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Geomorfologia Vol I
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Elvio Bosetti
State University of Ponta Grossa
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Geografia
LICENCIATURA EM
GEOMORFOLOGIA 1
Elvio Pinto Bosetti
CDD : 551.4
■■ PALAVRAS DO PROFESSOR 7
■■ OBJETIVOS E EMENTA 9
R ELEVO ESTRUTURAL 33
■■ Seção 1 - Gênese e formas de relevo condicionadas pela estrutura 34
A GEOMORFOLOGIA NO BRASIL 71
■■ Seção 1 - Estudos geomorfológicos no Brasil 72
■■ PALAVRAS FINAIS 83
■■ REFERÊNCIAS 85
■■ NOTAS SOBRE O AUTOR 87
PALAVRAS DO PROFESSOR
Objetivos
Ementa
Brasil.
UNIDADE I
Introdução
aos conceitos
geomorfológicos
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
■■ Fornecer conceitos básicos utilizados na geomorfologia para garantir a
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Tempo geológico e espaço geográfico
SEÇÃO 1
TEMPO GEOLÓGICO E ESPAÇO GEOGRÁFICO
Em qualquer momento do tempo geológico, o relevo terrestre é
resultado da procura do equilíbrio entre as ações resultantes dos fenômenos
internos (tendência ao fluxo da astenosfera, hot spots e movimentação
das placas tectônicas, com todas as suas consequências: orogênese,
vulcanismo, terremotos) e dos fenômenos externos (intemperismo,
denudação, erosão, sedimentação, soerguimento isostático e, mais
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
modernamente, a ação do homem).
Em primeiro lugar devemos entender que o tempo geológico envolve
um sério problema de “escala” e que deve ser muito bem administrado
para que o aluno não acabe confuso com as relações do “tempo” e do
“espaço”.
Portanto, devemos inicialmente tentar acertar “o relógio do tempo
geológico”, com o qual o geocientista está habituado a trabalhar, e
o “relógio do tempo histórico”, a que o aluno comum é normalmente
afeito. É preciso, antes de tudo, compreender que cada fenômeno natural
ocorre em sua própria escala de espaço e tempo, e que muitos deles
fogem ao domínio da imaginação da maioria das pessoas habituadas à
vida cotidiana. Isto acontece porque é usual tomarmos como base para a
escala espacial a “altura” humana, e como base para a escala temporal,
a “duração” da vida humana. No entanto, os fenômenos geológicos
cumulativos, bem como as mudanças ocorridas em linhagens ao longo da
evolução biológica, tornar-se-ão invisíveis se usarmos o “metro” da vida
humana para reconhecê-los.
Esta problemática tem sido trabalhada por diversos autores que
tratam da história geológica de nosso planeta (e.g. Stephen Jay Gould
em vários ensaios).
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UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil
Quaternário
Cenozoico 1,6
Terciário
Cretáceo 64,4
Mesozoico Jurássico 140
Fanerozoico
Triássico 205
Permiano 250
Carbonífero 290
Devoniano 355
Paleozoico
Siluriano 410
Ordoviciano 438
Cambriano 510
Neoproterozoico 540(570)
Proterozoico
Mesoproterozoico 1.000
Paleoproterozoico 1.600
Arqueano
2.500
4.500
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
1. Pesquise e estude na internet a Coluna do Tempo Geológico.
2. Pesquise sobre a Deriva Continental e a Tectônica de Placas.
3. Elabore um mapa onde constem as posições dos supercontinentes de Gondwana e Laurásia.
SEÇÃO 2
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Geo = Terra
Morfo = forma
Logos = estudos
“Os mesmos processos e leis físicas que atuam hoje em dia atuaram
através de todo o tempo geológico, ainda que não necessariamente com
a mesma intensidade do presente”. (Primeiro conceito expressado por
James Hutton – 1785).
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UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
- De outro lado estão as forças originárias da atmosfera que atuam
sobre as forças geológicas. São as forças climáticas.
Essa dicotomia, essa separação entre duas forças principais é
sistemática e permanente, gerando assim o estado de equilíbrio.
Costuma-se dizer que a geomorfologia não possui “crise de
identidade” (como ocorre com a geografia, por exemplo), uma vez que seu
objeto de estudo é bem definido: o relevo e os processos que operam na
superfície terrestre responsáveis por sua formação. Seu campo de estudo
é, na verdade, uma superfície de contato que une a parte sólida do globo
– a litosfera e seus invólucros líquido e gasoso. A litosfera é o reflexo
do equilíbrio móvel entre as forças geradas por processos endógenos
e exógenos. São consideradas forças endógenas aquelas que possuem
suas origens mais amplas oriundas do interior do planeta, e exógenas
aquelas vindas a partir da atmosfera (atmosfera – hidrosfera e biosfera).
Aliás, atualmente é dada uma ênfase maior à participação biológica na
gênese e no desenvolvimento de processos, sendo também atribuído
maior destaque ao papel desempenhado pelo homem, que cada vez
mais diversifica e intensifica sua atuação, criando condições de interferir
e, até mesmo, controlar os processos, criar e destruir formas de relevo.
(MARQUES, 2001, p. 26).
