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https://pfarma.com.br/coronavirus/5390-plasma-convalescente.html
https://www.cardio365.pt/saber/plaquetas-para-que-precisamos-delas/
PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas
Sobre a Faculdade
Propósito
• Mudar a vida das pessoas para melhor.
Missão
• Educar profissionais da saúde e negócios para fazer diferença no mercado e na
vida.
Visão
• Proporcionar educação de qualidade segmentos da Saúde, Estética, Bem-Estar e
Negócios, tornando-se referência nos mercados regional, nacional e internacio-
nal.
Valores
• Liderança: porque devemos liderar pessoas, atraindo seguidores e influenciando
mentalidades e comportamentos de formas positiva e vencedora.
• Inovação: porque devemos ter a capacidade de agregar valor aos produtos da
empresa, diferenciando nossos beneficiários no mercado competitivo.
• Ética: porque devemos tratar as coisas com seriedade e em acordo com as regu-
lamentações e legislações vigentes.
• Comprometimento: porque devemos construir e manter a confiança e os bons
relacionamentos.
• Transparência: porque devemos sempre ser verdadeiros, sinceros e capazes de
justificar as nossas ações e decisões.
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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas
Nota do autor
A disciplina de Plasma Rico em Plaquetas (PRP) e Fibrina Rica em Plaquetas (PRF)
tem por objetivo levar conhecimento e auxiliar no desenvolvimento de suas habilida-
des na área de uso e administração desta técnica, para usos estéticos e medicinais.
Este trabalho, de forma geral, abrange os conhecimentos necessários para a aplica-
ção nas mais diversas áreas de atuação, como estética, odontologia e medicina.
Estas metodologias ainda são consideradas experimentais por alguns órgãos
governamentais e Conselhos de Classe, porém já tem sido usada com muito suces-
so. Existem exemplos, relatados e publicados, de tratamentos com ótimos resultados,
seja na estética, nos tratamentos de feridas, ou no auxílio do tratamento de doenças
degenerativas ou cirurgias.
Este material está organizado para o desenvolvimento contextualizado para a
introdução ao Plasma Rico em Plaquetas e suas variações, sendo recomendado o
estudo de algumas bibliografias complementares, descritas no final deste trabalho,
para aprofundar os conhecimentos de farmacologia, bioquímica, anatomia, toxico-
logia e aplicações práticas desta técnica.
O autor gostaria de ressaltar que toda e qualquer técnica aqui demonstrada,
deve ser aplicada apenas mediante autorização legal (seja por Lei Federal ou por
Normativa do Conselho de Classe). Além disso, salienta-se o estudo, conhecimento
e prática para o uso correto do PRP e PRF, visando sempre o bem-estar e saúde do
paciente.
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Abreviações
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Sumário
1. Introdução.............................................................................................................................................6
1.1 O Sangue........................................................................................................................................6
1.2 Plaquetas.......................................................................................................................................6
1.3 Fatores de Crescimento.....................................................................................................9
2. Plasma rico em plaquetas (PRP)....................................................................................... 10
2.1 Contraindicações do PRP...................................................................................................11
2.2 Preparo do PRP........................................................................................................................12
2.3 Plasma em Gel...................................................................................................................... 24
3. Fibrina rica em plaquetas (PRF)........................................................................................ 28
3.1 Protocolos para obtenção de L-PRF..........................................................................31
3.2 Protocolos para obtenção de i-PRF....................................................................... 32
4. Plasma rico em plaquetas ozonizado.......................................................................... 34
4.1 Protocolo para PRP Ozonizado Líquido.................................................................. 35
4.2 Protocolo para PRP Ozonizado em Plug ou Membrana........................... 35
5. Legislação referente ao uso de PRP e PRF no Brasil............................................ 36
6. Considerações gerais.............................................................................................................. 38
7. Referências bibliográficas..................................................................................................... 39
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1. Introdução
1.1 O Sangue
O sangue é a porção líquida do meio interno que circula dentro de um sistema
fechado, chamado de sistema circulatório. Ele é formado por um fluído contendo cé-
lulas, moléculas, íons e água. Ele corresponde a aproximadamente 7% do peso cor-
poral de um adulto1,2.
