Você está na página 1de 5

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: PSICOLOGIA, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES
PROFA. MARA MARÇAL SALES

EXERCÍCIO (17 Pontos)

Orientações:

- Para responder este exercício, os alunos deverão ler os seguintes textos:

BENDASSOLLI, Pedro Fernando. Os filósofos gregos e o trabalho na antiguidade. In:


Trabalho e identidade em tempos sombrios: insegurança ontológica na
experiência atual com o trabalho. Aparecida; SP: Ideias & Letras, 2007, p. 33-41.

BENDASSOLLI, Pedro Fernando. Trabalho e religião na Idade Média. In: Trabalho e


identidade em tempos sombrios: insegurança ontológica na experiência
atual com o trabalho. Aparecida; SP: Ideias & Letras, 2007, p. 43-52.

BENDASSOLLI, Pedro Fernando. O protestantismo e o novo valor do trabalho. In:


Trabalho e identidade em tempos sombrios: insegurança ontológica na
experiência atual com o trabalho. Aparecida; SP: Ideias & Letras, 2007, p. 63-69.

BRAVERMAN, Harry. Trabalho e Força de Trabalho. In: Trabalho e Capital


Monopolista. Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 1987.

JACQUES, Maria das Graças. Identidade e trabalho. In: CATTANI, Antônio David.
Dicionário crítico sobre trabalho e tecnologia. Petrópolis: Vozes; Porto Alegre:
Ed. da UFRGS, 2002.

SALES, Mara Marçal; VIEIRA, Carlos Eduardo Carrusca; FONSECA, João César de
Freitas. Apreciar, refletir e problematizar: a visitação ao Museu de Artes e Ofícios
como oportunidade de indagação sobre as representações associadas ao
trabalhador brasileiro. In: PENZIM, Adriana Maria Brandão; ALVES, Claudemir
Francisco; SOUZA, Robson, Sávio Reis (Orgs.). Na cidade: micropolíticas e modos
de existência. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, NESP, 2019, p. 65-84.

- Este exercício poderá ser feito individualmente, em duplas ou trios.

Mas atenção: para permitir o lançamento de notas, todos os alunos deverão


postar o trabalho como uma tarefa no Canvas. O trabalho deverá ser postado
completo (ou seja, o trabalho a ser postado deve compreender todas as
perguntas respondidas pelo grupo). Se o aluno postar somente parte das
respostas, vou considerar que ele não respondeu as demais questões.
- A indicação geral é que as respostas busquem explorar significativamente
os aspectos teóricos tratados nas referências utilizadas na disciplina.

- As respostas devem expressar a elaboração autônoma dos alunos. A mera


transcrição de textos não é suficiente. A identificação de plágio levará à
atribuição de nota zero à questão.

- somente serão aceitos exercícios postados como uma tarefa (os que forem
enviados pela caixa de entrada do Canvas não serão corrigidos);

- exercícios enviados fora do prazo não serão corrigidos;

Abaixo, estão indicadas 05 (cinco) questões. Os alunos deverão escolher 03


(três) para responder. Cada questão valerá 5,7 pontos.

- Se o aluno responder a mais do que 3 (três) questões, as respostas


adicionais não serão corrigidas.

Nome(s):
1. Giovanna Nunes Pimentel
2. Clarissa Amaral Fonseca
3. Lou Costa E Silva Peixoto

1) Leia o texto abaixo:

Pedro e Antônio

 “Pedro e Antônio derrubaram uma árvore. Tiveram uma prática. A atividade


prática dos seres humanos tem finalidades. Eles sabiam o que queriam fazer ao
derrubar a árvore. Trabalharam. Com instrumentos, não só derrubaram a árvore,
mas a desbastaram, depois de derrubá-la. Dividiram o grande tronco em pedaços
ou toras, que secaram ao sol. Em seguida, Pedro e Antônio serraram os troncos e
fizeram tábuas com eles. Com as tábuas, fizeram um barco. Antes de fazer o barco,
antes mesmo de derrubarem a árvore, eles já tinham na cabeça a forma do barco
que iam fazer. Eles já sabiam para que iam fazer o barco. Pedro e Antônio
trabalharam. Transformaram com o seu trabalho a árvore e fizeram com ela um
barco. É trabalhando que os homens e as mulheres transformam o mundo e,
transformando o mundo, transformam-se também.

Pedro e Antônio fizeram o barco com as tábuas. Fizeram as tábuas com os pedaços
do tronco da árvore grande que derrubaram. Quando a árvore grande foi dividida
em pedaços, deixou de ser árvore. Quando os pedaços de tronco viraram tábuas,
deixaram de ser tronco. Quando Pedro e Antônio construíram um barco com as
tábuas, elas deixaram de ser tábuas. Viraram barco. A árvore pertence ao mundo da
natureza. O barco, feito por Antônio e Pedro, pertence ao mundo da cultura, que é o
mundo que os seres humanos fazem com seu trabalho.

O barco é cultura. A maneira de utilizar o barco é cultura. A dança é cultura. A


música é cultura.”
(Paulo Freire – Caderno de Cultura Popular, 1978)

Identifique no texto de Paulo Freire (abaixo) os 02 (dois) elementos


centrais que Marx utiliza para definir o trabalho. Transcreva-os e explique-os
tomando como base o texto “Trabalho e Força de Trabalho”.

