia, que entende o criminoso como
uma ví ma do sistema capitalista, a análise dos fatores socioeconômicos devem ser
estudados em uma vertente “macrossociológica”.
14
Para Eduardo Viana (Criminologia), também merece destaque essa divergência entre a
macrossociologia (social) e a microssociologia (indivíduo):

“Considerando a mul plicidade de teorias que se debruçam sobre a realidade do crime,


imperioso um recorte para abordar, apenas, aquelas cuja estruturação desenvolve-se sob o
viés social (ou macrossociológico). Nos capítulos antecedentes as teorias focavam a
explicação do crime a par r de uma perspec va individual – do homem delinquente; agora,
vou me deter nas explicações criminológicas a par r das relações e interação do indivíduo com a
sociedade. São, pois, teorias que elevam a sociedade ao patamar de fator criminógeno.”

O citado autor faz essa diferenciação após abordar as Escola Clássica e Posi vista, e antes
de inicias os estudos das teorias sociológicas. Ainda esclarece que “são sociológicas todas aquelas
estruturações que não têm como paradigma e ológico fatores patológicos individuais.”

1.3.2. Fatores Sociais da Criminalidade

Nos tempos atuais, não há dúvidas que fatores sociais influenciam a criminalidade de modo
direto. Como insis mos em destacar nesse ponto, nenhuma matéria isolada é capaz de diagnos car
e determinar a origem da criminalidade no indivíduo. Justamente por isso, ressaltamos que os
fatores sociais a seguir elencados, podem “influenciar” ou “despertar” a criminalidade.
Nesse sen do, convido os alunos a fazerem um exercício individual e hipoté co. De

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antemão informo que não há uma resposta precisa e certa, até mesmo porque no campo das
hipóteses não há certezas.
Imagine se você aluno, crescesse em uma família desestabilizada, com pais viciados em
drogas, presenciando quase diariamente agressões entre seus pais e sofrendo também severas
lesões, convivesse com a criminalidade, miséria e o abandono de perto, será que teriam a
mesma mente que possuem hoje?
Não podemos responder essa pergunta com grau de confiança, mas se mostra
interessante analisar como fatores sociais podem influenciar a criminalidade.
Auxiliando esse exercício mental proposto, indico aos alunos procurarem ouvir a
música “Eu não pedi pra nascer”, do grupo “Facção Central”. Independente do gênero musical
de preferência, atente-se para a letra que retrata uma situação hipoté ca para a música, mas
que é a realidade de muitas crianças.
Nessa seara, destacaremos alguns fatores sociais que podem influenciar a
criminalidade em uma sociedade:
a) Sistema Econômico: A criminalidade é um excelente diagnós co da situação
econômica de uma sociedade. Situações de desemprego geradas por fechamento 15
de empresas aumenta a criminalidade na área respec va;
b) Pobreza e Miséria: Adolphe Quetelet elaborou um estudo associando a pobreza à
criminalidade apresentando esta s cas criminais. Que fique claro que a pobreza e a
miséria não são fundamentais para que o indivíduo se torne um criminoso, mas, se
associada a outros fatores (ainda que não só sociológicos), há influência na
criminalidade.
c) Más condições de Vida: Várias circunstâncias podem levar à más condições de vida,
tais como uma infância abandonada, miséria, doença (alcoolismo, vício em drogas,
debilidade mental), etc.
d) Fome e Desnutrição: Autores como J. Maxwell (o crime e a sociedade) e W. Bonger,
afirmam que a fome é a origem de muitos delitos, sendo importantes fatores da
criminalidade.
e) Educação e Alfabe smo: Não há dúvidas que a educação é fator de grande
relevância para diminuir a criminalidade, em contrapar da, a má educação (formal)
e o analfabe smo exerce grande influência para elevar os índices de criminalidade.
Infelizmente, percebemos que o Poder Público parece não vislumbrar desse
entendimento, pois um dos grandes problemas do País na atualidade é o baixo nível
de educação.

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f) Meios de Comunicação: Em tempos recentes, cresce no meio da Criminologia, um
ramo específico voltado para esse estudo (dentre outros mais amplos): A
Criminologia Cultural (tema de capítulo futuro) e a Criminologia Midiá ca. Vemos
hoje, principalmente na televisão, a banalização de relevantes temas como sexo e
violência que influenciam na criminalidade individual. Além disso, as matérias
jornalís cas possuem enfoque diferente conforme a crime específico (quem
cometeu o crime, que crime foi come do, quem foi a ví ma, etc.)
g) Polí ca: “A forma de governo determina pos de comportamento diferentes no povo e
a criminalidade, igualmente, terá pos diferentes, na proporção exata em que os
cidadãos gozem de maior ou menor liberdade. Isto porque o povo, independente do
regime polí co, por meio de um mime smo quase generalizado, passa a imitar as elites
governantes.” (FERNANDES. Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada)
h) Desigualdade Social: A desigualdade social é um dos principais fatores sociológicos
que interferem no estudo criminológico. Se uma sociedade é toda miserável, não há
comparação entre seus indivíduos em relação aos demais aspectos. Já na sociedade
com desigualdade acentuada, os contrastes se agravam, causando um
“desconforto” naqueles desfavorecidos. 16

1.4. Modelos Sociológicos do Consenso e do Conflito

Como vimos anteriormente, um dos obje vos da Criminologia é entender os


elementos jus ficadores de um delito, para isso, par ndo de uma análise macrossociológica, a
“estrutura” da sociedade passa a ser estudada como fator preponderante na produção
criminológica.
Com visões dis ntas, duas grandes correntes surgiram com posições antagônicas em
relação aos obje vos da comunidade como um todo: Teorias do Consenso e Teorias do Conflito.

1.4.1. Teorias do Consenso

As Teorias do Consenso também são chamadas de Teorias de Integração e Teorias de


Cunho Funcionalista.
O grande marco dessas teorias é defender que a sociedade possui obje vos comuns a
todos os indivíduos. Prega que existe um consenso entre os membros de uma comunidade
quando esta age em um perfeito funcionamento. Entendem que a finalidade da sociedade é
a ngida quando há um perfeito funcionamento de suas ins tuições.
A Teoria do Consenso rara Jorge de Figueredo Dias e Manoel da Costa Andrade
(Criminologia) se resume a “O poder (...) é exercido em nome, no interesse e com o apoio de todos.”

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Ralf Dahrendorf (Sociedad y liberdad) vai mais além ao afirmar que para a Teoria do
Consenso “A sociedade se mantém, graças ao consenso de todos os membros acerca de
determinados valores comuns (...) um paraíso na terra.”
As teorias do consenso são mais ligada a pensamentos conservadores, que entendiam
os obje vos da sociedade eram estanques. Afirmam que toda sociedade tem uma estrutura
estável que se sustenta no consenso entre seus integrantes.

Exemplos de teorias do Consenso:


· Escola de Chicago;
· Teoria da Associação Diferencial;
· Teoria da Anomia;
· Teoria da Subcultura Deliquente

1.4.2. Teorias do Conflito

As Teorias do Conflito também são chamadas de Teorias de cunho Argumenta vo.


Para essas teorias, não há na sociedade um senso comum. De fato, há obje vos
definidos pela cole vidade, mas esses obje vos são impostos por uma classe dominante sobre
uma classe dominada. Os obje vos da sociedade são mutáveis durante o tempo, assim, não há 17
como defini-lo de maneira perene.
A teoria sociológica do conflito vincula-se a orientações ideológicas e polí cas
progressistas, entemdem que a sociedade é uma organização dinâmica, que se altera com o
tempo. Considera ainda que a harmonia social advém da coerção e do uso da força, pois as
sociedades estão sujeitas a mudanças con nuas e são predispostas à dissolução.
Segundo Eduardo Viana (Criminologia)

“Em linhas gerais, este sistema conflitual determina, em sede de Direito penal, um
planejamento de produção de normas (criminalização primária) voltado para assegurar o
triunfo da classe dominadora. A histórica preferência da programação criminalizante pelas
classes inferiores seria uma comprovação da essência conflitual, a exemplo do que postulam
os teóricos da reação social (ou crí ca)

A harmonia social é imposta à força, por meio de coerção, ignorando a voluntariedade


de cada indivíduo.

Exemplos de teorias do Conflito:


· Teoria Crí ca ou Radical
· Teoria do Labelling Approach, E quetamento, Reação Social ou Interacionismo
Simbólico

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CARACTERÍSTICAS TEORIAS DO CONSENSO TEORIAS DO CONFLITO

CUNHO Funcionalista/Integração Argumenta vo/Coerção

IDEAIS Conservadores Progressistas

SOCIEDADE Estanque Dinâmica

Labeling
Escola de Chicago
Approach/E quetamento

Associação Diferencial Crí ca/Radical


TEORIAS
Funcionalista Feminista

Anomia Cultural

Subcultura Deliquente Queer

2. TEORIA SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE


Nesse capítulo estudaremos as principais Teorias Sociológicas da Criminalidade, ou
seja, aqueles modelos teóricos que estudam como os fatores da sociedade de um modo geral 18
(polí ca, economia, espaços urbanos, etc.) influenciam na produção criminológica.