Existe ainda, a fim de facilitar o estudo, a divisão entre os aspectos
básicos da geomorfologia: o estático e o dinâmico. Explica-se: a
geomorfologia possui um duplo objetivo: 1º) fornecer descrição explicativa
e um inventário detalhado das formas (aspecto estático); 2º) analisar
os processos que operam na superfície terrestre (aspecto dinâmico).
É importante ressaltar o fato de que ambos os aspectos (descritivo e
dinâmico/genético) são interligados e um exige dados do outro; em
outras palavras, as características geológicas, climáticas, pedológicas,
biológicas, topográficas e altimétricas devem ser consideradas quando se
pretende entender o tipo de relevo de uma área qualquer e a dinâmica
dos processos a ele inerentes. Essa complexidade vem sendo ampliada,
na medida em que o homem aumenta seu nível de relação com as formas
de relevo, os processos geomorfológicos, os demais componentes e
processos ambientais, ao ocupar e transformar lugares que eram naturais
em áreas rurais e urbanas. (MARQUES, 2001, p. 27).
Atualmente a Geomorfologia apresenta várias subdivisões, quais
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UNIDADE 1
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sejam:
Geomorfologia Estrutural
Geomorfologia Climática
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
Geomorfologia Costeira e Submarina
Geomorfologia Continental
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UNIDADE 1
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Geomorfologia Regional
Geomorfologia Aplicada
É um conceito de Geomorfologia a serviço das pesquisas aplicadas à
gestão do território e ao planejamento ambiental. Tem objetivo específico
e aplicabilidade a curto e médio prazos.
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
Devido ao fato de a Geomorfologia apresentar esse amplo leque
de temáticas, o geomorfólogo vê-se obrigado a obter conhecimentos
básicos, oriundos de diferentes disciplinas: Física, Química, Matemática,
Estatística e Computação; em todas as áreas, há um estímulo à cooperação
interdisciplinar que, na geomorfologia, é fundamental para aprimorar e
fazer avançar o conhecimento na interpretação dos processos e formas de
relevo.
Processos Endógenos
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UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil
Processos endógenos
São movimentos
relativamente
rápidos (no
tempo geológico)
que geram a
Movimentos elevação de
orogênicos rochas, formando
montanhas,
cordilheiras e
depressões, com
falhamento e
dobramento.
São movimentos
muito lentos
que resultam
em elevação ou
Movimentos
afundamento de
epirogênicos
áreas continentais,
podendo
apresentar
falhamento
Processos Exógenos
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
Processos exógenos
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UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil
1. Com base no artigo O que é Geomorfologia?, de Márcia Keiko Watanabe, disponível em:
< http://br.geocities.com/uel_geomorfologia2/artigodiurnomarcia.htm > produza um texto sobre a
importância dos estudos geomorfológicos.
SEÇÃO 3
ESCOLAS DA GEOMORFOLOGIA
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
da Geomorfologia. Infelizmente, suas idéias não tiveram repercussão e
permaneceram esquecidas.
Os séculos XVI e XVII foram palco de algumas observações isoladas,
mas foi no século XVIII que grandes nomes tiveram destaque, tais como:
L. G. du Buat, Jean Baptiste de Lamarck, Targioni-Tozetti, Desmarest,
Bénédict de Saussure, dentre outros.
James Hutton (1726-1797) é considerado um dos fundadores da
moderna Geomorfologia. Ele apresentou a primeira tentativa científica
e coerente de uma história natural da Terra. Chegou a fundamentar a
teoria do “actualismo” – “o presente é a chave do passado”, que teria em
Charles Lyell (professor de Charles Darwin) seu grande divulgador.
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UNIDADE 1
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1. Escola Anglo-Americana
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
formas que se devem derivar das forças que atuam na superfície da
Terra, correlacionando-as com as existentes): o método de exposição
fica restrito às teorias davisianas e particularmente à concepção de ciclo
geomorfológico.
O aspecto finalista do paradigma de Davis e a pouca atenção que
dedicou aos processos em operação iriam conduzir a geomorfologia
norte-americana a um isolamento crescente nos anos seguintes em
relação às ciências da natureza em geral e da geologia em particular.
Dentro da própria geografia física, a geomorfologia pouco ou nada iria se
articular com a climatologia e a biogeografia. Entre as críticas produzidas
ao modelo davisiano, podemos citar Penck (1924) que destaca a relação
entre levantamento e degradação. Penck insurge-se contra a hipótese
do repouso tectônico durante a degradação. Ao considerar a evolução
do relevo, Davis praticamente elimina a ação das forças endógenas
(movimentos tectônicos), admitindo sistematicamente um levantamento
relativamente rápido, não dando tempo para que se realize apreciável
erosão. (LEUZINGER, 1948).
À medida, porém, que novos esforços para se assimilar as críticas
eram desenvolvidos, passava-se também a uma posição de revisão
progressiva das premissas davisianas e emergia, aos poucos, uma atitude
de interesse, pelo menos em relação às alternativas sugeridas pelos críticos.
Nesse sentido, um evento do fim da década de 30 confirma o interesse
norte-americano pela crítica à sua postura que, face às características da
proposta davisiana, aparece mais claramente na obra de Walther Penck.
Em 1939, realiza-se em Chicago um simpósio sobre a contribuição desse
autor à geomorfologia. As teses e discussões que marcaram esse evento
foram publicadas em um número dos Anais da Associação dos Geógrafos
Americanos, tendo Engeln (1940) como seu coordenador.
