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LICENCIATURA EM
PONTA GROSSA / PR
2011
CRÉDITOS
A Coordenação
SUMÁRIO
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
■■ SEÇÃO 1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O QUE É ENSINAR A
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LÍNGUA PORTUGUESA 17
■■ SEÇÃO 2- ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CONCEITOS E
PERSPECTIVAS DE ENSINO 34
■■ SEÇÃO 3- ALFABETIZAR LETRANDO: ALTERNATIVAS DE AÇÃO 47
CFORMAÇÃO
ONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA PARA A
DO PROFESSOR ALFABETIZADOR 55
■■ SEÇÃO 1- CONCEPÇÕES DE LÍNGUA/LINGUAGEM 57
■■ SEÇÃO 2- AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM 67
■■ SEÇÃO 3- FONÉTICA E FONOLOGIA APLICADAS À ALFABETIZAÇÃO 78
■■ SEÇÃO 4- VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E ENSINO 96
■■ SEÇÃO 5- ENSINO DA ORTOGRAFIA 111
M ÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO:
ASPECTOS HISTÓRICOS E PEDAGÓGICOS 127
■■ SEÇÃO 1- MÉTODO, METODOLOGIA OU PROPOSTA DIDÁTICA? 129
■■ SEÇÃO 2- MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO SINTÉTICOS 135
■■ SEÇÃO 3- MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO ANALÍTICOS 145
Objetivos
Objetivos gerais:
Objetivos específicos:
Ementa
Alfabetização e letramento. Contribuições da Linguística ao ensino da língua
portuguesa nas séries iniciais. Métodos de alfabetização: aspectos históricos e
implicações pedagógicas.
UNIDADE I
Alfabetização
e letramento
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Refletir sobre o que é ensinar a língua portuguesa;
ROTEIRO DE ESTUDOS
SEÇÃO 1 – Considerações iniciais sobre o que é ensinar a língua
portuguesa
Disponível em http://noticias.uol.com.br/educacao/ultnot/ult105u5900.jhtm
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Brasil tem 16 milhões de analfabetos
04 de junho de 2003 • 09h50 • atualizado às 20h44
Disponível em http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI110852-EI994,00.html
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Na população rural, a taxa de analfabetismo é cinco vezes maior
que na urbana, com índice de 22,8% de analfabetos. A população
negra também concentra mais analfabetos (13,4%) em relação à
branca (5,9%). Mas a análise do Ipea destaca que a velocidade
da redução da taxa tem sido maior para os negros: em média 0,76
ponto percentual ao ano, contra 0,27 ponto percentual ao ano para
os brancos.
Disponível em
http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI4798210-EI8266,00-analfabe
tismo+reduz+mas+taxa+ainda+e+desafio+para+o+Brasil.html
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Uma das constantes universais é a estreita relação que as pessoas mantêm com
a linguagem, diante da qual alimentam crenças, fazem conjeturas, assumem posturas e
atitudes. Muitas vezes, sob inspiração de mitos e suposições fantasiosas. Poucas vezes,
certamente, sob o controle da observação e da investigação científica.
(ANTUNES, 2007, p.19).
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Em vez das “suposições fantasiosas”, criticadas por Antunes (op.
cit.), queremos instaurar uma atitude de análise criteriosa da linguagem,
por acreditarmos que tratar de alfabetização requer conhecimento
profundo – científico – de seu objeto mediador e foco de trabalho: a língua
e a linguagem.
Nesta unidade, você irá conhecer os objetivos e a importância desta
disciplina e refletir sobre os conceitos de alfabetização e letramento,
necessários para a sua formação.
Você será motivado a compreender a língua portuguesa na
perspectiva da ciência da linguagem e, com isso, poderá esclarecer o
porquê de se ensiná-la e quais os pressupostos teóricos que sustentam o
processo ensino-aprendizagem.
Esperamos que ao final da unidade I você possa ter compreendido
algumas questões importantíssimas para a sua atuação profissional.
SEÇÃO 1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O QUE É
ENSINAR A LÍNGUA PORTUGUESA
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...a língua não pode ser vista tão simplistamente, como uma questão, apenas, de
certo e errado, ou como um conjunto de palavras que pertencem a determinada classe e que
se juntam para formar frases, à volta de um sujeito e de um predicado.
A língua é muito mais que isso tudo. É parte de nós mesmos, de nossa identidade
cultural, histórica, social. É por meio dela que nos socializamos, que interagimos, que
desenvolvemos nosso sentimento de pertencimento a um grupo, a uma comunidade.
(ANTUNES, 2007, p. 22).
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Observe a tira abaixo e reflita sobre o que ela nos comunica :
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Verifique o que Cagliari (1997) esclarece a respeito:
Esse fato pode parecer estranho para quem não conhece o processo
de aprendizado da linguagem escrita infantil, mas é extremamente
compreensível para quem o conhece.
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O a e i o u somente?
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Nosso aluno pode saber “algumas coisas, mas não sabe outras”,
ressalta Cagliari (1997). Por essa razão, o ensino de língua portuguesa
para os alunos deve, de modo geral, mostrar os usos que a linguagem
humana tem e como os alunos devem fazer para entender ao máximo esses
usos nas modalidades escrita e oral da língua e em diferentes situações.
[...] o professor de português deve ensinar aos alunos o que é uma língua, quais as
propriedades e usos que ela realmente tem, qual é o comportamento da sociedade e dos
indivíduos com relação aos usos linguísticos, nas mais variadas situações de suas vidas
[...] A escola, tradicionalmente, tem se apegado a umas tantas coisas a respeito da língua e
julgado que isso é tudo. (op. cit., 1997, p. 28).
[...] um espaço onde a criança tenha contato com a leitura e a escrita. Onde possa
pensar sobre o que representa e de que modo se comunica através da escrita. Onde a leitura
e a escrita possam ser usadas com sentido. (GARCIA, 1997).
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nos cerca. Ensinar Língua Portuguesa, nessa dimensão, é (ou deveria ser) ensinar o aluno a
ser um usuário desenvolto da língua oral e da língua escrita, nas diversas situações de uso e
registro. A aula de Língua Portuguesa é – ou deveria ser – o espaço da palavra, o espaço do
confronto entre sujeitos que leem e se leem, escrevem e se escrevem, na medida em que,
ao se perceberem sujeitos da história, utilizem a linguagem como possibilidade de leitura e
escrita do outro e de si mesmo, marcando verbalmente sua história através da palavra.
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De acordo com o que estivemos discutindo até aqui, das quatro respostas apresentadas
por Travaglia, qual deve ser considerada como objetivo prioritário para o ensino de língua
materna?
hhhhh?
hhh?
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É preciso realizar a abertura da aula para a pluralidade de discursos,
recomendaram Fonseca e Fonseca, isso já em1977.
Discurso – toda
Podemos levantar uma série de razões para atividade comunicativa
de um locutor,
concordar com os autores citados acima, entre elas: numa situação
de comunicação
• o acesso aos diversos discursos se dá por meio das determinada,
englobando não só um
• práticas sociais de leitura e de escrita cotidianas; conjunto de enunciados
• o acesso aos diversos discursos nos aproxima da linguagem e por ele produzidos em
tal situação [...] como
• do estilo vocabular de outros produtores. também o evento de
sua comunicação.
Somente essas duas razões já seriam suficientes para justificar o (TRAVAGLIA, 1998, p. 67).
