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Guia

´
de audio

Conceitos e ferramentas para agilizar


e melhorar a sua edição

Karen Ávila
SUMÁRIO
Dividido em 9 capítulos e escrito com uma
linguagem simples, este Guia te mostrará conceitos
e técnicas para você se tornar um Ninja da Edição

Introdução

Sobre a autora

Capítulo 1 - O conceito

Capítulo 2 - Contexto Histórico

Capítulo 3 - O papel do editor

Capítulo 4 - Os 3 tipos de edição

Capítulo 5 - Fade e Crossfade

Capítulo 6 - Elastic Audio

Capítulo 7 - Drum Replacement

Capítulo 8 - Afinação

Capítulo 9 - Agilizando
INTRODUÇÃO
Muito além do cortar, arrastar e um crossfade

A edição de áudio é muito mais do que cortar, arrastar e colocar


crossfade. Dentro da nossa DAW (Digital Audio Workstation) temos
diversas ferramentas que nos possibilitam editar de várias maneiras
diferentes, dependendo do seu objetivo. E pra aumentar ainda mais a
gama de possibilidades, existem também softwares/plugins
adicionais com funções específicas de edição.

CAIXA DE FERRAMENTAS

Um bom editor tem que ter bons ouvidos mas também tem que
ter uma boa caixa de ferramentas e saber mexer bem nelas. E neste
guia você vai aprender:

Como fade e/ou crossfade está atuando no áudio


Qual o melhor algoritmo do Elastic Audio para cada situação
Conhecer plugins interessantes que podem facilitar o seu trabalho

Baseado no livro "Digital Audio Editing" de Simon Langford,


este guia também fala sobre o papel e a mentalidade do editor de
áudio, além de passar conceitos básicos e técnicos da edição, e
também curiosidades e dicas práticas para você por em ação!

Espero que você aprecie este guia e que possa tirar muito
proveito das informações contidas nele. Fiz com muito carinho para
você.

Karen Ávila
SOBRE A AUTORA

Minha Experiência
Trabalho com edição desde 2012
aonde percebi uma certa demanda
desse serviço enquanto trabalhava
num grande estúdio em São Paulo.
Depois fui contratada por um
engenheiro de mixagem para
montar as sessões de mix e
também editar as músicas. E desde Karen Ávila
então, a edição se tornou a minha
principal fonte de renda.

Todos esses anos de experiência


editando CDs e DVDs me renderam
um portfólio de peso, com trabalhos
de artistas e produtores musicais a
nível nacional, como Marília
Mendonça, Maiara & Maraisa, Bruno
& Marrone, Henrique & Juliano e por
aí vai. Você pode conferir o portfólio
completo em www.quantize.com.br

Além da Edição
Toco violão desde os 7 anos,
instrumento pelo o qual sou
apaixonada. Sou formada em
Produção Fonográfica e possuo um
canal no YouTube aonde conto as
minhas aventuras no mundo do
áudio. Conheça: Quantize Áudio
CAPÍTULO 1

O Conceito
O que é exatamente a edição de áudio?
O QUE É A EDIÇÃO DE ÁUDIO?

A definição de edição de áudio implica em pegar sons e gravações que nós


já temos e criar a melhor versão deles para que possam cumprir o seu objetivo.
O Simon Langford tem uma analogia bem simples comparando a edição com a
construção de uma casa:

"Nós podemos considerar a edição de áudio como fabricar tijolos o


mais reto e uniforme possível. Esses tijolos são arrumados e colocados
pelo empreiteiro (engenheiro de mixagem) sob a direção do arquiteto
(produtor) que possui as plantas da casa. Se os tijolos não forem retos
e uniformes, o trabalho do empreiteiro se tornará muito mais difícil."

