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Fundamentos

sociofilosóficos da Educação
Física
Aula 01
• Professor especialista: Gerardo
Marcílio Pinto Lima
Apresentação
• Ao iniciarmos o estudo da
disciplina Fundamentos
Sóciofilosóficos da Educação
Física, queremos esclarecer que
nosso objetivo não é propor uma
descrição histórica da Sociologia
e da Filosofia, com o relato de
seus grandes teóricos e
estudiosos. Queremos sim propor
uma reflexão a respeito dos
aspectos filosóficos e sociológicos
que envolvem a Educação Física
nas suas várias áreas de atuação.
Objetivos
• Ao final do estudo desta disciplina, esperamos que
você seja capaz de:
• Construir uma visão crítica da Educação Física a partir
da reflexão sobre o contexto em que a mesma está
inserida;
• Refletir sobre os acontecimentos referentes à
Educação Física e ao esporte, relacionando-os com os
conceitos da Sociologia e da Filosofia como Ideologia,
Alienação, Mito, Narcisismo, Individualismo, Imaginário
Social etc;
• construir uma práxis pedagógica a partir da tomada de
consciência sobre uma postura filosófica embasada
em conceitos éticos para um ensino de qualidade.
• Neste período as notas serão obtidas através de três
avaliações a saber:
1. Notas de participação nas aulas práticas dos dias:
02/09/16/23/30 de Setembro;

Nota 01 2. Entrega de um manual com temas e possibilidades de


aulas inseridos no contexto da educação física;
Data: 07/10
3. Prova escrita sobre os conteúdos trabalhados ao longo do
bimestre.
Data: 14/10.
• Conceitos, suas funções e aplicações práticas
na vida cotidiana do ser humano, além de
apresentamos suas relações com a Educação
Física e com o esporte.

• Para que Filosofia?


A Filosofia • O verdadeiro conhecimento se faz pela ligação
contínua entre intuição e razão,
entre o vivido e o teorizado, entre o concreto
e o abstrato.

(ARANHA E MARTINS, 2002, p. 23)


• Nosso foco nesta disciplina, está em vez de nos ater ao estudo
dos ditos e feitos dos filósofos gregos, explanar sobre os
conceitos da Filosofia e como eles se inserem na nossa vida e
na nossa prática pedagógica como professores de Educação
Física e como cidadãos.
• Pretendemos com isso, desenvolver a nossa capacidade para
refletir sobre o papel da Educação Física na formação de
crianças e jovens, bem como criar bases para uma atuação
mais crítica dos professores durante as práticas pedagógicas.
Do Mito à Reflexão – O Nascimento da Filosofia

• Inicialmente o homem, para explicar a existência das coisas que ele


não compreende, faz uso do mito, fato que permite a ele viver com
mais tranquilidade, visto que o mito, entre outras, tem a função de
explicar o inexplicável, o incompreensível.
• Sem ter como compreender os fenômenos da natureza e alguns
elementos da sua existência como o nascimento e a morte, o homem
primitivo responsabiliza o humor dos deuses pelos acontecimentos
como o raio, a chuva, o dia, a noite, assim como as doenças, a caça, a
pesca, a colheita, as lutas contra grupos rivais etc. criando deuses e
mitos que explicavam tais acontecimentos.
Mas o que é o Mito?
• Para Chauí (2001, p. 54), o mito é uma intuição compreensiva da
realidade, uma forma espontânea de o homem se situar no mundo.
Para a autora, as raízes do mito não se encontram nas explicações
racionais, mas na experiência vivida sendo uma pré reflexão, baseada
em emoções e sentimentos.
• Chauí (2001, p. 54) lembra que antes de ser “uma cabeça que pensa”
o homem fantasia e imagina e, antes de interpretar o mundo, o homem
o deseja ou o teme, volta-se para ele ou dele se oculta. Sendo assim,
as primeiras impressões sobre o mundo e seus acontecimentos são
embasadas no desejo de vivê-lo e dominá-lo, fugindo do medo, das
angústias e da insegurança.
O mito de Freia
• Para Borges (2002, p. 12) “o mito é sempre uma história com personagens
sobrenaturais, os Deuses”. Dessa forma, os homens se tornam objetos
passivos diante das ações dos deuses, que são responsáveis pela criação de
todas as coisas que acontecem.

Os mitos contam em geral a história de uma criação, do início


de algo. é sempre uma história sagrada. comumente se refere
a um determinado espaço de tempo que é considerado um
tempo sagrado: é um passado tão distante, tão remoto, que
não o datam concretamente, não sabem quando ele se deu.
(BORGES, 2002 p.12).

