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DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E O
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
U N I V E R S I D A D E F E D E R A L
R U R A L D O S E M I - Á R I D O
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E O
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
Conselho Editorial da EdUFERSA
Pró-Reitor de Graduação
Augusto Carlos Pavão
COMFOR
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Equipe Charleskson
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Lopes Pinheiro – Diretor de Equipe administrativa
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Produção de Material Didático Teresa de Araújo – Responsável pelo fomento
Ulisses de Melo Furtado – Designer Instrucional Ângelo Paulo Augusto Nogueira Pereira - Estagiário Antonio
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APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Cursista,
Bons estudos!
SOBRE OS AUTORES
CONSIDERAÇÕES FINAIS 54
GLOSSÁRIO 55
REFERÊNCIAS 57
1
A
MÚLTIPLA
1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
Como discorrem Mazzotta (1999), Carneiro (2008) e Mendes (2006), o início de ações
direcionadas a pessoas com deficiência se deu a partir do século XVI, tendo como primeiros
interessados profissionais da medicina no intuito de classificar as pessoas que não se
encaixavam nos padrões conhecidos como normalidade.
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
É importante lembrar as iniciativas do abade Eppée, através de estratégias, como o “língua
dos sinais”, específicos para grupos de significados com a movimentação das mãos, bem
como a fundação especializada para a educação de “surdos-mudos” em 1770 na França. Tal
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
Autores: Maria Vera Lúcia Fernandes Lopes e Michaell Magnos Chaves de
1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
FIGURA 2: Captura do Menino Selvagem FIGURA 3: Itard desenvolve seu método de educação
http://ocinemaantigo.blogspot.com.
Fonte:
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
Assim, mesmo que de uma forma bastante embrionária, começa a se formar a ideia
de que as deficiências são uma construção social – uma prerrogativa interessante
à educação e imprescindível à superação da noção que se tem deste grupo na
sociedade.
A concepção de incurabilidade tem sido perpetrada ao longo dos séculos, uma vez
que foram constituídos os estigmas das deficiências, um retrato crítico (CARNEIRO,
2008, p. 17) da medicina do século XVIII, no reforço à exclusão, tencionando garantir a
ordem social e a categorização de indivíduos em normais, ergo superiores e “anormais”,
portanto, inferiores.
Dessa maneira, consideremos este o período histórico e social referente à Revolução
Industrial. Esse período compreende o final do século XVIII e início do século XIX, também
conhecido como o “século da pedagogia”, conforme Cambi (1999, p. 377), quando se
caracteriza pela inquietação, renovação, “para o caráter conflitante e para a hegemonia
construída pragmaticamente dentro e através de conflitos”. Portanto, é desenvolvida,
nesse período, uma identidade social da pedagogia.
Emergem, nesse contexto, as figuras de pedagogos como os alemães Pestalozzi,
Froebel e Herbart que influenciaram profundamente a tríade professor, ensino e método;
e continuam sendo expoentes do que hoje chamamos de escola moderna.
O método de Pestalozzi, conforme Manacorda (1992), enfatiza a participação da mãe no
processo ensino-aprendizagem, sugerindo uma educação não-repressiva, considerando
não apenas as vontades da criança, visando não o medo das punições, utilizando-se da
didática e do interesse por parte da criança para o desenvolvimento das estratégias por 15
parte da família e do professor.
Cambi (1999), assim como Carneiro (2008), descrevem o percurso da Educação
Especial dando ênfase ao trabalho do francês Édouard Séguin (1812-1880) e da
italiana Maria Montessori (1870-1952) no estímulo dos sentidos, na formação da
mente e das necessidades do indivíduo no âmbito técnico-sensorial baseado em
estratégias lúdicas que despertassem o interesse do aluno para a superação das
suas limitações.
Conforme Cambi (1999, p.469), a contribuição de Séguin à Educação Especial pode
ser descrita “[a] partir do plano senso-motor, mas, ao mesmo tempo, considerava a
atividade física da criança como intimamente ligada à sua individualidade e aos seus
processos de socialização”.
Desse modo, Séguin lança luz sobre a importância das interações entre criança e
meio no desenvolvimento de suas potencialidades, na tentativa de desestimular a
institucionalização que era a estratégia mais utilizada até então, encarcerando a criança
com deficiência em ambientes que em pouco ou quase nada contribuíam para o processo
de sociabilização.
No final da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, houve o avanço na criação de
serviços que atendessem aos combatentes de guerra que apresentavam deficiências
ocasionadas pelas batalhas.
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
Autores: Maria Vera Lúcia Fernandes Lopes e Michaell Magnos Chaves de
1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
http://edition.cnn.com/2014/06/26/opinion/gallery/
Fonte:
Nesse intervalo de tempo, crescia o número de instituições de caráter não-lucrativo
de acompanhamento pedagógico para pessoas com deficiências. Em algumas nações,
no entanto, o espírito de insegurança econômica e social fortaleceu posicionamentos de
extrema direita, como o fascismo de Benito Mussolini, na Itália em 1922, e o nazismo,
em 1933 na Alemanha, com Hitler, para citar esses dois principais exemplos.
Uma vez como ainda se buscavam explicações biológicas para as manifestações físicas,
intelectuais, sensoriais e/ou sociais das deficiências, houve, nesse período, uma repercussão
no sentido de busca de “cura”, bem como de estudos na atenuação da visão fatalista das
deficiências, buscando fortalecer os fatores ambientais na etiologia das deficiências.
16 Os sentimentos de total rejeição e medo foram dando espaço, na sociedade moderna,
a partir dos anos 1960, à postura de certa tolerância e compaixão. Mesmo assim, as pessoas
com deficiência múltipla, por ser considerada uma deficiência mais “grave” e de tamanha
complexidade do quadro, eram excluídas dos programas educacionais que se expandiam em
vários países.
A segregação deste público, ao que podemos chamar de demanda sócioeducacional
reprimida, ainda pode ser observada em grande parte dos estados brasileiros no período atual.
Entre os anos 1960 e 1970, pode-se observar um período de notoriedade devido à ênfase
nos movimentos dos direitos humanos, criação da Organização das Nações Unidas (ONU),
sobretudo pela influência dos países desenvolvidos sobre os demais no desenvolvimento
de pesquisas temáticas relacionadas às diversas deficiências, a partir de programas de
intervenção precoce.
Todavia, em alguns países europeus, buscava-se o princípio da normalização, em que
as pessoas com deficiência deveriam ter viabilizadas condições que se aproximassem ao
máximo dos padrões de normalidade da sociedade tida como “convencional”. Mais uma vez,
essas abordagens não abrangiam as pessoas com maior grau de comprometimento das
limitações e deficiência múltipla.