Guerra e Cunha (2005) ressaltam que, apesar de muito criticado, o
arcabouço maior de William Morris Davis, incluindo suas fases evolutivas,
continuou, em linhas gerais, sendo mantido.
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UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
todo, superando as artificiais dicotomias ainda bastante arraigadas na
linhagem conceitual de língua inglesa.
Nessa unidade você pôde observar que, para o entendimento do complexo mundo da geomorfologia,
as noções de espaço geográfico e tempo geológico são fundamentais. As atuais formas de relevo são
o produto final de fenômenos acontecidos em épocas anteriores. Vimos também as várias divisões
da Geomorfologia e suas principais aplicabilidades. Outro tópico abordado foi o desenvolvimento do
conhecimento geomorfológico ao longo da história das ciências naturais, quando várias escolas de
pensamento construíram, através de calorosos debates, a Geomorfologia moderna.
Elabore um texto de até 20 linhas descrevendo as principais visões e avanços científicos de cada
escola geomorfológica.
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UNIDADE 1
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UNIDADE 1
Geomorfologia 1
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UNIDADE 1
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UNIDADE 2
UNIDADE II
Geomorfologia 1
Relevo Estrutural
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Reconhecer o papel da estrutura geológica na definição do relevo terrestre.
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Gênese e formas de relevo condicionadas pela estrutura
estrutural
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UNIDADE 2
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SEÇÃO 1
GÊNESE E FORMAS DE RELEVO
CONDICIONADAS PELA ESTRUTURA
As formas ou conjunto de formas de relevo
participam da composição da paisagem em
diferentes escalas. Relevos de grandes dimensões,
ao serem observados em curto espaço de tempo,
mostram aparência estática e imutável; entretanto
estão sendo permanentemente trabalhados
por processos erosivos e deposicionais,
desencadeados pelas condições climáticas.
(GUERRA; CUNHA, 1997).
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
(cronologia, estilo de deformação, estimativa dos movimentos verticais
em função da erosão...) que têm que ser considerados na elaboração
de toda “modelização” geofísica dos movimentos tectônicos; pois os
dispositivos morfoestruturais, eles mesmos resultantes de uma certa
história processual, são fatores que controlam largamente a repartição e
os efeitos morfogenéticos.
Quer trate de formas maiores ou da configuração de formas estruturais
elementares, a Geomorfologia Estrutural contribui para o desvendamento
desses processos nas mesmas condições que o uso da análise das rochas,
da tectônica ou da evolução das condições bioclimáticas.
Tal característica adquire maior importância quando consideramos
que a paisagem pode conservar importantes heranças e marcos históricos,
testemunhos de condições morfogênicas pretéritas. Assim é que a
análise de paleopaisagens e formações superficiais correspondentes
pode constituir um dado precioso para o estudo de jazidas minerais.
Ela associa-se também à Estratigrafia para referenciar os marcos que
permitem calibrar outros métodos de datação como a termocronologia,
ou quantificar processos de longa duração (deformações, erosão) sobre
bases mais tangíveis do que a simples extrapolação de medidas efetuadas
no período atual.
O conhecimento das evoluções a longo prazo ganha assim em
precisão e em confiabilidade, na medida em que o efetivo conhecimento
dos meios e de suas dinâmicas passa necessariamente pelo conhecimento
das gêneses das suas formas, em todas as escalas, inclusive nos casos em
que as durações de tempo associadas são longas.
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SEÇÃO 2
O PAPEL DA ESTRUTURA GEOLÓGICA NA
DEFINIÇÃO DO RELEVO TERRESTRE
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
• diferenças de dureza das rochas
• disposição das camadas rochosas
• movimentos crustais
• falhas
• fraturas
• dobras
• litomassas específicas
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
Os diques de diabásio e de andesito, dependendo da qualidade das
rochas encaixantes, possuem comportamentos geomorfológicos distintos.
Se as rochas encaixantes são mais resistentes, os diques condicionam a
formação de vales, em decorrência da remoção efetiva das rochas ígneas
básicas. Se, por outro lado, as rochas encaixantes são menos resistentes
e passíveis de desgaste rápido, os diques constituem elevações que se
dispõem de forma grosseiramente paralela.
A superimposição de um rio sobre um núcleo de determinadas
rochas, sem seguir alinhamentos tectônicos, é um indicador de movimento
epirogenético (soerguimento de massa continental).
Os fatores estruturais do relevo podem ser, de forma bastante
sintética, agrupados em duas grandes categorias: fatores tectônicos e
fatores litológicos.
Os fatores tectônicos correspondem às forças tectônicas, de
caráter endógeno, que edificam o relevo mediante deformação da
litomassa. Ocasionam intensos dobramentos, falhamentos, subsidências,
basculamentos e exaltações. Para compreender esses fatores, faz-se
necessário um conhecimento dos grandes traços da teoria da Tectônica
de Placas, um dos mais importantes paradigmas da moderna Geologia.
Para a teoria da Tectônica de Placas, a litosfera encontra-se
subdividida em fragmentos, que se movem entre si, denominados placas
litosféricas. A zona de interação entre as placas litosféricas define-se por
convergência litosférica, divergência litosférica e falha de transformação.
