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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MIRACEMA DO TOCANTINS


CURSO DE PSICOLOGIA

KAMILLA NUNES BARROS

O TRABALHO, A SUBJETIVIDADE NO TRABALHO E A PSICOLOGIA


ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO: DESAFIOS E POTENCIALIDADES

Miracema do Tocantins, TO
2023
KAMILLA NUNES BARROS

O TRABALHO, A SUBJETIVIDADE NO TRABALHO E A PSICOLOGIA


ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO: DESAFIOS E POTENCIALIDADES

Trabalho apresentado à professora Dra. Francisca Maria


Carvalho Cardoso, do curso de Psicologia, da
Universidade Federal do Tocantins, como requisito à
obtenção de nota da disciplina de Psicologia do
Trabalho I.

Miracema do Tocantins, TO
2023
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho acadêmico com o seguinte tema “O trabalho, a subjetividade no


trabalho e a Psicologia Organizacional e do Trabalho: desafios e potencialidades” têm como
objetivo apresentar e dissertar sobre alguns dos conceitos que foram abordados durante a
disciplina de Psicologia do Trabalho I. Além disso, visa compreender as intricadas interações
entre a atividade laboral, as experiências individuais e os elementos psicológicos no ambiente
organizacional e abordar as questões profundas e complexas em relação à experiência humana
no ambiente de trabalho, no qual o sujeito está inserido cotidianamente, levando em
consideração tanto os aspectos objetivos quanto os subjetivos.
Explorar o trabalho emerge uma compreensão de que sua significância vai além da
mera execução de tarefas, vez que ele se configura como um elemento central na vida das
pessoas, moldando identidades, proporcionando desafios e oportunidades, e influenciando
diretamente o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A subjetividade no trabalho entra
em cena como um fator determinante, envolvendo as experiências individuais, as emoções, e
os valores que cada indivíduo associa à sua jornada laboral.
Nesse contexto, a Psicologia Organizacional e do Trabalho surge como um meio
crucial, desempenhando o papel de desvelar as dinâmicas psicológicas subjacentes às relações
no ambiente profissional. Sua abordagem visa não apenas entender os desafios inerentes,
como estresse e conflitos, mas também explorar as potencialidades para a construção de
ambientes de trabalho saudáveis, produtivos e enriquecedores.
Ao longo desta discussão, será possível observar os desafios enfrentados pelos
profissionais e organizações, além de considerar os fatores como a diversidade de
experiências individuais, o impacto das mudanças tecnológicas e as demandas crescentes por
equilíbrio e bem-estar.

2. O TRABALHO, A SUBJETIVIDADE NO TRABALHO E A PSICOLOGIA


ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO: DESAFIOS E POTENCIALIDADES

