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SASUKE RETSUDEN

MASASHI KISHIMOTO
JUN ESAKA

Tradução:
Japonês/inglês: https://twitter.com/bethannie_rose
Inglês/Português: Luana Rocha
Revisão: Defenders of The Deep Love

CAPÍTULO 3

Sasuke andava pelo pátio em direção à biblioteca localizada em frente ao


prédio principal. Só quando a luz vermelha do pôr do sol iluminava o pátio
é que os prisioneiros tinham autorização para fazer uso dos arquivos e alguns
locais mais restritos.

Devagar e abrindo a porta de latão enferrujado, uma imensidade de livros e


estantes altas e muito bem alinhadas o recebeu. O prédio onde a biblioteca
foi construída era feito de arenito e laterita, assim a ventilação circulava por
todos os cantos e os documentos eram preservados com segurança.

Mas por outro lado o local era muito frio, a pouca iluminação deixava tudo
mais sombrio. As janelas destinadas à ventilação eram uma das poucas fontes
de luz. Simétricas e quadradas iluminavam o chão com a fraca luz do
entardecer. Os poucos raios de sol indicavam que Sasuke não estava sozinho,
já que as sombras dos outros prisioneiros, sentados, podiam ser vistas.
Alguns liam, outros apenas seguravam os livros entre as mãos. Era difícil
acreditar que a maioria deles era mesmo alfabetizada. Mesmo assim, Sasuke
não podia deixar de imaginar que eles olhavam às páginas só por diversão.

De acordo com seu plano, Sakura devia estar o esperando em frente a estante
de livros, bem perto da janela ao sul. Sasuke começou a se aproximar
tomando todo cuidado para não gerar suspeitas e assim fingiu procurar por
algum livro entre as enormes prateleiras. Com passos cautelosos andava
entre os corredores até finalmente a encontrá-la.
“Não tem ninguém por perto, o responsável pelos arquivos é meu
companheiro de cela” Sasuke murmurou escondendo a boca atrás da capa do
livro que segurava.

Sakura olhou de soslaio e depois de hesitar por um curto instante: “Ele está
dormindo na mesa? Aquele magro e baixinho.”

“Ele gosta de apostar, se for desse jeito, ele vai aceitar. Vou falar com ele
antes, espere um pouco e então venha me ajudar.” Sasuke disse.

“Entendido” Fechando o livro com pressa, Sakura o respondeu.

Sasuke caminhou até o homem que dormia com o rosto apoiado em cima de
um livro aberto. Sem tempo a perder, tocou em seu ombro para despertá-lo:
“Oi, Penjira!”

Ainda sonolento Penjira abriu os olhos: “Oh, estou surpreso! É bem estranho
também, Sasuke.”

“Não sabia que era encarregado dos arquivos.”

Penjira sorriu satisfeito: “Ao contrário de vocês, minha sentença é mais


curta. Estou tentando sair por bom comportamento.”

“Se você é tão bom quanto diz, por que não cuida melhor dos livros?” Sasuke
não deixou de reparar que às páginas em que seu companheiro dormia
estavam cheias de baba.

“Ah, merda!” A página acabou rasgando enquanto Penjira tenatava limpá-la


com a manga da blusa. “Ahhh, droga. O Kabinaga.”

“Kabinaga?” Sasuke repetiu, a voz repleta de dúvidas.

“Este cara” Penjira apontou para a página onde a foto de uma criatura de
cauda longa estava. “Seu nome é titã.” Era um pouco difícil de ler,
considerando que poça de baba tinha estragado quase tudo. Mas pelo pouco
que ainda restava das ilustrações, a criatura parecia ser comparada à uma
enorme árvore bem atrás.

Reparando o claro interesse de Sasuke, Penjira começou a falar: “É um livro


com informações sobre dragões e feras extintas. Mesmo que você não saiba
ler, as fotos são legais.”
Sasuke prestou atenção na explicação, mas seus olhos estavam focados na
palavra titã. Um enorme dragão com pescoço e cauda extensos. Cerca de 30
metros.

Vários esqueletos foram escavados do estrato que expandia o Centro de


Pesquisa e Astronomia Tataru. Mesmo que Sasuke não entendesse muito do
assunto, sabia que os eruditos sempre cultivaram histórias que envolviam
dragões e criaturas gigantes que percorriam Redaku. Alguns até se referiam
a eles como dinossauros. Segundo eles, existiam áreas úmidas e planas antes
dos terremotos que transformaram tudo em montanhas. Era ali onde os
dragões e feras viviam.

Curioso, Penjira perguntou: “Você tem mais livros assim?”