As zonas de convergência são as áreas onde se dá a colisão de
placas. Nestas áreas configuram-se morfoestruturas do tipo trincheira
oceânica e/ou sistemas orogenéticos.
As zonas de divergência são aqueles limites onde se dá a separação
de placas litosféricas. Exemplificam-nas as morfoestruturas chamadas
dorsais oceânicas, cujo exemplo mais próximo é a Dorsal do Atlântico.
As zonas de falha de transformação são os limites ao longo dos quais
as placas deslizam. No oeste dos Estados Unidos, a falha de Santo André
é um bom exemplo desse limite de placas litosféricas.
Os fatores litológicos resultam da maior ou menor resistência dos
corpos rochosos aos processos erosivos, conforme foi anteriormente
assinalado. Esses fatores podem determinar plataformas estruturais de
relevo como, por exemplo, o bordo de uma camada mais dura, destacada
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UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
SEÇÃO 3
ALGUMAS DEFINIÇÕES BÁSICAS PARA O
ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA ESTRUTURAL
1 - Antéclise:
Estrutura de plataforma, tipo arco, com configuração assimétrica,
composta de rochas sedimentares estendidas a partir de um centro.
2 - Sinéclise:
Grande estrutura negativa dos crátons. As camadas sedimentares
possuem inclinações suaves para o centro da bacia. (sinônimo: bacia
sedimentar, bacia tectônica). Na parte central das sinéclises afloram os
sedimentos mais jovens; nas margens, os mais antigos.
3 - Anticlinório:
Grandes conjuntos de estruturas anticlinais. Originam-se por
dobramentos regionais.
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
4 - Astenosfera:
Camada viscosa e plástica do manto superior. Localiza-se sob os
continentes a uma profundidade de mais ou menos 100 km. É a fonte dos
movimentos crustais.
5 - Arco Insular:
Sistema montanhoso submarino cujos cumes elevam-se sobre o nível
do mar, formando cadeia de ilhas em arco. Associam-se às trincheiras
oceânicas.
6 - Batólito:
Grande corpo intrusivo com contatos bruscos e uma grande
espessura. Possui uma área superior a 100 km². Tem composição
granitoide. Aflora em decorrência de fases erosivas.
7 - Cinturão Ativo:
Maior elemento estrutural da tectonosfera que se estende no interior
dos continentes e oceanos. Apresenta uma notável atividade tectônica.
Exemplificam-no: dorsais oceânicas, sistemas orogênicos e as trincheiras
submarinas.
9 - Cráton:
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10 - Dorsais:
Conjunto de sistemas montanhosos submarinos na zona axial.
Apresentam depressões conhecidas como rifts.
11 - Escudos:
A maior estrutura positiva dos crátons. Apresentam vastos
afloramentos de rochas pré-cambrianas e forte metamorfismo, granitização
e rochas dobradas e intensamente falhadas.
12 - Fossa Tectônica:
Zona de afundamento tectônico, delimitada por falhas paralelas. A
expressão graben é, às vezes, empregada como sinônimo.
13 - Litosfera:
É a camada rígida externa da Terra e a mais rígida do planeta. É
limitada na parte inferior por uma zona de baixa velocidade, que vem
sendo definida, convencionalmente, por uma superfície isotérmica
de 1300 - 1400° C. A litosfera é má condutora de calor e transmite o
calor recebido pela astenosfera, através da convecção, por condução e
irradiação.
A litosfera é definida pela crosta continental e pela crosta oceânica,
além da parte não convectiva do manto.
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
por um contexto composto de vários segmentos,
em natureza, espessura e constituição, sendo
estes considerados grandes (>100000000 km²),
intermediários (10000000 – 1000000 km²) e
pequenos (< 1000000 km²), chamados de placas
litosféricas. Entre os segmentos pequenos, além
das microplacas (segmentos que devem ter pelo
menos uma margem ativa) e microcontinentes
(balizados integralmente por margens passivas),
destacam-se os chamados blocos (algum tipo
de rigidez interna) e terrenos. Estes últimos são
deformados internamente durante as orogêneses
e geralmente afastados da sua posição original
por extensões muitas vezes superiores à sua maior
dimensão (por convenção). Esta conceituação
(placas grandes, intermediárias e pequenas,
microcontinentes, blocos, ‘terrenos’, etc.) é muito
controvertida ainda e longe do consensual, tendo
aqui sido adotadas as designações de Condie
(1989) e Berckemann & Hsü (1982). O número da
segmentação da litosfera é muito grande, e sua
identificação vem sendo acrescida na proporção
que se intensifica o conhecimento geológico e
geofísico, sendo incorreto pensar em número
pequeno e finito de placas.
(...) No contexto das placas grandes, ocorre
litosfera de natureza continental e oceânica (às
vezes, apenas oceânica), nos demais segmentos
geralmente um ou outro tipo de litosfera é
predominante, precisando ficar claro que mesmo
nos segmentos da litosfera há variações laterais
de composição, estrutura e comportamento muito
importantes. No caso dos segmentos cada vez
menores, um só tipo de litosfera costuma ocorrer.
(NEVES, Benjamim Bley B. 1995 Crátons e Faixas
Móveis).
14 - Sistema Montanhoso:
Série de elevações mais ou menos extensas, unidas em grupos
montanhosos separados por depressões intermontanas e vales fluviais.
