TEORIA E PRÁTICA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2017
Conselho editorial roberto paes e luciana varga
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.
ISBN 978-85-5548-454-4
Prefácio 5
2. As teorias do currículo 27
Introdução 28
Teoria curricular 29
Teorias tradicionais 30
Teorias críticas 33
Teorias pós-críticas 35
Algumas considerações 40
Últimas palavras 42
Jogos 104
Histórias, livros, jornais e revistas 106
Televisão, filmes, séries e novelas 107
Celular 109
Últimas palavras 110
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
5
1
Currículo: contexto,
teoria e prática
Currículo: contexto, teoria e prática
Introdução
capítulo 1 •8
trajetória de discussões sobre o currículo, desde a sua gênese até a sua formação
como campo de estudos.
Outrossim, quando se trata de discutir o currículo, este por sua vez nos faz
pensar no elemento conhecimento, por relacionar-se, historicamente, ao que é for-
malizado nos sistemas de ensino, via orientações acadêmicas e governamentais ou
Referências Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI) e Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN)* – documentos publicados pelo governo federal bra-
sileiro. Neste bojo, costumamos associar o currículo, bem como o processo ensino/
aprendizagem, aos conteúdos transmitidos nas disciplinas que compõem as grades
curriculares. Contudo, veremos que pensar o “currículo” é ir além dessas questões.
Na verdade, essa perspectiva de organização dos conteúdos é considerada atualmen-
te tradicional, arcaica e vinculada a um tipo de teoria pedagógica traduzida por
Paulo Freire como educação bancária. Nas palavras desse teórico:
* Políticas de currículo no Brasil. Acesso aos PCN em: <https://goo.gl/2xWd6B>. Acesso em 17 de out. 2016.
capítulo 1 •9
aprendizado como conteúdo a ser transmitido por um emissor (professor) e rece-
bido pelo receptor (aluno) –, observamos que há muito mais nas discussões sobre
o currículo que envolve não somente teorias críticas, mas também pós-críticas.
O caráter polissêmico das teorias curriculares não deve, entretanto, servir de
pretexto para o imobilismo das instituições responsáveis pela reflexão e constru-
ção de políticas curriculares (universidades, administrações públicas, sindicatos,
escolas, entre outros). Ele deve ser o eixo para a definição de políticas públicas,
orientação e discussão do processo ensino-aprendizagem, assim como para a refle-
xão sobre currículo, sociedade e formação.
De acordo com Nóvoa (2014):
Essa concepção de escola defendida por Nóvoa (2014) obriga todos os en-
volvidos no processo ensino/ aprendizagem (direta e indiretamente) a refletir e
redefinir o sentido social das teorias e das práticas curriculares. Isto demanda uma
intervenção técnica, política e cultural, ou seja, um conjunto de saberes, compe-
tências, habilidades e atitudes. É a partir desse pressuposto que Sacristán (2000)
argumenta que o campo do currículo não é somente um corpo de conhecimentos, mas
uma dispersa e ao mesmo tempo encadeada organização social (p. 3).
O currículo engloba, portanto, um conjunto de ações de diferentes sujei-
tos, com habilidades diversas, proporcionais à responsabilidade e a atividade
de cada um. Planejar, refletir e organizar o currículo supõe uma divisão de
competências e atitudes.
capítulo 1 • 10
Nas aulas a seguir, você encontrará uma discussão sobre currículo que abordará as
seguintes questões: visões de currículo; tipos de currículo; manifestações de currículo;
teorias do currículo; teorias da organização do currículo; exemplos de construção e re-
flexão do processo de aprendizagem por meio do currículo; a relação do currículo com
o conhecimento e o aprendizado; entre outros. Esperamos que você encontre aqui um
caminho para a construção de um processo ensino/ aprendizagem crítico e reflexivo e
um estopim para pensar sua prática educacional e escolar cotidiana.
OBJETIVOS
Objetivos desse capítulo
1. Distinguir as diferentes concepções do currículo, conceituando-as e caracterizando-as
por meio da trajetória histórica desse campo de estudo no contexto brasileiro;
2. Avaliar as características do currículo e sua articulação com a prática escolar.
capítulo 1 • 11
O termo curriculum nasce ligado a questões de organização e método. Dentro
dos estudos educacionais, especialmente a partir da literatura educacional ame-
ricana, o currículo se torna um campo específico de estudo. Neste sentido, para
Ranghetti e Gesser (2011) foi em 1949, com a publicação do livro Princípios bá-
sicos de currículo e ensino, de Ralph Tyler, que se iniciou a teorização envolvendo
o currículo escolar.
Atualmente, inclusive, o livro de Tyler ainda é considerado um clássico das
teorias tradicionais, influenciando até os dias de hoje a construção de inúmeros
currículos. Ainda de acordo com Ranghetti e Gesser (2011) o modelo de currículo
de Tyler é conhecido como aquele organizado por objetivos, estruturado por Tyler
de acordo com a figura 1.
capítulo 1 • 12
De acordo com Santos e Moreira (1995), Tyler descreve metodicamente cada
um dos itens destacados na figura. Ele traça orientações de (...) como selecionar os
objetivos, como selecionar as estratégias de aprendizagem, como organizar essas expe-
riências e como avaliar sua eficácia (p. 48). Ou seja, é nitidamente um planejamen-
to puramente técnico e mecânico, que não prevê imprevisto e a interação entre
os sujeitos.
Como dito anteriormente, ao longo do tempo, diferentes significados foram
sendo discutidos e atribuídos à reflexão sobre currículo – tomado como objeto de
análise por variadas teorias e práticas.
Tomando a definição de Tomaz Tadeu da Silva sobre currículo como “questão
de saber, poder e identidade” (2011, p. 148), consideramos que existem disputas
de sentidos teóricos nesse campo, que afetam diretamente o contexto da prática
(Ball e Mainardes, 2011).
De acordo com Silva (2011), a definição de currículo depende da teoria que a
reflete. Por isso, mesmo que diferentes teorias busquem responder a uma mesma
pergunta, as respostas encontradas variam conforme as concepções sociais, edu-
cacionais, políticas e econômicas que as sustentam. Afinal, as correntes de pen-
samento sobre o currículo trazem em si diferentes projetos de ser humano e de
sociedade – que por sua vez estão em disputa pela hegemonia de seus pressupos-
tos. Assim, o termo currículo tem sido conceituado de diversas formas. Vejamos
algumas delas.
Já Silva (2011) argumenta que [...] o currículo é lugar, espaço, território. O currículo é
relação de poder. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia,
nossa vida, curriculum vitae: no currículo se forja nossa identidade. O currículo é texto,
discurso documento (p. 150).
Moreira e Silva (1994), por sua vez, afirmam que currículo é [...] um termo de produção
e de política cultural, no qual os materiais existentes funcionam como matéria-prima de
criação, recriação e, sobretudo, de contestação e transgressão (p. 28).
capítulo 1 • 13
Para Veiga-Neto (2009), o currículo é um artefato escolar que, além de tratar do que e
do como ensinar e aprender – isto é, além de tratar de conteúdos e de modos de ensinar
e aprender –, funciona como um dispositivo que nos ensina determinadas maneiras de
perceber, significar e usar o espaço. Além disso, o currículo nos ensina a articularmos o
espaço com o tempo. Pode-se dizer, então, que o currículo é também uma máquina de
espacialização e de temporalização (p. 32).
Goodson (2013) entende o currículo como uma construção histórica e social, que se
tornou ao longo dos anos um elemento fundamental para os estudos que envolvem
a escolarização. Nesses termos o autor afirma que [...] o conceito de currículo como
sequência estruturada ou “disciplina” provém em grande parte da ascendência política do
Calvinismo (p. 43), ou seja, para ele é nesse período histórico que se estabelece “uma
relação homóloga entre currículo e disciplina” (Goodson, 2013).
Porém, indicando que o currículo vai muito além da ideia de disciplinas, questiona o
currículo institucionalizado e prescritivo, assumindo-o como “conflito social” (p. 107).
Nesse sentido, Goodson (2013, p. 22) faz uma importante distinção entre o currículo
escrito e aquele vivenciado em sala de aula, sendo o primeiro insuficiente para entender
como o é posto em prática.
Por fim, para Sacristán (2013), o currículo é algo evidente e que está aí, não importa
como o denominamos. É aquilo que um aluno estuda. Por outro lado, quando começamos
a desvelar suas origens, suas implicações e os agentes envolvidos, os aspectos que o
currículo condiciona e aqueles por ele condicionados, damo-nos conta de que nesse
conceito se cruzam muitas dimensões que envolvem dilemas e situações perante os
quais somos obrigados a nos posicionar (p. 16).
