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PRP e PRF

Plasma rico em plaquetas


e
Fibrina rica em plaquetas

https://pfarma.com.br/coronavirus/5390-plasma-convalescente.html
https://www.cardio365.pt/saber/plaquetas-para-que-precisamos-delas/
PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Sobre a Faculdade
Propósito
• Mudar a vida das pessoas para melhor.

Missão
• Educar profissionais da saúde e negócios para fazer diferença no mercado e na
vida.

Visão
• Proporcionar educação de qualidade segmentos da Saúde, Estética, Bem-Estar e
Negócios, tornando-se referência nos mercados regional, nacional e internacio-
nal.

Valores
• Liderança: porque devemos liderar pessoas, atraindo seguidores e influenciando
mentalidades e comportamentos de formas positiva e vencedora.
• Inovação: porque devemos ter a capacidade de agregar valor aos produtos da
empresa, diferenciando nossos beneficiários no mercado competitivo.
• Ética: porque devemos tratar as coisas com seriedade e em acordo com as regu-
lamentações e legislações vigentes.
• Comprometimento: porque devemos construir e manter a confiança e os bons
relacionamentos.
• Transparência: porque devemos sempre ser verdadeiros, sinceros e capazes de
justificar as nossas ações e decisões.

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seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc, sem a permissão por escrito da Instituição.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Nota do autor
A disciplina de Plasma Rico em Plaquetas (PRP) e Fibrina Rica em Plaquetas (PRF)
tem por objetivo levar conhecimento e auxiliar no desenvolvimento de suas habilida-
des na área de uso e administração desta técnica, para usos estéticos e medicinais.
Este trabalho, de forma geral, abrange os conhecimentos necessários para a aplica-
ção nas mais diversas áreas de atuação, como estética, odontologia e medicina.
Estas metodologias ainda são consideradas experimentais por alguns órgãos
governamentais e Conselhos de Classe, porém já tem sido usada com muito suces-
so. Existem exemplos, relatados e publicados, de tratamentos com ótimos resultados,
seja na estética, nos tratamentos de feridas, ou no auxílio do tratamento de doenças
degenerativas ou cirurgias.
Este material está organizado para o desenvolvimento contextualizado para a
introdução ao Plasma Rico em Plaquetas e suas variações, sendo recomendado o
estudo de algumas bibliografias complementares, descritas no final deste trabalho,
para aprofundar os conhecimentos de farmacologia, bioquímica, anatomia, toxico-
logia e aplicações práticas desta técnica.
O autor gostaria de ressaltar que toda e qualquer técnica aqui demonstrada,
deve ser aplicada apenas mediante autorização legal (seja por Lei Federal ou por
Normativa do Conselho de Classe). Além disso, salienta-se o estudo, conhecimento
e prática para o uso correto do PRP e PRF, visando sempre o bem-estar e saúde do
paciente.

Prof. Rodrigo Noronha de Mello


Biomédico – CRBM 5 – 0288
Habilitado em Bioquímica, Patologia Clínica e Estética
Especialista em Estética
Mestre em Genética e Toxicologia Aplicada

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plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Abreviações

BC Buffy coat ou Zona de Névoa


BC-PC Buffy-coat Platelet Concentrate ou Concentrado Plaquetário com Zona de Névoa
FC Fator de Crescimento
G Força Gravitacional
i-PRF Injectable Platelet Rich Fibrin ou Fibrina Rica em Plaquetas Injetável
I-PRP Injectable Platelet Rich Plasma ou Plasma Rico em Plaquetas Injetável
L-PRF Leukocyte and Platelet Rich Fibrin ou Fibrina Rica em Leucócitos e Plaquetas
L-PRP Leucócitos e Plasma Rico em Plaquetas
PC Platelet Concentrate ou Concentrado Plaquetário
PG Plasma em Gel
PLT Plaquetas
PPP Plasma Pobre em Plaquetas
PRF Fibrina Rica em Plaquetas
PRP Plasma Rico em Plaquetas
RCF Relative Centrifugal Force ou Força Centrifuga Relativa
RPM Rotações por Minuto
WBC White blood cells ou Células Brancas/Leucócitos

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas
Sumário
1. Introdução.............................................................................................................................................6
1.1 O Sangue........................................................................................................................................6
1.2 Plaquetas.......................................................................................................................................6
1.3 Fatores de Crescimento.....................................................................................................9
2. Plasma rico em plaquetas (PRP)....................................................................................... 10
2.1 Contraindicações do PRP...................................................................................................11
2.2 Preparo do PRP........................................................................................................................12
2.3 Plasma em Gel...................................................................................................................... 24
3. Fibrina rica em plaquetas (PRF)........................................................................................ 28
3.1 Protocolos para obtenção de L-PRF..........................................................................31
3.2 Protocolos para obtenção de i-PRF....................................................................... 32
4. Plasma rico em plaquetas ozonizado.......................................................................... 34
4.1 Protocolo para PRP Ozonizado Líquido.................................................................. 35
4.2 Protocolo para PRP Ozonizado em Plug ou Membrana........................... 35
5. Legislação referente ao uso de PRP e PRF no Brasil............................................ 36
6. Considerações gerais.............................................................................................................. 38
7. Referências bibliográficas..................................................................................................... 39

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1. Introdução
1.1 O Sangue
O sangue é a porção líquida do meio interno que circula dentro de um sistema
fechado, chamado de sistema circulatório. Ele é formado por um fluído contendo cé-
lulas, moléculas, íons e água. Ele corresponde a aproximadamente 7% do peso cor-
poral de um adulto1,2.
Em sua fração líquida, denominada de plasma, que compõe aproximadamente
55% do sangue, encontramos água, responsável por 90% da composição plasmática,
além de íons como os de sódio, potássio, cálcio, magnésio, cloro e bicarbonato. Em
relação as proteínas, as mais abundantes são a albumina, fibrinogênio e as imuno-
globulinas, ou anticorpos. Além disso estão presentes no plasma nutrientes, como
glicose, aminoácidos, lipídios, vitaminas, hormônios, e resíduos, como os de amônia e
ureia. Encontramos também a presença de oxigênio e dióxido de carbono1,2.
A fração celular do sangue, sendo 45% da composição do sangue total, por sua
vez, é composta pelas hemácias, responsáveis principalmente pelo transporte de
gases, os leucócitos, responsáveis por diversas funções fisiológicas, entre elas a de
proteção, inflamação e reparação tecidual, e as plaquetas, que, entre outras, estão
envolvidas no sistema de coagulação e reparação tecidual1,2.

1.2 Plaquetas
Dentro do tema de Plasma Rico em Plaquetas (PRP) e Fibrina Rica em Plaquetas
(PRF), é de grande interesse estes pequenos fragmentos celulares denominados de
plaquetas (Figura 1 e Figura 2). Estas são fragmentos anucleados, esféricos, ovais ou
alongados, com tamanho variando entre 1,5 e 3,5 µ. O seu citoplasma é granula, púr-
puro e apresenta uma grande diversidade de organelas. A vida média da plaqueta é
de 8 a 12 dias1,2.
Fonte: Universidade Federal de Goiás3

Figura 1: Plaquetas normais (fragmentos menores, com Figura 2: Plaquetas normais (fragmentos menores,
coloração roxa). com coloração roxa).

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plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Em um ser humano adulto saudável esperasse encontrar entre 150.000 e 400.000


plaquetas por milímetro cúbico (mm3) de sangue. Uma quantidade de plaquetas
acima deste limite é chamada de trombocitose, já uma diminuição é conhecida por
trombocitopenia1,2.
A plaqueta é um fragmento citoplasmático proveniente de uma célula chamada
de Megacariócito. Esta célula, quando exposta à trombopoetina sintetiza as plaque-
tas. Este mecanismo ainda não está completamente explicado, mas acredita-se que
haja uma fragmentação citoplasmática do megacariócito, onde as plaquetas são
formadas internamente, até o limite que o megacariócito comporta, e então libera-
das na corrente sanguínea, onde irão circular por até 10 dias. Após este período, as
plaquetas velhas serão sequestradas pelo baço e futuramente destruídas. O proces-
so de produção das plaquetas ocorre dentro da medula óssea vermelha, presente
em ossos longos, esterno, pelve, coluna vertebral, costelas e crânio (em adultos)1,2.
Morfologicamente (Figura 3), a estrutura plasmática da plaqueta pode ser dividi-
da na chamada Porção Periférica, ou hialômetro, que é composta pelo citoesqueleto
contrátil, que garante a sustentação e forma da PLT (plaqueta), Porção Central ou
Granulômero, onde encontram-se as organelas citoplasmáticas e os grânulos, e os
Canais Citoplasmáticos1,2.
Os grânulos citoplasmáticos das PLT são os seguintes:
• Lisossomos;
• Peroxissomos;
• Grânulos Alfa, onde encontramos, entre outros, os fatores de crescimento;
• Grânulos Delta (densos).

Figura 3: A plaqueta: componentes e organização; B: receptores (preto) e agonistas (cinza). Estrutura morfológica
da plaqueta.
Fonte: Castro et al., 20064.

