Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONTABILIDADE E AUDITORIA
3º Ano
Disciplina/Módulo: GESTÃO FINANCEIRA I
Código: ISCED12- FINA301
Total Horas/1o Semestre: 125
Créditos (SNATCA): 5
Número de Temas: 06
1
ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA
2
Índice
TEMA-I INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA......................................................12
1.1. Finanças e Empresa.................................................................................................................13
1.2 As Principais Áreas em Finanças.....................................................................................................14
Tarefas do Gestor Financeiro.................................................................................................................15
Quem é o gestor financeiro?..................................................................................................................19
TEMA-II DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS.................................................................................21
2.1 Principais demonstrações financeiras..............................................................................................22
2.2 Características das principais demonstrações financeiras................................................................23
2.3 Características do balanço patrimonial............................................................................................25
2.4 Activo realizável em longo prazo....................................................................................................26
2.5 Demonstração de resultado do exercício..........................................................................................30
2.6 Demonstração do fluxo líquido de caixa..........................................................................................34
2.7 Demonstração do valor adicionado..................................................................................................36
2.8 Objectivos da análise económico-financeira....................................................................................39
2.9 Índices de liquidez...........................................................................................................................47
TEMA-III FLUXO DE CAIXA E PLANEAMENTO FINANCEIRO................................................58
3.1 FLUXO DE CAIXA........................................................................................................................58
3.2 Importância do panejamento financeiro do fluxo de caixa...............................................................60
3.3 Planeamento do fluxo de caixa a curto prazo...................................................................................60
3.4 Planeamento do fluxo de caixa a longo prazo..................................................................................61
3.5 Análise do fluxo de caixa de uma empresa......................................................................................62
3.6 Implantação do fluxo de caixa em uma micro empresa...................................................................64
3.7 Análise dos Resultados....................................................................................................................68
TEMA-IV RISCO E RETORNO...........................................................................................................69
4.2 Retornos Monetários........................................................................................................................73
4.3 Risco de um activo individual..........................................................................................................78
4.4 Risco e retorno de uma carteira.......................................................................................................83
TEMA-V VALOR DAS OBRIGAÇÕES...............................................................................................95
5.1 Taxa de juros e Retornos exigidos...................................................................................................95
5.3 Teoria da preferência por liquidez.................................................................................................104
5.4 Teoria da segmentação de Mercado...............................................................................................105
3
TEMA-VI VALOR DAS ACÇÕES......................................................................................................109
6.1 Avaliação de Acções Ordinárias e Preferenciais............................................................................109
6.2 Avaliação de Acções Ordinárias....................................................................................................111
Visão geral
Bem-vindo ao Módulo de Gestão Financeira
Objectivos do Módulo
4
Geral
Proporcionar ao estudante o conhecimento teórico e prático sobre as técnicas da gestão
financeira.
Objectivos específicos
Ao terminar o estudo deste módulo o estudante deverá ser capaz de:
Um índice completo.
5
Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que
você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de
estudos.
Outros recursos
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si, num cantinho, mesmo o
recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de
aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza nas bibliotecas física e virtual do seu Centro de
Recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos,
CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na
biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.
6
constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza
científica, quer de natureza diadáctico-pedagógica, etc sobre como é que deveriam ser ou
estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que o próximo módulo venha a
ser melhorado.
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes
ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade,
etc.
Habilidades de estudo
O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se.
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e
alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é
importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as
quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,
procedendo como se segue:
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura.
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos
(ESTUDAR).
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou
não com a dos colegas e com o padrão.
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se
existir.
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como,
onde e quando estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus
7
momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-
de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc.
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado
período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo
superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade
todos conteúdos de cada tema, no módulo.
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora.
Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se
continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias.
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao
efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um
elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência
entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas
não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz!
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser
estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a
questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na
sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar.
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar
produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o
estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode
ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a
estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a
8
melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois
de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos
impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de
concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada
ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do
seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma
carta participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é
a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável:
entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de
interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do
ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar
dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a
distância, é de muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de
apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados
com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no
módulo.
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo
nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem
ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
9
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de
entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos
trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser
devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de
mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerada plágio. A
honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).
Avaliação
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente
separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez
seja uma avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do
total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de
contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta de forma detalhada do regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam
25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as
sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de
avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a
apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos
10
assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o
respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação.
11
TEMA-I INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Introdução
Aquele velho ditado popular que diz: “de Médico e Louco todo mundo tem um pouco”, deviria
ser: “de Médico, Louco e Administrador todo mundo tem um pouco”, pois a Administração é
inerente a todos, ou seja, sem que percebamos temos que usá-la na nossa casa, nas nossas
finanças pessoais, enfim, na nossa vida. Podemos observar a Administração actual, que faz-se
presente desde o sorveteiro até o um Presidente de uma Multinacional, pois ambos utilizam-se
das funções e ferramentas da administração, mas cada um em proporções diferentes, com o
mesmo objectivo, verem seus negócios prosperando.
As semelhanças dos seres vivos, pode-se dizer que as empresas são organismos com vida
(possuem até uma “cultura interna”) em constante transformação (evolução das espécies),
sujeitos às leis de Mercado (da natureza).