Sacristán (2013) também apresenta algumas dimensões que de acordo com ele
tem a capacidade de regular a construção do currículo. A seguir apresentamos no
quadro 1 com tais dimensões. Vejamos:
capítulo 1 • 14
1. Dimensões ou aspectos estruturais do currí- Elementos e aspectos estrutura-
culo: a ordem pela qual ele é estabelecido dos ou afetados
- Divisões do tempo:
Tempo de aprender, tempo
Anos ou cursos da escolaridade sequenciados;
Horário semanal repetido ciclicamente; livre etc.;
Horário diário, em parte repetido ciclicamente; Tempo de ensinar;
Concepções do tempo.
Conhecimentos e
- Delimitação e organização dos conteúdos: saberes valorizados;
Acessibilidade e fontes de onde a informação Atividades possíveis de
pode ser obtida;
Demarcação do que se pode e se deve aprender; ensinar ou transmissoras
Organização em disciplinas e outras formas de em geral;
classificação dos conteúdos;
Quadro 1: dimensões que, segundo Sacristán (2013), regulam o currículo. Fonte: Sacristán (2013).
capítulo 1 • 15
Ainda sobre o conceito de currículo, não podemos deixar de mencionar que,
com a evolução das pesquisas e estudos desse campo, o termo passou a ser carac-
terizado e entendido de diversas formas, tais como seguem:
Currículo oculto – são as práticas implícitas, que não estão expostas claramente. O
currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem
fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita, para aprendizagens
sociais relevantes (Silva, 2011, p. 78);
Currículo vazio ou nulo – [...] se constitui nos conhecimentos ausentes [...] Também
chamado de “campos dos silêncios” ou de “omissões”, seu significado é fundamental
para entender o currículo como espaço de afirmação ou negação de elementos das
diferentes culturas (Ranghetti e Gesser, 2011, p. 21).
CURIOSIDADE
Desde 2014 o ministério da educação brasileiro vem discutindo a base nacional
comum curricular.
Você já ouviu falar sobre essa base?
Será que essa BNCC é um currículo prescrito?
capítulo 1 • 16
Para a professora Márcia Ângela Aguiar, conselheira do MEC, a discussão da
Base Nacional Comum Curricular se dá num campo de disputas, o que promove a
sua complexidade. Segundo ela, a BNCC [...] não tem somente uma dimensão, uma
visão sobre o currículo. Porque dependendo de como eu concebo a sociedade, a forma-
ção humana, a questão do direito, a própria aprendizagem, o conhecimento, a cultura:
tudo isso é objeto de visões e interpretações (Aguiar, apud Brasil-MEC, 2016).
De acordo com Rosa (2016), [...] o termo organização curricular refere-se ao modo
como elementos específicos são estruturados e incorporados no espaço escolar para o atendi-
mento de alunos de diferentes idades e contextos, que podem ser modificados a qualquer
tempo, desde que exista interesse (p. 50). Assim, quando tratamos do histórico da
organização curricular brasileira, evidenciamos vários movimentos no campo.
Amparada teoricamente em Sacristán (2000), Rosa (2016) destacou quatro orien-
tações curriculares que servem como parâmetro para analisar os diferentes modelos de
organizações curriculares no contexto brasileiro, denominadas pela autora como:
capítulo 1 • 17
Currículo com base no conteúdo – prevê a organização dos saberes especializados,
divididos em disciplinas, as quais devem ser transmitidas aos alunos (Rosa, 2016, p.43);
Currículo com base no legado tecnológico e eficientista – prevê uma gestão autoritária,
controladora e racional e uma prática estritamente técnica, evitando a discussão do valor
e do significado dos conteúdos (Rosa, 2016, p. 44);;
Currículo com ênfase na interação entre teoria e prática – [...] é um esquema globalizador
dos problemas relacionados com o currículo, que, num contexto democrático, deve
desembocar em propostas de maior autonomia para o sistema em relação à administração
e ao professor para modelar sua própria prática (Sacristán, 2000, p. 47).;
capítulo 1 • 18
Como podemos observar, os elementos que compõem essa organização não
são dinâmicos. Na verdade, são lineares, disciplinares, baseados em conhecimen-
tos estanques, estruturados em tempos e espaços predefinidos.
Já a orientação “currículo com base na experiência do aluno” pode ser exempli-
ficada pelas experiências do Centro Educacional Carneiro Ribeiro (CECR), tam-
bém conhecido como Escola Parque, planejado e construído na década de 1950
por Anísio Teixeira na Bahia, bem como pelos Centros Integrados de Educação
Pública (CIEPs), construídos no estado do Rio de Janeiro e planejados por Darcy
Ribeiro na década de 1980.
1
Ver SENAC em: <http://www.senac.br/> (acesso em 17 de out. 2016)
2
Ver SESC em: <http://www.sesc.com.br/> (acesso em 17 de out. 2016)
3
Ver SESI em: <http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/> (acesso em 17 de out. 2016)
4
Ver SENAI em: <http://www.cursosenairio.com.br/modalidades,0,0,0,0.html> (acesso em 17 de out. 2016)]
capítulo 1 • 19
As atividades são organizadas de acordo com a experiência e desejo do aluno, e o
professor é um facilitador do processo ensino/ aprendizagem.
De acordo com Rosa (2016), a orientação “currículo com base no legado
tecnológico e eficientista” [...] pode ser comparada à tendência técnica de currículo
fomentada, principalmente, durante a era Vargas ocorrida entre os anos de 1930 e
1945. Escolas como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)1 , o
Serviço Social do Comércio (SESC)2, o Serviço Social da Indústria (SESI)3 e o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)4 são exemplos de escolas que se organi-
zaram de acordo com essa perspectiva (p. 44).
capítulo 1 • 20
Figura 5: elementos da orientação “currículo com ênfase na interação entre teoria e prática”.
CURIOSIDADE
1. No Brasil, o campo curricular até a década de 1980 [...] foi marcado pela transferência
instrumental de teorizações americanas. Essa transferência centrava-se na assimilação de
modelos para a elaboração curricular, em sua maioria de viés funcionalista, e era viabilizada
por acordos bilaterais entre governos brasileiros e norte-americanos dentro do programa de
ajuda à América Latina (Lopes; Macedo, 2002, P. 13).
2. Apenas na década de 1980, com o início da democratização do Brasil e o enfraqueci-
mento da Guerra Fria, a hegemonia do referencial funcionalista norte-americano foi abalada.
Nesse momento, ganharam força no pensamento curricular brasileiro vertentes marxistas. En-
quanto dois grupos nacionais – Pedagogia Histórico-Crítica e Pedagogia do Oprimido – dis-
putavam a hegemonia nos discursos educacionais e na capacidade de intervenção política,
a influência da produção da língua inglesa se diversificava, incluindo autores ligados à nova
sociologia da educação inglesa e à tradução de textos de Michel Apple e Henry Giroux. Essa
capítulo 1 • 21
influência não mais se fazia por processos oficiais de transferência, mas sim subsidiados pelos
trabalhos de pesquisadores brasileiros [...] (Lopes; Macedo, 2002, P. 13).
Com o passar dos anos, mais precisamente desde a segunda metade dos anos
1990, o campo tem sido espaço de embates entre teóricos filiados às teorias crí-
ticas e pós-críticas, que vêm travando uma disputa pela hegemonia na produção
do conhecimento.
Ao apresentar as “teorias pós-críticas”, Silva (2011) menciona algumas das
principais contribuições teóricas que correntes do pensamento, como o multi-
culturalismo e o pós-estruturalismo, trouxeram para o campo do currículo. Para
capítulo 1 • 22
marcar as novas bases epistemológicas, em foco nas teorias pós-críticas, des-
taca como fundamentais, por exemplo, os movimentos feministas, de raça,
etnia e de sexualidade. Destaca, desta forma, a relação entre as desigualdades
educacionais e os significados atribuídos histórica e socialmente à sexualidade,
gênero, raça e etnia.
Assim, terminamos este capítulo argumentando que, para entender as dife-
rentes concepções conferidas ao currículo, bem como a sua organização, é impres-
cindível desvelar as teorias e as orientações que as fundamentam, tendo em vista
que elas nos ajudam a compreender as relações sociais, políticas e econômicas que
modelam a formação dos sujeitos.