A menina que adorava o seu passsarinho.Era uma vez uma menina. Um dia ela foi
passear no parque. Aí ela chegou em casa, aí não encontrou o seu passarinho. Aí ela foi
na rua procurar ele. Aí ela o achou ele ela foi para casa.
(In: GARCIA, 1997, p.102).
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A competência gramatical ou linguística de uma língua não é
garantia para a constituição da competência comunicativa, porque não
leva em conta os fatores extralinguísticos envolvidos na sentença, nem
leva em consideração os papéis que os indivíduos desempenham no ato
da comunicação, função social do texto, intencionalidade etc.
Faz-se necessária, portanto, uma outra capacidade: a competência
textual.
Se você tem dúvidas sobre isso, olhe para o seu lado e observe a
quantidade e a variedade de textos que estão a sua volta: folder, panfleto
de supermercado, manual de instrução, notícia do jornal falado ou
impresso, contos e crônicas, poesias, músicas, receitas culinárias, este
livro que você lê agora, as letras e as imagens nos sites de Internet, as
imagens e as letras dispostas nos programas de TV, as falas no rádio que
você ouve... Ufa! Há muitos outros ainda.
Desse modo, tem-se que a competência gramatical ou linguística
e a competência textual favorecem a competência comunicativa, porque
quanto maior o contato com diversos textos, a partir de práticas reais de
leitura e de escrita, maior o contato com diversas formas linguísticas e
textuais: vocabulários, formas de expressão, de estrutura, composição,
enfim, diferentes gêneros de textos, o que favorece o desenvolvimento
da capacidade de compreensão e de produção de textos, verdadeiro alvo
do ensino de língua materna.
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Observe também, a partir do humor da tira a seguir, como não
basta conhecer o sistema linguístico, identificando grafemas e fonemas, é
preciso compreender o contexto em que esses elementos linguísticos são
empregados, compreender as intenções de produção, entendendo seu
sentido e funcionalidade.
1. Cada quadro abaixo contém uma produção de texto infantil seguida da avaliação
da professora. Leia atentamente cada uma dessas produções e reflita: o que a professora
priorizou ao avaliá-las? Você concorda com as avaliações feitas? Por quê?
Texto 1 Texto 2
O sapo O sapo
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Texto 3
Produção de texto
(valor: 0,5) Nota 0,1
Agora é a sua vez de criar uma história que um dos personagens seja um fantasma.
Imagine uma situação engraçada, repleta de sustos e fortes emoções.
Lembre-se de que o seu texto deve ter começo (apresentação da história), meio
(desenvolvimento dos fatos) e fim (desfecho).
Parágrafos, pontuação e ortografia correta são fundamentais.
Obs. Segue o texto produzido pela aluna com algumas reconstituições apenas para
facilitar a sua leitura:
Era uma vez um leão, um tigre e uma girafa. Eles viram um filhote de guaxinim morto,
então, quando deu 23h30m eles foram para o cemitério levar o filhote de guaxinim e ficaram
lá até 24h30m quando foram e se perderam.
_ Um macaco, que bom! - disse o tigre!
_ A girafa desconfiada, disse: _ Não sei não... Então ela disse: _ Ele é tão magro é
quase invisível.
Então, o macaco apontou o caminho (de volta). No dia seguinte, foram procurar o
macaco mau (e ou mas) não o encontraram.
2. Observe a palavra “fogo” nas ilustrações a seguir. Podemos dizer que, nas situações
abaixo, essa palavra é um texto? Por quê?
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SEÇÃO 2
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CONCEITOS
E PERSPECTIVAS DE ENSINO
• O que é alfabetização?
• O que é letramento?
• Por que a compreensão desses conceitos é necessária?
• Quando podemos dizer “meu aluno está alfabetizado”?
• Quando podemos dizer “meu aluno está sendo letrado”?
• Qual a importância da alfabetização?
• Qual a importância do letramento?
Leia e reflita:
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Leia o pensamento de Rousseau no quadro abaixo e observe em que
medida estes pensamentos se aproximam:
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Qual é a diferença?
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Como todas as ciências evoluem em seus estudos, as abordagens
cognitivas passaram a ser o foco de análise da psicologia em relação à
alfabetização. Nesse momento, as contribuições de Piaget, Emília Ferreiro
e Vygotsky passaram a ser decisivas para o entendimento de como a criança
aprende, qual é o processo de aprendizagem da leitura e da escrita e quais
são os processos mentais desencadeados ao aprender. O foco passou a ser
“como as crianças aprendem”.
Perspectiva psicolinguística – relaciona-se com a perspectiva
psicológica, de modo a se confluírem. Dedica-se à análise da maturidade
linguística para a aprendizagem da leitura e da escrita, à relação entre
linguagem e memória, à interação entre a imagem visual e a não visual
no processo de leitura, à determinação da quantidade de informação que
é apreendida pelo sistema visual quando a criança lê, por exemplo. São
inúmeros estudos.
Perspectiva sociolinguística - nessa perspectiva, a alfabetização é
entendida como um processo estreitamente relacionado com os usos sociais
da língua. Questões como: variação linguística, norma padrão, norma culta,
relação entre a modalidade de língua oral e a modalidade de língua escrita,
conceito de erro, passam a ser foco de interesse. As pesquisas advindas dessa
área trouxeram inúmeras contribuições para a alfabetização, pois passou-se
a observar que o processo não é o mesmo nas diferentes regiões do Brasil, e
também a atribuir razões dialetais para o fracasso escolar, já que as crianças
das classes menos favorecidas apresentavam dificuldades bem maiores de
compreensão da língua escrita padrão que lhes era apresentada. O respeito
às variedades linguísticas geográficas e situacionais passou a ser requerido.
Perspectiva linguística – na perspectiva linguística, a ênfase nos
estudos que reforçavam o entendimento de que a escrita não é transposição
da fala, mas sua representação, foram de grande importância.
A não existência de correspondência unívoca entre o sistema fonológico
e o sistema ortográfico representou um avanço no modo de compreender a
relação entre fonemas e grafemas. Por exemplo: escrevemos Estou na mesa,
mas podemos ouvir: Estô na mesa (e o som do s de mesa será o de z); Geléia
e Goiaba têm a mesma letra inicial, mas os sons são diferentes. Escrevemos
Te amo, mas podemos ouvir Ti amu. Ou seja, a perspectiva linguística
contribui para a compreensão de que o processo de alfabetização envolve um
progressivo domínio de regularidades e irregularidades e o reconhecimento
de que língua e ortografia são fenômenos bem distintos.
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No entanto, essa duplicidade de conceitos gera dúvidas, discussões
e diferentes pontos de vista, principalmente porque quando se fala em
domínio do sistema de escrita, há dois fatores a se considerar, e que serão
aprofundados na unidade II:
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por seus usuários (estudá-la em diversas situações reais, analisando-a e
entendendo-a) e não uma língua artificial, uma língua só para ensinar.
Veja abaixo como a professora e linguista, Irandé Antunes,
ironicamente, apresenta a questão:
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Com certeza você disse “sim” para algumas questões (ou para
todas) do quadro “Para refletir”.
Isso acontece porque essas crianças vivenciam a leitura e a escrita
no seu dia a dia. Elas sabem que a língua escrita serve para alguma
coisa (ou seja, tem função social) e, mesmo sem saber ler e escrever
convencionalmente, essas crianças já conhecem as funções sociais da
língua escrita.