Em sua fração líquida, denominada de plasma, que compõe aproximadamente
55% do sangue, encontramos água, responsável por 90% da composição plasmática,
além de íons como os de sódio, potássio, cálcio, magnésio, cloro e bicarbonato. Em
relação as proteínas, as mais abundantes são a albumina, fibrinogênio e as imuno-
globulinas, ou anticorpos. Além disso estão presentes no plasma nutrientes, como
glicose, aminoácidos, lipídios, vitaminas, hormônios, e resíduos, como os de amônia e
ureia. Encontramos também a presença de oxigênio e dióxido de carbono1,2.
A fração celular do sangue, sendo 45% da composição do sangue total, por sua
vez, é composta pelas hemácias, responsáveis principalmente pelo transporte de
gases, os leucócitos, responsáveis por diversas funções fisiológicas, entre elas a de
proteção, inflamação e reparação tecidual, e as plaquetas, que, entre outras, estão
envolvidas no sistema de coagulação e reparação tecidual1,2.
1.2 Plaquetas
Dentro do tema de Plasma Rico em Plaquetas (PRP) e Fibrina Rica em Plaquetas
(PRF), é de grande interesse estes pequenos fragmentos celulares denominados de
plaquetas (Figura 1 e Figura 2). Estas são fragmentos anucleados, esféricos, ovais ou
alongados, com tamanho variando entre 1,5 e 3,5 µ. O seu citoplasma é granula, púr-
puro e apresenta uma grande diversidade de organelas. A vida média da plaqueta é
de 8 a 12 dias1,2.
Fonte: Universidade Federal de Goiás3
Figura 1: Plaquetas normais (fragmentos menores, com Figura 2: Plaquetas normais (fragmentos menores,
coloração roxa). com coloração roxa).
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Figura 3: A plaqueta: componentes e organização; B: receptores (preto) e agonistas (cinza). Estrutura morfológica
da plaqueta.
Fonte: Castro et al., 20064.
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Figura 4: Plaqueta em seu estado de repouso (A) e em sua forma ativada/dendrítica (B).
Fonte: Thomas et al., 20195.
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Fator Efeito
Proliferação do tecido conjuntivo, angiogênese e estímulo da síntese de
PDGF
outros fatores.
Síntese de colágeno, produção de matriz extracelular e inibição de sua de-
TGF-β1
gradação. Supressão da proliferação celular e imunossupressão.
Proliferação e diferenciação de células mesenquimatosas e epiteliais. Po-
EGF
tencialização de outros fatores. Quimiotaxia e síntese de colágeno.
VEGF Angiogênese.
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alguns cuidados antes da coleta, afim de que não ocorram complicações com o pa-
ciente (hemorragia), e também de que o material seja adequado para o uso – sangue
lipêmico ou presença de hemólise são contraindicações absolutas no preparo de PRP.
Recomenda-se que o paciente não utilize antiplaquetários ou anticoagulantes,
por pelo menos 07 dias antes e 07 dias após a aplicação. Caso o paciente faça uso
destes medicamentos (aspirina, heparina etc.) por recomendação médica, é neces-
sário discutir isto antes com o profissional responsável pelo paciente. Também não
se deve consumir álcool por 07 dias antes e por até 03 dias após. O consumo de álco-
ol não só afeta o sistema imunológico, como afeta também o sistema hepático e vias
de coagulação. É recomendado não consumir carboidratos e lacticínios 12 horas do
procedimento, e realizar um jejum 04 horas antes da coleta. Isto é feito para evitar um
sangue lipêmico, que não pode ser utilizado para o PRP. O consumo de água é permi-
tido e recomendado. Além disso faz-se necessário a solicitação de um hemograma
completo, com contagem de plaquetas, para verificar se não há nenhuma alteração
sanguínea. Deve ser avaliado, no hemograma, tanto a série vermelha, quanto branca
e plaquetária, não podendo apresentar nenhum indício de problemas de saúde ou
de alteração hemodinâmica.