Portanto problemas e soluções em uma organização, não serão necessariamente os mesmos em
outra organização. Com isso, um administrador bem-sucedido em uma organização não será
necessariamente bem-sucedido em outra, pois as oportunidades, ameaças, cultura organizacional,
12
estrutura empresarial, objectivos, etc. exigem um tratamento particular e diversificado, por isso
“velhas receitas” não são garantias de sucesso.
1.1 Finanças e Empresa
Finanças
Finanças são a aplicação de uma série de princípios económicos para maximizar a riqueza ou
valor total de um negócio. Mais especificamente maximizar a riqueza significa obter o lucro
mais elevado possível ao menor risco. Na realidade, ninguém sabe quando a riqueza máxima é
atingida, embora ela seja entendida como última meta de cada empresa.
Finanças é a arte e a ciência de administrar fundos, ou seja, é todo dinheiro aplicado em activos
que em contra partida gera uma quantia igual à aplicada gerada por algum tipo de financiamento.
Finanças nada mais é do que a grande responsável na manipulação de fontes monetárias, ou seja,
tudo que expressar valor.
O dicionário Aurélio define o termo Finanças como sendo a “ciência e a profissão do manejo do
dinheiro, particularmente do dinheiro do Estado”. De uma forma mais ampla, dizemos que ela
trata do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos
entre pessoas, empresas e governos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm
receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Em última análise, Finanças é a arte e a
ciência de administrar fundos.
Analisando o conceito parece ser alguma coisa um pouco distante do nosso dia-a-dia mas
diariamente temos envolvimento com as finanças. Tomamos decisões financeiras a todo o
momento. Na escolha pelo produto mais caro ou mais barato, na matrícula em um curso, no
parcelamento de alguma dívida, negociação salarial, escolha de um fundo de aposentadoria mais
adequado e assim por diante. Assim, precisamos entender de assuntos financeiros e tomar as
decisões financeiras corretas.
Eis que é importante manter-se a par dos novos avanços na moderna teoria de finanças tanto
quanto em relação aos desenvolvimentos praticados nos mercados financeiros. Finanças têm
surgido como uma disciplina importante que requer actualização constante dos antigos conceitos
e refinamento dos novos. Os últimos avanços nos métodos de avaliação podem ajudar a tomar
13
melhores decisões. A emergência dos novos instrumentos financeiros, tais como futuros
financeiros, opções e outros direitos condicionados sobre passivos, supre os administradores com
os métodos mais sofisticados e efectivos para avaliar e, quando necessário, alterar decisões
financeiras.
Verifica-se, ano a ano, uma tendência cada vez maior de executivos oriundos da área financeira
ocupando os cargos mais altos nas organizações. Consequentemente, as matrículas nos
programas financeiros, tanto ao nível de graduação quanto de pós-graduação, vem crescendo em
grandes proporções. Nesse contexto, algumas áreas vêm se destacando e atraindo a atenção de
estudantes e profissionais por serem excelentes oportunidades de carreira. São elas: Finanças
Corporativas (ou Empresariais), Investimentos, Instituições Financeiras, Finanças
Internacionais e, por último, Consultoria em Finanças Pessoais.
A área de Investimentos lida com activos financeiros, tais como acções, debentures, títulos
públicos e privados, derivativos e outras obrigações. E sua actividade o profissional financeiro
calcula preços desses activos, determina os riscos envolvidos e o retorno possível, analisa o
contexto para definição da melhor composição de carteiras para cada tipo de investidor. Esse
profissional pode actuar como Operador de Bolsa de Valores, Administrador de Carteiras de
Fundos ou ainda como Analista de títulos.
As Instituições Financeiras são aquelas que lidam primeiramente com assuntos financeiros,
como Bancos, Associações de Poupança e Empréstimo e Seguradoras. Essas instituições
necessitam profissionais para uma grande variedade de tarefas relacionadas a finanças. Pode
14
actuar na área de empréstimos, captação de recursos, seguros, previdência privada e
capitalização entre outras.
Finança Internacionais pode ser definida como uma especialização que requer conhecimento em
todas as áreas citadas, sua actuação envolve aspectos internacionais como taxa de câmbio e risco
político, empréstimos internacionais, administração de carteira e análise de títulos de empresas
sediadas em vários países.
Consultoria em Finanças Pessoais é uma actividade com certa tradição nos Estados Unidos. Em
Moçambique vem se desenvolvendo de forma crescente. O Consultor de Finanças Pessoais
(CFP), conhecido também como Planeador de Finanças Pessoais, tem um foco de actuação muito
forte no planeamento financeiro. Sua actividade básica consiste em gerir as finanças pessoais
para facilitar o alcance de objectivos económico-financeiros pretendidos pelos clientes. Pode
auxiliar na administração do orçamento doméstico, na análise e na busca de alternativas para
endividamentos elevados, orientações sobre aplicação de recursos nas modalidades mais
adequados para cada perfil de investidor. Orienta ainda, na escolha de seguros e planos de
aposentadoria.
15
As principais funções do gestor financeiro são:
A boa utilização dos recursos financeiros: analisar e negociar a captação dos recursos
financeiros necessários, bem como a aplicação dos recursos financeiros disponíveis;
A controladoria é gerenciada por um controller que lida com as questões contábeis da empresa
que engloba as seguintes responsabilidades: contabilidade gerencial, gestão de assuntos fiscais,
contabilidade financeira e de custos.