CORTAR, COPIAR, COLAR E MOVER

A ênfase desse ebook está na edição de áudio em um contexto


musical e muitos dos exemplos e referências se relacionam a situações
que você pode encontrar ao editar uma música. No entanto, todas as
técnicas básicas são igualmente aplicáveis ao diálogo para filmes e TV, e
usos ainda mais diversos, como Foley e efeitos sonoros. No geral, a edição
de música apresenta um conjunto mais amplo de desafios do que
qualquer outra aplicação de áudio e provavelmente é relevante para um
número maior de pessoas.

A lista de situações em que você pode cortar, copiar, colar e mover é


quase ilimitada. Tudo desde a correção do tempo (manualmente) até a
repetição de determinadas seções, desde a criação de novos ritmos a
partir de partes existentes até a remoção do vazamento do fone de ouvido
ou aquele ruído indesejável nas partes silenciosas - tudo isso e muito mais
pode ser feito com as técnicas mais básicas.
CAPÍTULO 2

Contexto Histórico
Como se editava antigamente?
A HISTÓRIA

Por mais que você reclame de ter que editar, você só precisa aceitar que a
edição faz parte da produção musical moderna.
Na verdade sempre foi assim. Há décadas atrás, as pessoas estavam
cortando e emendando fitas. A diferença é que agora nós podemos fazer
mais, mais rápido e mais fácil. Inclusive você pode conferir o processo de
edição na fita num vídeo bem explicativo:  Edição de áudio analógica!

A edição de áudio era tecnicamente possível em fita mono ou estéreo, mas


era limitada a repetições de takes muito simples ou remoção de seções de
toda a gravação. Quando os gravadores multipista vieram ao mundo (na
década de 50), mais algumas opções ficaram disponíveis para o criativo (e
paciente) engenheiro.
A compilação de takes por exemplo, se tornou uma possibilidade real,
porque um artista poderia gravar vários takes e em seguida, os melhores
trechos da performance eram gravados em outra faixa da fita -  geralmente
chamado de bounce - ou talvez em outro gravador de fita. Muitos desses
processos eram considerados mais uma arte do que uma ciência e era
necessária muita habilidade para obter resultados decentes, além de ser um
processo demorado.

DIAS ATUAIS

A era digital, em muitos aspectos, trouxe um nível de liberdade sem


precedentes para editores de áudio, designers de som e engenheiros. Porém,
a tecnologia que temos também pode nos levar a o caminho do “conserte
depois” ou "vamos corrigi-lo na pós-produção". Não acho que seja
necessariamente uma atitude saudável.
      Só porque podemos consertar muitas coisas hoje em dia não significa
necessariamente que devemos. Nós temos sempre que nos esforçar para
obter o melhor resultado em cada etapa do processo. Se você é engenheiro e
editor de gravação, deve sempre tentar gravar o melhor possível (do ponto de
vista técnico e artístico) e depois polir essa gravação com uma boa edição
antes de passar para a próxima etapa.
      Haverá momentos em que nós (ou nossos clientes) queremos que o
resultado soe bem "natural" e haverá outros em que desejamos que o
resultado soe "polido", cravado no grid. 
Gosto muito de uma abordagem que diz: "edite o suficiente para ser
notado, mas não o suficiente para ser ouvido".
"edite o
suficiente para
ser notado, mas
˜
nao o suficiente
para ser ouvido"
CAPÍTULO 3