Evitar Fazer
Beber água
lacticínios hemograma
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Existem diversos protocolos para obtenção do PRP, mas a maioria inicia com a
coleta do sangue em Tubo com Citrato de Sódio (Tampa Azul). O Citrato de Sódio
é um anticoagulante, o que permitirá a obtenção do plasma. Caso utilize-se um
tubo com coagulante, ou sem nenhum produto adicional, obteríamos o soro, e não
o plasma. Não se usa o tubo com Heparina, outro anticoagulante, pois esta induz
a agregação plaquetária. Também não se utiliza o tubo com EDTA pois ele causa
a fragmentação das plaquetas, o que irá gerar perda de FCs. Isto é válido para as
técnicas utilizadas para a obtenção do PRP clássico. Para obtenção de algumas
variações de PRP e de outros agregados plaquetários, pode-se fazer necessário o
uso de outros tubos.
Atualmente, no Brasil, existem diversos tubos para a coleta de sangue, cada um
podendo ou não conter diferentes aditivos. Estes aditivos são utilizados especialmen-
te na rotina laboratorial, mas podem interferir diretamente no processo de produção
do PRP. O processo de coleta pode ser feito de acordo com as Recomendações da
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial para Coleta de San-
gue Venoso15.
Os diferentes tubos existentes no mercado brasileiro são os seguintes, conforme
Tabela 2:
Ativador
acelerado. Utilizados para determinação em soro nas áreas de
de
Bioquímica e Sorologia. Podem ser utilizados para tipagem ABO,
Coágulo
RH, pesquisa de anticorpos, fenotipagem eritrocitária e teste de
antiglobulina direta.
Contém ativador de coágulo jateado na parede do tubo que faz
Ativador
Amarelo
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Lilás/Rosa
Possui EDTA jateado na parede do tubo e são utilizados em ban-
cos de sangue. O EDTA é o anticoagulante recomendado para
EDTA
rotinas de hematologia por ser o melhor anticoagulante para a
preservação da morfologia celular.
Possuem Heparina de Lítio jateada na parede do tubo. São uti-
lizados quando é necessário o uso de plasma para determina-
Verde
Heparina
ções Bioquímicas. Estes aditivos são anticoagulantes que ati-
de Lítio
vam as enzimas antiplaquetárias, bloqueando a cascata de
coagulação.
Figura 5: Sangue normal (esquerda) versus sangue li- Figura 6: Sangue sem hemólise a esquerda, e os dife-
pêmico (direita). rentes graus de hemólise.
Fonte: Wollina et al., 201817. Fonte: DB Diagnósticos18.
O PRP pode ser preparado através de duas maneiras diferentes: via sistemas
abertos, que são os que utilizam tubos de coleta padrão, que será demonstrado nes-
te material, e o sistema fechado, que são kits específicos para este procedimento.
Como os sistemas fechados apresentam protocolos específicos para de fornecedor,
não serão abordados neste material. Cada sistema apresenta vantagens e desvan-
tagens. O sistema aberto, que utiliza o processo de coleta de sangue em tubos de
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Para a aplicação do PRP em si, o material necessário irá depender da técnica a ser
utilizada. Deve-se sempre pensar no objetivo do tratamento. Em alguns casos serão
utilizados materiais cirúrgicos estéreis, e em outros, apenas uma seringa e agulha.