2.1. ESCOLA DE CHICAGO E TEORIA ECOLÓGICA OU DESORGANIZAÇÃO SOCIAL

Academicamente, trata-se de duas teorias dis ntas, mas que possuem grande ligação e
vários pontos incomuns. Por isso, dida camente preferimos compilar seus ensinamentos em
um mesmo capítulo a fim de facilitar a compreensão do aluno.

ESCOLA DE CHICAGO / TEORIA ECOLÓGICA


TEORIA DO CONSENSO

PERÍODO: DÉCADAS DE 20 E 30

Essa Teoria, destacada por Robert Park,


teve seu marco em 1925 quando o autor
publicou sua obra “The city – Sugges on
for the invaes ga on of Human
Bahavior in the City Environment.”

(Imagem 2 – Robert Park)

Escola de Chicago é uma das teorias do consenso que surgiu nas décadas de 20 e 30 nos
Estados Unidos, mais precisamente na Universidade de Chicago com o estudo nomeado “sociologia

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Imagem 4 – Zonas Concêntricas de Ernest Burgess(h p://www.cidadesturismo.com/2016/02/
a-cidade-como-objeto-de-estudo_20.html)
19
Explicando melhor as Zonas Concêntricas de Ernest Burgess, u lizamos os
ensinamentos de Wagner Cinelli de Paula Freitas (Espaço urbano e criminalidade – Lições da
Escola de Chicago. São Paulo):

· A Zona I: É o bairro central, com comércio, bancos, serviços, etc. Burgess chamou esse
distrito de 'loop'.
· A Zona II: É a área imediatamente em torno da Zona I e representa a transição do distrito
comercial para as residências. Normalmente ocupada pelas pessoas mais pobres, é a
chamada zona de transição.
· A Zona III: Contém residências de trabalhadores que conseguiram escapar as péssimas
condições de vida da Zona II, sendo composta geralmente pela segunda geração de
imigrantes.
· A Zona IV: É chamada de suburbia, é formada por bairros residenciais e é caracterizada por
casas e apartamentos de luxo. É onde residem as classes média e alta.
· A Zona V: Denominada exurbia, fica além dos limites da cidade e contém áreas
suburbanas e 'cidades-satélites'. É habitada por pessoas que trabalham no centro e
dependem um tempo razoável no trajeto entre casa e trabalho. Esta área não é
caracterizada por residências proletárias.Ao contrário, normalmente é composta de
casas de classe média-alta e alta.

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das grandes cidades”. É considerada o “berço da moderna criminologia americana”.
Seu estudo baseava-se na teoria ecológica ou teoria da desorganização social, ou seja,
como o espaço urbano pode influenciar o desenvolvimento da criminalidade, conhecida como
“Antropologia Urbana”.
O surgimento dessa Escola reflete o período marcado por grande migração e formação
das grandes metrópoles. Aqueles que se mudavam para esses grandes centros nham um
choque cultural e a tendência é que se unissem na formação de “guetos”.
Essa Teoria prega que um dos principais fatores que levam ao aumento da criminalidade é a
ausência de um Controle Social Informal decorrente do crescimento exponencial das grandes
metrópoles.

“A teoria ecológica explica esse efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos
conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos e,
sobretudo, invocando o debilitamento do controle social desses núcleos. A
deterioração dos grupos primários (família, etc.), a modificação qualita va das
relações interpessoais que se tornam superficiais, a alta mobilidade e a consequente
perda de raízes no lugar da residência, a crise dos valores tradicionais e familiares, a
superpopulação, a tentadora proximidade às áreas comerciais e industriais onde se 20
acumula riqueza e o citado enfraquecimento do controle social criam meio
desorganizado e criminógeno” (Antonio García-Pablos de Molina. Criminologia)

O crescimento da cidade de Chicago ocorreu de maneira centrífuga (do centro para a


periferia), viabilizando grandes problemas de criminalidade. As zonas mais periféricas contribuem
para a proliferação de “gangues”. Um fato curioso sobre o surgimento das “Teorias das Zonas
Concêntricas”, é que ela foi idealizada por um jornalista (além de sociólogo), o que ressalta papel da
pesquisa nessa Escola:

(Imagem 3 – Ernest Burgess)

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O conceito de subúrbio das cidades norte-americanas é diverso do das cidades da América
La na. Enquanto nas cidades la no-americanas o subúrbio é usualmente caracterizado
por ser uma área pobre, nos EUA, é onde residem pessoas Vde alto padrão
socioeconômico.

Para os pesquisadores dessa Escola, a Zona II era onde se concentrava os maiores


índices de criminalidade. Justamente decorrente dessa pesquisa é que se passou a dar uma
maior atenção a um produto analisado posteriormente por outras escolas: “as gangues e a
delinquência juvenil”.
Para a Escola de Chicago e Teoria Ecológica são fatores que influenciam a produção de
crimes:
· Explosão Demográfica
· Industrialização
· Migrações
· Conflitos Culturais
· Deterioração da Família
· Relações Superficiais
21
· Alta Mobilidade
· Falta de Raízes
· Crise de Valores
· Desorganização Social

A CIDADE DESORGANIZADA PRODUZ CRIMES

Outro marco da Escola de Chicago foi a aplicação do empirismo, pois os indivíduos da


comunidade eram “interrogados” por uma equipe especial a fim de desenhar um gráfico da
criminalidade em relação a cada região da metrópole. Outro método muito empregado para se
conhecer o real índice de criminalidade foi o emprego dos “Inquéritos Sociais” (social surveys).

“Park pregava que a sociologia não estava interessada em fatos, mVas em como as
pessoas reagiam a eles. Nesse compasso, a experiência prá ca era considerada
fundamental, visto que a melhor estratégia de pesquisa era aquela em que o
pesquisador par cipava diretamente do objeto de seu estudo. Este método inovador e
cuja introdução na pesquisa se deve à Escola de Chicago é o da observação
par cipante. Nesse método, o observador toma parte no fenômeno social que estuda,
o que lhe permite examiná-lo da maneira como realmente ocorre.Assim, o
conhecimento tem por base não a experiência alheia, mas a própria experiência do
pesquisador.” (FREITAS, Wagner Cinelli de Paula. Espaço urbano e criminalidade –
Lições da Escola de Chicago. São Paulo)

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Muitas outras Escolas/Teorias criminológicas decorreram da Escola de Chicago, são
elas: Teoria Espacial, Teoria das Janelas Quebradas, Teoria da Tolerância Zero.

2.1.1. Teoria Espacial

Essa Teoria decorre da Escola de Chicago e da Teoria Ecológica. Teve seu ápice na
década de 1940 e defendia a influência arquitetônica e urbanís ca das grandes urbes como
meio de prevenir o crime.

22

(Imagem 5 – Revitalização da área central da Cidade de Boston)

(Imagem 6 – Revitalização da Cidade de Medelin)

As imagens acima demonstram como a revitalização de espaços urbanos pode


contribuir para redução da criminalidade. Um grande caso prá co é a cidade de Medelin,
dominada pelo crime organizado nas décadas de 80 e 90, passou por grande transformação e
consequente redução dos índices de crime.
2.1.2. Teoria das Janelas Quebradas

Assim como a Escola de Chicago, a Teoria das Janelas Quebradas teve seu surgimento nos
Estados Unidos, e ambas possuem pontos em comum. Seu aparecimento é atribuído a James Q.

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Wilson e George Kelling, dois criminólogos da Universidade de Harvard que apresentaram um
estudo, in tulado “The Police and Neiborghood Safety” (A polícia e a Segurança da Comunidade)
em 1982 na Revista Atlan c Monthy relacionando o crime com a desordem.

(Imagem7 – James Q. Wilson) (Imagem 8 – Geroge Kelling)

O estudo apresentado pelos dois criminólogos acima, baseou-se em um experimento 23


realizado por Philip Zimbardo, psicólogo e professor da Universidade de Santanford que
comparou o comportamento de sociedades perante a desordem.

(Imagem 9 – Philip Zimbardo)

Dois carros foram deixados em bairros dis ntos: um em um bairro de luxo em Palo Alto,
Califórnia e outro no bairro do Bronx, em Nova Yorque. O automóvel deixado no Bronx foi
“depenado” em trinta minutos, enquanto o veículo deixado no bairro de classe alta em Palo Alto
permaneceu intacto por uma semana. Contudo, após umas das janelas do carro deixado em
Palo Alto ser quebrada, o restante do automóvel não durou mais que poucas horas.
Uma das conclusões desse experimento reflete o que já era pregado pela Escola de

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Chicago: que a ausência de controle informal gera uma elevação dos índices de criminalidade.
Assim assevera João Milanez da Cunha Lima e Luis Fernando da Cunha Lima (Perfil Social do Crime):

“... estes fatos estão a demonstrar que uma área se torna vulnerável ao crime quando os
moradores se descuidam dos seus padrões de controle social, quando deixam de tomar as
providências devidas para eliminar fatores adversos, quando se isolam em suas próprias
casas, quando não se interessam pelo que se passa à sua volta, evitando até os vizinhos. O
ambiente de desleixo e abandono, por falta de coesão social, dando a sensação de que as
pessoas 'não estão nem aí', cons tui claro indício do afrouxamento do controle social, que
não deixará de fomentar desordens, pequenas infrações, arruaças e bebedeiras, em
detrimento da qualidade de vida. Não tarda mudarem-se dali as pessoas ordeiras, mais
apegadas ao bairro, sendo subs tuídas por moradores mais instáveis, que passam a
habitá-lo em caráter provisório. O caminho fica aberto para o tráfico de entorpecentes e o
crime violento, pragas de nossa época.”