O texto de Paulo Freire exemplifica com clareza alguns pontos colocados por
Harry Braverman no texto “Trabalho e Força de Trabalho”. Um deles é o fato de que
apenas seres humanos possuem a capacidade de criação através da transformação
das coisas, um tronco pode deixar de ser um tronco através da mão de obra
humana que é apta a criar a partir dele inúmeras coisas, inclusive uma canoa, como
o texto aponta. É essa capacidade criativa de transformação de matérias que faz
dos seres humanos os únicos seres capazes de realizar o trabalho propriamente
dito, já que os animais possuem competência apenas para a reprodução instintiva
de suas habilidades.

O segundo ponto posto no texto nos informa que é através dessa capacidade
de criação dinâmica humana que o mundo é concebido da maneira que
conhecemos. É por meio da transformação contínua de elementos que a cultura se
faz e se perpetua, é através da criatividade que impulsiona o trabalho que os seres
humanos produzem tradições, conhecimentos, símbolos e padrões de significados.
A cultura é uma qualidade única da humanidade.

3) Identifique e explique as posições preponderantes quanto ao ócio em dois


contextos: Antiguidade grega e B) Catolicismo (na Idade Média).

Durante a antiguidade, o trabalho apresentava um valor distinto do qual lhe


é empregado hoje por meio do que se deu a conhecer nas sociedades modernas
industriais, por isso, a visão sobre o ócio também dispõe um peso diferente
dependendo da época em que é analisado. Nesse contexto, quando se pensa sobre
os antigos gregos, percebe-se que eles não associavam valor ou virtude moral ao
trabalho. No seu ponto de vista, o trabalho era responsável por brutalizar a mente e
tornar o homem inadequado para as práticas como a política e a filosofia. Por isso,
na antiguidade grega, entendia-se que era preciso evitar o trabalho o máximo
possível, o que gerava a ideia do ócio, apesar de diferente de como a entendemos
hoje. Aristóteles, por exemplo, enxergava o ócio como uma oportunidade de focar
nas artes e na filosofia, defendendo que o homem deveria realizar ações teóricas,
reflexivas e artísticas no dia a dia, não se vinculando a ideia de inatividade e, sim, o
contrário.
Durante a Idade Média, contudo, a visão acerca do trabalho e do ócio sofreu
grandes alterações quando se comparada à antiguidade grega. A Igreja Católica
desenvolveu uma nova doutrina sobre a importância do trabalho e o designou
como limitado apenas a finalidades superiores como às necessidades e imperativos
do espírito. Assim, surge a ideia de defesa do espírito contra os males da ociosidade
já que o trabalho poderia ser visto como uma forma do homem participar da
criação e se aproximar de Deus. Para São Tomás de Aquino, por exemplo, o trabalho
era visto como uma atividade que nascia com o homem, sendo vista como uma
maneira de evitar a ociosidade, uma vez que essa passou a ser demonizada pelos
teólogos da Idade Média e pela própria Igreja.

5) Observe a fotografia abaixo:

Ela foi registrada pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, no garimpo de Serra
Pelada. Na década de 1980, no município de Curionópolis, no estado do Pará, foram
extraídas 30 toneladas de ouro. Na ocasião, o local se constituía como o maior garimpo
a céu aberto do mundo. As fotos de Sebastião Salgado demonstram o sofrimento dos
trabalhadores envolvidos. No auge da exploração, havia 80 mil garimpeiros que
atuavam em péssimas condições de trabalho. Eles subiam e desciam a mina
incessantemente em escadas improvisadas. Carregavam nas costas sacos nos quais a
lama se encontrava misturada com as desejadas pepitas de ouro. A situação destes
trabalhadores, contudo, era desconhecida para a maior parte da sociedade brasileira.
Fonte: Disponível em: < http://tecnicoemineracao.com.br/serra-pelada-de-sebastiao-salgado/>. (Adaptado)
Tendo em vista o enfoque apresentado pelo texto “Apreciar, refletir e
problematizar: a visitação ao Museu de Artes e Ofícios como oportunidade de
indagação sobre as representações associadas ao trabalhador brasileiro” explique
que convergências podem ser identificadas entre a série de fotografias sobre Serra
Pelada e os caminhos sugeridos por Michel le Ven para ressignificação da
representação do trabalho no Brasil. Justifique.

No texto ‘’Apreciar, refletir e problematizar: A visitação ao Museu de Artes e


Ofícios'' somos esclarecidos por dois caminhos para ressignificar a representação
do trabalho no Brasil. De acordo com Michel Le Ven, uma delas seria justamente o
que a questão nos intui a fazer: questionar e problematizar a história passada do
trabalho em solo brasileiro, não deixando com que as coisas que foram
normalizadas e neutralizadas ao longo de tempo ganhem vez novamente. Na
imagem é retratada uma forma de trabalho análogo a escravidão, em que mais de
80 mil trabalhadores negros eram explorados todos os dias em situações precárias,
uma vez que é possível visualizar que o que nos é disposto não demonstra ser uma
situação ideal aos trabalhadores.

O fotógrafo, então, parte para o segundo caminho proposto por Le Ven:


escutar os vivos. Sebastiao Salgado retrata e denuncia em suas fotos o sofrimento
dos trabalhadores que, por sua vez, eram obrigados a carregarem sacos cheios de
lama e pepita, assim como na época da escravidão, em local de trabalho
inadequado, como se o presente, naquela época, estivesse ainda assim
representando o passado.

Você também pode gostar