16
Existem duas diferenças básicas entre actividades de controladoria e finanças que devem ser
salientadas, são elas: a ênfase em fluxo de caixa e a tomada de decisões.
Há que se considerar outra diferença básica entre contabilidade e finanças no que diz respeito à
tomada de decisão. Enquanto o foco dos contadores está voltado para a colecta de dados e a
apresentação dos dados financeiros, o foco dos administradores financeiros está na avaliação
desses dados financeiros e a posterior tomada de decisão, baseando-se nos possíveis retornos e
riscos existentes.
17
O administrador financeiro, diante da complexidade do mundo empresarial, precisa de uma visão
holística da empresa e de seu relacionamento com o ambiente externo. Pois, o conhecimento de
técnicas e métricas financeiras isoladas se mostra insuficiente, sendo necessária uma abertura
para valores e informações estratégicas.
18
Administrar é, em última análise, decidir. Todo administrador financeiro deve ser um
especialista em tomar decisões acertadas. A continuidade (sobrevivência) de uma empresa é
directamente dependente da qualidade das decisões tomadas por seus administradores. Daí a
importância de se combater o amadorismo na gestão financeira, contratando administradores
financeiros profissionais, actualizados e especializados para melhorar a qualidade das decisões
financeiras e garantir a continuidade da organização e geração de riqueza aos accionistas.
O processo de tomada de decisão vem assumindo complexidade e risco cada vez maior no
ambiente empresarial brasileiro. As elevadas taxas de juros, carga tributária, o reduzido volume
de crédito de longo prazo, as variações inflacionárias, bem como intervenções estatais na
economia, alterando as regras de mercado, exigem capacidade analítica e crítica dos
administradores financeiros.
19
Empresa
Já é célebre a definição de empresa dada por Asquini, para quem ela compreende quatro perfis.
Vejamos três significados jurídicos para o vocábulo técnico, que correspondente aos três
primeiros perfis:
2. Perfil funcional. A empresa é uma actividade, que realiza produção e circulação de bens e
serviços, mediante organização de factores de produção (capital, trabalho, matéria prima etc).
Quando se diz "a empresa de estudar será proveitosa", temos a palavra empresa empregada com
esse significado.
A empresa, portanto, tem todos esses significados. Há também um quarto perfil, criticado pela
doutrina por não corresponder a qualquer significado jurídico, mas apenas por estar de acordo
com a ideologia fascista, que controlava o Estado italiano por ocasião da positivação da teoria da
empresa:
4. Perfil corporativo. A empresa é uma instituição, uma organização pessoal, formada pelo
empresário e pelos colaboradores (empregados e prestadores de serviços), todos voltados para
uma finalidade comum.
Empresa significa empreendimento, associação de pessoas para exploração de um negócio. É o
conjunto de actividades do empresário. É toda organização económica civil, ou empresarial,
instituída para a exploração de um determinado ramo de negócio.
20
Empresa é a actividade económica organizada para a produção ou circulação de bens ou
serviços. Evidentemente, actividade, aqui, não significa um ato isolado, mas uma série pré-
determinada e coordenada de actos, visando uma finalidade produtiva. O termo empresa vem
sendo empregado em inúmeros sentidos, principalmente no de estabelecimento empresarial. Em
face do emprego inadequado do termo na legislação civil, comercial, trabalhista e fiscal, o
conceito de empresa, universalizado, passa a ter sua compreensão dificultada.
Giuseppe Ferri diz que “a empresa em um conceito económico, seria a combinação dos
elementos pessoais e reais, colocados em função de um resultado económico, e realizada em
vista de um intento especulativo de uma pessoa, que se chama empresário”
21
2.1 Principais demonstrações financeiras
As demonstrações financeiras podem ser consideradas como o produto final do processo de
apuração contábil. Contêm dados extraídos dos livros, registos e documentos que compõem o
sistema contábil de uma empresa.
Os relatórios contábeis elaborados periodicamente pelas empresas, mais conhecidos como
Demonstrações Financeiras, são os seguintes:
Balanço Patrimonial;
Demonstração de Resultado do Exercício;
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do
Património Líquido;
Demonstração dos Fluxos de Caixa;
DVA - Demonstrativo do Valor Adicionado (para Companhia Aberta).
Além dessas acima mencionadas, o analista das demonstrações financeiras poderá utilizar-se
também de outras peças contábeis, tais como:
Relatório Anual da Administração;
Notas Explicativas;
As demonstrações contábeis devem obrigatoriamente ser feitas ao final de cada exercício social.
Usuários da contabilidade
A Contabilidade deve estar preparada para fornecer informações precisas e acuradas a vários
grupos de pessoas físicas e jurídicas, cujos interesses nem sempre são coincidentes.
Entre esses grupos destacamos: Sócios, accionistas e quotistas
O interesse primordial desse primeiro grupo de usuários das informações contábeis está ligado à
rentabilidade e solvabilidade de seus investimentos, uma vez que muitos membros desse grupo
não participam do dia-a-dia da empresa.