Essa teoria assevera que os pequenos delitos devem ser reprimidos para que se evite
uma proliferação de crimes mais severos por deixar transparecer que há ausência de
autoridade sobre os bens. Como se verá a seguir, essa premissa está diretamente ligada à Teoria 24
da Tolerância Zero.

2.1.3. Teoria da Tolerância Zero

Mais uma teoria decorrente da Escola de Chicago e da Teoria Ecológica que se enquadra
no “Movimento de Lei e Ordem” que se caracteriza por uma maior atuação policial visando à
diminuição da criminalidade, seja de crimes de repercussão, ou de pequenas infrações, todas
comba das com o mesmo rigor.
Essa teoria foi implementada na prá ca nas décadas de 80 e 90, na cidade de Nova
Iorque. George Kelling, um dos precursores da Teoria das Janelas Quebradas exerceu a função
de consultor do Departamento de Trânsito da cidade de Nova Iorque em 1985. O então
Comissário de Polícia de Nova Iorque, Willian Bra on, nomeado pelo prefeito Rudolph Giuliani,
seguindo os preceitos de George Kelling e sua Teoria das Janelas Quebradas delineou a Teoria da
“Zero Tolerance” (Tolerância Zero).

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(Imagem 9 – Comissário de Polícia de Nova Iorque Willian Bra on

25
(Imagem 10 – Prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani)

A polícia nova-iorquina passou a adotar uma postura rigorosa contra pequenas


infrações e pessoas em situação de “vadiagem”, tais como os homeless (sem-teto), mendigos,
pichadores (em especial das estações de metrô), executores de serviços informais (ex.
“squeegeemen” – limpadores de para-brisas e vendedores em semáforos), bêbados,
adolescentes baderneiros e até mesmo contra pedestres imprudentes.
Willian Bra on chegou a afirmar que “os simples bole ns de ocorrência nas delegacias
acabaram (nos Estados Unidos trata-se de DATS – 'deskappearance ckets', que obrigam,
legalmente, o cidadão a se dirigir à delegacia de polícia local, onde as acusações contra ele serão
formalizadas). Se você urinar na rua, vai para a cadeia. Estamos decididos a consertar as janelas
quebradas e impedir quem quer que seja de quebrá-las de novo” (Declaração extraída da
autobiografia de Bra on, citada por Loïc Wacquant. Cf. WACQUANT, Loïs. Punir os pobres: a
nova gestão da miséria nos Estados Unidos. 3. Ed. Rio de Janeiro: Revan, 2007.)

ATENÇÃO!

“Teoria das Janelas Quebradas” não se confunde com a “Teoria da Tolerância Zero”

Importante mencionar que, apesar de terem a mesma origem e se basearem em


princípios semelhantes, a Teoria das Janelas Quebradas não se confunde com a Teoria da

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Tolerância Zero, pois esta tem como modo de atuação uma resposta mais agressiva por parte
do poder policial ante os delitos menores.
Conforme afirma Tiago Ivo Odon na elaboração do Texto para Discussão nº 194 do
Núcleo de Estudos e Pesquisas da Consultoria Legisla va do Senado Federal:

“Importante ressaltar, contudo, que uma polí ca do po “janelas quebradas” é


diferente de uma polí ca do po “tolerância zero”. Esta úl ma adicionou como
ingredientes a resposta dura da autoridade policial aos pequenos infratores e o
aumento da eficiência do aparato de vigilância.” (grifo não original)

2.1.4. Teoria dos Tes culos Despedaçados (breaking balls theory)

A "teoria dos tes culos despedaçados" (breaking balls theory), originária da sabedoria
policial comum, es pula que se os policiais perseguirem com insistência um criminoso notório
por pequenos crimes ele acabaria vencido pelo cansaço e abandonaria o bairro para ir cometer
seus delitos em outro lugar. Fundamenta a teoria das janelas quebradas quanto a intolerância
com os pequenos delitos. Segundo esta teoria, a repressão imediata e severa das menores
infrações na via pública detém o desencadeamento de grandes atentados criminosas
26
(r)estabelecendo nas ruas um clima sadio de ordem – prender os ladrões de galinhas permi ria
paralisar potenciais bandidos maiores.
Teoria dos tes culos quebrados (ou despedaçados) liga-se in mamente com a Teoria
das janelas quebradas.

2.2 TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL

TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL / APRENDIZAGEM SOCIAL /”SOCIAL LEARNING”


TEORIA DO CONSENSO
PERÍODO: DÉCADAS DE 30 E 40

A criminologia usou a expressão “Crimes do Colarinho Branco” pela


primeira vez em 1940 por ocasião de um ar go de autoria de Edwin
Hardin Sutherland, da Universidade de Indiana, nominado “White
Collar Criminality” publicado na American Sociological Reiew. Esse
(Imagem 11 – Gabriel Tarde)
estudo foi baseado no pensamento de Gabriel Tarde, jurista e
sociólogo francês.

(Imagem 12 –Edwin Sutherland)

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A premissa básica dessa Teoria assevera que o comportamento desviante era
aprendido por associação. Ela comba a a ideia de que se tratasse de algo hereditário. Não se
trata especificamente de uma ligação entre criminosos e não criminosos, mas sim de fatores
favoráveis ou desfavoráveis ao delito.
Para se assimilar esses fatores, necessitar-se-ia de conhecimento especializado e
habilidade além da propensão em querer rar proveito dessas situações. O crime não pode ser
definido apenas como disfunção ou inadaptação das pessoas de classe menos favorecidas, pois,
alguns comportamentos desviantes requerem conhecimento especializado, ou ainda
habilidade de seu agente, o qual aprende tal conduta desviada e associa-se a ela. Nas palavras de
Sérgio Salomão Shecaira:

“A teoria da associação diferencial parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser
definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos
favorecidas, não sendo ele exclusividade destas. Em certo sen do, ainda que influenciado
pelo pensamento da desorganização social de Willian Thomas, Sutherland supera o
conceito acima para falar de uma organização diferencial e da aprendizagem dos valores
criminais. A vantagem dessa teoria é que, ao contrário do posi vismo, que já estava
centrado no perfil biológico do criminoso, tal pensamento traduz uma grande discussão
27
dentro da perspec va social. O homem aprende a conduta desviada e associa-se com
referência nela.”

Um aspecto importante destacado por Alessandro Bara a é a relação que o autor


emprega entre os crimes de colarinho branco e a teoria de Sutherland e Merton (Anomia):

“Para Merton, a análise da criminalidade de colarinho branco cons tuía, ao contrário,


principalmente um reforço da sua tese sobre o desvio inovador: a classe dos homens de
negócio, da qual se recruta grande parte desta população amplamente desviante, mas
escassamente perseguida, corresponde, de fato ao po caracterizado pela proposta
inovadora. Estes sujeitos – observa Merton – aderem e personificam decididamente o fim
social dominante na sociedade norte-americana (o sucesso econômico) sem ter
interiorizado as normas ins tucionais, através das quais são determinadas as modalidades
e os meios para a obtenção dos fins culturais.”(Criminologia Crí ca e Crí ca ao Direito Penal)

Luis Flavio Gomes e Antonio García-Pablos de Molina (Criminologia – Introdução a seus


fundamentos teóricos) elencam algumas proposições que caracterizam a teoria da associação
diferencial:

1. “A conduta criminal se aprende, como se aprende também o comportamento virtuoso ou


qualquer outra a vidade: os mecanismos são idên cos em todos os casos;

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2.3. TEORIA DA ANOMIA

TEORIA DA ANOMIA
TEORIA DO CONSENSO
(COM VIÉS MARXISTA)
PERÍODO: DÉCADAS DE 30

Teoria desenvolvida por Robert King


Merton, com base nos estudos de Émile
Durkhein (“A divisão do trabalho social”,
“As regras do método sociológico” e “O
suicídio”) que visa explicar o aspecto
sociológico da criminalidade por ser um
comportamento de dissociação entre as
aspirações socioculturais e os meios
(Imagem 13 – Roberto King Merton desenvolvidos para alcancá-las.

28

(Imagem 14–Émile Durkhein)

Émile Durkhein defende o desvio com um caráter funcional para a sociedade e não
como uma patologia da vida social como muitos entendiam. Alessandro Bara a (Criminologia
Crí ca e Crí ca ao Direito Penal) afirma que a teoria funcionalista e Durkhein representa uma
virada sociológica que rompe os paradigmas do “bem e do mal”.

“No âmbito das teorias mais propriamente sociológicas, o principal do bem e do mal foi
posto em dúvida pela teoria estrutural funcionalista da anomia e da criminalidade. (...) A
teoria estrutural-funcionalista da anomia e da criminalidade afirma:
1) As causas do desvio não devem ser pesquisadas nem em fatores bioantropológicos e
naturais (clima, raça), nem em uma situação patológica da estrutura social.
2) O desvio é um fenômeno normal de toda estrutura social.