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A plaqueta circulante encontra-se em um estado de repouso, até que haja uma


lesão tecidual, no que ela se ativa a fim de auxiliar no processo de coagulação e re-
paro tecidual. As principais moléculas e proteínas que irão gerar esta ativação das
plaquetas são a trombina, ADP (difosfato de adenosina), colágeno, cálcio e ligantes
de outras células1,2.
Este processo inicia-se ao ocorrer uma lesão no tecido. Quando esta injúria acon-
tece, algumas proteínas do tecido lesionado tornam-se expostas, como o colágeno e
o Fator de Von Willebrand. Este fator, acoplado ao colágeno, liga-se em um receptor
específico da plaqueta (GPCR). Neste momento a plaqueta entra em sua forma ativa,
onde ela assume uma forma dendrítica. A plaqueta ativada começa então a liberar
fatores pró-trombóticos, como o ADP e tromboxano, o que causa a agregação e ati-
vação plaquetária, gerando um efeito cascata, onde cada nova plaqueta ativada
recruta e ativa outras plaquetas (este mecanismo é regulado por retroalimentação
com o objetivo de evitar-se uma trombose). A liberação da trombina, também via
PLTs, induz a formação de uma rede de fibrina, que irá auxiliar a estabilizar o coágulo,
e captura hemácias para tornar a coagulação mais eficaz. Durante este processo
existe a presença de outras moléculas envolvidas, como os fatores de coagulação,
que tem a função de auxiliar na hemóstase1,2.

Figura 4: Plaqueta em seu estado de repouso (A) e em sua forma ativada/dendrítica (B).
Fonte: Thomas et al., 20195.

Além de envolvidas no processo de hemóstase via indução de coagulação, as


plaquetas estão intimamente relacionadas aos processos de reparo tecidual, pois
liberam Fatores de Crescimento (FC), presentes nos grânulos alfa.

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1.3 Fatores de Crescimento


Os Fatores de Crescimento são substâncias endógenas naturais, que tem como
função estimular a proliferação celular, reparo tecidual e diferenciação celular. São
definidos originalmente como uma molécula biologicamente ativa que pode esti-
mular o crescimento das células. Mais recentemente inclui-se na definição o fato de
que podem promover ou inibir a mitose e afetar a diferenciação celular. Também
estimulam a quimiotaxia, síntese proteica e angiogênese. São considerados os poli-
peptídeos universais nos processos de reparação de tecido lesionado. Estes FCs são
produzidos e liberados por diversas células, desde epidermais, até leucócitos, como
os neutrófilos, macrófagos etc. As plaquetas têm grande papel na produção e libera-
ção destes fatores de crescimento. Em função disso, e por serem facilmente obtidas,
e em grande quantidade, desenvolveu-se as técnicas concentrados plaquetários,
pois, mesmo que outras células também liberem FCs, são de difícil aquisição e ma-
nipulação6–8.
Os FC podem agir de forma específica em receptores de superfície celular, que,
então, irão realizar uma transdução de sinal que irá alterar a expressão de genes e
gerar os efeitos já descritos9.
Alguns destes FCs são pequenos peptídeos, que são chamados de citocinas.
Enquanto todas as citocinas afetam os caminhos de transdução de sinal, apenas
aquelas que induzem crescimento e/ou diferenciação celular podem ser considera-
dos Fatores de Crescimento9.
Existem fatores de crescimento similares a hormônios esteroidais lipossolúveis.
Não existem receptores celulares para esta categoria de FCs, e eles conseguem
adentrar diretamente para o citoplasma e se ligarem diretamente a receptores in-
tracelulares ou receptores nucleares, e, então, transmitirem o sinal de crescimento/
diferenciação. Os estrogênios, androgênios e progesteronas, produzidos em glându-
las específicas, são todos exemplos de fatores de crescimento. Nem todo hormônio
pode ser considerado um FC, porém. Estudos demonstram que inclusive pequenas
moléculas como Oxido Nítrico ou Espécies Reativas de Oxigênio podem agir como
fatores de crescimento9.

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plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Os principais fatores de crescimento produzidos pelas plaquetas e/ou encontra-


dos no plasma são:

Fator Efeito
Proliferação do tecido conjuntivo, angiogênese e estímulo da síntese de
PDGF
outros fatores.
Síntese de colágeno, produção de matriz extracelular e inibição de sua de-
TGF-β1
gradação. Supressão da proliferação celular e imunossupressão.
Proliferação e diferenciação de células mesenquimatosas e epiteliais. Po-
EGF
tencialização de outros fatores. Quimiotaxia e síntese de colágeno.

VEGF Angiogênese.

HGF Angiogênese. Anti-fibrose.

IGF-1 Quimiotaxia, crescimento e regeneração muscular e óssea. Síntese proteica.


Proliferação de fibroblastos, mioblastos, queratinócitos e condrócitos. An-
FGF
giogênese
PDGF – Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas; TGF-β1 – Fator de Crescimento Transformador beta um; EGF – Fator
de Crescimento Epidérmico; VEGF – Fator de Crescimento Endotelial Vascular; HGF – Fator de Crescimento Hepático; IGF-1 –
Fator de Crescimento Insulínico tipo um; FGF – Fator de Crescimento Fibroblástico

Tabela 1: Principais fatores de crescimento.


Fonte: Adaptado de Opneja et al, 201910.

2. Plasma rico em plaquetas (PRP) 


O plasma é a porção líquida do sangue que atua principalmente no transporte
de células sanguíneas, entre elas as plaquetas, que são fragmentos celulares. As pla-
quetas, por sua vez, contêm grânulos ricos em diversas substâncias, como os Fatores
de Crescimento, responsáveis pela diferenciação celular e síntese proteica. O uso de
Fatores de Crescimento na prática clínica surgiu por eles promoverem uma cicatri-
zação mais rápida, com reparo tecidual de qualidade, sendo seguros para o uso em
humanos. O Plasma Rico em Plaquetas é a porção do plasma, rico em plaquetas, que
é obtido através da centrifugação de uma amostra de sangue total. Tendo em vista
que as plaquetas secretam diversos FC, o PRP tem utilizado na proliferação e dife-
renciação da MEC (Matriz Extracelular), ativação de fibroblastos (neocolagênese e
síntese de outros componentes de MEC), podendo ser utilizado tanto no rejuvenesci-
mento tecidual quanto em processos cicatriciais. Enquanto uma amostra de sangue
total contém aproximadamente 5% de plaquetas, no PRP conseguimos em torno de
95% de plaquetas na amostra. A média desta concentração varia de acordo com os
protocolos, mas é sempre superior ao encontrado no sangue total11–14.

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Em 1970 foram desenvolvidas as primeiras técnicas envolvendo o PRP, neste caso


para a transfusão sanguínea. Pouco após, na final da década de 70 e início da dé-
cada de 80, foi utilizado para cirurgias maculares (doença que acomete os olhos) e
tratamento de úlceras. Na década de 90 começaram os estudos e aplicações do PRP
na área de odontologia, principalmente nas cirurgias bucomaxilofaciais e reconstru-
ções mandibulares. Já nos anos 2000, o PRP começou a ser utilizado para a redução
de sangramento e melhora da recuperação pós-cirúrgica. Ainda nesta década, pes-
quisadores e médicos aplicaram o PRP, pela primeira vez, em cirurgias de artroscopia,
ortopédicas e na medicina do esporte. Ao final desta década o PRP começou a apre-
sentar seu uso na área de plástica e cosmética, e outros usos, como os na neurologia.
Visto que é um produto autólogo, ou seja, do próprio paciente, não apresenta riscos
de reação alérgica ou de infecção transmissível. Recentemente houve um grande
aumento no uso de PRP para as áreas de medicina do esporte, ortopedia, odontolo-
gia, neurocirurgia, oftalmologia, estética, urologia e cicatrização de feridas11.
Dentro da estética, atualmente, o PRP age nos fibroblastos, tanto na quimiotaxia
desta célula (e outras), como nas suas ativações. Isto faz com que os fibroblastos e
outras células sintetizem colágeno, elastina e outras proteínas importantes da matriz
extracelular. Deste modo induzem uma maior reparação e rejuvenescimento tecidu-
al, gerando uma pele mais homogênea e firme. Também pode ser utilizado pelo seu
potencial volumizador, para a melhora de rugas, estrias, linhas de expressão, alope-
cia, flacidez de pele, preenchimento e cicatrizes atróficas. Em outras áreas, em espe-
cial da medicina e odontologia, seu uso é abundante: tratamentos de artrose, lesões
degenerativas, lesões ligamentares, necrose avascular, lesões musculares e de disco
intervertebral, além da melhora da cicatrização no geral. Ainda pode ser utilizado em
cirurgias orais, como nas de reconstrução mandibular, implantes dentários, cirurgias
cardíacas (reparo mais rápido do esterno e melhora da hemostasia), para um me-
lhor pós-operatório cicatricial da cirurgia bariátrica. Estes benefícios se devem ao
estímulo de processos cicatriciais e regeneração de tecidos, facilitando assim não
só o reparo pós cirúrgico, mas como a aceleração de cura pós procedimento e/ou
lesional. Estudos também demonstram ótima eficácia nos tratamentos de trauma-
tismo craniano, para o fechamento do crânio, na cirurgia vascular, e nos tratamentos
de lesões de córnea11–14.

2.1 Contraindicações do PRP


Como qualquer procedimento, o PRP apresenta suas contraindicações. Isto deve
ser avaliado em cada paciente, pelo profissional responsável, sempre considerando
os riscos/benefícios do procedimento11–14.

