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Geomorfologia Vol II
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Elvio Bosetti
State University of Ponta Grossa
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Geografia
LICENCIATURA EM
GEOMORFOLOGIA 2
Elvio Pinto Bosetti
CDD : 551.4
A Coordenação
SUMÁRIO
■■ PALAVRAS DO PROFESSOR 7
■■ OBJETIVOS E EMENTA 9
■■ PALAVRAS FINAIS 89
■■ REFERÊNCIAS 91
■■ NOTA SOBRE O AUTOR 94
PALAVRAS DO PROFESSOR
Objetivos
■■ Reconhecer os fatores exógenos na elaboração do relevo.
atual.
Ementa
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Apresentar as formas de relevo como objeto de estudo da geomorfologia
ensino básico.
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - O Relevo como Objeto de Estudo
SEÇÃO 1
O RELEVO COMO OBJETO DE ESTUDO
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Geomorfologia 2
autônoma. (MARQUES, 1998).
O relevo sempre foi visto pelo homem como o conjunto de
componentes da natureza que se destaca pela sua beleza, imponência ou
forma, e que se reveste de grande importância em muitas situações do
seu cotidiano, como para assentar moradia, estabelecer caminhos para
locomoção, desenvolver cultivos ou definir territórios.
A evolução do conhecimento humano na direção da Geomorfologia
tem procurado respostas para questões como: De que forma os processos
se articulam entre si? Como evoluem os grandes conjuntos de relevo?
Qual o significado do relevo no contexto ambiental? Como interferir ou
controlar o funcionamento dos processos geomorfológicos? Como projetar
(no tempo e no espaço) o comportamento dos processos e as formas de
relevo resultantes? (MARQUES, 1998).
O reconhecimento da importância do relevo pode ser observado
na atenção que é conferida ao seu estudo, na elaboração de planos e
projetos que necessitam, cada vez mais, explicitar os possíveis impactos
ambientais que serão decorrentes de sua implantação.
SEÇÃO 2
FORMAS E GÊNESE DO RELEVO
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Geomorfologia 2
Figura 3 - Representação de uma paisagem natural com depósitos de
sedimentos fluviais, glaciais e eólicos (Fonte: www.geoturismobrasil.com)
Tipos de Relevo
A superfície terrestre é composta por irregularidades, que se
apresentam de diferentes formas em todo o planeta, e cujo conjunto pode
ser definido como relevo. Os principais tipos de relevo são: os planaltos,
as planícies, as depressões e as montanhas.
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Universidade Aberta do Brasil
Planaltos
Os planaltos, também chamados de platôs, são áreas de altitudes
variadas e limitadas em um de seus lados, por superfície rebaixada. São
originários das erosões provocadas por água ou vento e seus cumes são
ligeiramente nivelados. Exemplo: Planalto Central no Brasil, localizado
em território dos estados de Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul.
Planícies
São áreas geográficas caracterizadas por superfície relativamente
plana (pouca ou nenhuma variação de altitude). Encontradas, na maioria
das vezes, em regiões de baixas altitudes. As planícies são formadas por
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Geomorfologia 2
rochas sedimentares. Nestas áreas, ocorre o acúmulo de sedimentos.
Exemplos: Planície Litorânea, Planície Amazônica e Planície do Pantanal.
Depressões
As depressões são regiões geográficas mais baixas do que as áreas
em sua volta. Quando essas regiões situam-se numa altitude abaixo do
nível do mar, são chamadas de depressão absoluta. Quando são apenas
mais baixas do que as áreas ao redor, são chamadas de depressões
relativas. As crateras de vulcões desativados também são consideradas
depressões. É comum a formação de lagos nas depressões. Exemplos:
depressão amazônica ocidental, depressões marginais amazônicas,
depressão marginal norte-amazônica, depressão marginal sul-amazônica,
depressão do Araguaia, depressão cuiabana, depressões do Alto Paraguai
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Montanhas
As montanhas são formações geográficas originadas do choque
(encontro) entre placas tectônicas. Quando ocorre esse choque na crosta
terrestre, o solo das regiões que sofre o impacto acaba se elevando na
superfície, formando assim as montanhas, conhecidas como montanhas
de dobramentos. Grande parte delas formou-se na era geológica do
Terciário. Existem também, embora menos comum, aquelas formadas por
vulcões.
As altitudes das montanhas são superiores às das regiões vizinhas.
Quando ocorre um conjunto de montanhas, chamamos de cordilheira.
Exemplos: Aconcágua (Argentina), Pico da Neblina (Brasil), Logan
(Canadá), Kilimanjaro (Tanzânia), Monte Everest (Nepal, China), Monte
K2 (Paquistão, China), Monte Blanco (França, Itália).
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Geomorfologia 2
1.Pesquise e estude na internet as diferentes formas de relevo.
2.Pesquise e estude na internet os processos erosivos.
SEÇÃO 3
FATORES EXÓGENOS
Intemperismo
Sob determinadas condições climáticas as rochas tendem a se
decompor, formando o chamado manto de intemperismo, que também
pode receber a designação de regolito. (LEINZ e AMARAL, 1980).
O intemperismo constitui um conjunto de processos que ocasionam
a decomposição dos minerais das rochas. Pode ser causado por processos
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Intemperismo Físico
Segundo Guerra e Cunha (1996), o intemperismo físico é composto
pelos processos que levam à fragmentação da rocha, sem modificação
significativa em sua estrutura química ou mineralógica. Essas quebras
podem ocorrer por vários processos, como demonstrado na figura 11:
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UNIDADE 1
Geomorfologia 2
b) Crescimento de raízes: espécies pioneiras arbustivas e arbóreas
podem exercer grandes pressões sobre as rochas, através do crescimento
das raízes entre as fendas. Exemplos típicos dessa força são os danos
causados pelas raízes de algumas árvores no calçamento e nas fundações
das construções. (Figura 12).
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Intemperismo Químico
O intemperismo químico é o conjunto de reações que levam à
modificação da estrutura dos minerais componentes da rocha. Na
natureza, é praticamente impossível separar o intemperismo físico
do intemperismo químico, já que ocorrem quase simultaneamente. O
intemperismo químico, entretanto, torna-se mais acelerado à medida que
o físico avança. (GUERRA e CUNHA, 1996).
Assim como o intemperismo físico, o químico ocorre em virtude das
condições ambientais na superfície da crosta serem bastante diferentes
daquelas onde os minerais se formaram. Os arranjos cristalinos das
estruturas mineralógicas estão sempre tendendo para uma situação de
maior equilíbrio com o ambiente. Entretanto, mesmo quando as diferenças
são muito grandes, as reações ocorrem em uma velocidade bastante lenta
do ponto de vista humano. As reações químicas do intemperismo são
controladas principalmente pela água meteórica e gases nela dissolvidos
(O2 e CO2). Os produtos dessas reações constituem os minerais
secundários, que formam o regolito, e o material dissolvido, que pode
ser removido em solução ou reprecipitado em ambientes favoráveis no
regolito. (GUERRA e CUNHA, 1996).
Reações de Dissolução
Esta reação se dá pela solubilização dos elementos que compõem
os minerais. Sua intensidade vai depender da quantidade de água em
contato com os minerais e da solubilidade de cada um deles. Assim,
minerais de alta solubilidade, como halita (NaCl), são facilmente
dissolvidos. Isto contrasta com a solubilidade do quartzo, que é muito
baixa. Normalmente as águas continentais se encontram saturadas com
a sílica dissolvida, proveniente de outros silicatos, mas quando estes são
consumidos, como nas porções superiores de regolitos muito lixiviados,
tipo perfis lateríticos, as soluções passam a ser subsaturadas em sílica
e o quartzo pode ser dissolvido pela água meteórica pura. (GUERRA e
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UNIDADE 1
Geomorfologia 2
CUNHA, 1996).