COMENTÁRIO
Pesquise publicações, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo da aula, buscando
pontos de convergência e divergência destes com as ideias veiculadas nos textos básicos,
através de uma leitura crítica e reflexiva.
Sugerimos as seguintes leituras complementares:
• A entrevista intitulada Currículo: conhecimento e cultura, concedida por Antonio
Flávio Barbosa Moreira à TV Brasil, disponível em: <http://tvbrasil.org.br/saltoparaofutu-
ro/entrevista.asp?cod_Entrevista=28>. Acesso em 17 de out. 2016;
• O texto Indagações sobre o currículo: currículo, conhecimento e cultura, de
Antonio Flávio Barbosa Moreira e outros (2007).
Uma dica importante: faça anotações pessoais enquanto lê, destacando os aspectos
mais relevantes, fazendo perguntas, selecionando as citações mais significativas. Esses re-
gistros são importantes fontes de consulta para a participação nos fóruns, como síntese do
que você aprendeu.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPLE, Michel W. A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo
nacional? In: MOREIRA, Antônio Flávio; SILVA, Tomaz Tadeu da. (Org.). Currículo, cultura e
sociedade. Campinas: Papirus, 1994.
capítulo 1 • 23
BALL, Stephen; MAINARDES, Jefferson (Org.). Políticas educacionais: questões e di-
lemas. São Paulo: Cortez, 2011.
BRASIL, MEC. Assessoria de Comunicação Social. Discussão sobre currículo é an-
terior à proposta da Base. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/
211-218175739/34521-discussao-sobre-curriculo-e-anterior-a-proposta-da-base>.
Acesso em 17 de out. 2016.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GOODSON, Ivor. Currículo: Teoria e história. Petrópolis: Vozes, 2013.
LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elisabeth. O pensamento curricular no Brasil. In: LO-
PES, Alice Casimiro; MACEDO, Elisabeth (org.). Currículo: debates contemporâneos. São
Paulo: Cortez, 2002.
MOREIRA, Antônio Flávio; SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Currículo, cultura e socieda-
de. Campinas: Papirus, 1994.
SANTOS, L. L. C. P; MOREIRA, Antônio Flávio. Currículo: Questões de Seleção e de
Organização do Conhecimento. In: TOZZI, Devanil et al. Currículo, Conhecimento e Socie-
dade. São Paulo: Fundação para o desenvolvimento da educação, 1995.
NÓVOA, Antônio. Os professores e o novo espaço público da educação. In: TARDIF,
Maurice; LESSARD, Claude. O ofício do professor: história, perspectivas e desafios inter-
nacionais. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
RANGHETTI, Diva Spezia; GESSER, Verônica. Currículo escolar: das concepções his-
tórico-epistemológicas a sua materialização na prática dos contextos escolares. Curitiba, PR:
CRV, 2011.
Rosa, Alessandra Victor do Nascimento; Souza, Maria Inês G. F. Marcondes de. Pesqui-
sando a relação Educação integral e(m) tempo integral e Currículo no Brasil
- período 2000-2012: O que revelam as pesquisas de mestrado e doutorado? Rio de Ja-
neiro, 2016. 251 p. Tese de Doutorado. Departamento de Educação, Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Ale-
gre: Artmed, 2000.
______ (Org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
TYLER, Ralph. Princípios Básicos de Currículo e Ensino. Porto Alegre: Globo, 1974.
VEIGA-NETO, Alfredo. Currículo e espaço. In: BRASIL. Currículo: conhecimento e cultu-
ra. Salto para o futuro, Ano XIX – Nº 1 – Abril 2009, p. 32-34.
capítulo 1 • 24
2
As teorias do
currículo
As teorias do currículo
Introdução
1. Tradicionais;
2. Críticas;
3. Pós-críticas.
capítulo 2 • 26
PERGUNTA
• O que é teoria curricular?
• Quais são as teorias do currículo?
OBJETIVOS
• Descrever as teorias do currículo;
• Reconhecer a existência de teorias curriculares no contexto brasileiro;
• Distinguir as teorias curriculares;
• Identificar os aspectos fundamentais das teorias curriculares.
Teoria curricular
“[...] uma teoria define-se pelos conceitos que utiliza para conceber a
“realidade”. Os conceitos de uma teoria dirigem nossa atenção para
certas coisas que sem eles não “veríamos” (p. 17)..
capítulo 2 • 27
Assim, questionamos:
PERGUNTA
• Quando e por que cada uma dessas teorias surgiu?
• Quais são os conceitos e elementos de cada uma delas?
ATENÇÃO
Outros autores organizaram e segmentaram as teorias curriculares de uma forma dife-
rente da apresentada por silva (2011).
Teorias tradicionais
capítulo 2 • 28
A orientação de Bobbit e Tyler para a organização do currículo era meramente
técnica, valorizava a definição de objetivos, a transmissão pelos professores dos
conteúdos definidos nos objetivos, a memorização passiva desses conteúdos por
parte dos alunos, a aprendizagem mecânica e a avaliação classificatória.
Silva (2011) explica que:
capítulo 2 • 29
Cada elemento do esquema anterior pode relacionar-se esquematicamente a
um adjetivo, a saber:
DIDÁTICA Mecânica
EFICIÊNCIA Técnica
OBJETIVOS Comportamentais
PERGUNTA
• Quando as teorias tradicionais começaram a ser questionadas?
• E ainda, por que elas passaram a ser questionadas?
capítulo 2 • 30
Teorias críticas
capítulo 2 • 31
Portanto, [...] para as teorias críticas o importante não é desenvolver técnicas de como
fazer o currículo, mas desenvolver conceitos que nos permitam compreender o que o
currículo faz (Idem) e o que ele pode vir a fazer.
CURIOSIDADE
Você sabia que de acordo com Silva (2011) a teoria crítica possui marcos fundamentais
que a legitimaram? Veja a seguir.
• 1970 - Publicação do livro Pedagogia do oprimido, de Paulo Freire;
• 1970 - Publicação do livro A ideologia e os aparelhos ideológicos do Estado, de
Louis Althusser;
• 1970 - Publicação do livro A reprodução, de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron;
• 1971 - Publicação do livro L’Ecole capitaliste en France, de Baudelot e Establet;
• 1971 - Publicação do livro Class, codes and control (vol. 1), de Basil Bernstein;
• 1971 - Publicação do livro Knowledge and control: new directions for the sociology
of education, de Michael Young;
• 1976 - Publicação do livro Schooling in capitalist America, de Samuel Bowles e
Herbert Gintis;
• 1976 - Publicação do livro Toward a poor curriculum, de William Pinar e Ma-
deleine Grumet;
capítulo 2 • 32
• 1979 - Publicação do livro Ideologia e currículo, de Michael Apple.
Teorias pós-críticas
capítulo 2 • 33
Ou seja, podemos perceber que as teorias pós-críticas se apresentaram na dis-
cussão curricular com um viés de denúncia. Apontaram, desta forma, para ques-
tões como identidade, discurso, alteridade, diferenças, subjetividade, significação,
saber/ poder, representação cultural, gênero, raça, etnia e sexualidade; tal como
destaca o esquema a seguir:
Todos esses termos são representativos e originários dessa perspectiva teórica. De uma
forma resumida, podemos inferir que cada elemento destacado na figura anterior possui
uma bandeira de luta engajada ao movimento multiculturalista.
capítulo 2 • 34
No quadro a seguir, apresentamos alguns apontamentos dessas lutas:
TÓPICO-QUESTÃO ALGUMAS “BANDEIRAS” DE LUTA
Nenhuma cultura ou identidade é supe-
Identidade e alteridade
rior a outra.
capítulo 2 • 35
Para Ranghetti e Gesser (2011), as proposições teóricas pós-críticas [...] sugerem a
desconstrução de conceitos e práticas que vêm sendo materializadas pelo currículo tra-
dicional, visando à reconstrução ou à ressignificação dos textos, contextos e discursos
vivenciados pelos sujeitos (p. 34). Dito de outra forma, tais teorias questionam concei-
tos concebidos como verdades. Elas desconfiam desses discursos, dessas certezas,
do absoluto.
capítulo 2 • 36
COMENTÁRIO
A engrenagem destacada na imagem representa a volatilidade dos significados para os
pensadores pós-estruturalistas, bem como expõe uma ideia de mudança constante, na qual
está atrelado o envolvimento de grupos que detêm o poder na sociedade, seja na esfera
política, econômica ou sociocultural.
PERGUNTA
• Como foi construída tal verdade?
• Qual é o seu contexto?