No livro “Letramento: significados e tendências” de Mello e Ribeiro
(2004, p. 23), os autores ressaltam que muitos dos analfabetos adultos
também conhecem as peculiaridades e as funções da escrita. Pedem, por
exemplo, para alguém ler uma carta, uma conta, uma propaganda, um
panfleto que receberam e até tecem comentários avaliativos sobre o teor
do texto. Pedem também para alguém escrever uma carta ou um outro
texto por eles, ditando-lhe o conteúdo, de acordo com suas intenções.
Essas pessoas não são alfabetizadas, no sentido específico do termo,
mas participam de eventos em que a leitura e a escrita estão presentes,
ou seja, participam de eventos de letramento, práticas em que a leitura e
a escrita estão em situação real, social.
Essa perspectiva nos conduz a uma outra concepção de leitura e
de escrita. Agora não mais apenas como um processo de decodificação e
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codificação, mas como um processo que envolve dois fenômenos diferentes
e complexos, pois é constituído de uma multiplicidade de habilidades,
comportamentos e conhecimentos: a perspectiva do letramento.
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insuficiente para vivenciar plenamente a cultura escrita e responder às
demandas da sociedade de hoje.
É preciso conhecer as diferentes formas do discurso escrito,
saber como esses discursos se estruturam e em que situações eles são
utilizados. “Isso se classifica como letramento”, afirma Cássia Urbano
Gallo, especialista em psicopedagogia e assessora pedagógica da Pueri
Domus Escolas Associadas .
O letramento é algo que envolve mais que aprender a produzir marcas, porque é produzir
língua escrita; algo que é mais que decifrar marcas feitas por outros, porque é também
interpretar mensagens de diferentes graus de complexidade; algo que também supõe
conhecimento acerca desse objeto tão complexo – a língua escrita – que se apresenta em
uma multiplicidade de usos sociais.
FERREIRO, E. Com todas as letras. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
[...] só recentemente esse termo tem sido necessário, porque só recentemente começamos
a enfrentar uma realidade social em que não basta simplesmente “saber ler e escrever”:
dos indivíduos já se requer não apenas que dominem a tecnologia do ler e escrever, mas
também que saibam fazer uso dela, incorporando-a ao seu viver, transformando-se assim
seu “estado” ou “condição”, como consequência do domínio dessa tecnologia.
SOARES, M. Letramento e escolarização. In RIBEIRO, E. M. (Org.). Letramento no Brasil.
Global, 2003.
1. Pesquise, reflita e escreva o que você aprendeu a respeito das seguintes questões:
a) O que é alfabetizar, no seu sentido específico?
b) Qual a importância da alfabetização?
c) O que é alfabetizar, no sentido do letramento?
d) Por que a palavra letramento passou a ser necessária no contexto atual de
educação?
e) Qual a importância da inserção do conceito de letramento nas práticas de
alfabetização?
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SEÇÃO 3
ALFABETIZAR LETRANDO:
ALTERNATIVAS DE AÇÃO
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o letramento – o desenvolvimento de habilidades textuais de leitura e de
escrita, o convívio com os textos e a compreensão das funções da escrita.
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Vejamos as sugestões de Carvalho (2007, p. 69) no quadro a seguir:
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Nessa perspectiva, o papel do professor é de extrema importância,
pois cabe a ele mais que alfabetizar, realizar o letramento, trabalhar em
prol da interdependência das práticas de leitura e escrita, possibilitando
ao aluno alfabetizar-se e letrar-se:
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UNIDADE I
UNIDADE II
Contribuições da Linguística
para a formação do
professor alfabetizador
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Refletir sobre as concepções de língua e linguagem e suas implicações
nas práticas de ensino da língua portuguesa;
ROTEIRO DE ESTUDOS
SEÇÃO 1 – Concepções de língua/linguagem
Futuro(a) educador(a),
Na unidade 1, você conheceu os objetivos e a importância desta
disciplina e pôde refletir sobre os conceitos de alfabetização e letramento,
tão necessários para que o fracasso escolar em relação ao ensino das
práticas de leitura e escrita seja superado.
Nesta segunda unidade, desejamos fortalecer sua formação
linguística para que você se forme um(a) alfabetizador(a) competente.
Para tanto, dialogaremos sobre importantes contribuições dos estudos
linguísticos, para que você compreenda o funcionamento da linguagem
e saiba como mediar o processo de aprender a utilizar a língua oral e
escrita nas diversas e diferentes situações do dia a dia.
Na seção um, discutiremos sobre as diferentes concepções de
linguagem e sobre como elas interferem na maneira como ensinamos a
língua portuguesa para falantes dessa língua.
Entender como se processa a aquisição da linguagem é importante
para compreendermos o percurso realizado pelo sujeito até tornar-se um
falante competente e para relacionarmos os conhecimentos que temos
sobre a fala no processo de aquisição da escrita. Esse é o assunto da
segunda seção.
Como são produzidos os sons da fala, que sons são semelhantes e
de que forma isso pode interferir na escrita infantil são conhecimentos
fundamentais ao professor alfabetizador, e iremos estudá-los na seção três.
A seção quatro propõe que você reflita sobre a riqueza de nossa
língua. Uma riqueza que se manifesta na diversidade de formas de se
expressar. Essa variação que toda língua sofre precisa ser compreendida
e valorizada pelo educador a fim de que os falantes não sejam excluídos
por causa da variedade linguística que utilizam.
Ao chegarmos ao final desta unidade e conhecermos mais sobre o
funcionamento da língua e sobre as relações entre fala e escrita, haverá
necessidade de dialogar sobre o ensino da ortografia, pois a escrita
correta precisa ser ensinada, e não só avaliada.
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Acreditamos que ler, refletir, construir seu ponto de vista sobre os
assuntos aqui tratados farão de você um professor de língua portuguesa
das séries iniciais bem preparado para formar cidadãos que entendam
que a língua é um instrumento de ação social e que com ela serão capazes
de agir, reagir e interagir na sociedade.
SEÇÃO 1
CONCEPÇÕES DE LÍNGUA/LINGUAGEM
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Para saber mais sobre a Linguística e sua área de atuação e sobre os conceitos de
linguagem e de língua, consulte:
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A literatura (TRAVAGLIA; KOCH; GERALDI), de forma ampla,
costuma apontar três concepções de linguagem, a saber:
O que esta cena sugere sobre a forma como a linguagem pode ser concebida?
De que forma essa concepção se concretiza nas práticas de ensino da língua?
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Como se pôde observar, presumia-se a existência de regras a serem
seguidas para a organização lógica do pensamento e, consequentemente,
da linguagem. Segundo Perfeito (2005), essa concepção de linguagem
manteve-se subjacente ao ensino de língua materna no Brasil até a
década de 60, embora ainda haja repercussões dessa concepção nas
práticas atuais.
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numa prática constante de interação verbal em condições sociais,
históricas e ideológicas que determinam a produção de discursos com
intencionalidades distintas e adaptadas às condições de produção e de
recepção (=interação) desses textos. São essas novas perspectivas que se
encontram na terceira concepção de linguagem.
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Imagine a seguinte situação:
Partilhando planejamentos...
Lúcia chega à sala de professores para compartilhar com Débora e Regina os planos
de aula para as turmas do 2ª ano. Agitada e muito cansada, Lúcia, a mais experiente das três,
tira seu caderno e diz:
__ Bom, recuperei em meus planejamentos antigos uma bateria de exercícios sobre
substantivos, adjetivos e verbos. Já está na hora de essas crianças conhecerem essas
classes gramaticais e usarem-nas para elaborar frases e textos bem escritos. Afinal, são
elementos essenciais para falar e escrever bem. Além disso, esses exercícios farão com que
eles organizem melhor seus pensamentos e falem e escrevam mais corretamente.