Na obra “O que é trabalho?”, Suzana Albornoz (2004) afirma que a palavra “trabalho”
possui muitos significados na linguagem cotidiana. Para a autora, em sua forma mais básica, o
trabalho é uma das formas elementares de ação dos seres humano, podendo ser compreendido
como a atividade coordenada de caráter físico ou intelectual, necessária para realizar uma
tarefa, serviço ou empreendimento e também pode ser visto como a operação humana de
transformação da matéria natural em objeto de cultura, onde o homem cria instrumentos e um
novo universo com vínculos com a natureza. Segundo Albornoz:
“Trabalho neste sentido possui o significado ativo de um esforço afirmado e
desejado, para a realização de objetivos; onde até mesmo o objetivo realizado, a
obra, passa a ser chamado de trabalho. Trabalho é o esforço e também o seu
resultado: a construção enquanto processo e ação, e o edifício pronto” (2004,
p.11).
Outrossim, acerca dessa temática é importante mencionar Karl Marx. Para ele, o
trabalho é imprescindível para a constituição do homem como ser social, no qual o sujeito que
anteriormente era dominado pela natureza passa a ser pensante e a utiliza-la como garantia de
existência. Segundo Marx (2013), o que diferencia o trabalho, do ponto de vista ontológico,
de qualquer atividade natural desenvolvida por outros seres, é o ato do homem idealizar o
resultado final do trabalho antes de sua objetivação. Ao converter a natureza através de sua
ação, o faz por meio de sua força física e de sua potência espiritual. Ao se referir ao trabalho,
Marx acentua:
“Pressupomos o trabalho numa forma em que ele diz respeito unicamente ao
homem. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e uma abelha
envergonha muitos arquitetos com estrutura de sua colmeia. Porém, o que desde
o início distingue o pior arquiteto da melhor abelha é o fato de que primeiro tem
a colmeia em sua mente antes de construí-la com a cera. No final do processo de
trabalho, chega-se a um resultado que já estava presente na representação do
trabalhador no início do processo, portanto, um resultado que já existia
idealmente” (2013, p. 255-256).
Partindo dos ideais de Albornoz e pressupostos de Marx torna-se válido afirmar que
todo trabalho busca a satisfação de uma necessidade. Dessa forma, considerando o que foi
abordado por Karl, infere-se que:
“O processo de trabalho, que descrevemos em seus elementos simples e
abstratos, é atividade dirigida com o fim de criar valores-de-uso, de apropriar os
elementos naturais às necessidades humanas; é condição necessária do
intercâmbio material entre o homem e a natureza; é condição natural eterna da
vida humana, sem depender, portanto, de qualquer forma dessa vida, sendo antes
comum a todas as suas formas sociais.” (1989, p. 208).
Nesse sentido, é possível observar a complexidade do termo “trabalho”, visto que é
uma denominação dada há algo multifacetado, que possui uma dimensão fundamental à vida
humana, pois não se limita apenas à produção de bens e serviços, mas também desempenha
um papel crucial na construção da identidade e na realização pessoal dos sujeitos, variando de
acordo com o contexto histórico, cultural, econômico, político e de bases teóricas no campo
da psicologia.
Ao longo da história, o mundo do trabalho sofreu significativas transformações, muito
das quais estão intrinsecamente ligadas ao desenvolvimento do sistema econômico capitalista.
Por conseguinte, o capitalismo em suas diversas formas teve um impacto profundo nas
relações de trabalho, na organização da produção e na configuração da sociedade em geral.
Dentre as inúmeras transformações marcantes decorrentes do capitalismo menciona-se
a divisão dos trabalhos (as atividades passaram a ser fragmentadas e distribuídas em etapas
específicas do processo produtivo, levando à perda de conexão entre os trabalhadores e o
produto final), as relações de trabalho assalariadas (os sujeitos passaram a vender sua força de
trabalho em busca de salários), a globalização (passou a oferecer oportunidades de
crescimento econômico e acesso a mercados globais, além de apresentar desafios
significativos, como a pressão sobre os salários, a insegurança no emprego e a qualidade do
trabalho), a flexibilização do trabalho, a desigualdade econômica (a concentração de renda ao
dispor de somente uma pequena parcela da população ocasiona as disparidades de recursos) e
a industrialização. Acerca desse último ponto Ermelio Rossato discorre:
“A partir da Revolução Industrial, com a mudança da tecnologia, o mundo do
trabalho passa por uma mudança radical. As forças musculares e humanas ou
animais são substituídas por novas formas de ação, desencadeando-se um
processo de mudança cada vez mais acelerado, com profundas consequências
para o homem e a sociedade. Muitos empregos manuais foram substituídos por
máquinas, enquanto surgiram novas oportunidades em setores relacionados à
tecnologia da informação e serviços.” (2001, p. 154).
Em consequência desses processos profundos de transformações ocorridos no mundo
do trabalho, a partir da última década do século XX e mais especificamente no contexto
brasileiro, “o modo de produção trabalhista passou a ser algo intensamente racionalizado e
flexibilizado” (OLIVEIRA, 2004, p. 12). A partir disso, o trabalho informal passou a ganhar
espaço, o que consequentemente ocasionou a crescente perda de direitos trabalhistas. Desse
modo, Elisângela Magela Oliveira discorre:
“Em decorrência de tais transformações, o trabalhador não encontra outra opção
senão a de inserir-se no mercado informal de trabalho, no qual, na maior parte