Reações de Oxidação
Trata-se de uma reação com O2 formando óxidos, ou hidróxidos, se
a água também é envolvida no produto secundário.
Afeta de modo particular os minerais contendo íons polivalentes
tais como o ferro e manganês, principal responsável pela coloração
avermelhada característica dos regolitos tropicais. A reação pode se dar
por etapas, primeiramente com a liberação do Fe2+ por hidrólise:
Reações de Hidrólise
Trata-se da reação mais comum para os minerais silicatados. É a
reação química que se dá pela quebra da ligação entre os íons dos minerais
pela ação dos íons H+ e OH- da água. Os prótons H+ são consumidos
e íons OH-, cátions e ácido silícico são colocados em solução, podendo
haver um produto secundário residual.
Na sua forma mais simples, pode ser exemplificada com a hidrólise
da olivina. Neste caso sem a produção de mineral secundário:
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Intemperismo Biológico
São chamados biológicos os processos de intemperismo de rochas
causados por fatores biológicos. O papel dos organismos é determinado
pela sua capacidade de assimilar vários elementos da rocha em processo
de alteração e de produzir em seu metabolismo agentes químicos, como
por exemplo, os ácidos orgânicos. Tais processos podem ser tanto de
natureza física como química.
São processos de natureza física causados por organismos, entre
outros, a pressão de crescimento de raízes, quando estiverem ocupando
fendas de rochas. Assim também animais escavadores têm papel
importante ao facilitarem a remoção de materiais alterados. Entretanto os
processos de natureza química são muito mais importantes, destacando-
se aqueles nos quais vegetais superiores promovem a dissolução química
das rochas através de substâncias ácidas produzidas pelas suas raízes
e assimilam elementos tais como potássio, sódio, cálcio, alumínio,
ferro, etc., existentes nos minerais das rochas. Os primeiros estágios da
decomposição biológica de rochas são associados com microrganismos
(fungos e bactérias) que a “preparam” para o ataque químico seguinte
promovido por liquens, algas e musgos, sendo os últimos estágios
associados com vegetais superiores. (GUERRA e CUNHA, 1966).
Por meio do constante desgaste físico, químico e biológico, as
rochas se decompõem em minerais primários e secundários, originando o
processo de formação dos solos denominado Pedogênese.
Solos estão constantemente em desenvolvimento, graças a diversos
processos. Geralmente, o solo é descrito como um corpo tridimensional,
podendo, porém, ao se considerar o fator tempo, ser descrito como
um sistema de quatro dimensões: tempo, profundidade, largura e
comprimento. Um solo é o produto de uma ação combinada e concomitante
de diversos fatores, quais sejam:
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Geomorfologia 2
(determinando tipos de organismos que viveram sobre o solo) ou com
o relevo, implicando veios de água superficiais ou freáticos. O clima
também varia conforme a escala, chegando até mesmo a modificar o solo
por pequenas diferenças de precipitação, graças ao relevo.
Tempo – É o mais abstrato dos fatores, porém não o menos importante. Diz-
se que um solo, conforme passa o tempo, busca a maturidade, ganhando
profundidade e tendo altos teores de argila. Contudo, tal é a dinâmica
da pedogênese e da litosfera, implicando reciclagem de materiais e
paisagens, que os solos dificilmente serão vistos como maduros.
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Geomorfologia 2
em que o solo se apresenta saturado ou não com
água. Nas partes altas e relativamente planas,
os solos apresentam boa drenagem interna;
nas encostas com declives mais acentuados,
apresentam drenagem boa ou excessiva, porém
são mais secos; enquanto que nas partes
inferiores das vertentes e nas áreas de várzeas
e/ou depressões há predominância de água na
massa do solo durante o ano. Esta permanência
de água resulta em solos imperfeitamente
drenados ou mal drenados, dependendo se o
lençol freático está próximo à superfície ou não,
respectivamente.
b) Espessura do Solo e Diferenciação de
Horizontes: Os solos, em superfícies mais suaves,
são mais profundos e apresentam, em geral,
nítida diferenciação entre horizontes principais.
Nas encostas mais íngremes apresentam-se mais
rasos com menor diferenciação entre os horizontes
principais, devido ao acentuado escoamento
superficial de água, que favorece a remoção do
material edafisado.
c) Horizonte Superficial, Espessura e Teor de
Matéria Orgânica: Áreas altimontanas, acima
de 700 metros, mesmo em regiões tropicais,
apresentam horizonte superficial A orgânico-
mineral mais espesso e com teores elevados de
matéria orgânica devido à lenta mineralização
do material, favorecido pelo clima mais ameno e
condicionado pela altitude. Em áreas de várzeas
os teores de matéria orgânica e espessura do
horizonte superficial A aumentam, à medida
que o lençol freático se aproxima da superfície.
Neste caso, a diminuição de oxigenação, devido
ao excesso de água, diminui a decomposição dos
materiais orgânicos.
d) Cor e Temperatura do Solo: O relevo local, a
orientação das encostas e a posição do solo na
paisagem têm um enorme efeito nas condições
hídricas e térmicas dos solos, favorecendo o
aparecimento de microclimas e, por conseguinte,
alterações na cor, temperatura e cobertura vegetal
natural.
e) Saturação de Bases e Lixiviação: A orientação
das encostas, bem como a posição topográfica dos
solos, tem influência na reação do solo e no grau
de intemperização. (GUERRA e CUNHA, 1996,
p. 77-81).
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Geomorfologia 2
SEÇÃO 4
PROCESSOS EROSIVOS ENVOLVIDOS NA
ELABORAÇÃO DO RELEVO
Erosividade da Chuva
Conforme Guerra; Cunha (1995), a erosividade é concebida como:
“a habilidade da chuva em causar erosão”. Embora a definição seja
simples, a determinação do potencial erosivo da chuva é assunto muito
complexo, porque depende, em especial, dos parâmetros de erosividade
e também das características das gotas de chuva, que variam no tempo e
no espaço.
A intensidade da chuva, em conjunto com sua energia cinética,
provoca a retirada de material da parte superficial do solo. Esta ação é
acelerada quando a água encontra o solo desprotegido de vegetação. A
primeira ação da chuva se dá através do impacto das gotas d’água sobre o
solo (Splash), capaz de provocar a desagregação dele. A força do impacto
também leva o material mais fino para abaixo da superfície, o que provoca
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Propriedades do solo
As propriedades do solo são de grande importância nos estudos de
erosão, porque, junto com outros fatores, determinam a maior ou menor
susceptibilidade à erosão. Morgan (1986) apud Guerra; Cunha (1995)
definem erodibilidade como sendo “a resistência do solo em ser removido
e transportado”. Um aspecto importante, tanto na definição como no
estudo da erodibilidade do solo, é que ela não é estática, mas, sim, uma
função que depende do tempo.
Guerra e Cunha (1995) definem várias propriedades que afetam
a erosão dos solos. Entre elas destacam-se textura, densidade aparente,
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Geomorfologia 2
porosidade, teor de matéria orgânica, da estabilidade dos agregados
e pH do solo. Apesar da importância que essas propriedades têm na
erodibilidade, é preciso reconhecer que elas não são estáticas ao longo
do tempo. Dessa forma, quando analisadas, é preciso relacioná-las a um
determinado período de tempo, pois podem evoluir transformando-se em
certos solos mais susceptíveis ou menos resistentes aos processos erosivos
(Figura 17).
