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Manual de Economia de Empresa

Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de


Recursos Humanos

ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO


INSTITUTO SUPER
Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e


contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste
manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia
ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação
a Distância (ISCED).
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em
vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


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Beira - Moçambique
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Cel: +258 82 3055839
Fax: 23323501
E-mail: manuais@isced.ac.mz
Website: www.isced.ac.mz

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Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Autor Felicidade Baze

Coordenação Direcção Académica do ISCED

Design Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)

Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED)

Revisão Científica e Victor Nuvunga


Linguística

Ano de Publicação 2017


Local de Publicação ISCED- BEIRA

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INDICE
TEMA – I: Empresas e Mercados no Processo de organização da Produção ........ 1
UNIDADE TEMÁTICA 1.1. A empresa e seu problema económico....................... 9
A empresa e seu problema económico ............................................................ 9
Maximização de Lucro de uma empresa .........................................................10
Questões para Autoavaliação .........................................................................12
TEMA II: FUNCIONAMENTO DO MERCADO .....................................................24
Introdução ....................................................................................................24
UNIDADE TEMÁTICA 2.1: Modelo de Procura ..................................................25
Curva da Procura ...........................................................................................25
Procura individual e Procura do mercado ........................................................26
Factores determinantes da Procura ................................................................29
Elasticidade Preço da Procura ........................................................................31
Questões para Autoavaliação .........................................................................37
UNIDADE TEMÁTICA 2.2: Modelo de Oferta ....................................................40
Introdução ....................................................................................................40
Função oferta ................................................................................................40
UNIDADE TEMATICA 2.3: Equilíbrio de Mercado..............................................45
Introdução ....................................................................................................45
Equilíbrio de Mercado ...................................................................................45
Questões para Autoavaliação .........................................................................47
TEMA III: TEORIA DA EMPRESA .......................................................................49
UNIDADE Temática 3.1: Função de Produção ..................................................49
Introdução ....................................................................................................49
Teoria de produção .......................................................................................49
Questões para Autoavaliação .........................................................................63
UNIDADE TEMATICA 3.2: Custos de Produção .................................................65
Medição de Custos: Quais custos considerar ...................................................65
Questões para Autoavaliação .........................................................................72
Questões para Avaliação ...................................... Error! Bookmark not defined.
TEMA IV: ESTRUTURA DE MERCADO ...............................................................74
Unidade temática 4. A concorrência perfeita...................................................74
4
A concorrência perfeita .................................................................................74
Questões para Autoavaliação .........................................................................85
UNIDADE TEMÁTICA 4.2: MONOPOLIO ...........................................................87
Condição de Maximização do Lucro do Monopólio ..........................................89
A Produção que Maximiza o Lucro do Monopolista .........................................89
Questões para Autoavaliação .........................................................................92
1. Como surge o monopólio? ..........................................................92
Questões para Avaliação ...................................... Error! Bookmark not defined.
UNIDADE TEMATICA 4.3: OLIGOPÓLIO ............................................................94
Introdução ....................................................................................................94
O que é oligopólio?........................................................................................94
Dois modelos tradicionais de oligopólio ..........................................................96
Questões para Autoavaliação .........................................................................99

5
Visão geral

Benvindo à Disciplina/Módulo de Economia de


Empresa

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Economia de


Desenvolvimento deverá ser capaz de: demostrar domínio sobre
questões ligadas a economia e do desenvolvimento, caracterizar,
diferenciar e conhecer os campos de aplicação nas diferentes áreas
do saber. Apresentar e formular propostas de solução científicas
dos problemas ou desafios enfrentados pela sociedade donde
estiver inserida ou do mundo em geral, proporcionando e
contribuindo de forma positiva, na construção de um ambiente sã
de produção de conhecimentos e desenvolvimento harmonioso
entre os povos.

O objectivo do manual de economia Empresarial é:


 Entender como as empresas interagem com o mercado.
 Compreender o mecanismo do mercado usando o modelo de procura
e oferta.
Objectivos Específicos  Entender como uma empresa consegue assegurar a sua continuidade
no mundo dos negócios.
 Entender os indicadores que tornam os mercados diferentes

Quem deveria estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de
licenciatura em Administração Pública do ISCED. Poderá ocorrer,
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o
manual.

Como está estruturado este módulo


Este módulo de Economia de Desenvolvimento, para estudantes do
2º ano do curso de licenciatura em Administração Pública, à

1
semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se
segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em 08 Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e
actividades práticas algumas incluindo estudo de caso.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si,


num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro
de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

2
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a
aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro
estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,
procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.
3
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação


crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as


de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à
noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das
actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por
fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões
4
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que
está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando
a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante
– CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
5
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor,
sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,
estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta de forma detalhada do regulamento
de avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.

1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade


intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
6
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 3 (trés)
avaliações e 1 (um) exame.
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação

7
Introdução

A economia de empresas é aplicação de teoria e metodologia


microeconómica aos problemas de tomada de decisão do mundo real
suportadas por instituições sejam elas do sector público ou privado. Os
seus instrumentos ajudam os gestores e decisores na alocação eficiente de
recursos considerados escassos, no processo de planeamento estratégico
corporativo e na execução de tácticas eficazes para resolução de
problemas.

Durante o processo de tomada de decisão, os gestores de empresas muitas


vezes apoiam-se em ambos ramos da economia como é o caso da alocação
de recursos a curto ou longo prazo. É neste contexto que este manual
pretende oferecer ao estudante a possibilidade de conhecer os
fundamentos para análise de um mercado, tendo em conta a complexidade
e o ambiente competitivo do mercado mundial.

Objectivos

O objectivo do manual de economia Empresarial é:

 Entender como as empresas interagem com o mercado.


 Compreender o mecanismo do mercado usando o modelo de
procura e oferta.
 Entender como uma empresa consegue assegurar a sua
continuidade no mundo dos negócios.
 Entender os indicadores que tornam os mercados diferentes

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TEMA – I: Empresas e Mercados no Processo de organização da
Produção
UNIDADE TEMÁTICA 1.1. A empresa e seu problema económico
UNIDADE TEMÁTICA 1.2. Informações e organizações
UNIDADE TEMÁTICA 1.3. Mercados e empresa

UNIDADE TEMÁTICA 1.1. A empresa e seu problema económico

Nesta unidade temática, estudaremos as empresas e as escolhas que elas


fazem para lidar com a escassez. Normalmente, elas contratam e
organizam os factores de produção para produzir e vender bens e serviços
de formas que consigam alcançar o seu objectivo que é maximizar o lucro
económico. No entanto nem sempre este objectivo é fácil de alcançar, a
empresa incorre com custos.

Objectivos:

No fim desta unidade temática, o estudante tem que ser capaz de:

 Definir e explicar o objectivo principal de uma empresa


 Distinguir os vários tipos de custos
 Explicar como a tecnologia, as informações e os mercados limitam
o lucro de uma empresa.

A empresa e seu problema económico

Segundo o modelo neoclássico, as empresas existem para gerar lucros,


mais lucros e maximizar a riqueza dos accionistas. Conforme aponta Parkin
(2010) uma empresa que não busque a maximização de lucro é eliminada
ou comprada por empresas que buscam isso. Sendo que no processo de
decisão, são aceites as seguintes estratégias:

• Aumentar a receita mais que os custos

• Diminuir alguns custos mais do que aumentam os outros;

• Aumentar algumas receitas mais do que diminuem as outras;

• Reduzir os custos mais do que a receita;

9
Maximização de Lucro de uma empresa

De acordo com o modelo de maximização de lucro, os gestores procuram


maximizar a riqueza dos acionistas, maximizando o seu próprio bem-estar
(ou utilidade). Eles preocupam-se com o risco da empresa e com a garantia
da segurança do seu emprego. Assim, ao satisfazer o seu bem-estar, ao dar
o seu melhor, estarão buscando satisfazer os interesses dos proprietários.

Para melhor perceção do que é a maximização de lucro de uma empresa,


analisemos o seguinte exemplo: A africana confeções tem uma bem-
sucedida confeção de vestidos. Ela recebe $ 400.000 ao ano pelos vestidos
que vende. Seus gastos são de $ 80.000 ao ano com tecido, $ 20.000 com
serviços públicos, $ 120.000 com salários, $ 5.000 com aluguer de
máquinas aspiradoras e $ 5.000 com juros por empréstimo bancário. Com
uma receita de $ 400.000 e gastos de $ 230.000, o excedente anual da
africana confeções é de $ 170.000.

No entanto, o contabilista usando as regras legais, reduz esse valor em $


20.000 que, segundo ele, representa a depreciação das instalações e
máquinas de costura da empresa durante o ano. Assim, o contabilista
declara que o lucro da empresa é de $ 150.000 por ano.

Ao calcular o custo e o lucro da empresa, o contabilista garante que esta,


pague o montante correcto de imposto de renda e para demonstrar ao
banco como o empréstimo solicitado esta sendo utilizado. Não obstante,
pretende-se prever as decisões que uma empresa toma. Essas decisões são
tomadas com base no custo de oportunidade e no lucro económico.

Custo de oportunidade é a expressão usada para exprimir os custos em


termo de alternativas e sacrifícios. Portanto, Custo de oportunidade de
qualquer acção corresponde a alternativa de maior valor da qual se abre
mão. Ela representa a acção que a pessoa decide não fazer. Para a empresa,
o custo de oportunidade da produção é o valor da melhor utilização
alternativa dos recursos. Representa ainda uma alternativa real da qual se
abdicou. O custo de oportunidade pode ser expressa em unidades
monetárias, que para a empresa inclui: custos explícitos e implícitos.

Os custos explícitos são os custos pagos em dinheiro. O valor pago para


obtenção de um recurso produtivo poderia ter sido gasto em outras coisas,
de forma que ela corresponde o custo de oportunidade de utilização de
recursos.

Custos implícitos são custos que a empresa incorre quando esta renuncia
de uma acção alternativa. Normalmente acontece quando a empresa
utiliza seu próprio capital, o tempo ou recursos financeiros do proprietário.

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Se uma empresa utiliza seu capital, ela esta sujeita a um custo implícito
composto de depreciação económica e juros dos quais se renuncia. A
depreciação económica é a variação do valor de mercado de capital ao
longo de determinado período. Os fundos usados para adquirir o capital
poderiam ter sido usados para outro fim, e se fossem colocados a prazo ou
cedido um empréstimo poderiam ter rendido juro. Esse juro o qual se
renuncia é denominado de custo de oportunidade de utilizar o capital.

O proprietário de uma empresa muitas vezes fornece sua capacidade


empresarial ou seja, ele passa a ser o factor de trabalho que organiza o
negócio, toma decisões, inova e arca com os riscos de operação do negócio.
O retorno dessa capacidade é o que se chama de lucro, e o retorno que o
empresário espera receber é denominado de Lucro normal.
O lucro normal também faz parte dos custos implícitos ou seja o custo de
oportunidade de uma empresa, porque constitui a alternativa na qual se
renunciou de fazer outra empresa funcionar.

Lucro Económico de uma empresa é a diferença entre a receita total da


empresa e o custo total da empresa. O custo total da empresa é constituído
pelos custos implícitos e explícitos. Normalmente para as empresas que
geram um lucro económico positivo, o retorno da capacidade empresarial
é maior que o lucro normal e quando este retorno da capacidade é menor
que o normal, a empresa incorre em prejuízo económico.

Para atingir o objectivo de maximização de lucro, a empresa deve tomar


cinco decisões básicas: o que produzir e em que quantidades; que
tecnologia usar no processo de produção; como organizar e pagar os
trabalhadores da empresa; como definir o preço e efectuar a distribuição
do produto e por ultimo quais bens e serviços comprar de outras empresas.

Em todas essas decisões, as acções de uma empresa são limitadas pelas


restrições que ela enfrenta. De entre as restrições, ParKin (2009) destaca
três factores, nomeadamente a tecnologia, a informação e o mercado.

A Tecnologia é definida pelos economistas num sentido amplo. É qualquer


método de produção de um bem ou serviço. Ela inclui os projectos
detalhados dos equipamentos, além do ambiente físico de trabalho e a
organização da empresa. Por exemplo o shopping center é uma tecnologia
para a produção de serviços de retalho. Constitui uma tecnologia diferente
da loja dos centros das cidades.

A tecnologia progride com o tempo. No entanto, a medida que o tempo


avança, se as empresas pretendem produzir mais e obter mais receitas,
elas devem adaptar-se a novas formas tecnológicas, adquirindo mais

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recursos e incorrendo mais custos. O aumento do lucro que as empresas
pretendem alcançar é limitado pela tecnologia disponível.

A Informação: O funcionamento do mercado é complexo, as empresas


dificilmente têm toda a informação, seja do futuro ou presente, que
gostariam de ter para tomar decisões. Desta forma, elas enfrentam
restrições das informações limitadas sobre a qualidade e o esforço dos seus
trabalhadores, os planos de compra actuais ou futuras dos seus clientes e
principalmente os planos dos seus concorrentes. Os trabalhadores podem
estar a se esforçar menos do que o esperado ou desejado pelo gestor e
este acreditar que eles estão trabalhando muito. Os clientes podem optar
em mudar de fornecedor.

Para Evitar este tipo de situações, as empresas tentam criar sistemas de


incentivos para trabalhadores de modo a garantir que eles se empenhem,
ainda que não haja ninguém supervisionando seus esforços. Fazem gastos
avultados em pesquisas de mercado. Ainda que haja este tipo de esforço,
os problemas causados por informações incompleta e incerteza não são
eliminados, dai que restringe os lucros.

O Mercado: O que cada empresa pode vender e o preço que pode obter
são restringidos pela disposição de pagar por parte dos clientes e pelos
preços e actividades de marketing praticado pelos seus concorrentes. Além
disso, os recursos que uma empresa pode obter e os preços que deve pagar
por eles são limitados pela disponibilidade das pessoas em trabalhar para
a empresa e investir nela. Como forma de superar estes problemas, as
empresas gastam anualmente na promoção e venda dos seus produtos, em
publicidades criativas que são anunciados nos canais televisivos. Ainda
assim, as restrições do mercado e os gastos que as empresas fazem para
supera-las limitam os lucros que ela poderia gerar.

Questões para Autoavaliação

1. Defina e explica o objectivo principal de uma empresa.


2. Defina custo de oportunidade.
3. Faca a distinção entre custo explicito e custo implícito.
4. Porque os contabilistas calculam o custo de oportunidade e o lucro
da empresa de modos diferentes?

5. Explique como as restrições enfrentadas por uma empresa limita o


seu lucro?

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Soluções:

1. Defina e explica o objectivo principal de uma empresa.

Empresa é uma instituição que contrata factores produtivos e os organiza


para a produção e vender bens e serviços. O objectivo principal da empresa
é maximizar o lucro.

2. Defina custo de oportunidade.

Custo de oportunidade é a alternativa de maior valor pelo qual se renuncia.

4. Por que os contabilistas e economistas calculam o custo e o lucro


da empresa de modos diferentes?

Os contabilistas e economistas calculam o custo e o lucro da empresa de


modos diferentes porque tem objectivos diferentes. Os contabilistas tem
como objectivo garantir que a empresa paguem a quantia correcta de
imposto de renda e demonstrar ao banco como o empréstimo solicitado
esta sendo utilizado enquanto que os economistas tem como objectivo
prever as decisões que as empresas irão tomar e, essas decisões são
tomadas na base de custo de oportunidade e no lucro económico.

5. Explique como as restrições enfrentadas por uma empresa limita o


seu lucro?

As restrições enfrentadas por uma empresa limitam o seu lucro da seguinte


maneira:
Tecnologia: Se as empresas pretendem produzir mais e obter mais receitas,
elas devem adaptar-se a novas formas tecnológicas, adquirindo mais
recursos e incorrendo mais custos.

Informação: As empresas dificilmente têm toda a informação que


gostariam de ter para tomar decisões. Essa limitação está relacionada com
a qualidade e o esforço dos seus trabalhadores, os planos de compra
actuais ou futuras dos seus clientes e principalmente os planos dos seus
concorrentes. Com forma de reverter o problema, as empresas tentam
criar sistemas de incentivos para trabalhadores de modo a garantir que eles
tenham um bom desempenho e fazem gastos avultados em pesquisas de
mercado. Limitando assim o seu lucro.

Mercado: uma empresa pode vender e o preço que pode obter é


restringido pela disposição de pagar por parte dos clientes e pelos preços
e actividades de marketing praticado pelos seus concorrentes.

13
UNIDADE TEMÁTICA 1.2. Informações e organizações

Introdução
As empresas utilizam uma combinação de sistemas de comando e sistemas
de incentivos para organização de produção. Diante das informações
incompletas e incertezas, as empresas induzem os seus gestores e
trabalhadores a ter um desempenho que estejam de acordo com os seus
os objectivos.