“Na verdade, não! Mas há um livro que estou procurando, tipo um mapa
astronômico.”

As expressões de Penjira indicavam que estava um tanto quanto curioso:


“Não tenho ideia. Nunca ouvir falar disso, mas se você encontrar alguém que
possa ler, será mais fácil procurá-lo no catálogo da biblioteca.”

“Eu posso fazer isso sozinho.”

“O quê? É mesmo? Você é muito talentoso.” A coleção de livros e catálogos


que Penjira cuidava eram mesmo impressionantes. Grossos o suficiente para
parecer uma enciclopédia. Por isso ele pegou um dos livros e o abriu em cima
da mesa. Os cantos das páginas um pouco dobrados, o fio de seda fino que o
amarrava estava quase rasgando. Então, com cuidado, ele o abriu. Havia
caracteres e coisas escritas por todos os cantos, traços e linhas em diversas
direções.

Cada frase era mais sem sentido que a outra, mas o que chamou a atenção de
Sasuke foi a descrição do mapa celestial logo na primeira página, escrito
como documento mais importante à instalação.

“Biblioteca arquivada no subsolo I-24” Assim que leu a localização, Penjira


se surpreendeu “Oh, a biblioteca subterrânea.” Chocado ele continuou: “Está
fora dos limites. O porão está cheio de documentos importantes. Cada livro
lá embaixo é valioso. Se descobrirem que você entrou no porão sem
permissão e pegou um dos livros eles vão acabar contigo. Vão puni-lo e
provavelmente será enforcado.”
“Parece interessante” Sasuke murmurou e então, com um pequeno aceno de
cabeça deu o sinal para Sakura.

Ela fingiu passar ali perto e participar da conversa.

“Oh, doutora!”

Sakura parou ao lado dos dois: “Um mapa astronômico parece interessante!
Estou em um instituto de astronomia, finalmente vou estudar um pouco sobre
isso.”

Penjira ressaltou: “Há tantos outros livros como este. Desculpe, é uma pena
que seja proibido.”

Sasuke encarou seu companheiro: “Vamos lê-lo no meio da noite! Será nosso
segredo. Pode nos arrumar uma chave emprestada.”

A reação de Penjira era de confusão pura ao assistir o diálogo entre os dois.

“De qualquer forma, adoraria ler um livro assim. É um pouco romântico.”


Sakura disse inocentemente. “Histórias sobre o dia em que um meteorito caiu
das estrelas.

Mesmo confuso, Penjira sabia o que acontecia ali e por isso, ergueu a mão
em frente ao corpo tentando reverter a situação: “Mesmo que seja para a
doutora, não posso emprestar a chave. Vou ser punido por isso.” Ele
balançava os braços deixando claro que não poderia fazer aquilo.

“Ah, sério? E que tal uma aposta?” Sasuke o provocou. Instantaneamente o


rosto de seu colega de classe se iluminou. “Podemos jogar seu favorito ou
que quiser. Seja chinchiro ou hanafuda, mas se eu ganhar, quero a chave do
porão.

“Mas se descobrirem que peguei a chave sem permissão...”

“Os guardas não entram aqui! Prometo que depois de ler, esta noite, devolvo
a chave. Sakura implorou, as mãos juntas em oração em frente a seu rosto.
“Por favorzinho”.

Era nítida a preocupação de Penjira e ele não parava de pensar “ah, o que eu
faço... o que eu faço?” Até finalmente ceder: “Urgh, tudo bem! Vamos
brincar.”
“Esse é o espirito! O que vamos jogar?”

“Não vai ser chinchiro. Acabei de perder para o Sasuke e olha que ele nem
sorte tem. Vamos jogar hoshinarabe.”

“Hoshinarabe?” Sasuke e Sakura se olharam em confusão. “Nunca ouvi


falar.” Mas ela quem o respondeu.

“É um jogo que as pessoas daqui jogam muito. Deixe-me preparar tudo.”

Enquanto Penjira desaparecia entre as estantes, Sasuke começou a falar:


“Sakura, você só precisa fingir. Assim que o jogo começar, o colocarei em
um genjutso.”

“Ah, você vai trapacear!”

Sasuke a encarou espantado: “Em uma situação como esta, o que você
esperava?”

“Vamos ficar bem ou já esqueceu que sou a aluna favorita da Tsunade-sama?


Sakura sorriu “Ela era terrível com jogos”.

Pouco tempo depois, Penjira voltou e não parava de balbuciar como é que
tinha aceitado tudo aquilo. Em uma de suas mãos, carregava uma caixa
coberta com uma folha de ouro estampada. A tampa foi levantada e um
baralho com cartas apareceu. Elas eram bem pequenas levando em
consideração o tamanho da caixa em que tinham sido guardadas.