Existem diversos protocolos para o preparo do PRP, assim como existem diversos
estudos comparativos destas técnicas. Infelizmente não existe um consenso na comu-
nidade científica acerca de uma padronização. Os protocolos diferenciam-se entre si
em função da quantidade de centrifugações, assim como da velocidade e tempo de
centrifugação. Os diferentes processos de centrifugação podem acarretar uma maior
ou menor quantidade das plaquetas na fase líquida do plasma, além de possibilitarem
uma maior ou menor quantidade de células brancas. Além da diferença na quantida-
de de células, fragmentos e proteínas no plasma, as diferentes velocidades e tempos
de centrifugação podem ou não gerar degradação plaquetária, liberação antecipada
de fatores de crescimento, agregação plaquetária, entre outros. Todos estes fatores
irão afetar a qualidade do produto final, e, por consequência, seus resultados. Como
dito anteriormente, não existe um consenso acerca do melhor protocolo. Nesta apostila
foram escolhidos protocolos que comprovadamente geram uma boa quantidade de
plaquetas e são de fácil execução. Também há discussões sobre qual parte do plas-
ma deve ser aspirada, quais tubos utilizar e o uso ou não de ativadores plaquetários19.
Para esta apostila foi adotado um protocolo descrito em muitos artigos de revisão,
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visando agilidade e boa quantidade de PLTs e FCs no produto. Cabe a cada profissio-
nal, perante suas necessidades, avaliar os protocolos existentes, sempre embasado
em publicações científicas revisadas por pares, para escolher aquele que melhor irá
atender as suas necessidades (ativação mais rápida ou lenta de plaquetas, presença
ou ausência de células brancas, formação ou inibição da formação de coágulo etc.).
Os primeiros pontos a se discutirem são a centrifugação e aspiração. Ao ser cen-
trifugado, na presença de anticoagulantes, o sangue irá se dividir em três frações,
conforme Figura 7: O plasma (fração superior), a zona de névoa ou buffy coat, rica em
plaquetas e leucócitos (zona intermediária) e a fração de células vermelhas (zona
inferior). Caso não utilizemos um anticoagulante, iremos obter o soro, na fração su-
perior, que não contém fibrinogênio, ao contrário do plasma. Alguns autores discutem
se há a necessidade de aspirar o Buffy Coat (BC) ou não. A aspiração do BC pode
gerar uma maior quantidade de FCs, porém também contará com a presença de
leucócitos (que secretam alguns FCs específicos), o que poderia gerar um aumento
da inflamação, porém não há consenso. Para algumas técnicas de aplicação de PRP,
como na odontologia e traumatologia pode ser interessante a aspiração do BC para
a formação da chamada L-PRP (Leukocyte and Plasma Rich Platelet ou Leucócitos
e Plasma Ricos em Plaquetas), visto que secretam alguns FCs específicos e podem
auxiliar nos processos de cicatrização, inclusive por vias de imunomodulação20,21.
Figura 7: Plasma, a esquerda, apresentando as três frações. A direita vemos o sangue centrifugado sem anticoa-
gulantes, gerando o Soro.
Fonte: Biomedicina Padrão.
ENTENDENDO MELHOR: O sangue total será centrifugado, e será separado em três fa-
ses, de cima para baixo, respectivamente, em função da densidade das proteínas e célu-
las: Plasma, Zona de Névoa/BC e Hemácias. Nos 2/3 superiores do plasma encontramos
o Plasma Pobre em Plaquetas (PPP), e no terço inferior do plasma encontramos o PRP. No
BC também encontramos plaquetas, mas também existem leucócitos, que podem induzir
inflamação, ao mesmo tempo que também produzem FCs úteis para as áreas de regene-
ração de ossos e articulações, por exemplo.
Não existe consenso sobre a necessidade de aspiração do BC para o preparo do PRP,
especialmente dentre do âmbito da estética.
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1ª
Centrifugação
Aspiração do
PRP
2ª
Centrifugação
Descarte de
Sobrenadante
Ressuspensão
das plaquetas
Aplicação do
PRP
Figura 9: Resumo do Processo de Dupla Centrifugação.