A textura afeta a erosão, porque algumas frações granulométricas
são removidas mais facilmente do que outras. A remoção de sedimentos
é maior na fração de areia média e diminui nas partículas maiores ou
menores. Apesar do reconhecimento da importância da textura na
erodibilidade dos solos, as percentagens de areia, silte e argila devem
ser observadas, considerando-se em conjunto com outras propriedades,
porque a agregação dessas frações granulométricas é afetada por outros
elementos, como o teor de matéria orgânica. (GUERRA e CUNHA, 1995).
O processo de formação da matéria orgânica, no solo, depende da
flora e da fauna que vive sobre ou dentro do solo. As atividades humanas,
especialmente a agricultura, tendem a provocar mudanças no teor de
matéria orgânica do solo. Entretanto, esse teor afeta a erosão dos solos
de diversas maneiras, dependendo de outras propriedades (e.g. textura).
A estabilidade dos agregados, segundo vários autores, é influenciada
pela matéria orgânica e, ao mesmo tempo, age sobre a estrutura dos solos.
As taxas de erodibilidade vão depender do teor de matéria orgânica e
da estabilidade dos agregados, que, por sua vez, influenciam a ruptura
desses agregados, podendo ser formadas crostas no solo, dificultando a
infiltração e aumentando o escoamento.
A densidade aparente dos solos é outro fator controlador que deve
ser levado em consideração quando se tenta compreender os processos
erosivos, pois se refere à maior ou menor compactação dos solos.
A porosidade está inversamente relacionada com a densidade
aparente, ou seja, à medida que a densidade aparente de um solo
aumenta, a porosidade diminui e, em consequência, ocorre a redução de
infiltração de água no solo.
As medidas de pH do solo mostram a sua acidez ou alcalinidade.
Esses valores de pH são geralmente encontrados em trabalhos sobre
erosão dos solos, em conjunto com outros índices. Allison (1973) apud
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Cobertura Vegetal
Os fatores relacionados à cobertura vegetal podem influenciar os
processos erosivos de várias maneiras através dos efeitos espaciais da
cobertura vegetal, dos efeitos da energia cinética da chuva e do papel
da vegetação na formação de húmus, afetando a estabilidade e o teor de
agregados. (GUERRA e CUNHA, 1995).
A densidade da cobertura vegetal é fator importante na remoção
de sedimentos, no escoamento superficial e na perda de solo. O tipo e
percentagem de cobertura vegetal podem reduzir os efeitos dos fatores
erosivos naturais.
Esses fatores também podem diminuir a quantidade de energia que
chega ao solo durante uma chuva e, dessa forma, minimizar os impactos
das gotas (Splash), reduzindo a erosão.
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Figura 18 - Relação entre a cobertura vegetal e erosão (Fonte: <http://
bi.gave.min-edu.pt>)
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Escoamento Superficial
O escoamento superficial ocorre durante um evento chuvoso
quando a capacidade de armazenamento de água no solo é saturada. Ele
pode também ocorrer caso se exceda a capacidade de infiltração. O fluxo
que escoa sobre o solo se apresenta, quase sempre, como uma massa
de água com pequenos cursos anastomosados e, raramente, na forma de
um lençol de água, de profundidade uniforme. Esse fluxo de água deve
transpor vários obstáculos - fragmentos rochosos e cobertura vegetal -
que diminuem sua energia. A interação entre o fluxo de água e as gotas
de chuva que sobre ele caem, pode aumentar ainda mais sua energia.
(GUERRA e CUNHA, 1998).
Escoamento Subsuperficial
Muita ênfase tem sido dada nas pesquisas hidrológicas atuais
à questão sobre o movimento lateral de água e de subsuperfície, nas
camadas superiores do solo. O escoamento subsuperficial, além de
controlar o intemperismo, afeta diretamente a erodibilidade dos solos
através de suas propriedades hidráulicas, influenciando o transporte
de minerais em solução. Tal escoamento, quando ocorre em fluxos
concentrados, em túneis ou dutos, possui efeitos erosivos, provocando
o colapso da superfície acima e resultando na formação de voçorocas.
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Piping
Os dutos (pipes) ou túneis são grandes canais, abertos em
subsuperfície, com diâmetros que variam de poucos centímetros até
vários metros. O processo de formação desses dutos está relacionado ao
próprio intemperismo, sob condições especiais geoquímicas e hidráulicas,
havendo a dissolução e carreamento de minerais, em subsuperfície. Eles
ocorrem em ambientes bem variados, desde condições semiáridas até
temperadas e são responsáveis pela grande quantidade de transporte de
material em subsuperfície. Assim, à medida que esse material vai sendo
removido, vai se ampliando o diâmetro desses dutos, podendo resultar no
colapso do solo situado acima. (GUERRA e CUNHA, 1995).
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Erosão em Lençol
A erosão em lençol também é conhecida por erosão laminar, devido
à água se distribuir pelas encostas de forma dispersa, não se concentrando
em canais. O lençol de água que cobre a superfície do solo durante uma
tempestade raramente se apresenta com profundidade uniforme e, em
geral, ocorre de maneira anastomosada, sem canais definidos. (GUERRA
e CUNHA, 1995).
Erosão em Ravinas
As ravinas são formadas quando a velocidade do fluxo de água
aumenta na encosta, tornando o fluxo turbulento. O aumento do gradiente
hidráulico pode ocorrer por uma série de motivos: maior intensidade da
chuva, aumentos do gradiente da encosta, ou ainda porque a capacidade
de armazenamento de água na superfície excedeu, e aí a incisão começa
a acontecer no topo do solo. (GUERRA e CUNHA, 1995).
Segundo Morgan (1986) apud Guerra; Cunha (1995), a maior parte
dos sistemas de ravinas é descontínua, não tendo nenhuma conexão com
a rede de drenagem fluvial. Excepcionalmente, uma ravina pode evoluir
para um canal de água permanente, desembocando em um rio; nesse
caso, quando chega a esse estágio, já evoluiu para uma voçoroca.
Erosão em Voçorocas
As voçorocas são características erosivas relativamente permanentes
nas encostas, possuindo paredes laterais íngremes e, em geral, fundo
chato, ocorrendo fluxo de água no seu interior durante os eventos
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Figura 23 - Modelo de
evolução de voçorocas. I:
voçoroca conectada à rede
hidrográfica; II: voçoroca
desconectada da rede
hidrográfica; III: integração
entre os dois tipos
anteriores. Na figura I, a
encosta é subdividida em
elementos geompétricos,
segundo Ruhe (1974),
sendo TS - toeslope (parte
inferior da encosta);
FS - footslope (sopé da
encosta); BS - backslope
(declive suave da encosta);
SH - shouder (ombro da
encosta); SU - summit
(cume, topo). (Fonte:
<www.funape.org.br>)
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Figura 24 - Voçoroca em Uberlândia-MG (Foto do autor)
SEÇÃO 5
MOVIMENTOS DE MASSA: UMA INTRODUÇÃO
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Geomorfologia 2
de também serem induzidos por essa ação. Na perspectiva de relação
entre eventos naturais e ação antrópica, o fenômeno é enquadrado como
sendo de risco, ou seja, fenômenos de origem natural ou induzidos
antropicamente e que acarretam prejuízos aos componentes do meio
biofísico e social.