Regina responde afirmativamente e pede uma cópia das atividades para a colega.
__ E vocês, o que prepararam? – pergunta Lúcia.
Débora aguarda a proposta de Regina, que pega em sua pasta um modelo de carta e
uma folha com atividades e explica:
__ Além das atividades gramaticais, penso em trabalharmos com um texto que leve as
crianças a perceberem que sempre que falamos e escrevemos, nossa mensagem é enviada
a alguém. Fiz aqui algumas perguntas para que identifiquem os elementos de uma carta. Mais
ainda, depois de explicarmos a estrutura do texto – remetente, destinatário, local, saudação...
– pedimos que eles escrevam uma carta para que possamos avaliar e dar uma nota.
Lúcia ficou animada. Agora poderiam juntar os planejamentos e teriam atividade para
quase uma semana. Débora, por sua vez, permanecia quieta. Mas não por muito tempo,
pois faltava a sua parte. Ela abriu sua mochila e retirou muitas revistinhas de histórias em
quadrinhos.
__ Meninas, já há algum tempo estou elaborando um projeto para trabalhar com
histórias em quadrinhos. Pensei em começarmos lendo tirinhas de jornais, já separei algumas
e depois vou pedir que os alunos tragam outras. Também separei estas revistas de HQs
para trabalharmos com a leitura desse gênero, observando as características da escrita e
comparando-a à fala, reconhecendo a forma como as personagens interagem, que recursos
são utilizados – sinais de pontuação, onomatopéias, balões – e, por fim, dando às crianças a
oportunidade de produzirem suas histórias para divulgarmos no jornal mural. O que acham?
Lúcia e Regina acharam que tudo aquilo levaria muito tempo e daria muito trabalho,
sem a garantia de que os alunos aprenderiam. As três foram para suas salas de aula, pois o
sinal havia batido.
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SEÇÃO 2
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
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“Há necessidade de que os educadores, principalmente aqueles que têm contato com
as crianças mais jovens, conheçam mais a respeito do desenvolvimento infantil, não só a fim
de evitar que problemas passem despercebidos, mas também para não correrem o risco de
ver problemas onde eles não existem.” (JAIME LUIZ ZORZI).
2.1.1 O behaviorismo
Skinner (1957) foi o psicólogo mais influente no behaviorismo. Para
ele e os demais behavioristas a aprendizagem da linguagem é análoga
a qualquer outro aprendizado, como andar de bicicleta, dançar etc.
Portanto, adquire-se a linguagem por exposição ao meio e por motivações
como estímulo-resposta-reforço. Imagine que uma criança de um ano vê
sua chupeta no chão (estímulo) e fala “pepeta” (resposta). Se a mãe lhe
dá a chupeta, respondendo positivamente, ela “aprenderá” que sempre
que quiser a chupeta basta dizer “pepeta”.
Segundo Santos (2003), considerando-se a aquisição dessa forma,
o behaviorismo postula “um processo indutivo de aquisição, porque
considera somente os fatos observáveis, sem preocupar-se com a
existência de um componente estruturador, organizador, que possa atuar
em conjunto com os dados da experiência a fim de formar a gramática de
uma língua em particular.”
Entretanto, a proposta de Skinner não responde a questões
importantes. Uma é a rapidez com que as crianças adquirem uma língua.
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Se elas aprendem por exposição ao meio, por influências externas, seria
esperado que demorassem mais a aprendê-la. A segunda diz respeito à
competência. Como as crianças produzem sentenças que nunca ouviram
de seus interlocutores? E, por fim, como entendem frases cuja referência
não se encontra no contexto em que são produzidas?
Tais problemas suscitaram o surgimento de novas teorias, que
consideravam a existência e a importância de um elemento interno, inato,
que desencadearia o processo de aquisição.
2.1.2 O conexionismo
Os modelos conexionistas têm por objetivo explicar os mecanismos
que embasam o processamento mental, e a linguagem está entre esses
processos. Tais propostas buscam a interação da intrincada rede neural com o
ambiente, assumindo a existência de um algoritmo de aprendizagem interno
que permite o aprendizado a partir de experiências. (SANTOS, 2003).
Os conexionistas consideram de grande importância os dados de
entrada (input) e a variabilidade dos dados de saída (output). Os dados
do input reforçam a conexão entre os neurônios e criam uma rede que
permite a codificação de informações. Como entendem que a linguagem
é desencadeada por diversas “entradas”, tais modelos computam todo e
qualquer tipo de estímulo como fator de aprendizagem.
Uma das características desse modelo é que pode gerar tanto
dados corretos, como dados incorretos, dando conta da gradiência e dos
“erros” constantes que aparecem na fala da criança durante o processo
de aquisição da linguagem.
2.1.3 O inatismo
Os estudos inatistas têm como seu principal representante o
linguista Noam Chomsky, que se posiciona contra a visão ambientalista
de aprendizagem da linguagem postulada pelo behaviorismo. Para
Chomsky, a linguagem é uma dotação genética e não um conjunto de
comportamentos verbais, e seria adquirida como resultado do desencadear
de um dispositivo inato, inscrito na mente.
As regras que compõem o dispositivo de aquisição de linguagem
formam a gramática universal (GU), que é responsável pelas semelhanças
entre as línguas. As sentenças ouvidas (input) pela criança levam-na a
selecionar as regras que estão ativas na língua que está adquirindo e
geram como resultado a gramática da língua à qual está exposta.
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2.1.4 O construtivismo
O construtivismo apresenta duas vertentes: a cognitivista,
abordagem desenvolvida com base nos estudos do epistemólogo Jean
Piaget, e a interacionista, representada pelos trabalhos de inspiração
vygotskiana. Iniciemos por apresentar o cognitivismo construtivista.
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2.2 O “período crítico” na aquisição
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contendo cadeias com duas palavras dispostas corretamente;
• ao final do segundo ano e meados do terceiro a linguagem da
criança é uma conversa gramatical e fluente, com o aumento
do comprimento das frases, o uso de termos functivos e uma
porcentagem mínima de erros.
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SEÇÃO 3
FONÉTICA E FONOLOGIA
APLICADAS À ALFABETIZAÇÃO
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3.1 Conceitos e funções
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Fonte:http://www.cefala.org/fonologia/galeria_imagens.php?vcategoria=Aparelho%20
fonador&vnome=Diagrama%204&vfile=aparelhofonador_d4.jpg&vref=4
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Fonte: Massini-Cagliari e Cagliari (2001)
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Você já deve ter observado que basta ouvirmos uma pessoa de
outra região falando para percebermos que os sons/fonemas assumem
diferentes formas de pronúncia. Por exemplo, um paranaense da região
sul falará: “leite quente dói no dente da gente” enquanto um carioca
pronunciará: “leiti quenti dói nu denti da genti”. É a Fonética que estuda
essas diferentes manifestações dos sons da fala e isso importa para você
professor(a), pois a variedade da língua falada pelo aprendiz se refletirá
em sua escrita inicial.
Agora que você já sabe como os sons são produzidos e quais são os
fonemas consonantais e vocálicos do PB, chegou a hora de estudar como
esses conhecimentos podem contribuir para que o professor compreenda
o que é, supostamente, mais fácil e mais difícil para o aluno aprender, o
porquê das trocas de letras, da escrita semelhante à fala, da juntura ou
segmentação das palavras.
