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PLANO DE AULA

1) Sondagem e sensibilização:
– Perguntar aos alunos se alguém saberia explicar o que é o trabalho. A partir
disso, relacionar os elementos que forem sendo apresentados por eles, escrevendo-
os na lousa.
– Instigá-los a pensar sobre o trabalho de modo geral: como o trabalho está
presente na vida de todos e como a sociedade é organizada em função do trabalho
– Identificar quais alunos trabalham e em que eles trabalham. Dialogar sobre as
condições que envolvem o seu trabalho. Mas, quem não tem emprego não
trabalha?
2) Apresentação dos conceitos:
– Diferenciar trabalho e emprego
O emprego é uma forma de manifestação do trabalho característica da sociedade
capitalista, a qual só foi possível quando o trabalhador passou a ser livre para
vender a sua força de trabalho, diferente da escravidão ou da servidão, e também
não possuia os próprios meios de produção. Mas qual a liberdade consiguida pelo
trbalhador? Ele pode escolher o que quer fazer? Ele pode escolher quando e quanto
tempo vai trabalhar? Ele tem dirieito sobre aquilo que produz? E se ele resolver não
trabalhar? Vejam que a liberdade do trabalhador assalariado é relativa, já que ele
não tem alternativa de sobrevivência se não vender seu trabalho. E, nessas
condições, ele fica sujeito ao mercado, ou seja, não escolhe o tipo de trabalho, o
salário e o tempo que quer trabalhar.
O emprego refere-se a uma relação social de trabalho em que o trabalhador vende
a sua força de trabalho (física ou mental) ao dono dos meios de produção em troca
de um salário. O emprego (formal) é regido por um contrato que regula quais são
as condições e papel de cada uma das partes na relação estabelecida.
Já o trabalho, caracteriza-se por ser uma atividade base da condição humana. Ele
sempre existiu em toda a história da humanidade. E é por meio do trabalho que o
homem se humaniza. Mas, vocês conhecem outro tipo de trabalho que não o
humano? Há animais que trabalham? Qual a diferença entre o trabalho humano e o
trabalho animal?
– Diferenciar trabalho animal de trabalho humano
Pedir a algum aluno para ler a citação abaixo, explicar quem é Karl Marx, e ajudá-
los a interpretar o que o autor diz sobre o trabalho humano.
“Uma aranha executa operações que se assemelham às de um tecelão, e a abelha,
na construção de suas colmeias, deixa envergonhado mais de um arquiteto. Mas o
que distingue o pior arquiteto da melhor das abelhas é isso: o arquiteto projeta sua
obra antes de construí-la na realidade. No final de todo processo de trabalho,
temos um resultado que já existia na imaginação do trabalhador desde o seu
começo”.
Enquanto o trabalho humano é criativo, o trabalho do animal é instintivo. Todos os
animais daquela espécie irão realizar o mesmo tipo de trabalho, cujo produto será
sempre igual. A formiga irá repetir a mesma atividade que todas as formigas e irá
construir seu ninho sempre igual. As casas de joãos de barros serão sempre iguais,
ainda que eles não tenham combinados e estejam em diferentes locais, sem que
ninguém os tenha ensinado como construir a casa de barro. A mesma coisa a
abelha com o mel, e assim sucessivamente.
– Explicar sobre o caráter essencialmente humano do trabalho e sua função
mediadora entre o homem e a natureza.
Diferentemente do animal, o homem é capaz de conceber na sua mente aquilo que
quer produzir antes mesmo de executá-lo, por exemplo, pensar num recepiente
para armazenar água. A ideia de construir um jarro surge a partir de uma
necessidade de guardar água para beber, então, o homem cria um meio de garantir
isso, e ele o faz a partir das experiências empíricas que teve no meio onde vive, e
das condições materiais que estão a sua disposição (água, barro, mãos). Nesse
sentido, o trabalho tem um sentido de criação (o produto do trabalho é inventado
pela mente); de transformação (com o seu trabalho o transforma a natureza
dando-lhe uma nova forma); e de mediação (o objeto do trabalho serve a uma
necessidade na adaptação do homem ao meio).
Esta aula, por exemplo, foi planejada anteriormente, considerando a necessidade
de ajudá-los a entender melhor o que significa o trabalho para o homem.
Normalmente o resultado do trabalho não é exatamente como aquele idealizado na
mente, porque outras variáveis objetivas influenciam na realização deste trabalho,
mas ver pronto o produto antes imaginado, tem um sentido de realização na
experiência de quem o produziu.
– Discutir sobre o surgimento do trabalho e suas diferentes concepções ao longo da
história da humanidade. Retomar o conteúdo estudado em História e pedir para que
os alunos utilizem o texto indicado.