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Elementos mais densos e pesados irão precipitar mais do que os elementos mais le-
ves, que irão permanecer nas partes superiores dos tubos. A maioria das centrífugas
apresenta controles que podem aumentar ou diminuir a velocidade de rotação. Em
outras palavras, podem ser ajustadas para fazerem a centrifuga girar mais rápido ou
mais devagar. Isto irá gerar um G maior ou menor. É importante ressaltar que alguns
modelos possuem uma velocidade fixa, não pode ser alterada. A RCF ou G incidentes,
então, dependem de dois fatores: a velocidade com que o rotor da centrifuga irá girar
e o raio do rotor (a distância entre o eixo central do rotor e o local onde os tubos são
colocados). A velocidade de rotação da centrifuga é dada em Rotações Por Minuto,
ou RPM. Quanto maior o RPM, maior a força G. Quanto menor o RPM, menor a força
G. Outro fator que influencia na RCF ou G é o raio do rotor da centrífuga. De forma
sucinta pode-se dizer que a Força Gravitacional depende da velocidade de rotação
(RPM) e do raio/diâmetro do rotor da centrífuga. Em outras palavras: 1.000 RPM na
centrifuga A não correspondem, necessariamente, a 1.000 RPM na centrifuga B, pois
elas podem ter um raio de rotor diferente. Podemos pensar de maneira inversa: 100
G podem equivaler a 1000 RPM na centrifuga A, e 1500 RPM na centrifuga B. Por causa
disso muitos estudos expressam seus protocolos de centrifugação em G ou RCF, pois
através de uma fórmula matemática podemos converter isto para RPM e adaptar o
protocolo para a centrifuga com o qual irá se trabalhar. O que importa é que a For-
ça Gravitacional seja a mesma daquela descrita pelo protocolo utilizado, visto que o
RPM será variável. O raio do Rotor é uma informação que vem descrita nas especifi-
cações técnicas do aparelho.
Exemplo:
1.000 G equivalem à 2.853 RPM em uma centrifuga com um rotor com raio de 11 cm.
Porém, em uma centrífuga com rotor com raio de 8 cm, 1.000 G equivalem à 3345 RPM.
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A fórmula matemática pode ser utilizada, mas também existem ferramentas on-
line que realizam estas conversões de forma automática e simples, onde basta entrar
os dados de Raio do Rotor e G, para que se obtenha o RPM (ou entrar com o RPM para
que se obtenha o G). Um exemplo é a Calculadora de Centrifugação da Merc.
Dica: Digite no Google calculadora força centrífuga rpm e explore outras calcu-
ladoras online existentes.
Figura 10: Sangue total (Esquerda) e sangue centrifugado (direita). A imagem mostra que a fração a ser aspirada
é a de terço inferior do PRP, sem aspiração do BC.
Fonte: Adaptado de Downing et al., 2012.
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Figura 11: A imagem mostra que a fração a ser aspirada é total do plasma, sem aspiração do BC.
Fonte: Adaptado de Downing et al., 2012.
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Figura 13: O PPP (os 2/3 da porção superior do plasma) deve ser descartado e o PRP deve ser ressuspendido, gen-
tilmente, com o concentrado plaquetário no fundo.
Fonte: Adaptado de Dhurat et al., 2014.
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Figura 17: Seringa (esquerda) contendo o PRP Gel, e seringa (direita) contendo o PPP. Ambas conectadas por um
conector de duas vias, prontas para o processo de diluição.
Fonte: Rossi et al., 202025.
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Figura 18: Aplicação de PRF em cavidade criada após Figura 19: Aplicação de PRF em cavidade gerada após
remoção cirúrgica de canino maxilar impactado. remoção do 3º molar mandibular esquerdo.
Fonte: Saluja et al., 201129. Fonte: Saluja et al., 201129.