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2. A conduta criminal se aprende em interação com outras pessoas, mediante um processo de
comunicação. Requer, pois, uma aprendizagem a va por parte do indivíduo. Não basta viver
em um meio criminógeno, nem manifestar é evidente, determinados traços da personalidade
ou situações frequentemente associadas ao delito. Não obstante, em referido processo
par cipam também a vamente, também, os demais.
3. A parte decisiva do citado processo de aprendizagem ocorre no seio das relações mais
ín mas do indivíduo com seus familiares ou com pessoas de seu meio. A influência
criminógena depende do grau de in midade do contato interpessoal.
4. A aprendizagem do comportamento criminal inclui também a das técnicas de
come mento do delito, assim como a da orientação específica das correspondentes
mo vações, impulsos, a tudes e da própria racionalização (jus ficação) da conduta deli va.
5. A direção específica dos mo vos e dos impulsos se aprende com as definições mais
variadas dos preceitos legais, favoráveis ou desfavoráveis a eles. A resposta aos
mandamentos legais não é uniforme dentro do corpo social, razão pela qual o indivíduo
acha-se em permanentemente contato com outras pessoas que têm diversos pontos de
vista quanto à conveniência de acatá-los. Nas sociedades pluralistas, dito conflito de
valorações é inerente ao próprio sistema e cons tui a base e o fundamento da teoria 29
sutherlaniana da associação diferencial.
6. Uma pessoa se converte em delinquente quando as definições favoráveis, isto é, quando
por seus contatos diferenciais aprendeu mais modelos criminais que modelos respeitosos
ao Direito.
7. As associações e contatos diferenciais do indivíduo podem ser dis ntas conforme a
frequência, duração, prioridade e intensidade dos mesmos. Contatos duradouros e frequentes,
é lógico, devem ter maior influência pedagógica, mais que outros fugazes ou ocasionais, do
mesmo modo que o impacto que exerce qualquer modelo nos primeiros anos de vida do homem
costuma ser mais significa vo que o que tem lugar em etapas posteriores; o modelo é tanto
mais convincente para o indivíduo quanto maior seja o pres gio que este atribui à pessoa ou
grupos cujas definições e exemplos aprende.
8. Precisamente porque o crime se aprende, isto é, não se imita, o processo de
aprendizagem do comportamento criminal mediante contato diferencial do indivíduo com
modelos deli vos e não deli vos implica a aprendizagem de todos os mecanismos
inerentes a qualquer processo deste po.
9. Embora a conduta deli va seja uma expressão de necessidades e valores gerais, não
pode ser explicada como concre zação deles, já que também a conduta adequada ao
Direito corresponde a idên cas necessidade e valores.”

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3) Somente quando são ultrapassados determinados limites o fenômeno do desvio é
nega vo para a existência e o desenvolvimento da estrutura social, seguindo-se um
estado de desorganização, no qual todo o sistema de regras de conduta perde valor,
enquanto um novo sistema ainda não se afirmou (esta é a situação de "anomia"). Ao
contrário, dentro de seus limites funcionais, o comportamento desviante é um fator
necessário e ú l para o equilíbrio e o desenvolvimento sócio-cultura”

A sociedade transmite a seus cidadãos metas culturais, em contrapar da, lhe oferece
meios (ins tucionalizados) para alcançá-las. Quando os meios não são suficientes para o
a ngimento das metas, ocorre uma situação de “anomia” (ausência de norma) em que as regras
sociais são ignoradas.
Merton criou um quadro que tenta jus ficar o comportamento dos indivíduos de acordo com
as metas culturais (obje vos para a ngir a 'felicidade') e os meios ins tucionalizados
(“ferramentas” que o Estado oferece para alcançar a “felicidade”).

30

· CONFORMIDADE: Comportamento conformista. Fora as situações excepcionais, é


a situação mais comum. O indivíduo acata os meios ins tucionalizados para a ngir
as metas sociais.
· INOVAÇÃO: Para a Anomia, aqui reside o indivíduo desviante, pois ele aceita as
metas impostas pela sociedade, mas não enxerga os meios ins tucionais
disponíveis para alcançá-las, assim, ele rompe com as normas (A-nomia) para
buscar a “felicidade”.
· RITUALISMO: Os indivíduos aceitam as metas impostas pela sociedade, mas refutam
os meios disponibilizados por entenderem que as metas jamais serão alcançadas.
· EVASÃO/RETRAIMENTO: Renunciam a tudo. Em regra são os bêbados, párias,
mendigos, drogados, etc.

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2.4. TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE

TEORIA DA SUBCULTURA DELIQUENTE


TEORIA DO CONSENSO
PERÍODO: DÉCADA DE 50

Teoria desenvolvida por Albert K. Cohen marcada


pela sua obra “Deliquent Boys” – 1955. Para o
autor, todo grupo humano possui suas normas,
condutas, filosofia própria que muitas vezes não
corresponde aos padrões gerais da sociedade.
(Imagem 16 – Albert K. Cohen

A Subcultura Delinquente estuda a gênese de grupos subculturais que não se encaixam


nos padrões impostos pela sociedade, e por essa razão, adotam uma postura de INOVAÇÃO
(comportamento destacado pela Teoria da Anomia em que os indivíduos aceitam as metas
culturais, mas repudiam os meios ins tucionais).
Essa teoria é contrária à noção de uma ordem social, ofertada pela criminologia
31
tradicional. Iden ficam-se como exemplos as gangues de jovens delinquentes, em que o garoto
passa a aceitar os valores daquele grupo, admi ndo-os para si mesmo, mais que os valores
sociais dominantes. Assim, o crime acaba por se tornar sinônimo de protesto ou forma de
“aparecer”, de ter status e adquirir respeito diante da comunidade.
Albert Cohen enumera 3 (três) fatores específicos para sua teoria: não u litarismo da
ação, malícia e nega vismo:
1. Não U litarismo da Ação: muitos crimes não possuem mo vação prá ca (ex. jovens
subtraem bens que não vão usar).
2. Malícia: é o prazer em prejudicar ou outro (ex. temor que joves de um gangue
empregam naqueles que não pertencem ao grupo).
3. Nega vismo: apresentam-se como um contraponto aso padrões impostos pela
sociedade.
Em se tratando de análise feita por ALESSANDRO BARATTA, autor do livro Criminologia
Crí ca e Crí ca ao Direito Penal, insta salientar o capítulo destacado à “Uma correção das
subculturas criminais: a teoria das técnicas de neutralização.”
Sob seu ponto de vista, a teoria das subculturas criminais é rela vizada pela teoria da
Analise das técnicas de Neutralização:

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· REBELIÃO: Assim como na “Evasão/Retraimento”, os indivíduos renunciam às
metas culturais e aos meios ins tucionalizados, porém, essa renúncia é a va. Ou
seja, lutam para estabelecer novos paradigmas e uma nova “ordem social”

Dessa maneira, a adesão aos fins culturais sem o respeito aos meios ins tucionais levaria
ao comportamento criminoso (Ex. Propagandas onde incutem que a “felicidade” só pode ser
alcançada mediante aquisição de determinado bem). Assim, o indivíduo que não aceita o grupo
social em que está inserido sem condições de “ser feliz”, opta pelo comportamento criminoso.

32

(Imagem 15 – Propaganda atrelando o produto à felicidade)

(Imagem 15 – Propaganda atrelando o produto à felicidade)

A Anomia surge em uma situação em que as metas culturais e os meios ins tucionais são
abandonados. Um bom exemplo pra ilustrar essa situação é o caso da greve dos policiais militares
no estado do Espírito Santo ocorrida em fevereiro de 2017 e mencionando no capítulo anterior.

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“(...) esta oposição de sistemas de valores e de normas não ocorre sempre, porque o
mundo dos delinquentes não é ni damente separado, mas inserido, também, na
sociedade, e porque os delinquentes estão, normalmente, subme dos a mecanismos de
socialização que não são tão específicos e exclusivos de modo a não lhes permi r
interiorizar valores e normas colocados na base do comportamento conformista.”
Essas técnicas de neutralização possuem pos fundamentais:
a) Exclusão da própria responsabilidade: o delinquente se vê como “arrastado” ao desvio,
e não agindo a vamente;
b) Negação de Ilicitude: o delinquente faz redefinições para que enxergue suas condutas
mais como proibidas do que imorais ou danosas (ex. brigas de torcidas como conflitos
privados sem importância para a comunidade)
c) Negação da vi mização: a ví ma mercê o sofrimento (não se trata de injus ça, mas de
uma punição justa);
d) Condenação dos que condenam: hipocrisia. A polícia é corrupta, mestres parciais, etc...

e) Apelo a instancias superiores: Normas da sociedade são deixadas de lado em nome dos
valores do subgrupo (lealdade, solidariedade, etc.) 33
2.5. TEORIA DA LABELLING APPROACH, REAÇÃO SOCIAL, INTERACIONISMO
SIMBÓLICO OU ETIQUETAMENTO

LABELLING APPROACH, INTERACIONISMO SIMBÓLICO


REAÇÃO SOCIAL OU ETIQUETAMENTO
TEORIA DO CONFLITO
PERÍODO: DÉCADA DE 60

Considerada uma das mais importantes Teorias do Conflito. Surgiu


nos anos 60 através do estudo de Erving Goffman e Howard Becker.
Seu estudo deixou de lado o delito em si e dedicou atenção à Reação
Social, ou seja, à interação entre a sociedade e o crime. Para o
Labelling Approach, o indivíduo acaba assumindo a "e queta" de
(Imagem 17 – Erving Goffman) criminoso que a sociedade lhe impõe passando a adotar uma
conduta desviante.