A ideia de trabalho já teve vários sentidos ao longo da história. Na civilização
ocidental, o trabalho era visto como fonte de sofrimento pelas tradições greco-
romana e judaico-cristã. Na antiguidade, o trabalho era visto como uma mal; algo
que embrutecia os espíritos, tornava o homem incapaz da prática da virtude e,
portanto, quem trabalhava eram os escravos. Somente a atividade intelectual era
valorizada, como a filosofia, a política, etc. a qual era realizada pela aristocracia.
Com o cristianismo, o trabalho passou a ser visto como castigo de Deus, portanto,
continuou tendo um sentido negativo. A reforma da Igreja e o surgimento do
protestantismo trouxe um sentido positivo ao trabalho, com a ideia de que “o
trabalho dignifica o homem”. Atualmente essas duas ideias estão presentes.
Vamos pensar um pouco sobre o que tem sido o trabalho em nossa sociedade.
3) Discussão em sala de aula:
Levantar uma discussão sobre como o trabalho aparece na nossa sociedade, e qual
a relação entre o trabalho e a vida das pessoas. Como vemos o trabalho? O que
esperamos do trabalho? Como a nossa vida é ocupada pelo trabalho? Qual é o
impacto do trabalho sobre nossa vida?
4) Atividade extraclasse: A atividade deverá ser feita em casa e as respostas
deverão ser registradas e apresentadas na semana seguinte por escrito.
Pergunte ao seu pai, mãe, ou outro parente próximo sobre o trabalho dele(a):
– com o que a pessoa trabalha?
– qual é a função e as atividades que desenvolve?
– por que trabalha?
– gosta do trabalho que executa? Por que?
– Se pudesse escolher, o que gostaria de fazer?
Aula 2: Processos de Trabalho
Objetivos: O objetivo será aprofundar o conhecimento sobre o trabalho no sentido
de entender os processos de trabalho e as relações de trabalho no sistema
capitalista.
Cronograma de trabalho: uma aula de 50 minutos. Sondagem e sensibilização a
partir das respostas dos alunos da atividade proposta na aula passada (10 min);
apresentação dos conceitos (25 min); apresentação e discussão da música (15
min).
Formas de mediação: Exposição de conceitos através de diálogos com os alunos,
partindo da atividade proposta na aula anterior; discussão sobre novos conceitos
apresentados, análise e discussão da música.
Recursos: Esquemas de lousa, leitura de trechos de texto, imagens e uma música.
Avaliação: Participação em sala e pela entrega dos exercícios propostos.
Bibliografia (aluno):
1) Sondagem e Sensibilização
A aula terá início com uma discussão sobre as respostas trazidas. Os alunos devem
trazer respostas no sentido de que as pessoas trabalham para conseguir dinheiro, e
muitas vezes elas não fazem o que gostariam de fazer. Com os alunos pensando
nisso, inicia-se a exposição de conceitos sobre os processos de trabalho.
2) Apresentação de Conceitos
Neste ponto, será necessário retomar alguns conhecimentos da aula anterior, fazer
uma breve recordação do que é trabalho e a diferenciação do trabalho humano. O
homem, através de seu trabalho, imprime na realidade o que antes estava na sua
imaginação. Sendo assim, (fazer um esquema na lousa) os processos de trabalho
podem ser descritos da seguinte forma:
1 – a atividade adequada a um fim, isto é, o próprio trabalho;
2 – a matéria a que se aplica o trabalho, o objeto de trabalho;
3 – os meios de trabalho, o instrumental de trabalho.
O trabalho em si pode ser denominado como a força de trabalho, pois o trabalho
seria o esforço que o homem faz na modificação de algo, que terá alguma utilidade,
previamente imaginado em sua consciência. O objeto de trabalho seria o objeto,
ou os objetos, que o homem modificará para torna-lo útil e realizar o que havia
imaginado. Os meios de trabalho seriam o conjunto de objetos que o homem utiliza
para modificar outros objetos, podendo ser ferramentas mais elaboradas ou até
mesmo uma pedra, quando utilizada para moer algum outro objeto por exemplo.
Portanto, existem três componentes básicos do processo de trabalho, a força de
trabalho, o objeto de trabalho e os meios de trabalho.