Objectivo
 Definir e explicar o problema da relação agente-principal
 Indicar os principais tipos de organizações privadas.
 Descrever como diferentes tipos de organizações lidam com o
problema da relação agente-principal.

Informações e organizações

Cada empresa organiza a produção de bens ou serviços por meio da


combinação e coordenação dos recursos produtivos que consegue. Mas a
maneira como as empresas organizam a sua produção varia. Elas utilizam
uma combinação de dois sistemas, nomeadamente sistema de comando e
sistema de incentivo.

Sistema de comando é um método de organização de produção que utiliza


uma hierarquia administrativa. Os comandos são transmitidos de cima para
baixo pela hierarquia e as informações são transmitidas de baixo para cima.
Os gestores deste tipo de sistema passam a maior parte do seu tempo
fazendo recolha e processamento de informação do desempenho dos seus
subordinados, que posteriormente toma decisões sobre quais comandos
emitir e sobre a melhor maneira de fazer esses comandos serem
implementados. Um exemplo deste tipo de sistema é o sistema de
administração militar.

O sistema de comando em empresas não são tão rigorosos quanto


utilizados pelos militares, mas compartilham algumas características em
comum. Um chief Execcutive officer (CEO) que representa o director
executivo ocupa a posição mais alta do sistema de comando de uma
empresa. Os executivos seniores que se reportam ao CEO, recebem
comando deles e se especializam na administração da produção, do
marketing, das finanças, do pessoal e de outros aspectos das operações da
empresa. Abaixo dos seniores podem ter várias camadas de média gestão
até se chegar aos gerentes que supervisionam as operações diárias de

14
negócio e, por último estão os operadores de máquinas e o pessoal de
venda dos bens ou serviços.

As empresas de pequeno porte são constituídas por uma ou duas níveis de


gestão, enquanto empresas grandes tem várias níveis. A medida que os
processos de produção tornaram-se complexos, as posições de gestão
tornaram-se mais numerosas.

A globalização abrandou o crescimento da administração e, em algumas


indústrias, o organigrama foi reduzido, eliminando muitos cargos de média
gestão. Outrossim, os gestores fazem esforço de se manterem bem
informados. Eles se empenham para tomar decisões adequadas e emitir
comandos visando à utilização eficiente dos recursos produtivos. No
entanto, nem sempre os gestores têm informação completa sobre o que
acontece nas divisões da empresa pelas quais são responsáveis. É por esse
motivo que as empresas utilizam, além dos sistemas de comando, o
sistema de incentivos para organizar a produção.
Sistema de incentivo é um método de organização de produção que usa
um mecanismo parecido com o do mercado dentro de uma empresa. Em
vez de emitir comandos, os administradores seniores criam esquemas de
recompensa que induz os funcionários a trabalharem de maneiras que
maximizem o lucro da empresa.

Os sistemas de incentivos são usados de modo mais extensivo pelas


organizações de venda. Os representantes das vendas que passam a maior
parte do tempo trabalhando sozinhos e sem monitores são induzidos a se
empenharem pelo recebimento de um salário fixo e grande bónus
relacionados com o desempenho. Este tipo de sistema pode ser aplicado
em todos níveis de uma empresa. Para os CEOs o plano de remuneração
inclui a participação dos lucros da empresa, enquanto os operários a
recompensa é feita com base nas quantidades produzidas.

Combinação dos sistemas

Ainda que exista os casos extremos dos sistemas de combinação, as


empresas preferem combinar o sistema de comando e de incentivo de
forma a maximizar o lucro. Quando um pequeno desvio do desempenho
ideal tem um custo muito alto ou quando é fácil monitorar o desempenho
as empresas utilizam os comandos. No entanto, quando a monitoria do
desempenho é inexequível ou tem um custo demasiado alto causado pelo
problema da relação agente-principal (administrador-accionista), elas
usam incentivos.

15
Por exemplo, é fácil monitorar o desempenho dos trabalhadores de uma
linha de produção. Se um operário for demasiado lento, toda linha de
produção ficara também lenta. Assim, uma linha de produção é organizada
com um sistema de comando. Do outro lado, para monitorar um CEO
requer altos custos, dai que é necessário usar os incentivos.

O problema de relação agente-principal: é o problema da elaboração de


regras de remuneração que induzem um agente (administradores ou
gerentes) a praticar actos que estejam de acordo com os interesses de um
principal (accionista). Os accionistas precisam induzir os gestores agirem de
acordo com os interesses deles. Os agentes, ainda que sejam gerentes ou
trabalhadores, empenham-se para alcançar os seus próprios objectivos e
muitas vezes impõem custos a um principal.

O problema de relação agente-principal não ‘e resolvido com a emissão de


comando. Em muitas empresas, os accionistas não tem como supervisionar
os gestores e, os gestores muitas vezes não conseguem os seus
subordinados. Parkin (2009) sugere três maneiras de tentar abrandar o
problema de relação agente-pricipal:
Conceder Propriedade de um negócio a um gestor ou subordinado.
Esquemas de propriedade parcial para executivos seniores são frequentes,
mas são menos comum para trabalhadores em geral.

Pagamentos ligados ao desempenho, ou seja, pagamentos de incentivos


são bastante comuns. Elas baseiam-se em uma serie de critérios de
desempenho como metas de produção ou vendas e lucro.

Contrato de longo prazo estão ligados aos contratos assinados pelos


gestores ou trabalhadores. Este define o destino de todos intervenientes
internos da empresa (principal, gestores e trabalhadores).

Ora, Parkin (2009) realça que as três formas de lidar com o problema da
relação agente-principal resultam em diferentes tipos de organizações
privadas. Cada tipo de organização privada representa uma reacção
diferente ao problema. De entre os vários tipos de organizações privadas,
as principais são: empresas individuais, sociedades e corporações.

Uma empresa individual é constituída por um único proprietário que tem


a responsabilidade ilimitada sobre a empresa. O proprietário é responsável
legal por todas dívidas até a uma quantia igual a toda sua riqueza. Este
toma decisões administrativas, recebe os lucros da empresa e se
responsabiliza pelos prejuízos. Os lucros de uma empresa individual são
submetidos à mesma aliquota de imposto na que outras fontes de
rendimento individual do proprietário.

16
A sociedade refere-se a uma empresa que é constituído por dois ou mais
proprietários e que este tem responsabilidade ilimitada sobre ela. Neste
tipo de empresa, os sócios concordam em uma estrutura administrativa
apropriada e a forma de divisão dos proveitos. Os lucros de uma sociedade
sofrem uma taxa como se fossem rendimento individual dos proprietários.
Porem, cada sócio é legalmente responsável por todas as dívidas da
sociedade, que é limitada somente pela riqueza do sócio individual.

Uma corporação é uma empresa de propriedade de um ou mais accionistas


de responsabilidade limitada ou seja os proprietários são legalmente
responsáveis somente pela quantia do seu investimento inicial. A limitação
de responsabilidade significa que, caso a empresa vá a falência, os seus
proprietários não são obrigados causar a sua riqueza pessoal para saldar as
dívidas da corporação.

Os lucros deste tipo de organização são submetidos a imposto


independentemente do rendimento dos accionistas. Os accionistas pagam
um imposto sobre os ganhos de capital que incide sobre o lucro que
recebem quando vendem as acções por um preço superior àquele que
pagaram. As acções corporativas rendem ganhos de capital quando uma
corporação faz a retenção de parte do seu lucro e o reinvestem em
actividades lucrativas. Desta forma, os rendimentos retidos são
submetidos duas vezes a impostos porque os ganhos de capital geram são
taxados.

Vantagens e Desvantagens dos diferentes tipos de empresas


Como referido anteriormente, os diferentes tipos de organizações privadas
surgem de diferentes maneiras de tentar lidar com o problema da relação
entre agente-principal. Cada tipo de empresa tem suas vantagens e
desvantagens que justificam a sua existência. O tabela XXX resume essas
situações.

Tabela 1: vantagens e Desvantagens dos diferentes tipos de empresas

Tipo de Vantagens Desvantagens


empresa
 Facilmente constituída  Decisões ineficazes não são
verificadas, por não haver necessidade
de consenso.
 Processo decisório  Toda riqueza do proprietário está
Simples em risco.
Empresa  Lucros tributados apenas  A empresa deixa de existir com a
individual uma vez como renda do morte do proprietário.
proprietário
 O custo do capital e do trabalho é
alto em relação ao de uma corporação.
17
 Facilmente constituída  Pode ser lento e oneroso atingir
o consenso
 Processo decisório  Toda riqueza dos proprietários
diversificado está em risco.
Sociedade  Pode sobreviver se um  A saída de um dos sócios pode
sócio se retira gerar escassez de capital.
 Lucros são tributados  O custo de capital e do trabalho é
apenas uma vez como renda dos alto em relação ao de uma corporação.
proprietários
 Os proprietários têm
responsabilidade limitada
 Capital de larga escala e  A estrutura administrativa
baixo custo disponível. complexa pode fazer com que as
decisões sejam lentas e dispendiosas.
Corporação  Administração  Lucros retidos submetidos duas
profissional não restringida pela vezes ao imposto: primeiro como lucro
capacidade dos proprietários. da empresa e segundo como ganhos de
capital dos accionistas
 Vida perpétua
 Contratos de trabalho de
longo prazo reduzem os custos
de trabalho
Fonte: Parkin (2009)

Questões de Autoavaliação

1. Explique a diferença entre um sistema de comando e um sistema


de incentivos.
2. Qual é o problema da relação agente-principal?
3. Quais são as três maneiras pelas quais as empresas tentam lidar
com esse problema?
4. Quais são os três tipos de empresas?
5. Explique as principais vantagens e desvantagens dos três tipos de
empresa.

Soluções:
1. Explique a diferença entre um sistema de comando e um sistema
de incentivos.
A diferença entre um sistema de comando e um sistema de incentivos é o
sistema de comando é um método de organização da produção que utiliza
uma hierarquia administrativa enquanto que o sistema de incentivo é um
método de organização da produção que utiliza um mecanismo similar ao
do mercado dentre da empresa.

2. Qual é o problema da relação agente-principal?


O problema da relação agente-principal é o problema de elaboração de
regras de recompensa que aliciam um agente a executar as suas
actividades que vai de acordo com os interesses do principal.

18
3. Quais são as três maneiras pelas quais as empresas tentam lidar
com esse problema?

As três maneiras pelas quais as empresas tentam lidar com esse problema
são: Propriedade, pagamento de incentivos e contratos de longo prazo.

4. Quais são os três tipos de empresas?


Os três tipos de empresas são: empresa individual, sociedade e
cooperação.

5. Explique as principais vantagens e desvantagens dos três tipos de


empresa.
Empresa individual tem como vantagem facilidade na constituição; tem um
processo decisório simples; os lucros são tributados apenas uma vez com
rendimento do proprietário. Tem como desvantagem: a inexistência da
empresa com a morte do proprietário; o risco que incorre toda riqueza do
proprietário; desnecessidade de consenso, levam com que as decisões
ineficazes não sejam averiguadas.
Sociedade tem como vantagem: facilidade na constituição da empresa;
possuir um processo decisório diversificado; a retirada de um sócio, não
implica a sobrevivência da empresa e os lucros são tributados apenas uma
vez como rendimento dos proprietários. Desvantagens: por ser lento e
dispendioso atingir o consenso; toda a riqueza do proprietário esta em
risco; a saída de um sócio pode gerar escassez de capital e o custo do capital
e do trabalho é alto em relação ao de uma corporação.
A Corporação tem como vantagem: responsabilidade limitada por parte
dos proprietários; capital de larga escala e baixo custo disponível; a
administração profissional não restringida pela capacidade dos
proprietários; tem uma vida perpétua e os contratos de trabalho de longo
prazo reduzem os custos de trabalho. Desvantagens: tem uma estrutura
administrativa complexa que faz com que as decisões sejam lentas e
dispendioso e o lucro retido é submetido duas vezes ao imposto e

19
UNIDADE TEMÁTICA 1.3. Mercados e empresa

Introdução
Nesta unidade temática, irá abordar como as empresas conseguem
coordenar as actividades económicas quando podem realizar uma tarefa
com mais eficiência, tendo em conta os custos advindo dessas actividades
que, devem ser baixos do que oferecidos no mercado.

Objectivos
 Explicar Como os mercados coordenam as actividades económicas.
 Explicar o que determina a coordenação da produção.
 Explicar as causas que levam com que uma empresa seja mais eficiente
do que os mercados.

Mercados e empresa

Uma empresa é uma instituição que contrata factores produtivos e os


organiza para a produção de bens ou serviços. Para organizar a produção,
as empresas coordenam as decisões e actividades económicas de várias
pessoas. As empresas não são as únicas que fazem a coordenação
económica, os mercados também coordenam as decisões. A coordenação
do mercado é feita através de ajustamento dos preços e fazendo com que
as decisões dos compradores e vendedores sejam harmonizáveis. (Parkin
2009; Mata 2007)

Algumas perguntas podem surgir como: o que determina se uma empresa


ou o mercado que coordena um conjunto especifico de actividades? Como
as empresas decidem comprar bens ou serviços de uma outra empresa ou
fabrica-los elas mesmas?

A resposta a estas perguntas está nos custos incorridos. Se considerarmos


o custo de oportunidade do tempo, além dos custos dos outros insumos,
as empresas adoptam o método que lhes oferece menor custo. Elas
coordenam a actividade económica quando podem realizar uma tarefa
com mais eficiência do que os mercados. Se os mercados puderem
executar uma tarefa com mais eficiência do que uma empresa, as empresas
utilizam os mercados, e qualquer tentativa de constituir uma empresa para
substituir essa coordenação feita pelo mercado conduzirá ao fracasso.

20
No entanto, as empresas têm sido mais eficientes do que os mercados
pelas seguintes razões:

 As empresas são capazes de conseguir menores custos de


transacções. Os custos de transacções são aqueles que se tem para
encontrar alguém com quem fazer negócios, para chegar a um
acordo em relação ao preço e outros aspectos da negociação e para
garantir que as condições do acordo sejam cumpridas.
Normalmente, as transacções no mercado requerem que
compradores e vendedores se encontrem e negociem os termos de
condições da transacção. Nem sempre os contratos são cumpridos,
e quando isto acontece conduz a mais gastos. que nalgumas vezes
há necessidade da intervenção de um advogado para que possa
elaborar os contratos.

Considere por exemplo, duas maneiras de concertar um carro. A


primeira situação é a coordenação da empresa: o proprietário leva
o carro à oficina mecânica. O dono da oficina faz o levantamento
das peças e ferramentas e também a mão-de-obra do mecânico que
concertará o carro. O proprietário paga uma conta pelo serviço
todo. Por outro lado, na coordenação do mercado, o proprietário
do carro contrata um mecânico que determina quais são os
problemas e faz a lista das peças e ferramentas necessárias para
que concerte o carro. O proprietário compra as peças em um ferro-
velho e aluga as ferramentas em uma loja. De seguida chama
novamente o mecânico para fazer o concerto. Depois devolve as
ferramentas e paga as contas referentes ao aluguer das
ferramentas, a mão-de-obra do mecânico e o custo das peças.

 Economia de escala surge quando o custo de produção de uma


unidade de um bem diminui à medida que a produção aumenta. As
economias de escala resultam da especialização e da divisão de
trabalho que podem ser obtidos mais eficazmente pela
coordenação feita pela empresa do que pela coordenação feita pelo
mercado. (Mata 2007; Parkin 2009). É exemplo de economia de
escala os fabricantes de automóveis. Um fabricante de automóvel
que produz apenas alguns carros anualmente, utiliza o método
manual, e este é muito oneroso. No entanto, um fabricante que usa
a economia de escala, a medida que a escala de produção aumenta,
a empresa pode utilizar mão-de-obra altamente especializada e
equipamentos que reduzem os custos.

21
 Economia de escopo surge quando uma empresa utiliza recursos
especializados, muitas vezes onerosos, para produzir uma
variedade de bens ou serviços. Em consequência, ela coordena
esses recursos a um custo mais baixo do que o custo que um
individuo teria para adquirir todos esses serviços nos mercados.

 Economia de produção em equipa é um processo de produção no


qual os indivíduos de um grupo se especializam em tarefas que se
complementam. A produção de bens e serviços oferece muitos
exemplos de actividade em equipa, pois as actividades são
organizadas em equipa e cada uma se especializa em uma pequena
tarefa.

Exercício de Auto- Avaliação

1. Quais são as duas maneiras de coordenar a actividade


económica?
2. O que determina se a produção é coordenada por uma
empresa ou pelo mercado?
3. Quais as principais razões pelas quais as empresas
normalmente conseguem coordenar a um custo mais baixo
do que o alcançado pelo mercado?

Solução:

1. Quais são as duas maneiras de coordenar a actividade


económica?

R: As duas maneiras de coordenar a actividade económica são:


coordenação através do mercado e a coordenação através das empresas.