• Quem a afirmou?
• Baseado em qual experiência?
• Quais são os pressupostos teóricos, políticos e filosóficos que a embasam?
capítulo 2 • 37
Já no que concerne à visão materialista, Silva (2011) afirma que:
Visto isso, finalizamos este tópico enfatizando que as teorias curriculares apre-
sentadas anteriormente são tidas como clássicas, já que as discussões teóricas no
campo do currículo avançaram significativamente nos últimos anos. Então, visan-
do iniciar algumas considerações finais deste capítulo, questionamos:
PERGUNTA
Existem outras teorias curriculares além da tradicional, crítica e pós-crítica? Será que as
teorias pós-críticas incluem outras teorias “pós”?
Algumas considerações
capítulo 2 • 38
[...] a teoria pós-colonial lança seu olhar para o currículo, reivindicando a
inclusão das formas culturais que refletem a experiência de segmentos
cujas identidades culturais e sociais são marginalizadas pela identidade
ocidental hegemônica. Para o pós-colonialismo, há um “cânon ociden-
tal” que transversaliza os currículos e que acabam por legitimar a histó-
ria dominante dos europeus (Macedo, 2013, p. 68).
No âmbito curricular, para Silva (2011) a teoria pós-colonial é uma das teorias
pós-críticas, mas [...] diferentemente das outras análises “pós”, entretanto, a ênfase da
teorização pós-colonial está nas relações de poder entre nações (p. 127).
Silva (2011) explica também que:
capítulo 2 • 39
ATENÇÃO
Dentro da perspectiva pós-critica também temos os chamados estudos culturais. Em
muitas das análises feitas nos estudos culturais, busca-se fundamentalmente caracterizar o ob-
jeto sob análise como um artefato cultural, isto é, como o resultado de um processo de constru-
ção social (Silva, 2011, p. 134). O currículo, portanto, seria um desses artefatos culturais.
Silva (Idem) explica que [...] a partir dos estudos culturais, podemos ver o conhecimento
e o currículo como campos culturais, como campos sujeitos à disputa e à interpretação, nos
quais os diferentes grupos tentam estabelecer sua hegemonia (p. 135).
Últimas palavras
capítulo 2 • 40
Dentre todas as transformações por que passou o currículo desde a
sua invenção no final do século XVI, estamos hoje vivendo as maiores
e mais radicais mudanças nos quatro elementos constitutivos desse
artefato escolar: o planejamento dos objetivos, a seleção dos conteú-
dos, a colocação de tais conteúdos em ação na escola e a avaliação.
Tais elementos encontram-se, de poucas décadas, sob sucessivas sa-
raivadas de novas análises e de novas propostas. Algumas de cunho
acentuadamente tecnicista, outras de caráter humanista e outras mais
de cunho claramente político e crítico, o fato é que têm sido numerosas
as alternativas que, no campo do currículo, se apresentam aos educa-
dores e aos planejadores e gestores das políticas educacionais (p. 35).
COMENTÁRIO
É nesse sentido que consideramos muito importantes as pesquisas e a reflexão sobre a
prática e os processos, pois são eles que permitem resultados e críticas a respeito dos pro-
blemas encontrados no cotidiano escolar. Se os resultados puderem oferecer subsídios que
visem à igualdade social, à inclusão e à transformação social da realidade, certamente eles
favorecerão o desenvolvimento pessoal e coletivo da humanidade.
Enfim, alguns pontos abordados neste capítulo servem como referência para
a organização do currículo escolar. Apresentamos um número variado de ques-
tões que apontam as diferentes características das teorias curriculares, desde uma
organização mais técnica até uma perspectiva mais crítica ou questionadora de
organizar o currículo. Procuramos oferecer uma reflexão a partir das contribui-
ções de Tomaz Tadeu da Silva e de outros autores que tecem discussões no campo
curricular. Desta forma, o conjunto de informações aqui apresentado contempla
aspectos teóricos básicos e necessários para aqueles que pretendem se especializar
na área da educação e, especificamente, para os que pretendem discutir ou traba-
lhar com questões curriculares.
capítulo 2 • 41
LEITURA
Para que você possa aprofundar os seus conhecimentos, sugerimos as seguintes leitu-
ras complementares:
• Cuidado: escola, desigualdade, domesticação e algumas saídas, escrito por HARPER, B. et al.
• O raciocínio em tempos modernos, escrito por Walkerdine e publicado na revista
Educação e Realidade em 1995.
• Negros e currículo, escrito por Lima, I. et al. e publicado pelo Núcleo de Estudos Ne-
gros em 1997.
• Filme A onda, lançado em 2008 e dirigido por Dennis Gansel, que relata a experiência
real de um professor alemão.
Não se esqueça de fazer anotações pessoais enquanto lê, destacando os aspectos mais
relevantes, fazendo perguntas, selecionando as citações mais significativas. Esses re-
gistros são importantes fontes de consulta para a participação nos fóruns, como síntese
do que você aprendeu.
RESUMO
Neste capítulo, aprendemos:
• As teorias são definidas pelos conceitos construídos a partir e para conceber a socie-
dade;
• Toda teoria tem em seu âmbito valores, técnicas e pressupostos;
• Existem três grandes teorias curriculares, de acordo com Silva (2011) – tradicionais,
críticas e pós-criticas;
• Atualmente, existem outras teorias pós, além das consideradas clássicas, sen-
do discutidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21. ed. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
capítulo 2 • 42
HARPER, B. et al. Cuidado: escola, desigualdade, domesticação e algumas saídas. 25.
ed. São Paulo: Brasiliense, 1980.
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo, campo, conceito e pesquisa. Petrópolis, RJ: Vo-
zes, 2013.
PACHECO, José Augusto. Currículo: teoria e práxis. Portugal: Porto Editora, 1996.
RANGHETTI, Diva Spezia; GESSER, Verônica. Currículo escolar: das concepções histó-
rico-epistemológicas a sua materialização na prática dos contextos escolares. Curitiba: CRV,
2011.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Ale-
gre: Artmed, 2000.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
TYLER, Ralph. Princípios básicos de currículo e ensino. Porto Alegre: Globo, 1974.
VEIGA-NETO, Alfredo. Crise da modernidade e inovações curriculares: da disciplina
para o controle, Anais XIV ENDIPE, 2010.
capítulo 2 • 43
capítulo 2 • 44
3
As políticas
públicas
curriculares
brasileiras
As políticas públicas curriculares brasileiras
Introdução
Pensar nas questões que envolvem problemas curriculares foi e continua a ser
uma preocupação para pesquisadores, professores, gestores públicos e estudantes.
Problematizar o currículo põe em xeque conhecimentos, culturas, ética, verdades,
valores, tempos e contextos.
No Brasil, foi mais precisamente na década de 1990 que as discussões no
campo do currículo começaram a emergir mais significativamente. É a partir desta
década que o currículo como campo especializado, na educação, passa a despertar o
interesse de vários segmentos tanto das políticas públicas em educação, como de seus
pesquisadores e educadores (Ranghetti; Gesser, 2011, p. 26).
Segundo Bonamino e Martínez (2002):
1
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
capítulo 3 • 46
Foi em meio a essa conjuntura social e política que os Referenciais
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio1 foram organi-
zados e publicados.
Em contraposição ao velho e clássico modelo de organização curricular (a grade
de disciplinas considerada arcaica e conservadora), o governo federal brasileiro, em
meados da década de 1990, apresentou as orientações curriculares nacionais, em
forma de Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio.
A ideia era tornar o currículo escolar mais democrático, multicultural, dando vez e
voz aos diferentes sujeitos. Neste caso, naquele período, a inclusão era uma das
principais premissas para o processo educacional.
capítulo 3 • 47
Nacional de 1996, a fim de investigar o que tais documentos apresentam sobre
currículo. Num segundo momento, apresentaremos as principais características
dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Em
seguida, faremos uma análise do Plano Nacional da Educação 2014-2024, que
está em vigor atualmente. Por fim, apresentaremos as nossas considerações sobre a
temática abordada neste capítulo.
Optamos por tais documentos oficiais por entendermos que eles são os mais
importantes em nível nacional, principalmente no que tange à construção de po-
líticas educacionais públicas. De todo modo, vale mencionar que, num contexto
em que inúmeros dispositivos estão sendo planejados e implantados, não devemos
nos enganar pensando que os dispositivos legais serão implantados tal como está
descrito e caracterizado em suas alíneas e parágrafos.