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1. Relação de um para um: cada letra com seu som, cada som com
sua letra;
2. Relações de um para mais de um, determinadas pela posição:
cada letra com um som numa dada posição, cada som com uma
letra numa dada posição;
3. Relações de concorrência: mais de uma letra para o mesmo som
na mesma posição.
[p] p [v] v
[b] b [ɲ] nh
[t] t [ʎ] lh
[d] d [a] a
[f] f
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Faça o teste: sussurre os seguintes pares de palavras e observe como o movimento
de sua boca é igual. Veja se percebe a diferença entre os sons iniciais delas: pato/bato; faca/
vaca; pomba/bomba; teu/deu. Compreendeu agora porque a criança troca esses pares de
letras? Esses pares de palavras são chamados de pares mínimos, pois entre os vocábulos
há só uma diferença: o som inicial e sua letra correspondente, mas essa diferença forma uma
nova palavra com significado também distinto.
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A segunda possibilidade, condicionada à posição, é a relação de
uma letra com diversos sons, ou, como chama Lemle, uma relação de
poliandria.
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SONS CONTEXTO LETRAS EXEMPLOS
[s]
Intervocálico diante de e, i ss passeio, assento
c roceiro, ácido
sc cresce, piscina
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escrita por letras. Para isso, atividades que desenvolvam a consciência
fonêmica são importantes. “Crianças que têm consciência dos fonemas
avançam de forma mais fácil e produtiva para a escrita e para a leitura
criativas. As que não têm consciência dos fonemas correm sérios riscos de
não conseguirem aprender a ler.” (ADAMS, M. J. et al., 2006).
Oliveira ensina como avaliar o nível de consciência fonológica das
crianças:
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No livro Considerações sobre a fala e a escrita: fonologia em nova chave (SIMÕES,
2006) você encontra uma revisão teórica sobre a fonologia e uma proposta de abordagem
dos problemas de escrita infantil. Esse livro foi escrito pensando-se na formação de futuros
professores alfabetizadores.
Agora chegou a hora de comprovar a necessidade dos assuntos aqui discutidos. Não
deixe de tirar as dúvidas com suas professoras.
1- A partir dos quadros que apresentam as relações entre sons e letras no PB,
preencha o quadro síntese abaixo:
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a- Troque a letra “P” pela letra “B” nas palavras e observe o que acontece. Converse
com o professor e os colegas.
PATO PROA POMPOM POMBA
c- Leia e discuta:
O que as palavras têm de parecido?
SENTAR – PESCOÇO – OSSOS – DESCANSAR – VOCÊ – AUXÍLIO
Texto 1 Texto 2
(ROMUALDO, 2005)
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SEÇÃO 4
VARIAÇÃO LINGUISTICA E ENSINO4
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
4 Parte dessa seção foi apresentada no livro História da Língua Portuguesa II, para
o curso Licenciatura em Letras, UEPG/UAB. (SMANIOTTO, G. C. História da Língua
Portuguesa 2. Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2010.)
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Esse belíssimo poema de Drummond nos faz refletir sobre a língua, em especial
sobre o português. Leia-o com atenção e pense: Que relação esse poema pode ter com o
assunto desta seção?
5 Título apresentado por Faraco e Tezza (1992) e que representa a riqueza de variedades
e manifestações da língua.
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Mas, por que falar sobre variação na língua? Essa reflexão é muito
importante para que você tenha consciência de que fala, escreve e vai
ensinar uma língua viva. Leve isso em conta em suas aulas e valorize
as diferenças, sem deixar de apresentar a variedade que é prestigiada
socialmente e que é usada como instrumento de poder. Veja, agora, os
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tipos de variação que estão relacionados aos fatores acima expostos.
O português brasileiro, “filho” do português europeu e da miscelância
entre línguas indígenas, africanas, europeias e não europeias, trazidas
mais tarde pelos imigrantes, apresentou-se de diferentes formas ao longo
do tempo. A essa variação no tempo denomina-se variação diacrônica. Variação
diacrônica
Quer ler um exemplo? do grego dia
(através de) +
kronos (tempo)
Este rrey Leyr nom ouue filho, mas ouue tres filhas muy
fermosas e amaua-as muito. E huum dia ouue sas rrazõoes com
ellas e disse-lhes que lhe dissessem verdade, qual d’ellas o amaua
mais. Disse a mayor que nom auia cousa no mundo que tanto
amasse como elle; e disse a outra que o amaua tanto como ssy
mesma; e disse a terçeira, que era a meor, que o amaua tanto
como deue d’amar filha a padre. E elle quis-lhe mall porém, e
por esto nom lhe quis dar parte do rreyno. E casou a filha mayor
com o duque de Cornoalha, e casou a outra com rrey de Scocia,
e nom curou da meor. Mas ela por sa vemtuira casou-se melhor
que nenhüa das outras, ca se pagou d’ella el-rrey de Framça,
e filhou-a por molher. E depois seu padre d’ella em sa velhiçe
filharom1he seus gemrros a terra, e foy mallandamte, e ouue a
tornar aa merçee d’ell-rrey de Framça e de sa filha, a meor, a que
nom quis dar parte do rreyno. E elles reçeberom-no muy bem e
derom-lhe todas as cousas que lhe forom mester, e homrrarom-no
mentre foy uiuo; e morreo em seu poder.
(Vasconcelos apud Faraco, 2005)
O que você compreendeu do texto? Em que língua ele está escrito? Por que você
chegou a esta conclusão? Há palavras desconhecidas? Quais? Há palavras que você
conhece, mas que parecem ter sido usadas com significados diferentes? Quais são? Que
outros aspectos chamaram a sua atenção?
Este texto é do século XIII ou XIV. Percebeu quantas mudanças?!
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Fonte: http://blog.estadao.
com.br/blog/media/
ilustra1506.jpg
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território nacional. Porém, os falares de norte a sul do Brasil não dificultam
a intercompreensão, pois os sistemas fonológico e sintático da língua são
pouco afetados. Ilari e Basso (2007) apresentam os seguintes fatos de
ordem fonológica e morfossintática que marcam o caráter regional das
variedades do PB: (Se você tiver alguma dificuldade com as transcrições
fonéticas, consulte a seção anterior.)
Fatos fonético-fonológicos:
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Fatos morfossintáticos:
Ilari e Basso alertam que essa lista aponta alguns dos fenômenos
regionais encontrados no PB, porém deve-se considerar a incompletude
dos apontamentos, além dos contatos propiciados pela migração interna.
O exemplo abaixo é uma caricatura do falar mineiro. Divirta-se!
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Saudosa Maloca
(Adoniran Barbosa)
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Se esta narrativa utilizasse a variedade considerada como padrão, seria representativa
da linguagem de seus personagens? Depois de cantar a música, conversar sobre sua letra,
seu cantor/compositor e seu gênero, que questões sobre a variedade linguística o professor
poderia propor?
Lembre-se de tomar cuidado para não reforçar o preconceito linguístico!