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Em relação as contraindicações absolutas, que apresentam riscos maiores do


que benefícios, ou inclusive ausência de resultados, podemos citar os seguintes:
• Síndrome de disfunção plaquetária, visto que há alguma alteração nas plaque-
tas, o que pode interferir no tratamento, no sentido de ineficácia, ou causar san-
gramento excessivo do paciente;
• Alterações na coagulação, pois pode gerar grande sangramento ou indução de
trombos;
• Trombocitopenia grave, em função do grande sangramento, e de que não existi-
rão plaquetas o suficiente para justificar o procedimento;
• Instabilidade hemodinâmica, tendo em vista que não se deve coletar sangue
desnecessariamente de um paciente instável;
• Sensibilidade/alergia à trombina bovina, que pode ser utilizada em alguns proce-
dimentos (porém nem sempre);
• Doença autoimune, pelo motivo de aumentar o risco de processo inflamatório e
hipersensibilidade;
• Doença infecciosa, pois o procedimento pode acabar por gerar um novo foco
infeccioso.

Em relação as contraindicações relativas, ou seja, nos casos em que o risco/


benefício deve ser avaliado individualmente para cada paciente, podemos citar os
seguintes:
• Uso de anti-inflamatórios e corticoides pelo menos até uma semana antes do
procedimento, pois podem inibir o efeito proliferativo e regenerativo do PRP além
de alterar a qualidade do material preparado;
• Erupção cutânea ou infecção no sítio de aplicação, por causa da disseminação
do microrganismo envolvido;
• Febre ou doença ativa é uma contraindicação pois a priori o paciente apresenta
saúde debilitada;
• Câncer ativo:
• Não existe relato de que os FCs causem câncer, mas diversos estudos relatam
que estes polipeptídeos podem piorar um quadro de câncer, induzindo me-
tástase, resistência e aumento do tumor;
• Anemia, visto que indica um problema de saúde.

2.2 Preparo do PRP


A obtenção do material do PRP se dá através de uma coleta de sangue veno-
so, como as que acontecem nos Laboratórios de Análises Clínicas, com exceção de
quando se trata hemoderivados para transfusão sanguínea, que seguem protocolos
diferentes, e não serão abordado neste material. Tendo isto em vista, são necessários

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alguns cuidados antes da coleta, afim de que não ocorram complicações com o pa-
ciente (hemorragia), e também de que o material seja adequado para o uso – sangue
lipêmico ou presença de hemólise são contraindicações absolutas no preparo de PRP.
Recomenda-se que o paciente não utilize antiplaquetários ou anticoagulantes,
por pelo menos 07 dias antes e 07 dias após a aplicação. Caso o paciente faça uso
destes medicamentos (aspirina, heparina etc.) por recomendação médica, é neces-
sário discutir isto antes com o profissional responsável pelo paciente. Também não
se deve consumir álcool por 07 dias antes e por até 03 dias após. O consumo de álco-
ol não só afeta o sistema imunológico, como afeta também o sistema hepático e vias
de coagulação. É recomendado não consumir carboidratos e lacticínios 12 horas do
procedimento, e realizar um jejum 04 horas antes da coleta. Isto é feito para evitar um
sangue lipêmico, que não pode ser utilizado para o PRP. O consumo de água é permi-
tido e recomendado. Além disso faz-se necessário a solicitação de um hemograma
completo, com contagem de plaquetas, para verificar se não há nenhuma alteração
sanguínea. Deve ser avaliado, no hemograma, tanto a série vermelha, quanto branca
e plaquetária, não podendo apresentar nenhum indício de problemas de saúde ou
de alteração hemodinâmica.

Não usar Evitar


Não usar álcool
anticoagulantes carboidratos

Evitar Fazer
Beber água
lacticínios hemograma

O material para a coleta pode apresentar algumas diferenças de técnica, mas


em geral utiliza-se:
• Tubo de coleta (a vácuo) com citrato de sódio (tampa azul);
• Adaptador e coletor para coleta a vácuo (Raclete);
• Gaze;
• Clorexidina alcóolica ou álcool 70%;
• Curativo ou blood stop;
• Estante para tubos;
• Pinça de aço;
• Garrote.
Se faz necessário utilizar a coleta a vácuo, vista a grande quantidade de sangue
coletada, o que inviabilizaria a coleta por seringa. Para isto será utilizado um kit com-
pleto para coleta a vácuo, como os da Greiner Bio-One.

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Existem diversos protocolos para obtenção do PRP, mas a maioria inicia com a
coleta do sangue em Tubo com Citrato de Sódio (Tampa Azul). O Citrato de Sódio
é um anticoagulante, o que permitirá a obtenção do plasma. Caso utilize-se um
tubo com coagulante, ou sem nenhum produto adicional, obteríamos o soro, e não
o plasma. Não se usa o tubo com Heparina, outro anticoagulante, pois esta induz
a agregação plaquetária. Também não se utiliza o tubo com EDTA pois ele causa
a fragmentação das plaquetas, o que irá gerar perda de FCs. Isto é válido para as
técnicas utilizadas para a obtenção do PRP clássico. Para obtenção de algumas
variações de PRP e de outros agregados plaquetários, pode-se fazer necessário o
uso de outros tubos.
Atualmente, no Brasil, existem diversos tubos para a coleta de sangue, cada um
podendo ou não conter diferentes aditivos. Estes aditivos são utilizados especialmen-
te na rotina laboratorial, mas podem interferir diretamente no processo de produção
do PRP. O processo de coleta pode ser feito de acordo com as Recomendações da
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial para Coleta de San-
gue Venoso15.
Os diferentes tubos existentes no mercado brasileiro são os seguintes, conforme
Tabela 2:

Aditivos Cor Descrição


O Citrato de Sódio Tamponado é utilizado para prova de coa-
Citrato gulação em amostras. Diferentes concentrações de Citrato de
Azul

de Sódio podem ter efeitos significativos nas análises terapias an-


Sódio ti-trombóticas, Tempo de Protombina (TP) e Tempo de Trombo-
plastina ativada (TTPa).
Possui ativador de coágulo (sílica) jateado na parede do tubo,
fazendo com que o processo de coagulação da amostra seja
Vermelho

Ativador
acelerado. Utilizados para determinação em soro nas áreas de
de
Bioquímica e Sorologia. Podem ser utilizados para tipagem ABO,
Coágulo
RH, pesquisa de anticorpos, fenotipagem eritrocitária e teste de
antiglobulina direta.
Contém ativador de coágulo jateado na parede do tubo que faz
Ativador
Amarelo

com que o processo de coagulação seja acelerado e gel sepa-


de Coágulo
rador, para obtenção de um soro com melhor qualidade. Utili-
+
zados em rotinas de bioquímica, sorologia, imunologia, marca-
Gel
dores cardíacos e tumorais.

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Lilás/Rosa
Possui EDTA jateado na parede do tubo e são utilizados em ban-
cos de sangue. O EDTA é o anticoagulante recomendado para
EDTA
rotinas de hematologia por ser o melhor anticoagulante para a
preservação da morfologia celular.
Possuem Heparina de Lítio jateada na parede do tubo. São uti-
lizados quando é necessário o uso de plasma para determina-
Verde

Heparina
ções Bioquímicas. Estes aditivos são anticoagulantes que ati-
de Lítio
vam as enzimas antiplaquetárias, bloqueando a cascata de
coagulação.

Fluoreto Utilizados na dosagem de glicose, lactato e hemoglobina gli-


Cinza

cada no plasma. O Fluoreto de Sódio é utilizado como inibidor


de Sódio
glicolítico e o EDTA como anticoagulante, preservando a morfo-
+ EDTA logia celular.
Tabela 2: Os diferentes tubos de coleta de sangue, sua cor/cor da tampa, e uma breve descrição de sua compo-
sição e uso.
Fonte: Adaptado de KASVI16.

Caso, após a coleta, o sangue/plasma apresente indícios de lipemia (Figura 5) ou


hemólise (Figura 6), não se deve continuar com o procedimento.

Figura 5: Sangue normal (esquerda) versus sangue li- Figura 6: Sangue sem hemólise a esquerda, e os dife-
pêmico (direita). rentes graus de hemólise.
Fonte: Wollina et al., 201817. Fonte: DB Diagnósticos18.

O PRP pode ser preparado através de duas maneiras diferentes: via sistemas
abertos, que são os que utilizam tubos de coleta padrão, que será demonstrado nes-
te material, e o sistema fechado, que são kits específicos para este procedimento.
Como os sistemas fechados apresentam protocolos específicos para de fornecedor,
não serão abordados neste material. Cada sistema apresenta vantagens e desvan-
tagens. O sistema aberto, que utiliza o processo de coleta de sangue em tubos de

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coleta utilizados normalmente na rotina, é mais barato, porém o sangue/plasma, em


determinado momento, entrará em contato com o ar, o que pode contaminar o ma-
terial. Também há maior risco de acidentes perfurocortantes ou de entrar em contato
com o sangue. Já o sistema fechado minimiza o contato do material com ambiente
não estéril, assim como apresenta menor risco de acidente; é mais caro, e, depen-
dendo do protocolo, pode ser mais rápido ou mais lento do que o sistema aberta. Um
exemplo de Sistema Fechado é o RegenKit BCT da RegenLab.
Em geral, para o preparo do PRP são utilizados os seguintes materiais:
• Centrífuga de tubos de ensaio;
• Seringas (10 e/ou 5 mL);
• Agulha 18G (1,20 x 40 mm);
• Pinça metálica para remover os tubos da centrífuga;
• Estufa – Apenas para o preparo de Plasma Gel;
• Ativador Plaquetário – Cloreto de Cálcio à 10%;
• Muitos profissionais não utilizam esta substância, e preferem que as plaquetas
se ativem naturalmente. Caso decida utilizar, basta adicionar 0,5 mL de Clore-
to de Cálcio à 10% para cada 5 mL de PRP pronto. O presente material aborda-
rá protocolos que não utilizam o ativador para o preparo do PRP clássico.
• Tubos de coleta de sangue (o tipo de tubo irá depender do protocolo a ser uti-
lizado).