22
Administradores
Os administradores são os agentes responsáveis pela tomada de decisões, no dia-a-dia da
empresa, dentro de cada entidade a que pertencem. Essas decisões, visando ao futuro dos
negócios, têm como base o conhecimento detalhado de acontecimentos passados – dados
históricos – e do que está acontecendo no presente. Por esse motivo, o interesse nos dados
contábeis desse grupo de usuários atinge um grau de profundidade, análise e principalmente
frequência, muito maior que o dos demais grupos interessados.
Fornecedores
Esse grupo de usuários das informações contábeis tem basicamente as mesmas preocupações dos
sócios, accionistas e quotistas, isto é, a rentabilidade e a liquidez de seus recursos, sejam esses
fornecidos sob a forma de matéria-prima, produtos acabados, equipamentos ou recursos
financeiros. Uma vez que, via de regra, não tem ligação de propriedade com a empresa a quem
supre de algum recurso, a qualidade da informação contábil para esse grupo é de fundamental
importância, de forma a proteger os interesses de seus próprios sócios ou acionistas.
Governo
Baseado nas informações contábeis, o governo exerce o poder de fiscalizar e tributar. Embora
uma série de ajustes seja feita entre o lucro contábil apurado e o lucro a ser utilizado como base
para a incidência de impostos, é a partir das informações contábeis refletidas nos balanços que o
governo inicia o trabalho de análise quanto à adequação entre os valores tributados e a situação
da empresa.
23
Dessa forma, o Balanço Patrimonial, deverá apresentar:
(1) Activo e (2) Passivo e Património Líquido, caracterizados como os “grandes grupos”.
BALANÇO PATRIMONIAL
PASSIVO
ACTIVO E
PATRIMÓNIO LÍQUIDO
24
Exemplo simplificado de estrutura do balanço patrimonial
ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
-Realizável em longo prazo -Exigível em longo prazo
Investimento
Imobilizado PATRIMÓNIO LÍQUIDO
Intangível
Vamos agora verificar mais detalhes sobre os grupos e subgrupos de contas que compõem o
Balanço Patrimonial.
Vale assinalar que a própria nomenclatura já define o propósito da conta, conforme exposto nas
definições a seguir:
ATIVO (Composto pelo activo circulante e o activo não circulante)
25
ATIVO CIRCULANTE – grau de liquidez rápida até 360 dias – curto prazo.
No activo circulante, são classificadas as disponibilidades financeiras da empresa como os saldos
bancários (caixa /disponível), aplicações financeiras de curto prazo, os créditos a receber,
também denominadas de contas a receber ou duplicatas a receber, os estoques, despesas
antecipadas, como suas principais contas.
Percebemos então que todas as contas que estão classificadas no Activo Circulante referem-se a
fatos/eventos de curta duração que em contabilidade corresponde a um período de até 360 dias.
Por isso, os recursos aplicados no Activo Circulante em financiamentos dos clientes – contas a
receber, aplicados em estoques, aplicados no caixa – são denominados de Capital de Giro.
OBS: As despesas antecipadas referem-se a recursos aplicados em serviços ou benefícios que
serão usufruídos também em exercícios futuros (seguros, assinaturas, etc).
ATIVO NÃO CIRCULANTE – grau de liquidez lenta ou quase nula (acima de 360 dias) –
longo prazo
26
Imobilizado
No activo imobilizado, são classificados os direitos que tenham por objecto bens corpóreos
destinados à manutenção das actividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa
finalidade, inclusive decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e
controle desses bens.
Exemplo: máquinas, equipamentos, móveis e utensílios, edificações, etc.
Intangível
Compreende os direitos que tenham por objecto bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Como
exemplos podem ser citados direitos autorais, patentes, marcas, fundo de comércio, etc.
PASSIVO (Composto pelo passivo circulante, passivo não circulante e pelo património líquido).
PASSIVO CIRCULANTE - obrigações cujos vencimentos ocorrerão até 360 dias - curto
prazo.
A composição desse grupo compreende as diversas modalidades de dívidas, tais como dívidas
para com os fornecedores, dívidas bancárias, dívidas com serviços de utilidade pública (luz,
telefone, água, gás), obrigações e provisões operacionais (férias, 13º salário, impostos, autuações
fiscais, etc), obrigações sociais (INSS), obrigações legais (impostos), etc.
PASSIVO NÃO CIRCULANTE - obrigações cujos vencimentos ocorrerão acima de 360
dias – longo prazo.
27
- Capital social
Por capital subtende-se o valor investido pelos proprietários da empresa, sejam accionistas,
quotistas ou detentores de firma individual. Deve-se nesse item destacar como capital a
integralizar quaisquer valores ainda não integralizados pelos sócios ou accionistas.
- Reservas de capital
As reservas de capital são formadas por contas que representam valores recebidos e incorporados
directamente ao património líquido da empresa, as quais não transitam pela Demonstração de
Resultados. Como exemplo, podemos mencionar: ágio na emissão de acções, prémio pela
emissão de debentures, doações e subvenções para investimentos, bem como alienação de partes
beneficiárias.
- Ajuste de avaliação patrimonial / reserva de reavaliação- que abrigará outros ajustes de
activos, além do imobilizado.