O papel do editor
Mentalidade e habilidades
O PAPEL DO EDITOR

Por nossa própria definição, a edição de áudio geralmente envolve trabalhar


na melhoria de determinados sons individuais e às vezes, trabalhar partes
individuais de uma gravação mais complexa ou melhorar uma gravação como
um todo.
E por mais que tenha a edição criativa - e também a corretiva e a
restaurativa, que entraremos em detalhes no próximo capítulo - o fato é que a
edição de áudio é em grande parte uma tarefa técnica e não artística.
Normalmente, as tarefas de edição têm um objetivo técnico específico: remover
o ruído de fundo, compilar os melhores takes, deixar a voz afinada, alterar o
tempo de uma passagem em particular, livrar-se de um som indesejado e assim
por diante. Enquanto um cliente pode simplesmente pedir que as coisas sejam
feitas para parecer "melhor", um bom editor de áudio trabalha com vários
processos distintos para atingir um determinado objetivo técnico.
Mantenha-se sempre alinhado ao objetivo do cliente (que muitas vezes é o
produtor musical do projeto). Cheque o que ele espera da edição - mais solta,
corrigindo apenas algumas coisas, ou certinha no grid. Não custa perguntar.
E se você precisar ser o editor de áudio, mas também o engenheiro de
gravação e de mixagem num mesmo projeto, é recomendável tentar separar as
etapas. Reserve um tempo após a gravação para editar e organizar o projeto, e
só assim começar a mixagem.
A edição de música pode exigir bastante concentração e isso pode
prejudicar sua criatividade se você estiver gravando, mixando ou produzindo.
Portanto, além de todas as habilidades técnicas necessárias, você também
precisa ter um ótimo ouvido para detalhes, paciência para ouvir detalhes
minuciosos, pensamento criativo para encontrar soluções para pedidos
aparentemente impossíveis e flexibilidade para lidar com mudanças que são
pedidas a você.
O COMEÇO DE TUDO

Talvez a dica mais importante que eu possa lhe dar seja uma que se
relacione mas não envolva diretamente o processo de edição:

Regra número 1: o processo de edição começa na verdade durante a


sessão de gravação.

Não deixe o fato de termos ferramentas de edição incríveis disponíveis te


deixar preguiçoso em relação à gravação. Uma gravação melhor significa
menos edição, então capriche nela!
Preste atenção também na hora de emendar trechos. Repare se a tocada
do músico está diferente, pegue trechos que soam parecidos para evitar que a
emenda fique nítida.
Outra coisa: você nunca deve tomar uma decisão com base apenas no que
está vendo. Seus ouvidos devem sempre ter a última palavra quando se trata
de tomada de decisão crítica em todos os aspectos da edição de áudio.
Experimente editar a
bateria assim que
'
terminar de grava-la,
'
e a partir dai, grave
os outros
instrumentos em cima
'
da bateria ja editada.
CAPÍTULO 4

Os tipos de Edição
Cada um dos processos de edição descritos neste
ebook se enquadra em uma (ou mais) das três
categorias: edição corretiva, edição criativa ou edição
restaurativa.
EDIÇÃO CORRETIVA VERSUS EDIÇÃO CRIATIVA
A maior diferença entre as duas primeiras categorias está na intenção. O
objetivo, ou intenção da edição corretiva é resolver problemas que ocorreram
durante a gravação e obter a melhor versão possível dela (como por exemplo, a
execução de um músico), enquanto o objetivo da edição criativa é pegar uma
"parte" do áudio e transformar em algo novo.

EDIÇÃO RESTAURATIVA
Ser capaz de restaurar gravações mais antigas (talvez até danificadas) e
preservá-las em um formato moderno para o desfrute das gerações futuras é
uma habilidade muito útil de se ter. Nos últimos tempos, os avanços dos
softwares fizeram com que não apenas fosse possível uma restauração de
áudio muito mais avançada, mas também que as técnicas pudessem ser
aplicadas de maneiras mais criativas para extrair sons individuais de um arquivo
de áudio complexo.
Um dos principais problemas das gravações antigas é a flutuação da
velocidade da mídia. Isso é chamado pelos termos “wow” e “flutter” (flutuação).
Ambos representam variações na velocidade de gravação e/ou reprodução da
mídia. “Wow” é uma variação lenta e cíclica na afinação e no andamento (tanto
para cima quanto para baixo), enquanto o flutter é uma mudança muito mais
rápida e pode soar mais como uma modulação de amplitude e uma sutil
“agitação” no som.
O principal software atualmente no mercado para restauração de áudio é
o Capstan da Celemony. O software baseia-se nos algoritmos de rastreamento
de afinação que eles desenvolveram para o Melodyne e pega essas
informações de afinação extraídas e calcula um "mapa" de correção para o
áudio processado.