2. O que determina se a produção é coordenada por uma empresa


ou pelo mercado?

R: O que determina se a produção é coordenada por uma empresa ou


pelo mercado são os custos. Se os custos incorridos pelas empresas são
menores que as do mercado então a coordenação será feita pelas
empresas. Porém, se o mercado for mais eficiente que as empresas a
coordenação é feita pelo mercado.

22
3. Quais as principais razões pelas quais as empresas
normalmente conseguem coordenar a um custo mais baixo do
que o alcançado pelo mercado?

R: As principais razões pelas quais as empresas normalmente conseguem


coordenar a um custo mais baixo do que o alcançado pelo mercado por
serem capazes de conseguir menores custos de transacção, economia de
escala, economia de escopo e economia de produção em equipa.

23
TEMA II: FUNCIONAMENTO DO MERCADO

UNIDADE TEMÁTICA 2.1. O modelo de procura


UNIDADE TEMÁTICA 2.1. O modelo de Oferta
UNIDADE TEMÁTICA 2.3. Equilíbrio Geral da Procura e da Oferta

Introdução

O mercado é entendido como sendo o lugar físico ou virtual que põe em


contacto o consumidor e o vendedor de um dado bem ou serviço, com
finalidade de satisfazer as suas necessidades. No entanto, este é
semelhante com as situações meteorológicas, pois estão sempre em
processo de mudança, são imprevisíveis e sujeitos a frequentes períodos
de tempestades e bonanças. por isso a sua compreensão é bastante
complexa.

A ferramenta que ajuda a compreender os movimentos dos preços e das


quantidades nos mercados específicos é chamada análise da oferta e da
procura (teoria da oferta e da procura).

A teoria da oferta e da procura demonstra como as preferências dos


consumidores determinam a procura de bens, enquanto os custos das
empresas são a base da oferta de mercadorias.

 A quantidade que as pessoas procuram de um bem, depende do


seu preço. Quanto maior for o preço de um bem, mantendo-se o
resto constante, menor é a quantidade que as pessoas querem
comprar desse bem.

 Quanto menor é o preço do mercado do bem, maior é o número de


unidades compradas.

24
UNIDADE TEMÁTICA 2.1: Modelo de Procura

O conhecimento da procura enfrentada por uma determinada empresa


está directamente relacionada com o comportamento dos consumidores,
em termo de quantidades que está disposto a adquirir quando se confronta
com diferentes níveis de preços. Normalmente, os consumidores tem a
tendência de comprar mais quando os preços de um bem baixam e tendem
a reduzir quando os preços são altos. No entanto este comportamento não
é similar para todos os bens transaccionados no mercado. Neste sentido,
pode-se dizer que os consumidores são a chave para o sucesso das
empresas, estes determinam quais as possibilidades de venda que uma
empresa pode ter. Para o alcance deste objectivo, as empresas precisam
conhecer os seus potenciais consumidores, de forma a adequar as suas
decisões.

Objectivos:

No final desta unidade temática o estudante deve ser capaz de:

1. Definir a procura;
2. Descrever a Lei da procura e o porquê a curva da procura
tem inclinação negativa;
3. Definir, calcular e Explicar os factores que influenciam a
Procura;
4. Definir, calcular e explicar os factores que influenciam a
elasticidade da procura

Curva da Procura
As pessoas preocupadas em satisfazer as suas necessidades, procuram
bens e serviços. Procura ou demanda segundo Samuelson et all (2010) é a
quantidade de bens, serviços ou factores de produção que os
consumidores estão dispostos a adquirir por um determinado preço
durante um determinado período. A relação entre o preço do mercado de
um bem e a quantidade procurada desse mesmo bem, mantendo-se o
resto constante, é chamada por função procura ou curva da procura.

A curva da procura tem inclinação negativa. A esta propriedade denomina-


se Lei da procura com inclinação negativa. A lei da procura diz que: o preço
do bem e quantidade procurada do mesmo tem uma relação inversa, isto
é, quando o preço de um bem aumenta (diminui), mantendo-se todo o
25
resto constante, os consumidores tendem a consumir uma menor (maior)
quantidade desse mesmo bem. Esta situação justifica-se pelas seguintes
razões: efeito substituição, efeito rendimento e efeito utilidade marginal
decrescente.

a) Efeito substituição: quando o preço de um bem aumenta, o


consumidor procura substituir por outros bem similares mas que
tenham um preço mais baixo e que lhe garante a mesma satisfação.

b) Efeito rendimento: quando o preço aumenta, mantendo-se o resto


constante, torna os consumidores mais pobres do que
anteriormente pois os seus rendimentos permanecem inalterados,
o mesmo é aplicado para o inverso.

c) Efeito utilidade marginal decrescente: Quanto mais o consumidor


adquire maior quantidade de um determinado bem ou serviço, o
acréscimo da sua satisfação tende a reduzir, induzindo-o a pagar ao
menor preço

Procura individual e Procura do mercado

Os mercados em geral são constituídos por diversos consumidores. Os


elementos fundamentais da construção da procura são os gostos e as
necessidades individuais (procuras individuais). No entanto, cada
consumidor tem um comportamento diferenciado do outro, o que leva
com que tenham procuras individuais diferentes. Para as empresas
interessa saber a procura que agrega todos consumidores, a chamada
procura de mercado, que representa a soma de todas as procuras
individuais.(Mata 2007)

Para melhor percebermos como passar da procura individual para a


procura de mercado, vamos admitir que, o Rui, a Susana e o Miguel gostam
de ópera e a tabela 2 descreve o número de vezes que estes vão assistir a
espectáculo de ópera para diferentes níveis de preço de bilhete.
Tabela 2: Procura Individual e do mercado

Preço Procura do Procura da Procura do Procura de


(Euros) Rui Suzana Miguel Mercado
60 1 0 0 1
50 1 1 0 2
40 1 2 2 5
30 2 2 4 8
20 2 3 5 10
10 4 3 6 13

26
Para obtermos a procura de mercado basta agregar, para cada preço a
totalidade da quantidade procurada pelos diferentes consumidores. Assim,
ao preço de 60, apenas o Rui ira a opera, o que faz com que a procura de
mercado a este preço seja igual a uma unidade. Ao preço de 50, a suzana
ira também uma vez, o que faz com que a procura seja de duas unidades.
Ao preço de 40, o Miguel entra no mercado, indo duas vezes e a Suzana ira
uma única vez, o que faz com que a procura de mercado seja de 5 unidades.
Este processo de agregação repete-se para cada preço ate chegar-se à
quantidade de 13 unidades quando se atinge o preço de 10.

A agregação das diferentes procuras individuais esta representada


graficamente na figura 1.

Figura 1: Procura individual e procura de mercado

Fonte: Mata, 2007

A curva de procura é representada de forma linear, ou seja, por uma linha


recta. Com a linha recta é fácil perceber que, quanto maior for o numero
de consumidores no mercado e quanto maior for a heterogeneidade entre
eles, menos importantes serão os degraus da procura agregada e mais
perto se esta da forma linear. No entanto, ainda se chama Curva da
procura, mesmo quando usa-se a forma linear para a representação da
procura.

Figura 2: A Curva de Procura

27
Fonte: Parkin, 2009

Do ponto de vista analítico, a forma linear continua a ser usada pela sua
simplicidade e ajuda também a perceber melhor a relação existente entre
o preço de um bem e a quantidade procurada do mesmo bem que
normalmente é representada pela expressão abaixo:

Q  a  bP

Sendo Q a variável dependente ou explicada; P a variável independente


ou explicada; a e b parâmetros positivos, cujo valor varia de acordo
com as características especificas de cada curva da procura; o sinal menos
antes do parâmetro b significa que a curva da procura tem inclinação
negativa; O parâmetro a representa o valor de Qd quando P é nulo. O
parâmetro b representa a inclinação da recta.

Na economia, a representação gráfica segue uma nomenclatura inversa


usada na matemática, isto é, a representação gráfica faz a inversão dos
eixos relativamente a forma usual da representação de funções. Muitas
vezes, contudo, usaremos a inversa da curva da procura em vez da procura
propriamente dita, representação essa em que os eixos estão no seu lugar
habitual.

a 1
P  Q
b b

28
Factores determinantes da Procura

Para além do preço que influencia a quantidade procurada, as alterações


da procura são determinadas por um conjunto de factores, conforme é
sugerido por Samuelson et al (2010):

 Os níveis médios de rendimento: as alterações no rendimento


dos consumidores têm consequências sobre a procura que
esses consumidores fazem dos bens. Com o aumento dos
rendimentos, os consumidores tendem a comprar uma maior
quantidade de quase tudo, mesmo sem alteração dos preços.
Os bens relativamente aos quais isto acontece denominam-se
bens normais. Mas, existem bens cujo consumo diminui a
medida que o rendimento aumenta, os bens com estas
características denominam-se bens inferiores. O consumo deste
tipo de bem reduz-se porque os consumidores passam a
procurar consumir bens de melhor qualidade. Por exemplo, se
o consumidor ficar mais rico, este diminuirá o consumo da carne
de segunda e passara a compra mais a carne de primeira. Existe
ainda o caso de bens de consumo saciado, quando a procura de
um bem não é influenciado pelo rendimento dos consumidores,
é o caso do sal.

 A dimensão da população: a procura também depende do


tamanho e da distribuição etária da população. Quanto maior
for o número de habitantes numa região, maior será a procura
do mercado. Por exemplo, a procura de vagas de
estacionamento, filmes entre outras coisa que possa imaginar,
é muito maior nas grandes cidades quanto comparado com as
pequenas cidades. Além disso, quanto maior é a parcela da
população em uma determinada faixa etária, maior é a procura
pelos bens ou serviços utilizados por esta faixa etária.

 Os preços e a disponibilidade dos outros bens relacionados:


Existe uma relação importante entre bens substitutos e os bens
complementares. A quantidade que um consumidor compra de
um dado bem irá depender do preço de outro bem. Podendo
estes bens aumentar ou reduzi as quantidades consumidas,
conforme a disponibilidade ou a relação existente entre eles. Se
os bens forem substitutos, como por exemplo a manteiga e a
margarina, se houver um aumento do preço da margarina, os
consumidores passam a comprar menos margarina e
aumentam a quantidade de consumo da manteiga. Um bem
substituto, é um bem que pode ser utilizado no lugar de outro.
No caso de bens complementares, isto é, bens consumidos em
29
simultâneo como por exemplo a gasolina e o automóvel, se o
preço da gasolina aumenta, os consumidores irão reduzir a
procura de automóveis.

 Os gostos ou preferências individuais e da sociedade: os


consumidores têm gostos diferentes. Os gostos representam
uma variedade de influências culturais e históricas. Estes podem
ser influenciados por tradição ou crença religiosa. Podem
também alterar-se no decurso da vida dos consumidores.

 Influências específicas: As influências específicas afectam a


procura de bens específicos.

É importante saber distinguir entre o impacto que as alterações dos níveis


de preço de um bem das alterações dos factores determinantes da procura
têm sobre a curva da procura. Se apenas alterar o preço do bem, mantendo
o resto constante, ocorre uma variação da quantidade procurada, ou seja,
haverá movimento ao longo da curva da procura. Se o preço diminui, o
movimento será para cima e se o preço aumenta, o movimento será para
baixo.

Quando se alteram os factores determinantes da procura, mantendo o


resto constante, ocorre uma variação na procura, ou seja, há uma
deslocação da curva da procura, podendo se deslocar para a direita
ilustrando um aumento e para a esquerda ilustrando uma redução.
Figura 3: Mudança da quantidade procurada versus mudança da procura

Fonte: Parkin, 2009

30
Elasticidade Preço da Procura

Um elemento muito importante para caracterizar uma procura é saber qual


é o impacto que uma alteração do preço tem sobre a quantidade
procurada. Do ponto de vista da empresa, o conhecimento desta
sensibilidade da procura às variações do preço é decisivo para avaliar ate
que ponto é que é possível subir o preço, ou ate ponto é que vale a pena
desce-lo. As figuras abaixo ilustram duas procuras com a mesma subida de
preço, no entanto com consequências diferentes em termo de quantidades
que são possíveis vender.
Figura 4: Elasticidade da procura

Fonte: Mata, 2007

Com os dois gráficos, é possível notar que a procura do gráfico a esquerda


a subida de preço provoca uma pequena redução da quantidade vendida,
na procura do gráfico a direita a variação da quantidade vendida é mais
significativa.

Para medir a sensibilidade da procura a variação do preço, os economistas


usam o conceito elasticidade preço da procura (elasticidade da procura)
mede a variação na quantidade procurada de um bem quando o seu preço
varia, ou seja, é a variação percentual da quantidade procurada dividida
pela variação percentual do preço. (Mata 2007)

31
Q / Q Q P
D   
P / P P Q
Onde:

  D = Representa a elasticidade preço da procura

 ΔQ = Representa a variação da quantidade procurada.

 ΔP = Representa a variação no preço.

 Q = Representa a quantidade média procurada

 P = Representa o preço médio

Categorias da Elasticidade Preço da Procura

 Quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma


variação superior a 1% na quantidade procurada, o bem tem
uma procura elástica em relação ao preço (  D >1).

 Quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma


variação inferior a 1% na quantidade procurada, o bem tem
uma procura rígida ou inelástica em relação ao preço (  D <1).

 Quando a percentagem da variação da quantidade é


exactamente igual a percentagem da variação do preço, o bem
tem uma procura unitária (  D =1).

De acordo com Samuelson et al (2010), existem três pontos importantes


no cálculo da elasticidade: primeiro, as variações percentuais são tratadas
como sendo positivas. Neste contexto, todas as elasticidades são positivas,
ainda que os preços e as quantidades procuradas se desloquem em
direcções opostas. Segundo a definição da elasticidade usa a variação
percentual do preço e da procura, isto é, uma alteração da unidade de
medida não afecta a elasticidade. Quer os preços sejam em Metical ou
Rand ou Dólar, a elasticidade preço mantém-se igual.

No cálculo exacto das variações percentuais do preço e da quantidade usa-


se a fórmula:
Q / Q
P / P

Onde o preço e a quantidade do denominador calcula-se a partir do preço


médio, ou seja:

32
Q1  Q2 P  P2
Q e P 1
2 2

 P1 e Q1 representam o preço e a quantidade originais.

 P2 e Q2 representam o preço e a quantidade finais.

Factores que Influenciam a elasticidade da Procura

A elasticidade da procura segundo Parkin (2009) depende dos seguintes


factores:

 Proximidade dos bens substitutos: quanto mais próximo forem os


bens ou serviços substitutos, mais elástica é a procura por esses
bens;

 Proporção da renda gasta com o bem: quanto maior for a


proporção da renda gasta em um bem, mais elástica é a procura por
esse bem.

 Tempo decorrido desde a variação do preço: quanto mais tempo


transcorre desde uma variação de preço, mais elástica é a procura.

Casos extremos e importantes que ocorrem na elasticidade preço da


procura

Existem casos em que as procuras podem ser perfeitamente elásticas


(infinitas) ou perfeitamente rígidas (nulas).

 Procuras perfeitamente rígidas ou com elasticidade preço igual a


zero (  D 0 ) são aquelas em que as quantidades procuradas não
reagem às variações de preço. A sua representação gráfica
corresponde a uma curva da procura vertical.

33
Figura 5: Procura perfeitamente inelástica

Fonte: Parkin, 2009

 Quando a procura é infinitamente elástica (  D  ), uma ligeira


variação no preço levara a uma variação infinitamente grande da
quantidade procurada. Ela representa-se por uma curva de procura
horizontal.

Figura 6: Procura perfeitamente elástica

Fonte: Parkin, 2009

34
Elasticidades da procura e receitas

Existe uma relação interessante entre a receita total e a elasticidade da


procura. Por definição a receita total é igual ao preço vezes a quantidade
(R = PxQ). Quando o preço varia, a receita total também varia. No entanto,
nem sempre que o preço aumenta, a receita total também aumenta. A
variação da receita total depende da elasticidade da procura da seguinte
forma:

 Quando a procura é rígida em relação ao preço (  D >1), uma


redução do preço reduz a receita total.

 Quando a procura é elástica em relação ao preço (  D <1), uma


redução do preço aumenta a receita total.

 Quando a procura tem uma elasticidade unitária (  D =1), uma


redução do preço não tem qualquer efeito na receita total.

A figura 5 mostra como é possível utilizar a relação entre a elasticidade


procura e a receita total para estimar a elasticidade por meio do teste da
receita total. O teste de receita total é um método para estimar a
elasticidade da procura pela observação da mudança da receita total
resultante de uma mudança do preço, quando todos outros factores que
influenciam a quantidade vendida se mantiverem constantes.

35
Figura 7: Elasticidade e receita total

Fonte: Parkin, 2009

Como mostra a figura do painel (a), na faixa de preços de $25 a $12,50, a


procura é elástica. Na faixa de preços de $12,50 a zero a demanda é
inelástica. No preço de $12,50, a demanda tem elasticidade unitária.