“No Hoshinarabe você usa 12 cartas. Tudo o que precisa fazer é ter uma de
cada tipo.” Ele sentou-se e começou a organizar as pequenas cartas. “Prestem
bem atenção.”

Eram doze ilustrações diferentes a serem encontradas em todo o baralho. Um


cavalo branco nadando no mar, um gato olhando para uma lanterna, um
macaco desenhando a imagem da terra com um pedaço de pau, uma vaca
enjaulada olhando para fora, um tronco de árvore com seiva e âmbar, um
gigante nascido na terra, uma tartaruga de bengala, um Tanuki, uma criança
brincando nas dunas de areia, e o último, um sapo e uma lesma se arrastando
para fora de um pântano.

Todas as doze cartas tinham algo em comum, às vezes uma pessoa, um


animal ou uma planta - com cores tão vibrantes e ricas. A parte de trás de
cada carta parecia ser a mesma em todo o baralho também. Após uma
inspeção mais próxima, o padrão na parte de trás lembrava a de um lagarto
enrolado em torno de uma rocha. Falando em lagartos, parecia muito com
Menou. Mas qual a relação de Menou com tudo isso?

"Doze fotos diferentes, cinco de cada carta, sessenta no total. Eu começo


com seis cartas primeiro. Você pode trocar as cartas que recebeu, cinco vezes
no máximo. E vai ganhar se seus desenhos forem os mais fortes."

Penjira tirou um papel da caixa com o restante das cartas, listou todas as
combinações possíveis. Depois pegou um pequeno papel com a imagem de
maior poder. A mais forte era a "estrela", composta de: cavalo branco, onça,
gato, fogueira, ogro e tartaruga. Havia algo escrito na linha abaixo, mas a
tinta era fraca e ilegível.

O papel da "terra", que parecia ser a próxima mais forte, era composto com:
o gato, fogueira, Tanuki, sapo e lesma, a tartaruga, e o velho. Além da
"estrela" e "terra", havia outros papéis como "pôr do sol", "fogo ardente",
"tempo ensolarado", "folhas", etc., mas ao contrário do poker não havia
qualquer regularidade nas combinações de cada papel. Para iniciantes,
levava um tempo considerável até aprender.

Mas...

“Ah, é isso? Ótimo, vamos fazer!” Sakura disse confiante devolvendo o


papel para Penjira.

“Doutora, você está me ouvindo? É um jogo em que precisa combinar as


cartas afim de completar um dos papéis. Os iniciantes devem olhar o que é
preciso para saber quais cartas são as melhores.

“Eu já memorizei”

“O-o-quê?”

Sakura sentou na frente de Penjira arrumando os cabelos para trás da orelha.


Enquanto Sauke continuou parado de pé.

Os olhos esverdeados de Sakura se estreitaram como os de um gato enquanto


ela olhava para o rosto de Penjira, como se estivesse tentando provocá-lo.
“Vamos começar!”
“Doutora, você parece diferente” Penjira sorriu com a mudança repentina de
Sakura.

Eu já vi pessoas mudarem toda sua atmosfera e personalidade quando se


trata de jogos de azar. E sempre achei que esses eram os que tinham
problemas, que deveriam parar de jogar. Não seria uma regra de ouro
manter uma expressão indiferente e nunca mostrar suas verdadeiras
emoções?

Sakura pegou as cartas colocadas em sua frente.

“Vou negociar com você” Penjira a disse enquanto continuava a observava


mexer as mãos com tamanha destreza. Ela levava aquilo muito a sério:
“Geralmente, a segunda rodada é onde o perdedor começa a barganhar, tenho
certeza que em quase todos os jogos acontece assim.

Penjira observava as mãos dela do melhor jeito possível. Em seu consultório,


a doutora Sakura era a única a tratar os prisioneiros como seres humanos e
só com sua gentileza havia capturado os corações de muitos prisioneiros.
Homens que tinham sido derrotados pelo diretor devido ao trabalho
excessivo. Mas nos últimos dias, para os prisioneiros, só o fato de ela estar
ali já era uma salvação. Ainda que agora, o rosto da mulher em sua frente
fosse completamente diferente das expressões que estava acostumado a ver.

Penjira pegou seu baralho de cartas. Não era tão ruim, conseguiu marcar o
segundo papel mais forte, a"Terra" Ele olhou de volta para Sakura
verificando sua mão, seu rosto coberto por um sorriso enorme. "Há uma
tonelada de pessoas inteligentes que gostam de jogar, você sabe. Os médicos
não são exceção."