das vezes encontra sérias dificuldades de sobrevivência, somada à
impossibilidade de retorno pelos anos de trabalho executado através de
benefícios estatais, como Aposentadoria, Seguro Desemprego, entre outros,
ficando à mercê da própria sorte.” (OLVEIRA, 2004, p.13).
Essas consequências levam a “pensar que, nos últimos anos, as perdas para a classe
trabalhadora foram importantes não apenas do ponto de vista financeiro, mas também de sua
saúde física e psíquica” (NAVARRO; PADILHA, 2007). Nesse sentido, considerando que os
resultados dessas transformações, que estão presentes nos ambientes de trabalho, afetam de
forma significativa e constante a vida do trabalhador, faz-se imprescindível levantar
discursões acerca da subjetividade no ambiente de trabalho e como esse ambiente pode se
tornar mais saudável e produtivo para o empregado apesar das adversidades. Conforme
Selman Lancman e Seiji Uchida abordaram no artigo “Trabalho e subjetividade: o olhar da
Psicodinâmica do Trabalho”:
“Falar da precarização do trabalho implica ter presente esse horizonte para
podermos entender a realidade subjetiva vivida pelos trabalhadores, ou seja, de
conviver em um mundo onde se perdeu uma série de garantias trabalhistas,
direitos adquiridos, conquistas que protegiam não só socialmente, mas
psiquicamente as pessoas.” (LANCMAN; UCHIDA, 2003, p.81).
Referindo-se a algo que é único, amplo e que constitui a singularidade de cada sujeito,
a subjetividade é influenciada por diversos fatores, como a história pessoal, os valores, as
crenças, as emoções, as expectativas, as motivações, as necessidades e os desejos de cada
indivíduo. Nesse sentido, de acordo com o autor González Rey, a subjetividade é:
“A forma complexa como o psíquico humano se dá no desenvolvimento das
pessoas e de todos os processos humanos. Ao contrário do subjetivismo, a
subjetividade nos permite uma concepção de mente que é inseparável da
história, da cultura e dos contextos atuais da vida social humana. A
subjetividade surge quando a emoção se torna sensível aos registros simbólicos,
permitindo ao homem produzir no mundo em que vive, e não simplesmente se
adaptar a ele.” (GONZÁLEZ REY; PATIÑO,2017, p. 123).
Além de ser construída e transformada através das interações sociais e pelas
experiências adquiridas no trabalho, a subjetividade, dessa forma, pode ser tanto individual,
quanto coletiva e acerca dessa temática, Mitjáns Martinez discorre:
“Tanto social quanto individual constituindo-se mutuamente. Não é possível é
considerar a subjetividade de um espaço social desvinculada da subjetividade
dos indivíduos que a constituem; do mesmo modo, não é possível
compreender a constituição da subjetividade individual sem considerar
a subjetividade dos espaços sociais que contribuem para sua produção.”
(MITJÁNS MARTINEZ, 2005, p. 20).
A subjetividade no trabalho é um tema que desempenha um papel crucial na
compreensão da experiência individual dos trabalhadores, ou seja, como eles interpretam e
vivenciam o seu ambiente de trabalho, as suas relações com os demais funcionários, chefes,
clientes, os objetivos, as demandas da organização e como esses aspectos afetam de forma
direta e indireta a vida desse ser. Ela pode ter impactos positivos ou negativos na saúde
mental, na satisfação, no engajamento, na produtividade, na criatividade e na qualidade do
trabalho dos funcionários. Por isso, é importante que as organizações reconheçam e valorizem
a subjetividade dos seus colaboradores, criando espaços de diálogo, de participação, de
cooperação, de reconhecimento, de autonomia e de desenvolvimento profissional e pessoal,
uma vez que isso contribui para um ambiente de trabalho mais inclusivo e personalizado. Ao
levar em consideração as emoções, expectativas e valores individuais, os espaços de trabalho
possibilitam a criação de ambientes que promovam a saúde mental, reduzem o estresse e
contribuem para a satisfação no trabalho e sucesso organizacional.
No entanto, deve-se considerar os impactos do capitalismo nesse aspecto, uma vez que
as crises do trabalho que interferem na subjetividade do ser que trabalha “compõem o todo
orgânico da deriva civilizacional que caracteriza a desefetivação do ser genérico do homem
nas condições históricas da barbárie social” (ALVES, 2011, p. 26). Acerca dessas crises,
menciona-se a crise de auto referência pessoal:
“É a crise do homem consigo mesmo na medida em que ocorre a corrosão da
sua autoestima pessoal. Sob a nova ordem salarial, deve-se “quebrar” a
autoestima do “trabalho vivo” como pessoa humana, reduzindo-o a mera “força
de trabalho” comprometida com os ideais do capital. É o que podemos
denominar de despersonalização do homem que trabalha. É a redução da pessoa
àquilo que o filósofo Martin Heidegger (em “Ser e Tempo”) denomina de das
Man (segundo ele, das Man esquece-se de sua liberdade de escolha no mundo
das possibilidades e passa a viver no “É”, as propriedades que o mundo lhe
atribui. “É”, no conformismo da massa, mais uma “ovelha no rebanho”). Deste
modo, a corrosão da autoestima é a redução do “núcleo humano-genérico” às
disposições valorativas do capital. É uma forma de estranhamento que dilacera
(ou desefetiva) o ser genérico do homem. É o sentido do estranhamento como
alienação da vida do gênero como vida da individualidade pessoal intervertida
em individualidade de classe”. (ALVES, 2011, p. 28).
Outrossim, é importante salientar que, embora o capitalismo ocasione influências
desafiadoras na subjetividade do trabalhador, também existem variações nas práticas de
trabalho e políticas sociais, variando de acordo com diferentes contextos e regiões. Algumas