O Capstan da Celemony usa tecnologia


avançada de rastreamento de afinação
para detectar "wow" e flutuação das
gravações e permitir que você corrija
com facilidade.
O CANIVETE SUÍÇO
Outro software interessante na linha de restauração/reparação é o RX 7 da
iZotope. A gama de possibilidades com o RX 7 é gigantesca e existem funções
específicas para cada tipo de problema.

O De-Plosive por exemplo, elimina aqueles “pops” causados por consoantes


como p, b, k e outras.
Já o De-Click como você deve imaginar, tira ruídos de clicks indesejados e
ainda possui um módulo extra específico para remover ruídos labiais,
chamado de Mouth De-click.
Com o módulo Breath Control, é possível remover ou reduzir o barulho de
respiração que possam ser exagerados.
E para tirar vazamentos indesejados oriundos do fone de ouvido ou do
ambiente, teste o De-Bleed.

Recomendo estudar esses e os outros módulos do RX 7. E com certeza vale


à pena tê-lo na sua caixa de ferramentas. Ele pode te salvar um dia ;D
CAPÍTULO 5

Fade e Crossfade
As diferenças e os tipos de curva
DIFERENÇA ENTRE FADE E CROSSFADE
Tanto os fades como os crossfades são muito úteis para o nosso serviço
pois permitem de forma fácil e rápida que o começo e o final dos nossos áudios
fiquem suaves, sem ruídos inesperados como clicks, pops etc.
A grande diferença entre eles é puramente funcional. Se não tem clips de
áudio se sobrepondo no mesmo track, então você deve usar o fade (fade IN no
começo do clip e fade OUT no final dele). Mas se o seu objetivo é fazer com que
um clip de áudio desapareça gradualmente em outro e eles estão no
mesmo track, você deve usar o crossfade (fades que se cruzam numa tradução
livre)

DIFERENTES CURVAS DO FADE


Existem várias curvas diferentes que podem ser usadas para os fades e
crossfades. Essas formas são basicamente uma referência à taxa na qual a
mudança de nível ocorre ao longo do comprimento do fade. Embora muitas
DAWs ofereçam a opção de ajustar ou personalizar as curvas do fade, aqui
analisaremos apenas as curvas "predefinidas" oferecidas. Existem quatro tipos
principais a serem considerados: linear (às vezes chamado de ganho igual/equal
gain), logarítmico (às vezes chamado de potência igual/equal
power), exponencial e S-curve.

LINEAR

A mais simples de todas as curvas, representa uma taxa igual de ganho de


aumento ou diminuição de ganho ao longo da duração do fade.
Geralmente esse é o formato de fade padrão das DAWs para fade-ins e
fade-outs curtos que usamos no início ou no final de um clip, apenas para
garantir que não haja cliques digitais.
Esse tipo de fade funciona bem em algumas situações em que são
necessários fades mais longos.

A curva à esquerda representa o nível de alteração em dB ao longo do tempo,


enquanto a curva à direita representa a alteração no volume percebido ao longo do
tempo de um fade linear.
LOGARÍTMICO

O volume percebido de um som tem uma relação logarítmica com seu nível
em decibéis; portanto, parece sensato supor que ter um fade que funcione em
uma escala logarítmica é o contrário da curva dos fades lineares. E se você
observar o diagrama abaixo verá que ele faz exatamente isso. Consegue notar
alguma semelhança entre a linear e a logarítmica?
O som de um fade logarítmico deve ser o de um aumento consistente e
suave do volume (percebido) durante toda a sua duração e por isso, faz sentido
que esse formato de curva possa ser usado para a maioria das tarefas com
fades. O fade logarítmico geralmente é uma boa opção para fades longos (no
final das músicas, por exemplo) devido à sua natureza linear percebida