No painel (b) mostra a receita total. Ao preço de $25, a quantidade vendida é zero,
de modo que a receita total é zero. Ao preço de zero, a quantidade é 50 pizzas por
hora e a receita total por sua vez, é zero. Uma redução de preço na faixa elástica
leva a um aumento da receita total – o aumento percentual da quantidade
procurada ‘e maior que a redução percentual do preço. Uma redução de preço na
faixa inelástica leva a uma redução da receita total aumento percentual da
quantidade procurada é menor que a redução percentual do preço. Na
elasticidade unitária, a receita total está no seu máximo. A tabela 3 resume
essas situações.

36
Tabela 3: Relação entre elasticidade Procura e recita total

Valor da ED Descrição Definição Impacto nas receitas

ED>1 Procura Variação percentual da As receitas aumentam


elástica quantidade procurada quando o preço diminui
maior do que a variação
percentual do preço

ED=1 Procura Variação percentual da As receitas mantêm-se


com quantidade procurada quando o preço diminui
elasticidade igual à variação percentual
unitária do preço

ED<1 Procura Variação percentual da As receitas diminuem


rígida quantidade procurada quando o preço diminui
menor do que a variação
percentual do preço

Resumo:

Os consumidores procuram bens e serviços para satisfação das suas


necessidades. A procura de mercado de um bem ou serviço informa as
empresas as quantidades que os consumidores estão dispostos a
adquirir a cada nível de preços num determinado período de tempo. A
Procura de cada bem depende de vários factores, nomeadamente os
gostos, rendimento médio, dimensão populacional, o preço dos bens
relacionados e influências especiais. A relação entre o preço de um bem
e a quantidade procurada deste mesmo bem é denominada função ou
curva da procura. A alteração do preço (redução ou aumento) provoca
movimento ao longo da curva da procura e alteração dos factores
determinantes da procura provoca deslocamento da curva da procura.
A elasticidade é uma medida da sensibilidade da quantidade procurada
de um bem a uma mudança do seu preço, se mantivermos todo o resto
constante. Quanto maior for a extensão da elasticidade preço da
procura, maior é a sensibilidade da quantidade procurada a uma
determinada variação de preço.

Questões para Autoavaliação

1. Defina procura.
37
2. Descreva a Lei da procura e diga porquê a curva da procura tem
inclinação negativa?

3. O que entende por função ou curva da procura?

4. Quais são os factores determinantes da procura?

5. Defina elasticidade preço da procura e Explique os factores que


influenciam a elasticidade da procura.

Solução:

1. Defina procura ou demanda.

R: Procura é a quantidades que o consumidor está disposto a adquirir


quando se confronta com diferentes níveis de preços.

2. Descreva a Lei da procura e diga porquê a curva da procura tem


inclinação negativa?

R: A lei da procura diz: o preço do bem e quantidade procurada do mesmo


tem uma relação inversa, isto é, quando o preço de um bem aumenta
(diminui), mantendo-se todo o resto constante, os consumidores tendem
a consumir uma menor (maior) quantidade desse mesmo bem. A curva da
procura tem inclinação negativa pelas seguintes razões: efeito substituição,
efeito rendimento e efeito utilidade marginal decrescente.

3. O que entende por função ou curva da procura

R: Curva da procura é a relação entre o preço do mercado de um bem e a


quantidade procurada desse mesmo bem, mantendo-se o resto constante.

4. Quais são os factores determinantes da procura

R: Os factores determinates da procura são 5, nomeadamente: Os níveis


médios de rendimento; A dimensão da população; Os preços e a
disponibilidade dos outros bens relacionados; Os gostos ou preferências
individuais e da sociedade e Influências específicas: As influências
específicas afectam a procura de bens específicos.

5. Defina elasticidade preço da procura e Explique os factores que


influenciam a elasticidade da procura.

R: Elasticidade preço da procura mede a variação na quantidade procurada


de um bem quando o seu preço varia, ou seja, é a variação percentual da
38
quantidade procurada dividida pela variação percentual do preço
Proximidade dos bens substitutos: quanto mais próximo forem os bens ou
serviços substitutos, mais elástica é a procura por esses bens; Proporção
da renda gasta com o bem: quanto maior for a proporção da renda gasta
em um bem, mais elástica é a procura por esse bem; Tempo decorrido
desde a variação do preço: quanto mais tempo transcorre desde uma
variação de preço, mais elástica é a procura.

39
UNIDADE TEMÁTICA 2.2: Modelo de Oferta
Introdução

A abordagem da oferta evidencia o comportamento dos produtores ou


vendedores face as suas decisões do que produzir, como produzir e quanto
produzir. A Oferta representa a quantidade de bens, serviços que os
vendedores estão dispostos a vender por um determinado preço durante
um determinado período. Ao relacionar o preço do mercado de um
determinado bem com a quantidade oferecida desse mesmo bem,
mantendo-se o resto constante, estamos perante uma função ou curva da
oferta. Movido pela maximização de lucro, os produtores aumentam as
quantidades a oferecer no mercado, quando o preço desse bem aumenta
e diminuem, quando o preço reduz. Esta situação faz com que a curva da
oferta tenha inclinação positiva.

Objectivos:

No final desta unidade temática, o estudante deve ser capaz de:

 Definir a oferta e a função oferta de um bem

 Explicar os factores determinantes da oferta de um bem

 Saber representar analiticamente e graficamente a função oferta

 Distinguir a ocorrência de deslocamento e movimento ao longo da


curva da oferta

Função oferta

Se uma determinada empresa oferece bens e serviços, quer dizer que ela
dispõe de factores de produção e de tecnologias para produzir, tem
benefícios com a produção e possui um plano de produção e de
distribuição do bem no mercado. Os factores de produção e a tecnologia
constituem o ponto-chave na produção de bens e serviços.

Segundo Parkin (2010) a quantidade de bens, serviços ou factores de


produção que os vendedores ou fornecedores estão dispostos a vender por
um determinado preço durante um determinado período é denominada
de oferta. No entanto, a quantidade que os produtores irão disponibilizar
no mercado, esta dependente do preço do mercado, conjugado aos outros
factores que podem influenciar a oferta de bens ou serviços por parte da
40
empresa. Esta situação é justificada pela lei da oferta: “ quanto mais alto
for o preço, mantendo os outros factores constantes, maior será a
quantidade oferecida desse mesmo bem e quanto menor for o preço do
bem, menor será a quantidade oferecida desse bem”.

A curva da oferta, constitui a curva mais utilizada na análise económica. Ela


mostra a relação existente entre o preço de um bem e a quantidade desse
mesmo bem, quando os outros factores planeados pelas empresas
permanecem constantes. A curva da oferta de um bem ou serviço, pode
ser expressa matematicamente pela seguinte expressão analítica:

Qs   d  cP

Sendo Q a variável dependente ou explicada; P a variável independente


ou explicativa; d e c parâmetros positivos, cujo valor varia de acordo
com as características especificas de cada curva da procura; o sinal mais
antes do parâmetro c significa que a curva da oferta tem inclinação
positiva; O parâmetro d representa o valor de Qd quando P é nulo. O
parâmetro c representa a inclinação da recta.

A representação gráfica da curva da oferta de um bem, permite constatar


que a curva da oferta associa a cada nível de preços a uma determinada
quantidade. A semelhança da curva da procura, na construção gráfica da
curva da oferta, coloca-se as quantidades do bem no eixo horizontal (eixo
dos x) e o preço no eixo vertical (eixo dos y), conforme é apresentada pela
figura abaixo:

Figura 8: A Curva da oferta

Fonte: Parkin, 2009

41
Os planos de venda de uma empresa não só são influenciados pelo preço,
mas também por outros factores. De entre tantos factores ou
determinantes da oferta, Samuelson et al (2010) destaca os seguintes:

 Tecnologia

 Preço dos factores de Produção

 Políticas do governo

 Expectativas

 Influências Especiais (Clima)

Tecnologia: o progresso tecnológico altera (diminuição) o montante de


factores necessários a mesma quantidade de produto.

Preço dos factores de Produção: os produtores oferecem uma grande


quantidade de um bem, quando os custos de produção desse bem são
baixos em relação ao preço de mercado.

Políticas do governo: As condições ambientais e de saúde determinam as


tecnologias que podem ser usados, enquanto as leis fiscais e do salários
mínimos podem aumentar significamente os preços dos factores de
produção;

Expectativas: As expectativas de preços futuros têm um impacto sobre as


decisões da oferta.

Influências Especiais (clima): As condições meteorológicas têm uma


influência muito importante sobre a agricultura e sobre as indústrias.

Na análise gráfica, um ponto na curva da oferta indica a quantidade


oferecida a um dado preço. Se houver um movimento ao longo da curva da
oferta, seja para cima ou para baixo, indica que houve uma variação na
quantidade oferecida. Uma alteração nos factores que influencia a oferta,
indica que houve uma variação da oferta, isto é, resultará no deslocamento
da curva da oferta para esquerda (diminuição) e para direita (aumento).

Figura 9: Mudança da quantidade oferecida versus mudança da oferta

42
Fonte: Parkin, 2009

Exercício de Auto-avaliação:

1. Definir a oferta e a função oferta de um bem

2. Explique a lei da oferta e diga os factores determinantes da oferta


de um bem

3. Explique quando é que ocorre um deslocamento da curva da


oferta?

Solução:

1. Definir a oferta e a função oferta de um bem

R: Oferta é a quantidade de bens, serviços ou factores de produção que os


vendedores ou fornecedores estão dispostos a vender por um
determinado preço durante um determinado período e a função oferta de
um bem mostra a relação existente entre o preço de um bem e a
quantidade desse mesmo bem, quando os outros factores planeados pelas
empresas permanecem constantes

2. Explique a lei da oferta e diga os factores determinantes da oferta


de um bem

R: A lei da oferta diz: quanto mais alto for o preço, mantendo os outros
factores constantes, maior será a quantidade oferecida desse mesmo bem
43
e quanto menor for o preço do bem, menor será a quantidade oferecida
desse bem”. Os factores determinantes da oferta de um bem são:
Tecnologia; Preço dos factores de Produção; Políticas do governo;
Expectativas; Influências Especiais (clima).

3. Explique quando é que ocorre um deslocamento da curva da


oferta?

R: Um deslocamento da curva da oferta corre quando houver alteração dos


factores que influencia a oferta.

44
UNIDADE TEMATICA 2.3: Equilíbrio de Mercado
Introdução

O mecanismo de mercado é um processo complexo de interacção dos


agentes económicos. Neste processo de interacção cada agente económico
(consumidor e produtor) procura maximizar a sua utilidade, adquirindo
maior quantidade possível de bem ou serviço por parte do consumidor e
maior lucro possível advindo da venda desse bem de consumo por parte
do produtor. No entanto, O preço de um bem regula as quantidades
procuradas e oferecidas, fazendo com que a quantidade procurada seja
igual a quantidade oferecida, estabelecendo deste modo o equilíbrio do
mercado.

Objectivos:

No final desta unidade temática o estudante deve ser capaz de:

 Definir equilíbrio

 Explicar como a procura e a oferta determinam preços e


quantidades compradas e vendidas.

 Expressar analiticamente e Representar graficamente o equilíbrio

 Distinguir quando é que ocorre excesso e escassez no mercado.

Equilíbrio de Mercado

Nas unidades temáticas anteriores vimos que quando o preço aumenta, a


quantidade procurada diminui porem a quantidade oferecida aumenta. O
confronto entre as forças da oferta e da procura faz com que haja equilíbrio
de mercado.

Equilíbrio de mercado verifica-se quando o preço e a quantidade com que


as forças da oferta e da procura se igualam, isto é, o encontro entre a
procura e a oferta de determinado bem. (Pinho 2013). Quando a curva da
oferta e da procura se cruzam, indica que há um preço de equilíbrio e a
quantidade de equilíbrio. O preço de equilíbrio é o preço na qual a
quantidade procurada é igual a quantidade oferecida. A quantidade de
equilíbrio é a quantidade comprada e vendida ao preço de equilíbrio.

45
Figura 10: Equilíbrio de mercado

Fonte: Parkin, 2009

Com a figura acima podemos constatar que o preço de equilíbrio, é o único


preço de mercado em a quantidade transaccionada é máxima; em
condições de estabilidade; que garante a igualdade entre as quantidades
planeadas e as quantidades efectivamente realizadas e harmoniza os
planos dos consumidores e vendedores.

A expressão algébrica do equilíbrio de mercado é dada pela seguinte


equação:

QS  QD 
  d  cP  a  bP

Quando o preço de mercado é superior ao preço de equilíbrio, isto é, se o


preço estiver acima do preço de equilíbrio, existe maior oferta que procura
causando assim, excesso de bens ou serviços no mercado. Quando surge
excesso de bem no mercado, há uma pressão forte sobre o preço causado
pela competição dos produtores, conduzindo assim a uma redução até que
se atinja novamente o ponto de equilíbrio.

Quando o preço de mercado é inferior ao preço de equilíbrio, ou seja, se o


preço do mercado está abaixo do preço de equilíbrio, existe maior procura
que oferta ou seja, há escassez de bens e serviços no mercado. Num
mercado onde há escassez, há uma competição entre os consumidores pois
as quantidades procuradas serão maiores que as oferecidas, o que levará a
uma pressão sobre o preço (aumento de preço) para que volte novamente
ao seu equilíbrio.

46
Como se pode observar, quando há competição tanto por parte das
empresas como dos consumidores, há uma tendência natural ao mercado
para se atingir a uma situação de equilíbrio.

Resumo:

A oferta e procura determinam o equilibrio de mercado. O equilibrio de


mercado é o ponto onde a curva da procura e da oferta se interceptam.
Neste ponto temos um único preco para o qual as quantidades que os
consumidores desejam comprar é igual a quantidade que os produtores
desejam vender. Quando o mercado esta em desiquibrio, o preco do bem
se situa acima ou abaixo do preco de equilibrio. Quando o preco esta acima
estamos perante um excedente e quando estamos abaixo do preco de
equilibrio o desiquilibrio é denominado escassez. Sempre que o mercado
esta em desiquibrio há uma pressao sobre o preco de forma aque este volte
a situacao de equilibrio.

Questões para Autoavaliação

1. Definir equilíbrio

2. Explique como a procura e a oferta determinam preços e


quantidades compradas e vendidas.

3. Qual é o preço de equilíbrio de um bem ou serviço?

4. Faca a Distinção entre excesso e escassez no mercado.

5. Porque o preço de equilíbrio representa o melhor acordo possível


tanto para o comprador quanto para o vendedor?

Solução:

1. Defina o que é equilíbrio

R: Equilíbrio de mercado é uma situação na qual o preço e a quantidade


com que as forças da oferta e da procura se igualam.

2. Qual é o preço de equilíbrio de um bem ou serviço?

47
R: O preço de equilíbrio é o preço na qual a quantidade procurada é igual a
quantidade oferecida.

3. O que acontece ao preço em uma situação de escassez e


excedente?

R: Uma situação de escassez força o preço a aumentar e em uma situação


de excedente força o preço a diminuir ate que atinjam novamente o ponto
de equilíbrio.

4. Por que o preço de equilíbrio representa o melhor acordo


possível tanto para o comprador quanto para o vendedor?

R: O preço de equilíbrio representa o melhor acordo possível tanto para o


comprador quanto para o vendedor porque é o único preço de mercado
em a quantidade transaccionada é máxima, é o único preço em condições
de estabilidade, que garante a igualdade entre as quantidades planeadas e
as quantidades efectivamente realizadas e harmoniza os planos dos
consumidores e vendedores.

48
TEMA III: TEORIA DA EMPRESA
UNIDADE Temática 3.1. Função de Produção
UNIDADE Temática 3.2. Funcao custo de Producao

UNIDADE Temática 3.1: Função de Produção


Introdução

A Teoria do Produtor é uma teoria microeconómica que descreve como os


produtores tomam as decisões de escolha da melhor combinação dos
factores produtivos, de forma a lhe permitir maximizar os seus lucros.
Serve de base para a análise das relações existentes entre produção e custo
de produção. Serve de apoio para análise da demanda da empresa com
relação aos factores de produção que utiliza.

Objectivos:

 Saber definir a função de produção


 Descrever a forma de tomar decisões acerca da contratação de
factores produtivos
 Fazer a distinção entre as decisões do curto prazo e longo prazo
 Explicar a relação entre a produção de uma empresa e o trabalho
no curto prazo

Teoria de produção

O estudo da teoria de produção e o desenvolvimento da sua análise exige


que se tenha em conta alguns conhecimentos fundamentais:

a) Empresa: unidade de produção que actua racionalmente,


pretendendo maximizar seus resultados relativos a produção e
lucro.

b) Produção: Processo que consiste na combinação e transformação


dos factores de produção em bens e serviços (produto).

c) Insumos Factor de Produção: São os meios (bens ou serviços),


necessários para as empresas executarem o seu processo de
produção. O factores de produção podem ser distinguidos em:

49
Variáveis: cujas quantidades podem ser alteradas de acordo com a
produção, sem trazer custos exagerados. Ex. Mão-de-obra não
especializada, matéria-prima e subsidiárias, etc.

