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MASASHI KISHIMOTO
JUN ESAKA
Tradução:
Japonês/inglês: https://twitter.com/bethannie_rose
Inglês/Português: Luana Rocha
Revisão: Defenders of The Deep Love
CAPÍTULO 3
Mas por outro lado o local era muito frio, a pouca iluminação deixava tudo
mais sombrio. As janelas destinadas à ventilação eram uma das poucas fontes
de luz. Simétricas e quadradas iluminavam o chão com a fraca luz do
entardecer. Os poucos raios de sol indicavam que Sasuke não estava sozinho,
já que as sombras dos outros prisioneiros, sentados, podiam ser vistas.
Alguns liam, outros apenas seguravam os livros entre as mãos. Era difícil
acreditar que a maioria deles era mesmo alfabetizada. Mesmo assim, Sasuke
não podia deixar de imaginar que eles olhavam às páginas só por diversão.
De acordo com seu plano, Sakura devia estar o esperando em frente a estante
de livros, bem perto da janela ao sul. Sasuke começou a se aproximar
tomando todo cuidado para não gerar suspeitas e assim fingiu procurar por
algum livro entre as enormes prateleiras. Com passos cautelosos andava
entre os corredores até finalmente a encontrá-la.
“Não tem ninguém por perto, o responsável pelos arquivos é meu
companheiro de cela” Sasuke murmurou escondendo a boca atrás da capa do
livro que segurava.
Sakura olhou de soslaio e depois de hesitar por um curto instante: “Ele está
dormindo na mesa? Aquele magro e baixinho.”
“Ele gosta de apostar, se for desse jeito, ele vai aceitar. Vou falar com ele
antes, espere um pouco e então venha me ajudar.” Sasuke disse.
Sasuke caminhou até o homem que dormia com o rosto apoiado em cima de
um livro aberto. Sem tempo a perder, tocou em seu ombro para despertá-lo:
“Oi, Penjira!”
Ainda sonolento Penjira abriu os olhos: “Oh, estou surpreso! É bem estranho
também, Sasuke.”
“Se você é tão bom quanto diz, por que não cuida melhor dos livros?” Sasuke
não deixou de reparar que às páginas em que seu companheiro dormia
estavam cheias de baba.
“Este cara” Penjira apontou para a página onde a foto de uma criatura de
cauda longa estava. “Seu nome é titã.” Era um pouco difícil de ler,
considerando que poça de baba tinha estragado quase tudo. Mas pelo pouco
que ainda restava das ilustrações, a criatura parecia ser comparada à uma
enorme árvore bem atrás.
“Na verdade, não! Mas há um livro que estou procurando, tipo um mapa
astronômico.”
Cada frase era mais sem sentido que a outra, mas o que chamou a atenção de
Sasuke foi a descrição do mapa celestial logo na primeira página, escrito
como documento mais importante à instalação.
“Oh, doutora!”
Sakura parou ao lado dos dois: “Um mapa astronômico parece interessante!
Estou em um instituto de astronomia, finalmente vou estudar um pouco sobre
isso.”
Penjira ressaltou: “Há tantos outros livros como este. Desculpe, é uma pena
que seja proibido.”
Sasuke encarou seu companheiro: “Vamos lê-lo no meio da noite! Será nosso
segredo. Pode nos arrumar uma chave emprestada.”
Mesmo confuso, Penjira sabia o que acontecia ali e por isso, ergueu a mão
em frente ao corpo tentando reverter a situação: “Mesmo que seja para a
doutora, não posso emprestar a chave. Vou ser punido por isso.” Ele
balançava os braços deixando claro que não poderia fazer aquilo.
“Os guardas não entram aqui! Prometo que depois de ler, esta noite, devolvo
a chave. Sakura implorou, as mãos juntas em oração em frente a seu rosto.
“Por favorzinho”.
Era nítida a preocupação de Penjira e ele não parava de pensar “ah, o que eu
faço... o que eu faço?” Até finalmente ceder: “Urgh, tudo bem! Vamos
brincar.”
“Esse é o espirito! O que vamos jogar?”
“Não vai ser chinchiro. Acabei de perder para o Sasuke e olha que ele nem
sorte tem. Vamos jogar hoshinarabe.”
Sasuke a encarou espantado: “Em uma situação como esta, o que você
esperava?”