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PRP PRF
Centrifugação em velocidade mais alta Centrifugação em velocidade mais baixa
Menor quantidade plaquetária Maior quantidade plaquetária
Liberação mais rápida de FC Liberação mais lenta de FC*
Duas centrifugações para obter altos
Apenas uma centrifugação
níveis de FC
Menor volume final Maior volume final
Necessita de mais sangue coletado Necessita de menos sangue coletado
Maior custo Menor custo
Grande quantidade de protocolos Pouca quantidade de protocolos
(baixa reprodutibilidade) (alta reprodutibilidade)
0% de WBC pela técnica de PC
Até 65% de WBC presentes
Até 50% de WBC pela técnica de BC-PC
Sem propriedades imunomodulatórias Com propriedades imunomodulatórias
Baixo potencial neoangiogênico Alto potencial neoangiogênico
Pouco osteocondutivo Muito osteocondutivo
Menos adequado para a produção de Mais adequado para produção de gel e
gel e membranas membranas
* Uma liberação mais lenta de FC garante uma ação mais prolongada, e, por consequência, um resultado melhor, se com-
parado ao PRP, que por sua vez tem uma liberação mais rápida dos FC, porém como uma ação mais curta.
Apesar da forma mais comum de uso da PRF ser na forma de plug ou membrana,
existe também sua forma líquida, que apresenta as mesmas vantagens da PRF sóli-
da, porém pode ser utilizada de formas diferentes. Então a PRF pode ser classificada
em dois tipos distintos28:
• L-PRF: Leukocyte and Platelet Rich Fibrin ou Fibrina Rica em Plaquetas e Leucóci-
tos, que é um concentrado plaquetário na forma de coágulo plaquetário (sólido),
e que pode ser utilizado como membrana ou plug. É mais utilizado nas áreas de
odontologia e medicina, no tratamento de feridas ou cirurgias.
• i-PRF: Injectable Platelet Rich Fibrin ou Fibrina Rica em Plaquetas Injetável, que
é o concentrado plaquetário de consistência líquida, similar ao PRP clássico, que
pode ser aplicado diretamente nesta forma, como em articulações, na área da
estética, entre outros, ou misturado a biomateriais, como ossos.
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Figura 20: Na fotografia B é visto o PRF formado logo acima da fração vermelha. Na fotografia C se vê o coágulo
removido com uma pinça estéril. Na figura D pode-se ver a transformação do L-PRF em membrana, ao ser mis-
turado com biomaterial30.
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Figura 21: Esquema demonstrando o protocolo utilizado por Jagati e colaboradores em 2019. Na parte inferior, a
direita, é possível ver a membrana de PRF pronta para uso35.
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Figura 22: Úlcera causada por pênfigo vulgar. Fotografia A mostra a lesão antes do tratamento, e fotografia B mos-
tra a lesão após 6 semanas do tratamento.
Fonte: Jagati et al, 201935.
Figura 23: Úlcera na região da perna. Fotografia A mostra a lesão antes do tratamento, e fotografia B mostra a
lesão após 6 semanas do tratamento.
Fonte: Jagati et al, 201935.
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Com base nisto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por meio da Nota
Técnica n° 064/2015 GSTCO/GGPBS/SUMED/ANVISA, de forma resumida, determinou
nos seguintes itens da nota:
“2. As indicações clínicas e finalidade terapêutica para o uso de PRP
deverão ser reconhecidas e regulamentadas pelos respectivos Conselhos
Profissionais.
4. O processamento do PRP com finalidade autóloga, por meio de sis-
tema fechado, poderá ser realizado em estabelecimentos assistenciais da
saúde, de acordo com o disposto na RDC n° 163/2011, que dispõe sobre os
requisitos de Boas Práticas de funcionamento para Serviços de Saúde, ou a
que vier a substitui-la.
6. O processamento do PRP por meio de sistema aberto deverá ser re-
alizado em Centros de Tecnologia Celular, de acordo com o disposto pela
RDC n° 09/2011, que dispõe sobre os Centros de Tecnologia Celular para fins
de pesquisa clínica ou terapia, ou a que vier a substitui-la.”
Sobre o item 4, que dispõe sobre o uso de PRP via sistema fechado, a RDC n° 63,
de 25 de novembro de 2011, define Serviço de saúde como:
“XII – serviço de saúde: estabelecimento de saúde destinado a prestar
assistência à população na prevenção de doenças, no tratamento, recupe-
ração e na reabilitação de pacientes.”