Sofrendo a influência dos direitos humanos, a sociedade brasileira procura se adaptar a
partir da década de 1970 aos direitos da pessoa com deficiência, mesmo sem promover,
ainda, a organização de um sistema de ensino capaz de atender às necessidades educacionais
especiais. Assim, continua segregando com parco ou nenhum conhecimento acerca da
deficiência múltipla, a atenção a esse alunado/público que se dava muito mais por
instituições filantrópicas com cuidados assistencialistas e/ou biomédicos do que no sentido
educacional propriamente dito.
A família via essas instituições como espaços seguros com quem deixar os filhos
enquanto dispunham desse tempo para trabalhar ou resolver questões de demais interesses
familiares. Para a escola, não parecia haver muito o que fazer, dadas as supostas limitações
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
intransponíveis para a época e interesses pedagógicos, políticos e sociais para as pessoas
com deficiência múltipla.
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Autores: Maria Vera Lúcia Fernandes Lopes e Michaell Magnos Chaves de
1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
A preocupação com esta temática ocorria não só nas famílias e nos discursos das
entidades de defesas dos direitos das pessoas com deficiência. Nota-se, sobretudo, nos
dispositivos legais e nos textos das políticas públicas no Brasil com referências aos alunos
com deficiência ou com necessidades educacionais especiais – NEE.
Nesse contexto, é de vital importância registrar que, na década de 80, a Constituição
Brasileira de 1988 incorporou vários dispositivos referentes à saúde, à educação, ao trabalho
e à assistência como direitos da pessoa com deficiência, com destaque para a educação para
todos os brasileiros, ressaltando a educação da pessoa com deficiência, preferencialmente,
na rede regular de ensino.
Registra-se também a Lei Nº 7.853 de 24 de outubro de l989, que dispõe sobre o apoio
às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sob a Coordenadoria Nacional
para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE.
No tocante à questão da Educação Inclusiva, uma nova conjuntura viria a viabilizar novas
formas de “integrar” as pessoas com deficiência nos meios educacionais, trabalhistas,
desempenhando papéis sociais de maior destaque, dentre outras. Assim, ratificando o
empenho da comunidade mundial de pôr em prática o preconizado na “Conferência Mundial
sobre Educação para Todos”, em 1990, e na Declaração de Salamanca que oficializa o termo
Inclusão, a despeito de Integração, no contexto da educação, em 1994, reafirmando no
encontro nesta cidade da Espanha, o direito de todas as pessoas do acesso à educação
(LANNA JUNIOR, 2010).
Assim sendo, as discussões sobre a inclusão de alunos com necessidades educacionais
especiais no ensino comum foram intensificadas no Brasil, enfatizando o quanto essa
perspectiva viabiliza uma educação ampla, formadora de valores universais, com base na 17
diversidade de experiências, promovendo no cotidiano escolar a ampliação das capacidades
individuais e coletivas de todos do grupo.
À medida que as Declarações de Jomtien (1990) e a de Salamanca (1994) propõem
o acesso de toda criança no ensino regular, independente de suas características físicas,
sociais ou culturais, são significativas mudanças nas escolas para que estas possam cumprir
seu papel de possibilitar o acesso de todos ao conhecimento sistematizado.
Ao mesmo tempo, a presença desses alunos nas escolas regulares vai imprimindo
mudanças que repercutem no sistema de crenças e valores da sociedade que se expressam
nas propostas e políticas educacionais. A prática que decorre desse discurso em defesa da
inclusão possui também um forte embasamento legal, de tal forma que é muito vasta nossa
atual legislação que prevê as adequações necessárias para que a inclusão seja implantada.
Assim, a partir da Constituição Federal (l988), que estabelece em seu artigo 206, inciso I
“igualdade de condições de acesso e permanência na escola” e garante como dever do Estado
a oferta do “atendimento educacional especializado, aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino” (art.208, inciso III), em 1994 é publicada a Política
Nacional de Educação Especial.
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essas constatações demonstram, a partir de dados reais analisados, o que na prática os
educadores, famílias e profissionais de pessoas surdo-cegas e com deficiências sensoriais
múltiplas têm experienciado em seu cotidiano.
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
1.2 CONCEITO
Para conceituar Deficiência Múltipla, poderíamos pensar que o caminho mais fácil seria
tentar responder à indagação: “o que é deficiência múltipla?” Mas, como nos lembra Smith
(2008, p.29), “nem sempre questões simples tem respostas simples”. Nesse sentido,
acrescenta o autor:
Nada é absoluto na condição humana, nem mesmo todos os conceitos são compatíveis
através das culturas. [...] as definições de deficiência divergem em razão das diferenças
entre atitudes, crenças, orientações, áreas de estudo e cultura. Por exemplo, variadas
áreas de estudo oferecem definições diversas de deficiência [...]
Como também é preciso considerar que, em determinadas situações, uma deficiência não
ocorre de maneira isolada, sendo associada a outros déficits. Assim, pode ocorrer: a
deficiência física associada à deficiência auditiva; a deficiência intelectual associada à visual;
a deficiência auditiva associada a comprometimentos intelectuais, entre outros. Essas
19
deficiências podem apresentar níveis de comprometimentos diferentes, podendo ser
congênitas ou adquiridas.
Nesse caso, estamos adentrando no campo das deficiências múltiplas, expressão
genericamente utilizada para designar pessoas que tem mais de uma deficiência que ocorre de
forma associada.
O conceito de deficiência múltipla apresenta poucas variações entre os estudiosos e
na legislação pertinente, conforme podemos perceber nos conceitos a seguir apresentados.
Na Política Nacional de Educação Especial segundo Brasil (1994, p.15), a deficiência múltipla
é definida como: “associação, no mesmo indivíduo de duas ou mais deficiências primárias
(mental/ visual/auditivo-física), com comprometimentos que acarretam atrasos no
desenvolvimento global e na capacidade adaptativa”. Esse conceito de deficiência múltipla é
referendado pelo Decreto n. 3.298/99 (art.4º, V), que define a categoria como “associação de
duas ou mais deficiências”; também reproduzido no Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de
2004 ( art.5º, §1º, inciso I, alínea “e”).
Sendo esta, portanto, uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de
pessoas revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos
intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social (BRASIL, 2000, p. 47).