organizações procuram equilibrar os objetivos econômicos com abordagens mais
humanizadas, valorizando o bem-estar e a satisfação dos trabalhadores. O debate sobre a
relação entre capitalismo e subjetividade no trabalho continua a evoluir à medida que se busca
um equilíbrio entre os imperativos econômicos e as necessidades humanas.
Nesse contexto, urge a necessidade de explorar, as contribuições que a Psicologia
Organizacional e do Trabalho (POT) oferece, uma vez que essa área desempenha um papel
fundamental na compreensão e promoção da saúde mental, satisfação e eficácia, atendendo a
uma variedade de demandas cruciais, promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis,
produtivos e sustentáveis.
Segundo a definição de Garcia, Valdehita e Jover:
“A Psicologia do trabalho é uma disciplina ao mesmo tempo teórica e aplicada,
que busca, mediante o uso de conceitos, modelos e métodos procedentes da
Psicologia, descrever, compreender, predizer e explicar o comportamento
laboral de indivíduos e grupos, assim como os processos subjacentes ao mesmo.
Objetiva ainda a intervenção, tanto sobre a pessoa como sobre o trabalho, com o
propósito de melhor satisfazer as necessidades dos trabalhadores, sem nunca
esquecer de incrementar os benefícios e rendimentos da empresa.” (GARCIA;
VALDEHITA; JOVER, 2003, apud CAMPOS; DUARTE; CEZAR; PEREIRA,
2011, p. 704).
A POT, de início, possuía ênfase na avaliação e seleção de pessoal, no entanto,
posteriormente, as motivações dos empregados, bem como à sua satisfação, ampliaram o
campo de atuação para um foco dito mais organizacional e atualmente os profissionais da área
estão envolvidos com práticas de saúde mental no trabalho, estabelecendo planos de formação
e desenvolvimento de pessoal, estudando problemas laborais como redução de estresse,
absenteísmo e aposentadoria ou modos de inserção de pessoas com deficiência em postos
adequados de trabalho, entre outros (CAMPOS; DUARTE; CEZAR; PEREIRA, 2011).
Ao integrar a compreensão psicológica no contexto organizacional, essa área contribui
significativamente para o sucesso e desenvolvimento em longo prazo das organizações e da
sociedade e o bem-estar dos trabalhadores, aprimorando a qualidade de vida no trabalho, uma
vez que os psicólogos que atuam no meio organizacional consideram “a saúde e a
subjetividade dos indivíduos, a dinâmica da empresa e a sua inserção no contexto mais amplo
da organização” (CAMPOS; DUARTE; CEZAR; PEREIRA, 2011), enquanto facilita e conscientiza
aqueles que integram a instituição.
Dentre as potencialidades do psicólogo organizacional, Antônio Virgilio Bittencourt
Bastos e Ana Helena Caldeira Galvão-Martins (1990) incluem: contribuições para a produção
teórica sobre o comportamento humano no contexto organizacional; fazer em equipe
multiprofissional diagnóstico e proposições sobre problemas organizacionais relativos à RH,
ao nível sistêmico; analisar as atividades intrínsecas ao trabalho desenvolvido na organização
para subsidiar elaboração de instrumentos necessários à administração de RH e modernização
administrativa; promover treinamento e desenvolvimento pessoal; realizar avalições de
desempenho; implementar a política de estágio da organização; supervisionar as atividades do
estagiário de Psicologia; desenvolver em equipe multiprofissional a política de saúde
ocupacional da organização; desenvolver, em equipe multiprofissional, ações de assistência
psicossocial que facilitem a integração do trabalhador na organização; estabelecer em equipe
multiprofissional relações em órgãos de classe; efetua movimentação interna de pessoal;
promove com pessoal externo, as vagas existentes na organização; implantação e/ou
atualização de planos de cargos e salários; promoção de saúde mental; criação de ambientes
inclusivos; desenvolvimento de lideranças; otimização do desempenho dos trabalhadores e
consequentemente da empresa e dentre outras diversas funções.
Entre os desafios que cercam a área estão: a necessidade de acompanhar as mudanças
para oferecer suporte ao desenvolvimento de competências relevantes e garantir que as
transformações organizacionais sejam gerenciadas de maneira eficaz; desenvolver estratégias
para promover um equilíbrio saudável, especialmente diante de tecnologias que possibilitam o
trabalho remoto e flexível; com o aumento significativo do estresse e problemas de saúde
mentais relacionados ao trabalho, o profissional precisa desenvolver intervenções eficazes
para lidar com essas questões, incluindo programas de bem-estar, suporte emocional e
estratégias de gestão de estresse; com a coleta e análise de dados no ambiente de trabalho,
especialmente com o aumento do uso de tecnologias como a inteligência artificial, levantam
desafios éticos e o psicólogo precisa lidar com questões de privacidade, confidencialidade e
uso ético das informações; compreender as expectativas e estilos de trabalho únicos de cada
geração para promover um ambiente colaborativo e produtivo e a necessidade de métodos
eficazes de avaliação para demonstrar a eficácia de programas e práticas é um desafio
contínuo dentre muitas outras adversidades.
Dessa forma, esta temática representa um auxilio para a compreensão do trabalho para
além de suas dimensões operacionais, mergulhando nas complexidades da subjetividade
humana e abrindo portas para uma estratégia e abordagem inovadora, a Psicologia
Organizacional e do Trabalho, capaz de transformar os desafios em oportunidades
construtivas no cenário organizacional contemporâneo.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste trabalho se tornou possível pensar e compreender as implicações do