- Reservas de lucros
Essas reservas nada mais são do que os lucros gerados pela empresa. Existem várias subdivisões
das reservas de lucros. As mais comummente encontradas são:
Reserva legal – parcela dos lucros que a legislação impede que seja distribuída.
Reservas estatutárias – reservas criadas pelos estatutos da empresa para fazer frente às
utilizações futuras.
Reservas para contingências – reservas para fazer frente às futuras perdas. Se essas perdas
ocorrerem são compensadas por essas reservas.
- Lucros ou prejuízos acumulados
Em lucros ou prejuízos acumulados, encontra-se o que restou do lucro da empresa após a
constituição das reservas, distribuição de dividendos e pagamentos de participações estatutárias
do lucro.
Após havermos discriminado os principais aspectos ligados ao Balanço Patrimonial, segue a
baixo exemplo de um Balanço Patrimonial da empresa Mussapata Participações dos últimos três
exercícios, onde poderemos observar com clareza diversos aspectos estudados anteriormente:
28
Exemplo de Balanço Patrimonial – Mussapata Participações
Mussapata Participações
Balanço Patrimonial 2012 2011 2010
Activo Circulante (Milhões de Mzn) 511.2 497.7 390.4
Disponibilidades (Milhões de Mzn)
Títulos e valores imobiliários (Milhões de Mzn) 122.3 147.6 120.7
Contas a receber (Milhões de Mzn) 279.7 244.1 156.4
Contas a compensar (Milhões de Mzn) 5.4 16.7 14.5
Adiantamento a funcionários/terceiros (Milhões de Mzn) 26 17.5 6.2
Partes relacionadas (Milhões de Mzn) 0.3 0.3 7.1
Despesas antecipadas (Milhões de Mzn) 30.9 10.3 10
Impostos e contribuições (Milhões de Mzn) 10.6 18.3 30.8
Outros (Milhões de Mzn) 17.9 21.2 30.8
Activos não circulantes (Milhões de Mzn) 728.6 571 414.1
Realizável em longo prazo (Milhões de Mzn) 125.8 79.1 58.7
Despesas antecipadas (Milhões de Mzn) 1.3 0.7 2.2
Partes relacionadas (Milhões de Mzn) 0 - 3.2
Depósitos judiciais (Milhões de Mzn) 83.2 63.6 38.1
Impostos e contribuições (Milhões de Mzn) 20.9 - -
Impostos deferidos (Milhões de Mzn) 20.4 14.9 15.3
Permanente (Milhões de Mzn) 602.8 491.9 355.4
Investimentos (Milhões de Mzn) 0.2 0.2 7.7
Imobilizado (Milhões de Mzn) 294.7 263.8 211
Intangível (Milhões de Mzn) 307.9 227.9 136.7
Total do Activo (Milhões de Mzn) 1239.80 1068.70 804.5
Passivo circulante (Milhões de Mzn) 193.3 134.7 139.5
Empréstimos e financiamentos (Milhões de Mzn) 13.9 6.5 1.8
Fornecedores (Milhões de Mzn) 35.4 18.2 17.8
Salários e encargos sociais (Milhões de Mzn) 65.7 57.5 58
Obrigações tributárias (Milhões de Mzn) 22.2 15.5 18.9
Mensalidades recebidas antecipadamente (Milhões de Mzn) 8.9 9 18.9
Adiantamento do convénio (Milhões de Mzn) 2.9 2.9 -
Parcelamento de tributos (Milhões de Mzn) 2.2 0.2 0.3
Dividendos a pagar (Milhões de Mzn) 26.1 16.7 19.2
Compromissos a pagar (Milhões de Mzn) 13 5.4 1.5
Outros (Milhões de Mzn) 3.1 2.7 3.2
Exigível em longo prazo (Milhões de Mzn) 339.5 315.7 79.1
Empréstimos e financiamentos 265,9 247,8 7,8
Provisão para contingências (Milhões de Mzn) 23,2 32,4 36,4
Adiantamento de convénio (Milhões de Mzn) 12 14,9 20,7
Parcelamento de tributos (milhões de Mzn) 6,4 4,4 1,5
Provisão para desmobilização de activos (Milhões de Mzn) 14 13,7 12,7
Impostos Diferidos (Milhões de Mzn) 1,6 1,8 -
Compromissos a pagar (Milhões de Mzn) 11,2 - -
29
Outros (Milhões de Mzn) 5,1 - -
Património Líquido (Milhões de Mzn) 707 618,9 585,9
Capital social (milhões de Mzn) 369,3 361,6 360,1
Gastos com emissões de acções (milhões de Mzn) -2,8 - -
Reservas de capital (milhões de Mzn) 114,3 109,8 106,9
Reservas de lucros (milhões de Mzn) 237,6 153,9 100,5
Lucros acumulados (milhões de Mzn) - - -
Dividendos Adicionais Propostos (Milhões de Mzn) - - 19,2
Ajustes acumulados de conversão (Milhões de Mzn) - - -0,4
Ações em tesouraria (Milhões de Mzn) -11,3 -6,3 -0,3
Total do Passivo e Patrimônio Líquido (Milhões de Mzn) 1.239,80 1.068,70 804,5
30
(-) Despesas administrativas
(-) Despesas comerciais
= Resultado Operacional da Actividade ou Lucro Operacional Próprio
(-) Resultado financeiro líquido (receitas financeiras – despesas financeiras)
(-) Outras receitas/despesas operacionais
(=) Resultado operacional
(-) Receitas não operacionais
(-) Despesas não operacionais
(=) Resultado antes do imposto de renda
(-) Provisão para imposto de renda
(-) Participações no lucro
(=) Lucro ou Prejuízo líquido do exercício
Vamos estudar, a seguir, o significado das principais contas que compõem a Demonstração de
Resultado do Exercício.