Os problemas relativos à erosão e a processos de movimentos de
massa encontram-se presentes em vários lugares do mundo, mas em países
cujo regime pluvial tem as características do ambiente tropical e cuja
situação socioeconômica seja considerada como de subdesenvolvimento
ou em desenvolvimento, os problemas tornam-se mais acentuados em
consequência da escassa estrutura para evitar ou controlar tal fenômeno.
O aumento de população conduz à ocupação de áreas de risco, tanto
para a moradia (principalmente por parte de população de baixa renda)
quanto para o lazer. Essa situação tem levado ao aumento de frequência
(repetitividade de um fenômeno ao longo do tempo) e magnitude
(extensão e impacto) dos movimentos de massa. (CHORLEY et al., 1984).
Classificação e Condicionantes
Na natureza existem vários tipos de movimentos de massa os
quais envolvem uma vasta variedade de materiais, processos e fatores
condicionantes. Dentre os critérios geralmente utilizados para a
diferenciação destes movimentos, destacam-se o tipo de material, a
velocidade e o mecanismo do movimento, o modo de deformação, a
geometria da massa movimentada e o conteúdo da água. (FERNANDES
e AMARAL, 1996).
No Brasil, as principais classes de movimentos de massa são
atribuídas aos trabalhos de Freire (1965); Guidicini; Nieble (1984) e IPT
(1991):
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Geomorfologia 2
Encostas argilosas, por exemplo, podem ter ângulo de repouso bastante
grande quando secas (até 90o), mas muito baixo quando infiltradas por
água, o que eventualmente facilita também o movimento de blocos de
material consolidado.
A inclinação da encosta é um fator de estabilidade muito importante,
porque com o seu aumento também aumenta o efeito da força de gravidade
em relação à força de atrito. Dessa forma, quanto maior a encosta maior
a tendência de movimento dos materiais sobre ela. A estabilidade dos
materiais em encostas com diferentes inclinações é definida pelos fatores
anteriormente mencionados. Qualquer elemento que altere a inclinação
das encostas pode, portanto, alterar sua estabilidade.
A presença de vegetação é um fator adicional que define a condição
de estabilidade das encostas. As raízes das árvores aumentam a coesão
do solo, aumentando o seu ângulo de repouso. A perda dessa cobertura
vegetal, por sua vez, modifica as condições de estabilidade da encosta. O
resultado final é normalmente um acentuamento da erosão das encostas
e o aumento do potencial para movimentos rápidos nas mesmas.
Tipos de Movimentos Características do movimento
Rastejo Movimento lento, ocorre em declives acima de 35º,
(creep) deslocando porção superior do solo, atingindo baixa
profundidade. Possui gradiente vertical de velocidade
(maior próximo à superfície, diminuindo com a
profundidade).
Deslizamento
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UNIDADE 1
Geomorfologia 2
Figura 28 - Queda de Blocos
(Fonte: <http://www.meioambiente.pro.br/baia/mov.htm>)
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• corrida de detritos;
• corrida de lama;
• avalanche de detritos;
• escorregamento de blocos;
• queda de rocha;
• avalanche de rocha.
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Geomorfologia 2
de corrida vão ocorrer em encostas:
• com inclinação acentuada;
• com material inconsolidado;
• nas quais ocorram períodos de intensa chuva intercalados com
períodos mais secos.
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Fatores climáticos
envolvidos na formação do
relevo
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Apresentar a interação entre o clima e o intemperismo, o conceito sobre
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - O Clima e o Intemperismo
SEÇÃO 1
O CLIMA E O INTEMPERISMO
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Geomorfologia 2
Figura 31 - O papel do clima é preponderante na determinação do tipo
e eficácia da intempérie. O intemperismo físico predomina nas áreas
onde a temperatura e a pluviosidade são baixas. Em locais onde a
temperatura e a pluviosidade são mais elevadas, o intemperismo químico
é favorecido. (Fonte: <www.geoturismobrasil.com>)
O clima do Brasil
De forma geral, o clima do Brasil pode ser classificado como
equatorial, tropical e subtropical, porém dentro do território brasileiro há
muitas diferenças em uma mesma região. Para um estudo mais preciso
do clima de nosso país é necessária uma classificação mais específica.
Atualmente, a melhor classificação é a de Koppen – Geiger, que leva em
conta fatores como relevo, regime de chuvas, temperatura, entre outros, e
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UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
Am
Temperaturas elevadas e pluviosidade elevada. As médias de
temperatura são maiores que 22°C em todos os meses e as mínimas, no
mês mais frio, são maiores que 20°C.
Aw
Temperaturas elevadas com chuva no verão e seca no inverno. As
médias de temperatura dos meses é maior que 20°C e no mês mais frio do
ano as mínimas são menores que 18°C.
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Geomorfologia 2
Aw´
Temperatura elevada com chuva no verão e outono. Temperatura
sempre maior que 20°C.
Cwa
Temperaturas moderadas com verão quente e chuvoso. No mês
mais frio, a média de temperatura é menor que 20°C.
Cfa
Temperatura moderada com chuvas bem distribuídas e verão
quente. Nos meses de inverno há ocorrência de geadas, sendo a média
de temperatura neste período inferior a 16°C. No mês mais quente, as
máximas são maiores que 30°C.
Af
Temperatura elevada, sem estação seca. Temperaturas sempre
maiores que 20°C.
As
Chuva de inverno e outono com temperaturas elevadas sempre
maiores que 20°C.
BSh
Temperaturas altas com chuvas escassas no inverno. Temperaturas
maiores que 22°C.
Cwb
Verão brando e chuvoso com temperatura moderada. Há geadas no
inverno e as médias de temperatura no inverno e outono são inferiores a
18°C, com temperaturas mínimas inferiores a 12°C.
Cfb
Temperatura moderada com chuva bem distribuída e verão brando.
Podem ocorrer geadas, tanto no inverno como no outono. As médias de
temperatura são inferiores a 20°C, exceto no verão. No inverno, média
inferior a 14°C, com mínimas inferiores a 8°C.
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1. De acordo com a Figura 31, que relaciona o índice de pluviosidade e temperatura, defina qual o tipo
de intemperismo que atua em seu município.
2. Elabore um texto de até 20 linhas sobre medidas de prevenção e controle dos processos erosivos.
SEÇÃO 2
O CONCEITO DA TEORIA GEOSSISTÊMICA
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Geomorfologia 2
estrutura horizontal é caracterizada pela diferenciação territorial em
geossistemas, mais ou menos modificados pelo homem, de dimensões
diversas, que se distinguem dos demais, possuem limites naturais e
encontram-se em interação complexa. Nessa abordagem é reconhecida
a existência real e objetiva dos geossistemas, a cognoscibilidade de sua
estrutura e as manifestações sistêmicas na sua funcionalidade.
O geossistema é um sistema policêntrico, no qual as investigações
funcionais são mais amplas ao abarcar todas as relações no complexo
natural. Existem casos em que os limites espaciais dos geossistemas
e ecossistemas coincidem, mas é uma coincidência espacial e não
conceitual. A biosfera, por exemplo, coincide com a geographical cover,
mas no seu significado real de “esfera da vida” reflete só o aspecto
parcial, biocêntrico, uma esfera funcional do geossistema planetário.