E ainda, conforme o documento “Saberes e Práticas da Inclusão: dificuldades acentuadas
de aprendizagem: deficiência múltipla” do MEC de 2003,
O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o
conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental,
emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações
que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as
possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que
determinam as necessidades educacionais dessas pessoas (BRASIL, 2003, p.11).
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Autores: Maria Vera Lúcia Fernandes Lopes e Michaell Magnos Chaves de
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Diante do exposto, subtende-se que é inevitável, neste contexto, a associação de mais de
uma deficiência no mesmo indivíduo. No entanto, alguns autores acrescentam outros
elementos nessa conceituação:
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
O elemento que diferencia este conceito dos demais é o acréscimo de novos elementos,
uma só deficiência inicial pode vir a gerar outras deficiências que, embora consideradas
secundárias, caracterizam-se como múltipla deficiência.
Nessa busca de uma concepção mais ampla sobre a questão em discussão, é oportuno
esclarecer que
Múltipla Deficiência Sensorial é a deficiência auditiva ou a deficiência visual associada a
outras deficiências (mental e/ou física), como também a distúrbios (neurológico, emocional,
linguagem e desenvolvimento global) que causam atraso no desenvolvimento educacional,
vocacional, social e emocional, dificultando a sua autossuficiência (CAMPOS, 2003, p. 01).
O fato de uma criança ter mais de uma deficiência, sem dúvida, representa desafios
ainda maiores, tanto para ela própria como para a família e para a escola, com vistas ao seu
desenvolvimento, independência pessoal e participação social.
FÍSICA E PSÍQUICA
• deficiência física associada à deficiência intelectual;
•deficiência física associada a transtornos mentais, distúrbios neurológicos, emocionais e de
linguagem e conduta;
SENSORIAL E PSÍQUICA
• deficiência auditiva associada à deficiência intelectual;
• deficiência visual associada à deficiência intelectual, distúrbios neurológicos,
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emocionais e de linguagem e conduta;
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HIPOTIREOIDISMO
Um grupo de sintomas causados por deficiência de secreções da tireoide;
caracterizado por baixa taxa metabólica, lentidão de todas as funções
corporais, fadiga, letargia, afonia, intolerância ao frio, constipação, ganho
de peso, pele áspera; ocorre mais frequentemente em mulheres. O
hipotireoidismo infantil pode resultar da não formação ou má formação da
glândula tireoide ou ingestão insuficiente de iodo pela mãe durante a gestação.
RUBÉOLA CONGÊNITA
A Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) é uma importante complicação
da infecção pelo vírus da Rubéola durante a gestação, principalmente no
primeirotrimestre, podendocomprometerodesenvolvimentodofetoecausar
aborto, morte fetal, natimorto e anomalias congênitas. As manifestações
clínicas da SRC podem ser transitórias (púrpura, trombocitopenia,
hepatoesplenomegalia, icterícia, meningoencefalite, osteopatia radioluscente), permanentes
(deficiência auditiva, malformações cardíacas, catarata, glaucoma, retinopatia pigmentar),
ou tardias (retardo do desenvolvimento, diabetes mellitus).
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SÍNDROME DE RETT
Uma condição caracterizada por deterioração neuromotora em crianças
do sexo feminino, quadro clínico bastante singular, acompanhado por
hiperamonemia, tendo-o descrito como uma "Atrofia Cerebral Associada à
Hiperamonemia" (In. SCHWARTZMAN, José Salomão. Síndrome de Rett.
Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 25, n. 2, p. 110-113, June 2003).
CITOMEGALIA
A Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) é uma importante complicação
da infecção pelo vírus da Rubéola durante a gestação, principalmente no
primeirotrimestre, podendocomprometerodesenvolvimentodofetoecausar
aborto, morte fetal, natimorto e anomalias congênitas. As manifestações
clínicas da SRC podem ser transitórias (púrpura, trombocitopenia,
hepatoesplenomegalia, icterícia, meningoencefalite, osteopatia radioluscente), permanentes
(deficiência auditiva, malformações cardíacas, catarata, glaucoma, retinopatia pigmentar), ou
tardias (retardo do desenvolvimento, diabetes mellitus).
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TOXOPLASMOSE
A toxoplasmose congênita é uma doença infecciosa que resulta da
transferência transplacentária do Toxoplasma gondii para o concepto,
decorrente de infecção primária da mãe durante a gestação. Na infecção
congênita pode haver acometimento da placenta e de vários órgãos
(pulmões, coração, ouvidos, rins, músculo estriado, suprarrenais, pâncreas,
testículos, ovários), sobretudo olhos e sistema nervoso central com reação inflamatória grave,
meningoencefalite, necrose, calcificações, formação de cistos. A hidrocefalia é causada pelo
processo inflamatório com fenômenos obstrutivos e destruição de tecido cerebral.
SÍNDROME DE USHER
De origem genética, a síndrome tem graus variáveis se associando à
surdez, presente já no nascimento, com a perda gradual da visão, que
se inicia na infância ou na adolescência. A cegueira, parcial ou total, é
causada pela retinose pigmentar, mal que pode atingir até não portadores.
A doença afeta primeiro a visão noturna e depois a periférica, das
laterais, preservando por mais tempo a central. Causa também sensibilidade a excesso de
luminosidade.
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
SÍNDROME DE ALSTROM
É um distúrbio geneticamente transmitido com um leque de sintomas
variados, que inclui degeneração sensorial progressiva, resultando em
déficits auditivos e visuais, além de obesidade. Mesmo que a Síndrome de
Alström tenha sido descrita como uma alteração homogênea decorrente
da mutação de um único gene, existem famílias descritas com
apresentações
clínicas variáveis. Ocorre desde cardiomiopatia, disfunção hepática, hipotireoidismo e
hipogonadismo (In: BAHMAD JR., Fayez et al . Familial Alström syndrome: a rare cause of
bilateral progressive hearing loss,. Braz. j. otorhinolaryngol., São Paulo , v. 80, n. 2, p. 99-104,
Apr. 2014)
SÍNDROME DE BARDET-BIEDL
Associada à perda visual progressiva, deficiência intelectual,
perda auditiva. A síndrome de Bardet-Biedl é doença de herança
autossômica recessiva caracterizada por distrofia retiniana,
polidactilia, obesidade, retardo mental e hipogenitalismo. Um ou
mais dos achados acima que caracterizam a síndrome podem estar
ausentes, mas a distrofia retiniana é achado consistente. Esta se manifesta clinicamente na
infância com progressiva perda visual, causando grave dificuldade visual na adolescência. 23
SÍNDROME DE COCKAYNE
Associada à perda progressiva visual e auditiva, deficiência intelectual,
transtornos neurológicos. A síndrome de Cockayne é um distúrbio raro,
autossômico recessivo, de patogênese desconhecida com prejuízo no
crescimento e disfunção progressiva neurológica. Cockayne em 1936
descreveu esta entidade na observação de duas crianças com nanismo,
atrofia e surdez.