Receita bruta de venda de bens e serviços
Corresponde simplesmente ao resultado obtido pela quantidade vendida de bens e serviços vezes
seu preço.
Receita operacional líquida
É a receita efectivamente obtida pela venda de produtos ou serviços da empresa. Isso significa
que do valor bruto recebido são deduzidos todos os impostos incidentes na venda (valores que
não pertencem à empresa, apenas que transitam pelo caixa), bem como as devoluções e os
descontos comerciais e abatimentos concedidos incondicionalmente. Descontos condicionais a
pagamentos antecipados ou em determinadas datas são contabilizados como despesas
financeiras.
Custos dos produtos / mercadorias / serviços vendidos
31
tal fim, além de mão-de-obra, utilidades (energia eléctrica, água, etc) e a depreciação dos
equipamentos e instalações.
No caso da venda de serviços, as regras aplicáveis são as mesmas. No entanto, a maioria dessas
empresas não calcula esse custo, optando por lançar os valores componentes directamente como
despesas operacionais do exercício.
Portanto, poderemos encontrar as expressões: Custo de Produtos Vendidos/Custo e Mercadorias
Vendidas/Custo de Serviços Prestados, de acordo com a actividade da empresa.
Resultado bruto (também encontrado nos livros como Lucro Bruto)
Representa a diferença entre o valor global da receita operacional líquida e o custo dos produtos
ou mercadorias ou serviços vendidos. O lucro bruto representa o quanto está disponível para a
empresa cobrir suas despesas operacionais, após o “pagamento” dos custos incorridos para a
efetivação da venda de seus produtos e/ou serviços.
Resultado da actividade ou lucro operacional próprio
32
Classificam-se nesse grupo basicamente os ganhos e as perdas de capital. Esses ganhos e perdas
resultam da venda de activos permanentes como, por exemplo, o lucro ou o prejuízo na venda de
um equipamento ainda não totalmente depreciado (imobilizado) ou a venda de um investimento
permanente (participação em uma controlada ou coligada).
Provisão para imposto de renda
Pela legislação em vigor, o imposto de renda do exercício deve obrigatoriamente estar deduzido
do resultado do próprio exercício e considerado como uma exigibilidade no passivo circulante
(contabilizado como provisão para imposto de renda), até que seja efectivamente pago.
Resultado líquido do exercício (Lucro ou Prejuízo)
O lucro ou prejuízo líquido representa a diferença entre o lucro após a incidência do imposto de
renda e as participações sobre o lucro devido a administradores, funcionários.
O resultado líquido apurado (lucro ou prejuízo) é transferido para a conta de lucros ou prejuízos
acumulados, respeitados os critérios vistos quando definimos o património líquido.
Essas duas demonstrações financeiras que acabamos de conhecer (Balanço Patrimonial e
Demonstração de Resultado) servem de base para diversos tipos de avaliação da empresa.
Através delas, podemos emitir opinião sobre o desempenho económico-financeiro, sua
capacidade de pagamento de compromissos para com terceiros, o volume de utilização de capital
de terceiros, a qualidade do lucro obtido nas suas operações, entre outros aspectos.
A seguir, apresentaremos outras Demonstrações Financeiras que podemos denominar como de
apoio para termos uma maior visibilidade da empresa e que nos auxiliam nas observações sobre
seu desempenho económico-financeiro.