Na verdade, devemos considerar que:
capítulo 3 • 48
Constituição Federal de 1988 (CF/88)
Este artigo chama a atenção para dois aspectos que a educação e (concreta-
mente) o currículo devem ter como norte na formação do sujeito: a preparação
para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho.
Ainda como norte para a construção do currículo escolar, encontramos no
art. 206 o inciso III que destaca como um dos princípios educacionais quer seja:
capítulo 3 • 49
devem ser publicados documentos com conteúdos mínimos para o ensino funda-
mental, que favoreçam a formação básica de todos os brasileiros. Evidentemente,
existem atualmente muitas correntes teóricas curriculares que problematizam essa
questão, ainda que o documento destaque que esses conteúdos devam respeitar as
diferenças culturais e artísticas do povo brasileiro.
Outro ponto questionável no art. 210 é a questão referente ao ensino religio-
so. O primeiro parágrafo deixa claro que o ensino religioso é uma modalidade de
matrícula facultativa, mas não podemos deixar de observar que esta mesma Carta
Magna estabelece que a educação tem caráter laico.
Também não podemos deixar de mencionar o respeito pregado na Carta
Magna à língua portuguesa e às demais línguas, bem como aos processos de apren-
dizagem próprios de cada região. A nosso ver, esse parágrafo passa a ideia de que o
currículo deve ser contextualizado, planejado e organizado de forma democrática.
capítulo 3 • 50
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN 9.394/96)
Como podemos observar, o inciso III do art. 2º reforça o art. 206 da CF/88
e o inciso XII o complementa, trazendo uma orientação mais especifica sobre a
questão multicultural.
Ainda seguindo as determinações da CF/88, o art. 26 da LDBEN/96 reforça
o já estabelecido naquele documento e apresenta outros detalhes:
capítulo 3 • 51
§ 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da
escola, é componente curricular obrigatório da educação básica,
sendo sua prática facultativa ao aluno. (Redação dada pela Lei nº
10.793, de 1º.12.2003)
capítulo 3 • 52
Nesse artigo é possível perceber que foram in-
cluídos nos últimos anos parágrafos que abor-
dam a questão da cultura. Nele está exposto
que os currículos devem levar em consideração
aspectos da diversidade e das diferenças, o que
é relevante em se tratando de Brasil — um país
grande/ diferente territorial e culturalmente.
Também notamos a inserção de parágrafos que
expõem elementos mais sociais e interativos,
tais como: música, dança, teatro, meio ambien-
te, direitos humanos, prevenção contra a violên-
cia, entre outros.
capítulo 3 • 53
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão,
ainda, as seguintes diretrizes:
capítulo 3 • 54
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das
agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios,
desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta
de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com
os seguintes objetivos:
Por fim, vale sinalizar que esse conjunto de orientações legais traz consigo particu-
laridades que exigem financiamentos, foco, habilidade, desempenho e motivação, que
merecem destaque. Assim, a seguir, apresentamos e analisamos os demais documentos
legais e normativas oficiais que vêm motivando e favorecendo reorganizações dos cur-
rículos e de suas práticas.
VOLUME 1 Introdução
capítulo 3 • 55
Esses referenciais têm como objetivo orientar a organização da educação in-
fantil, primeira etapa da educação básica.
Como na educação infantil, ainda persiste a defesa de que o processo ensino/
aprendizagem não deve ser organizado de forma disciplinar, o número de volumes
estruturados é inferior aos PCNs, organizados para orientar o ensino fundamental
e o médio.
De acordo com Ranghetti e Gesser (2011) o volume que trata da Introdução
dos RCNEIs:
capítulo 3 • 56
Observe que alguns conhecimentos podem ser considerados de origem clássi-
ca, porém nos volumes constam orientações destacando que eles devem ser plane-
jados e trabalhados de acordo com a idade dos alunos da educação infantil.
No terceiro volume, também há destaque para objetivos e orientações para
professores.
Visto isso, perguntamos:
VOLUME 1 Introdução
VOLUME 3 Matemática
VOLUME 6 Arte
capítulo 3 • 57
Ranghetti e Gesser (2011) explicam que:
Além disso, cada um dos volumes (sem exceção) possui orientações com rela-
ção aos conteúdos, procedimentos didáticos, critérios para a realização da avalia-
ção, entre outros.
capítulo 3 • 58
VOLUME 1 Bases Legais
Também observamos que os PCNs para o ensino médio têm uma ênfase tec-
nológica, o que nos leva a inferir que tal característica esteja diretamente rela-
cionada ao desenvolvimento tecnológico e de informação pela qual a sociedade
brasileira está passando.
Enfim, além dos referenciais e parâmetros curriculares nacionais, o Ministério
da Educação vem nos últimos anos apresentando outros documentos norteadores
para a construção de políticas públicas educacionais, em todos os níveis da edu-
cação (creche, educação básica e ensino superior), o que acaba por influenciar o
planejamento e a implantação dos currículos.
Assim, questionamos:
capítulo 3 • 59
Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024)
O atual PNE (2014-2024) demorou três anos para ser publicado. A vigência
do seu antecessor acabou em 2011, mas as questões sociais, políticas e educa-
cionais eram tão complexas no período que o atual PNE ficou um bom tempo
sendo discutido.
Além de artigos, parágrafos e incisos, o documento apresenta metas a serem
atingidas. Tais metas exigem uma revisão/ mudança nas estruturas curriculares dos
sistemas educacionais brasileiros.
Ao todo são vinte metas a serem cumpridas no prazo de dez anos. Tais metas deter-
minam, entre outros aspectos, como deverão ser organizados os currículos dos entes
federados e ainda têm estratégias de como alcançá-las.
capítulo 3 • 60
Universalizar o ensino fundamental de nove anos para
toda a população de seis a 14 anos e garantir que pelo
META 2 menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade
recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.
capítulo 3 • 61
Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo,
META 6 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo me-
nos, 25% dos (as) alunos (as) da educação básica.
capítulo 3 • 62
Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação
META 10 de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio,
na forma integrada à educação profissional.
capítulo 3 • 63
Valorizar os (as) profissionais do magistério das redes
públicas de educação básica de forma a equiparar seu
META 17 rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com
escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vi-
gência deste PNE.
capítulo 3 • 64
As metas 19 e 20 tratam da questão do financiamento, que pode ser consi-
derado um elemento caro a educação, já que sem recursos financeiros a educação
pública fica inviável.
ATENÇÃO
Devemos entender que benefícios como alimentação, uniforme e material escolar, cons-
trução e manutenção de espaços escolares, folha de pagamento do pessoal ligado à edu-
cação, entre outros, precisam ser garantidos por meio de um orçamento. Sem dinheiro nada
disso é possível.
Além disso, o planejamento, a organização e a dinâmica do currículo escolar dependem
do financiamento destinado à educação. Detalhes como programas de formação continuada
para professores, organização do tempo regular ou integral para os alunos, material escolar,
entre outros, exigem uma reorganização curricular. Portanto, o financiamento está direta-
mente atrelado ao currículo planejado e oferecido nas escolas.
Últimas palavras
No caso dos documentos que tratam diretamente da educação, podemos indicar que
alguns deles limitam as políticas públicas e a organização dos currículos, mas alguns
deveres são cumpridos.
capítulo 3 • 65
político e econômico da escola. Logo, todas essas características, de alguma forma,
possibilitam uma maior autonomia da prática curricular, bem como estimulam a
criação de estratégias que busquem atender a diversidade dos sujeitos.
Cabe à escola e sua comunidade ponderar e organizar sua prática curricular,
de tal forma que a inclusão dos diferentes sujeitos seja a prioridade. Até porque,
segundo Oliveira (2007):
É fato que definir o currículo é algo um tanto perigoso, devido a sua abran-
gência e complexidade. No entanto, levando em consideração que a ação curri-
cular/pedagógica conduz o indivíduo a uma socialização e também possibilita a
criticidade e a transformação das desigualdades, então, é extremamente necessário
um planejamento curricular vinculado às situações específicas e historicamente
determinadas pela realidade global e local.
Foi com o objetivo de valorizar as diferenças e a diversidade que foram elabo-
rados os RCNEIs e os PCNs. Minetto (2008) explica que:
capítulo 3 • 66
[...] os Parâmetros, elaborados centralmente, confrontam-se
com inovações singulares, gerando conflitos com as práticas em
desenvolvimento nas escolas. De um lado, os professores, mesmo
quando aderem às suas propostas, buscam interpretá-las e adaptá-
las, de acordo com o contexto institucional de onde trabalham, o
que faz com que assumam características bem diversificadas. Por
outro lado, para muitos docentes, as inovações trazem insegurança e
inquietação porque se propõem a romper com práticas já instaladas.