Ab’Sáber (1975) classifica as montanhas, segundo a origem, em
montanhas de dobramento, dômicas, de blocos falhados, vulcânicas,
escarpas de falha, escarpas de erosão e minimontanhas. Eis as definições
apresentadas pelo autor (Op. cit., p. 30 e 31) para essas formas de relevo:
Montanhas de dobramentos:
cordilheiras oriundas do dobramento de camadas originalmente
depositadas no fundo dos mares. Após os dobramentos, as camadas
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UNIDADE 2
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Montanhas dômicas:
são camadas deformadas em forma de abóbadas. Após a ação de
demorados processos erosivos, os domos podem dar origem a montanhas
semicirculares, com cristas serrilhadas e abruptas para o interior das
depressões dômicas e encostas suaves inclinadas para o exterior da
antiga abóbada. Nas porções centrais de alguns domos foram descobertas
jazidas de petróleo em profundidade.
Montanhas vulcânicas:
cones vulcânicos, extintos ou ativos, formados pelo acúmulo de
lavas e cinzas em torno de crateras de vulcões.
Minimontanhas:
área de pequena altitude relativa, porém com forte grau de
acidentação.
16 - Rifts:
São morfoestruturas de caráter tectônico, relativamente estreitas e
com grande extensão. Têm origem a partir de uma tectônica extensional ou
por fenômenos de natureza termotectônica. Um grande rift é encontrado
na África Oriental, mais especificamente na região dos grandes lagos
africanos.
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Geomorfologia 1
RELEVOS INICIAIS
Os relevos iniciais são resultantes das atividades magmáticas
extrusivas (relevo vulcânico).
Materiais vulcânicos:
Lavas - AA - lava em bloco
Pattoehoe - em corda
Pillowlava - em atmosfera
Gases:
Gases Fumarolas 800° a 200° C – HCl, S, O, C
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Atividades vulcânicas:
Lahars:
mistura de materiais piroclásticos e água. São de três tipos:
Atividades de cinzas:
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Geomorfologia 1
(erosão pluvial).
Formação de sulcos ou ravinas nas encostas do vulcão (processo
de ravinamento). Exemplos: Jurulho no México, Irazu na Costa Rica e
Izalco em El Salvador.
Tipos de crateras/caldeiras:
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Tipos de intrusões:
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Geomorfologia 1
Soleira: é uma intrusão de forma tabular.
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
paisagens geomorfológicas. Um dos principais tipos de erosão é a fluvial:
Lembrete:
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Tipos de rios
Rios subsequentes:
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Geomorfologia 1
Acontecem normalmente aos pés das escarpas. São de extensões
menores que os rios conseqüentes dos quais são afluentes, normalmente
desaguando em ângulos retos. Alojam-se em regiões de mais fácil erosão,
ou seja, sobre camadas geológicas mais friáveis e linhas de falhas ou em
fraturas.
Rios obsequentes:
Rios ressequentes:
Bacias hidrográficas:
If = 1-k/a
Dh = n/a
Dd = ht/a
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Hierarquia Fluvial:
Ordenação dos rios dentro de uma bacia hidrográfica.
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Geomorfologia 1
Rios de primeira ordem: rios de pequena extensão que não possuem
afluentes.
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
em qualquer direção, dos blocos de rochas, ao longo do plano de falha (a
superfície de fratura ao longo da qual teve lugar o movimento relativo).
Há várias classificações para as falhas. Por exemplo, numa
classificação segundo os movimentos relativos dos blocos, vamos
considerar dois tipos de falhas (sabendo que existem muitos mais): falha
normal é aquela em que os blocos rochosos se deslocaram um em relação
ao outro, segundo a inclinação do plano de falha; falha inversa é aquela
em que um bloco (chamado teto) se desloca em sentido ascendente sobre
o plano de falha, relativamente ao bloco rochoso chamado muro.
MORFOLOGIA GLACIÁRIA
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
parte mais baixa se funde e desaparece ao alimentar pequenos riachos
que correm pela superfície, introduzem-se nas fendas e acabam por se
unir às correntes que surgem sob a língua glaciária.
Mas o gelo não tem um comportamento homogêneo em toda a
espessura da língua glaciária. Submetido a uma forte pressão, o gelo,
embora permaneça sólido, se torna muito maleável, rodeia os obstáculos,
infiltra-se nas fendas das rochas. Essa pressão-limite é equivalente à
exercida por uma camada de gelo de uns 30 a 50 metros de espessura.
Por baixo é mole, por cima, quebradiça: é nesta zona que se formam as
fendas. Essa sobreposição de duas camadas dá ao glaciar seu aspecto
particular. Se o fundo do vale forma degraus, a camada rígida se fratura
ao passar pelas irregularidades do terreno, o que provocará novas
fendas. Nas zonas planas, as fendas se fecham; em outras circunstâncias,
aparecem rupturas em forma de séracs na superfície do glaciar. No verão,
todas estas rupturas e fendas são facilmente visíveis.
O glaciar é, pois, uma massa em movimento. Sua deslocação pode ser
medida por meio de estacas cravadas na superfície. Pode se movimentar
à ordem dos 10 a 100 metros por ano. Se a fusão do gelo é mais rápida
que o avanço do glaciar, a frente dele irá até mais acima, quer dizer, até
zonas mais frias. Dessa forma, o glaciar retrocede e, em caso contrário,
avança. Então a língua ou frente glaciária desce mais abaixo pelo vale.