Então Penjira jogou três cartas, mantendo o velho, o gato e a tartaruga e


pegou mais três do baralho completo entre eles. A segunda foi a tartaruga,
sapo e fogueira. Uma boa puxada e com isso, ele estava perto de preencher
o papel de "Terra".

Sakura jogou um cartão e o substitui por outro do baralho. Seus olhos


analisando cada cartão por um momento. Então jogou mais um para
substituição. Suas escolhas pareciam muito sérias e o clima começou a
mudar quando os prisioneiros que estavam ali também começaram a se
reunir. Todo mundo curioso para ver o desenrolar da jogatina.

Penjira ficou perplexo com suas seis cartas na mão: tartaruga, tartaruga,
homem velho, gato, fogueira e sapo. Se ele jogasse fora uma das tartarugas
e puxasse o tanuki, completaria a "Terra". Sua única opção na verdade. Ele
pensou em quebrar o par de tartarugas, as cartas combinadas lhe davam
alguns pontos. Até pensou nas chances de puxar uma carta que não tinha,
entretanto não serviria para nada.

Bem, o que eu faço? Penjira pensou, encarando suas próprias mãos. Seu
oponente era uma super iniciante, ela disse que conhecia as regras, mas quão
provável era? Sakura tinha uma combinação tão complexa de "estrela" e
"terra". Ela teria sorte se tivesse um par simples, talvez até um trigêmeo.
Vamos jogar fora todas as cartas, exceto as tartarugas, ele pensou. E se
puxasse mais uma tartaruga, seria um trigêmeo. Mesmo se não fosse, ainda
teria o mesmo par de cartas que era um bom conjunto de pontos.

Era impossível forçar uma "terra", e continuar a proteger os pontos que já


acumulava, mas era o caminho certo a seguir. Ele estava prestes a atirar as
quatro cartas para longe, quando seus olhos se encontraram de repente com
Sakura em frente dele.

“Pode pensar bem devagar” Ela disse gentilmente enquanto inclinava a


cabeça para o lado.

Penjira pensou consigo sobre sua mudança de estratégia. A ideia de um par


de três ou dois era bom, terminar o jogo com nada, não era. E se ele fosse
completar a "terra", tinha certeza que iria chorar.

Jogue fora uma tartaruga e pegue o tanuki, assim o papel de "terra" estará
completado. Mas se ele puxasse alguma coisa além disso ou algo que não
estivesse em sua mão, estava acabado.

Ele decidiu pela segunda opção. Depois que seus olhos confirmaram o cartão
que ele escolheu, Penjira quase pulou da cadeira. “Obrigado, Senhor!” Era
um cartão de tanuki. Ele tinha completado o papel "terra".

"Eu tenho as cartas que quero." Sakura também parecia ter conseguido um
papel. Isso completou todos os cinco turnos. E finalmente, o virou para
baixo. Cada momento da batalha era mais decisivo e todos os momentos
eram gastos para descobrir a mão do outro e calcular o melhor curso de ação.

"Doutorinhaaa, não chore!" Penjira brincou enquanto sua mão espalhava as


cartas na mesa. Os olhares de seu público foram atraídos imediatamente para
as seis cartas que ele expôs. Percebendo que era um papel completo de
"terra", com suspiros ele disse: "Eu enchi terra"
"Isso é bom?" Sasuke perguntou ao homem ao lado que assentiu bastante.

Penjira estava bem convencido: “Este é o segundo papel mais forte. A única
maneira de ganhar é se você completar estrela. Mas é improvável, doutora.
Você não completaria esse papel tão cedo. Você perdeu".

Sasuke continuou olhando para o perfil de sua esposa, seu rosto indecifrável,
cutucando os lábios. O dedo de Sakura virou a primeira carta na mão e...

Tanuki.

Alguns suspiros vieram da pequena plateia. O papel de "estrela” não incluía


o Tanuki. Foi uma perda para Sakura.

Não havia muito o que mudar em um jogo de azar e por isso Sasuke já se
preparava para lançar sua ilusão na biblioteca inteira.

Quase no mesmo momento, Sakura sorriu e então começou a gargalhar. Com


as pontas dos dedos virou uma por uma das cinco cartas: tartaruga, velhote,
gato, fogueira e sapo, aquela combinação indicava uma figura.

“Terra” Alguém da plateia gritou.

As cartas na mesa eram iguais às de Penjira, uma combinação muito curiosa


e todas indicando “Terra”. Sasuke começou a se questionar sobre as chances
de um empate acontecer.