Nesses termos o ecossistema, na qualidade de subsistema, é uma noção
mais restrita, subordinada ao geossistema. Este comporta um maior
número de componentes e de relações muitos dos quais não têm um
interesse direto para o ecólogo. “De qualquer modo, mesmo nos casos
em que este ou aquele ecossistema coincide, espacialmente, com o seu
geossistema adequado, as abordagens de um geógrafo e de um ecólogo
são diferentes...” (SOTCHAVA, 1977).
Assim, os geossistemas são constituídos de componentes
naturais intercondicionados e inter-relacionados em sua distribuição,
desenvolvendo-se no tempo como parte do todo. Caracterizam-se por
suas condições litoestruturais, seu relevo, o clima, as águas superficiais
e subsuperficiais, os solos, as comunidades vegetais e animais e por seu
funcionamento e sua dinâmica, numa interação complexa.
Na teoria geossistêmica é reconhecida a existência real, objetiva
(independente da nossa consciência) dos sistemas territoriais naturais
como formas geográficas da matéria em movimento, regidas por leis
naturais, a cognoscibilidade de sua estrutura e as manifestações sistêmicas
na sua estrutura e funcionalidade.
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UNIDADE 2
Geomorfologia 2
Elabore um texto de até 20 linhas diferenciando ecossistema de geossistema.
SEÇÃO 3
OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL
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UNIDADE 2
Geomorfologia 2
domínio tem-se efetuado pela pecuária extensiva de corte, com gado do
tipo europeu, obtendo altos rendimentos, e pela rizicultura irrigada.
Fisiografia
Como é uma área também chamada de pradarias mistas, o solo
condiz com a denominação. Ab’Saber o caracteriza como diferente de
todos os outros domínios morfoclimáticos, existindo o paleossolo vermelho
e o paleossolo claro, de clima quente e frio. Possui um solo jovem, por
conter materiais ferrosos e primários, de coloração escura. Estabelecida
por um clima subtropical com zonas temperadas úmidas e subúmidas, a
região é sujeita a sofrer alguma estiagem durante o ano. Sua amplitude
térmica alcança índices elevados, como em Uruguaiana, considerada a
mais alta do Brasil, com 7° a/a. Isso evidencia suas limitações agrícolas,
pois o solo é pouco espesso e tem indícios de pedrugosidade. Assim, essa
área é caracterizada pela atividade pastoril de bovinos e ovinos. Com a
utilização do solo sem controle, denota-se um sério problema erosivo que
origina as ravinas e posteriormente as voçorocas. Esse processo amplia-se
rapidamente e dá origem ao chamado deserto dos pampas. A drenagem
existente é perene, com rios de grande vazão, como: o Uruguai, o Ibicuí
e o Santa Maria.
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UNIDADE 2
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Povoamento
Território mãe da cultura gaúcha, suas tradições ultrapassam
gerações, demonstrando sua força. Caracterizada por um baixo
povoamento, a região destaca-se pelos grandes latifúndios agropastoris,
que são até hoje marcas conhecidas dos pampas gaúchos. Os jesuítas
iniciaram o povoamento com a catequização dos índios e posteriormente
surgem as povoações de charqueadas. Passando por bandeirantes e
tropeiros, as pradarias estagnaram esse processo (ciclo do charque) com
a venda de lotes de terras para militares, pelo governo federal. Devido à
proximidade geográfica com a divisão fronteiriça de dois países (Argentina
e Uruguai), ocorreram várias tentativas de anexação dos pampas a uma
destas nações – por causa dos tratados de Madrid e de Tordesilhas. Mas
as tentativas foram inválidas, hoje os pampas continuam sendo parte do
território brasileiro.
Condições Ambientais
O domínio morfoclimático das Pradarias detém importantes reservas
biológicas, como a do Parque Estadual do Espinilho (Uruguaiana e Barra
do Quaraí) e a Reserva Biológica de Donato (São Borja). As condições
ambientais atuais fora desses parques são muito preocupantes. Com o
início da formação de um deserto que tende a crescer anualmente, essa
região está sendo foco de muitos estudos e projetos para estagnar esse
processo. Em razão do mau uso da terra pelo homem, como a monocultura
e as queimadas, começarão a surgir as ravinas, que por sua vez darão
origem às voçorocas. Como o solo é muito arenoso e a morfologia do
relevo é levemente ondulada, rapidamente os montantes de areia
espalham-se na região, ocasionados pela ação eólica. Para resolver tudo
isso, poucas medidas estão sendo tomadas, exceto os estudos feitos.
Assim, as autoridades locais deverão estar alertas, para que esse processo
erosivo tenha um fim antes que transforme todas as pradarias num imenso
deserto.
Domínio da Araucária
É o domínio que ocupa o planalto da Bacia do rio Paraná, onde o clima
subtropical está associado às médias altitudes, entre 800 e 1.300 metros.
Nesse domínio aparecem áreas com manchas de terra roxa, como no Paraná.
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UNIDADE 2
Geomorfologia 2
A floresta de araucária (Araucaria angustifolia) também conhecida
como Mata dos Pinhais, é homogênea, aciculifoliada e tem grande
aproveitamento de madeira e erva-mate. A intensa ocupação agrária
(café, soja) é a responsável pela devastação dessa floresta.
Fisiografia
Atualmente, da vegetação de araucária – chamada pinheiro do
Paraná ou pinheiro brasileiro – pouco resta. As indústrias de celulose
e madeireiras da região fizeram um extrativismo descontrolado que
resultou no desaparecimento total de algumas áreas. Sua condição de
arbórea, geralmente com mais de 30 metros de altura, condiz com um solo
profundo, em razão de suas raízes estabelecerem a sustentação da própria
árvore. A região das araucárias encontra-se no planalto meridional onde
a altitude pode variar de 500 até cerca de 1.200 metros. Isso evidencia
um clima subtropical que mantém uma boa relação com a precipitação
existente nesse domínio, variando de 1.200 a 1.800 milímetros. Nesse
sentido, a região identifica-se com uma grande rede de drenagem em toda
a sua extensão territorial. O solo é formado principalmente por latossolos
brunos e também são encontrados latossolos roxos, cambissolos, terras
brunas e solos litólicos. Com essas características, o solo detém uma alta
potencialidade agrícola, como: milho, feijão, batata, etc. As morfologias
do relevo variam de uma forte ondulação até regiões montanhosas, o que
representa um solo de fácil adesão a processos erosivos, iniciados pela
degradação humana e social.
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Povoamento
A região das araucárias foi povoada no final do século XIX,
principalmente por imigrantes italianos, alemães, poloneses, ucranianos,
etc. Com isso, os estrangeiros diversificaram a economia local, o que tornou
essa região uma das mais prósperas economicamente. Caracterizada
por colônias de imigração, podemos destacar como principais pontos,
as cidades de: Blumenau – SC, colônia alemã; Londrina – PR, colônia
japonesa; Caxias do Sul – RS, colônia italiana. Mas a vinda desses
imigrantes não foi só boa vontade do governo daquela época. O Brasil
tinha terminado sua guerra com o Paraguai, que deixou muitas perdas em
sua população. Em virtude disso, a solução foi atrair imigrantes europeus
e asiáticos.
Condições Ambientais
Percebe-se atualmente que a floresta com araucária quase
desapareceu dessa região, em consequência de sua exploração
descontrolada para produção de celulose. Felizmente, medidas foram
tomadas e hoje a araucária é protegida por lei estadual no Paraná.
Mas os questionamentos ambientais não estão somente na vegetação.