Em decorrência desse fato, os professores podem reagir e resistir
às propostas dos Parâmetros, cristalizando práticas tradicionais e
revitalizando-as em uma atitude defensiva contra a mudança (p. 354).
RESUMO
Neste capítulo, você aprendeu que:
• Existem vários elementos que orientam a organização dos currículos;
• Os documentos oficiais (leis, decretos, portarias, parâmetros, diretrizes, entre outros)
são fundamentais para o planejamento e implantação dos currículos;
• Tais documentos oficiais são as bases legais para a construção de políticas públi-
cas curriculares;
• Existem vários documentos oficiais importantes que orientam a construção de currículo,
a saber: Constituição Federal/1988; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
9.394/96); Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil; Parâmetros Cur-
riculares Nacionais para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio; Plano Nacional da
Educação 2014-2024;
• Elementos como tempo regular, avaliação, formação de professores, financiamento,
entre outros, influenciam no planejamento, organização e dinamização do currículo escolar.
capítulo 3 • 67
LEITURA
Para uma melhor compreensão dos tópicos discutidos neste capítulo, sugerimos as se-
guintes leituras:
• Artigo: Estado, política educacional e direito à educação no Brasil: o proble-
ma maior é o de estudar, escrito por Gilda Cardoso de Araújo e publicado na Revista Educar
em Revista em 2011;
• Livro: Política educacional, organizado por Eneida Oto Shiroma, Maria Célia M. de Mo-
raes, Olinda Evangelista e publicado pela editora DP&A em 2002.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Gilda Cardoso de. Estado, política educacional e direito à educação no Brasil:
O problema maior é o de estudar. Educar em Revista, n. 39, p. 279-292, jan./abr. 2011.
BONAMINO, Alicia; MARTINEZ, Silva Alícia. Diretrizes e parâmetros curriculares nacio-
nais para o ensino fundamental: a participação das instâncias políticas do estado. Educação
e Sociedade, Campinas, vol. 23, n. 80, setembro/2002, p. 368-385.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
_________. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996: Dispõe sobre as diretrizes e
bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 dez. 1996.
_________. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educa-
ção – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jun. 2014.
MINETTO, Maria de Fátima. Currículo na educação inclusiva: entendendo esse desa-
fio. 2. ed. rev. atual. ampl. Curitiba: Ibpex, 2008.
OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Reflexões acerca da organização curricular e das práticas
pedagógicas na EJA. Educar, Curitiba, n. 29, 2007, p. 83-100.
RANGHETTI, Diva Spezia; GESSER, Verônica. Currículo escolar: das concepções his-
tórico-epistemológicas a sua materialização na prática dos contextos escolares. Curitiba, PR:
CRV, 2011.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Ale-
gre: Artmed, 2000.
SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia M. de; EVANGELISTA, Olinda. Política
educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
capítulo 3 • 68
SANTOS, Lucíola Licínio de Castro Paixão. Políticas públicas para o ensino fundamental:
parâmetros curriculares nacionais e sistema nacional de avaliação (SAEB). Educação &
Sociedade, Campinas, vol. 23, n. 80, p. 346-367, Setembro/2002.
capítulo 3 • 69
capítulo 3 • 70
4
Os professores e o
currículo escolar
Os professores e o currículo escolar
Introdução
Diante disso, podemos considerar que até os motivos que levaram o sujeito a
seguir a carreira docente influencia na sua ação pedagógica e na materialização do
currículo. Até porque tais motivos podem ser variados, como podemos perceber
na figura a seguir:
capítulo 4 • 72
Figura 1 - motivos que influenciam na escolha da profissão docente.
Entendemos que os motivos que levam o sujeito a seguir a carreira docente são
indícios do perfil profissional e dos modos de ser na contemporaneidade, tendo
em vista que os sujeitos estão cada vez mais interessados na sua realização pessoal,
social e profissional. Sem falar que a história do sujeito costuma ter uma influência
significativa na prática docente.
Tardif (2014) explica que:
capítulo 4 • 73
Saberes docentes
Todos os indivíduos quando nascem são inseridos num mundo repleto de novidades,
com objetos para conhecer, experiências para vivenciar, linguagens para aprender,
símbolos para desvendar, emoções para sentir e outros sujeitos com quem interagir.
É exatamente por isso que os bebês podem ser considerados verdadeiros cientistas.
Normalmente eles ficam atentos a tudo que acontece ao seu redor, mexem em tudo,
escutam qualquer barulho e interagem com qualquer objeto ou sujeito sem discrimina-
ção ou preconceito (no sentido de conhecer o significado, a função ou o caráter do que
lhes chama atenção).
capítulo 4 • 74
Para Tardif (2014):
[...] pode-se definir o saber docente como um saber plural, formado pela
amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação
profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais (p. 36).
MODOS DE INTEGRAÇÃO NO
SABERES DOS PROFESSORES FONTES SOCIAIS DE AQUISIÇÃO
TRABALHO DOCENTE
SABERES PESSOAIS DOS Família, ambiente de vida, Pela história de vida e pela
PROFESSORES educação no sentido lato etc. socialização primária.
capítulo 4 • 75
É preciso entender, portanto, que os professores são agentes do próprio conhe-
cimento. Desta forma, faz-se necessário:
Assim, podemos considerar que o currículo que se realiza por meio de uma prática peda-
gógica é o resultado de uma série de influências convergentes e sucessivas, coerentes
ou contraditórias, adquirindo, dessa forma, a características de ser um objeto preparado
num processo complexo, que se transforma e constrói no mesmo. Por isso, exige ser
analisado não como um objeto estático, mas como a expressão de um equilíbrio entre
múltiplos compromissos. E mais uma vez esta condição é crucial tanto para compreender
a prática escolar vigente como para tratar de mudá-la (Sacristán, 2000, p. 102).
capítulo 4 • 76
Visto isto, com o intuito de sermos mais diretos, questionamos:
Perfil docente
capítulo 4 • 77
Figura 2 - tipos de professores.
Professor instrutor
capítulo 4 • 78
Professor construtor
Por outro lado, o professor qualificado como construtor é aquele que adapta a pe-
dagogia e o currículo de acordo com o contexto em que ele e os alunos estão inseridos.
Por sua vez, o professor gestor e/ou coordenador é aquele desviado da sala de
aula para assumir alguma função na parte organizacional ou administrativa da escola.
ATENÇÃO
Na maioria dos municípios brasileiros não existe concurso para essa(s) função(es). Ge-
ralmente, são realizados pleitos ou indicações por parte da comunidade escolar ou pela pró-
pria secretaria de educação para assumir tal cargo.
Professor provedor
Professor treinador
capítulo 4 • 79
Professor facilitador
Professor mediador
Professor assessor
[...] deixa que os alunos fixem suas próprias metas e planejem sua
aprendizagem (ibidem, p. 65).
Para concluir esta sessão, não podemos deixar de mencionar que, além de
tipos diferentes de professores, ainda existem ideologias que amparam as práticas
curriculares, tais como as vertentes liberais e religiosas.
Objetivando exemplificar como as ideologias geram perfis docentes diferentes,
destacamos nas figuras a seguir as características dos professores que se aliam às
correntes liberais e religiosas; vejamos:
capítulo 4 • 80
Como podemos observar, o professor com um perfil liberal tem os aspectos “igualdade”
e “liberdade” como valores sociais, entende a escola como um local de atuação profis-
sional e o conhecimento como uma ferramenta que possibilita o sujeito a ser mais.
Neste bojo, afirmamos que os esquemas anteriores, além de apresentar diferenças im-
portantes sobre as ideologias educacionais, também demonstram que o perfil profissio-
nal se atrela a determinados valores e concepções de homem, sociedade e educação.
Obviamente existem outras ideologias que “formatam” os profissionais da educação,
mas escolhemos as perspectivas destacadas anteriormente por considerarmos as ca-
racterísticas claramente antagônicas, portanto, ricas em termos de análise.
capítulo 4 • 81
O intuito de apresentá-las foi demonstrar que, apesar de existirem vários ti-
pos de professores, as ideologias acabam mediando a ação docente, bem como
o currículo que é materializado. Isso porque todas as escolhas [...] dependem das
experiências dos professores, de seus conhecimentos, convicções e crenças, de seu compro-
misso com o que fazem, de suas representações a respeito dos alunos e, evidentemente,
dos próprios alunos (p. 132).
capítulo 4 • 82
[...] um político ou administrador que acredita poder mudar a prática
modificando o currículo que ele prescreve desde as disposições legis-
lativas ou regulações administrativas esquece, por exemplo, que não
são suas disposições as que incidem diretamente na prática (p. 103).