(Imagem 18 – Howard Becker)

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Para essa teoria, o ponto central da criminalidade não é uma caracterís ca do
comportamento humano, mas sim a consequência de um processo de es gma zação do
indivíduo como criminoso. Logo, o delinquente só se diferencia do homem comum pela
“e queta” que lhe é atribuída.
Para Raul Eugênio Zaffaroni, a tese central desta teoria pode ser definida, em termos
gerais, pela afirmação de que “cada um de nós se torna aquilo que os outros vêem em nós”e, de
acordo com essa mecânica, a prisão cumpre função reprodutora, ou seja, a pessoa rotulada como
delinquente assume o papel que lhe é consignado, comportando-se de acordo com o mesmo.
A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de es gma para os condenados,
funcionando a pena como geradora de desigualdades. O sujeito acaba sofrendo reação da
família, amigos, conhecidos, colegas, o que acarreta a marginalização no trabalho, na escola.
A teoria entende que a criminalização primária (primeira ação deli va) produz uma
e queta (rótulo) de criminoso, o que acaba influenciando para a criminalização secundária
(repe ção de atos deli vos). Ou seja, a es gma zação de criminoso acaba influindo na
interação com a sociedade que faz com que o indivíduo assuma essa condição.
Um bom exemplo, até mesmo grotesco, de uma situação de e quetamento (na prá ca)
ocorreu em São Paulo em junho de 2017 onde um adolescente teve sua testa tatuada com os 34
dizeres “Sou ladrão e vacilão” por ter sido pego em a tude suspeita em que os autores da
tatuagem entenderam que o menor iria subtrair uma bicicleta.

(Imagem 19 –E quetamento)

Esse rótulo de criminoso acaba impregnando no indivíduo que tem dificuldade de se


libertar pelo fato das barreiras que a sociedade impõe para aceitar novamente o “delinquente”
na comunidade e porque o próprio indivíduo acaba se enxergando com um criminoso.

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Há uma corrente mais radical que entende que entende que “as e quetas” são
impostas pelas ins tuições do Controle Formal: polícias, promotores, juízes, etc.
No campo prá co jurídico, há alguns bons exemplos de polí cas criminais embasadas
nessa teoria: Despenalização do uso de drogas, STF HC 143.641, que entendeu que o Brasil vive
uma poli ca de encarceramento e decidiu pela liberdade (em regra) de mulheres gestantes e
mães com filho na primeira infância, progressão de regimes, etc.

2.6 CRIMINOLOGIA CRÍTICA, CRIMINOLOGIA RADICAL OU NOVA CRIMINOLOGIA

CRIMINOLOGIA CRÍTICA, CRIMINOLOGIA RADICAL


OU NOVA CRIMINOLOGIA
TEORIA DO CONFLITO
Não há um nome marcante
atribuído a origem dessa PERÍODO: DÉCADA DE 70
Criminologia. Diferentes Teve seu surgimento marcado nos
autores atribuem seu estados Unidos e na Inglaterra,
surgimento a Georg sendo posteriormente expandida
Rusche, O o Kirchheimer, para países da Europa (Alemanha,
Willem Bonger, etc. Itália, França, Holanda, etc.). Tem 35
base Marxista e imputa ao
capitalismo a base da criminalidade,
pois esse sistema é caracterizado
pelo egoísmo e ganância.

Citando os ensinamentos da professora Monica Gamboa (Criminologia, matéria


básica): “Essa teoria Consolidou-se ao cri car as posturas tradicionais da teoria do consenso, eis
que, ancorada no pensamento marxista, acredita ser o modelo econômico adotado em
determinado local o principal fator gerador da criminalidade.”
Importante mencionar que essa corrente da Criminologia se originou em um momento
de elevado conflito poli co-ideológico marcado pela disputa entre direita e esquerda (Guerra
Fria: EUA x URSS).
Segundo Jorge de Figueiredo Dias e Manuel da Costa Andrade: “A Criminologia radical
é, em grande parte, uma criminologia da Criminologia, principalmente a discussão e análise de
dois temas: a definição do objeto e do papel da inves gação criminológica.” (Criminologia – O
homem delinquente e a sociedade criminológica).

“O principal obje vo da Criminologia crí ca foi a desconstrução do discurso jurídico penal,


por meio de uma descrição macrossociológica da realidade, ou seja, sua meta inicial é

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demonstrar como o programa oficial do direito penal é falso e encobre uma função real e
oculta, que é a de reproduzir as desigualdades sociais e manter de forma eficiente o 'stutus
quo' social.” (Ryanna Pala Veras. Nova Criminologia e os Crimes do Colarinho Branco”

A Criminologia Crí ca serviu de base para o surgimento de outras teorias


criminológicas como o abolicionismo criminal, direito penal mínimo e o neorrealismo.
· Abolicionismo Penal: Defende o fim as prisões e abolir o próprio Direito Penal, que
pode ser subs tuído pelo diálogo, entendimento e solidariedade. Direito penal só
serve para destacar as desigualdades sociais.
· Direito Penal Mínimo (Criminologia Minimalista): Defende a redução drás ca do
Direito Penal, pois entende que ele na atual situação encontra-se apenas
legi mando interesses de uma minoria
· Neorrealismo: Assevera que a criminalidade decorre da pobreza, não unicamente,
mas somada a outros fatores como individualismo, compe vidade, ganância,
machismo, etc. Defende também uma menor discricionariedade por parte da
Jus ça, pregando que os crimes mais graves devem ser comba dos com resposta
exemplar, aumentando assim a possibilidade de medidas cautelares deten vas. 36

2.7. MODERNOS MODELOS SOCIOLÓGICOS

Importante mencionar que as teorias até então explanadas são as mais expressivas no
estudo criminológico, bem como as mais cobradas em concursos públicos.
Entretanto, alguns “Modernos Modelos Sociológicos” tem surgido trazendo relevantes
aspectos a serem levados em conta no atual modelo sociológico em que vivemos:

a) TEORIA DO CONTROLE SOCIAL

Se analisarmos pormenorizadamente os Modelos já mencionados, notaremos que


essas teorias focam no porquê de os indivíduos ofedenrem as leis. Já a Teoria do Controle Social
entende que as relações sociais, bem como os compromissos, princípios, regra e crenças das
pessoas as encorajam a não violarem a lei.
Esta Teoria foi desenvolvida por Travis Hirschi, (1935) criminólogo americano conhecido
pela sua teoria do controle social (Causes of Delinquency) e do auto-controle (General Theory of
Crime). Um dos criminólogos mais citados do fim do século XX e começo do XXI.
Esta teoria afirma que os crimes ocorrem em decorrência do rompimento ou
afrouxamento de laços sociais. Um fator relevante em comparação com as teorias do conflito
recém vistas, foi a re rada do foco do caráter do desvio do infrator, pois não se prende a

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pergunta “por que o criminoso comete o crime?”, mas sim, considerando que a sociedade é
homogênea, foca na indagação: “por que nem todos cometem crimes?”
Esta Teoria pode apresentar algumas variações, como a Teoria Do Enraizamento Social,
também de Travis Hirschi. Para esta, os indivíduos em geral são infratores em potencial, só não se
concre zando como deliquentes pelo medo do dano irreparável em suas relações interpessoais.

b) TEORIA DA CONFORMIDADE DIFERENCIAL

Assim como a Teoria Do Enraizamento Social é considerada uma variação da Teoria do


Controle Social, esta TEORIA DA CONFORMIDADE DIFERENCIAL também, apresenta alguns
pontos em consonância com o modelo sociológico retro mencionado.
Esta Teoria foi desenvolvida por Sco Briar e Irving Piliavin. Segundo mencionado por
Antônio Pablo Garcia de Molina: “... existe um grau de variável de compromisso e aceitação dos
valores convencionais que se estende desde o mero medo do cas go até a representação das
consequências do delito na própria imagem , nas relações interpessoais, no status e nas
a vidades presentes e futuras. Isso significa que, em situações equiparáveis, uma pessoa com
elevado grau de compromisso ou conformidade com os valores convencionais é menos provável
que assuma comportamentos deli vos, em comparação com outra de inferior nível de 37
conformidade. E vice-versa.” (Briar, S. e Piliavin, I. Delinquency, situa onal inducements and
commitment to conformity, p. 41 e ss. Cf . Siegel, L. J. Criminology cit., p. 213-214. Cf. García-
Pablos, A. Tratado de criminología cit., p. 764 e ss.).

c) TEORIA DA CONTENÇÃO

Desenvolvida por Walter Reckless, esta teoria afirma que “a sociedade produz uma
série de es mulos, de pressões, que impelem o indivíduo para a conduta desviada. Mas referidos
impulsos são impedidos por certos mecanismos, internos ou externos, de contenção que lhes
isolam posi vamente.” (Reckle, W. The sociology of crime and delinquency: containment theory,
p. 402 e . ssO autor concede uma relevância prioritária ao autoconceito ou conceito de si mesmo
do indivíduo. Cf . García-Pablos, A. Tratado de criminología cit., p. 765 e ss.)
Segundo o autor, a sociedade apresenta uma série de impulsos internos (individuais) e
de pressões e influências externas (sociais) que atuam no sujeito produzindo uma possibilidade
de come mento de delito.
Porém, o indivíduo conta também com outros disposi vos internos e externos de contenção:

· INTERNOS:
Ø Solidez da personalidade individual, Bom autoconceito, "ego" acentuado,

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Ø Alto grau de tolerância à frustração,
Ø Metas e projetos bem-definidos,
Ø Etc.