33
FGEDUC (milhões de Mzn) -4 - -
Receita Operacional Líquida (milhões de Mzn) 1.383,30 1.148,40 1.016,20
Custos dos Serviços Prestados (milhões de Mzn) -877,4 -765,5 -692,3
Pessoal e Encargo (milhões de Mzn) -621,6 -556,1 -508,6
Aluguéis, condomínio e IPTU (milhões de Mzn) -117,8 -102,6 -96,5
Material Didático (milhões de Mzn) -37,9 -29,4 -16,5
Serviços de Terceiros e Outros (milhões de Mzn) -56,6 -50,4 -50,7
Depreciação (milhões de Mzn) -43,5 -27,1 -19,8
Lucro Bruto (milhões de Mzn) 505,9 382,9 323,9
Despesas Comerciais, Gerais e Administrativas -357,2 -298,6 -263,4
(milhões de Mzn)
Despesas Comerciais (milhões de Mzn) -157,8 -113,8 -95,4
Provisionamento FIES (milhões de Mzn) -5,4 - -
PDD (milhões de Mzn) -80 -54,4 -41,6
Publicidade (milhões de Mzn) -72,4 -59,5 -53,9
Despesas Gerais e Administrativas (milhões de Mzn) -181,7 -169,7 -154,9
Pessoal e encargos (milhões de Mzn) -96,9 -79 -75,8
Outros (milhões de Mzn) -84,8 -90,6 -79,1
Depreciação (milhões de Mzn) -17,7 -15,1 -13
Depreciação e amortização (milhões de Mzn) 61,2 42,2 32,8
EBITDA (milhões de Mzn) 209,9 123 92,4
Resultado financeiro (milhões de Mzn) -33,8 -5,6 14,3
Depreciação e amortização (milhões de Mzn) -61,2 -42,2 -32,8
Resultado das atividades não continuadas (milhões de - -3,5 -1
Mzn)
Contribuição social (milhões de Mzn) -1,5 -1,5 1,8
Imposto de renda (milhões de Mzn) -3,8 -3,6 5
Lucro Líquido (milhões de Mzn) 109,7 70,2 80,7
34
Depreciação, exaustão e amortização
Resultado na baixa e alienação de bens
Resultado de participações societárias
Ganho e perda na variação percentual
IR e CS diferidos
Provisão passivo actuarial
Provisão para contingências
Outras provisões
Variações nos activos e passivos
Contas a receber
Estoques
Créditos com controladas
Impostos a compensar
Fornecedores
Salários e encargos sociais
Tributos
Descrição da Conta
Caixa Líquido Actividades Operacionais
Caixa Gerado nas Operações
Lucro líquido do exercício
Provisão, encargos, empréstimos, financiamentos
Depreciação, exaustão e amortização
Resultado na baixa e alienação de bens
Resultado de participações societárias
Ganho e perda na variação percentual
IR e CS diferidos
Provisão passivo actuarial
Provisão para contingências
Outras provisões
Variações nos activos e passivos
Contas a receber
Estoques
Créditos com controladas
Impostos a compensar
Fornecedores
Salários e encargos sociais
Tributos
Contas a pagar - empresas controladas
Passivos contingentes
Instituições financeiras juros
Instituições financeiras swap
Caixa Líquido Actividades de Investimento
Depósitos judiciais
Investimentos
Imobilizado
Diferido
Caixa Líquido Actividades Financiamento
35
Empréstimos e financiamentos
Recebimento pela emissão de acções
Debentures
Instituições financeiras - principal
Dividendos e juros s/ capital próprio
Acções em tesouraria
Variação Cambial s/ Caixa e Equivalentes
Aumento (Redução) de Caixa e Equivalentes
Saldo Inicial de Caixa e Equivalentes
Saldo Final de Caixa e Equivalentes
Contas a pagar - empresas controladas
Passivos contingentes
36
elementos que permitem a análise do desempenho económico da empresa, evidenciando a
geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.
Após a apresentação das principais Demonstrações Financeiras, vale assinalar que existem
algumas outras peças contábeis extremamente importantes que devem ser levadas em
consideração pelos gestores, no sentido de obter explicações detalhadas sobre diversas contas,
tanto do Balanço Patrimonial, quanto da Demonstração do Resultado e que são apresentadas de
forma sintética. Entre elas, destacamos o Relatório Anual e as Notas Explicativas.
37
Exercícios de Fixação
Questão 1: O Balanço Patrimonial é um demonstrativo que visa:
a) ( ) apresentar os resultados da empresa após o exercício encerrado.
b) ( ) apresentar a situação financeira e patrimonial da empresa em um determinado momento.
c) ( ) apresentar a variação do caixa no decorrer do exercício contábil.
d) ( ) apresentar a variação do património líquido.
e) ( ) apresentar o resultado do valor adicionado ao longo do exercício contábil da empresa.
38
c) ( ) analisar as principais variações nos resultados operacionais da empresa.
d) ( ) detalhar as principais modificações que afectaram o património líquido no período.
e) ( ) identificar os principais fatos que alteraram a situação patrimonial da empresa.
39
ENFOQUE DEMONSTRAÇÃO DE
ENFOQUE ENFOQUE
FINANCEIRO PATRIMONIAL
Metodologias de análise
Também é possível conciliar o uso de aspectos ligados às três metodologias, o que dá mais
consistência aos pareceres emitidos pelos analistas.
Análise vertical
A Análise Vertical é obtida pela transformação dos valores de um grupo qualquer dos
demonstrativos contábeis em percentuais; com isso, podemos visualizar melhor a importância de
cada grupo no total que estamos considerando.
A análise vertical é a técnica mais simples e também uma das mais completas para a realização
da análise económico-financeira. Ela mede PROPORÇÕES entre valores, ajudando-nos a
determinar quais as contas de maior importância e relevância para a análise.
40
Na análise do Activo, ela mede como a empresa distribui ou usou seus recursos dentro do
Activo. É importante começar esta análise pelos principais grupos (Circulante, Não Circulante) e
só depois ver cada conta isoladamente (Duplicatas a Receber, Estoques, Imobilizado, etc).
Na análise do Passivo, ela mede como a empresa obteve os recursos que estão ajudando a
financiar seus Activos. É importante começar a análise pelo Património Líquido (a principal
fonte de recursos) e depois os dois grupos de dívidas (Circulante e Exigível L. Prazo) e só então
cada conta isoladamente. Não se deve, porém, analisar as contas dentro do Património (analise
apenas o total dele).
Na análise da Demonstração de Resultados, ela mede quanto cada custo ou despesa consumiu
das receitas e, no fim, se houve sobras (lucros) ou faltas (prejuízos).