Por outro lado, não devemos deixar de analisar o que prescrevem tais disposi-
tivos, já que eles fazem parte de um conjunto de elementos que “formatam” a ação
docente. Assim, ter consciência da ideologia presente na materialização do currículo
pela ação docente é ponto fundamental para poder desenvolver uma prática educativa
numa dimensão crítica, participativa e democrática. Isso faz sentido a partir do mo-
mento que assimilarmos, de fato, que independente da qualidade do projeto curricular
apresentado, em última instância, quem define o que efetivamente será ensinado é o
professor (Ranghetti; Gesser, 2011, p. 107).
É neste cenário de contradições que se situa a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – Lei 9.394/96, que determina no Parágrafo único do Art. 61 que:
capítulo 4 • 83
Neste sentido, é relevante considerar o postulado que afirma que a prática docente [...]
não é somente um lugar de aplicação de saberes provenientes da teoria, mas também um
espaço de produção de saberes específicos oriundos da mesma prática [...].
Essa perspectiva equivale a fazer do professor – tal qual ao professor universitário ou o
pesquisador da educação – um sujeito do conhecimento, um ator que desenvolve sem-
pre teorias, conhecimentos e saberes de sua própria ação (Tardifi, 2014, p. 234)
É por isso que, assim como Nóvoa (1992), insistimos que a formação docente
deva exigir [...] um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos
e os projetos próprios, com vista à construção de uma identidade, que é também uma
identidade profissional (p. 13).
capítulo 4 • 84
A LDBEN de 1996 também traz em seu corpo o Art. 62, que destaca:
ATENÇÃO
Além disso, podemos afirmar que [...] o trabalho do professor é um trabalho prático, en-
tendido em dois sentidos: (a) o de ser uma ação ética orientada para objetivos (envolvendo,
portanto, reflexão); e (b) o de ser uma atividade instrumental adequada a situações (idem).
Assim, podemos inferir que o trabalho docente, bem como o processo ensino/
aprendizagem, vai além de instrumentalizar. Na verdade, exige pensar/ refletir so-
bre conceitos, experiências ou contextos. Evidentemente, sabemos que:
capítulo 4 • 85
No entanto, o contexto educacional configura-se como um espaço fundamen-
talmente político (Freire, 1993), o que demanda um processo reflexivo extrema-
mente importante para a configuração curricular, tendo em vista que atualmente:
O alerta dos autores supracitados nos convida, então, a refletir sobre a escola
que almejamos e sobre a formação docente e organização curricular necessária
para atender aos alunos. Da mesma forma, a ação do professor assume um novo
status, que precisa ser constantemente repensado. Afinal:
CURIOSIDADE
As Diretrizes para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BRASIL,
2000, p. 05) determinam que dentre as exigências que se colocam para o papel docente
destacam-se:
• Orientar e mediar o ensino para a aprendizagem dos alunos;
• Responsabilizar-se pelo sucesso da aprendizagem dos alunos.
capítulo 4 • 86
Últimas palavras
capítulo 4 • 87
Isto significa que nenhum conhecimento, planejamento, organização, atitude ou ativida-
de são neutros (SILVA, 2011) e que diferentes concepções de ser humano e de socie-
dade estruturam diferentes formulações curriculares.
Afinal, [...] o saber não é uma coisa que flutua no espaço: o saber dos professores é o
saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência
de vida e com sua história profissional, com as suas relações com os alunos em sala de
aula e com os outros atores escolares na escola etc. (Tardif, 2014, p. 11).
RESUMO
Neste capítulo, você aprendeu que:
• As vivências experienciadas pelo docente ao longo dos seus anos de vida, bem como sua
formação, ideologia e valores influenciam na ação docente e na materialização do currículo;
• Existem diferentes saberes docentes: pessoais; da formação escolar; da formação pro-
fissional; de programas e livros; da prática docente;
• O perfil do professor varia. Atualmente existem vários perfis, como: instrutor; construtor;
gestor ou coordenador; provedor; treinador; facilitador; mediador; assessor; entre outros.
LEITURA
Para uma melhor compreensão dos tópicos discutidos neste capítulo, sugerimos as se-
guintes leituras:
• Livro Saberes docentes e formação profissional, de Maurice Tardif, publicado pela Edi-
tora Vozes em 2014;
• Artigo Formação de professores e inclusão: como se reformam os reformadores,
de Rodrigues e Rodrigues, publicado na revista Educar em Revista, em 2011.
capítulo 4 • 88
MULTIMÍDIA
Sugerimos, ainda, os filmes:
• Clube do imperador, lançado em 2002 e dirigido por Michael Hoffman, trata de uma
historia que se passa numa escola americana;
• Sociedade dos poetas mortos, lançado em 1989 e dirigido por Peter Weir, relata a his-
tória de um professor de poesia numa escola conservadora;
• A onda, lançado em 2008 e dirigido por Dennis Gansel, relata a experiência de um
professor alemão;
• Escritores da liberdade, lançado em 2007 e dirigido por Richard La Gravenese, aborda
alguns desafios da educação;
• Mentes perigosas, lançado em 1995 e dirigido por John Smith, aborda a questão do
planejamento e da didática escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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capítulo 4 • 90
5
Currículo escolar e
recursos didáticos
Currículo escolar e recursos didáticos
Introdução
Quando refletimos sobre o currículo escolar, várias questões passam pelo nos-
so pensamento, como por exemplo:
Recursos didáticos
capítulo 5 • 92
A tabela a seguir apresenta alguns recursos didáticos usados atualmente nas
escolas brasileiras; vejamos:
RECURSOS DIDÁTICOS
Espaço Tempo Computador Internet
A tabela apresenta dezesseis recursos didáticos diferentes, que podem ser usa-
dos na implantação de diversas atividades planejadas pelos professores. Como cada
um deles tem sua especificidade, refletiremos a seguir sobre eles separadamente.
Espaço
Imagem: Shutterstock
capítulo 5 • 93
ATENÇÃO
Se o espaço não for estimulante e adequado estruturalmente, os alunos demonstrarão
de diferentes maneiras a sua insatisfação.
Assim, consideramos que a tarefa de organizar um espaço educativo, ou mesmo a própria
escola/ sala de aula, não é fácil. Até porque [...] o espaço-escola é, além disso, um mediador
cultural em relação à gênese e formação dos primeiros esquemas cognitivos e motores, ou
seja, um elemento significativo do currículo, uma fonte de experiência e aprendizagem (Esco-
lano, 1998, p. 26).
Neste bojo, cabe lembrar que todos os objetos, móveis, símbolos, acessórios etc.
influenciam e provocam a construção de relações e associações nos educandos
envolvidos no processo ensino/ aprendizagem.
capítulo 5 • 94
revela a preocupação com o conteúdo e a diversidade metodológica do processo
ensino/ aprendizagem.
Tempo
EXEMPLO
Por exemplo: [...] o horário escolar, que fixa o número de horas por semana e que varia em
razão das disciplinas constantes na grade curricular, estipula também o número de aulas por
professor (Veiga, 2013, p. 29).
capítulo 5 • 95
Pensando nisto, inferimos que a forma como o tempo escolar é organiza-
do pode contribuir, tornando-se um ampliador ou inibidor do processo ensino/
aprendizagem.
Enguita (1989) chama a atenção para a seguinte questão:
Computador
capítulo 5 • 96
Tajra (2000) ressalta que:
Criar planilhas e
Pesquisas Redigir textos Desenhar
gráficos
capítulo 5 • 97
No caso do professor, podemos inferir que ele nem sempre consegue acom-
panhar o avanço tecnológico, o que evidencia certa dificuldade em mudar/ trans-
formar as práticas pedagógicas. Diante disso, Almeida (2000, p. 109) afirma que:
Nestes termos, assim como Pretto, Riccio e Pereira (2009), entendemos que [...] o grande
desafio para o professor é romper com uma concepção de comunicação centrada na emissão
e deixar fluir a participação e a manipulação na mensagem (p.13). Entendemos que a utilização
do computador pode ajudar a superar as marcas de um currículo e de práticas pedagógicas
tradicionais, pautados por finalidades sem referência de tempos, sujeitos e espaços.