• Assim, podemos ver o mito como uma forma de trazer tranquilidade para os
homens, visto que dá explicações para os acontecimentos que fogem das
possibilidades de ação do homem.
Outras Atribuições do Mito
• O mito serve para designar muitas coisas, representar inúmeras idéias e pode
ser empregado em contextos diversos, adquirindo um conceito amplo e
complexo quando conectado à história das sociedades.
• Sendo assim, ele há de ser sempre um desafio, uma abertura, um enigma de
sentido múltiplo e difuso. é por meio dele que as sociedades exprimem suas
contradições, dúvidas e inquietações. Quase indefinível, pode designar desde os
mitos gregos, como o mito da criação conforme Platão, até o de Michael Jackson
ou Michael Jordan, passando pelo mito da mulher amada ou da eterna
juventude.
• “São essas quest.es que tornam o mito instigante e criam a necessidade da
busca de sua compreensão, para que o mesmo não se torne a verdade absoluta
ou uma mentira total”
O esporte tornou-se um fenômeno social de
O Mito no massas; a competição esportiva é um
espetáculo para as massas e um de seus
componentes mais importantes é o ídolo,
Esporte “fabricado” pelos meios de comunicação. A
imprensa usa a estrela para poder vender
e, ao mesmo tempo, a “fabrica”. A
identificação das massas com os ídolos
mascara os verdadeiros problemas. Um
campeão, excelente no campo esportivo,
torna-se dono de outras virtudes:
inteligência, generosidade, coragem etc.
Ser campeão, assim, converte-se em
sinônimo de ser perfeito. Visto deste
angulo, o esporte assemelha-se a outras
formas de espetáculo e fábrica de ídolos,
como o cinema e a música.
(BETTI, 1991, p. 51)
• É com a “fabricação” dos ídolos esportivos que o mito se cria. A partir do momento
em que o mito é criado em torno do ídolo, alimenta-se toda uma indústria que
determina comportamentos, atitudes e uma necessidade de consumo dos produtos
por ela produzidos.
• Porém, o discurso em torno dos valores adquiridos por meio do esporte, como a
saúde, o distanciamento dos vícios e das drogas e a conquista de valores - como a
cooperação, o respeito às regras etc. - caem por terra diante do grande número de
les.es advindas da prática esportiva, os constantes escândalos divulgados pela
mídia sobre o uso de drogas como anabolizantes e excitantes por atletas
considerados de alto nível, bem como o desrespeito aos adversários e às regras
para buscar a vitória a qualquer custo.
• Para Parlebas (citado por BETTI, 1991, p. 114).
“o esporte não possui nenhuma virtude mágica.
Ele não é, em si mesmo, nem socializante nem
antissocializante. É conforme: ele é aquilo que se
fizer dele. A prática esportiva pode formar tanto
patifes como homens perfeitos preocupados com
o ‘fair-play.”
• Porém, segundo Bracht (2003, p.
25), “o esporte-espetáculo é
utilizado como meio para desviar
a atenção das massas da luta de
classes e como fuga da realidade
política”, e é em função disso que
se criam os mitos em torno dos
atletas para que a população
operária possa buscar no esporte
a ascensão social tão desejada.
• O atleta-herói, a partir desse
contexto, tudo pode, inclusive
desrespeitar leis e regras sociais
devidas a todos os outros
cidadãos comuns, pois ele é o
espelho do desejo desses
cidadãos.
Atividade de sala
• Vamos nos dividir em grupos, discutir
por alguns minutos sobre a questão dos
mitos e suas possibilidades na nossa
atuação na Educação Física em sala de
aula.
• A partir desse exercício vamos
responder e debater às seguintes
questões:
1. Ao trabalhar os diversos temas da
Educação Física, devemos nos focar
na prática ou é possível desenvolver
uma práxis?
2. Partindo da discussão filosófica do
Mito, como podemos desenvolver o
senso crítico junto aos nossos alunos
na escola?
Atividade para a próxima
aula que começa hoje
• Em grupos, construam historietas sobre os mitos
modernos ligados aos temas: Jogos, Esportes,
Ginásticas, Lutas, Danças e Práticas Corporais de
Aventura. As histórias serão apresentadas em forma
de dramatização na próxima aula.
• No início da dramatização, os alunos deverão
apresentar o tema e como esse tema poderá ser
trabalhado em futuras aulas de Educação Física na
Escola.
• O tempo para dramatização será de 10 minutos.
Referencias
bibliográficas
• BETTI, Mauro. CORPOREIDADE, JOGO E LINGUAGEM: a
educação física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Rio de Janeiro – Rj, Editora Cortez, 1991.
• BRAGA, Alcir. Curso de Educação Física, 3°
semestre – Módulo 3. Universidade de Brasília, MEC
– 2008.
• BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras
práticas políticas. Buenos Aires, Editora 34, 2019.
• CHAUi, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São
Paulo - SP, 2000.

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