· EXTERNOS:
Ø Repressão das normas, que exerce a sociedade e os diversos grupos sociais
para controlar seus membros, promovendo o indispensável sen mento de
integração na comunidade;
Ø Código moral consistente,
Ø Reforço dos valores,
Ø Normas e obje vos convencionais,
Ø Supervisão efe va e disciplina,
Ø Papéis sociais plenos de sen do
Ø Etc.

O comportamento criminal é produzido quando falham, por debilidade ou


inexistência, referidos mecanismos internos ou externos de contenção, que isolam o indivíduo
das forças criminógenas e permitem que neutralizem as pressões, impulsos ou influências
criminógenas.
38

d) TEORIA DO CONTROLE INTERIOR

Este modelos teórico tem forte ligação com a psicanálise e com a ciberné ca. Esta
Teoria foi desenvolvida por Albert J. Reiss Jr (1951). Segundo ela: “a delinqüência é o resultado de
uma rela va falta de normas e regras internalizadas, de um desmoronamento de controles
existentes com anterioridade e/ou de um conflito entre regras e técnicas sociais. A desviação
social é vista como a conseqüência funcional de controles pessoais e sociais débeis
(fundamentalmente pelo fracasso dos grupos primários)” (194. Reiss, A. J. Delinquency as the
failure of personal and social controls, American Sociological Review, 16,)

e) TEORIA DA ANTECIPAÇÃO DIFERENCIAL

Para Glaser (Unraveling juvenile delinquency, Appraisal of Research Methods, em


American Journal of Sociology, 57), a decisão de cometer ou não cometer um delito vem
determinada pelas conseqüências que o autor antecipa, pelas expecta vas que derivam de sua
execução ou não-execução. O indivíduo se inclinaria pelo comportamento deli vo se de seu
come mento derivam mais vantagens que desvantagens, considerando seus vínculos com a
ordem social, com outras pessoas ou suas experiências precedentes. E tais expecta vas, por sua
vez, dependeriam do maior ou menor contato de cada indivíduo com os modelos deli vos, isto
é, da aprendizagem ou associação diferencial.

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3. CADERNO DE QUESTÕES
OBSERVAÇÕES: Ler os comentários somente após a tenta va de resolução das questões sem consulta.

01. (VUNESP – 2014 – Fotógrafo Pericial – PCSP) contemporaneamente apenas aos


Pode-se citar como um dos fatores sociais inimputáveis.
desencadeantes da criminalidade: d) O abolicionismo penal de Louk Hulsman
defende o fim da pena de prisão e um direito
a) as condições favoráveis de habitação ou
penal baseado em penas restri vas de direito e
moradia.
multa.
b) o desemprego, no caso dos crimes do
e) A teoria da subcultura delinquente foi o
colarinho branco.
primeiro conjunto teórico a empreender uma
c) a migração, pela facilidade de adaptação em explicação generalizadora da criminalidade.
hábitos e culturas locais.
d) o crescimento populacional ordenado e 04. (CESPE – 2018 – Defensor Público – DPE-PE)
planejado. Com relação às escolas e às teorias jurídicas
e) a pobreza, no caso dos crimes contra o do direito penal, assinale a opção correta.
patrimônio.
a) Os posi vistas conclamavam a jus ça a olhar
02. (VUNESP – 2014 – Fotógrafo Pericial – PCSP) para o crime como uma en dade jurídica,
Os fatores que contribuem para a enquanto os clássicos encaravam o crime
criminalidade de cunho social são: como fatos sociais e humanos. 39
b) Na primeira metade do século passado,
a) biológicos e mesológicos
floresceu, na Universidade de Chicago, a
b) ambientais e locais chamada teoria ecológica ou da
c) oportunistas e costumeiros desorganização social, que considerava o
d) ocasionais e co dianos crime um fenômeno ligado a áreas naturais.

e) relevantes e irrelevantes c) A labelling approach enxerga o


comportamento criminoso como mo vado
03. (FCC– 2018 – Defensor Público – DPE-AM) por razões ontológicas ou intrínsecas, e não
Sobre as escolas criminológicas, é correto como decorrente do sistema de controle
afirmar: social.

a) A Escola de Chicago fomentou a u lização de d) A escola clássica ficou marcada pelo método de
métodos de pesquisa que propiciou o fundo dedu vo que empregava na ciência do
conhecimento da realidade da cidade antes de direito penal: o jurista deveria par r do
se estabelecer a polí ca criminal adequada concreto, ou seja, das questões jurídico-
para intervenção estatal. penais, para passar ao abstrato, ou seja, ao
direito posi vo.
b ) A t e o r i a d a ro t u l a ç ã o s o c i a l b u s c a
compreender as causas da criminalidade por e) Os clássicos adotavam princípios rela vos e
meio do processo de aprendizagem das que não se sobrepunham às leis em vigor,
condutas desviantes. evitando leis draconianas e excessivamente
rigorosas, com penas desproporcionais.
c) O posi vismo criminológico desenvolveu a
ideia de criminoso nato, aplicável

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05. (FCC– 2017 – Defensor Público – DPE-PR) A macrossociológicas, que não se limitavam à
criminologia da reação social análise do delito segundo uma visão do
indivíduo ou de pequenos grupos, mas
a) concentra seus estudos nos processos de consideravam a sociedade como um todo.
criminalização
Tendo esse fragmento de texto como referência
b) corresponde a uma teoria do consenso inicial, julgue o item a seguir, rela vo a teorias
c) explica o comportamento criminoso como sociológicas em criminologia.
fruto de um aprendizado. Relacionada a movimentos conservadores e a
d) iden ficou as subculturas delinquentes. orientações polí cas também conservadoras, a
e) explica a existência do homem criminoso pelo teoria sociológica do conflito considera que a
atavismo. harmonia social advém da coerção e do uso da
força, pois as sociedades estão sujeitas a
06. (MPE-SC – 2016 – Promotor de Jus ça – MPE-SC) mudanças con nuas e são predispostas à
No âmbito das teorias criminológicas, a teoria dissolução.
da subcultura delinquente, originariamente
conhecida como “Escola de Chicago”, 09. (CESPE – 2018 – Delegado de Polícia – PC-SE)
assevera que a delinquência surge como Em seu início, a sociologia criminal buscava
resultado da estrutura das classes sociais, que associar a gênese delituosa a fatores
faz com que alguns grupos aceitem a violência biológicos. Posteriormente, ela passou a
englobar as chamadas teorias
como forma de resolver os conflitos sociais. 40
macrossociológicas, que não se limitavam à
07. (VUNESP – 2015 – Delegado de Polícia análise do delito segundo uma visão do
Subs tuto – PC-CE) Sobre a teoria da indivíduo ou de pequenos grupos, mas
“anomia”, é correto afirmar: consideravam a sociedade como um todo.
Tendo esse fragmento de texto como referência
a) é classificada como uma das “teorias de
inicial, julgue o item a seguir, rela vo a teorias
conflito” e teve, como autores, Erving Goffman
sociológicas em criminologia.
e Howard Becker.
As teorias sociológicas de consenso vinculam-se a
b) foi desenvolvida pelo sociólogo americano
orientações ideológicas e polí cas progressistas.
Edwin Sutherland e deu origem à expressão
Essas teorias consideram que os obje vos da
white collar crimes.
sociedade são a ngidos quando as ins tuições
c) surgiu em 1890 com a escola de Chicago e teve funcionam e os indivíduos, que dividem os
o apoio de John Rockefeller. mesmos valores, concordam com as regras de
d) iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e convívio.
Robert King Merton, e significa ausência de lei.
10. (CESPE – 2018 – Delegado de Polícia – DPF)
e) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também
Julgue o item a seguir, rela vos a modelos
conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”.
teóricos da criminologia.
08. (CESPE – 2018 – Delegado de Polícia – PC-SE) Para a teoria da reação social, o delinquente é
Em seu início, a sociologia criminal buscava fruto de uma construção social, e a causa dos
associar a gênese delituosa a fatores delitos é a própria lei; segundo essa teoria, o
biológicos. Posteriormente, ela passou a próprio sistema e sua reação às condutas
englobar as chamadas teorias desviantes, por meio do exercício de controle