Por vezes, cessa a alimentação do glaciar. Já não neva no circo ou bacia
de recepção, nem na geleira. Nessa ocasião, o glaciar para e se funde
lentamente. A areia e o pó trazidos pelo vento o cobrem, e essa carapaça
o isola do calor e o protege durante centenas de anos até que desaparece.
Fala-se então de gelo morto. A importância de um glaciar, a sua
hipertrofia até originar uma calota glaciar, depende, em grande medida,
do limite inferior das neves perpétuas. Se, nas cadeias montanhosas, esse
limite descesse 300 ou 400 metros, os glaciares avançariam de novo sobre
os continentes. Um decréscimo da temperatura média anual da ordem
de dois a três graus Celsius seria, provavelmente, suficiente para que
começassem de novo as glaciações. Tal mudança mínima do clima teria
terríveis consequências.
Na montanha, um glaciar é um poderoso agente de erosão. O
desgaste resultante não é causado diretamente pelo gelo. Procede da
base do glaciar, que incorpora blocos rochosos, cascalho, areia e argila e
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UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
lagos ou serão transportadas pelas águas para a planície. Estes aluviões
formarão um solo muito rico. Assim nasceu, na América do Norte, a maior
parte das grandes planícies cultivadas dos nossos dias. Na Europa, o
vento se encarregou do transporte desses materiais. Sobre essas argilas
depositadas se encontram as terras mais férteis do continente.
Os gelos do Polo Norte não repousam, como os da Antártida,
sobre um continente, mas flutuam sobre as águas. Relativamente pouco
espessos, não ultrapassam nunca os dois ou três metros de espessura e
formam o que se conhece pelo nome de banquisa.
Os icebergs não são produzidos por banquisas; são, na realidade,
demasiado volumosos. Procedem dos glaciares que desembocam no
mar e se fraturam. Esses majestosos restos de glaciar, que se partem à
deriva, podem alcançar dimensões enormes: dezenas de quilômetros de
comprimento e centenas de metros de espessura.
Icebergs
REGIÕES MARINHAS
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UNIDADE 2
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Dorsal meso-atlântica
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
Fossa das Marianas
Desertos
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UNIDADE 2
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Bacia do Amazonas
Na porção setentrional do continente sul-americano desenvolveram-
se as grandes sinéclines intracratônicas do Amazonas, Solimões e
Parnaíba. O preenchimento sedimentar das sinéclises abrange grande
variação espaço-temporal, uma vez que seus depósitos distribuem-se
em escala verdadeiramente continental, compreendendo idades desde o
Proterozóico até o recente. A Bacia do Amazonas, situada entre os crátons
das Guianas ao norte e do Brasil ao sul, possui área de aproximadamente
500.000km2. Abrange parte dos estados do Amazonas e do Pará. O registro
sedimentar e ígneo da Bacia do Amazonas é um reflexo de variações
eustáticas do nível do mar e dos eventos tectônicos paleozóicos ocorrentes
na borda oeste da pretérita placa gondwânica. Já na borda leste, a Bacia
do Amazonas sofreu influência da tafrogenia mesozoica do Atlântico Sul
(CUNHA, et al. 2007).
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
O arcabouço estratigráfico da Bacia do Amazonas apresenta duas
importantes megassequências de primeira ordem, totalizando cerca
de 5.000m de preenchimento sedimentar e ígneo. A Megassequência
Paleozóica (subdividida nas sequências Ordovício-Devoniana, Devono-
Tournaisiana, Neoviseana e Pensilvaniano-Perminana) constituída
por rochas sedimentares de natureza variada, associadas a um grande
volume de intrusões de diques e soleiras de diabásio mesozóicos, e a
Megassequência mesozóico-cenozoico sedimentar (CUNHA, et al. 2007).
Bacia do Parnaíba
Ocupa cerca de 600.000 km2 da porção noroeste e nordeste do
território brasileiro, com espessura em torno dos 3.500m. A sucessão de
rochas sedimentares e magmáticas da Bacia do Parnaíba pode ser disposta
em cinco supersequências: Siluriana, Mesodevoniana-Eocarbonífera,
Neocarbonífera-Eotriássica, Jurássica e Cretácea, delimitadas por
discordâncias que se estendem por toda a bacia (VAZ et al. 2007).
Bacia do Paraná
A Bacia sedimentar do Paraná compreende uma vasta província
sedimentar ocorrente no centro-leste da América do Sul. Trata-se de uma
bacia intracratônica intercontinental de natureza policíclica, marcada
por eventos de subsidência e soerguimento. É uma sinéclise de grande
extensão. No Brasil abrange os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além
dos territórios da Argentina, Uruguai e Paraguai, alcançando uma área
de aproximadamente 1.600.000 km2. (MILANI et al. 2007).