Internet
Leitura de texto
Pesquisa sobre Comunicação e
Acesso a notícias em diferentes
diversos temas interação social
linguagens
capítulo 5 • 98
Programas
Jogos educativos Filmes e séries Desenhos
educativos
O planejamento educativo com esse recurso didático tem como objetivo a bus-
ca de um processo ensino/ aprendizagem mais dinâmico, criativo e motivacional.
Redes sociais
Cada vez mais cedo os alunos estão criando perfis em redes sociais. Muitas
vezes são os próprios pais que os criam. Isto pressupõe que esse recurso já faz parte
do cotidiano de diversos brasileiros.
Diante desse contexto, podemos afirmar que, mais do que se comunicar, tais
redes podem ser um valioso recurso didático.
capítulo 5 • 99
A partir disso, questionamos:
Evidentemente, o uso das redes sociais como recurso didático pode trazer pro-
blemas e prejuízos para o trabalho pedagógico. Então, é necessário que os sujeitos
formadores se preparem constantemente para a interação com as tecnologias de
informação e comunicação.
Livro didático
Imagem: Shutterstock
capítulo 5 • 100
Contudo, com relação à utilização desse material pelo professor:
Há o papel ideal e o papel real. O papel ideal seria que o livro didático
fosse apenas um apoio, mas não o roteiro do trabalho dele. Na verdade
isso dificilmente se concretiza, não por culpa do professor, mas [...]
por culpa das condições de trabalho que o professor tem hoje. Um
professor hoje neste país, para ele minimamente sobreviver, tem que
dar aulas o dia inteiro, de manhã, de tarde e, frequentemente, até a
noite. Então, é uma pessoa que não tem tempo de preparar aula, que
não tem tempo de se atualizar. A consequência é que ele se apoia
muito no livro didático. Idealmente, o livro didático devia ser apenas um
suporte, um apoio, mas na verdade ele realmente acaba sendo a diretriz
básica do professor no seu ensino (Soares, 2002, p. 2).
O problema, portanto, não é o recurso em si, mas a maneira como ele é uti-
lizado. Sendo assim, é necessário que o professor tenha apoio e estrutura para
planejar as atividades e organizar o currículo.
Avaliações
capítulo 5 • 101
Todos os instrumentos avaliativos destacados na figura anterior podem aju-
dar a renovar a prática pedagógica, desde que os professores os usem para fazer
um diagnóstico da realidade social e cognitiva dos alunos, assim como os uti-
lizem como estratégia de organização curricular e classificação de conteúdos.
Evidentemente deve-se ter cuidado ao planejar as avaliações, pois estas podem ser
instrumentos de equívocos e exclusões.
Jogos
Imagem: Shutterstock
capítulo 5 • 102
Friedman (1996) acrescenta que:
Jogos de exercício
Jogos simbólicos Jogos de regras
sensório-motor
CURIOSIDADE
Entre os jogos mais comuns no Brasil, estão:
• De cartas;
• De tabuleiro;
• De bola;
capítulo 5 • 103
• Torneios;
• Adivinhações;
• Eletrônicos;
• Digitais;
• Online.
Numerosos livros de histórias, dos jornais e das revistas apresentam uma linguagem
clara, simples e direta.
[...] os impressos que por aqui circulam em duzentos anos não só tes-
temunham, registram e veiculam nossa história, mas são parte da for-
mação intrínseca do país. Em outras palavras: a história do Brasil e a
história da imprensa caminham juntas, se autoexplicam, alimentam-se
reciprocamente, integrando-se num imenso painel (p. 8).
capítulo 5 • 104
utilizando os impressos?
Os impressos possibilitam inúmeras atividades, tais como:
Apresentação oral de
Teatralização de histórias Construção de notícias
notícias
Utilizar programas de TV, filmes, séries e novelas nas escolas pressupõe trabalhar com
diferentes linguagens e discursos, inclusive com a leitura e a escrita.
capítulo 5 • 105
Entre as linguagens que podem ser trabalhadas com tais recursos, pode-
mos destacar:
Em todo caso, não basta [...] introduzir na escola o vídeo, televisão, computador
ou mesmo todos os recursos para se fazer uma nova educação. É necessário repensá-la
em outros termos porque é evidente que a educação numa sociedade das mass media,
da comunicação generalizada, não pode prescindir da presença desses novos recursos.
Porém, essa presença, por si só, não garante essa nova escola, essa nova educação (...)
(Pretto, 1996, p. 122).
Pretto (1996) assinala ainda a necessidade do cuidado com esse uso, já que
muitos programas televisivos, filmes, séries, entre outros, não possuem cunho edu-
cativo. Sendo assim, é necessário que sua utilização esteja atrelada a um planeja-
mento, ao currículo e ao projeto político-pedagógico. Outrossim, a preparação
prévia dos sujeitos formadores também é fundamental.
CURIOSIDADE
O Ministério da Educação tem um canal chamado TV Escola, destinado a professores,
educadores, alunos e a todos os sujeitos interessados em educação. A TV Escola é distribuí-
da por operadoras de TV por assinatura e pela internet.
Para conhecer a TV Escola, acesse: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/sobre>.
"Conhecer" um objeto ou
Introduzir um tema Exemplificar uma reflexão
realidade
capítulo 5 • 106
CURIOSIDADE
O Ministério da Educação e a TV Cultura disponibilizam para download vários filmes
educativos de curta duração, que abrangem diversos componentes curriculares do ensino
fundamental e médio.
Para ter acesso a esses materiais, acesse o site: <www.dominiopublico.gov.br>
Celular
Não há como negar que o celular já faz parte do dia a dia dos cidadãos. Então,
faz-se necessário que a escola discuta e reveja a sua utilização. Afinal, em boa parte
das instituições escolares, o aparelho é vetado ou tem seu uso restrito.
capítulo 5 • 107
Últimas palavras
ATENÇÃO
De todo modo, é importante destacar que, apesar de serem variados os artefatos, é ne-
cessário que durante o planejamento os sujeitos formadores reflitam sobre a idade e o nível
cognitivo dos sujeitos em formação, a fim de melhor utilizá-los, até porque o propósito da es-
cola deveria ser o de desenvolver as inteligências e ajudar as pessoas a atingirem objetivos de
ocupação e passatempo adequados ao seu espectro particular de inteligências. As pessoas
que são ajudadas a fazer isso [...] se sentem mais engajadas e competentes, e portanto mais
inclinadas a servir a sociedade de uma maneira construtiva (Gardner, 2000, p.16).
Nesse ínterim, com tantos recursos didáticos, cabe aos sujeitos formadores o
papel de saber utilizá-los, favorecendo o interesse dos alunos, bem como o proces-
so ensino/aprendizagem de forma dinâmica. Afinal, a “revolução digital” rompeu
as fronteiras que antes separavam as três formas tradicionais de comunicação: o som, a
escrita e a imagem. Permitiu o surgimento e o avanço da internet, que representa um
quarto modelo de se comunicar, uma nova maneira de se expressar, de se informar, de
se distrair (CAMARGO, 2008, p. 270).
Diante disso, é importante mencionar que os recursos didáticos devem ser mediadores do
processo ensino/ aprendizagem. No entanto, é fundamental que eles sejam planejados
a fim de possibilitar uma atitude reflexiva, crítica e provocativa, propiciando um processo
educacional multidimensional (Candau, 1984), tanto para o sujeito formador quanto
para o sujeito em formação.
Por fim, vale ainda destacar que tais recursos não devem ser menosprezados. Pelo
contrário: devem ser considerados e estudados, já que são ferramentas capazes de
motivar ou desmotivar o processo de construção do conhecimento dos alunos.
capítulo 5 • 108
RESUMO
Neste capítulo, você aprendeu que:
• Existem inúmeros recursos didáticos que influenciam e materializam as práti-
cas curriculares.
LEITURA
Para uma melhor compreensão dos tópicos discutidos neste capítulo, sugerimos as se-
guintes leituras:
• Texto de José Junio Lopes, intitulado A introdução da informática no ambiente escolar,
disponível em: http://www.clubedoprofessor.com.br/artigos/artigojunio.pdf;
• Tese de doutorado de Aguilera, publicada em 2006, intitulada O jornal e o ensino de
língua portuguesa: leitura de mundo nas malhas da linguagem;
• Dissertação de mestrado de Anhussi, publicada em 2009, intitulada O uso do jornal
em sala de aula: sua relevância e concepções de professores;
• Livro escrito por Faria, em 2003, intitulado Como usar o jornal na sala de aula.
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