Porque esse solo vem sendo utilizado há anos, ocorre uma erosividade
considerável. Em virtude disso, surge a técnica de manejo agrícola
chamada plantio direto, que evidencia uma proteção ao solo em épocas
de pós-safra. Nesse sentido, o domínio morfoclimático das araucárias,
que compreende uma importante área no sul brasileiro, detém um nível
de conservação e reestruturação vegetal considerável. Mas não se deve
estagnar esse processo positivo, pois necessitamos muito dessas terras
férteis que mantêm as economias locais.
Domínio do Cerrado
Corresponde à área do Brasil Central e apresenta extensos chapadões e
chapadas, com domínio do clima tropical semiúmido e vegetação do cerrado.
A vegetação desse domínio é formada por arbustos com troncos e galhos
retorcidos, recobertos por casca grossa. Os solos são pobres e ácidos,
mas com a utilização do método da calagem, colocando calcário no solo,
estão sendo aproveitados pelo setor agrícola, transformando-se na nova
fronteira da agricultura, representada pela expansão do cultivo da soja,
64
UNIDADE 2
Geomorfologia 2
feijão, arroz e outros produtos.
Nesse domínio estão as áreas dispersoras da Bacia do Paraná, do
Paraguai, do Tocantins, do Madeira e outros rios destacáveis.
Fisiografia
Centrado no planalto brasileiro, o domínio do cerrado é dividido
pelas formações de chapadas que existem ao longo de sua extensão
territorial. Estas, que são “gigantescos degraus” com mais de 500
metros de altura, formadas na era geológica Pré-Cambriana, limitam o
planalto central e as planícies – como a Pantaneira. Com sua flora única,
constituída por árvores herbáceas tortuosas e de aspecto seco, em razão da
composição do solo, deficiente em nutrientes e com altas concentrações
de alumínio, a região passa por dois períodos sazonais de precipitação, os
secos e os chuvosos. Associado à vegetação rasteira e aos campos limpos,
o clima tropical existente nesta área condiz com uma boa formação e um
ótimo crescimento das plantas. Também é auxiliado pela importante rede
hidrográfica da região, de onde são oriundas as nascentes das três maiores
bacias hidrográficas do Brasil. Isso lhe dá uma imensa responsabilidade
ambiental, pois denota sua significativa conservação natural. O solo
formado principalmente por latossolos, areais quartzosas e podzólicos
se constitui assim carente em nutrientes fertilizantes, necessitando de
correção para compor uma terra viável à agricultura. Observa-se também,
que este mesmo solo apresenta características à fácil erosividade por causa
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UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
Povoamento
Em virtude de sua localização geográfica ser no interior brasileiro,
o povoamento e a ocupação territorial da região eram precários, mas o
governo federal interveio com os programas de políticas de interiorização
do desenvolvimento nos anos 40 e 50, e de política de integração nacional
nos anos 70. Aqueles baseados, principalmente, na construção de Brasília
e este, nos incentivos aos grandes projetos agropecuários e extrativistas,
além de investimentos de infraestrutura, estradas e hidrelétricas. Com
estes recursos, a região passou a atrair investidores e mão de obra,
ocasionando, consequentemente, um salto no crescimento populacional
em cada Estado, como no Mato Grosso que, em 1940, tinha uma
população de 430 mil de habitantes que, em 1970, vai para 1,6 milhões.
Tal foi a resposta a esses programas, que nos dias de hoje o setor agrícola
do cerrado ocupa uma ótima colocação na produção, em virtude das
migrações do sul do Brasil.
Condições Ambientais
Em vista dos aspectos fisiográficos, o cerrado atraiu muita atenção
para a agricultura, o que fez dele uma região de grande produção de grãos,
como a soja, e de desenvolvimento agropastoril, com a ótima adaptação
dos gados zebu, nelore e ibagé. Em virtude disso, o solo nativo foi
substituído por outra vegetação, condizendo com uma maior facilidade aos
processos erosivos, devido à falta de cobertura vegetal, seja ela gramínea
ou herbácea. Nesse sentido, faz-se muito pouco pela preservação e
conservação das matas nativas – a não ser nas áreas demarcadas como
reservas bio-ecológicas. Outra exploração ativa é a mineral, como o
ouro e o diamante, da qual decorre uma grande devastação ambiental.
Dessa forma, os governos, tanto federal, estadual ou municipal, deverão
tomar decisões imediatas quanto à proteção do meio natural, pois deve
ocorrer, sim, a exploração pastoril, agrícola e mineral da região, porém
não se pode esquecer que, para a efetiva existência dessas economias, o
66
UNIDADE 2
Geomorfologia 2
ambiente precisa ser prudentemente conservado.
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UNIDADE 2
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Fisiografia
Como o próprio nome já diz, é uma região de muitos morros de
formas residuais e curtos em sua convexidade, com diversos movimentos
de massa generalizados. Os processos de intemperismo, como o químico,
são frequentes, motivo pelo qual as rochas da região encontram-se
geralmente em decomposição. Tem uma significativa gama de redes de
drenagens, somadas à boa precipitação existente (1.100 a 1.800 mm a/a
e 5.000 mm a/a nas regiões serranas), em consequência da massa de ar
tropical atlântica (MATA) e aos ventos alísios do sudeste, que ocasionam
as chuvas de relevo nestas áreas de morros. Assim, os efeitos de
sedimentação em fundos de vale e de colúvios nas áreas altas são muito
intensos. A vegetação natural é da chamada Mata Atlântica, com poucas
áreas nativas de suma importância aos ecossistemas ali existentes. Sua
flora e fauna são de grande respaldo ambiental e o solo é composto em
sua maioria por latossolos e podzólicos, sendo muito variável. A textura se
contradiz de região para região, pois é encontrado tanto um solo arenoso
como um argiloso. Como sua extensão territorial alarga-se entre norte
– sul, seu clima dependerá da situação geográfica, classificando-se em:
tropical, tropical de altitude e subtropical.
Povoamento
Como se encontra na região litorânea leste do Brasil, foi o primeiro
lugar a ser descoberto e colonizado pelos portugueses – tanto que foi
em Porto Seguro, Bahia, que atracou o navegante Pedro Álvares Cabral,
descobrindo o Brasil. Com isso, a primeira capital da colônia portuguesa
na América foi Salvador, onde se iniciaram os processos de colonização
e povoamento. É nesse domínio que estão as duas maiores metrópoles
brasileiras – São Paulo e Rio de Janeiro – antigas cidades constituídas
como centros econômicos, integradores, culturais e políticos. Foram
muitos os resultados desse povoamento, como por exemplo, a maior
concentração populacional do Brasil e a melhor base econômica.
Condições Ambientais
As terras deste domínio já estão sendo utilizadas economicamente
há muitos anos. Decorrente disso observa-se uma considerável erosão do
solo que justifica uma atual preservação das matas restantes. A região já
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UNIDADE 2
Geomorfologia 2
sofreu muita devastação do homem e da sociedade, e devem ser tomadas
atitudes urgentes para sua conservação. Existem muitos programas, tanto
do governo como privados, para a proteção da Mata Atlântica. Destaca-
se, por exemplo, a Fundação O Boticário (privado), que detém áreas de
preservação ao ambiente natural, e o SOS Mata Atlântica (governamental
e privado). Neste sentido, a solução mais adequada para tal domínio seria
a estagnação de muitos processos agrícolas ao longo de sua área, pois o
solo encontra-se desgastado e com problemas erosivos muito acentuados.
Assim, deve-se deixar a terra “descansar” para depois iniciar um projeto
de reconstituição da vegetação nativa.