Fixos: Cujas quantidades não pode ser imediatamente alterada


independentemente do processo de produção, pois causam custos
elevados. Ex: Mão-de-obra especializada, instalações fabris, bens
equipamentos

Para produzir, as empresas tem que fazer um número bastante elevado de


escolhas. Têm de escolher: o padrão de produtos que vão produzir, a
localização do estabelecimento a instalar, o número de pessoas a
empregar.

Todas estas escolhas têm impacto sobre as quantidades que a empresa


poderá produzir. Porém, as diversas escolhas são feitas em momentos
diferentes e tem consequência sobre a actividade da empresa por períodos
mais ou menos longos.

Decisões de Curto Prazo: período de tempo para o qual não se podem


alterar as quantidades utilizadas de determinados factores de produção; A
produção é levada acabo por factores variáveis e fixos. Admitindo que o
factor variável é o trabalho, que é um dos factores produtivos cuja
quantidade é em geral mais facilmente alterável. Para analisar este tipo de
decisão iremos considerar o caso de uma empresa que fornece refeições
na cantina de uma universidade.

Depois de ter assinado o contrato com duração de um ano com a


universidade, a empresa fornecedora não volta a ter possibilidade de
alterar o preço enquanto durar o contrato. A empresa também não tem
normalmente condições para alterar as características físicas da cantina,
como a capacidade da cozinha, o número de cadeiras. A sua única decisão
diz respeito ao número de trabalhadores a empregar. E este número vai
afectar a quantidade de refeições que consegue servir.

Decisões de Longo Prazo: período de tempo para qual se podem alterar as


quantidades utilizadas de todos os factores de produção. Neste horizonte
temporal a produção é levada acabo apenas por factores produtivos
variáveis.

Função de Produção: Relação que descreve como os factores de


produtivos são transformados em produto ( Q ), ou seja, relação que
mostra qual a quantidade obtida de produto, com base nas quantidades
utilizadas dos factores de produção.

50
Tabela 4: Produção com um factor Produtivo

Número de Quantidade de
trabalhadores refeições

0 0

1 20

2 50

3 85

4 114

5 140

6 159

7 169

8 164

A tabela 4 reflecte o máximo de produção que é possível atingir com cada


nível de emprego. Ela diz-nos que, se a empresa não contratar ninguém
não ira produzir nada. No entanto, se for a empregar uma pessoa, essa
pessoa vai conseguir produzir 20 unidades de refeições durante o período
em que os seus potenciais clientes a procuram. Com dois trabalhadores a
produção será de 50 unidades, com três será 90. O aumento do número de
trabalhadores continuara a aumentar a produção até o ponto em que a
produção deixa de aumentar.

De recordar que a função de produção relaciona níveis de utilização de


factores produtivos com produção, admitindo que os factores estão a ser
usados de forma eficiente. Se esta for menos do que eficiente, a sua
produção ficara abaixo do sugerido pela função de produção.

51
A função de produção descrita na tabela 4 pode ser representada pela
figura 6.
Figura 11: Produção e eficiência técnica

Fonte: Mata, 2007

A função produção relaciona níveis de utilização de factores produtivos


com a produção, admitindo que os factores estão sendo utilizados com
eficiência. De acordo com gráfico da função de produção, se é possível
produzir nos pontos A e B, logicamente que é possível produzir nos pontos
A’ e B’, desde que essa produção seja eficiente quanto possível. Se esta for
menos do que eficiente, a sua produção ira se localizar abaixo do sugerido
por esta função.

A pergunta que poderá surgir é quais as razões que podem fazer com que
a empresa seja menos eficiente?

Em primeiro lugar, esta relacionada com a gestão de operações a resolver,


que consiste na determinação de qual a organização óptima do processo
produtivo. Este problema consiste, por exemplo, na determinação de
número de trabalhadores que estarão a fazer as refeições e o número de
trabalhadores que estarão a fazer caixa, se considerarmos estas duas
únicas tarefas a realizar na linha de self-service. A forma como as pessoas
se distribuem pelas duas tarefas ira combinar com o número de refeições
que pode ser servido. Se a empresa contratar 5 pessoas e colocar 4 pessoas
na caixa e apenas uma a tratar dos pratos, o número de as refeições será
certamente menor do que se forem colocadas 4 pessoas a tratar dos pratos
e uma na caixa.

A segunda razão está relacionada com o desempenho das actividades das


pessoas envolvidas no processo produtivo. Como já foi referido na unidade
temática 1.2, nem sempre os trabalhadores dão o melhor do seu esforço.
No caso do exemplo exposto, não é muito difícil ao gestor da cantina
52
observar o esforço de cada funcionário e implementar medidas
conducentes a que cada um deles trabalhe empenhadamente. Em muitos
casos esta observação não é tão fácil, sendo provável que, nessas
circunstâncias, as pessoas trabalhem de forma menos empenhada e que a
empresa produza menos do que poderia com igual número de pessoas.

A observação revela que a produtividade dos empregados numa empresa


não é sempre igual por estes serem diferentes. Quando duas pessoas
diferentes são postas a executar a mesma tarefa tem desempenhos por
vezes diferenciados. Não obstante, a análise será feita, admitindo que
todos os trabalhadores são igualmente eficientes.

Analise de produção no curto Prazo

Ajustar os factores de produção no processo produtivo exige mais do que


esforço. Desta forma, diz-se que a produção é feita no curto prazo, quando
a quantidade de um ou mais factores não pode ser alterado. No curto prazo
(período de tempo de 1 ano), assume-se que o factor produtivo capital (K)
é constante. Apenas varia a quantidade utilizada do factor produtivo
trabalho.


PT  f ( K , L)

Voltando a tabela 4, qual deve ser a causa do aumento da produção? Para


fazer análise desta questão e sendo o trabalho o único factor flexível no
curto prazo, a sua combinação no processo produtivo pode ser descrita
com produtividade total, produtividade Média e produtividade marginal.

 Produtividade ou Produto Total (PT): corresponde a máxima


produção de determinada quantidade de trabalho é capaz de
atingir ou seja, o acumulo de toda a quantidade produzida pela
empresa. Podemos ver na nossa tabela XXX, ela corresponde o total
de refeições servidas.

PT  Q(L)

 Produtividade Média ou Produto Médio (PmeL): mede o volume


de produção por unidade utilizada do factor trabalho, isto é, a
divisão do produto total pelo número de trabalhadores que o
gerou.

PT
PmeL 
L 53
 Produtividade Marginal ou Produto Marginal (PmgL) mede a
variação no volume de produção resultante de uma variação
unitária na quantidade utilizada do factor trabalho. Ela corresponde
aos acréscimos ao produto total provocados pela adição de mais
um trabalhador à empresa.

PT PT
Pmg L  
L L

A tabela 5, apresenta os valores do produto total, produto médio e produto


marginal do nosso exemplo.
Tabela 5: Produto Total, Produto marginal e Produto médio

Número de Quantidade de Refeições


trabalhadores

Produto Total Produto médio Produto marginal

0 0 0 -

1 20 20 20

2 50 25 30

3 85 28 35

4 114 29 29

5 140 28 26

6 159 27 19

7 169 24 10

8 164 21 -5

Observe as primeiras colunas intituladas número de trabalhadores e


produto total. A medida que a empresa emprega mais pessoas, o produto
total aumenta. Por exemplo, quando a empresa tinha um trabalhador, o
produto total é de 20 refeições e quando aumenta para 2 trabalhadores, o
produto total é de 50 refeições. Cada acréscimo da quantidade empregada
de trabalho aumenta o produto total. A terceira coluna mostra a evolução
do produto marginal com o aumento do emprego na empresa. O produto
marginal do primeiro trabalhador é 20. A empresa não produzia nada antes
54
de ele ter começado a trabalhar e produz 20 refeições com a sua
colaboração. Após a chegada do segundo trabalhador passou a ser 30
refeições. O produto médio da terceira coluna nos informa o nível médio
da produtividade dos trabalhadores. O produto médio de 3 trabalhadores
é de 28 refeições por trabalhador que advém de 85 refeições divididos por
3 trabalhadores.

A partir da tabela podemos observar que existe um padrão na evolução dos


produtos. A medida que a cantina contrata mais trabalhador, o produto
marginal inicialmente aumenta e depois começa a diminuir. Por exemplo,
o produto marginal aumenta de 20 refeições, do primeiro trabalhador,
para 30 refeições, do segundo trabalhador, e depois para 35 refeições, do
terceiro trabalhador, a partir do quarto trabalhador o produto marginal
diminui para 29 refeições.

Além do comportamento do produto marginal, o produto médio também


aumenta no inicio e depois diminui. É fácil perceber melhor a relação entre
o número de trabalhadores e os três conceitos de produto analisando as
curvas do produto.

Figura 12: Representação gráfica das funções produtividade

Fonte: Pinho, 2013

55
Como evidencia o gráfico, o produto marginal começa por ser crescente,
atinge um máximo e passa a ser decrescente. Enquanto o produto marginal
é superior ao produto médio, o produto médio esta também a crescer. A
partir do momento em que o produto marginal é inferior ao produto médio
este entra na sua fase decrescente e por fim o produto marginal é nulo
quando o produto total atinge o seu máximo.

As curvas de produto apresentam formas similares porque quase todo


processo de produção exibe duas características: rendimento marginal
crescente, na fase inicial e rendimentos marginais decrescentes, a partir de
certo ponto (Mata 2007, Pinho 2013).

Rendimentos marginais crescentes ocorrem quando o produto marginal


de um trabalhador adicional excede o produto marginal do trabalhador
anterior. Estes resultam de uma maior especialização e divisão de trabalho
no processo de produção.

Rendimentos marginais decrescentes ocorrem quando o produto marginal


de um trabalhador adicional é menor que o produto marginal do
trabalhador anterior. Estes resultam do facto de que cada vez mais
trabalhadores estão utilizando o mesmo capital e trabalhando no mesmo
espaço. A medida que são contratados mais trabalhadores, os adicionais
produzem cada vez menos que os anteriores.

O fenómeno dos rendimentos decrescentes é tão comum que é


considerado uma lei. A lei dos rendimentos decrescentes afirma que: à
medida que uma empresa aumenta a utilização de um factor variável de
produção, com dadas quantidades de factores fixos de produção, o
produto marginal do factor variável mais cedo ou mais tarde se reduz.

Decisão Óptima da Empresa

Para saber o número óptimo de empregados que uma empresa deve ter, é
preciso saber o preço a que a empresa vende o seu produto e quanto lhe
custa a contratação de um trabalhador (salário). Se admitirmos que a
empresa não tem qualquer influencia sobre os preços, do factor produtivo
e da produção, a sua decisão não alterara nem o salário que esta
estabelecido nem o preço por que pode vender o produto.

A tabela 6 apresenta os valores que diversas variáveis assumirão,


consoante o número de pessoas que a empresa contratar.

56
Tabela 6: Rendimentos e Gastos salariais

Número de Salário ($) Quantidade de Refeições


trabalhadores

Produto Produto Produto


Total médio marginal

0 0 0 0 -

1 25 20 20 20

2 50 50 25 30

3 75 85 28 35

4 100 114 29 29

5 125 140 28 26

6 150 159 27 19

7 175 169 24 10

8 200 164 21 -5

A empresa ira querer contratar trabalhadores desde que o rendimento


adicional que obtém com a sua contratação não seja menor que o custo
que essa contratação implica. O rendimento adicional obtido com a
contratação de um trabalhador adicional é dado pelo produto do preço (P)
a que a empresa vende o seu produto pelo número de unidades adicionais
que esse trabalhador produz ( Pmg L ). O custo adicional de contratar este
trabalhador é o salário que a empresa lhe tem que pagar ( w ).

P. Pmg L  w

Da expressão podemos constatar que a comparação não é com o


rendimento médio. Para qualquer dos níveis de emprego considerados, o
valor do produto médio é sempre superior que 25 unidades monetárias.
No entanto, empregar 6 e não 5 pessoas tem mais custos que benefícios
para a empresa. O objectivo da empresa também não é maximizar o
rendimento médio por trabalhador. O máximo do valor do produto médio
a atingir-se quando a empresa emprega 4 pessoas. Não obstante, a quinta
pessoa ainda tem uma contribuição positiva para o lucro.

57
Dedução algébrica

Recorde-se que o objectivo da empresa é a maximização de lucro (  ) que


é dado pela diferença entre a receita total e o custo total gasto na
contratação de trabalhadores. Este custo é simplesmente o produto entre
o salário ( w) pelo numero de trabalhadores L , enquanto que o
rendimento se adquire multiplicando a quantidade produzida Q pelo
preço P .

  RT  CT
  P.Q ( L)  wL

Admitindo que a empresa não tem qualquer influência sobre os preços


quer do factor produtivo quer do produto, a maximização do lucro implica
a igualização a zero da primeira derivada.

 Q ( L)
P w
L L

Nesta expressão Q( L) L é a Produtividade marginal do trabalho. Então,


a condição de maximização de lucro da empresa será:

P.Pmg L  w

Enquanto o valor do Pmg L for superior a custo de contratação de um


trabalhador adicional, é óptimo para a empresa contratar esse trabalhador
adicional.

Análise de Produção de longo prazo

O processo de organização de produção é feita num horizonte temporal


mais extenso, as alternativas ao dispor da empresa aumentam. Para além
de decidir sobre as quantidades de trabalho a empregar, a empresa tem
que decidir também sobre a quantidade de capital que vai utilizar. Capital
( K ) são os meios produtivos com duração para além de um exercício
económico e que, combinados com o trabalho, permite transformar as
matérias-primas em produto acabado.

No longo prazo, o grande desafio que as empresas têm é o problema da


escolha de combinação óptima de factores produtivos, isto é, quando a
empresa pode variar a quantidade de mais do que um destes factores de
modo a alcançar a melhor eficiência. Inicialmente, vamos descrever a
58
tecnologia. A tecnologia para os economistas é a forma como os factores
produtivos podem ser combinados para gerar produção. Uma forma de
descrever a tecnologia é usar um gráfico que se chama o mapa da
isoquantas.

Isoquantas representa um determinado volume de produção alcançado


com diferentes combinações de factores variáveis. é o lugar geométrico
das diferentes combinações dos factores produtivos que garantem ao
empresário o mesmo volume de produção. Ao longo de uma isoquanta a
combinação dos factores de produção altera-se mas as quantidades
produzidas são sempre as mesmas. (Pinho, 2013)
Figura 13: Isoquanta da Produção

Fonte: Pinho, 2013

Em geral, as isoquantas têm a forma convexa constante. No entanto, há


casos de tecnologias particulares em que tal não acontece. Em alguns casos
pode ser causado pela existência de factores que são substitutos perfeitos
ou complementares perfeitos.
Figura 14: Tipologias de funções produção ou Isoquantas

59
Fonte: Pinho, 2013

Uma outra tecnologia particular a que vale a referenciar é o Cobb-Douglas.


Esta faz parte da tecnologia que tem substitutibilidade entre os factores
reprodutivos, embora não seja perfeita. A relação entre a quantidade de
factores e quantidade de produção é dada pela expressão:

Q  AK  L

Onde os parâmetros A ,  e  determinam a forma particular da função.

Custo dos factores Produtivos

Para analisar a tomada de decisão é necessário tomar em consideração os


custos em que a empresa vai incorrer. O custo total ( CT ) em que a
empresa incorrerá depende das quantidades de factores K e L que utilizar
e dos preços r e w que por elas pagar, podendo esta ser expressa por:

CT  rK  wL

A isocusto é representada em forma de rectas. Uma forma alternativa de


expressar esta relação é resolvendo a equação em ordem a K ou L:

CT w
K  L
r r

Onde CT r representa a quantidade máxima adquirida do capital se todo


o orçamento for aplicado na aquisição deste factor. w r representa a tg
que equivale a inclinação do custo total que CT .