SÍNDROME DE FLYNN-AIRD
Transtorno de ordem genética que pode acarretar miopia severa, catarata
bilateral, retinose pigmentar, perda auditiva progressiva, alterações
musculares, deficiência intelectual.
SÍNDROME DE HALLGREN
Associada à perda visual e auditiva, deficiência mental, psicose. Também
chamada síndrome Usher, ou Usher-Hallgren ou síndrome de disacusia,
consiste em um conjunto de doenças genéticas (autossômica recessiva)
que é caracterizada pela presença de deficiência auditiva neurossensorial,
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Autores: Maria Vera Lúcia Fernandes Lopes e Michaell Magnos Chaves de
1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
havendo a presença ou nõ de disfunção vestibular e retinose pigmentar;
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
SÍNDROME DE KEARNS-SAYRE
Trata-se de uma desordem genética, caracterizada pelo surgimento
de ptose palpebral (acometimento da musculatura que comanda os
movimentos palpebrais. Esta costuma ser unilateral, a princípio,
evoluindo para uma ptose bilateral. Juntamente com esta última,
há o aparecimento de limitação de movimentos dos olhos, em
decorrência do comprometimento da musculatura responsável pelos movimentos dos olhos)
e retinopatia pigmentar antes da segunda década de vida. Acredita-se que a causa da
síndrome sejam alterações ocorridas no DNA mitocondrial (mtDNA). Esta desordem é de
herança materna, acontecendo esporadicamente por mutação aleatória ou induzida.
ENFERMIDADE DE REFSUM
É extremamente rara e complexa, e afeta muitas partes do corpo. A
retinose pigmentar (RP) é uma característica comum da doença. O primeiro
sintoma de RP é a cegueira noturna seguida de uma perda gradual da
visão periférica, tendendo a progredir lentamente em pacientes com essa
doença. A catarata, que também é comum, o que torna difícil para que
24 a luz atinja a retina. A dimensão da perda de visão com a doença de Refsum varia muito,
pois depende dos níveis de ácido fitânico e na presença de catarata. Doenças coronárias,
neuropatia periférica (doença nervosa que causa perda da sensibilidade), ataxia (problemas
com equilíbrio), parestesia (formigamento ou queimação incomum sensação de pele), ictiose
(pele seca e escamosa), anorexia (perda de apetite), e alterações ósseas também são
comuns.
SÍNDROME DE SPOAN
É extremamente rara e complexa, e afeta muitas partes do corpo. A retinose pigmentar
(RP) é uma característica comum da doença. O primeiro sintoma de RP é a cegueira
noturna seguida de uma perda gradual da visão periférica, tendendo a progredir lentamente
em pacientes com essa doença. A catarata, que também é comum, o que torna difícil para
que a luz atinja a retina. A dimensão da perda de visão com a doença de Refsum varia
muito, pois depende dos níveis de ácido fitânico e na presença de catarata. Doenças
coronárias, neuropatia periférica (doença nervosa que causa perda da sensibilidade), ataxia
(problemas com equilíbrio), parestesia (formigamento ou queimação incomum sensação
de pele), ictiose (pele seca e escamosa), anorexia (perda de apetite), e alterações ósseas
também são comuns.
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Autores: Maria Vera Lúcia Fernandes Lopes e Michaell Magnos Chaves de
1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
http://mateussd.blogspot.com.
https://pt.wikipedia.org/wiki/
Fonte:
Fonte:
SÍNDROME DE BERARDINELLI
A síndrome de Berardinelli-Seip ou Lipodistrofia Congênita Generalizada - LGC,
caracteriza-se clinicamente pela redução extrema da quantidade de tecido adiposo,
cursando com faces grosseiras, hipertrofia muscular, mãos e pés grandes, acantose
nigricans, hepatomegalia, hipertrigliceridemia, esteatosehepática, grave resistência à
insulina, tolerância alterada à glicose ou diabetes melito e aterosclerose de início precoce (1-
3). Sua prevalência é baixa, de aproximadamente 1:10.000.000 nascidos vivos, mas
acredita-se que, de cada quatro casos, apenas um seja relatado (BARRA, 2015).
A Síndrome de Berardinelli ainda é pouco conhecida pela população mundial. É comum 25
saber que alguém nunca ouviu falar na síndrome. No Rio Grande do Norte, graças ao trabalho
de Associação dos Pais e Portadores da Síndrome de Berardinelli (Asposbern), 32 casos
foram registrados. Um número alto, tendo em vista os 250 casos registrados até esse ano
em todo o mundo. Os números foram passados pela endocrinologista Fátima Baracho, que
acompanha os casos de Berardinelli no RN, há anos. “Nosso Estado é o lugar do mundo com
maior concentração de casos registrados” (TRIBUNA DO NORTE, 2007).
FIGURA 08: Crianças com a Síndrome de Berardinelli
cardiovasculares-e-metabolicas-da-lipodistrofia-
http://www.rbconline.org.br/artigo/alteracoes-
Fonte:
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
Época de Ocorrência
do Problema Agentes que afetam Atividade do agente Resultado Típico
FONTE: Adaptado de KIRK & GALLAGHER, 1987 apud Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental: Deficiência
Concepção congênitos do efetuar processos complicações. Pode ser
metabolismo. químicos e revertido parcialmente
metabólicos. Danos ao quando diagnosticada
Múltipla. Vol. I. Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2000a. (Série Atualidades Pedagógicas).
desenvolvimento fetal. cedo, administrando-se
uma dieta especial.
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
Autores: Maria Vera Lúcia Fernandes Lopes e Michaell Magnos Chaves de
1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
ATIVIDADE PROPOSTA
Realizar a leitura do item 1 – “Caracterizando a Deficiência Múltipla” até o subtópico 1.3 – “
Agora, participe do fórum discutindo as seguintes questões: Que conexões podemos estabe
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
Não devemos esquecer a importância em identificar ambientes naturais, como espaços para
promoção das ações direcionadas para manter ou ampliar o desenvolvimento da criança com
deficiência múltipla. Entendendo-se aqui ambiente natural como todo espaço no qual a
criança com deficiência múltipla irá vivenciar sua rotina diária.
A importância da utilização dos ambientes naturais para a intervenção precoce é que eles
facilitam a generalização das habilidades adquiridas; neles, a criança é submetida às
demandas naturais do ambiente.