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s o c i a l , d e fi n e m o q u e s e e n te n d e p o r confli vas existentes dentro da sociedade e
criminalidade.Parte superior do formulário que estavam mascaradas pelo sucesso do
Estado de Bem-Estar Social” (SCHECAIRA,
11. (CESPE – 2018 – Delegado de Polícia – DPF) Sérgio Salomão. Criminologia. 4. ed. São
Julgue o item a seguir, rela vos a modelos Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 236).
teóricos da criminologia.
De acordo com a teoria da anomia, o crime se Sobre o trecho, é CORRETO afirmar que se refere
origina da impossibilidade social do indivíduo de ao movimento criminológico
a ngir suas metas pessoais, o que o faz negar a
A explicação do crime como fenômeno cole vo
norma imposta e criar suas próprias regras,
cuja origem pode ser encontrada nas mais
conforme o seu próprio interesse.
variadas causas sociais, como a pobreza, a
12. (CESPE – 2019 – Juiz de Direito Subs tuto – educação, a família e o ambiente moral,
TJ-BA) A explicação do crime como fenômeno corresponde à perspec va criminológica
cole vo cuja origem pode ser encontrada nas denominada
mais variadas causas sociais, como a pobreza,
a) do labelling approach, ramificação da
a educação, a família e o ambiente moral,
Criminologia do Conflito.
corresponde à perspec va criminológica
b) da anomia, ramificação da Criminologia do
denominada
Consenso.
a) sociologia criminal c) da associação diferencial, ramificação da 41
b) criminologia da escola posi va Criminologia do Consenso.
c) criminologia socialista d) da subcultura delinquente, ramificação da
d) labeling approach, ou e quetamento. Criminologia do Conflito.

e) ecologia criminal 14. FUMARC – 2018 – Escrivão de Polícia Civil –


PC-MG) Analise com atenção o trecho abaixo:
13. (FUMARC – 2018 – Escrivão de Polícia Civil –
PC-MG) Analise com atenção o trecho abaixo: Pesquisa inédita diz que não há relação direta
“[...] surgido nos anos 60, é o verdadeiro entre homicídios na zona sul de São Paulo e o
marco da chamada teoria do conflito. Ele tráfico de drogas
significa, desde logo, um abandono do
Estudo desvincula tráfico de violência
paradigma e ológico-determinista e a
subs tuição de um modelo está co e Pesquisa inédita reproduz a geografia das drogas
monolí co de análise social por uma em São Paulo e revela que não se pode associar
perspec va dinâmica e con nua de corte diretamente o tráfico à violência, principalmente
democrá co. A superação do monismo aos homicídios.
cultural pelo pluralismo axiológico de Mostra também que a maconha é a droga mais
pensamento. Assim, a ideia de encarar a apreendida e que ela é mais usada em bairros de
sociedade como um todo pacífico, sem classe média da região sudoeste da cidade, como
fissuras interiores, que trabalha para a Pinheiros, Campo Belo e Vila Mariana.
manutenção da coesão social, é subs tuída, O estudo, realizado pela Fundação Escola de
em face de uma crise de valores, por uma Sociologia e Polí ca (Fesp), com apoio do Ilanud,
referência que aponta para as relações órgão da ONU que trata da violência, e do Conen

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(Conselho Estadual de Entorpecentes), fez o "Lá é a zona desorganizada, de ocupação recente.
levantamento das prisões de pessoas acusadas Ela é mais violenta porque não há uma
de uso e de tráfico de drogas nos distritos policiais sociabilidade an ga que una as pessoas. É uma
da capital, durante o segundo semestre de 1996. região pobre, sem infraestrutura, onde
O trabalho foi concluído no final de 1997. predomina a cultura da violência. O tráfico mata,
Nesse período, houve 501 casos de apreensão de mas não é tanto quanto se supõe".
maconha, 362 de cocaína e 358 de crack. A h ps://www1.folha.uol.com.br/fsp/co dian/ff1
maconha representou mais de um terço das 2069801.htm
apreensões.
De acordo com a teoria da ecologia criminal
Segundo a pesquisa, o maior volume de prisões
formulada pela Escola de Chicago, aplicada à
de traficantes acontece no centro e na zona norte
reportagem, é INCORRETO afirmar:
da cidade. Nessas regiões, estão os bairros onde
ocorreram entre 6 e mais de 20 prisões de a) A ausência completa do Estado dá origem a
traficantes no segundo semestre de 1996. uma sensação de completa anomia, condição
De acordo com o chefe do CPM (Comando de potencializadora para o surgimento de grupos
Policiamento Metropolitano de São Paulo), jus ceiros, bandos armados que acabam por
coronel Valdir Suzano, a distribuição do efe vo da subs tuir o Estado na tarefa do Estado de
PM é proporcional à quan dade de habitantes de controle da ordem.
cada região da cidade, o que, em princípio, b) Com as transformações muito profundas na
descartaria a hipótese de um número menor de cidade, o papel de controle social informal 42
apreensões de drogas na zona sul em razão de desempenhado pela vizinhança con nua a
uma menor presença da polícia. manter o controle da criminalidade. Apesar da
O estudo ques ona a habitual vinculação dos fragmentação do controle social formal, a família,
homicídios ocorridos na zona sul ao envolvimento de a igreja, a escola, o local de trabalho, os clubes de
seus autores e ví mas com o tráfico ou o uso de drogas. serviço conseguem refrear as condutas humanas.

Segundo o DHPP (Departamento de Homicídio e c) É na periferia, ao menos segundo consta da


Proteção à Pessoa), 40% das chacinas ocorridas na reportagem, que o maior número de crimes ocorre,
região sul de São Paulo têm envolvimento de drogas. pois nessas áreas não há uma forte presença do
Estado; os laços que comumente são formados
No entanto, de acordo com a pesquisa da Fesp, na
entre as pessoas pra camente inexistem.
região sul, a mais violenta da cidade, é onde acontece
o menor número de prisões por causa de drogas. d) Os índices mais preocupantes de criminalidade
são encontrados naquelas áreas da cidade onde o
"A Seccional Santo Amaro vem sendo a campeã
nível de desorganização social é maior.
dos homicídios na cidade (em sua área ocorrem
cerca de 25% dos assassinatos da capital). 15. (CESPE – 2019 – Defensor Público – DPE-DF)
Contudo, apresenta taxa pequena ou média de Acerca dos modelos teóricos da criminologia,
tráfico", disse o pesquisador Guaracy Mingardi. julgue os itens que se seguem.
"Portanto, não se pode dizer que exista uma correlação
imediata entre homicídio e tráfico de entorpecentes." As orientações sociológicas estão inseridas no
panorama criminológico clássico e buscam
Segundo Mingardi, a alta incidência de
iden ficar, por meio da análise psicológica,
criminalidade na zona sul pode ser explicada pela
fatores criminais propulsores da delinquência, de
ocupação desordenada da região.

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modo a analisar fatores externos criminais 19. (INSTITUTO ACESSO – 2019 – Delegado de
introjetados no mundo anímico do homem. Polícia – PC-ES) Cons tui um dos obje vos
metodológicos da teoria do Labelling
( ) CERTO Approach (Teoria do E quetamento Social) o
( ) ERRADA estudo detalhado da atuação do controle
social na configuração da criminalidade.
16. (CESPE – 2019 – Defensor Público – DPE-DF)
Assinale a alterna va correta:
Acerca dos modelos teóricos da criminologia,
julgue os itens que se seguem. a) Para o labelling approach, o controle social
penal possui um caráter sele vo e
Estabelecida por Durkheim, a teoria da anomia,
discriminatório gerando a criminalidade.
que analisa o comportamento delinquencial sob
o enfoque estrutural-funcionalista, admite o b) O labelling approach é uma teoria da
crime como um comportamento normal, ubíquo criminalidade que se aproxima do paradigma
e propulsor da modernidade. e ológico convencional para explicar a
distribuição sele va do fenômeno criminal.
( ) CERTO c) Para o labelling approach, um sistemá co e
( ) ERRADA progressivo endurecimento do controle social
penal viabilizaria o alcance de uma prevenção
17. (CESPE – 2019 – Defensor Público – DPE-DF) eficaz do crime.
Acerca dos modelos teóricos da criminologia,
julgue os itens que se seguem.
d) O labelling approach, como explicação 43
interacionista do fato deli vo, destaca o
Para a teoria da conformidade diferencial, a problema hermenêu co da interpretação da
comunidade produz es mulos e pressões que norma penal.
impulsionam o indivíduo à conduta criminal, mas e) O labelling approach surge nos EUA nos anos
tais impulsos são impedidos por fatores internos 80, admi ndo a normalidade do fenômeno
– como a personalidade forte – e externos – como deli vo e do delinquente.
a coação norma va exercida pela sociedade.

( ) CERTO
( ) ERRADA

18. (CESPE – 2019 – Defensor Público – DPE-DF)


Acerca dos modelos teóricos da criminologia,
julgue os itens que se seguem.

Segundo a teoria do enraizamento social de


Hirschi, o delito, como um comportamento
natural do ser humano, é inibido pelo processo
de assunção de normas sociais, pelo apego e
afeto às pessoas e pelo medo de dano irreparável
a essas relações interpessoais.