Variação diastrática
Como mencionado acima, a variação diastrática convive com
Do grego dia
as variações diatópica, diacrônica e com as variações de sexo e idade. (através de) +
Você poderá observar no quadro das características fonético-fonológicas stratus (nível,
camada, grupo
e morfossintáticas do PB (em anexo) que algumas dessas realizações social)
linguísticas são “condenadas” pela norma do português culto. Castilho
(em A hora e a vez do PB) compara as variedades popular e culta do
PB e lembra que elas não são separáveis rigidamente, pois o falante,
dependendo da situação comunicativa, pode escolher que variedade
é mais adequada àquela situação, sem preconceito. É na fala que o
chamado português sub-padrão (popular) se manifesta, pois a escrita,
por seu caráter conservador, evita essa variedade e procura seguir as
prescrições para a língua escrita.
O fragmento da entrevista sociolinguística com um menino de
rua de Goiânia, transcrita abaixo e apresentada por Ilari e Basso (2007),
exemplifica o uso real da variedade denominada sub-padrão:
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Reflita sobre a metáfora da língua enquanto cidade, como apresentada por Paolo
d’Achille, citado por Ilari e Basso (2007):
Uma cidade tem bairros centrais com construções novas e bem vistas pelos visitantes
e outros, que se desenvolveram sem infraestrutra e planejamento e encontram-se em estado
de abandono e caos. A diversidade da língua é semelhante. Há variedades consideradas
“nobres” e outras, que (não deveriam, mas...) são ignoradas, desprezadas e condenadas.
Para você pensar sobre o título desse tópico, relato abaixo um fato
ocorrido com uma das autoras deste livro:
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é uma avaliação estritamente baseada no
valor social atribuído ao falante, em seu poder
aquisitivo, em seu grau de escolarização, em
sua renda mensal, em sua origem geográfica,
nos postos de comando que lhe são permitidos
ou proibidos, na cor de sua pele, em seu sexo e
outros critérios preconceituosos estritamente
socioeconômicos e culturais. (BAGNO, 2002b).
Leia o texto do professor Ataliba T. de Castilho Saber uma língua é separar o certo do
errado?, no qual ele afirma que a língua é um organismo vivo que varia conforme o contexto
e vai muito além de uma coleção de regras e normas de como falar e escrever.
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SEÇÃO 5
ENSINO DA ORTOGRAFIA
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çom for igual ao de “G” em “tigela”, uza-çe o “J” pra façilitar ainda
mais a vida da jente.
No terçeiro ano, a açeitaçaum publika da nova ortografia
devera atinjir o estajio em ke mudanças mais komplikadas seraum
poçiveis. O governo vai enkorajar a remoçaum de letras dobradas
que alem de desneçeçarias çempre foraum um problema terivel para
as peçoas, que akabam fikando kom teror de soletrar. Alem diço,
todos konkordaum ke os çinais de pontuaçaum komo virgulas dois
pontos aspas e traveçaum tambem çaum difíçeis de uzar e preçizam
kair e olia falando çerio já vaum tarde.
No kuarto ano todas as peçoas já çeraum reçeptivas a koizas
komo a eliminaçaum do plural nos adjetivo e nos substantivo e a
unificaçaum do U nas palavra toda ke termina kom L como fuziu
xakau ou kriminau ja ke afinau a jente fala tudo iguau e açim
fika mais faciu. Os karioka talvez naum gostem de akabar com os
plurau porke eles gosta de falar xxx nos finau das palavra mas vaum
akabar entendendo. Os paulista vaum adorar. Os goiano vaum kerer
aproveitar pra akabar com o D nos jerundio mas ai tambem ja e
eskuliambaçaum.
No kinto ano akaba a ipokrizia de çe kolokar R no finau dakelas
palavra no infinitivo ja ke ningem fala mesmo e tambem U ou I no
meio das palavra ke ningem pronunçia komo por exemplo roba toca
e enjenhero e de uzar O ou E em palavra ke todo mundo pronunçia
como U ou I, i ai im vez di çi iskreve pur ezemplu kem ker falar
kom ele vamu iskreve kem ke fala kum eli ki e muito milio çertu
? os çinau di interogaçaum i di isklamaçaum kontinuam pra jente
çabe kuandu algem ta fazendu uma pergunta ou ta isclamandu ou
gritandu kom a jenti e o pontu pra jenti sabe kuandu a fraze akabo.
Naum vai te mais problema ningem vai te mais eça barera
pra çua açençaum çoçiau e çegurança pçikolojika todu mundu vai
iskreve sempri çertu i çi intende muitu melio i di forma mais façiu
e finaumenti todu mundu no Braziu vai çabe iskreve direitu ate us
jornalista us publiçitario us blogeru us adivogado us iskrito i ate us
pulitiko i u prezidenti.
Olia ço ki maravilia!
Disponível na internet.
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E, então, você já imaginou se isso acontecesse? Será que resolveria os nossos
problemas em relação à escrita? Como ficariam todos os livros e materiais escritos com a
“velha” ortografia e todos os falantes e escritores que estão habituados a ela?
Acredito que essa não seja a melhor maneira de resolver os “problemas” com a
ortografia.
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essa origem eram precários, fazendo com que várias palavras tivessem
explicações etimológicas mirabolantes, como a de que a palavra ermitão
deveria ser escrita com h inicial porque sua haste lembrava o cajado dos
ermitões (ILARI e BASSO, 2007).
A partir da publicação da Ortografia Nacional, de Gonçalves Viana,
até os dias atuais vivemos o período simplificado da ortografia. Essa
obra produziu em Portugal uma importante reforma ortográfica. A ela
seguiram-se outras reformas e várias tentativas de acordos ortográficos
entre Brasil e Portugal; o mais recente entrou em vigor em janeiro de
2009.
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correspondem - seu princípio acrofônico (ou seja, o principal som que a
letra representa,
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Portanto, se aprender ortografia é mais do que memorizar, é preciso
entender que a ortografia deve ser ensinada e aprendida, é assumir que o
erro é o reflexo daquilo que a criança não sabe, mas também daquilo que
ela já sabe, e é a partir dele que o professor compreenderá a natureza das
dificuldades apresentadas pelo estudante, suas hipóteses de escrita para,
por fim, elaborar intervenções adequadas.
Conforme você estudou na seção 3, a criança só avança no processo
de aquisição da escrita, quando, além de perceber que a fala pode ser
representada pela escrita, ela compreende que não há uma fidelidade entre
a oralização e a escrita, ou seja, que a relação entre fonemas e grafemas é
complexa. Isso pode levá-la a elaborar hipóteses e descobrir as regularidades
do sistema ortográfico. Estudos já demonstraram (NUNES, 1992 apud
LEAL e ROAZZI, 2007) que os acertos ou erros dependem muito mais do
conhecimento ou desconhecimento dos princípios do sistema ortográfico
do que da simples memorização de palavras. Isso comprova que a criança
poderá escrever corretamente palavras que não conhece se ela compreender
determinada regra, ou seja, mesmo que ela nunca tenha ouvido a palavra
RAZOÁVEL, ela a grafará com um r inicial, porque sabe que nenhuma
palavra, embora apresente o som do r forte, inicia com dois erres. Além
do uso em palavras desconhecidas, outros resultados que comprovam o
caráter gerativo da aprendizagem da ortografia, em detrimento do simples
treino, é a aplicação das regras a palavras inventadas, ou seja, palavras que
não existem no léxico do português, como por exemplo píssafo, que pelo
contexto exige o uso de ss.
Leal e Roazzi (2007) demonstram, na análise de diferentes diálogos
com crianças, depois de um ditado de palavras, que, mesmo que elas não
saibam explicitar uma regra, fazem uso dela no momento da escrita, pois
algumas escreveram, refletiram e reescreveram a palavra após observar a
tonicidade e o contexto em que a letra aparecia na palavra, comprovando
que o conhecimento das regularidades auxilia no momento da escrita.