Figura 15: A linha isocusto


60
Fonte: Pinho, 2013

Combinação óptima dos factores produtivos

O equilíbrio do produtor pressupõe a maximização do volume de produção


dado uma determinada dotação orçamental. O equilíbrio permite a
empresa resolver o problema da eficiência económica. A empresa encontra
o equilíbrio no ponto de tangencia entre a recta da isocusto e a curva da
isoquanta.
Figura 16: Combinação óptima dos factores produtivos

Fonte: Mata, 2007

Dedução Algébrica:

61
w PmgL w Pmg L Pmg K
TMSTLK     
r PmgK r w r

 w
TMSTL 
K

 r
CT  rK  wL

A suposição de que todos os factores de produção variam, incluindo o


tamanho da empresa, da origem aos conceitos de economias ou
deseconomia de escala. Economia de escala ou rendimentos a escala
representam a resposta de quantidades produzidas a uma variação das
quantidades utilizadas de todos os factores de produção, ou seja, quando
a empresa aumenta seu tamanho (Vasconcellos e Garcia 2005). Os
rendimentos a escala podem ser:

Rendimentos crescentes de escala: surge quando a variação na quantidade


do produto total é mais do que proporcional à variação da quantidade
usada dos factores produtivos. Pode-se alistar as causas geradoras dos
rendimentos crescentes de escala, como foi referido no primeiro tema:
maior especialização no trabalho, quando a empresa cresce; existência de
divisão de trabalho.

Rendimentos constantes de escala: surgem quando a variação do produto


total é proporcional à variação da quantidade usada dos factores
produtivos.

Rendimentos decrescentes de escala: surgem quando a variação do


produto é menos do que proporcional à variação na utilização dos factores
produtivos. Este tipo de situação é causada pelo facto de que o poder de
decisão e a capacidade gerencial e administrativa são indivisíveis e
incapazes de aumentar, ou seja, a descentralização nas decisões pode fazer
com que o aumento da produção obtido não compense o investimento
feito na ampliação da empresa.

Rendimentos de escala com tecnologia Cobb-Douglas

Como já foi referido, uma função de produção Cobb-Douglas tem a forma


genérica:

Q( K , L)  AK  L

Se houver uma alteração de escala na utilização dos factores produtivos,


implica multiplicar por uma constante m todos os factores produtivos.

62
Q(mK , mL)  A(mK ) (mL) 
 m   AK  L
 m   Q ( K , L )

Dependendo do valor dos parâmetros  e  , a função exibira diferentes


tipos de rendimentos de escala. Consoante    for inferior, igual ou
superior a 1, assim a função terá rendimentos crescentes, constantes e
decrescentes à escala.

Questões para Autoavaliação

1. Define função de produção

2. Descrever a forma de tomar decisões acerca da contratação de


factores produtivos.

3. Explicar qual o grande desafio que as empresas têm?

Soluções:

1. Define função de produção.

R: Função de Produção é a Relação que descreve como os factores de


produtivos são transformados em produto ( Q ), ou seja, relação que
mostra qual a quantidade obtida de produto, com base nas quantidades
utilizadas dos factores de produção.

2. Descrever a forma de tomar decisões acerca da contratação de


factores produtivos.

R: A tomada de decisão acerca da contratação dos factores produtivos


pode ser feita em dois momentos: Decisões de Curto Prazo: período de
tempo para o qual não se podem alterar as quantidades utilizadas de
determinados factores de produção; A produção é realizada por factores
variáveis e fixos; Decisões de Longo Prazo: período de tempo para qual se
podem alterar as quantidades utilizadas de todos os factores de produção.
Neste horizonte temporal a produção é realizada apenas por factores
produtivos variáveis.

3. Explicar qual o grande desafio que as empresas têm?


63
R: o grande desafio que as empresas têm é o problema da escolha de
combinação óptima de factores produtivos, isto é, quando a empresa pode
variar a quantidade de mais do que um destes factores de modo a alcançar
a melhor eficiência

64
UNIDADE TEMATICA 3.2: Custos de Produção

Uma empresa com objectivo de maximizar os seus resultados quando


realiza as suas actividades produtivas, procura sempre conquistar a
máxima produção possível através da utilização de certas combinações dos
factores produtivos.

A optimização dos resultados da empresa pode ser obtida quando


conseguir um dos dois objectivos: maximizar da produção para um dado
custo total ou minimizar o custo total para um dado nível de produção. Em
qualquer uma das situações a empresa estará maximizando o seu
resultado.

Objectivos:

Ao final desta unidade tematica o estudante deve ser capaz de:

 Definir a função custo.


 Conhecer os principais tipos de custos relevantes para a tomada de
decisão.
 Explicar as razões que levam a que os custos possam variar com a
dimensão da empresa.

Medição de Custos: Quais custos considerar

Custos: são gastos que a entidade realiza com o objectivo de por o seu
produto pronto para ser comercializado, fabricando-o ou apenas
revendendo-o.

Despesa: é um gasto com a actividade - meio e não gera retorno financeiro,


apenas propicia um certo "conforto" ou funcionalidade ao ambiente
empresarial.

Uma diferença básica para a despesa é que "custo" traz um retorno


financeiro e pertence à actividade-fim, pela qual a entidade foi criada. Os
custos de uma empresa dependem directamente do volume de produção
(PT) e por esta via, das quantidades utilizadas dos factores produtivos, o
que torna possível a sua análise no curto e no longo prazo.

65
Factores Variáveis – Custos
Variáveis: Os que resultam da
utilizam de factores variáveis
Curto Prazo
Fatores Fixos – Custos Fixos: os
que resultam da utilização de
Custos fatores fixos

Apenas Fatores Variáveis, os


Longo Prazo
quais originam custos Variáveis

Funções custos São um instrumento analítico importante para a tomada


de decisão uma vez que relacionam os custos da empresa com a
quantidade produzidas. Simultaneamente com a procura, que relaciona o
preço e as receitas com as quantidades que a empresa vende. Permite
equacionar o impacto das diversas alternativas em termos de quantidade
e preço.

Análise do Curto Prazo

Para produzir mais no curto prazo, uma empresa deve empregar mais
trabalho, o que significa que deve aumentar seus custos. Neste período
temporal assume-se que pelo menos um factor produtivo é constante,
nesse caso o Capital (K). Nesse caso, pode-se descrever a relação entre
produção e custos utilizando três conceitos de custos: custos totais, custos
médios e custo marginal.

Custo Total ( CT ) é definido como o custo total do factor produtivo, ou


seja, o custo de todos os factores de produção que a empresa utiliza. Este
representa a soma entre o custo Fixo Total e o Custo Variável Total.

CT  CFT  CVT

Custos Fixos Total ( CFT ) são os custos dos factores fixos da empresa, isto
é, os que não variam com o nível de produção e só podem ser eliminados
se a empresa deixar de operar;

Custos Variáveis Total ( CVT ) são os custos dos factores variáveis da


empresa, isto é, os custos que variam com o nível de produção.

66
Custo Médio. Existem três custos médios: custo total médio, custo fixo
médio e custo variável médio.

Custo total médio ( CTM ) mede o custo total por unidade produzida.

Custo Fixo médio ( CFM ) mede o custo fixo total por unidade produzida.
Este custo é sempre decrescente com o aumento do volume de produção,
uma vez que o custo fixo é constante.

Custo variável médio ( CVM ) mede o custo variável total por unidade
produzida.

Os conceitos dos custos médios são calculados a partir dos conceitos do


custo total.

CT  CFT  CVT

Divida cada membro da equação do custo total pela quantidade produzida


Q.

CT CFT CVT
   CTM  CFM  CVM
Q Q Q

Custo marginal de uma empresa é o aumento de custo total que resulta do


crescimento da produção em uma unidade. Ela mede a variação no custo
total ou custo variável total resultante de uma variação unitária na
quantidade produzida.

CT CT CVT CFT CVT  CFT 


Cmg        0 
Q Q Q Q Q  Q 

67
Figura 17: Representação gráfica das funções custo de curto prazo

Fonte: Pinho, 2013

Com ilustra o gráfico, na parte superior está representada a função de


custo total da empresa. O ponto onde esta função intersecta o eixo vertical
corresponde ao valor de custo fixo da empresa. A forma da função custo
total para quantidades superiores a zero depende da forma como os custos
variáveis irão variar com as quantidades produzidas. O custo total é sempre
crescente com a quantidade ou, no limite, se os custos variáveis forem
nulos, o custo total é constante.

O ponto A do gráfico representa o mínimo de exploração corresponde ao


volume de produção que garante o mínimo custo total por unidade
produzida. No mínimo de exploração o custo variável médio atinge o seu
mínimo e torna-se igual a custo marginal. O ponto B o óptimo de exploração
corresponde ao volume de produção que garante o mínimo custo variável
total por unidade produzida. No óptimo de exploração o custo total médio
atinge o seu mínimo e torna-se igual a custo marginal. Neste ponto se
defronta com preço que garante o lucro normal (   0 )

68
Relação entre as funções de custos

O custo variável médio tem a mesma ordenada na origem. O custo marginal


é mínimo para o volume de produção correspondente ao ponto de inflexão
do custo total e custo variável total. Quando o custo total médio é mínimo,
ele é igual a custo marginal. Quando o custo variável médio é igual a custo
marginal, este custo atinge o seu mínimo. Quanto o custo total médio e o
custo variável são decrescentes, o custo marginal é inferior que estes custo.
Quando o custo total médio e o custo variável médio é crescente, o custo
marginal é superior. Como o custo fixo médio é decrescente com o
aumento no volume de produção, a medida que o este volume aumenta, o
custo variável médio aproxima-se do custo total médio.

Relação entre funções de custos e funções de produção

Existe uma relação directa entre a teoria da produção de curto prazo e a


teoria dos custos de curto prazo. Uma vez que, na teoria da produção
apenas existe um factor de produção variável, pode estabelecer-se uma
relação entre a produtividade média associada a esse factor e o custo
variável. (Parkin 2010; Pinho 2013).

A curva de produto marginal de uma empresa está relacionada com a curva


de custo marginal. Se, à medida que a empresa contrata mais trabalho, seu
produto marginal aumenta, seu custo marginal diminui. Se produto
marginal está no máximo, o custo marginal está no mínimo. Se, à medida
que a empresa contrata mais trabalho, seu produto marginal diminui, o seu
custo marginal aumenta.

De igual modo, A curva de produto médio de uma empresa está


relacionada com a curva de custo variável médio. Se, à medida que a
empresa contrata mais trabalho, seu produto médio aumenta, seu custo
variável médio diminui. Se produto médio está no máximo, o custo variável
médio está no mínimo. Se, à medida que a empresa contrata mais trabalho,
seu produto médio diminui, o seu custo variável médio aumenta.

Analiticamente é possível estabelecer uma relação entre o mínimo de


exploração e o óptimo técnico.

CVT wL L 1 1 1
CVM    .w .w . w  CVM  .w
Q Q Q Q Pme Pme
L

CVT  ( w. L) L 1 1 1
Cmg    .w .w . w  CVmg  .w
Q Q Q Q Pmg Pmg
L

69
Análise de Custos no Longo Prazo

No longo prazo, ambos os factores produtivos são variáveis. Neste


horizonte temporal a empresa tem muito mais flexibilidade, pode expandir
a sua capacidade com a expansão das fábricas existentes, ou com a criação
de novas unidades; Pode aumentar ou diminuir sua força de trabalho; Pode
modificar os desenhos de produto actuais ou criar novos produtos, etc.

Como a empresa pode escolher a combinação de insumos que seja capaz


de minimizar os custos de produção?

A quantidade de trabalho e capital que a empresa emprega no seu


processo de produção depende dos respectivos preços. Deste modo, como
já foi referido na unidade temática anterior, o preço do trabalho igual ao
salário (w) que eles auferem, e o preço do capital igual ao seu custo de uso
(r).

CT  rK  wL

Linha de Isocusto

A linha de isocustos descreve a combinação de trabalho e capital que


custam o mesmo montante para empresa. Partindo da função de custo,
veremos que a inclinação da isocusto será dada por:

K  w
  
L r

Quando os gastos com os factores de produção aumentam, a isocustos


desloca mas nada acontece com a inclinação, pois ela é afectada apenas
pelo preço dos factores produtivos.

70
A função custo total, de longo prazo, obtém-se através da respectiva linha
de expansão. Para calcular essa função deve-se:

1. Calcular a linha expansão: K  f (L)


2. Substituir a linha expansão na função produção e obter
L  f (Q) e K  f (Q)
3. Substituir L e K na equação custo: CT  rK  wL

Figura 18: função custo total de longo prazo

Fonte: Parkin, 2010

Resumo:

Nesta unidade temática abordou-se a teoria de custos de produção que se


encontra inter-relacionada com a teoria de produção já analisada na
unidade temática anterior. Os custos de uma empresa dependem
directamente do volume de produção e por esta via, das quantidades
utilizadas dos factores produtivos. A análise dos custos pode ser feita no
71
curto e no longo prazo. No curto prazo, á medida que a produção aumenta,
o custo fixo total se mantém constante, e o custo variável total e o custo
total aumenta. No longo prazo, há inúmeras curvas de curto prazo para
cada tamanho das instalações produtivas.

Questões para Autoavaliação


1. Define função custo de produção.
2. Explica quais os custos que descrevem a relação entre a produção
e custos utilizados pelas empresas.
3. O que descreve a linha de isocusto?
4. Descreve a relação existente entre a função produção de curto
prazo e o custo de produção de longo prazo.

Solução:

1. Define função custo de produção.

R: A função custo de produção relaciona o preço e as receitas com as


quantidades que a empresa vende.

2. Explica quais os custos que descrevem a relação entre a produção


e custos utilizados pelas empresas.

R: Os custos que descrevem a relação entre a produção e custos utilizados


pelas empresas são: Custo Total é definido como o custo total do factor
produtivo, ou seja, o custo de todos os factores de produção que a empresa
utiliza. Este representa a soma entre o custo Fixo Total e o Custo Variável
Total. Custo Médio. Existem três custos médios: custo total médio, custo
fixo médio e custo variável médio. Custo total médio mede o custo total
por unidade produzida. Custo Fixo médio mede o custo fixo total por
unidade produzida. Este custo é sempre decrescente com o aumento do
volume de produção, uma vez que o custo fixo é constante. Custo variável
médio mede o custo variável total por unidade produzida. Custo marginal
de uma empresa é o aumento de custo total que resulta do crescimento da
produção em uma unidade. Ela mede a variação no custo total ou custo
variável total resultante de uma variação unitária na quantidade produzida.

3. O que descreve a linha de isocusto?

A linha de isocustos descreve a combinação de trabalho e capital que


custam o mesmo montante para empresa.
72
4. Descreve a relação existente entre a função produção de curto
prazo e o custo de produção de longo prazo.

A curva de produto marginal de uma empresa está relacionada com a curva


de custo marginal. Se, à medida que a empresa contrata mais trabalho, seu
produto marginal aumenta, seu custo marginal diminui. Se produto
marginal está no máximo, o custo marginal está no mínimo. Se, à medida
que a empresa contrata mais trabalho, seu produto marginal diminui, o seu
custo marginal aumenta. A curva de produto médio de uma empresa está
relacionada com a curva de custo variável médio. Se, à medida que a
empresa contrata mais trabalho, seu produto médio aumenta, seu custo
variável médio diminui. Se produto médio está no máximo, o custo variável
médio está no mínimo. Se, à medida que a empresa contrata mais trabalho,
seu produto médio diminui, o seu custo variável médio aumenta.

73
TEMA IV: ESTRUTURA DE MERCADO

UNIDADE Temática 4.1. A concorrência Perfeita


UNIDADE Temática 4.2. Monopólio
UNIDADE Temática 4.3. Oligopólio

Unidade temática 4. A concorrência perfeita

Muitos modelos económicos pressupõem que as empresas procuram


maximizar o lucro total, que corresponde ao nível de produção no qual a
receita marginal é igual ao custo marginal. No entanto a decisão da
empresa depende do contexto em que ela é tomada. A estrutura de
concorrência perfeita ou pura pressupõe que as empresas enfrentam uma
extrema competição. Ela surge quando as quantidades de produção na
qual os custos de produção de longo prazo atingem seu nível mais baixo,
quando a empresa é vista como produtora de um bem ou serviço que não
apresenta características únicas, de forma que os consumidores movidos
pelos preços baixos não se importam de compra-lo de uma ou outra
empresa, por considerar similares.

Objectivos:

No final desta unidade temática, o estudante de ser capaz:

 Definir concorrência perfeita


 Explicar como as empresas tomam suas decisões de oferta
 Compreender quando uma empresa encerrar o negocio
 Explicar como são determinados os preços e a produção de uma
indústria
 Determinar a escolha óptima das quantidades a produzir por uma
empresa
 Prever em que circunstancias o equilíbrio de mercado levara à
entrada ou 74saída de novas empresas

A concorrência perfeita

A estrutura de mercado concorrencial é um sector de actividade na qual


apresenta as seguintes condições:
74
1. Existências de um produto homogéneo, ou seja, muitas
empresas vendem um produto idêntico para muitos
compradores;

2. Aceitação de preço (as empresas são tomadoras de preço);

3. Mobilidade perfeita dos factores produtivos no longo prazo


(Livre Entrada e saída ou seja, não há restrição à entrada no
sector)

4. Informação perfeita por parte dos consumidores e das


empresas.