Pouco tempo depois, Penjira voltou e não parava de balbuciar como é que
tinha aceitado tudo aquilo. Em uma de suas mãos, carregava uma caixa
coberta com uma folha de ouro estampada. A tampa foi levantada e um
baralho com cartas apareceu. Elas eram bem pequenas levando em
consideração o tamanho da caixa em que tinham sido guardadas.
“No Hoshinarabe você usa 12 cartas. Tudo o que precisa fazer é ter uma de
cada tipo.” Ele sentou-se e começou a organizar as pequenas cartas. “Prestem
bem atenção.”
Penjira tirou um papel da caixa com o restante das cartas, listou todas as
combinações possíveis. Depois pegou um pequeno papel com a imagem de
maior poder. A mais forte era a "estrela", composta de: cavalo branco, onça,
gato, fogueira, ogro e tartaruga. Havia algo escrito na linha abaixo, mas a
tinta era fraca e ilegível.
O papel da "terra", que parecia ser a próxima mais forte, era composto com:
o gato, fogueira, Tanuki, sapo e lesma, a tartaruga, e o velho. Além da
"estrela" e "terra", havia outros papéis como "pôr do sol", "fogo ardente",
"tempo ensolarado", "folhas", etc., mas ao contrário do poker não havia
qualquer regularidade nas combinações de cada papel. Para iniciantes,
levava um tempo considerável até aprender.
Mas...
“Eu já memorizei”
“O-o-quê?”
Penjira pegou seu baralho de cartas. Não era tão ruim, conseguiu marcar o
segundo papel mais forte, a"Terra" Ele olhou de volta para Sakura
verificando sua mão, seu rosto coberto por um sorriso enorme. "Há uma
tonelada de pessoas inteligentes que gostam de jogar, você sabe. Os médicos
não são exceção."
Penjira ficou perplexo com suas seis cartas na mão: tartaruga, tartaruga,
homem velho, gato, fogueira e sapo. Se ele jogasse fora uma das tartarugas
e puxasse o tanuki, completaria a "Terra". Sua única opção na verdade. Ele
pensou em quebrar o par de tartarugas, as cartas combinadas lhe davam
alguns pontos. Até pensou nas chances de puxar uma carta que não tinha,
entretanto não serviria para nada.
Bem, o que eu faço? Penjira pensou, encarando suas próprias mãos. Seu
oponente era uma super iniciante, ela disse que conhecia as regras, mas quão
provável era? Sakura tinha uma combinação tão complexa de "estrela" e
"terra". Ela teria sorte se tivesse um par simples, talvez até um trigêmeo.
Vamos jogar fora todas as cartas, exceto as tartarugas, ele pensou. E se
puxasse mais uma tartaruga, seria um trigêmeo. Mesmo se não fosse, ainda
teria o mesmo par de cartas que era um bom conjunto de pontos.
Jogue fora uma tartaruga e pegue o tanuki, assim o papel de "terra" estará
completado. Mas se ele puxasse alguma coisa além disso ou algo que não
estivesse em sua mão, estava acabado.
Ele decidiu pela segunda opção. Depois que seus olhos confirmaram o cartão
que ele escolheu, Penjira quase pulou da cadeira. “Obrigado, Senhor!” Era
um cartão de tanuki. Ele tinha completado o papel "terra".
"Eu tenho as cartas que quero." Sakura também parecia ter conseguido um
papel. Isso completou todos os cinco turnos. E finalmente, o virou para
baixo. Cada momento da batalha era mais decisivo e todos os momentos
eram gastos para descobrir a mão do outro e calcular o melhor curso de ação.
Penjira estava bem convencido: “Este é o segundo papel mais forte. A única
maneira de ganhar é se você completar estrela. Mas é improvável, doutora.
Você não completaria esse papel tão cedo. Você perdeu".
Sasuke continuou olhando para o perfil de sua esposa, seu rosto indecifrável,
cutucando os lábios. O dedo de Sakura virou a primeira carta na mão e...
Tanuki.
Não havia muito o que mudar em um jogo de azar e por isso Sasuke já se
preparava para lançar sua ilusão na biblioteca inteira.
“Você trapaceou”
“Ah, é? Você acha? Quer checar para ter certeza?” Sakura estendeu os braços
para Penjira. Ela inclinou a cabeça para expor seu pescoço de pele macia e
atraente. O cabelo rosa como uma cerejeira acariciava suas bochechas
enquanto algumas mechas permaneciam atrás de suas orelhas.