Para a aplicação do PRP em si, o material necessário irá depender da técnica a ser
utilizada. Deve-se sempre pensar no objetivo do tratamento. Em alguns casos serão
utilizados materiais cirúrgicos estéreis, e em outros, apenas uma seringa e agulha.
Existem diversos protocolos para o preparo do PRP, assim como existem diversos
estudos comparativos destas técnicas. Infelizmente não existe um consenso na comu-
nidade científica acerca de uma padronização. Os protocolos diferenciam-se entre si
em função da quantidade de centrifugações, assim como da velocidade e tempo de
centrifugação. Os diferentes processos de centrifugação podem acarretar uma maior
ou menor quantidade das plaquetas na fase líquida do plasma, além de possibilitarem
uma maior ou menor quantidade de células brancas. Além da diferença na quantida-
de de células, fragmentos e proteínas no plasma, as diferentes velocidades e tempos
de centrifugação podem ou não gerar degradação plaquetária, liberação antecipada
de fatores de crescimento, agregação plaquetária, entre outros. Todos estes fatores
irão afetar a qualidade do produto final, e, por consequência, seus resultados. Como
dito anteriormente, não existe um consenso acerca do melhor protocolo. Nesta apostila
foram escolhidos protocolos que comprovadamente geram uma boa quantidade de
plaquetas e são de fácil execução. Também há discussões sobre qual parte do plas-
ma deve ser aspirada, quais tubos utilizar e o uso ou não de ativadores plaquetários19.
Para esta apostila foi adotado um protocolo descrito em muitos artigos de revisão,

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

visando agilidade e boa quantidade de PLTs e FCs no produto. Cabe a cada profissio-
nal, perante suas necessidades, avaliar os protocolos existentes, sempre embasado
em publicações científicas revisadas por pares, para escolher aquele que melhor irá
atender as suas necessidades (ativação mais rápida ou lenta de plaquetas, presença
ou ausência de células brancas, formação ou inibição da formação de coágulo etc.).
Os primeiros pontos a se discutirem são a centrifugação e aspiração. Ao ser cen-
trifugado, na presença de anticoagulantes, o sangue irá se dividir em três frações,
conforme Figura 7: O plasma (fração superior), a zona de névoa ou buffy coat, rica em
plaquetas e leucócitos (zona intermediária) e a fração de células vermelhas (zona
inferior). Caso não utilizemos um anticoagulante, iremos obter o soro, na fração su-
perior, que não contém fibrinogênio, ao contrário do plasma. Alguns autores discutem
se há a necessidade de aspirar o Buffy Coat (BC) ou não. A aspiração do BC pode
gerar uma maior quantidade de FCs, porém também contará com a presença de
leucócitos (que secretam alguns FCs específicos), o que poderia gerar um aumento
da inflamação, porém não há consenso. Para algumas técnicas de aplicação de PRP,
como na odontologia e traumatologia pode ser interessante a aspiração do BC para
a formação da chamada L-PRP (Leukocyte and Plasma Rich Platelet ou Leucócitos
e Plasma Ricos em Plaquetas), visto que secretam alguns FCs específicos e podem
auxiliar nos processos de cicatrização, inclusive por vias de imunomodulação20,21.

Figura 7: Plasma, a esquerda, apresentando as três frações. A direita vemos o sangue centrifugado sem anticoa-
gulantes, gerando o Soro.
Fonte: Biomedicina Padrão.

ENTENDENDO MELHOR: O sangue total será centrifugado, e será separado em três fa-
ses, de cima para baixo, respectivamente, em função da densidade das proteínas e célu-
las: Plasma, Zona de Névoa/BC e Hemácias. Nos 2/3 superiores do plasma encontramos
o Plasma Pobre em Plaquetas (PPP), e no terço inferior do plasma encontramos o PRP. No
BC também encontramos plaquetas, mas também existem leucócitos, que podem induzir
inflamação, ao mesmo tempo que também produzem FCs úteis para as áreas de regene-
ração de ossos e articulações, por exemplo.
Não existe consenso sobre a necessidade de aspiração do BC para o preparo do PRP,
especialmente dentre do âmbito da estética.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Existem duas técnicas referentes a aspiração do plasma. A Técnica BC-PC


(Buffy-coat Platelet Concentrate ou Concentrado Plaquetário com Zona de Névoa),
onde o BC é aspirado junto ao plasma, e a técnica PC (Plasma Concentrate ou Con-
centrado Plaquetário) onde não se aspira o BC, e sim apenas o Plasma. A técnica de
BC-PC necessita de velocidades mais altas de centrifugação, e gera uma concen-
tração maior de plaquetas, principalmente na zona de BC e, por consequência, maior
concentração de FCs. Por conter também WBC (White blood cells, ou células bran-
cas/leucócitos), também contém alguns FCs secretados somente por essas células.
Porém apresenta suas desvantagens: são necessárias duas centrifugações, normal-
mente (o que é descrito na maioria dos protocolos, porém existem alguns autores
que utilizam apenas uma centrifugação), o que aumenta o tempo de preparo, gera
uma maior manipulação do material (risco de contaminação e risco de acidente), e
favorece a degradação e/ou agregação das plaquetas, o que é um efeito deletério
que pode prejudicar a qualidade do produto. Por fim, o volume final obtido é menor,
devido a dupla centrifugação, fazendo que possa ser necessário coletar mais sangue
do paciente. Já a técnica de PC, apesar de apresentar uma concentração menor de
plaquetas, não contém WBC (menor inflamação, mas também menor imunomodu-
lação) e pode ser feita de maneira mais rápida, pois existem protocolos com apenas
uma centrifugação. Caso utilize-se um protocolo de duas centrifugações, o tempo
de preparo e os riscos irão aumentar. É de opinião do autor que a técnica PC é mais
indicada para procedimentos estéticos e a técnica BC-PC para os tratamentos mé-
dicos e odontológicos20,21.

2.2.1 Centrifugação para obtenção de PRP


Os protocolos existentes compreendem a centrifugação simples e a centrifugação
dupla. De forma resumida, na centrifugação simples (uma centrifugação) (Figura 8) o
sangue é centrifugado, o PRP é aspirado e utilizado. Na centrifugação dupla (Figura 9)
o sangue é centrifugado, o PRP é aspirado, junto com um pequeno volume de PPP,
é centrifugado novamente, parte do PPP é descartado, e então teremos no final
um PRP mais concentrado do que aquele da centrifugação simples. Alguns autores
sugerem, porém, que uma segunda centrifugação pode reduzir a quantidade de
leucócitos e pode causar a agregação de fibrina, o que seria prejudicial para a pro-
dução de Plasma Gel (será falado adiante). Infelizmente não existe um consenso
científico22.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Centrifugação Aspiração do PRP Injeção do PRP

Figura 8: Resumo do Processo de Uma Centrifugação.


Centrifugação

Aspiração do
PRP


Centrifugação

Descarte de
Sobrenadante

Ressuspensão
das plaquetas

Aplicação do
PRP
Figura 9: Resumo do Processo de Dupla Centrifugação.

Para o preparo do PRP, um equipamento essencial é a centrifuga de tubos de


coleta de sangue. A Centrifuga é um equipamento que apresenta um rotor central,
que faz com que os tubos girem. Isto gera uma chamada Força Gravitacional (G). A G
também é conhecida RCF (Relative Centrifugal Force ou Força Centrífuga Relativa).
Ao realizar o movimento de rotação, haverá a incidência desta força gravitacional,
que irá separar os elementos sanguíneos em função de sua gravidade específica.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Elementos mais densos e pesados irão precipitar mais do que os elementos mais le-
ves, que irão permanecer nas partes superiores dos tubos. A maioria das centrífugas
apresenta controles que podem aumentar ou diminuir a velocidade de rotação. Em
outras palavras, podem ser ajustadas para fazerem a centrifuga girar mais rápido ou
mais devagar. Isto irá gerar um G maior ou menor. É importante ressaltar que alguns
modelos possuem uma velocidade fixa, não pode ser alterada. A RCF ou G incidentes,
então, dependem de dois fatores: a velocidade com que o rotor da centrifuga irá girar
e o raio do rotor (a distância entre o eixo central do rotor e o local onde os tubos são
colocados). A velocidade de rotação da centrifuga é dada em Rotações Por Minuto,
ou RPM. Quanto maior o RPM, maior a força G. Quanto menor o RPM, menor a força
G. Outro fator que influencia na RCF ou G é o raio do rotor da centrífuga. De forma
sucinta pode-se dizer que a Força Gravitacional depende da velocidade de rotação
(RPM) e do raio/diâmetro do rotor da centrífuga. Em outras palavras: 1.000 RPM na
centrifuga A não correspondem, necessariamente, a 1.000 RPM na centrifuga B, pois
elas podem ter um raio de rotor diferente. Podemos pensar de maneira inversa: 100
G podem equivaler a 1000 RPM na centrifuga A, e 1500 RPM na centrifuga B. Por causa
disso muitos estudos expressam seus protocolos de centrifugação em G ou RCF, pois
através de uma fórmula matemática podemos converter isto para RPM e adaptar o
protocolo para a centrifuga com o qual irá se trabalhar. O que importa é que a For-
ça Gravitacional seja a mesma daquela descrita pelo protocolo utilizado, visto que o
RPM será variável. O raio do Rotor é uma informação que vem descrita nas especifi-
cações técnicas do aparelho.