1. Existência de um produto Homogéneo (as empresas vendem um


produto idêntico)

Quando os produtos de um determinado mercado são vistos como


substituto perfeito entre si ou seja, idênticos, nenhuma empresa pode
elevar o preço do seu próprio produto acima do preço praticado pelas
outras empresas.

2. Aceitação de preço (as empresas são tomadoras de preço)

Uma empresa tomadora de preços é uma empresa que não tem como
influenciar o preço de mercado, determinando seu próprio preço ao nível
daquele de mercado. Esta situação justifica-se pelo facto das empresas
apresentarem uma proporção de venda individual muito pequena do total
de produção que é oferecido no mercado e os compradores conhecem os
preços praticados pelas outras empresas. Dai que, as empresas não têm
influencia sobre o preço de mercado, ou seja, cada empresa aceita o preço
como dado.

O pressuposto de aceitação de preço é aplicado não só para as empresas


mas também para os consumidores.

3. Mobilidade perfeita dos factores produtivos no longo prazo

Se num dado momento uma empresa aperceber-se de uma oportunidade


de negócio a explorar num determinado local, pode contratar os factores
produtivos que forem necessários, de forma a obter lucro da situação. Do
mesmo modo, se a actividade actual não for atractivo em relação a outros
negócios alternativos, a empresa pode livremente desfazer-se dos factores
produtivos, os quais poderão então ser deslocados para sectores onde as
oportunidades sejam melhores.

75
4. Informação perfeita por parte dos consumidores e das empresas.

Uma empresa não tem motivo de abandonar o respectivo sector se não


souber da existência de melhores oportunidades noutro sector qualquer.
Da mesma forma, o consumidor não pode mudar de um produto de preço
elevado para outro com um preço inferior, de qualidade idêntica, se não
possuir informação comparativamente à existência deste último. Em
outras palavras pode-se dizer que as pessoas podem adquirir facilmente a
maioria da informação que é mais relevante face às suas alternativas.

5. Livre Entrada e saída

Não existem custos especiais que dificultem uma nova empresa de entrar
num dado sector e produzir, de forma idêntica, não há custos que impedem
de sair de um dado sector de actividade se não consegue obter lucros.
Portanto, os compradores podem facilmente mudar de um fornecedor
para outro, e os fornecedores podem entrar ou sair livremente do
mercado.

A suposição de livre entrada e saída é importante para que a competição


seja efectiva. Se as condições para a concorrência perfeita são validas, as
curvas de demanda e da oferta de mercado podem ser usadas para analisar
o comportamento dos preços.

Como surge a concorrência prefeita?

A concorrência perfeita surge se:

1. A escala mínima eficiente de um único produtor é pequena em


relação à demanda pelo bem ou serviço. A escala mínima eficiente
de uma empresa é a menor quantidade de produção na qual o custo
médio de longo prazo atinge seu nível mais baixo. Nestes casos, há
espaço para muitas empresas na entrarem no sector.

2. Cada empresa é vista como produtora de um bem ou serviço que


não apresenta características únicas, de modo que os consumidores
não se importam de adquirir numa empresa ou na outra.

A agricultura, a pesca, fabrico de copo de papel e sacolas plásticas de


compras, revelação de fotos, pintura e lavandaria no geral, são exemplos
de sectores altamente competitivos.

Procura da empresa competitiva (demanda residual)

As empresa de um dado sector competitivo são apenas capazes de vender


uma pequena fracção das vendas ocorridas no sector, a quantidade que a

76
empresa decidir vender não terá impacto sobre o preço do mercado e do
produto de mercado. O preço de mercado é determinado pelas curvas de
demanda e oferta do sector. Dai que, considera-se que a empresa é
tomadora de preço (pressuposto fundamental da competição perfeita).
Com o preço do mercado a empresa pode escolher quais quantidades a
produzir e não obstante consegue vender essa quantidade, sem que para
tal tenha que baixar o seu preço relativamente ao preço do mercado.

A empresa em mercado perfeitamente concorrencial, se defronta com uma


curva de demanda (d) totalmente horizontal (infinitamente elástica). O
gráfico abaixo evidencia uma situação de uma empresa actuando num
mercado de concorrência perfeita.

Figura 19: Curva da procura residual

Fonte: Pinho, 2013

Conforme ilustra a figura 13, as escolhas da empresa vão por-se num


intervalo que fica entre 0 e a intercepção entre a oferta e a procura da
empresa. A quantidade da empresa é tão pequena comparada com
quantidade de equilibrio mercado (gráfico a esquerda), quer a empresa
decida produzir 0 quer decida produzir que quizer, a quantidade no
mercado não se desviará de forma perceptivel do. Como consequência, a
decisão de empresa individualmente não afectará o preço do mercado (P).

Condição de Maximização de Lucro no curto prazo

77
A suposição de maximização de lucros como já foi referido nas unidades
temáticas anteriores, é muitas vezes utilizada em microeconomia pelo
facto de prever o comportamento empresarial de forma razoavelmente
cuidadosa. A meta de uma empresa é maximizar o lucro económico.
Sabendo que a decisão relativa ao nível de produção capaz de maximizar
lucros para qualquer empresa, esteja ela operando em um mercado
competitivo ou não, é dada pelas expressões:

  RT  CT
RT  CT  lucro
RT  CT  Perdas

O custo Total (CT) é o custo de oportunidade da produção, que inclui o


lucro normal, o retorno que o empresário pode esperar receber em média
em um negócio alternativo.

Receita Total (RT) de uma empresa é igual ao preço de sua produção


multiplicado pelo número de unidades de produção vendidas (RT=P*Q)

Receita Marginal é a mudança da receita total que resulta do aumento de


uma unidade na quantidade vendida. Ela é calculada dividindo a variação
RT
da receita total pela mudança da quantidade de venda. ( Rmg  )
Q

Decisão da empresa na concorrência perfeita

As empresas na concorrência perfeita defrontam-se com as diversas


restrições, como a restrição do mercado e a restrição tecnológica. A
tecnologia disponível para as empresas determina seus custos e sua
produção. O seu objectivo é obter o máximo lucro possível dada as
restrições existentes ou enfrentadas. Para atingir esse objectivo, a empresa
deve tomar 4 decisões básicas: 2 no curto prazo e 2 no longo prazo.

No curto prazo: é um período na qual a empresa tem determinadas


instalações produtivas e o número de empresas no sector é fixo. Porem,
muita coisa pode mudar e a empresa precisa reagir a essas mudanças.

Exemplo: o preço que uma empresa estabelece para vender sua produção
pode flutuar com as diferentes estações do ano ou com as circunstâncias
gerais de negócio. A empresa deve reagir as flutuações no curto prazo e
decidir:

 Produzir ou fechar as portas temporariamente?

 Se a decisão for produzir, qual é a quantidade?

78
Produção que maximiza o lucro

Uma empresa do mercado em concorrência perfeita maximiza o seu lucro


económico por meio de escolhas do seu nível de produção. Para calcular a
produção que maximiza o lucro económico é necessário analisar as curvas
da receita total (RT) e o custo Total (CT) da empresa e encontrar o nível de
produção na qual a receita total excede o custo total na maior quantidade.

Quantidade Receita Custo


Lucro
vendida (Q) Total (RT) Total (CT)
0 0 22 -22
1 25 45 -20
2 50 66 -16
3 75 85 -10
4 100 100 0
5 125 114 11
6 150 126 24
7 175 141 34
8 200 160 40
9 225 183 42
10 250 210 40
11 275 245 30
12 300 300 0
13 325 360 -35

Figura 20: Receita Total, Custo Total e Lucro económico

79
Fonte: Parkin, 2010

Analise Marginal: Outra maneira de identificar a produção que maximiza o


lucro é comparar o receita marginal (Rmg) com o custo marginal (Cmg), nas
seguintes condições:

 Rmg>Cmg o lucro aumenta se a produção aumentar

 Rmg=Cmg o lucro é maximizado

 Rmg<Cmg o lucro diminui se a produção aumentar

O lucro económico por produto calcula-se subtraindo o preço pelo custo


variável médio.   ( P  CTMe)  Q

80
Existem três possibilidades de lucro no curto prazo

 Lucro económico: se o preço excede o CTMe

 Lucro nulo: se o preço é igual a CTMe

 Perda económica: se o Preço for menor que CTMe

Condição de Encerramento das Actividades

A empresa produz quando há lucro. No entanto, poderá surgir a seguinte


questão: deverá a empresa encerrar ou continuar quando está
funcionando com prejuízos? A resposta a esta questão é depende. No curto
prazo, a empresa funciona tendo em conta os custos variáveis e os custos
de estrutura. Encerrando as actividades ela terá de pagar os custos fixos,
pois estes não dependem da sua produção. Encerrando as portas a
empresa deixa de ter receitas e deixa de pagar os custos que ela pode
acautelar, mais não deixa de pagar os custos fixos, referidos anteriormente.
Logo, ela deixa de operar apenas quando a receita não consegue cobrir os
custos variáveis (Pindick e Rubenfeld, 2006)

A regra para que empresa encerre as suas actividades e procurar uma outra
melhor alternativa é dada por:

P  q  CV

Se dividir ambos os lados por q, temos:

P  CVM

Portanto, a empresa encerra as suas actividades somente quando o preço


de mercado é inferior ao seu custo variável médio (CVMe>P)

Oferta de Curto Prazo da oferta

A curva da oferta de uma empresa perfeitamente competitiva mostra


como a produção que maximiza o lucro varia com o preço de mercado,
mantendo todos os outros factores constantes.

Existem duas regras que definem em conjunto a curva de oferta de curto


prazo da empresa. Primeiro, o preço deve ser igual ao custo marginal na

81
zona crescente da curva de custo variável médio; segundo, o preço deve
exceder o valor mínimo da curva de custo variável médio.

Figura 21: Curva da oferta de uma empresa

Fonte: Parkin, 2010

Eficiência do equilíbrio concorrencial no curto prazo

O mercado concorrencial tem uma característica que não estão presentes


noutras estruturas de mercado e que o torna interessante do ponto de
vista social. Considera-se que o mercado concorrencial é eficiente num
sentido duplo:

82
Primeiro: a produção é feita com um custo unitário que é o mínimo
possível.

Segundo: a quantidade produzida é tal que o custo de produzir a


última unidade é exactamente igual à valorização que o consumidor
dessa unidade faz dela. (se se produzisse menos uma unidade,
existiria pelo menos um consumidor disposto a pagar por uma
unidade adicional um valor superior ao custo marginal dessa
produção. Não produzir essa unidade seria pois ineficiente)

A empresa concorrencial toma o preço de mercado como um dado. O preço


é determinado pelo encontro entre a procura e a oferta. Do ponto de vista
de cada empresa, este preço é dado e a empresa toma a decisão igualando
este preço ao seu custo marginal.

Ao preço P, cada empresa decide o produzir Qi. Se as empresas forem todas


iguais, esta quantidade é multiplicada pelo número de empresas existentes
no mercado, resultando assim numa quantidade total do Q T.

O equilíbrio competitivo atinge a eficiência quando o benefício marginal


social é igual ao custo marginal social. Esta situação justifica-se pela visão
dos intervenientes do mercado. Para o consumidor, o preço é igual ao
benefício marginal social e, para o produtor o preço é igual ao custo
marginal social.

Excedente do consumidor e Bem-estar

Para comparar duas situações económicas alternativas em termos


Normativos (qual delas é melhor?), é necessário de uma medida de bem-
estar.

O excedente económico é uma medida de bem-estar definida como a


diferença entre benefícios e custos (de oportunidade) associados a uma
actividade económica. Este, traduz o benefício associado a uma transacção
que é efectuada a um preço mais favorável do que aquele ao qual a
transacção seria indiferente para o agente.

Nas transacções efectuadas pelo consumidor e vendedor, ambos obtêm


excedente. Afirma-se ainda que estes maximizam o seu benefício líquido.

O excedente do consumidor é a diferença entre o valor máximo que o


consumidor estaria disposto a pagar para consumir um bem (preço
reserva) e o valor que, efectivamente, paga (preço de mercado)

83
O excedente do produtor é a diferença entre o valor que o produtor recebe
pela venda de um bem (preço de mercado) e o valor mínimo que estaria
disposto a aceitar (custo marginal).

Normalmente quando se fala do excedente do produtor, refere-se ao lucro


total do mercado, ou seja, à soma dos lucros de todos produtores.

O excedente pode ser representado como a área limitada inferiormente


pela curva do CMg, limitada superiormente pelo preço de venda, e que vai
desde “Q=0” ate a quantidade transaccionada no mercado. A esta área
deve ainda ser subtraído os custos fixos.

O excedente do mercado obtém-se agregando os excedentes de todos os


produtores.

Para o mercado concorrencial, a curva de custo marginal de produção


coincide com a curva de oferta.
Figura 22: eficiência da concorrência perfeita

Fonte: Parkin, 2010

Resumo:

Os mercados de concorrência são aquelas em que as empresas não têm


poder suficiente para influenciar os equilíbrios de mercado. Normalmente
são consideradas empresas demasiadas pequenas, que isoladamente, não
afectam os níveis de oferta do mercado. Para que um mercado esteja
84
próximo deste tipo de estrutura, os bens ou serviços oferecidos pelas
empresas são quase idênticos e os consumidores devem ser indiferentes
no consumo dos bens ou serviços, por considera-los similares.

Questões para Autoavaliação

1. Define concorrência perfeita.


2. Por que uma empresa em concorrência perfeita é uma
tomadora de preço?
3. Explique como o mercado de concorrência perfeita atinge a
eficiência.
4. Indique as duas regras que definem em conjunto a curva de
oferta de curto prazo da empresa.

Solução:

1. Define concorrência perfeita.

R: Concorrência Perfeita é uma estrutura na qual existe muitas empresas


vendendo produtos idênticos para vários compradores, não existe
restrição à entrada, os vendedores e compradores tem informação perfeita
em relação ao bem e o respectivo preço.

2. Por que uma empresa em concorrência perfeita é uma tomadora


de preço?

R: Uma empresa em concorrência perfeita é tomadora de preço porque ela


não tem como influenciar o preço do mercado, determinado seu próprio
preço ao nível daquele do mercado.

3. Explique como o mercado de concorrência perfeita atinge a


eficiência.

R: O mercado concorrencial atinge a eficiência num sentido duplo:


Primeiro: a produção é feita com um custo unitário que é o mínimo
possível. Segundo: a quantidade produzida é tal que o custo de produzir a
última unidade é exactamente igual à valorização que o consumidor dessa
unidade faz dela.

4. Indique as duas regras que definem em conjunto a curva de oferta


de curto prazo da empresa.

R: As duas regras que definem em conjunto a curva de oferta de curto prazo


da empresa Primeiro, o preço deve ser igual ao custo marginal na zona

85
crescente da curva de custo variável médio; segundo, o preço deve exceder
o valor mínimo da curva de custo variável médio.

86
UNIDADE TEMÁTICA 4.2: MONOPOLIO
Nesta unidade temática, iremos estudar os mercados nos quais a empresa
pode influenciar o preço. O monopólio é um caso extremo da estrutura de
mercado. Este corresponde a uma indústria pelo qual um único fornecedor
de um bem vende para vários consumidores.

Objectivo

No final do capitulo o estudante deve ser capaz de:

 Definir o monopólio
 Explicar como o monopólio surge
 Explicar como o monopólio determina a produção e o preço
 Comparar o desempenho e a eficiência do monopólio e da
concorrência perfeita.

Monopólio

O mercado de monopólio se caracteriza por apresentar condições de


extremo do mercado. Nesta estrutura, existe uma única empresa
dominando inteiramente a oferta para o fornecimento de bens ou serviços
para todos consumidores. Não há, portanto, concorrência, e o produto
oferecido não possui substitutos próximos. Para este tipo de mercado, o
consumidor se submete as condições impostas pela empresa ou vendedor.

A curva de procura da empresa para este tipo de estrutura é a própria curva


da demanda de mercado como um todo.

Figura 23: Procura do monopolista

87
Fonte: Vasconcellos e Garcia, 2005

Para a determinação do preço e a quantidade de equilíbrio, o monopólio


não utiliza a igualdade entre a oferta e a procura. A maximização dos lucros
é obtida igualando-se o custo marginal (Cmg) à receita marginal (Rmg).
Nesse ponto, é determinado a quantidade que levara ao mercado,
traçando-se uma perpendicular ao eixo das abcissas. A quantidade obtida,
é substituída na curva da demanda determinando-se assim o preço de
mercado.

No mercado de monopólio como refere Vascolencellos e Garcia (2005) há


barreiras que praticamente impedem a entrada de novas empresas no
mercado. Essas barreiras podem provir das seguintes condições:

 Monopólio natural ou puro: ocorre quando o mercado, por sua


própria característica, exige a instalação de grandes plantas
industriais, que operam normalmente com a economia de escala e
custos unitários bastante baixos, possibilitando a empresa cobrar
preços baixos por seu produto, o que acaba praticamente
inviabilizando a entrada de novos concorrentes.