Domínio da Caatinga
Corresponde à região da depressão sertaneja nordestina, com clima
quente e semiárido e típica vegetação de caatinga formada por cactáceas,
bromeliáceas e árvores. Destaca-se o extrativismo vegetal de fibras, como
o caroá (Neoglaziovia variegata), o sisal (Agave sisalana) e a piaçava
(Attalea funifera). A bacia do rio São Francisco atravessa o domínio da
caatinga e se destaca pelo aproveitamento hidrelétrico e pelos projetos de
irrigação no seu vale, onde a produção de frutas (melão, manga, goiaba,
uva) tem apresentado expansão. A tradicional ocupação da caatinga é a
pecuária extensiva de corte, com baixo aproveitamento. Nesse domínio
aparecem os inselbergs, ou morros residuais, resultantes do processo de
pediplanação em clima semiárido.
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UNIDADE 2
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Fisiografia
O solo só poderia ter características semelhantes a seu clima
semiárido. Sendo raso e pedregoso, o solo da caatinga sofre muito
intemperismo físico nos latossolos, pouca erosão nos litólicos e há
influência de sais, como: solonetz, solodizados, planossolos, solódicos e
soonchacks. Segundo Ab´Saber, a textura desse tipo de solo passa de
argilosa para textura média. Outra característica é a diversidade de solos
e ambientes, como o sertão e o agreste. Mesmo tendo aspectos de um
solo pobre, a caatinga nos engana, pois necessita apenas de irrigação
para florescer e desenvolver a cultura implantada. Tendo pouca rede de
drenagem, os mínimos rios existentes são em sua maioria sazonais ao
período das chuvas, que ocorrem num curto intervalo durante o ano. Porém
existe um “oásis” no sertão nordestino; o Rio São Francisco, vindo da
região central do Brasil, irriga grandes áreas da caatinga, transformando
suas margens num solo muito fértil – semelhante ao que ocorre com
as áreas marginais ao Rio Nilo, no Egito. Neste sentido, comprova-se
que a irrigação na caatinga pode e deve ser feita com garantia de bons
resultados. Outro fato que chama a atenção é a vegetação sertaneja, pois
ela sobrevive em épocas de extrema estiagem e em razão disso sua casca
é dura e seca, conservando a umidade em seu interior. Assim, a região é
caracterizada por uma vegetação herbácea tortuosa, tendo como espécies:
as cactáceas, o mandacaru (Cereus jamacaru), o xique-xique (Pilocereus
gounellei), etc.
Povoamento
Sendo uma das áreas junto ao domínio morfoclimático dos mares de
morros, de colonização européia (portugueses e holandeses), sua história
de povoamento já é bastante antiga. A caatinga foi sempre um palco de
lutas por independência, fosse ela escravista ou nacionalista. A região
tornou-se alvo de bandidos e fugitivos contrários ao reinado português
e posteriormente ao império brasileiro. Como o domínio das caatingas
localiza-se numa área de clima seco, logo chamou a atenção dessa
população, chamada de cangaceira, para ali se refugiarem e construírem
suas “fortalezas”. Com isso o processo de povoamento, instaurado nos
anos 40 e 50, centrou-se mais em áreas próximas ao litoral, mas o governo
federal investiu em infraestrutura, na construção de barragens, açudes
70
UNIDADE 2
Geomorfologia 2
e canais fluviais, surgindo assim o Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas (DNOCS). Entretanto, o clima “desértico” da caatinga
prejudicou muito a ocupação populacional e a região continua sendo
uma área preocupante no território brasileiro em vista de seus problemas
sociais, que são imensos. Vale destacar que, com todos esses obstáculos
sociais e naturais da caatinga, seus habitantes partem em migração para
regiões como a Amazônia e o sudeste brasileiro - as chamadas migrações
de transumância (saída na seca e volta na chuva).
Condições Ambientais
Em razão de o homem não intervir de maneira significativa em seu
habitat, o ambiente natural da caatinga encontra-se pouco devastado.
Sua região poderia ser ocupada mais em nível agrícola, por seu solo
possuir boas condições de manejo, só necessitando de irrigação artificial.
Assim, considerando os fatos apresentados, a caatinga teria condições de
desenvolver-se economicamente com a agricultura, que seria de suma
importância para acabar com a miséria existente, mas sem esquecer de
utilizar os recursos naturais com equilíbrio, de modo organizado e pré-
estabelecido a não causar desastres e consequências ambientais futuras.
Domínio Amazônico
É formado por terras baixas: depressões, planícies aluviais e planaltos,
cobertos pela extensa floresta latifoliada equatorial amazônica. É banhado
pela Bacia Amazônica, que se destaca pelo grande potencial hidrelétrico.
Possui grave problema de degradação ambiental, representado pelas
queimadas e desmatamentos. O governo brasileiro, por meio do
Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, adotará
o ecoturismo e a biotecnologia como formas de desenvolver a área,
preservando-a.
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UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
Fisiografia
Este domínio sofre grande influência fluvial, já que aí se encontra
a maior bacia hidrográfica do mundo – a Amazônica. A região passa
por dois tipos de estações flúvio-climáticas, a estação das cheias dos
rios e a da seca, porém esta última estação não interrompe o processo
pluviométrico diário, só que em índices diferentes. O transporte existente
também é influenciado pela enorme rede hidrográfica, enquanto que o
rodoviário é quase inexistente. Assim, o transporte fluvial e o aéreo são
muito utilizados em razão das facilidades encontradas neste domínio.
Como se trata de uma floresta equatorial considerada um bioma
riquíssimo, é de fundamental importância entendê-la para não
desestruturar seu frágil equilíbrio. Devido à existência de inúmeros rios,
a região sofre muita sedimentação na parte fluvial, já que a precipitação
é abundante (2.500 mm/ano), transformando a região numa grande
“esponja” que detém altas taxas de umidade no solo. Esse mesmo solo
é formado basicamente por latossolos, podzólicos e plintossolos, mas
ele não detém características de fertilidade para a vegetação existente.
Na verdade, o processo de precipitação é o que torna este domínio
morfoclimático riquíssimo em floresta hidrófita e não o solo.
Vale destacar os tipos de matas encontradas na Amazônia: de
iapó – regiões inundadas; de várzea – regiões inundadas ciclicamente;
de terras altas – que dificilmente são inundadas. As espécies de árvores
encontradas na região são: castanha-do-pará (Bertholletia excelsa),
72
UNIDADE 2
Geomorfologia 2
seringueira (Hevea brasiliensis), carnaúba (Copernicia prunifera), mogno
(Swietenia macrophylla), etc. (as duas últimas em extinção). Os animais
são: peixe-boi (Trichechus inunguis), boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis),
onça-pintada (Panthera onca); e a flora apresenta a vitória-régia (Victoria
amazonica) e diversas orquídeas.
Com o grande processo de lixiviação encontrado na Amazônia, o
solo torna-se pobre, levando todos os seus nutrientes através dos rios. Esta
riqueza diversa não deve ser considerada de grande potencial agrícola,
pois a retirada da vegetação nativa transforma o solo num grande alvo da
erosão, em consequência das fortes chuvas. A rede hidrográfica é outra
fonte de riqueza econômica da Amazônia, já que seus leitos fluviais são
de grande piscosidade, o que torna a área um importante atrativo natural
para o turismo, a indústria pesqueira e a população ribeirinha. Com um
clima equatorial sem muitas mudanças de temperatura ao longo do ano,
a região amazônica diferencia-se apenas nas épocas das chuvas (ou
cheias dos rios) e das secas. Assim a primeira época faz com que os rios
transbordem e nutram as áreas de terras marginais a seu leito. Um solo
essencialmente argiloso e a forte influência do escoamento fluvial fazem
com que a Amazônia torne-se uma área de terras baixas, decapitando as
formações existentes no seu substrato rochoso.