Exemplo:
1.000 G equivalem à 2.853 RPM em uma centrifuga com um rotor com raio de 11 cm.
Porém, em uma centrífuga com rotor com raio de 8 cm, 1.000 G equivalem à 3345 RPM.

• Caso queira calcular manualmente, pode-se utilizar estas fórmulas:


• Fórmula para calcular o RCF quando se sabe o RPM e o Raio do rotor
RCF = 1,12 × r × (RPM ÷ 1.000)2 ou RCF = 1,118 × 10–5 × (RPM)2 × r
• Fórmula para calcular o RPM quando se sabe o RCF e o Raio do rotor
RPM = [RCF(r × 1,118)] × 1 × 105
Onde:
RCF - Relative Centrifugal Force - O mesmo que G
r - Raio rotacional (mm)
RPM - Rotações por minuto

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

A fórmula matemática pode ser utilizada, mas também existem ferramentas on-
line que realizam estas conversões de forma automática e simples, onde basta entrar
os dados de Raio do Rotor e G, para que se obtenha o RPM (ou entrar com o RPM para
que se obtenha o G). Um exemplo é a Calculadora de Centrifugação da Merc.

Dica: Digite no Google calculadora força centrífuga rpm e explore outras calcu-
ladoras online existentes.

2.2.2 Protocolo para Preparo de PRP – Uma Centrifugação – Técnica PC


Este é o protocolo mais simples e com menor número de manipulações de ma-
terial, entre os protocolos aqui disponibilizados, conforme relatado por Downing e co-
laboradores em 2012. Ele utiliza apenas uma centrifugação, o que torna o processo
mais ágil. Todo processo deve ser realizado da maneira mais rápida o possível, para
evitar a degradação do material e formação de coágulos indesejados23:

1. Coletar sangue venoso, utilizando tubo de Citrato de Sódio.


a. Recomenda-se a coleta de 4 a 6 tubos (3,6 a 4,5 mL por tubo), através de sis-
tema a vácuo;
2. Homogeneizar os tubos, de forma gentil, 8 vezes por inversão;
3. Centrifugar entre 250 e 350 G por 10 minutos;
4. Remover os tubos da centrifuga, com cuidado, utilizando uma pinça;
5. Aspirar o terço inferior da camada de plasma (figura 10).
a. Preferencialmente deve-se utilizar uma pipeta estéril ou agulha 18 G.
6. O produto desta aspiração é o PRP;
7. O PRP deve ser aplicado em até 5 a 8 minutos, pois pode haver a degradação do
produto após este tempo.

Figura 10: Sangue total (Esquerda) e sangue centrifugado (direita). A imagem mostra que a fração a ser aspirada
é a de terço inferior do PRP, sem aspiração do BC.
Fonte: Adaptado de Downing et al., 2012.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

2.2.3 Protocolo para Preparo de PRP – Dupla Centrifugação – Técnica PC


Este é o protocolo de dupla centrifugação conforme relatado por Dhurat e colabo-
radores em 2014. Duas centrifugações podem aumentar a concentração de plaquetas
e Fatores de Crescimento, mas irão demandar mais tempo de preparo e o produto
será manipulado mais vezes, o que acarreta em riscos de acidentes e contaminação24:
1. Coletar sangue venoso, utilizando tubo de Citrato de Sódio.
a. Recomenda-se a coleta de 4 a 6 tubos (3,6 a 4,5 mL por tubo), através de sis-
tema a vácuo;
2. Homogeneizar os tubos, de forma gentil, 8 vezes por inversão;
3. Centrifugar entre 250 e 350 G por 10 minutos;
4. Remover os tubos da centrifuga, com cuidado, utilizando uma pinça;
5. Aspirar todo o plasma, sem o BC (Figura 11).
a. Preferencialmente deve-se utilizar uma pipeta estéril ou agulha 18 G;
6. Transferir o plasma aspirado para um segundo tubo com citrato de sódio;
7. Realizar segunda centrifugação à 400 G por 10 minutos;
8. Remover os tubos da centrífuga, com cuidado, utilizando uma pinça;
9. Remover 2/3 do plasma da parte superior, correspondente ao PPP (pode ser des-
cartado);
10.Ressuspender as plaquetas no 1/3 inferior do plasma restante no tubo, através de
agitação suave;
11. O PRP deve ser aplicado em até 5 a 8 minutos, pois pode haver a degradação do
produto após este tempo.
a. O processo completo pode ser visto na Figura 12. Detalhe do terço inferior a ser
utilizado, citado na etapa 10, pode ser visto na figura 13.

Figura 11: A imagem mostra que a fração a ser aspirada é total do plasma, sem aspiração do BC.
Fonte: Adaptado de Downing et al., 2012.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Figura 12: Protocolo de Dhurat de duas centrifugações.


Fonte: Adaptado de Dhurat et al., 2014.

Figura 13: O PPP (os 2/3 da porção superior do plasma) deve ser descartado e o PRP deve ser ressuspendido, gen-
tilmente, com o concentrado plaquetário no fundo.
Fonte: Adaptado de Dhurat et al., 2014.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Como dito anteriormente, os protocolos anteriores representam apenas dois en-


tre um universo de técnicas diferentes. A grande maioria dos modos de preparo do
PRP seguem os preceitos básicos apresentados acima, variando, normalmente, ape-
nas em termos de velocidades e tempos de centrifugação.

2.3 Plasma em Gel


O Plasma em Gel (PeG) é o tratamento mais atual e natural, no sentido de ser au-
tólogo, especialmente para o preenchimento e volumização de tecidos, como sulcos,
glúteos etc., dentro da área de estética, mas também para o uso em intervenções mé-
dicas e odontológicas. Ao se centrifugar o sangue, será obtido o Plasma em sua forma
líquida. Através de alguns processos simples, é possível fazer com que o plasma líquido
seja transformado em Gel, que pode ser utilizado de diversas maneiras. A forma como
isto ocorre é através da ativação do Plasma/PRP, que por consequência induz um pro-
cesso de coagulação gerando um gel, ao invés do líquido comumente obtido no PRP25.
O processo de obtenção do PeG se dá de forma similar ao do PRP, porém é ne-
cessário o aquecimento do produto. Mediante o aumento da temperatura irá ocor-
rer a desnaturação das proteínas presentes no plasma. Durante este processo há a
ativação e desnaturação de albumina, fibrinogênio, entre outras proteínas, o que irá
causar um aumento na densidade do plasma, fazendo com que este se pareça com
um gel, como visto nas figuras 14 e 1525.

Figura 14: Plasma em Gel. Figura 15: Plasma em Gel.


Fonte: Rossi et al., 2020. Fonte: Dra Cláudia Borges Mazzucco

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

A consistência deste gel pode ser modificada de acordo com a necessidade de


cada profissional e paciente. É possível obter um gel mais denso e espesso, mais útil
para utilização mais profunda, ou um gel menos denso e mais fino, mais usado para
aplicações superficiais. A densidade ou consistência do gel pode ser modificada de
duas formas diferentes25:
• Através de incubação em temperaturas e tempos diferentes, onde cada protoco-
lo irá gerar um gel com características de consistência diferentes e/ou;
• Através da diluição do PeG com o PPP. Durante o preparo do PeG, iniciamos com
a obtenção do PRP líquido (também conhecido como I-PRP ou Injectable Platelet
Rich Plasma ou Plasma Rico em Plaquetas Injetável) e do PPP. O I-PRP será usado
para a produção do gel em si, e o PPP será utilizado para diluir o PeG. Resumida-
mente será produzido um gel com consistência única que será alterada utilizan-
do o próprio plasma do paciente (quanto mais diluído, menos denso).
No Brasil pode-se utilizar, por exemplo, a Incubadora PLASMA CLEAR, da VitchLab.
Esta incubadora, própria para o aquecimento controlado de seringas contendo plas-
ma, será utilizada para a produção do PeG através do aquecimento. É possível rea-
lizar o mesmo processo em incubadora comum (banho-maria), porém não é reco-
mendado visto o risco de contaminação e a falta de controle preciso de temperatura.
Caso não haja a possibilidade de aquisição de uma incubadora específica para PRP,
é recomendado que o profissional utilize a técnica de diluição.
O protocolo para obtenção do PeG é muito similar ao de obtenção do I-PRP, po-
rém existe a etapa adicional de aquecimento do material. Este é o protocolo descrito
por Rossi e colaboradores em 202025:
1. Realizar a punção venosa utilizando a técnica a vácuo. Coletar até 8 tubos de
sangue para o preparo do PeG.
a. Deve-se utilizar o tubo com tampa azul, contendo Citrato de Sódio;
2. Os tubos devem ser homogeneizados de forma delicada, 8 vezes por inversão;
3. Colocar os tubos na centrifugar à 150 G por 15 minutos;
4. Com o auxílio de uma pinça retirar os tubos, delicadamente, da centrifuga e co-
locá-los em uma estante de tubos;
5. Aspirar todo o plasma utilizando uma pipeta estéril. Caso não possua esta pipe-
ta, pode ser utilizado uma seringa com agulha 18G;
a. O buffy-coat não deve ser aspirado;
6. O plasma aspirado deve ser transferido para um segundo tubo. Este deve ser um
tubo seco, sem adição de aditivos (tubo com tampa branca);
7. Realizar uma segunda centrifugação, agora à 300 G por 5 minutos;
8. Aspirar 2/3 do plasma da parte superior.
a. Isso corresponde ao Plasma Pobre em Plaquetas (PPP);