Com seus olhos verdes, ela o encarava em claro sinal de provocação e isso
foi o suficiente para que Penjira ficasse calado. Não a como questionar uma
trapaça se o lado perdedor não mostrar como foi que aconteceu.
“Agora, vire as cartas para baixo” Sakura disse séria “Vamos terminar de
uma vez”.
Penjira já não ligava para as cartas e suas respectivas forças. Ela estava
disposto a tudo contanto que ela perdesse.
Para o sexto jogo, Sakura juntou todas as pilhas de cartas, as bateu na mesa
e sorriu para ele: “Próximo jogo?”
Eles podiam jogar a noite toda, mas o resultado seria o mesmo. Ele não
conseguia ganhar ou perder, estava exausto, esgotado só por jogar.
“Ótimo! ” Ao dizer isso ele foi até as estantes e em seguida voltou com uma
chave entre os dedos. “Aqui está a chave para a biblioteca do porão. É só me
devolverem assim que terminarem. Se ela desaparecer todos seremos
punidos.”
“Prometo devolvê-la, obrigada! ” Quando Sakura tentou pegar a chave,
Penjira puxou a mão de volta, acrescentando:
“Mesmo que o título esteja no catálogo, livros de astronomia não podem ser
guardados lá embaixo.”
“Poderia ter dito isso antes” Sasuke disse com raiva, mas não o suficiente
para intimidar Penjira que apenas deu de ombros:
“Era algum livro proibido e que não devia ter saído por essas portas, mas o
antigo rei queria porque o queria. Se me lembro bem, algo com um tal de
Orochimaru.”
E se esse era o caso, por que diabos eles precisavam ir até Redaku procurar?
A saída foi usar o chakra para criar um pouco de luz em suas mãos. E apenas
com isso, continuaram a andar pelo lugar escuro.
“Ele vem com bastante frequência ao consultório médico. Alega ter dores de
cabeça, no estômago e diversas outras coisas. Nunca encontro nada de errado
quando o examino, por isso acho que é só uma desculpa para se safar do
trabalho. Não posso ajudar, mas ainda assim fico preocupada.”
“É claro que ele está fingindo, Jiji é cheio de energia.” Ao dizer isso, Sasuke
sentiu um aperto incomum em seu peito de uma forma estranha. Não
importava o quanto Jiji tentasse, Sakura era sua esposa.
Ao menos era isso o que Sasuke pensava a todo instante tentando se livrar
daquele sentimento estranho.
Você não acha ruim tantos insetos como eu sempre perto dela? As palavras
de Jiji ecoaram em sua cabeça e com isso uma premonição repugnante fez
com que Sasuke parasse seu trajeto de repente.
“Humm? Você está bem? Sakura também parou um pouco atrás dele.
Sem dizer nada, Sasuke se virou para ela e silenciosamente segurou seus
dedos. Com cuidado, tocou a base de seu dedo anelar e trabalhou seu chackra
até que começasse a se materializar, transformando-se em grãos de areia a
medida que envolviam o delicado dedo, como um pequeno anel de Saturno.
A areia começou a se unir, se tornando cada vez mais prateada.
“Use isso” Sasuke disse e sua expressão refletia preocupação, até que por
fim soltou a mão de Sakura.
“Isso...” Sakura ficou olhando para o anel em volta de seu dedo. A prata
redonda brilhava e a pedra vermelha atraiu seu olhar. No centro, um rubi
reluzia.
“Muito obrigada”
Ele continuou a andar devagar, fingindo não ouvir a voz dela, enquanto
Sakura andava logo atrás, as duas mãos pressionando as bochechas quentes
com vergonha.
Anéis artificiais eram sempre distorcidos, mas não este! O anel que Sasuke
a deu era mais claro, mais brilhante e mais bonito que todas as estrelas no
céu noturno. Era melhor do que qualquer outro. Um lindo presente feito do
controle árduo do chackra de Sasuke.
“Sasuke-kun, você está com ciúmes? ” Era o que Sakura mais desejava
perguntar. Ela sabia que ele dificilmente diria algo então decidiu manter a
dúvida em seu peito. Mas não conseguia parar de olhar a linda pedra
vermelha em seu dedo que fazia seus olhos brilharem de tanta felicidade.