A intervenção precoce em ambientes naturais torna-se mais crítica à medida que se chega
à adolescência e à idade adulta. Neste caso, a tarefa da família será identificar os ambientes
nos quais a criança com deficiência múltipla irá atuar e assegurar que o tempo e os recursos
sejam nele investidos. A importância dos ambientes naturais é que os pais necessitam utilizar
o princípio da participação parcial. Este princípio é uma afirmação de que todas as crianças
com limitação intelectual, física, sensorial e/ou deficiência múltipla podem desenvolver
habilidades que as permitam atuar pelo menos, em parte, em uma grande variedade de
ambientes e atividades menos restritas.
A criança pequena com deficiência múltipla também necessita experimentar, movimentar-
se e deslocar-se (mesmo do seu jeito diferente), necessita tocar, perceber e comparar, entrar,
sair, compor e desfazer. Necessita significar o que percebe com os sentidos, como qualquer
outra criança de sua idade.
28 Hoje, é indiscutível o benefício que traz, para qualquer criança, independentemente de sua
condição física, intelectual ou emocional, um bom programa de educação infantil. Efetivamente,
esses programas têm por objetivos o cuidar, o desenvolvimento das possibilidades humanas,
de habilidades, da promoção da aprendizagem, da autonomia moral, intelectual e, principalmente,
valorizar as diferentes formas de comunicação e de expressão artística.
O mesmo Referencial Curricular Nacional para educação infantil (Brasil, 1998)
recomendado para outras crianças é essencial para estas com alterações significativas
no processo de desenvolvimento e aprendizagem, pois, valoriza: o brincar como forma
particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil, e a socialização
das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas
sociais, sem discriminação de espécie alguma (BRASIL, 2003, p. 09).
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
1.4.2 - INCLUSÃO ESCOLAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
A inclusão de todas as crianças, adolescentes e jovens na escola constitui um dos maiores
desafios que essa instituição, atualmente, vem tentando trabalhar, de forma adequada e
com sucesso. Essa é a perspectiva da Educação Inclusiva que é definida por Stainback
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como uma anormalidade social e as diferenças no desenvolvimento passam a ser vistas como
variações qualitativas, defendendo, então, que o desenvolvimento de uma criança com
deficiência representa, sempre, um processo criativo e que essa criança apresenta meios
particulares de
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Carvalho (2008, p.103), “como o conjunto de experiências que a escola oportuniza aos alunos,
objetivando seu desenvolvimento integral”.
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no contexto de sala de aula. São também vistas como medidas preventivas, visando tornar
a aprendizagem dos conteúdos adequada às avaliações individuais do aluno; e as
adaptações
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• adaptações de atividades jogos e brinquedos.
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
Assim sendo, mesmo que uma criança tenha comprometimento intelectual ou de outra
natureza, independente da intensidade deste, ela precisa vivenciar situações de aprendizagem
no seu convívio social. Aprender sobre linguagem, comunicação, história, geografia,
arte, matemática, música, literatura, enfim, conhecimentos essenciais no processo de
34 desenvolvimento. Daí, a importância de que os grupos sejam pequenos e, dependendo
das necessidades de ajuda física contínua, a criança poderá precisar de tutoria para realização
das atividades. Nessa perspectiva, o documento referenciado acrescenta: “para que a criança
com múltipla deficiência participe dessas atividades pedagógicas tão importantes para o
processo do desenvolvimento de aprendizagem, ela necessita de um professor disponível para
dialogar e efetuar a mediação” (BRASIL, 2003, p.35).
No que se refere às adaptações avaliativas, como sabemos, as necessidades apresentadas
por crianças com deficiência múltipla são diversificadas e heterogêneas, então requerem uma
avaliação individualizada e contínua. Para conhecer o melhor possível essa criança, a escola
precisa de informações reais e específicas e, assim, melhorar o processo de interação,
comunicação para promover a aprendizagem e a autonomia da criança. Trata-se da busca
conjunta de estratégias e alternativas metodológicas e avaliativas que possibilitem a inclusão
social e o desenvolvimento das habilidades e da aprendizagem de todas as crianças.
Torna-se então fundamental que o professor faça o registro dos pontos fortes e das
dificuldades encontradas pela criança durante as atividades e avalie também o ambiente, a
quantidade e a qualidade de mediação proporcionada para que o aluno atinja os objetivos
propostos.
Outro ponto que merece destaque é a questão da terminalidade específica. Nesse caso, as
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica preveem a
Terminalidade Específica como uma certificação de conclusão de escolaridade –
fundamentada em avaliação pedagógica – com histórico escolar que apresente as habilidades e
competências atingidas pelo aluno com grave deficiência mental ou múltipla. Ou seja, é
quando o comprometimento causado pela deficiência não permite que o aluno alcance o nível
exigido para a conclusão daquela etapa de ensino, respeitada a legislação existente e de
acordo com o Regimento e o PPP da escola (BRASIL, 2001).
Diante dessa possibilidade, as escolas devem adotar procedimentos de avaliação
pedagógica, certificação e encaminhamento para alternativas educacionais que concorram
para ampliar as perspectivas de inclusão social e individual das pessoas com deficiência
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
múltipla.
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1 - CARACTERIZANDO A DEFICIÊNCIA
SAIBA MAIS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares. Secretaria de Educação fundamenta
BRASIL. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica.
Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 2001. p.58-59.
KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães. Matrículas de crianças com necessidades educacionais especia
Práticas de Educação Inclusiva. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. p. 49-68.
ATIVIDADE PROPOSTA
Ler o item 1.4 “Educação e Inclusão da Pessoa com Deficiência Múltipla” e seus subtópicos de
35
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
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2
O
-
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ALUNO COM
DEFICIÊNCIA
MÚLTIPLA
2 - O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA
Pensando nisso, tais estratégias em nossa análise só podem ser colocadas em prática com
base em ações pedagógicas concernentes às finalidades do AEE, as quais precisam estar
pautadas em uma formação consistente e que ofereça aos docentes conhecimentos sobre
as especificidades dos alunos em foco nessa investigação, a saber: alunos com múltiplas
deficiências.