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

9. Reservar o PPP (pode ser mantido em uma seringa);


10.O 1/3 de plasma que restou no tubo deve ser ressuspendido com as plaquetas
que se encontram no fundo do tubo.
a. Esta fração corresponde ao PRP;
11. Realizar o aquecimento (termoativação do plasma), conforme será orientado a
seguir;
a. Para o protocolo de termoativação, seguido de diluição do gel em PPP, deve-se
aquecer o I-PRP à 75 °C por 15 minutos.
12. Se necessário diluir o Gel com o PPP que foi reservado previamente, a fim de ob-
ter-se a consistência desejada;
13. Aplicar no paciente em até 8 minutos.

As diluições sugeridas são conforme a Tabela 3 a seguir:

USO PARTES DE GEL PARTES DE PPP


Contorno de Volume 1 1

Rugas e Sulcos Profundos 1 2

Rugas superficiais, olheiras, pés de galinha 1 3


Tabela 3: Diluição do Plasma em Gel para obtenção de diferentes consistências/densidades, conforme necessi-
dade.

Para realizar a diluição serão utilizadas duas seringas e uma torneira de 2 ou 3


vias (Figura 16). Uma seringa será a que contêm o gel, retirada da incubadora, e a
outra seringa irá conter a quantidade necessária de PPP, conforme a tabela acima.
Seguir o seguinte protocolo:
1. Conectar as duas seringas (seringa com Gel e Seringa com PPP) via torneira;
2. PPP deve ser aspirado para dentro da seringa contendo o Gel;
3. Passar a mistura de gel + PPP de uma seringa para a outra, de forma delicada e
constante, até a obtenção de uma mistura homogênea (Figura 17);
4. Transferir todo o conteúdo para uma única seringa;
5. Desconectar a seringa vazia e a torneira da seringa que agora contém o gel
pronto para ser aplicado;
6. Aplicar o quanto antes no paciente25.
Caso não deseje utilizar diluição em PPP como ferramenta para alterar a densi-
dade do gel, é possível utilizar diferentes temperaturas e tempos de ativação, confor-
me Tabela 4. Esta técnica apresenta a vantagem de exigir uma menor manipulação
de material biológico, maior densidade de plaquetas e fatores de crescimento, visto
que não foram diluídos em PPP, e um menor custo em material. Tem como desvan-
tagem o fato de que o volume final será menor e de não ser tão específico no que se

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

trata da densidade do gel obtido, se comparado o protocolo de diluição do gel em


PPP. O protocolo de preparo é o mesmo do descrito por Rossi e colaboradores em
2020, porém com o uso de temperaturas e tempos de ativação diferentes, não sendo
necessária a diluição com PPP25.

DENSIDADE USO TEMPO TEMPERATURA


Baixa Skinbooster 5 minutos 90 ºC
Preenchimento de sulcos, malar,
Média 6 minutos 90 ºC
mandibular e lábios
Alta MD Codes e Lábios 8 minutos 90 ºC
Tabela 4: Termoativação do Plasma em Gel, em diferentes temperaturas e tempos de incubação, para obtenção
de diferentes consistências/densidades, conforme necessidade.

Figura 16: Torneira estéril de 3 vias. Fonte: Multi Cirúrgica26.

Figura 17: Seringa (esquerda) contendo o PRP Gel, e seringa (direita) contendo o PPP. Ambas conectadas por um
conector de duas vias, prontas para o processo de diluição.
Fonte: Rossi et al., 202025.

A densidade do gel irá depender da necessidade de cada paciente. Neste traba-


lho apresentou-se sugestões de densidades para o uso na estética. Cabe ao profis-
sional avaliar a densidade mais adequada para o procedimento que irá realizar, seja
na área de odontologia, medicina ou estética. Protocolos e artigos diferentes podem
sugerir densidades diferentes.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

3. Fibrina rica em plaquetas (PRF)


A Fibrina Rica em Plaquetas (PRF) é um concentrado plaquetário dito de segun-
da geração, enquanto o PRP clássico é de primeira geração. É considerado uma
evolução do PRP. O PRP foi a primeira versão deste concentrado plaquetário a ser
desenvolvido e utilizado dentro da medicina, odontologia e estética. Mais recente-
mente descobriu-se uma nova técnica, onde obtém-se não somente o Plasma Rico
em Plaquetas, mas também a presença de Fibrina, que gera efeitos positivos. O
PRF é centrifugado em velocidades mais baixas, se comparado ao PRP, pelo menos
quando se avalia a média de velocidades utilizadas nos protocolos de PRP. Ainda
existem discussões entre os pesquisadores acerca das velocidades de centrifuga-
ção utilizadas, não somente para o PRF, mas como também para o PRP. Em ter-
mos gerais uma centrifugação em velocidades mais baixas faz com que haja uma
menor separação dos componentes sanguíneos, o que garante uma quantidade
maior de WBC, células tronco e fatores de crescimento nos produtos de PRF, sendo
um produto muito interessante para as cirurgias e como curativos pós-operató-
rios27,28.
O PRF possui muitas vantagens em relação ao PRP. O processo de sua obtenção
é mais simples, pois exige apenas uma centrifugação, o que gera um custo em ma-
teriais menor, visto que são utilizados menos tubos. Outra grande vantagem é que
são utilizados tubos sem anticoagulantes ou qualquer outro tipo de ativos. Desta for-
ma podemos dizer que o PRF é 100% autólogo, já que não contém nenhum produto
além daqueles encontrados no sangue do próprio paciente. Apesar de ser reconhe-
cido como um produto autólogo, o PRP contém, mesmo que em pouca quantida-
de, resquícios dos aditivos presentes nos tubos de coleta utilizados, dependendo do
protocolo, como Citrato de Sódio. Apesar de não existirem relatos na literatura até o
momento (Dezembro de 2021) de eventos adversos causados por estes aditivos, de-
ve-se considerar que qualquer corpo estranho pode ter uma capacidade antigênica
e gerar um quadro de hipersensibilidade27,28.
Além disso, uma grande vantagem do PRF é a grande quantidade de fatores de
crescimento, WBC e células tronco, o que possibilita um reparo tecidual melhor e mais
rápido. A obtenção do PRF, por ocorrer em centrifugações mais baixas, também ga-
rante uma maior integridade celular, o que beneficiará o paciente, tanto pela maior
ação celular dos leucócitos, que irão gerar efeitos imunológicos e potencialização
de processo inflamatório (que quando de forma moderada é benéfico), quanto pela
maior liberação de FC no tecido no qual será injetado27,28.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

A Fibrina é a forma ativada do fibrinogênio, e é muito presente no plasma e nos


grânulos alfa das plaquetas. Participa nos processos de agregação plaquetária, du-
rante a homeostase, e a matriz de fibrina também tem propriedades angiogênicas.
O fibrinogênio é uma molécula solúvel, que é transformada é uma fibrina insolúvel,
através da trombina29.
O uso da Fibrina, como um adesivo para cirurgias e processos cicatriciais já é
conhecido há mais de 40 anos, porém sempre foi um tema controverso, pois não
era utilizado o sangue do próprio paciente. Recentemente isto mudou, com o de-
senvolvimento do PRF autólogo, onde tem apresentado muitos usos em, por exem-
plo, periodontia e implantologia oral, como pode ser visto em um exemplo nas Fi-
gura 18 e 1929.
A PRF pode ser considerada um concentrado plaquetário, com potencial imuno-
gênico, que é coletado na forma de uma membrana de fibrina, contendo diversos
fatores e células sanguíneas, que favorecem a cicatrização e imunidade. Ressalta-
-se que a PRF é diferente, então, do PRP e da própria cola de fibrina clássica. Exis-
tem muitos artigos citando seu uso junto a enxertos ósseos, onde apresenta muitas
vantagens, como promover o processo de cicatrização, crescimento e maturação
óssea, fechamento de feridas, hemostasia, e como um suporte para a melhor ma-
nipulação de materiais de enxerto. Além disso pode ser utilizada como uma mem-
brana29.