"Oh! Bem..." Sakura que ainda olhava para o anel em seu dedo, puxou a mão
de volta para o lado. "Eu não estava trapaceando, estava realmente tentando
o meu melhor, por memorização. ” Ela o explicava enquanto observava a
frente. Além da porta havia uma escada para o porão, alinhada com telhas.
“Aquelas cartas eram todas muito antigas, se alguma delas estivesse rasgada,
borrada ou danificada eu com certeza saberia qual é. Como um padrão para
minha memória.
“Todas as setenta? ”
“Sim, mas na primeira rodada não consegui e tive que trapacear. Aprendi
algumas técnicas enquanto trabalhei com Tsunade-sama. ” Ela foi tomada
por uma onda de nostalgia ao contar aquilo. “Ela é muito ruim nos jogos,
mas detesta perder. Então, sempre que jogávamos eu a deixava ganhar. Era
bem menos entediante sempre terminar empatado. Sabe, ver o rosto da outra
pessoa mudar de cor até ela desistir. ”
Eles já haviam chegado ao final das escadas e antes que ela se perguntasse
se deveria dizer o resto voz alta, as prateleiras adornadas com teias de aranha,
pergaminhos de todos os tamanhos presos entre outros livros e documentos
encadernados de as formas a deram boas-vindas.
“Qual o problema? ”
“Parece que há outro quarto atrás daquela parede” Sakura virou para olhar a
parede atrás, fechando os olhos logo em seguida.
Sasuke olhou curioso: "As escadas no edifício principal não devem ser mais
baixas do que o primeiro piso... Você está dizendo que há um quarto
escondido, coberto por uma única parede neste porão?" Aquele segundo
porão só é acessível da sala do diretor, o ponto da sala oculta.
"Vamos investigar isso depois. Tem muito escondido por aqui. ” Sasuke
estava curioso sobre a existência do misterioso segundo porão, mas o melhor
momento para pegar o mapa astronômico era aquele.
As mãos de Sakura vagavam pelas prateleiras, procurando a estante com o
catálogo. “É isso! O mapa astronômico". Na prateleira "I", Sakura tirou um
enorme livro azul. A capa tingida com pigmentos primitivos de minerais,
tornando-se áspera ao toque. A tampa traseira adornada com os quatro
caracteres, estava escrito "Mapa Astronômico" em ouro. “Espero que este
livro nos dê algumas pistas. ” Ela virou a capa para baixo e murmurou
confusa para si mesma: “Sai? ”
Sasuke instintivamente olhou para a página que Sakura lia quando ela
involuntariamente murmurou o nome de um amigo da aldeia. Era uma
pintura, uma imagem de um pai e de uma criança de Tanuki que jogavam
nas dunas de areia desenhadas com fluxos de pinceladas.
Aproximando o rosto das páginas, ela percebeu o cheiro de adesivo com óleo
queimado, conhecia aquele cheiro. As pinturas de Sai eram feitas de tinta
diluída com óleo e água. Um método de pintura muito usado em Konoha e
que não devia existir em Redaku.
“Este livro... ele foi feito fora do país? É possível que uma pessoa de fora
tenha vindo para ilustrá-lo? ”
Ele tinha pintado a imagem no livro, mais tarde levando a técnica de volta à
Konoha para ser usada por todas as gerações. Pensando em todas as histórias
do Instituto de Astronomia, a teoria não era assim tão impossível.
"Mas eu não entendo. O que essas doze pinturas têm a ver com a existência
das partículas polares?" A mão de Sakura traçava todo o papel manchado de
tinta. Após uma inspeção mais detalhada, notou que pequenos pontos foram
espalhados ao redor de cada imagem desenhada. Algumas pinturas, como o
tanuki e a tartaruga foram desenhadas de modo que os pontos e as linhas se
sobrepunham, como se estivessem todos conectados como um quebra-
cabeça. "Ligue os pontos!". Ela exclamou, até por fim, perceber: “Isto não é
apenas uma pintura com tinta, é uma constelação. ”
“Constelação? ”
Contudo, não foi o texto que prendeu sua atenção e sim a figura desenhada
abaixo. Era um personagem que estavam acostumados a ver. Em Konoha,
quem vestia aquele emblema era reconhecido como um shinobi de pleno
direito. Sasuke lembrou-se de aprender o significado do símbolo na
academia, vindo da prática shinobi de colocar folhas na cabeça para
concentrar a energia.