“Você trapaceou”

“Ah, é? Você acha? Quer checar para ter certeza?” Sakura estendeu os braços
para Penjira. Ela inclinou a cabeça para expor seu pescoço de pele macia e
atraente. O cabelo rosa como uma cerejeira acariciava suas bochechas
enquanto algumas mechas permaneciam atrás de suas orelhas.

Com seus olhos verdes, ela o encarava em claro sinal de provocação e isso
foi o suficiente para que Penjira ficasse calado. Não a como questionar uma
trapaça se o lado perdedor não mostrar como foi que aconteceu.

Trinta minutos depois, os dois ainda jogavam. As costas de Penjira


encharcadas de suor. Atrás das seis cartas abertas como um leque, os cílios
de cereja o encaravam atentos.
Uma gota de suor caiu por suas têmporas em cima de uma das cartas. Eles já
tinham jogado cinco vezes. Todos os resultados eram de empate. Sakura, na
ofensiva tinhas os mesmos desenhos que ele em todas as jogadas. Isso não é
possível, alguém está trapaceando aqui.

Sasuke continuou a observar. O olhar fixo as jogas de Sakura todas às vezes


em que ela tocava um cartão. De todas as formas, ela não levantava suspeitas,
mas a dúvida entre todos ainda existia.

“Agora, vire as cartas para baixo” Sakura disse séria “Vamos terminar de
uma vez”.

Penjira engoliu a seco enquanto começava a rezar. Então, foi virando as


cartas até revelar tudo o que tinha em mãos.

Velho, pastor, tanuki, tanuki, tartaruga, tartaruga.

A combinação de pares de animais era chamada Soujo Teia.

Penjira já não ligava para as cartas e suas respectivas forças. Ela estava
disposto a tudo contanto que ela perdesse.

“Outro empate, talvez? Quais são as chances”? Sakura sorria ao espalhar as


cartas para que ele visse. Mas ele apenas relaxou com o alívio.

Velho, pastor, tanuki, tanuki, tartaruga, tartaruga. As seis cartas de Sakura


indicavam o “sorteio” Penjira suspirou profundamente: “Que grande
coincidência.”

Para o sexto jogo, Sakura juntou todas as pilhas de cartas, as bateu na mesa
e sorriu para ele: “Próximo jogo?”

“Não, estou derrotado!” Penjira declarou e por fim se levantou.

Eles podiam jogar a noite toda, mas o resultado seria o mesmo. Ele não
conseguia ganhar ou perder, estava exausto, esgotado só por jogar.

“Ótimo! ” Ao dizer isso ele foi até as estantes e em seguida voltou com uma
chave entre os dedos. “Aqui está a chave para a biblioteca do porão. É só me
devolverem assim que terminarem. Se ela desaparecer todos seremos
punidos.”
“Prometo devolvê-la, obrigada! ” Quando Sakura tentou pegar a chave,
Penjira puxou a mão de volta, acrescentando:

“Mesmo que o título esteja no catálogo, livros de astronomia não podem ser
guardados lá embaixo.”

“Como assim? Aqui diz que o livro deve estar lá”

“Nem sempre é verdade. Sei que algumas coleções estão guardadas no


Palácio Real e por isso faltam alguns livros.”

“Poderia ter dito isso antes” Sasuke disse com raiva, mas não o suficiente
para intimidar Penjira que apenas deu de ombros:

“É uma história terrível, pergunto-me se o Palácio Real não sabia o quão


precioso o livro era. Sei que há algumas décadas existia um registro de um
embaixador de outro país que veio à procura de um livro assim, mas ele
nunca o devolveu.”

“Algum livro em particular?” Sakura perguntou.

“Era algum livro proibido e que não devia ter saído por essas portas, mas o
antigo rei queria porque o queria. Se me lembro bem, algo com um tal de
Orochimaru.”

De repente, Sasuke e Sakura se olharam. Não existia a menor chance de


aquele nome ser de outra pessoa a não a que ambos conheciam. O que aquilo
tinha a ver com um lugar tão distante de casa?

E se esse era o caso, por que diabos eles precisavam ir até Redaku procurar?

Naquela mesma noite, Sasuke esperou Jiji e todos os outros adormecerem e


então saiu de sua cela cuidadosamente sem fazer barulho algum. Assim que
chegou ao pátio encontrou Sakura em frente a biblioteca.

“Está com a chave?” Sasuke a perguntou.

“Claro!” Ela sacudia a chave de um lado para outro.