Tendo como referência o AEE, a Educação Especial e o objeto de estudo deste material,
há a definição das atribuições do professor especialista, como níveis de apoio, nos seguintes
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E
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2 - O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA
40 Sendo a Educação Especial definida como uma modalidade de ensino que perpassa todos
os níveis, etapas e modalidades da educação desde a Educação Infantil até o Ensino Superior,
no contexto da nova Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva, o papel do AEE precisa também ser percebido nessa perspectiva ampla. Assim,
o motivo principal de o AEE ser realizado na própria escola do aluno está na possibilidade
de que suas necessidades educacionais específicas possam ser atendidas e discutidas no
dia a dia escolar e com todos os que atuam no ensino regular e/ou na educação especial,
aproximando esses alunos dos ambientes de formação comum a todos. Para os pais,
quando o AEE ocorre nestas circunstâncias, propicia-lhes viver uma experiência inclusiva
de desenvolvimento e de escolarização de seus filhos, sem ter de recorrer a atendimentos
exteriores à escola. (ROPOLI, 2010, p.18)
Nas diretrizes desta política, é possível perceber o enfoque destinado ao AEE. Com relação
a este, cabe à Educação Especial realizá-lo, utilizar serviços e recursos próprios desse
tipo de atendimento e orientar alunos e professores quanto à utilização dos serviços e
recursos pertinentes em sala de aula (BRASIL, 2008).
Vale esclarecer que temos poucos estudos sobre a escolarização e, sobretudo, sobre a
inclusão escolar e aprendizagem desses sujeitos em nosso país. O silêncio no campo científico
também se apresenta nas políticas públicas. Esse aspecto é visível também se analisarmos a
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008),
pois o público alvo da Educação Especial nesse documento refere-se somente aos sujeitos
com deficiência mental/intelectual, sensorial, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.
Assim, cabe ao professor, interessado em incluir, acolher o aluno que lhe chega como
pessoa real e única. Essa atitude se manifesta em escuta e olhar atentos, sem pré-julgamentos
ou prognósticos de desempenho, baseados em preconceitos e/ ou procedimentos escolares
excludentes.
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[...] a opinião que temos de certa pessoa nos faz esperar dela determinados comportamentos
e nos permite descartar a possibilidade de que tenha outros. Transferindo este princípio para
a situação escolar, podemos afirmar que alunos e professores não só se veem de determinada
forma, mas esperam dos outros que se comportem, em um certo sentido, de acordo com essa
forma de ver.
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É interessante observar que, na presença de uma deficiência, fica mais evidente que o
processo de desenvolvimento é construído a partir de condições concretas que não estão
predefinidas no sujeito, mas que se constroem nas relações sociais. Daí a importância que
as atividades escolares sejam plenas de experiências significativas de apropriação dos valores
culturais.
No que pese a importância de já termos acesso a uma concepção ampla de aprendizagem
e desenvolvimento, a partir da perspectiva sócio-histórica e cultural do conhecimento,
[...] a avaliação das capacidades intelectuais dos sujeitos, tanto nos sistemas de ensino,
quanto nos testes psicológicos, ainda centram-se no desenvolvimento já efetivado. [...]
O sujeito é avaliado pelas respostas que dá. O que acontece é que essa perspectiva de
avaliação considera apenas o nível de desenvolvimento efetivo, ou seja, aquelas funções
que já estão desenvolvidas na criança, permitindo que ela resolva determinados problemas
de forma independente (CARNEIRO, 2006, p.143-144).
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pouco da criança com múltipla deficiência, as possibilidades, interesses, necessidades e
expectativas dessa criança e seus familiares.
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2 - O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA
Esta é a história de T., uma criança alegre e feliz, que frequenta desde os quatro anos
de idade a classe comum, em um centro de educação infantil no Rio de Janeiro. Ela ficava
muito triste, sozinha no silêncio de sua casa, irritava-se, chorava muito, ficava nervosa
e mordia muito a sua mão. A família observou que quando saia à rua ou ia ao parquinho
próximo de sua casa, ela se transformava, era outra criança, ficava muito alegre e feliz.
Resolveram então, procurar um centro de educação infantil. T. gosta muito da escola,
raramente chora e faz birras, só quando não é compreendida. Tem prazer em conviver e se
relacionar com outras crianças.
T. possui deficiência visual severa, com acentuada microcefalia decorrente de
Referência: Saberes e práticas da inclusão : dificuldades acentuadas de aprendizagem : deficiência múltipla. Brasília : MEC,
toxoplasmose congênita, alteração significativa das funções neurológica, motora e
intelectual. Não fala, não anda, mas gosta de brincar com ajuda, interage e se comunica por
algumas expressões faciais, gestos muito simples e pelo tabuleiro de comunicação com
objetos símbolos que foram adaptados.
A escola trabalha em parceria com a professora especializada e com a equipe terapêutica
(fisioterapeuta, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional), que realiza atendimentos individuais
fora da escola. Esses profissionais têm pesquisado e ajudado a escola com relação às
necessidades específicas de T. e às adaptações correspondentes, possibilitando um melhor
nível funcional da criança em todas as atividades escolares.
T. utiliza programas muito simples de informática, o que possibilita a comunicação, a
expressão dos sentimentos, pensamentos e a construção do conhecimento. O que ela mais
gosta na escola é de brincar de faz de conta, do cantinho da leitura onde ela participa com
personagens concretos (bonecos ou objetos), do parque, onde ela precisa de constante 43
ajuda física para poder participar dos brinquedos e brincadeiras com as outras crianças.
No lanche, ela já gosta de mostrar suas habilidades: aprendeu a beber no copo, come
com suas mãos o biscoito ou fruta e toma iogurte com a colher. Com ajuda física, já está
aprendendo a pôr e tirar a roupa, participa da arrumação da mesa e lava os utensílios
como as outras crianças. Nas atividades de pátio e quadra, T. gosta muito de participar das
brincadeiras e algazarras das outras crianças, e quase voa atrás delas, no seu possante
andador protegido que lhe permite movimentar-se e correr com a ajuda de seus colegas. É
feliz porque pode participar da vida e aprender com as outras crianças.
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Fonte:
A comunicação alternativa tem por objetivo, portanto, proporcionar às pessoas com
necessidades educacionais especiais de todos os tipos de deficiência maior independência,
qualidade de vida e inclusão social.
Algumas características muito específicas que as pessoas com deficiência múltipla
apresentam demandam à escola e aos profissionais que as acompanham desafios
importantes no que diz respeito a criar situações de aprendizagens a serem desenvolvidas
durante o processo de inclusão.
Alguns estudantes que apresentam dificuldades na comunicação em razão de
44 alterações neuromotoras e sensoriais podem manifestar insegurança, birra, medo, frustração
ou agressividade, se suas necessidades básicas e de comunicação não forem compreendidas.
Por este motivo, faz- se necessário dar atenção a dois aspectos importantes: a comunicação e
o posicionamento.
Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar
a individualidade, o ritmo, a condição e a dignidade de cada estudante com deficiência
múltipla, principalmente nas situações de pessoas que necessitam do auxílio de alguém
para mediar seu contato com o meio. Dessa forma, criam-se códigos comunicativos entre a
criança com deficiência múltipla e o receptor, este último deve ser bastante consciente de sua
responsabilidade de mediador entre a pessoa com deficiência múltipla e o mundo ao seu
redor, proporcionando autonomia e independência.
Não se pode esquecer, por exemplo, que muitas vezes o campo visual do aluno ou
mesmo sua acuidade visual poderão influenciar os movimentos posturais de sua cabeça, pois
irá tentar buscar o melhor ângulo de visão, aproveitando seu resíduo visual, inclinando-a ou
levantando-a. Esses movimentos poderão sugerir que a pessoa não está na melhor posição.
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Isso, porém, é um engano, pois na verdade ela pode estar adequando sua postura (BOSCO,
2010, p. 11)
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O nível de comunicação nos sujeitos com deficiência múltipla varia desde bem próximo da
normalidade, apresentando leves distúrbios articulatórios, até graves retardos na aquisição da
fala ou total impossibilidade de emitir um som compreensível, com dificuldade motora na
produção da linguagem expressiva (CASANOVA, 1992). Nestes casos, pode ocorrer alteração na
interação do sujeito com o meio, em decorrência dos comprometimentos dos aspectos
cognitivos e motores expressivos, visto que estas dificuldades prejudicam a capacidade de
exploração do sujeito.
Em casos como estes, em que a pessoa possui limitações na expressão oral e escrita, é
indicado o sistema de comunicação alternativa que pode ser usado como auxiliar primário ou
suplementar no processo de inclusão, oferecendo a ela um meio no qual consiga transmitir seus
desejos e anseios. Para o desenvolvimento da comunicação alternativa, pode-se dispor de
sistemas criados ou adaptados especialmente com finalidade educativa ou terapêutica, como a
língua de sinais, as pranchas ou símbolos pictográficos, os comunicadores até sistemas
sofisticados de computador
com voz sintetizada.
A Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), como recurso de Tecnologia Assistiva,
envolve o uso de gestos manuais, expressões faciais e corporais, símbolos gráficos, voz
digitalizada ou sintetizada, dentre outros meios, para efetuar a comunicação face a face de
indivíduos incapazes de usar a linguagem oral.
FIGURA 12: Prancha com símbolos PCS
45
Fonte:
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onte:
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Dessa forma podem ser formadas frases juntando-se vários cartões de contexto. Mesmo com
o método de comunicação alternativa dos cartões de contexto, crianças com deficiências
múltiplas severas ainda têm dificuldade de comunicação, pois a deficiência motora prejudica a
atividade de apontar os cartões.
Observa-se, sobre a aplicação da compreensão da comunicação, o que Nunes (2002)
assevera sobre a comunicação ser uma necessidade básica entre os seres humanos. A criança
desde seu nascimento relaciona-se com a natureza, e comunica-se com o adulto para
demonstrar suas atividades emocionais, físicas e afetivas, as quais ocorrem através da
interação com o meio. Segundo Manzini (2006), o ser humano possui recursos verbais e não
verbais que, na interação interpessoal, misturam e se completam. Por exemplo, ao falarmos
podemos sorrir, demonstrando agrado, concordar ou discordar por um simples gesto, como
balançar a cabeça, utilizar gestos para complementar o que falamos, ou demonstrar interesse
ou desinteresse por aquilo que está sendo relatado.
Assim, é importante salientar que os gestos e as expressões faciais são muito importantes
para o ser humano transmitir seus sentimentos para o outro, fazendo com que se torne mais
fácil a compreensão entre eles.
Todos os seres humanos, independentemente de sua deficiência, têm o direito ao afeto,
através da comunicação. Além desse direito geral, outros direitos específicos de comunicação
devem ser assegurados em todas as interações diárias e intervenções que envolvam seres
humanos com quaisquer deficiências.
http://fonoemfoco.blogspot.com.br/2015/04/
Fonte:
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casos, em relação à sua vida social.
A seguir, apresentamos um modelo de instrumento para acompanhamento do estudante
com deficiência múltipla.
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Período do Plano:
Professor (a):
Endereço: Telefone:
Relato do
caso
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3. Características do Aluno(a)
Aspectos
Afetividade
Socialização
Cognição
Linguagem
Motricidade
Família
Resolução do Problema
- O PLANO DE AEE
Necessidade Especial:
Objetivos do Plano:
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• Orientação à família
Relatório das atividades do plano pedagógico individual a partir de SUPLINO (2007) e do Plano de Atendimento Especializado ao Aluno(a) com Necessidades Especiais da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande
espaçadas e outros).
Diretor da Escola
Coordenador Pedagógico
Equipe Multiprofissional
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ATIVIDADE PROPOSTA
Ler o item 2 - “O Atendimento Educacional Especializado – AEE para o aluno co
Na prática educativa do AEE, muitas vezes nos deparamos com a escassez ou mesmo a
falta de materiais acessíveis capazes de auxiliar no cumprimento dos propósitos programados
pelo professor.
Ao refletir sobre esta realidade, verificamos a necessária criação e adaptação de materiais
pedagógicos, a fim de proporcionar a ampliação de possibilidades de inserção social das
pessoas com deficiência no sistema regular e especial de ensino.
Assim, a formação de professores para atuação nas salas de AEE deve abordar as técnicas
52 para o aperfeiçoamento da produção de materiais didáticos no sentido de torná-los acessíveis
a pessoas com deficiência, tendo por objetivo adaptar e produzir recursos pedagógicos
facilitadores no processo de aquisição do conhecimento dos educandos com necessidades
educacionais especiais.
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BERSCH, RITA DE CÁSSIA RECKZIEGEL; PELOSI, MIRYAM BONADIU. PORTAL DE AJUDAS TÉCNICAS PARA EDUCAÇÃO
SAIBA
MAIS: KASSAR, MÔNICA DE CARVALHO MAGALHÃES. MATRÍCULAS DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESP
53
DO QUE E DE QUEM SE FALA? IN: GÓES, MARIA CECÍLIA RAFAEL DE; LAPLANE, ADRIANA LIA FRISZMAN DE. (ORG.)
MANZINI, E.J. PORTAL DE AJUDAS TÉCNICAS PARA EDUCAÇÃO: EQUIPAMENTO E MATERIAL PEDAGÓGICO PARA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL – BRASÍLIA ABPEE: MEC, SEESP, 2007.