 Elevado volume de capital: a empresa monopolista necessita de


elevado volume de capital e uma alta capacitação tecnológica.

 Monopólio Legal: é um mercado no qual há uma empresa e a


entrada é restringida pela concessão de fornecimento de serviços
públicos, licença do governo e patente.

88
Fornecimento de serviço público é um direito exclusivo concedido a
uma empresa para oferecer um bem ou serviço.

Patentes: O governo protege a empresa que inventa um produto


por um determinado período de tempo. Enquanto a patente não
cai em domínio público, a empresa é a única que detém o benefício
e tecnologia para produzir aquele bem.

Licenças ou franchises do governo: o governo permite que a


actividade seja exercida por uma empresa com licença
governamental ou seja, permite que a empresa tenha controlo de
Matérias-primas básicas.

Condição de Maximização do Lucro do Monopólio

Tal como na estrutura da concorrência perfeita, o equilíbrio do


monopolista ou o seu máximo lucro é alcançado quando define o volume
de produção tal que obedeça às duas condições:

1. Rmg  Cmg Que é obtida traves da derivada de primeira ordem.


Esta condição é considerada necessária mas, não é suficiente para
que o monopolista atinja o seu objectivo.

2. Cmg  0 Esta condição é considerada necessária e suficiente e,


para ser alcançada aplica-se a derivada de segunda ordem:

A Produção que Maximiza o Lucro do Monopolista


A curva da procura do monopolista como refere Pinho (2013) não é
perfeitamente elástica mas coincide com a procura de mercado. Deste
modo, é necessário calcular a receita total (RT) através da fórmula
RT  P  Q . Assim:

QD  a  bP resolvendo em ordem a P fica

89
a 1
P  QD 
b b
a 1
 RT  Q  Q 2
b b
RT a 1
 Rme    QP
Q b b
a 2
 Rmg   Q
b b

A partir da equação podemos concluir que a receita média é igual ao preço


do mercado que por sua vez é igual a quantidade procurada no mercado,
ou seja, Rme  P  QD .

Abordagem Gráfica

Graficamente é, ainda, possível concluir que a receita marginal e a curva da


a
procura tem a mesma ordenada na origem   e que a receita marginal
b
a
tem metade da abcissa na origem   que a curva da procura a  .
2

Figura 24: Procura e receita Marginal

A figura 22 mostra no painel as curvas da demanda, da receita marginal, de


custo marginal, de custo médio e de custo variável médio. Note que o
90
monopolista estabelece primeiro a quantidade e só depois o preço. A
quantidade óptima a produzir é encontrada quando a receita marginal for
igual ao custo marginal. Nesta quantidade o monopolista verifica, através
da curva da procura, o preço que os consumidores estão dispostos a pagar.
Nas funções de receita total e de lucro, as quantidades que maximizam a
receita total são maiores do que as quantidades que maximizam o lucro do
monopolista.

Custos Sociais Derivados do Poder do Monopolista

Como já foi exposto na temática anterior, o bem-estar das sociedades é


dado pela soma do excedente do consumidor e do excedente do produtor.
O bem-estar da sociedade causado pelo monopolista é menor quando
comparado aos mercados perfeitamente concorrenciais. A figura 22 ilustra
esta situação.

Figura 25: ineficiência do monopólio

Para o caso de concorrência perfeita o excedente do consumidor é dado


pela área do triangulo cinza-escuro, enquanto que o excedente para o
91
produtor é dado pela área cinza claro. O bem-estar social que é dado pelo
somatório das áreas cinza escuro e cinza claro.

Se for um monopolista (painel b) a situação do bem-estar é afectado, pois


o excedente do consumidor é reduzido para a área cinza escuro. O
excedente do consumidor diminui por duas razoes: os consumidores
perdem por ter de pagar mais pelo bem e obter menos unidades do bem.
enquanto que o excedente do produtor aumenta. Nota que uma parte do
excedente do consumidor vai para o monopolista. O monopolista cria a
perda no mercado que é dado pelas áreas tracejado.

Intervenção do Governo Para Reduzir o Poder do Monopolista

Alguns governos agem de forma a reduzir o poder de mercado que os


monopolistas possuem. O governo pode incentivar a concorrência,
permitindo a entrada de novos competidores no mercado, podem destruir
o monopólio por via da extinção do monopólio e criar pequenas empresas.
Estas são algumas das medidas que o governo pode implementar para
reduzir o poder de mercado do monopolista. O governo limita o poder de
mercado, intervindo directamente nesse mercado, ou seja, regulando por
via de fixação de preços praticados pelo monopolista.

A situação óptima de regulamentação dá-se quando o monopolista


consegue eliminar a perda bruta causada pelo monopolista. Nesta situação
o monopolista é obrigado a cobrar o mesmo preço que o de concorrência
perfeita, ou seja, P=CMg=RMg.

Questões para Autoavaliação


1. Como surge o monopólio?
2. Qual a diferença entre monopólio natural e um monopólio legal?
3. Como um monopólio determina o preço que cobrara dos clientes?
4. Como um monopólio transfere o excedente do consumidor para si?

Solução:

1. Como surge o monopólio?


R: O monopólio surge da inexistência de bens substitutos próximos e da
barreira de entrada no mercado.

92
2. Qual a diferença entre monopólio natural e um monopólio legal?

R: Monopólio natural é uma industria na qual as economias de escala


permitem que uma empresa abasteça todo o mercado ao menor custo
possível enquanto que monopólio legal é um mercado no qual há uma
empresa e a entrada é restringida pela concessão de fornecimento de
serviços públicos, licença do governo, patente ou direito natural.

3. Como um monopólio determina o preço que cobrara dos clientes?

R: Um monopólio determina o preço que cobrara dos clientes, produzindo


a quantidade que maximiza o seu lucro e vende essa quantidade pelo maior
preço possível (o preço maior que a receita marginal.

4. Como um monopólio transfere o excedente do consumidor para si?

R: Um monopólio transfere o excedente do consumidor para si produzindo


menos, aumentando o custo da produção e leva o preço para um nível que
esta acima do custo adicional da produção.

93
UNIDADE TEMATICA 4.3: OLIGOPÓLIO
Introdução
Conforme foi abordado na unidade temática 3.1, a concorrência é de certo
modo o tipo ideal de comportamento do mercado, onde há a produção por
parte de uns tantos, e consumo por parte de outros. A sua face mais
aperfeiçoada é a concorrência perfeita, onde consumidor e produtor
encontram-se em total equilíbrio, ambos tendo a necessária informação de
como, quanto e por quanto devem consumir determinado bem. Assim
como o monopólio, o oligopólio é visto pelo leigo como foco de
subdesenvolvimento ou deficiência em qualquer parte do ambiente
económico onde aparece.

Objectivos

No final desta unidade temática o estudante deve ser capaz de:

 Definir e identificar um oligopólio


 Explicar dois modelos tradicionais de oligopólio
 Explicar a Procura quebrada

O que é oligopólio?
O oligopólio, tal como a concorrência monopolista, fica em algum ponto
entre a concorrência perfeita e o monopólio. As empresas em um
oligopólio podem fabricar um produto idêntico e concorrer somente em
termos de preço ou podem fabricar um produto diferenciado e competir
em termos de preço, qualidade de produto e marketing. O oligopólio é uma
estrutura de mercado na qual:

 Barreiras naturais ou legais impedem a entrada de novas


empresas.
 Um pequeno número de empresas concorre entre si.

Barreiras à entrada

Restrições legais ou naturais que protegem uma empresa. Conforme vimos


na unidade temática 3.2, as economias de escala e a demanda formam uma

94
barreira natural à entrada que pode criar um monopólio natural. Os
mesmos factores podem criar um oligopólio natural.

A Figura 26 ilustra dois oligopólios naturais. A curva da procura, D (em


ambas partes da figura), mostra a procura por viagens de táxi em uma
cidade. Se a curva de custo total médio de uma empresa de táxi e CMe 1 na
parte (a), o mercado é um duopólio natural – um mercado de oligopólio
com duas empresas. O leitor talvez já tenha visto alguns exemplos de
duopólio. Em Moçambique, antes da entrada da rede Movitel, na área da
telefonia móvel existiam apenas duas empresas a Mcel e a Vodacom estas
formavam um duopólio; algumas cidades, de países desenvolvidos, têm
apenas duas empresas de táxi, duas empresas de aluguer de viaturas.

O preço mais baixo ao qual a empresa permaneceria no mercado é de USD


10 por viagem. A esse preço, a quantidade procurada de viagens é de 60
por dia, a quantidade que pode ser fornecida por apenas duas empresas.
Não há espaço nesse mercado para três empresas.

Se a curva de custo total médio de uma empresa de táxi é CMe2 como


ilustrado na parte (b) da Figura 24, a escala eficiente de uma empresa é de
20 viagens por dia. Neste caso esse mercado é grande o suficiente para três
empresas.

Figura 26: Oligopólio natural

Fonte: Parkin, 2009

Um oligopólio legal surge quando uma barreira legal à entrada protege o


pequeno número de empresas em um mercado. Uma cidade pode licenciar
duas empresas de táxi ou de transportes públicos, por exemplo, apesar de

95
a combinação de procura e economias de escala permitir a entrada de mais
de duas empresas.

Pequeno número de empresas

Devido a existência de barreiras à entrada, o oligopólio consiste em um


pequeno número de empresas, cada uma com uma grande participação no
mercado. Essas empresas são interdependentes (as acções de uma delas
influenciam os lucros de todas as outras) e estão diante da tentação de
trabalhar juntas para aumentar o lucro económico que compartilham.

Tentação de se unir significa que o pequeno número de empresas que


compartilham o mercado. Elas podem aumentar os seus lucros formando
um cartel e agindo como um monopólio. Um cartel é um grupo de
empresas que actuam juntas – em conluio - para restringir a produção e
aumentar os preços e os lucros económicos.

Dois modelos tradicionais de oligopólio


Suponha que você é o gestor de uma das três padarias de uma pequena
cidade e esteja tentando decidir se deve ou não reduzir o seu preço. Para
tomar essa decisão você precisa prever como as outras padarias reagirão e
calcular os efeitos dessas reacções sobre o seu lucro. Se você reduzir o seu
preço e seus concorrentes não reduzirem os deles, você vendera mais e as
outras padarias vendarão menos. Mas será que as outras padarias também
não reduziriam os preços, fazerem os seus lucros diminuírem? Então, o que
você decidirá fazer?

Muitos modelos foram desenvolvidos para explicar os preços e as


quantidades em mercados oligopolistas: modelos tradicionais e modelos
da teoria dos jogos. Analisaremos exemplos de modelos tradicionais.

O modelo da curva de procura quebrada

O modelo da curva de procura quebrada do oligopólio se baseia na


hipótese de que cada empresa acredita que, se aumentar o seu preço, as
outras empresas não a acompanharão, mas, se reduzir o seu preço, as
outras empresas farão o mesmo.

A figura 25 mostra a curva de procura (D) que uma empresa acredita ter. A
curva de procura apresenta uma quebra no preço actual, P, e na

96
Quantidade, Q. A preços acima de P, um pequeno aumento do preço leva
a uma grande diminuição da quantidade vendida. As outras empresas
mantêm seus preços actuais, e a empresa tem preço mais alto para o bem,
de modo que perde participação no mercado. À preços abaixo de P, ate
mesmo uma grande redução do preço resulta apenas em um pequeno
aumento da quantidade vendida. Neste caso, as outras empresas
acompanham o corte do preço, de maneira que a empresa não obtém
nenhuma vantagem sobre os concorrentes no preço.

Figura 27: O modelo da curva de procura quebrada

Fonte: Parkin, 2009

A quebra na curva de procura cria uma descontinuidade na curva da receita


marginal (Rmg). Para maximizar o lucro, a empresa produz a quantidade na
qual o custo marginal é igual a receita marginal. A quantidade, Q, é o ponto
no qual a curva de custo marginal passa pela descontinuidade AB na curva
de receita marginal. Se o custo marginal flutuar entre A e B, como as curvas
de custo marginal Cmg0 e Cmg1, a empresa não altera seu preço ou sua
produção. Somente se o custo marginal flutuar fora do segmento AB é que
a empresa alterará seu preço e sua produção. Desta maneira, o Modelo da
curva de procura quebrada prevê que o preço e a quantidade não são
sensíveis a pequenas variações de custo.

Mas esse modelo tem um problema. Se o custo marginal aumenta o


suficiente para fazer com que a empresa aumente seu preço e se todas as
empresas incorrerem no mesmo aumento do custo marginal, todas
aumentam juntas seus preços. A crença da empresa de que as outras não

97
acompanharão seu aumento de preço é incorrecta. Uma empresa que
baseia suas acções em crenças incorrectas não maximiza o lucro e pode
acabar incorrendo em perda económica.

Oligopólio da empresa dominante

Um segundo modelo tradicional explica o oligopólio de uma empresa


dominante, que surge quando uma empresa – a dominante – tem uma
grande vantagem de custos sobre as outras e é responsável por uma
grande parte da produção da indústria. A empresa dominante determina o
preço do mercado, e as outras empresas são tomadoras de preços.

Para entender como funciona um oligopólio de empresa dominante,


suponha que 11 empresas operam postos de gasolina em uma cidade. A
Big-G é a empresa dominante. A figura 3.3.3 mostra o mercado de gasolina
nessa cidade. Na parte (a), a curva de procura D nos mostra a quantidade
total demandada de gasolina na cidade a cada preço. A curva de oferta S10
é a curva da oferta das 10 empresas pequenas. A pare (b) mostra a situação
da Big-G. Sua curva de custo marginal é Cmg. A Big-G está diante da curva
de procura XD, e sua curva de receita marginal é Rmg. A curva de procura
XD mostra o excesso de procura não alcançada pelas 10 empresas
pequenas.

Por exemplo, a USD 1 o litro, a quantidade procurada é de 20 mil litros, a


quantidade ofertada pelas 10 empresas pequenas é de 10 mil litros, e a
quantidade procurada em excesso é de 10 mil litros, medida pela distância
AB em ambas as partes da figura.

98
Fonte: Parkin, 2009

Para maximizar o lucro, a Big-G opera como um monopólio. Ela vende 10


mil litros por semana, no ponto em que sua receita marginal é igual a seu
custo marginal, ao preço de USD 1 o litro. As 10 empresas pequenas
aceitam o preço de USD 1 por litro. Elas se comportam exactamente como
empresas em concorrência perfeita. A quantidade demandada de gasolina
em toda a cidade a USD 1 por litro é de 20 mil litros, como mostra a parte
(a). Dessa quantidade, a Big-G vende 10 mil litros e as 10 pequenas
empresas vendem mil litros cada.

Questões para Autoavaliação


1. Quais são as duas características distintivas do oligopólio?
2. Porque as empresas em um oligopólio são interdependentes?
3. Porque as empresas em um oligopólio estão diante da tentação de
se envolver em actividade de conluio?
4. O que o modelo da curva de procura quebrada prevê e por que
algumas vezes ela deve fazer uma previsão que contradiz sua
hipótese básica?

Solução:

1. Quais são as duas características distintivas do oligopólio?

99
R: As duas características distintivas do oligopólio são existência de um
pequeno número de empresas, cada uma com uma grande participação no
mercado e existência de barreira à entrada.

2. Porque as empresas em um oligopólio são interdependentes?

As empresas em um oligopólio são interdependentes porque as acções de


uma delas influenciam o lucro de todas as outras.

3. Porque as empresas em um oligopólio estão diante da tentação de


se envolver em actividade de conluio?

As empresas em um oligopólio estão diante da tentação de se envolver


em actividade de conluio porque com o conluio elas podem restringir a
produção e aumentar os preços e os seus lucros agindo como
monopólio.
4. O que o modelo da curva de procura quebrada prevê?

O modelo da curva de procura quebrada prevê uma redução de preço


no mercado oligopolista causada pela redução do preço de uma das
empresas.

100
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

Gremaud, A et al (2011). Manual de Economia (6ª ed.). São Paulo: Saraiva.

Leão, P. (2011). Economia dos Mercados e das Empresas. Portugal. Escolar


Editora.

Mata, J (2007). Economia de Empresa (4ª ed.). Lisboa: edição da Fundação


Calouste Gulbenkian.

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Pearson Prentice Hall.

Pindyick, R. (2009). Microeconomia (7ª ed.). Brasil: MacronBooks.

Pinho, M (2013). Microeconomia - Teoria e pratica simplificada. (2 ª ed.).


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Robert, H. F. (2006). Microeconomia e Comportamento (6ª ed.). Lisboa:


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Samuelson, P. & Nordhaus, W. (2010). Economia (19ª ed.). Lisboa:


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Vasconcellos, M. & Garcia, M. (2005). Fundamento de Economia (2ª Ed.)


São Paulo: Saraiva

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