Os dois desceram ao porão em busca do mapa. Torcendo para encontrá-lo o


mais rápido possível.
Empurrando a porta de metal enferrujada, eles entraram na biblioteca e em
seguida a porta de fechou bem atrás deles deixando tudo escuro sem uma luz
sequer.

A saída foi usar o chakra para criar um pouco de luz em suas mãos. E apenas
com isso, continuaram a andar pelo lugar escuro.

“Hey, Jiji está dormindo mesmo, não é?” Sakura perguntou.

“Quando deixei a cela, sim. Por quê?”

“Ele vem com bastante frequência ao consultório médico. Alega ter dores de
cabeça, no estômago e diversas outras coisas. Nunca encontro nada de errado
quando o examino, por isso acho que é só uma desculpa para se safar do
trabalho. Não posso ajudar, mas ainda assim fico preocupada.”

“É claro que ele está fingindo, Jiji é cheio de energia.” Ao dizer isso, Sasuke
sentiu um aperto incomum em seu peito de uma forma estranha. Não
importava o quanto Jiji tentasse, Sakura era sua esposa.

Ao menos era isso o que Sasuke pensava a todo instante tentando se livrar
daquele sentimento estranho.

Você não acha ruim tantos insetos como eu sempre perto dela? As palavras
de Jiji ecoaram em sua cabeça e com isso uma premonição repugnante fez
com que Sasuke parasse seu trajeto de repente.

“Humm? Você está bem? Sakura também parou um pouco atrás dele.

Sem dizer nada, Sasuke se virou para ela e silenciosamente segurou seus
dedos. Com cuidado, tocou a base de seu dedo anelar e trabalhou seu chackra
até que começasse a se materializar, transformando-se em grãos de areia a
medida que envolviam o delicado dedo, como um pequeno anel de Saturno.
A areia começou a se unir, se tornando cada vez mais prateada.

Até a transformação estar completa.

“Use isso” Sasuke disse e sua expressão refletia preocupação, até que por
fim soltou a mão de Sakura.
“Isso...” Sakura ficou olhando para o anel em volta de seu dedo. A prata
redonda brilhava e a pedra vermelha atraiu seu olhar. No centro, um rubi
reluzia.

Sasuke tinha feito um anel improvisado com seu artesanato. Um anel


simples, mas que era a prova do casamento deles.

“Muito obrigada”

Ele continuou a andar devagar, fingindo não ouvir a voz dela, enquanto
Sakura andava logo atrás, as duas mãos pressionando as bochechas quentes
com vergonha.

Anéis artificiais eram sempre distorcidos, mas não este! O anel que Sasuke
a deu era mais claro, mais brilhante e mais bonito que todas as estrelas no
céu noturno. Era melhor do que qualquer outro. Um lindo presente feito do
controle árduo do chackra de Sasuke.

“Sasuke-kun, você está com ciúmes? ” Era o que Sakura mais desejava
perguntar. Ela sabia que ele dificilmente diria algo então decidiu manter a
dúvida em seu peito. Mas não conseguia parar de olhar a linda pedra
vermelha em seu dedo que fazia seus olhos brilharem de tanta felicidade.

Depois de um tempo caminhando em silêncio pela escuridão, eles alcançam


a porta no fundo da biblioteca. Sakura mergulhou a chave na fechadura, a
mola girou do lado de dentro, abrindo a porta com um estalo.

“Ontem, enquanto você e Penjira jogavm..." Sasuke começou


desajeitadamente enquanto abria a porta. "Como você conseguiu?"

"Oh! Bem..." Sakura que ainda olhava para o anel em seu dedo, puxou a mão
de volta para o lado. "Eu não estava trapaceando, estava realmente tentando
o meu melhor, por memorização. ” Ela o explicava enquanto observava a
frente. Além da porta havia uma escada para o porão, alinhada com telhas.
“Aquelas cartas eram todas muito antigas, se alguma delas estivesse rasgada,
borrada ou danificada eu com certeza saberia qual é. Como um padrão para
minha memória.

“Todas as setenta? ”
“Sim, mas na primeira rodada não consegui e tive que trapacear. Aprendi
algumas técnicas enquanto trabalhei com Tsunade-sama. ” Ela foi tomada
por uma onda de nostalgia ao contar aquilo. “Ela é muito ruim nos jogos,
mas detesta perder. Então, sempre que jogávamos eu a deixava ganhar. Era
bem menos entediante sempre terminar empatado. Sabe, ver o rosto da outra
pessoa mudar de cor até ela desistir. ”

Sakura se lembrava do medo que sentia ao desconfiar que Tsunade ganhasse.