Figura 18: Aplicação de PRF em cavidade criada após Figura 19: Aplicação de PRF em cavidade gerada após
remoção cirúrgica de canino maxilar impactado. remoção do 3º molar mandibular esquerdo.
Fonte: Saluja et al., 201129. Fonte: Saluja et al., 201129.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Na tabela 5 é possível ver as principais diferenças entre o PRP e o PRF:

PRP PRF
Centrifugação em velocidade mais alta Centrifugação em velocidade mais baixa
Menor quantidade plaquetária Maior quantidade plaquetária
Liberação mais rápida de FC Liberação mais lenta de FC*
Duas centrifugações para obter altos
Apenas uma centrifugação
níveis de FC
Menor volume final Maior volume final
Necessita de mais sangue coletado Necessita de menos sangue coletado
Maior custo Menor custo
Grande quantidade de protocolos Pouca quantidade de protocolos
(baixa reprodutibilidade) (alta reprodutibilidade)
0% de WBC pela técnica de PC
Até 65% de WBC presentes
Até 50% de WBC pela técnica de BC-PC
Sem propriedades imunomodulatórias Com propriedades imunomodulatórias
Baixo potencial neoangiogênico Alto potencial neoangiogênico
Pouco osteocondutivo Muito osteocondutivo
Menos adequado para a produção de Mais adequado para produção de gel e
gel e membranas membranas
* Uma liberação mais lenta de FC garante uma ação mais prolongada, e, por consequência, um resultado melhor, se com-
parado ao PRP, que por sua vez tem uma liberação mais rápida dos FC, porém como uma ação mais curta.

Tabela 5: Principais diferenças entre o PRP e o PRF.

Apesar da forma mais comum de uso da PRF ser na forma de plug ou membrana,
existe também sua forma líquida, que apresenta as mesmas vantagens da PRF sóli-
da, porém pode ser utilizada de formas diferentes. Então a PRF pode ser classificada
em dois tipos distintos28:
• L-PRF: Leukocyte and Platelet Rich Fibrin ou Fibrina Rica em Plaquetas e Leucóci-
tos, que é um concentrado plaquetário na forma de coágulo plaquetário (sólido),
e que pode ser utilizado como membrana ou plug. É mais utilizado nas áreas de
odontologia e medicina, no tratamento de feridas ou cirurgias.
• i-PRF: Injectable Platelet Rich Fibrin ou Fibrina Rica em Plaquetas Injetável, que
é o concentrado plaquetário de consistência líquida, similar ao PRP clássico, que
pode ser aplicado diretamente nesta forma, como em articulações, na área da
estética, entre outros, ou misturado a biomateriais, como ossos.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

3.1 Protocolos para obtenção de L-PRF


O primeiro protocolo descrito para o preparo de L-PRF foi feito por Dohan e Chou-
kroun em 2006, onde desenvolveram esta nova técnica afim de obterem resultados
superiores ao do PRP, e de uma matriz adesiva, que poderia ser misturada à bioma-
teriais, e que não apresentaria risco de infecção cruzada ou rejeição, visto que seria
autóloga. Este protocolo pode ser visto a seguir30:

Protocolo de Choukroun para L-PRF:


1. Coletar sangue venoso, utilizando tubo seco (sem aditivos).
a. Recomenda-se a coleta de 4 a 6 tubos (3,6 a 4,5 mL por tubo), através de sistema
a vácuo;
2. Homogeneizar os tubos, de forma gentil, 8 vezes por inversão;
3. Centrifugar a 400 G por 10 minutos;
4. Remover os tubos da centrifuga, com cuidado, utilizando uma pinça;
5. Com uma pinça estéril, remover o coágulo formado, que é o L-PRF (figura 20);
a. Neste caso é utilizado material cirúrgico, necessitando ser devidamente este-
rilizado em autoclave. Maiores informações podem ser verificadas de acordo
com a RDC n° 15 de 15/03/2012 da ANVISA, que determina os processos de es-
terilização31.
6. Proceder para o preparo de plug ou membrana, conforme suas necessidades e
protocolos adequados.

Figura 20: Na fotografia B é visto o PRF formado logo acima da fração vermelha. Na fotografia C se vê o coágulo
removido com uma pinça estéril. Na figura D pode-se ver a transformação do L-PRF em membrana, ao ser mis-
turado com biomaterial30.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Baseados nos trabalhos de Choukron et al., Miron e colaboradores, em 2020, pro-


puseram um novo protocolo, utilizando uma velocidade de centrifugação mais alta,
porém por um tempo menor. Esta alteração teve como propósito a obtenção de uma
concentração mais elevada de Fatores de Crescimento e células brancas, quando
comparado ao protocolo de Choukron32:

Protocolo de Miron para L-PRF


1. Coletar sangue venoso, utilizando tubo seco (sem aditivos).
a. Recomenda-se a coleta de 4 a 6 tubos (3,6 a 4,5 mL por tubo), através de sis-
tema a vácuo;
2. Homogeneizar os tubos, de forma gentil, 8 vezes por inversão;
3. Centrifugar entre 400 e 600 G por 08 minutos;
4. Remover os tubos da centrifuga, com cuidado, utilizando uma pinça;
5. Com uma pinça estéril, remover o coágulo formado, que é o L-PRF;
a. Neste caso é utilizado material cirúrgico, necessitando ser devidamente este-
rilizado em autoclave. Maiores informações podem ser verificadas de acordo
com a RDC n° 15 de 15/03/2012 da ANVISA, que determina os processos de es-
terilização31.
6. Proceder para o preparo de plug ou membrana, conforme suas necessidades e
protocolos adequados.
Os autores de ambos os protocolos discutem que novos estudos devem ser rea-
lizados a fim de se definir um melhor protocolo, principalmente no que diz respeito as
velocidades e tempos de centrifugação.

3.2 Protocolos para obtenção de i-PRF


O protocolo inicial para o preparo de i-PRF, como proposto por Miron e colabo-
radores, utilizava uma centrifugação de aproximadamente 60 G por 3 a 4 minutos.
Porém estudos recentes deste mesmo autor (2020), concluíram que centrifugações
abaixo de 100 G eram ineficazes, pois não eram capazes de acumular leucócitos e
plaquetas na camada plasmática. No entanto, o autor ainda não desenvolveu um
novo protocolo definitivo, e reforça que mais estudos são necessários. Até então, pe-
los seus estudos, o protocolo que parece gerar mais resultados é de uma centrifuga-
ção de 200 G por 5 minutos32–34.

Protocolo de Miron Adaptado (2020) para i-PRF:


1. Coletar sangue venoso, utilizando tubo seco (sem aditivos).
a. Recomenda-se a coleta de 4 a 6 tubos (3,6 a 4,5 mL por tubo), através de sis-
tema a vácuo;
2. Homogeneizar os tubos, de forma gentil, 8 vezes por inversão;

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

3. Centrifugar a 200 G por 05 minutos;


4. Remover os tubos da centrifuga, com cuidado, utilizando uma pinça;
5. Aspirar todo o plasma utilizando uma pipeta estéril.
a. Caso não possua esta pipeta, pode ser utilizado uma seringa com agulha 18G;
b. O buffy-coat não deve ser aspirado.
6. Aplicar no paciente em até no máximo 5 minutos.

Um exemplo simples de um preparo de membrana para uso cirúrgico foi descrito


por Jagati e colaboradores em 2019. Para tanto os autores deste trabalho utilizaram
uma gaze embebido em parafina, que foi então colocado em uma placa de Petri.
Acima da gaze foi colocado uma folha de colágeno seco. Todos os materiais utiliza-
dos foram estéreis. Após, com o uso de uma pipeta, colocou-se com cuidado o i-PRF
em cima. Após 10 minutos a membrana começou a ser formada, e em 20 minutos
estava pronta para uso (Figura 21), onde foi colocada acima de uma úlcera para au-
xiliar na cicatrização (Figuras 22 e 23)35.

Figura 21: Esquema demonstrando o protocolo utilizado por Jagati e colaboradores em 2019. Na parte inferior, a
direita, é possível ver a membrana de PRF pronta para uso35.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Figura 22: Úlcera causada por pênfigo vulgar. Fotografia A mostra a lesão antes do tratamento, e fotografia B mos-
tra a lesão após 6 semanas do tratamento.
Fonte: Jagati et al, 201935.

Figura 23: Úlcera na região da perna. Fotografia A mostra a lesão antes do tratamento, e fotografia B mostra a
lesão após 6 semanas do tratamento.
Fonte: Jagati et al, 201935.

4. Plasma rico em plaquetas ozonizado


Uma nova modalidade de PRP consiste naquele que é ozonizado, com intuito de
se potencializar os resultados. É uma técnica muito nova, portanto existem poucos
artigos publicados sobre este tema36,37.
O que se identificou até o momento, é que o ozônio, ao ser adicionado ao plasma,
induz a agregação plaquetária. Ocorre um aumento de agregação em 20%, quando
se adiciona 40 µg de ozônio, e de 68% quando se adiciona 80 µg de ozônio. Isto ocorre
pois os ozonídeos difundem-se no interior das plaquetas e dão início ao processo de
coagulação, e, por consequência, a liberação de FC36,37.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

É possível trabalhar com PRP ozonizado tanto na forma de plug/membrana


como na forma Líquida. O que difere os dois são os tubos que serão utilizados. O pre-
paro inicial é similar ao do PRP convencional, porém são utilizados tubos diferentes,
conforme protocolos a seguir.