trabalho e como esse meio foi atingido e influenciado pelo capitalismo, além de ter afetado
significantemente a subjetividade dos trabalhadores, bem como associar a importância da
Psicologia Organizacional e do Trabalho na construção de ambientes mais saudáveis, eficazes
e satisfatórios, tanto para os empregados quando para as instituições, apresentando as
potencialidades e os desafios que abarcam essa área.
Outrossim, a interseção entre "O Trabalho, a Subjetividade no Trabalho e a Psicologia
Organizacional e do Trabalho: Desafios e Potencialidades" revela uma paisagem complexa e
dinâmica no contexto profissional contemporâneo. O trabalho, como elemento central da vida
de muitos, transcende sua dimensão econômica para se tornar um fenômeno profundamente
enraizado na subjetividade individual. Neste cenário, a Psicologia Organizacional e do
Trabalho emerge como uma disciplina essencial, enfrentando desafios enquanto desenha
potencialidades para criar ambientes laborais mais saudáveis e eficazes.
Os desafios apresentados pela dinâmica do trabalho contemporâneo, marcado pela
globalização, avanços tecnológicos e demandas crescentes, refletem-se nas experiências
subjetivas dos trabalhadores. A mercantilização do trabalho, a pressão por produtividade e a
busca incessante por resultados tangíveis podem impactar negativamente o bem-estar
psicológico e a identidade profissional.
Contudo, é na encruzilhada desses desafios que a Psicologia Organizacional e do
Trabalho revela suas potencialidades. Ao reconhecer a singularidade de cada indivíduo e
entender as complexidades da subjetividade no trabalho, esta área proporciona ferramentas e
abordagens para mitigar os efeitos nocivos do ambiente profissional contemporâneo.
A promoção do bem-estar psicológico, a gestão eficaz de mudanças organizacionais, a
criação de ambientes inclusivos e o desenvolvimento de lideranças empáticas são apenas
algumas das potencialidades oferecidas pela Psicologia Organizacional e do Trabalho. Sua
capacidade de compreender as dinâmicas individuais, facilitar o desenvolvimento de equipes
coesas e criar culturas organizacionais positivas contribui para um equilíbrio mais saudável
entre os imperativos do mercado e as necessidades humanas.
Portanto, diante dos desafios contemporâneos do mundo do trabalho, a Psicologia
Organizacional e do Trabalho se destaca como uma aliada indispensável na busca por
ambientes laborais que não apenas maximizam a eficiência e a produtividade, mas também
cultivam o bem-estar, a satisfação e a realização pessoal dos trabalhadores. Ao enfrentar os
desafios com uma abordagem centrada no indivíduo, esta disciplina promove um futuro do
trabalho mais humano, resiliente e equitativo.
4. REFERÊNCIAS

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LANCMAN, Selma; UCHIDA, Seiji. Trabalho e subjetividade: o olhar da Psicodinâmica do
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MITJÁNS MARTÍNEZ, Albertina. A Teoria da Subjetividade de González Rey: uma
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NAVARRO, V. L., PADILHA, V. Dilemas do trabalho no capitalismo contemporâneo.
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https://www.scielo.br/j/psoc/a/SY4RYTzwXbVQ9YGrgjx8PSK/. Acesso em 15 nov. 2023
OLIVEIRA, Elisângela Magela. TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO, DA
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