Eles já haviam chegado ao final das escadas e antes que ela se perguntasse
se deveria dizer o resto voz alta, as prateleiras adornadas com teias de aranha,
pergaminhos de todos os tamanhos presos entre outros livros e documentos
encadernados de as formas a deram boas-vindas.

Em uma tentativa de procurar por armadilhas, Sakura tocou a parede do


porão, soltando chackra por toda a estrutura do prédio. Concentrada, ela
sentiu algo: “Isso é? ”

“Qual o problema? ”

“Parece que há outro quarto atrás daquela parede” Sakura virou para olhar a
parede atrás, fechando os olhos logo em seguida.

Concentre-se no fluxo do seu chakra.

Um método para explorar a estrutura dos edifícios através da movimentação


de materiais inorgânicos. Aquela técnica era exclusiva de Sakura que era
muito boa com controle preciso de chackra.

“Há uma escada em espiral, ligada ao quarto do diretor, quarto andar."

Sasuke olhou curioso: "As escadas no edifício principal não devem ser mais
baixas do que o primeiro piso... Você está dizendo que há um quarto
escondido, coberto por uma única parede neste porão?" Aquele segundo
porão só é acessível da sala do diretor, o ponto da sala oculta.

“É suspeito, provavelmente é para esconder algo importante."

"Vamos investigar isso depois. Tem muito escondido por aqui. ” Sasuke
estava curioso sobre a existência do misterioso segundo porão, mas o melhor
momento para pegar o mapa astronômico era aquele.
As mãos de Sakura vagavam pelas prateleiras, procurando a estante com o
catálogo. “É isso! O mapa astronômico". Na prateleira "I", Sakura tirou um
enorme livro azul. A capa tingida com pigmentos primitivos de minerais,
tornando-se áspera ao toque. A tampa traseira adornada com os quatro
caracteres, estava escrito "Mapa Astronômico" em ouro. “Espero que este
livro nos dê algumas pistas. ” Ela virou a capa para baixo e murmurou
confusa para si mesma: “Sai? ”

Sasuke instintivamente olhou para a página que Sakura lia quando ela
involuntariamente murmurou o nome de um amigo da aldeia. Era uma
pintura, uma imagem de um pai e de uma criança de Tanuki que jogavam
nas dunas de areia desenhadas com fluxos de pinceladas.

Aproximando o rosto das páginas, ela percebeu o cheiro de adesivo com óleo
queimado, conhecia aquele cheiro. As pinturas de Sai eram feitas de tinta
diluída com óleo e água. Um método de pintura muito usado em Konoha e
que não devia existir em Redaku.

“Este livro... ele foi feito fora do país? É possível que uma pessoa de fora
tenha vindo para ilustrá-lo? ”

“Quem o ilustrou era do exterior e ficou aqui há muito tempo. ” Sasuke


ressaltou.

Os dois pensaram na mesma pessoa, O Sábio dos Seis Caminhos.

Ele tinha pintado a imagem no livro, mais tarde levando a técnica de volta à
Konoha para ser usada por todas as gerações. Pensando em todas as histórias
do Instituto de Astronomia, a teoria não era assim tão impossível.

A pintura do tanuki nas dunas estava logo na primeira página.

A próxima página mostrava um gigante, a seguinte uma fogueira, depois um


gato, um macaco, um velho, um pastor e após passar para a última página,
Sasuke confirmou com um murmúrio: “As mesmas fotos das cartas de
Hoshinarabe." O pai e a criança tanuki brincando nas dunas, o gigante
nascido da terra, a fogueira laranja, um gato olhando para a lanterna, o
macaco desenhando com uma vara, a vaca espreitando de sua gaiola, o
homem de cabelos grisalhos, o pastor olhando para o céu, a tartaruga em uma
montanha rochosa, o cavalo branco nadando no mar, o sapo e a lesma
rastejando para fora do pântano, o tronco da árvore coberto de seiva. Não
restava dúvidas de que as ilustrações de tinta eram todas consistentes com as
cartas de Hoshinarabe.