Para maior elucidação do que já foi apresentado e aprofundamento no conteúdo,
pedir para um aluno ler o texto abaixo:
“No processo de trabalho, a atividade do homem opera uma transformação,
subordinada a um determinado fim, no objeto sobre que atua por meio do
instrumental de trabalho. O processo extingue-se ao concluir-se o produto. O
produto é um valor-de-uso, um material da natureza adaptado às necessidades
humanas através da mudança de forma. O trabalho está incorporado ao objeto
sobre que atuou. Concretizou-se e a matéria está trabalhada. O que se manifestava
em movimento, do lado do trabalhador, se revela agora qualidade fixa, na forma de
ser, do lado do produto. Ele teceu e o produto é um tecido.” (Karl Marx, O capital)
Agora será necessário discutir frase por frase o que o autor quis dizer perguntando
para os alunos o que eles entenderam a cada sentença. Na primeira frase, ele
coloca que no processo de trabalho, para atingir um determinado fim, o homem
transforma o objeto trabalhado (matéria prima) por meio de um instrumento de
trabalho. Na segunda, o autor coloca que esse processo de trabalho acaba quando
o produto é concluído. Na terceira, aparece um novo conceito, o de valor-de-uso,
neste ponto é importante escrever na lousa “valor-de-uso” e discutir o que seria
isso.
Valor-de-uso, como escreve Marx, seria um “material da natureza adaptado às
necessidade humanas”. Para exemplificar, em um caso de produção de uma cama,
a madeira ao ser transformada em cama adquire um valor-de-uso enquanto cama,
as pessoas usarão aquele conjunto de madeiras juntas para um determinado fim,
que no caso é dormir. Com o valor-de-uso, o produto final (a cama) adquire status
de mercadoria diferente da madeira, pois agora, a madeira transformada em cama
possui um valor agregado do trabalho do homem que vai além de ser simplesmente
madeira, pois a cama possui uma utilidade para o homem que também vai além de
uma simples madeira. No resto do parágrafo, Marx possui como objetivo elucidar
essa questão de que o trabalho feito pelo trabalhador se concretiza no produto
final.
Todo o processo de trabalho, portanto, possui como finalidade criar valores-de-uso.
Quando se observa todo o processo de trabalho, verifica-se que o objeto a ser
trabalhado e o meio de trabalho, constituem-se nos meios de produção, ou seja, o
processo de trabalho pode ser separado em a força de trabalho de um lado, e os
meios de produção de outro. Analisaremos mais detalhadamente estes dois
componentes através de uma retrospectiva histórica apoiada nas aulas de história
que os alunos tiveram.
Na baixa idade média, os processos de trabalho se davam pelo artesanato. No
artesanato, o artesão executava sozinho todas as fases de produção, desde o
preparo da matéria prima até mesmo a comercialização do produto. Ele possuía
como instrumentos de trabalho ferramentas simples e ele era proprietário da oficina
e das ferramentas.
Na fase inicial do capitalismo, há o desenvolvimento da manufatura, virando o
principal processo de trabalho nessa época. Na manufatura, os artesãos continuam
sendo donos de suas próprias ferramentas, porém a oficina e os objetos de trabalho
(matéria prima) passam a ser do manufatureiro (um empresário), e começam a
surgir divisões de trabalho, onde cada artesão ficava responsável por uma parte da
produção com o intuito de produzir mais em menos tempo.
A partir da Revolução Industrial, com o mesmo objetivo de produzir mais em
menos tempo para obter mais lucros, os processos de produção sofrem imensas
modificações. Tanto a oficina (indústria), quanto os objetos de trabalho (matéria
prima), quanto as ferramentas de trabalho, passam a ser do capitalista, e agora há
um aprofundamento da divisão técnica e social do trabalho, há uma especialização
de funções, onde cada trabalhador fica responsável por uma parte muito específica
da produção (esse assunto será melhor tratado nas próximas aula).
Sendo assim, os meios de produção passaram a pertencer ao capitalista, sobrando
ao trabalhador a possiblidade de somente vender sua força de trabalho. Uma
empresa (indústria) possui como objetivo a criação de valores-de-uso, criando
mercadorias para vendê-las através do que Marx chama de valor-de-troca
(escrever “valor-de-troca” na lousa e explica-lo). Valor-de-troca seria o valor que
uma mercadoria possui pela quantidade de trabalho despendido em seu preparo.
Por exemplo, uma cama vale quantos sapatos? A quantidade de horas de trabalho
necessárias para se produzir uma cama se equivale a quantidade de horas
necessárias para a produção de um sapato? Se sim, os valores-de-troca desses dois
produtos são equivalentes. Importante ressaltar que a quantidade de horas de
trabalho em cima de determinado produto inicia-se desde sua extração da
natureza. Por exemplo, o ouro ou o diamante são caros por serem raros? Não, são
caros por exigir uma quantidade de trabalho muito extensa na sua extração. Sendo
assim, para a produção da cama, incluirá no valor-de-troca o valor-de-troca da
madeira crua, pois foi necessário um trabalho para extrair a madeira de algum
lugar, com o sapato acontece o mesmo processo. Portanto, os valores-de-troca são
acumulativos. Todo esse processo de produção no sistema capitalista possui como
objetivo, através da criação de valores-de-uso, vendendo-os através dos valores-
de-troca, a obtenção do lucro.

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