A curva à esquerda representa o


nível de alteração em dB ao longo
do tempo, enquanto a curva à
direita representa a alteração no
volume percebido ao longo do
tempo de um fade logarítmico

EXPONENCIAL

As curvas do fade exponencial são em muitos aspectos, exatamente o


oposto das curvas logarítmicas. Os fade-ins parecem começar a aumentar
lentamente e depois disparam rapidamente no final do fade, e os fade-outs
parecem cair rapidamente do volume máximo e depois diminuem mais
lentamente durante o resto da duração do fade. O diagrama abaixo ilustra isso e
também mostra que, de várias maneiras, o volume percebido de um fade
exponencial pode ser visto como uma versão exagerada de um fade linear.
Naturalmente, não é tão simples assim, mas pensar nesses termos pode ajudar
a identificar para que serve. Fazer um fade-in com uma curva exponencial pode
dar a impressão de um som acelerando rapidamente em sua direção, o que
pode ser útil em determinadas situações. Da mesma forma, o uso de um fade-
out exponencial no final do áudio que possui um som um ambiente natural,
certamente ajudará a suprimir esse ambiente, e isso pode ser muito útil em
outras situações.

A curva à esquerda
representa o nível de
alteração em dB ao longo
do tempo, enquanto a
curva à direita representa a
alteração no
volume percebido ao longo
do tempo de um fade
exponencial
S-CURVE

A curva S é um pouco difícil de imaginar, porque possui atributos de cada


um dos três tipos anteriors, e é ainda mais complicada pelo fato de haver dois
tipos diferentes de curvas S. Como uma curva linear, no seu ponto médio, o nível
do som (em decibéis) é de 50%, mas a forma da curva antes e depois desse
ponto médio não é linear por natureza. Como você pode ver no diagrama
abaixo, você até que pode visualizar as curvas S como uma combinação de
uma curva logarítmica e uma exponencial (embora matematicamente não seja
exatamente isso).

Da esquerda para a direita: a primeira figura representa o nível de mudança em dB ao


longo do tempo e a segunda figura mostra a mudança no volume percebido ao longo
do tempo de uma curva S do Tipo 1. O terceiro gráfico é uma curva S Tipo 2 e a
mudança no nível em dB ao longo do tempo e o último gráfico é a mudança no volume
percebido ao longo do tempo da Curva S Tipo 2.
USANDO FADES
O uso mais básico de fade-ins e fade-outs é para garantir que os clips de
áudio iniciem e terminem sem o risco de falhas audíveis, pops ou outros ruídos
indesejados. Então, é algo que eu certamente recomendo que você se
familiarize, pois os efeitos podem ser bastante especiais e, como a maioria das
tarefas de edição, quanto mais você as executa, mais rápido você as realiza.

USANDO CROSSFADES
O objetivo de um crossfade é fornecer uma transição suave entre dois
áudios separados. Dentro dessa definição existem algumas situações variadas
para fazer isso. Uma envolve a transição entre dois sons totalmente não
relacionados ou pelo menos muito diferentes, e a outra é quando temos dois
sons semelhantes e queremos tentar fazê-los soar contínuos. O processo é
basicamente o mesmo, mas temos um conjunto diferente de parâmetros e
critérios para trabalhar em cada situação.
O caso mais simples é quando desejamos aplicar um crossfade entre dois
arquivos muito diferentes (em timbre e afinação). Na maioria dos casos,
simplesmente posicione os dois clips nas posições apropriadas e, em seguida,
selecione a curva e o tamanho do crossfade adequados e faça pequenos
ajustes para acertar. Na maioria das situações como essa, isso bastará, pois os
sons são bem diferentes.
Já quando estamos lidando com dois sons bastante semelhantes (em
timbre e afinação), temos mais algumas coisas a considerar. Fique atento com o
cancelamento de fase e sempre que der, faça o corte no “ponto zero” (0 dB),
isso pode evitar vários problemas. Também fique atento ao tipo de curva
escolhido. Um crossfade de Equal Power (Poder Igual) pode parecer mais suave
e consistente do que um Equal Gain (Ganho Igual), mas, reiterando, sempre deixe
seus ouvidos julgarem o que funciona melhor independentemente da situação.
USANDO O BEAT DETECTIVE
O Beat Detective é uma ferramenta nativa do Pro Tools para manipular e
editar áudio de natureza rítmica. Com ele, é possível cortar um trecho do áudio
em vários clips, quantizar e adicionar crossfades de uma só vez.