A Bacia do Paraná possui um registro estratigráfico incompleto
compreendendo o Período Ordoviciano Superior ou Neo-Ordoviciano
até o Cretáceo Superior ou Neo-Cretáceo, atingindo aproximadamente
7.000m. O registro total abrange o intervalo de 450-65 Ma, porém uma
significativa parcela desse tempo encontra-se em hiatos temporais que
separam as supersequências. As Supersequências Rio Ivaí (Ordoviciano
– Siluriano), Paraná (Devoniano) e Gondwana I (Neo-Carbonífero –
Eo-Triássico) registram grandes tratos de sistemas paleozóicos com
variação do nível de base, enquanto as Supersequências Gondwana
II (Meso a Neotriássico), Gondwana III (Neojurássico - Eocretáceo) e
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Topografia brasileira
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
Brasil) foi o primeiro a aplicar esse conceito.
Planalto: ao contrário do que sugere o nome, é uma superfície
irregular com altitude acima de 300 metros. É o produto da erosão sobre
rochas cristalinas ou sedimentares. Pode ter morros, serras ou elevações
íngremes de topo plano (chapadas).
Planície: superfície muito plana com, no máximo, 100 metros de
altitude. É formada pelo acúmulo recente de sedimentos movimentados
pelas águas do mar, dos rios ou de lagos. Ocupa porção modesta no
conjunto do relevo brasileiro.
Serra: terreno muito trabalhado pela erosão. Varia de 600 a
3.000 metros de altitude. É formada por morros ou cadeias de morros
pontiagudos (cristas). Não se deve confundir com escarpa, já que serra se
sobe por um lado e se desce pelo lado oposto.
Escarpa: terreno muito íngreme de 100 a 800 metros de altitude.
Lembra um degrau. Ocorre na passagem de áreas baixas para um
planalto. É impropriamente chamada de serra em muitos lugares, como
na Serra do Mar, que acompanha o litoral.
Tabuleiro: superfície com 20 a 50 metros de altitude em contato
com o oceano. Ocupa trechos do litoral nordestino. Geralmente tem o
topo plano. No lado do mar, apresenta declives abruptos que formam as
chamadas falésias ou barreiras.
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UNIDADE 2
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Nessa unidade você pôde ter acesso a algumas definições e conceitos que consideramos necessários a
uma melhor compreensão de vários assuntos que comumente são abordados na análise morfoestrutural
das paisagens. Com esses conceitos, desenvolvemos também uma breve análise do modelo estrutural
brasileiro.
Pesquise ao menos três formas de relevo geneticamente diferenciadas no território brasileiro e sul-
americano, descrevendo suas respectivas origens estruturais.
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UNIDADE 2
Geomorfologia 1
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
UNIDADE III
Geomorfologia 1
A Geomorfologia no Brasil
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Proporcionar ao aluno conhecimentos sobre a geomorfologia do Brasil e
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Estudos geomorfológicos no Brasil
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SEÇÃO 1
ESTUDOS GEOMORFOLÓGICOS NO BRASIL
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UNIDADE 3
Geomorfologia 1
dos maiores projetos já realizados, buscando o levantamento de recursos
naturais, incluindo geologia, geomorfologia, solos, vegetação e uso do
solo, foi o Projeto RADAM Brasil. De 1973 em diante, publicaram-se os
relatórios, os documentos cartográficos (mapas temáticos) que recobrem
todo o país, formando um total de 40 volumes.
Atualmente, a geomorfologia acompanha os rumos teóricos e os
caminhos de aplicação; entretanto, a dificuldade de acesso rápido às
novas tecnologias e a falta de infraestrutura prejudicam os avanços da
ciência.
É possível afirmar que o relevo brasileiro:
• Apresenta grande variedade de formas, como planícies,
planaltos, depressões relativas, cuestas e montanhas muito
antigas.
• Não se caracteriza pela existência de áreas de dobramentos
modernos, formações originadas por vulcanismo recente ou
outras que dependam da glaciação de altitude, e nem mesmo
por depressões absolutas.
• Apresenta modestas altitudes, já que a quase totalidade das
terras possui menos de 1.000 metros de altura e somente meio
por cento do território encontra-se acima desse limite.
• É predominantemente constituído por planaltos (58,5%),
seguidos das planícies ou terras baixas conhecidas como platôs
(41%).
• O Brasil possui 6.430.000 km² de bacias sedimentares, dos
quais 4.880.000 km² em terra e 1.550.000 km² em plataforma
continental que corresponde a 64% do território, constituindo
grandes bacias como a Amazônica, a do Parnaíba, a do Paraná,
a São-Franciscana, a do Pantanal Mato-Grossense e outras
pequenas bacias.
Escudos antigos correspondem a 36% da área territorial e dividem-
se em duas grandes porções: o Escudo das Guianas (norte da Planície
Amazônica) e o Escudo Brasileiro (porção centro-oriental brasileira).
Sendo que o Escudo Brasileiro divide-se em Planalto Nordestino, Planalto
Central, Serras e Montanhas de Leste e Sudeste e Planalto do Maranhão-
Tocantins, segundo a classificação do geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber
(1958).
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UNIDADE 3
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Elabore um texto de até 20 linhas sobre as principais características das unidades geomorfológicas do
território brasileiro.