Para esses autores, além do conhecimento explícito das normas
ortográficas ou de princípios morfológicos, impulsionam a aquisição da
ortografia da língua a exposição do aprendiz à língua escrita - ou seja,
atividades de leitura significativas - e a frequência de uso das palavras
- em produções textuais e atividades lúdicas, como cruzadinhas, caça-
palavras, entre outros jogos.
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UNIDADE II
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• Regularidades fonográficas diretas: são os casos em que não
existe outra letra competindo para representar o som. Como
você já estudou na seção 3, são as “relações de um para um:
cada letra com seu som, cada som com sua letra”. Isso inclui a
grafia das letras P, B, T, D, F, V.
• Regularidades contextuais: é o contexto dentro da palavra
que irá determinar que letra ou dígrafo deverá ser usado para
representar o som.
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UNIDADE II
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Compreender as regularidades ortográficas e os seus princípios
gerativos proporciona ao aprendiz internalizar (compreendendo, e não
decorando!) as regras que fazem com que algo de imutável, constante
se revele naqueles “pedaços” das palavras. Dessa forma, ele poderá
aplicá-las a outras palavras que apresentem a mesma situação. Entender
o porquê daquela grafia e construir uma regrinha significa “domesticar
as dúvidas ortográficas”, ou seja, entender que o contexto ou as
características morfossintáticas podem determinar a escrita, auxiliar o
usuário a “descobrir” a escrita de palavras ainda desconhecidas, e até
mesmo das inventadas.
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UNIDADE II
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Para o autor,
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UNIDADE II
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7. Promover a discussão coletiva dos conhecimentos das crianças;
8. Registrar as descobertas sobre a ortografia das palavras em
quadros de regras, listas de palavras etc.;
9. Favorecer a interação e discussão coletiva, em pequenos grupos
e/ou duplas.
*palavras inventadas
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UNIDADE II
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2- Você estudou que os erros ortográficos podem ser regulares e irregulares. Também
constatou que o aluno cria e testa hipóteses ao escrever, refletindo sobre a língua. Analise
os erros ortográficos presentes no texto abaixo e retire dele exemplos que ilustrem os erros
ortográficos regulares e irregulares. Depois, apresente sugestões de como o professor
poderá trabalhar para superar tais dificuldades ortográficas:
Era uma ves um gasa qe Era muito pobri ai uma brucha jogou uma posão
na casa uma semana depos a gasa virou nu castelo o castelo tia flores arvores a
menina foi a mulhe virou uma prisesa o omem virou um prisipi ai a brucha disvirou
o castelo na gasa ai Eles chorarão fim
(Aluno de 1ª série de uma escola da periferia de Aracaju – 7 anos-
CAGLIARI, 1996 - adaptado)
a) regulares diretos:
b) regulares contextuais:
c) regulares morfológico-gramaticais (verbos):
d) irregulares:
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UNIDADE II
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UNIDADE II
UNIDADE III
Métodos de alfabetização:
aspectos históricos
e pedagógicos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Apresentar uma reflexão sobre metodologias de alfabetização
ROTEIRO DE ESTUDOS
SEÇÃO 1 – Método, metodologia ou proposta didática?
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UNIDADE 3
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SEÇÃO 1
MÉTODO, METODOLOGIA
OU PROPOSTA DIDÁTICA?
Soares (op. cit., p. 93) salienta a existência de dois equívocos gerados na área
da alfabetização: a rejeição dos métodos, tendo em vista que os problemas de
aprendizagem da leitura e da escrita, na perspectiva conceitual tradicional,
tenham sido considerados basicamente como questões metodológicas; e a
formação de um estereótipo de método, imediatamente identificado
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UNIDADE III
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 3
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Os chamados pré-requisitos para a aprendizagem da escrita, que caracterizariam a criança
“pronta” ou “madura” para ser alfabetizada - pressuposto dos métodos tradicionais de alfabetização
-, são negados por uma visão interacionista que rejeita uma ordem hierárquica de habilidades,
afirmando que a aprendizagem se dá por uma progressiva construção de estruturas
cognitivas, na relação da criança com o objeto “língua escrita”; as dificuldades da criança,
no processo de aprendizagem da língua escrita - consideradas “deficiências” ou “disfunções”,
na perspectiva dos métodos tradicionais - passam a ser vistas como “erros construtivos”,
resultado de constantes reestruturações no processo de construção do conhecimento da
língua escrita.
(SOARES, 2010, p. 89).
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UNIDADE III
Universidade Aberta do Brasil
É preciso não ter medo do método; diante do assustador fracasso escolar, na área da
alfabetização, e considerando as condições atuais de formação do professor alfabetizador
em nosso país, estamos, sim, em busca de um método - tenhamos a coragem de afirmá-
lo. Mas de um método no conceito verdadeiro desse termo: método que seja o resultado
da determinação clara de objetivos definidores dos conceitos, habilidades, atitudes que
caracterizam a pessoa alfabetizada, numa perspectiva psicológica, linguística e também (e
talvez sobretudo) social e política; que seja, ainda, resultado da opção pelos paradigmas
conceituais (psicológico, linguístico, pedagógico) que trouxeram uma nova concepção dos
processos de aprendizagm da língua escrita pela criança, compreendendo esta como um
sujeito que constrói o conhecimento, e não um ser passivo que responde a estímulos externos;
que seja, enfim, o resultado da definição de ações, procedimentos, técnicas compatíveis com
esses objetivos e com essa opção teórica.
Sem proposições metodológicas claras, estamos correndo o risco de ampliar o
fracasso escolar.
(SOARES, 2010, p. 96).
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UNIDADE 3
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1. Nos quadros abaixo, você tem relatos pessoais produzidos por alguns personagens
ilustres da história a respeito da inserção individual no mundo da escrita. Leia e reflita: de
acordo com o que foi descrito em cada relato, em quais condições metodológicas essas
pessoas foram apresentadas à língua escrita e que pressupostos teóricos, possivelmente,
subsidiaram as práticas que os apresentaram ao mundo da escrita?
Eu ia balbuciando com voz tensa, os olhos fixos no texto para juntar as letras.
E, naturalmente, um texto não quer dizer nada quando é declamado sílaba por sílaba.
Então ela (a governanta) me dizia: “escute o que está lendo! Está muito bem, muito bem,
você lê perfeitamente, mas escute o que está lendo!” E aí, um dia consegui escutar:
eram sílabas separadas, mas que queriam dizer alguma coisa se fossem agrupadas ao
serem ouvidas. Agora, eu sabia ler e não queria mais largar o texto. Queria continuar.
(CARVALHO, 2007, p.15).
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SEÇÃO 2
MÉTODOS SINTÉTICOS
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Veja os relatos de professores transcritos a seguir:
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Fonte - http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/02/historia-das-cartilhas-de-alfabetizacao.
html
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A Casinha Feliz
Fonte: http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2010/06/novo-material-casinha-feliz.html
Fonte: http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/02/cartazes-com-os-personagens-da-
historia.html
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Site: http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2010/05/indice-de-cartilhas.html
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O método silábico – Parte também das unidades menores, mas
agora, da sílaba. A ênfase continua nos mecanismos de decodificação
e codificação, na memorização e não na compreensão, pois o objetivo
é decorar as famílias silábicas, unindo as sílabas e formando palavras,
depois, formando (ou somente decodificando) frases artificiais do tipo Eva
viu a uva ou Vovô vê o ovo ou O boi baba para apresentar as famílias
do va ve vi vo vu e do ba be bi bo bu.