Vamos nos concentrar aqui nas operações básicas para você editar uma bateria
ou uma percussão, por exemplo. São elas:

Clip Separation – Para quantizar o áudio, primeiramente é necessário


separá-lo em clips, e essa é a função para fazer isso. Ele vai analisar e cortar
nos transientes que foram analisados.
Clip Conform – Essa função permite que você quantize a performance a um
grid pré-definido.
Edit Smoothing – Com a separação dos clips, podem sobrar espaços entre
eles. Essa função “Edit Smoothing” cria os fades de uma só vez para
preencher os espaços entre os clips.

A sessão “Selection” nos permite selecionar qual parte do áudio vamos


querer trabalhar. O recomendável é fazer por partes, por exemplo de 8 em 8
compassos.
O Beat Detective é definitivamente uma daquelas ferramentas que eu
recomendo todo editor de áudio a aprender, e mesmo que você não use o Pro
Tools, todas as DAWs tem uma ferramenta como o Beat Detective incluso, e o
uso é bem semelhante em todas elas.
Se precisar de um auxílio extra, fiz um vídeo explicando esse processo no
Pro Tools, Cubase, Reaper, Logic e Studio One: Qual a melhor DAW para editar?
CAPÍTULO 6

Elastic Audio
E os seus algortimos
ELASTIC AUDIO
Todo o conceito do Elastic Audio é relativamente recente (2007) e que só foi
possível pelos enormes avanços recentes no poder de processamento do
computador. Em essência, o Elastic Audio pode alongar ou encurtar/comprimir o
tempo do audio sem modificar a afinação (pitch). O aspecto revolucionário é que
ele pode fazer tudo isso em tempo real e de maneira não destrutiva, o que nos
permite experimentar novas idéias de maneira rápida, fácil e, o mais importante,
com segurança; diferentemente da função de Time-Stretching padrão, que é
destrutiva.
O Elastic Audio tem uma abordagem “drag and drop” (clique e arraste).
Simplifica bastante os processos de edição mais comuns, mas também pode ter
um lado negativo, porque pode comprometer alguns aspectos de qualidade.

ALGORITMOS DIFERENTES

Assim como no time-stretching tradicional, no Elastic Audio possui vários


algoritmos otimizados para diferentes tipos de áudio. São eles:

Polyphonic - Criado para processar áudio que contém polifonia (piano, violão).
É considerado o algoritmo mais versátil dentre todos.
Rhythmic - Preserva o tempo e os transientes e, sendo assim, é o mais
adequado para material rítmico, como bateria por exemplo.
Monophonic - Analisa o conteúdo da frequência e a amplitude, tornando-o
particularmente adequado para vocais e outros materiais monofônicos.
Varispeed - Altera a afinação e o tempo (andamento), semelhante ao efeito
de um gravador de fita ou vinil.
X-Form - É o algoritmo de melhor qualidade/fidelidade, porém só pode ser
utilizado offline.