SEÇÃO 2
O RELEVO BRASILEIRO
O Brasil possui terrenos geológicos muito antigos e bastante
diversificados, dada sua extensa área territorial. Não existem, entretanto,
cadeias orogênicas modernas, datadas do Mesozoico, como os Andes,
os Alpes e o Himalaia. Eis a razão pela qual a modéstia de altitudes é
uma das principais características da geomorfologia brasileira. Raros
são os pontos em que o relevo ultrapassa 2.000 metros de altura, sendo
que as maiores altitudes isoladas encontram-se na fronteira norte do
país, enquanto as maiores médias regionais estão na Região Sudeste,
notadamente nas fronteiras de Minas Gerais e Rio de Janeiro. As rochas
mais antigas integram áreas de escudo cristalino, representadas pelos
crátons: Amazônico, Guianas, São Francisco, Luís Alves/Rio de La Plata,
acompanhados por extensas faixas móveis proterozoicas. Da existência
desses crátons advém outra característica geológica muito importante do
território: sua estabilidade geológica.
São incomuns no Brasil os grandes abalos sísmicos ou terremotos.
Também não existe atividade vulcânica expressiva. As partes mais
acidentadas do relevo são resultantes de dobramentos ou arqueamentos
antigos da crosta, datados do proterozoico (faixas móveis). As áreas de
coberturas sedimentares estão representadas por três grandes bacias
sedimentares: Bacia Amazônica, Bacia do Paraná e Bacia do Parnaíba,
todas apresentando rochas de idade paleozoica.
O relevo de todas as partes do mundo, assim como o relevo brasileiro,
apresenta saliências e depressões oriundas das eras geológicas passadas.
Essas saliências e depressões, conhecidas como acidentes de primeira
ordem, configuram as montanhas, planaltos, planícies e depressões; além
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UNIDADE 3
Geomorfologia 1
desses acidentes existem outros menores: as chapadas, as cuestas e as
depressões periféricas.
Planaltos
1. das Guianas, engloba a região serrana e o
Planaltos
planalto Norte - Amazônico
1. das Guianas
2.Brasileiro, subdividido em: Central -
2. Brasileiro, subdividido em: Atlântico - Central
Meridional - Nordestino - Serras e planaltos
- Meridional
do Leste e Sudeste - do Maranhão - Piauí -
Uruguaio-Rio-Grandense
Planícies
Planícies
1. Amazônica
1. Planícies e terras baixas amazônicas
2. do Pantanal
2. Planícies e terras baixas costeiras
3. Costeira
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Planície do Pantanal
Planalto Central
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UNIDADE 3
Geomorfologia 1
É necessário, já de antemão, relacionar a Geomorfologia com
a análise ambiental, posto que, dessa forma, se torna bastante claro o
motivo da expansão da Geomorfologia nos últimos 50 anos no Brasil.
Contudo, é a partir do século XIX que datam as primeiras
contribuições de pesquisadores “naturalistas” e “especialistas” (botânicos,
cartógrafos, geógrafos e geólogos). Do início deste século (século XIX)
até a década de 1940, a Geomorfologia esteve vinculada às primeiras
gerações de geólogos brasileiros e estrangeiros ilustres. A época que se
segue a 1940 é a da implantação de técnicas modernas e tem a publicação
de Emmanuel de Martonne (1940), relativa aos problemas morfológicos
do Brasil tropical atlântico, como marco inicial. É a partir de então que
a geomorfologia passa a ter uma maior participação de geógrafos, com
a criação do IBGE (1937) e com a expansão das faculdades de Filosofia.
As influências eram, sobretudo, das escolas francesa, alemã e norte-
americana.
Em 1956 ocorreu, no Rio de Janeiro, o XVIII Congresso Internacional
de Geografia da UGI e houve, então, o estímulo do desenvolvimento de
muitas pesquisas no país. Nessa época, as idéias davisianas já estavam
dando lugar às abordagens da Geomorfologia Climática; do final dos
anos 60 ao início dos anos 70, começam a ser incorporadas as idéias da
Teoria Geral de Sistema e do equilíbrio dinâmico. Seguidor dessa linha,
Antônio Christofoletti lança, em 1974, a obra Geomorfologia, a qual
incorpora e divulga a perspectiva sistêmica; trata-se de um livro que,
ainda hoje, é um dos poucos produzidos em português e que atende a
objetivos didáticos. Nesse mesmo ano, Margarida Maria Penteado lança
Fundamentos de Geomorfologia, destinado ao ensino e apresentando o
que se estava produzindo no país. A partir dessa época, sucessivas edições
do Dicionário Geológico-Geomorfológico, de Antônio Teixeira Guerra
(1954), foram lançadas, reflexo do crescente interesse pelo assunto.
O uso de métodos e técnicas de quantificação e os novos recursos
do sensoriamento remoto marcaram bastante a década de 70. O projeto
Radar da Amazônia (RADAM) foi, em nível mundial, um dos maiores já
realizados de levantamento de recursos naturais que incluía os temas
Geologia, Geomorfologia, solos, vegetação e uso potencial do solo. As
imagens orbitais de satélite fornecidas pelo INPE também configuram
importantes ferramentas para o trabalho do geomorfólogo. Com os
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UNIDADE 3
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UNIDADE 3
Geomorfologia 1
Nesta unidade você pôde verificar que apesar das primeiras contribuições geomorfológicas no
Brasil datarem do século XIX, somente na década de 1950 é que se deu a expansão dos estudos
geomorfológicos. Isso ocorreu principalmente em razão da valorização das questões ambientais e por
aplicar-se diretamente à análise ambiental.
Pesquise e elabore um texto de até 20 linhas sobre as principais características das unidades
geomorfológicas situadas no território paranaense.
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