"Mas eu não entendo. O que essas doze pinturas têm a ver com a existência
das partículas polares?" A mão de Sakura traçava todo o papel manchado de
tinta. Após uma inspeção mais detalhada, notou que pequenos pontos foram
espalhados ao redor de cada imagem desenhada. Algumas pinturas, como o
tanuki e a tartaruga foram desenhadas de modo que os pontos e as linhas se
sobrepunham, como se estivessem todos conectados como um quebra-
cabeça. "Ligue os pontos!". Ela exclamou, até por fim, perceber: “Isto não é
apenas uma pintura com tinta, é uma constelação. ”

“Constelação? ”

“Um padrão de estrelas, e todas parecerem plantas ou animais. ” Ela apontou


para o papel: “ Veja, também está em Konoha... como Touro e Áries. Sasuke-
kun você nasceu no dia 23 de julho, então seria leão." Enquanto explicava,
Sakura abriu uma página com a foto da lesma. Cinco pequenos pontos
estavam alinhados em ziguezague na antena da lesma. “Olhe para estes cinco
pontos. ” Hokuto Gosei é o nome da constelação de cinco estrelas que pode
ser vista da primavera até o verão. Parecia ser consistente com as linhas e
pontos desenhados na imagem. "Eu vejo... Da primavera ao verão. Essa
lesma, essa constelação pode representar um local? Como há 12 pinturas,
estou pensando que essas constelações representam o que pode ser visto no
céu a cada mês, de janeiro a dezembro. Se classificarmos as constelações em
ordem, poderemos encontrar algumas pistas."

"Classificando? Sasuke permaneceu atento a cada detalhe: “Isso levará muito


tempo e Redaku é longe de Konoha, sem contar que as estrelas acima
parecem completamente diferentes. ” Por fim, Sasuke franziu a testa quando
Sakura disse levemente:

"Ah, está tudo bem", e examinou os materiais que estavam empilhados na


mesa. "Há uma tonelada de registros astronômicos e observações aqui. Se
você puder me dar dois dias, acho que posso descobrir a ordem das pinturas
a partir dos registros de observação, classificadas por mês. Estou bastante
segura. ”

Um tanto impressionado, Sasuke deitou o mapa astronômico em um pódio.


Sabia que Sakura seria absolutamente capaz de ordenar as pinturas. Até
começar a refletir novamente sobre as pinturas nos cartões, lembrando de
cada animal selecionado para cada cartão. O gigante, o gato, o macaco, a
vaca, a tartaruga, o cavalo branco e o sapo com a lesma. Havia também o
pastor e velho, os outros eram o tronco de árvore e fogueira. Era como se ele
já tivesse visto aquelas imagens antes, antes das cartas de Hoshinarabe.

“Sasuke-kun, encontrou alguma coisa? ”


“Não é nada...” Enquanto ele fechava o livro, notou algo preso na capa
traseira. “Hmm” Era um papel dobrado ao meio com uma frase curta e alguns
caracteres de meses e dias e mais estrelas. Uma descrição misteriosa e
enigmática.

Contudo, não foi o texto que prendeu sua atenção e sim a figura desenhada
abaixo. Era um personagem que estavam acostumados a ver. Em Konoha,
quem vestia aquele emblema era reconhecido como um shinobi de pleno
direito. Sasuke lembrou-se de aprender o significado do símbolo na
academia, vindo da prática shinobi de colocar folhas na cabeça para
concentrar a energia.

Era o símbolo da aldeia de Konoha que representa o redemoinho de folhas


caídas.
"O que... Por que a marca de Konoha está aqui?" Eles olharam para os rostos
um do outro, ambos sem palavras. Como o emblema de sua aldeia tinha ido
parar em um lugar remoto e distante como o Instituto de Astronomia?
Mesmo nos documentos de astronomia escritos há muito tempo. A sentença
sobre o aumento de estrelas, o emblema de Konoha, o Instituto. Nem Sakura
nem Sasuke foram capazes de encontrar qualquer explicação, qualquer coisa
para entender o que acontecia ali.

*Na manhã seguinte.

No corredor em direção ao refeitório, Sakura carregava folhas de papel


firmemente em suas mãos. Ela atravessou o corredor até uma mesa vazia
para espalhar todos os papéis e mostra-los a Sasuke. O Mapa astronômico de
ontem, classificado por mês. Ela tinha estudado os tempos de observação e
cada constelação durante a noite.

Janeiro: o tanuki jogando nas dunas;


Fevereiro: o gato olhando para a lanterna;
Março: a tartaruga na montanha rochosa;
Abril: o macaco desenhando no chão com um pau;
Maio: o cavalo branco nadando no oceano;
Junho: o sapo e lesma no pântano;
Julho: o tronco da árvore coberto de seiva;
Agosto: a vaca espiando pela gaiola;
Setembro: a fogueira laranja;
Outubro: o gigante nascido da terra;
Novembro: o pastor olhando para o céu noturno;
Dezembro: o homem grisalho com sua bengala.

Animais compondo os meses de janeiro até agosto, setembro foi a fogueira;


outubro, o gigante; e novembro e dezembro, consistindo de seres humanos.

Atrás de uma página havia um pequeno lembrete:

Amanhã, nos arquivos, 1400.

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