Diante disto, fica inviável para Clínicas Estéticas prestarem serviço com utilização
de PRP via Sistema Fechado. Isto permite, porém, que Clínicas Médicas e Odontológi-
cas possam utilizar o PRP, desde que permitido pelos respectivos conselhos.
Sobre o item 6, que dispõe sobre o uso de PRP via sistema aberto, a RDC n° 09 de
novembro de 2011, define Centros de Tecnologia Celular como:
“XIV – Centros de Tecnologia Celular (CTC): serviço que, com instalações
físicas, recursos humanos, equipamentos, materiais, reagentes e produtos
para diagnóstico de uso in vitro e metodologias, realiza atividades voltadas
à utilização de células humanas, inclusive seus derivados, em pesquisa clí-
nica e/ou terapia.”
Novamente ficam as clínicas estéticas excluídas do uso de PRP, desta vez via sis-
tema aberto. Clínicas Médicas e Odontológicas, conforme resolução, podem utilizar o
PRP caso enquadrem-se como um CTC.
Atualmente apenas o Conselho Federal de Odontologia permite o uso de PRP pe-
los profissionais, porém cabe ressaltar que o profissional dentista deve estar ciente
das exigências da ANVISA para a aplicação destas técnicas. O Conselho Federal de
Medicina, Conselho Federal de Biomedicina, Conselho Federal de Farmácia e Conse-
lho Federal de Enfermagem não permitem o uso do PRP para fins estéticos. O Conse-
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6. Considerações gerais
O uso e desenvolvimento das primeiras técnicas envolvendo concentrados pla-
quetários iniciaram há mais de meio século atrás. Desde então esta técnica vem
evoluindo, onde novos protocolos foram e continuam sendo desenvolvidos, visando
maior segurança, rapidez e eficácia da técnica.
Ainda existem muitos desafios científicos acerca do PRP e PRF, e seus derivados,
no que diz respeito a eficácia e protocolos de obtenção e aplicação. Como foi dito
inúmeras vezes neste trabalho, não há uma concordância geral sobre os protocolos
de produção do PRP e PRF, principalmente no que diz respeito a etapa de centrifuga-
ção. Isso se repete em diversos aspectos da ciência, englobando os mais diversos
tratamentos, nas diferentes áreas científicas. Também não há um consenso sobre
sua eficácia, porém a grande maioria dos estudos publicados demonstram que o PRP
ou PRF geram efeitos positivos, quando utilizados e forma isolada, e comparados a
placebo, ou de forma conjunta com outras técnicas já bem descritas, quando com-
parados a estas técnicas isoladamente. Fica claro que há sim um benefício do uso do
PRP e PRF em diversas técnicas odontológicas, médicas e estéticas. Obviamente não
se pode fazer uma generalização, e cada caso deve ser avaliado e estudado para se
verificar a eficácia.
Cabe a cada profissional realizar um levantamento bibliográfico atual de artigos
de relevância científica, com o intuito de encontrar o melhor protocolo para suas
intenções, e de se verificar se tal procedimento trará benefícios ou não para os pa-
cientes.
Ainda, deve o profissional ficar ciente das exigências legais sobre o uso destes
concentrados plaquetários. É de suma importância que o profissional não só verifi-
que com o seu Conselho se pode ou não trabalhar com a técnica, mas também em
quais condições, visto que a ANVISA pode determinar que certas aplicações só po-
dem ser realizadas em locais específicos (hospitais, centros de pesquisa, etc.)
De forma geral, conclui-se que o PRP e PRF são técnicas avançadas, eficazes e
seguras. Não apresentam risco de infecções cruzadas e riscos nulos ou quase nulos
de reações alérgicas ou de rejeição, visto que são produtos autólogos.
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7. Referências bibliográficas
1. Hoffbrand AV, Moss PAH, Failace RR. Fundamentos em Hematologia de Hoffbrand.
Artmed; 2017. 384 p.
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