4.1 Protocolo para PRP Ozonizado Líquido


1. Preparar o PRP conforme os protocolos de Downing ou Dhurat, previamente des-
critos, de centrifugação simples ou dupla23,24;
2. Preparar uma seringa com ozônio na concentração escolhida;
a. A concentração de ozônio varia de 40 a 80 µg;
b. O volume de ozônio deve ser o mesmo do que o volume de PRP (proporção de
1:1).
3. Conectar a seringa de plasma e a seringa de ozônio através de uma torneira de
2 ou 3 vias;
4. Passar todo o plasma para a seringa contendo ozônio;
5. Homogeneizar a seringa com ozônio + PRP de forma suave por 1 minuto;
6. Transferir o PRP ozonizado (fase líquida) para uma seringa;
a. Não utilizar a fase gasosa.
7. Aplicar no paciente imediatamente.

4.2 Protocolo para PRP Ozonizado em Plug ou Membrana


1. Preparar o PRP conforme os protocolos de Downing ou Dhurat, previamente des-
critos, de centrifugação simples ou dupla, porém utilizando Tubo Verde com He-
parina23,24;
a. Não utilize Tubo Azul, com citrato de sódio.
2. Preparar uma seringa com ozônio na concentração escolhida;
a. A concentração de ozônio varia de 40 a 80 µg;
b. O volume de ozônio deve ser o mesmo do que o volume de PRP (proporção de
1:1).
3. Conectar a seringa de plasma e a seringa de ozônio através de uma torneira de
2 ou 3 vias;
4. Passar todo o plasma para a seringa contendo ozônio;
5. Homogeneizar a seringa com ozônio + PRP de forma suave por 1 minuto;
6. Transferir o PRP ozonizado (fase líquida) para uma seringa;
a. Não utilizar a fase gasosa.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

7. Aspirar nesta seringa um volume equivalente à 5% de Cloreto de Cálcio à 10%;


a. O Cloreto de Cálcio irá ativar a cascata de coagulação.
b. Exemplo: caso seu volume de Plasma seja de 5 mL, deverá adicionar 0,25 mL
de Cloreto de Cálcio à 10%.
8. Aguardar a formação do coágulo (alguns minutos);
9. Fazer o preparo do Plug ou Membrana conforme necessidade;
10. Aplicar no paciente imediatamente.

5. Legislação referente ao uso de PRP e PRF no Brasil


No Brasil, no momento da escrita deste trabalho (dezembro de 2021), há uma
restrição para o uso do PRP e PRF (e suas variações) no âmbito estético, médico e
odontológico.
Tudo começou com a Resolução n° 2.128, de 17 de julho de 2015, do Conselho Fe-
deral de Medicina que diz:
“Considerar o Plasma Rico em Plaquetas (PRP) como procedimento ex-
perimental, só podendo ser utilizado em experimentação clínica dentro dos
protocolos do sistema CEP/CONEP.”
Após a publicação desta resolução, foi questionado a Superintendência de Me-
dicamentos (SUMED) e Gerência Geral de Produtos Biológicos, Sangue, Células, Teci-
dos e órgãos (GGPBS), sobre seu posicionamento, que por meio da Nota Técnica n°
012/2015 GSTSCO/GGPBS/SUMED/ANVISA emitiu o seguinte parecer:
“2. A respeito do uso terapêutico do PRP, encontra-se vigente o Parecer
20/2011 do Conselho Federal de Medicina (CFM), datado de 12 de julho de
2011, o qual determina que o uso do PRP em procedimentos terapêuticos é
considerado experimental, sem comprovado grau de utilidade e uso dentro
da prática terapêutica com evidências científicas robustas. O referido Pa-
recer destaca também que há resultados diversos, discrepantes, no uso do
PRP, reforçando-se o caráter ainda experimental e a necessidade de pes-
quisas científicas sobre o assunto.
3. Em se tratando de um procedimento experimental, a legislação vi-
gente que regulamenta a pesquisa científica no país deverá ser respeita-
da e seguida pelos profissionais de saúde que almejem estudar o tema.
No âmbito dos regulamentos desta Anvisa, cabe citar a RDC nº 39, de 5 de
junho de 2008, que Aprova o Regulamento para a Realização de Pesquisa
Clínica e dá outras providências.”

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

Com base nisto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por meio da Nota
Técnica n° 064/2015 GSTCO/GGPBS/SUMED/ANVISA, de forma resumida, determinou
nos seguintes itens da nota:
“2. As indicações clínicas e finalidade terapêutica para o uso de PRP
deverão ser reconhecidas e regulamentadas pelos respectivos Conselhos
Profissionais.
4. O processamento do PRP com finalidade autóloga, por meio de sis-
tema fechado, poderá ser realizado em estabelecimentos assistenciais da
saúde, de acordo com o disposto na RDC n° 163/2011, que dispõe sobre os
requisitos de Boas Práticas de funcionamento para Serviços de Saúde, ou a
que vier a substitui-la.
6. O processamento do PRP por meio de sistema aberto deverá ser re-
alizado em Centros de Tecnologia Celular, de acordo com o disposto pela
RDC n° 09/2011, que dispõe sobre os Centros de Tecnologia Celular para fins
de pesquisa clínica ou terapia, ou a que vier a substitui-la.”
Sobre o item 4, que dispõe sobre o uso de PRP via sistema fechado, a RDC n° 63,
de 25 de novembro de 2011, define Serviço de saúde como:
“XII – serviço de saúde: estabelecimento de saúde destinado a prestar
assistência à população na prevenção de doenças, no tratamento, recupe-
ração e na reabilitação de pacientes.”
Diante disto, fica inviável para Clínicas Estéticas prestarem serviço com utilização
de PRP via Sistema Fechado. Isto permite, porém, que Clínicas Médicas e Odontológi-
cas possam utilizar o PRP, desde que permitido pelos respectivos conselhos.
Sobre o item 6, que dispõe sobre o uso de PRP via sistema aberto, a RDC n° 09 de
novembro de 2011, define Centros de Tecnologia Celular como:
“XIV – Centros de Tecnologia Celular (CTC): serviço que, com instalações
físicas, recursos humanos, equipamentos, materiais, reagentes e produtos
para diagnóstico de uso in vitro e metodologias, realiza atividades voltadas
à utilização de células humanas, inclusive seus derivados, em pesquisa clí-
nica e/ou terapia.”
Novamente ficam as clínicas estéticas excluídas do uso de PRP, desta vez via sis-
tema aberto. Clínicas Médicas e Odontológicas, conforme resolução, podem utilizar o
PRP caso enquadrem-se como um CTC.
Atualmente apenas o Conselho Federal de Odontologia permite o uso de PRP pe-
los profissionais, porém cabe ressaltar que o profissional dentista deve estar ciente
das exigências da ANVISA para a aplicação destas técnicas. O Conselho Federal de
Medicina, Conselho Federal de Biomedicina, Conselho Federal de Farmácia e Conse-
lho Federal de Enfermagem não permitem o uso do PRP para fins estéticos. O Conse-

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

lho Federal de Fisioterapia ainda se encontra em processo de autorização/proibição


de uso do PRP. O autor deste trabalho sugere que cada profissional envie um e-mail
para o setor de fiscalização de seu respectivo Conselho de Classe, e questione sobre
o uso do PRP e em quais condições pode ser produzido e aplicado, para que se tenha
um respaldo legal.

6. Considerações gerais
O uso e desenvolvimento das primeiras técnicas envolvendo concentrados pla-
quetários iniciaram há mais de meio século atrás. Desde então esta técnica vem
evoluindo, onde novos protocolos foram e continuam sendo desenvolvidos, visando
maior segurança, rapidez e eficácia da técnica.
Ainda existem muitos desafios científicos acerca do PRP e PRF, e seus derivados,
no que diz respeito a eficácia e protocolos de obtenção e aplicação. Como foi dito
inúmeras vezes neste trabalho, não há uma concordância geral sobre os protocolos
de produção do PRP e PRF, principalmente no que diz respeito a etapa de centrifuga-
ção. Isso se repete em diversos aspectos da ciência, englobando os mais diversos
tratamentos, nas diferentes áreas científicas. Também não há um consenso sobre
sua eficácia, porém a grande maioria dos estudos publicados demonstram que o PRP
ou PRF geram efeitos positivos, quando utilizados e forma isolada, e comparados a
placebo, ou de forma conjunta com outras técnicas já bem descritas, quando com-
parados a estas técnicas isoladamente. Fica claro que há sim um benefício do uso do
PRP e PRF em diversas técnicas odontológicas, médicas e estéticas. Obviamente não
se pode fazer uma generalização, e cada caso deve ser avaliado e estudado para se
verificar a eficácia.
Cabe a cada profissional realizar um levantamento bibliográfico atual de artigos
de relevância científica, com o intuito de encontrar o melhor protocolo para suas
intenções, e de se verificar se tal procedimento trará benefícios ou não para os pa-
cientes.
Ainda, deve o profissional ficar ciente das exigências legais sobre o uso destes
concentrados plaquetários. É de suma importância que o profissional não só verifi-
que com o seu Conselho se pode ou não trabalhar com a técnica, mas também em
quais condições, visto que a ANVISA pode determinar que certas aplicações só po-
dem ser realizadas em locais específicos (hospitais, centros de pesquisa, etc.)
De forma geral, conclui-se que o PRP e PRF são técnicas avançadas, eficazes e
seguras. Não apresentam risco de infecções cruzadas e riscos nulos ou quase nulos
de reações alérgicas ou de rejeição, visto que são produtos autólogos.

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PRP e PRF - Plasma rico em
plaquetas e fibrina rica em plaquetas

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