Povoamento
A região é pouco povoada, sua densidade demográfica é de
aproximadamente 2,88 hab./km². Isto se deve à grande extensão
territorial e ao difícil acesso ao interior dessa área. O governo brasileiro,
em 1970, implantou o programa de ocupação populacional da região
amazônica, com migrações oriundas do nordeste. A extração da borracha
permitiu desenvolver a área, antes inóspita, tornando-a uma região de
alta produtividade econômica, cultural ou social. Em tal época, muitas
cidades foram afetadas com o crescimento gerado pelo capital. O governo
continuou auxiliando e orientando o desenvolvimento da região e
incorporou em Manaus a Suframa (Superintendência da Zona Franca
de Manaus), que trouxe para a capital amazonense muitas indústrias
transnacionais. Tanto foi a resposta desta “zona livre”, que antes da Zona
Franca de Manaus, a cidade que detinha uma população de 300 mil/hab.
passou para 800 mil/hab. Outros projetos foram instalados pelo governo
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UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
Condições Ambientais
Nos dias atuais é grande a devastação ambiental na Amazônia
– queimadas, desmatamentos, extinção de espécies, etc. – o que faz
com que a região e o mundo preocupem-se com o futuro, pois se trata
da maior reserva florestal do globo. Ecologicamente a Amazônia está
correndo perigo, em razão do grande atrativo econômico natural que
ela representa. Assim, o equilíbrio é colocado muitas vezes em risco. A
exploração descontrolada faz com que as ideologias conservacionistas
sejam deixadas de lado. As indústrias mineradoras geram prejuízos
incalculáveis ao ambiente, e nos rios são despejados muitos produtos
químicos, frutos dessa exploração. A agricultura transforma áreas de
vegetação em solos de fácil erosividade, gerando, consequentemente,
um efeito “dominó” no meio ambiente, ou seja, tal erosão torna-se causa
de outros efeitos. São poucas as atividades econômicas que não agridem
a natureza. A extração da borracha, por exemplo, era uma economia
viável ecologicamente, pois necessitava da floresta para o crescimento
das seringueiras. Mas atualmente, essa exploração é rara, por falta de
indústrias consumidoras. Nesse sentido, deverão ser tomadas medidas
de aprimoramento nas explorações existentes, para que deixem de causar
imensas sequelas ao ambiente natural.
Faixas de Transições
Situadas entre os vários domínios morfoclimáticos brasileiros, as
faixas de transições são: as Zonas dos Cocais, a Zona Costeira, o Agreste,
o Meio-Norte, as Pradarias, o Pantanal e as Dunas. Espalhadas por
todo o território nacional, constituem importantes áreas ambientais e
econômicas.
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UNIDADE 2
Geomorfologia 2
a população nordestina, pois é nessa área principalmente que se faz a
extração dos cocos. A zona costeira detém outra característica. É uma
importante região ambiental, onde se encontra a vegetação de mangue,
que constitui um bioma riquíssimo em decomposição de matéria. Outra
faixa de transição é o agreste, responsável pela produção de alimentos
para o Nordeste, como leite, aves, sisal, entre outras matérias primas
para indústrias. No litoral cearense, encontram-se as dunas, região de
montantes de areias depositados pela ação dos ventos e de constante
remodelação.
O meio-norte situa-se entre a caatinga do sertão e a Amazônia
(Maranhão e Piauí). Com uma diversidade de vegetação como cerrado e
matas de cocais, o meio-norte detém sua economia na pecuária bovina,
chamada pé-duro, e na criação do jegue. A carnaúba e o óleo de babaçu
(Orbignya phalerata) são outras fontes de extrativismo. Sem esquecer
que todas estas zonas descritas e demonstradas situam-se na região
nordestina brasileira.
75
UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
76
UNIDADE 2
Geomorfologia 2
Nesta unidade você pôde observar a inter-relação existente entre o clima e o relevo, como aquele é
agente modelador deste, e que, nessa relação, outros sistemas de maior magnitude também estão
envolvidos e interagem entre si. No Brasil, em razão da grande variação latitudinal, o clima sofre
grandes variações em diferentes regiões, assim, através da análise dos diversos fatores, Ab’Saber
definiu e classificou os domínios dentro do território brasileiro.
1. Elabore um texto de até 20 linhas sobre as principais formas de relevo encontradas nos domínios
morfoclimáticos brasileiros, incluindo as faixas de transição.
2. Elabore um texto de até 20 linhas sobre os tipos de intemperismo (físico, químico e biológico) que
podem ser encontrados nos domínios morfoclimáticos brasileiros, incluindo as faixas de transição.
77
UNIDADE 2
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Universidade Aberta do Brasil
UNIDADE 2
UNIDADE III
O período quaternário
na análise geomorfológica
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Reconhecer o Período Quaternário e identificar seus reflexos na análise das
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - O Período Quaternário
SEÇÃO 1
O PERÍODO QUATERNÁRIO
80
UNIDADE 3
Geomorfologia 2
níveis dos oceanos, e na distribuição ecológica dos seres vivos forçados
a migrações e adaptações às condições mutáveis. Essas contínuas
modificações nas condições ambientais resultaram em transformações
mundiais da paisagem. Sendo assim, a análise geomorfológica dos
ambientes atuais constitui a base para a compreensão da sequência
evolutiva da paisagem no passado geológico recente.
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UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 3
Geomorfologia 2
SEÇÃO 2
O CARÁTER MULTI-INTERDISCIPLINAR NO
ESTUDO DO QUATERNÁRIO
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UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 3
Geomorfologia 2
Figura 50 - Evolução de uma seção morfológica, evidenciando as
diferentes sequências cronodeposicionais
(Fonte: BIGARELLA e BECKER, 1975)
Elabore um texto de até 20 linhas sobre os reflexos do Período Quaternário na evolução do relevo atual.
SEÇÃO 3
GEOMORFOLOGIA DO QUATERNÁRIO APLICADA
AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL
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UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 3
Geomorfologia 2
Nesta unidade você pôde verificar que os estudos sobre o Período Quaternário podem ser aplicados
na análise do relevo. A paisagem de ~1,8 Ma. formada através de um clima muito diferente do atual
ainda se faz presente na paisagem contemporânea.
Como as pesquisas sobre o Quaternário podem influenciar nos estudos sobre planejamento ambiental?
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UNIDADE 3
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Universidade Aberta do Brasil
UNIDADE 3
Geomorfologia 2
PALAVRAS FINAIS
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PALAVRAS FINAIS
Geomorfologia 2
REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
Universidade Aberta do Brasil
WYCKOFF, Jerome. Reading the earth – landforms in the making. New Jersey
(USA): Adastra West, Inc. Publishers, 1999.
Internet
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REFERÊNCIAS
Geomorfologia 2
SILVA, J. R. B.; RIBEIRO, S. L. Estudo de Boçorocas e Métodos Expeditos
Aplicados. UNESP – Rio Claro, 2001. Disponível em: <http://sidklein.vilabol.
uol.com.br/pos/metexp.htm>. Acesso em: 27 mar. 2009.
<ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/rbg/article/viewPDFInterstitial/10001/7244>.
Acesso em: 27 mar. 2009.
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REFERÊNCIAS
Universidade Aberta do Brasil
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AUTOR
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