ATIVIDADE PROPOSTA
Realizar a leitura do subitem 2.4 – “Produção de Materiais Acessíveis” desse caderno didático
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CONSIDERAÇÕESFINAIS
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GLOSSÁRIO
Abade Eppée - O Abade Charles-Michel de l'Éppée (Versalhes, 25 de Novembro de 1712, em Versailles
— Paris, 23 de Dezembro de 1789) foi um educador filantrópico francês do século XVIII, que ficou
conhecido como "Pai dos surdos".
Conferência Mundial sobre Educação para Todos – A Conferência Mundial sobre Educação para
Todos foi realizada de 5 a 9 de março de 1990, organizada pela UNESCO em Jontien na Tailândia,
reuniu cerca de 1500 participantes, entre eles os delegados de 150 países. Os documentos aprovados
nesta conferência compõem a Declaração Mundial sobre Educação para Todos e o Plano de Ação para
Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem.
Édouard Séguin (1812-1880) - Édouard Séguin (20 de janeiro de 1812 - 28 de outubro de 1880) foi
um médico e educador nascido em Clamecy, Nièvre, França. Ele é lembrado por seu trabalho com as
crianças que têm deficiências cognitivas em França e nos Estados Unidos.
Fascismo – Regime político criado na Itália, fundado por Benito Mussolini em 23 de Março de 1919.
O fascismo foi apresentado como partido político em 1921. Era uma doutrina política com tendências
autoritárias, anticomunistas e antiparlamentares, que defendia a exclusiva autossuficiência do Estado
e suas razões, que são superiores ao direito e à moral, fazendo uso recorrente a forças social-
revolucionárias.
Herbart - Johann Friedrich Herbart (Oldemburgo, 4 de maio de 1776 — Göttingen, 11 de agosto de 1841)
foi um filósofo, psicólogo, pedagogista, alemão, fundador da pedagogia como disciplina acadêmica.
Itard - Médico e psiquiatra alienista francês nascido na cidade provençal de Oraison, que ganhou
destaque na história da psiquiatria alienista francesa do século XIX, como responsável pelo tratamento
de uma criança retardada encontrada em Aveyron, como registrado em dois relatórios (1801 / 1807) e
que descreveu pela primeira vez a Síndrome de Tourette (1825).
Maria Montessori - Maria Montessori (Chiaravalle, 31 de agosto de 1870 — Noordwijk aan Zee,
Países Baixos, 6 de maio de 1952) foi uma educadora, médica, católica, pedagoga e feminista
italiana. É conhecida pelo método educativo que desenvolveu e que ainda é usado hoje em dia em
escolas públicas e privadas mundo afora.
Pestalozzi - João Pestalozzi nasceu em 1746 na cidade de Zurique, Suíça e faleceu em 1827.
Lembrado como quem psicologizou a educação, Pestalozzi procurou aprimorar suas teorias a
partir das práticas, no desejo de desenvolver a educação pública, pois acreditava que a renovação
da educação seria a verdadeira questão social. Ele pregou a democratização da educação,
influenciando assim os governantes de seu país, fazendo com que esses passassem a se interessar
pela educação das crianças menos favorecidas. Pestalozzi decidiu tornar-se mestre escola e fundou
sua própria instituição, na qual tinha meninos e jovens, mestres e alunos, que permaneciam juntos
o dia inteiro, foi diretor de escolas elementares e chefe de institutos agrícolas.
Philippe Pinel - (Saint André, 20 de abril de 1745 – Paris, 25 de outubro de 1826) foi um médico
francês, considerado por muitos o pai da psiquiatria. Notabilizou-se por ter considerado que os seres
humanos que sofriam de perturbações mentais eram doentes e que ao contrário do que acontecia
na época, deviam ser tratados como doentes e não de forma violenta. Foi o primeiro médico a tentar
descrever e classificar algumas perturbações mentais.
Santa Inquisição – Foi uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar
todos aqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja Católica. Fundado pelo Papa
Gregório IX, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição mandou para a fogueira milhares de pessoas
que eram consideradas hereges (praticante de heresias; doutrinas ou práticas contrárias ao que é
definido pela Igreja Católica) por praticarem atos considerados bruxaria ou simplesmente por serem
praticantes de outra religião que não o catolicismo.
Tecnologia Assistiva - É um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de Recursos
e Serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com
deficiência e consequentemente promover Vida Independente e Inclusão.
BOCCALANDRO, Efraim Rojas. História do Braille. Boletim Clínico Clínica Psicológica “Ana Maria
Poppovic”. PUC: São Paulo, número 19, novembro de 2004. Disponível em: <http://www.pucsp.br/clinica/
publicacoes/boletins/boletim19_09.htm> Acesso em: 15 ago. 2015.
BOSCO, Ismênia Carolina Mota Gomes et. al.. A Educação Especial na perspectiva da Inclusão
Escolar: surdocegueira e deficiência múltipla. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010, v.5. (Coleção A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar).
BRASIL. Senado Federal. Constituição (l988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Senado Federal, 1988.
______. Política Nacional de Educação Especial – educação especial, um direito assegurado. Brasília:
MEC / SEESP, 1994.
______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394 de 20 de
dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996.
_______. Secretaria de Educação Especial. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento
e material pedagógico para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física:
recursos pedagógicos adaptados / Secretaria de Educação Especial - f. 1. Brasília: MEC: SEESP, 2006.
_______. MEC. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. Secretaria de
Educação Especial. MEC/SEESP, 2001.
______. MEC. Declaração de Salamanca (1994): Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das
Necessidades Educativas Especiais. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/
salamanca.pdf >. Acesso em: 20 ago. 2015.
______. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades
básicas de aprendizagem Jomtien, 1990. Disponível em: < http://unesdoc.unesco.org/
images/0008/000862/086291por.pdf >. Acesso em: 20 ago. 2015.
______. MEC. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/
seesp/arquivos/pdf/decreto%205296-2004.pdf >. Acesso em: 20 de ago. 2015.
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Trad. Álvaro Lorencini. São Paulo: Fundação Editora da UNESP,
1999.
CAMPOS, Shirley de. Surdocegueira e Múltipla Deficiência Sensorial. Escrito em 2003. Disponível em:
<http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/13379>. Acesso em: 06 de jul. 2015.
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EDITORA
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COMPOSIÇÃO
Formato: 21cm x 29,7cm
Capa: Couchê, plastificada, alceado e grampeado
Papel: Couchê liso
Número de páginas: 64
Tiragem: 200