Fique atento se não tem partes que estão sendo esticadas ou comprimidas
desnecessariamente.E independentemente do algoritmo que está usando, os
melhores resultados com o Elastic Audio acontecem quando as alterações são
bem pequenas. Se houver a necessidade de mover muito o áudio de lugar, o
ideal é realizar o procedimento de outra maneira (como cortar + arrastar +
crossfade)
CAPÍTULO 7

Drum Replacement
Substituindo as peças da bateria
DRUM REPLACEMENT - TRIGGER
Hoje, muitos engenheiros de mixagem usam samples de tambores (bumbo,
caixa e tons) pré-gravados para somar com a bateria original, no intuito de
ganhar mais punch. Pode ser que seja solicitado ao editor, criar esses canais de
“replace” ou de “trigger”, como são comumente chamados. E há pelo menos 3
maneiras de fazer isso:

Manualmente - Você (ou o produtor/engenheiro) escolhe o sample e copia e


cola um por um, aonde for necessário. É o jeito mais trabalhoso e mais
robótico pois usa o mesmo sample na música inteira.

Usar programas/plugins dedicados como o Trigger 2.0, SPL DrumXChanger,


Drumagog, ou Addictive Trigger. Essas ferramentas analisam o áudio,
detectam os transientes certos e substituem por sons alternativos da própria
biblioteca delas. Acredito ser a melhor maneira para fazer esse tipo de
processo, pois o plugin analisa o “velocity” individual de cada batida e usa o
sample adequado ao velocity, deixando a substituição mais natural.
Eu particularmente uso o Trigger 2.0, confira o vídeo: Salvando uma bateria!

Extrair o Midi na sua DAW e usar um Instrumento Virtual de bateria (como o


EZdrummer, Groove Agent, Addictive Drums, Boom etc) para tocar o midi
extraído.

Slate Trigger 2.0


CAPÍTULO 8

Afinação
E o "Efeito Cher"
AUTO-TUNE
Em 1997, a Antares Audio Technologies lançou o Auto-Tune, um plugin para
o Pro Tools de afinação de voz que permitiu que os produtores afinassem com
uma facilidade e rapidez nunca vistos antes. Um ano depois, ele “apareceu” no
hit “Believe” da cantora Cher, onde o produtor optou pelo efeito estético digital do
Auto-Tune, causado pela correção extrema da afinação que produz um som
semi-artificial na voz. Esse efeito ficou conhecido como “Efeito Cher” e hoje é
amplamente usado nas vozes dos cantores principalmente no Pop e no Hip-hop.

Curioso que o que foi projetado para ser auditivamente discreto tornou-se
um efeito facilmente identificável.

Afinar os vocais se tornou um processo padrão do mercado e com isso,


outros programas de afinação surgiram. Os mais famosos são:

Auto-Tune
Melodyne
ReaVoice
Waves Tune

Vale a pena testar todos eles e identificar qual você gosta mais, tanto em
questão de sonoridade quanto de workflow.

Antares Auto-Tune
CAPÍTULO 9

Agilizando
Coisas simples para ganhar tempo
CORES
Recomendo que você crie um padrão de cores para os instrumentos, te
garanto que facilita muito na hora de editar.

Para exemplificar, vou mostrar as cores que uso aqui:

Bateria: vermelho
Baixo: verde
Percussão: laranja
Violão: verde piscina
Guitarra e outras cordas: verde limão
Piano e teclados: azul (e suas variações)
Sanfona: amarelo
Vozes: rosa

Você não precisa seguir o meu esquema de cores, escolha a sua paleta da
maneira que achar melhor. O importante é que você comece a usar o mesmo
esquema de cores sempre, para facilitar o seu trabalho (tanto na edição, quanto
na mixagem também ;D)

ATALHOS
Como o próprio nome já diz, os atalhos são para encurtar o caminho até
determinado lugar, e no nosso caso aqui, nos processos. Ao invés de ter que
abrir o menu toda vez para escolher determinada função ou ferramenta, decore
os atalhos do teclado da sua DAW, e se ela tiver a opção de personalizar os
comandos (o que não é o caso do Pro Tools), recomendo fortemente que você o
faça! Personalize os atalhos ao seu gosto e os decore, pois isso pode aumentar a
velocidade com que você edita.
Gostou?
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