Carvalho (2007), ao comparar a Carta do ABC (método da soletração)
e a Cartilha da Infância (método da silabação), afirma haver pouca
diferença entre elas. A principal, segundo Carvalho, é que na primeira
não aparecem frases, só palavras, mas o mecanismo da leitura é o mesmo.
Principal cartilha: Cartilha da infância
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a) Método________________________________
Ouça e complete:
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b) Método________________________
c) Método________________________
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SEÇÃO 3
MÉTODOS ANALÍTICOS
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A querela dos métodos
Durante décadas, discutiu-se que métodos seriam mais eficientes: se os sintéticos (que
partem da letra, da relação letra-som, ou da sílaba, para chegar à palavra), ou os analíticos,
também chamados globais (que têm como ponto de partida unidades maiores da língua, como o
conto, a oração ou a frase).
A chamada querela dos métodos (BRASLAVSKY, 1971) ainda permanece acesa nos
anos ‘50 e ‘60, alimentada principalmente pelos resultados de pesquisas norte-americanas.
Contrariando as opiniões prevalecentes nos meios educacionais mais avançados, Flesch (1955)
sustentou que o método fônico - que se enquadra na categoria dos sintéticos - era o melhor
para ensinar a ler enquanto os analíticos ou globais eram responsáveis pelo fracasso maciço,
em leitura e escrita, das crianças norte-americanas. Chall (1967), autora de um dos estudos
comparativos mais extensos sobre resultados dos métodos no período 1910-1965, também
tomou posição a favor dos métodos fônicos, sustentando que eles proporcionavam melhores
resultados com crianças das famílias pobres.
Numa via alternativa, evoluíram e ganharam legitimidade outras propostas, chamadas
ecléticas ou mistas (BRASLAVSKY, 1971). São os chamados métodos analítico-sintéticos, que
tentam combinar aspectos de ambas as abordagens teóricas, ou seja, enfatizar a compreensão
do texto desde a alfabetização inicial, como é próprio dos métodos analíticos ou globais, e
paralelamente identificar os fonemas e explicitar sistematicamente as relações entre letras e
sons, como ocorre nos métodos fônicos.
Em síntese, as matrizes metodológicas sintéticas são soletração, silabação e métodos
fônicos. Palavração, sentenciação e métodos de contos pertencem à categoria dos métodos
analíticos.
Ao longo do tempo, foram sendo criadas centenas de variações em torno de métodos
tradicionais. Autores propõem que as letras, ou os sons que as letras representam, sejam
associados a personagens de histórias, a cores, a desenhos, a gestos ou a canções. Cartilhas
e pré-livros a cada ano lançam inovações em matéria de histórias, personagens, vocabulário e
exercícios.
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Alguns exemplares das cartilhas da época:
Fonte - http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/02/historia-das-cartilhas-de-
alfabetizacao.html
Fonte: http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/02/cartazes-com-os-personagens-
da-historia.html
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Não podemos nos esquecer também de que se aprende a ler lendo
e a escrever escrevendo; portanto, as estratégias para possibilitar essa
leitura e essa escrita precisam ser muito bem pensadas, planejadas, pois
estarão diretamente relacionadas com nossa concepção de língua, de
ensino, de aprendizagem e, principalmente, com a concepção de que
cidadão queremos formar: alfabetizado e/ou letrado?
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RECEITA DE ALFABETIZAÇÃO
Abra a boca da criança e faça com que ela engula as vogais. Quando tiver
digerindo as vogais, mande-a mastigar uma a uma as palavras da cartilha. Cada uma
deve ser mastigada no mínimo 60 vezes, como alimentação macrobiótica. Se houver
dificuldade para engolir, separe as palavras em pedacinhos. Mantenha a criança
em banho-maria durante meses fazendo exercícios de cópia. Em seguida, faça com
que a criança engula algumas frases inteiras. Mexa com cuidado para não embolar.
Se a criança não devolver o que foi dado para engolir, recomece a receita
desde o início, isto é, volte aos exercícios de prontidão. Repita a receita quantas
vezes forem necessárias. Ao fim de três anos, embrulhe a criança e coloque um
rótulo: aluno renitente.
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ALFABETIZAÇÃO SEM RECEITA
Pegue uma criança de seis anos, ou mais, no estado em que estiver, suja ou
limpa, e coloque-a numa sala de aula onde existam muitas coisas escritas para olhar e
examinar. Servem jornais velhos, revistas, embalagens, propaganda eleitoral, latas
de óleo vazias, caixas de sabão, sacolas de supermercado, enfim, tudo que estiver
entulhado nos armários da escola e da sua casa. Convide a criança para brincar de
ler, adivinhando o que está escrito: você vai descobrir que ela já sabe muitas coisas.
Converse com a criança, troque idéias sobre quem são vocês e as coisas de que
gostam e não gostam. Escreva no quadro algumas coisas que foram ditas e leia
em voz alta. Peça à criança que olhe as coisas escritas que existem por aí, nas
lojas, no ônibus, nas ruas, na televisão. Escreva algumas destas coisas no quadro
e leia-as para a turma.
Deixe a criança cortar letras, palavras e frases dos jornais velhos e não
esqueça de mandá-la limpar o chão depois, para não criar problema na escola.
Mostre para a criança alguns tipos de coisas escritas que talvez ela não
conheça: um catálogo telefônico, um dicionário, um telegrama, uma carta, um
bilhete, um livro de receitas de cozinha.
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PALAVRAS FINAIS
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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ANEXOS
ANEXO 1
Para melhor visualização, apresentam-se as características fonéticas
contemporâneas do PB nos quadros abaixo:
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ANEXOS
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ANEXOS
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Aspectos morfossintáticos do PB contemporâneo:
Abaixo, enumeram-se, de modo sintético, as principais características
morfossintáticas do PB. É importante lembrar que algumas mudanças
conduzem a outras. Por exemplo, as alterações no sistema pronominal
acarretam mudanças no paradigma verbal.
CARACTERÍSTICAS MORFOSSINTÁTICAS DO PB
1- Estar + ando (estou falando) em correspondência ao uso europeu estar + a
+ r (estar a falar).
2- Negação dupla do tipo não sei não passando a nun sei não, n’sei não até
sei não.
5- Emprego de ter por haver nas construções existenciais: hoje tem aula.
8- Emprego da locução pois não com valor afirmativo: __Pode me dar uma
informação? __Pois não.
- de quatro posições: eu falo; ele, você, a gente fala; nós falamos; eles,
vocês falam;
- de duas posições: eu falo; ele, você, a gente, eles, vocês fala – mais
comum nas variedades de não-escolarizados.
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ANEXOS
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Essa ambiguidade pode ser desfeita pelo contexto ou pelo uso do dele: Saramago
escreveu um novo romance; o livro dele está sendo muito vendido.
14- Uso do pronome lhe, correspondente ao objeto indireto, como objeto direto
correlacionado ao pronome sujeito você (Você gosta muito de cinema. Eu lhe
vejo sempre no Multiplex.). Pode ainda variar com te (Eu te vejo…)
15- Uso do pronome lembrete no que se refere aos relativos: O professor que
eu estudei inglês com ele voltou./ O professor com quem eu estudei inglês
voltou.
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ANEXOS
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NOTAS SOBRE OS AUTORES
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AUTORES