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6. ERRADO CARACTERÍSTICAS TEORIAS DO CONSENSO TEORIAS DO CONFLITO

CUNHO Funcionalista/Integração Argumenta vo/Coerção


A questão mistura conceito da Criminologia IDEAIS Conservadores Progressistas

Crí ca (a delinquência surge como resultado da SOCIEDADE Estanque Dinâmica

estrutura das classes sociais) atribuído à Escola de Chicago


Labeling
Approach/E quetamento
Subcultura delinquente. E ainda afirma que essa
Associação Diferencial Crí ca/Radical
teoria é a mesma que a “Escola de Chicago”. TEORIAS
Funcionalista Feminista

7. D Anomia Cultural

Subcultura Deliquente Queer

a) Incorreta. Teoria do Labelling Approach


(E quetamento) 10. CERTO
b) Incorreta. Teoria da Associação Diferencial.
A Teoria da Reação Social cri ca os meios de
c) Incorreta. Teoria de Chicago: A Universidade de controle social e afirma que a lei é desigual a
Chicago foi fundada em 1890, a par r elencar determinados fatos como crime. Não se
principalmente de inves mentos de John preocupa com o crime em si, mas sim em como
Rockefeller. ocorre a interação perante àquels e quetados
d) CORRETA. como desviantes.
e) Incorreta. Teoria decorrente da Escola de 11. CERTO
Chicago – Teoria da Tolerância Zero.
44
A situação de anomia (abandono das leis) ocorre
8. ERRADO quando o indivíduo enxerga as metas culturais
O único erro da questão está em afirmar que as como inalcansáveis pelos meios
teorias do conflito pertencem a ideais ins tucionalizados ofertados.
conservadores. 12. A
CARACTERÍSTICAS TEORIAS DO CONSENSO TEORIAS DO CONFLITO

CUNHO Funcionalista/Integração Argumenta vo/Coerção A Sociologia tem seus estudos voltados para uma
IDEAIS Conservadores Progressistas visão “Macro” da criminalidade, pois avalia a
SOCIEDADE Estanque Dinâmica influência de seus fatores perante uma
Escola de Chicago
Labeling cole vidade (ex: como a pobreza influencia o
Approach/E quetamento
aspecto criminológico em uma comunidade?)
Associação Diferencial Crí ca/Radical
TEORIAS
Funcionalista Feminista 13. A
Anomia Cultural

Subcultura Deliquente Queer Considerada uma das mais importantes Teorias


do Conflito. Surgiu nos anos 60 através do estudo
9. ERRADO
de Erving Goffman e Howard Becker. Seu estudo
O único erro da questão está em afirmar que as deixou de lado o delito em si e dedicou atenção à
teorias do consenso pertencem a ideais Reação Social, ou seja, à interação entre a
progresistas. sociedade e o crime. Para o Labelling Approach, o
indivíduo acaba assumindo a "e queta" de
criminoso que a sociedade lhe impõe passando a
adotar uma conduta desviante.

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3.1 COMENTÁRIOS d) O Abolicionismo Penal é mais radical,
defendendo o fim do direito penal, inclusive
1. E das penas restri vas de direito e multa.
Diferentemente do Direito Penal Mínimo.
a) As condições de moradia podem influenciar na
e) A subcultura delinquente não se preocupou
criminalidade, mas desde que desfavoráveis.
em explicar a criminalidade de uma maneira
b) Da mesma maneira, o desemprego é um dos genérica, tampouco foi a primeira teoria
fatores condicionantes da criminalidade, mas sociológica.
não tem, em regra, relação com os crimes do
colarinho branco. 4. B

c) A migração, em geral, ocasiona um “choque a) A questão inverteu as visões das escolas clássica
cultural” que pode ensejar uma produção de e posi vista. A primeira enxergava o crime como
crimes. um ente jurídico, enquanto os posi vistas
d) Vimos que a Escola de Chicago (entre outras) atribuíam a um fato social e humano.
analisa o crescimento desordenado como b) Correta, ainda que o termo “áreas naturais”
fato r p r i m o rd i a l p a ra o a u m e nto d a possa ter sido mal formulado, tendo sido mais
criminalidade. adequado “áreas urbanas”.
e) Correta. c) O crime, para o Labelling Approach decorre da
interação entre a sociedade e o indivíduo
2. A es gma zado como criminoso, e não de um 45
caráter ontológico e intrínseco.
A Mesologia estuda as relações entre o ambiente
e indivíduos que o habitam. Também pode ser d) De fato a Escola Clássica aplicava o método
entendida como sendo a "influência do meio" dedu vo. Contudo a alterna va explica esse
sobre o indivíduo. método de maneira inver da. O processo
dedu vo parte o abstrato para o concreto. O
3. A indu vo (aplicado pelos posi vistas) que
par a de uma análise fá ca para gerar um
a) Correta. Outro marco da Escola de Chicago foi a entendimento amplo.
aplicação do empirismo, pois os indivíduos da
e) Os princípios poderiam, em algumas situações,
comunidade eram “interrogados” por uma
se sobrepor às leis.
equipe especial a fim de desenhar um gráfico da
criminalidade em relação a cada região da 5. A
metrópole. Outro método muito empregado
para se conhecer o real índice de criminalidade REAÇÃO SOCIAL, também chamada de
foi o emprego dos “Inquéritos Sociais” (social Labelling Approach, Etiquetamento,
surveys). Rotulação ou Interacionismo Simbólico. Seu
b) Alterna va atribui à Rotulação Social os estudo deixou de lado o delito em si e
ensinamentos da Associação Diferencial. dedicou atenção à Reação Social, ou seja, à
interação entre a sociedade e o crime.
c) A primeira parte da asser va está correta.
Para o Labelling Approach, o indivíduo acaba
Porém, a ideia de criminoso nato não é
assumindo a "etiqueta" de criminoso que a
aplicada contemporaneamente no Brasil nem
mesmo em relação ao inimputável. sociedade lhe impõe passando a adotar uma
conduta desviante.

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14. B citar Adolphe Quetelet, pertencente à “Escola
Cartográfica”, e Alexandre Lacassagne, da “Escola
O surgimento dessa Escola reflete o período
d e Ly o n ”, c o m o a u t o r e s q u e t a m b é m
marcado por grande migração e formação das
consideraram a importância do meio social para
grandes metrópoles. Aqueles que se mudavam
as ocorrências criminais. Neste sen do, as
para esses grandes centros nham um choque
modernas teorias macrossociológicas
cultural e a tendência é que se unissem na
novamente direcionam sua atenção para a
formação de “guetos”.
relevância da atuação social, da cultura e das
Essa Teoria prega que um dos principais fatores estruturas sociais na prá ca do delito. Esta
que levam ao aumento da criminalidade é a questão admite entendimentos diversos.”
ausência de um Controle Social Informal (COMENTÁRIOS CEBRACESPE)
decorrente do crescimento exponencial das
grandes metrópoles. 16. CORRETA

“A teoria ecológica explica esse efeito “A teoria da anomia entende que os crimes
criminógeno da grande cidade, valendo-se dos ocorrem porque os indivíduos acreditam ser
conceitos de desorganização e contágio impossível a ngir as metas desejadas através dos
inerentes aos modernos núcleos urbanos e, meios ins tucionalizados. Durkheim jus fica a
sobretudo, invocando o debilitamento do normalidade e a funcionalidade do crime no
controle social desses núcleos. A deterioração ambiente social.” (COMENTÁRIOS CEBRACESPE)
d o s gru p o s p rimário s ( família, etc.) , a 46
modificação qualita va das relações 17. ERRADA
interpessoais que se tornam superficiais, a alta
“A teoria da conformidade diferencial, proposta
mobilidade e a consequente perda de raízes no
por Briar e Piliavin, explica que quanto maior o
lugar da residência, a crise dos valores
grau de conformidade do indivíduo com os
tradicionais e familiares, a superpopulação, a
valores sociais, menor a probabilidade do
tentadora proximidade às áreas comerciais e
come mento de crimes. Já a teoria da contenção,
industriais onde se acumula riqueza e o citado
proposta por Reckless, explica que a comunidade
enfraquecimento do controle social criam meio
produz es mulos impulsionam que levam o
desorganizado e criminógeno” (Antonio García-
indivíduo à conduta criminal, contudo tais
Pablos de Molina. Criminologia)
impulsos podem ser impedidos por fatores
15. ERRADA internos e externos. Ambas são teorias de
controle..” (COMENTÁRIOS CEBRACESPE)
“As orientações sociológicas da criminologia
buscam iden ficar os fatores criminais sociais 18. CORRETA
que desencadeiam a delinquência, o que
“A teoria do enraizamento social, proposta por
originou o chamado “Posi vismo Sociológico” de
Hirschi, também é uma teoria de controle, que
E n r i c o Fe r r i e m 1 9 1 4 , c o m a i d e i a d o
explica que todos somos infratores em potencial,
determinismo social. De forma geral, a análise
sendo que o crime ocorre quando existe o
psicológica está inserida em teorias
enfraquecimento dos vínculos sociais que nos
antropológicas ou biológicas da criminalidade e
impedem.” (COMENTÁRIOS CEBRACESPE)
não em pensamentos sociológicos. Podemos

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19. A

a) CORRETA
b) INCORRETA. O Labelling Approach se afasta do
modelo e ológico, muito caracterizado na fase
posi vista.
c) INCORRETA. Uma das maiores marcas do
Labelling Approach é a crí ca ao controle social,
em especial ao informal. Há uma corrente mais
radical que entende que entende que “as
e quetas” são impostas pelas ins tuições do
Controle Formal: polícias, promotores, juízes,
etc.
d) INCORRETA. Não há qualquer relação do
interacionismo simbólico com a interpretação
das normas.
e) INCORRETA. O Labelling Approach surge nos
anos 60. Essa alterna va corresponde a Teoria
Funcional (ANOMIA) de Émile Durkhein defende
o desvio com um caráter funcional para a 47
sociedade e não como uma patologia da vida
social como muitos entendiam

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