FÓRMULA DE CÁLCULO
CÁLCULO VALOR DA CONTA X 100
ANÁLISE BASE
VERTICAL
Arredonde os resultados dos cálculos
Não use casas decimais
O Total do Passivo é a base de cálculo para todas as contas do Passivo (que sempre tem o mesmo
total que o Activo).
A Receita Líquida de Vendas ou Vendas Líquidas é a base de cálculo para todas as contas de
Demonstração de Resultados.
41
Recuperação da BASE R
Para fazer todos os cálculos, utilize apenas a Etapa 2.
42
Por exemplo:
Para calcular a Análise Vertical (“AV”) de cada conta do Balanço acima utilizando a calculadora
HP 12 C e a fórmula da página anterior, faça o seguinte:
2) Introduza o valor R$ 21879186 e tecle ENTER para arquivar a BASE = Total do Ativo.
Continue os cálculos das outras contas. Não é necessário iniciar o processo todo, mas, seguindo a
fórmula, executar somente a etapa 2.
Pela Análise Vertical, podemos, por exemplo, responder mais facilmente duas perguntas
fundamentais observando as contas do Balanço Patrimonial:
Podemos verificar qual o percentual dos recursos que estão aplicados/alocados no Activo
Circulante e em quais contas e qual o percentual está alocado em Activos não Circulantes tipo
Imobilizados da empresa.
43
Impostos sobre 4240070 3994180 3570738
Vendas
Receita líquida 21245748 100% 23516760 100% 30613528 100%
operacional
Custo Produtos 15519861 73,05% 17020825 72,38% 23131527 75,56%
Vendidos
Lucro Bruto 5725887 26,95% 6495935 27,62% 7482001 24,44%
Despesas 1654707 7,79% 2158349 9,18% 2496592 8,16%
operacionais próprias
Despesas com 514443 2,42% 516927 2,20% 618938 2,02%
Vendas
Despesas 1140264 5,37% 1641422 6,98% 1877654 6,13%
Administrativas
Outras rec.(desp) 131426 0,62% -19972 -0,08% -171958 -0,56%
operacionais
Lucro operac. 4202606 19,78% 4317614 18,36% 4813451 15,72%
próprio/actividade
Resultado -29916 -0,14% 321735 1,37% 332569 1,09%
Financeiro
Equivalência -131195 -0,62% -244804 -1,04% 118399 0,39%
patrimonial
Lucro Operacional 4041495 19,02% 4394545 18,69% 5264419 17,20%
Resultados não 292755 1,38% -67153 -0,29% 0 0,00%
Operacionais
LAIR 4334250 20,40% 4327392 18,40% 5264419 17,20%
Provisão imposto de 915043 4,31% 907604 3,86% 872315 2,85%
renda
IR Diferido 146628 0,69% -88675 -0,38% 82011 0,27%
Partic./Contrib. 27339 0,13% 16174 0,07% 0 0,00%
Estatutária
Participação 463900 2,18% 611367 2,60% 757342 2,47%
accionista
minoritário
Lucro líquido 2781340 13,09% 2880922 12,25% 3552751 11,61%
Para calcular a Análise vertical (“AV”) da Demonstração de Resultados (DRE) com a fórmula da
HP 12C, procede-se da mesma forma que no cálculo do Activo e Passivo, mudando apenas a
BASE que passa a ser a RECEITA LÍQUIDA. A análise inicia-se pela Receita Líquida (vale
100%).
44
2) Introduza o valor R$ 21245748 e tecle ENTER para arquivar a BASE (Receita Líquida).
Análise horizontal
A Análise Horizontal mostra a evolução histórica dos itens dos demonstrativos contábeis de um
período para outro, visando caracterizar tendências.
É sempre realizada através de índices. O índice do ano-base é 100 e os anos subsequentes são
expressos em relação ao ano-base.
VAB = Variação em Relação ao Ano Base = (Rubrica 19X1: Rubrica 19X0) - 100
5) Introduza o valor R$ 152427 e tecle ENTER para arquivar a BASE (Receita Operacional
Líquida 19x0).
45
6) Introduza o valor de R$ 175291 (Receita Opercaional Líquida 19x1) e tecle Δ%. Aparecerá no
visor 15,00. Este resultado representa 15,00% de acréscimo sobre a Receita Operacional Líquida
de 19x0.
Quociente, como o próprio nome indica, é o resultado da divisão de um grupo de contas por
outro grupo de contas. Saber extrair informações úteis desses quocientes (índices) é o ponto forte
da Análise das Demonstrações Financeiras.
Depois de obtermos o índice, não devemos de imediato afirmar que ele é ruim, regular ou bom; é
necessário:
a) Índices de Liquidez;
46
Análise Financeira
Como resposta, podemos dizer que os problemas financeiros imediatos podem ser medidos pelo
nível de liquidez apresentado pela operação. Já a capacidade para conviver com períodos de
recessão (redução do nível de actividade), pode ser avaliada pela forma que a empresa financia
sua operação (fontes de financiamento utilizadas).
No que toca à eficiência, resta avaliar se a empresa está aplicando de forma adequada seus
recursos de modo que obtenha o máximo aproveitamento na administração dos seus Ativos
Circulantes e dos seus Ativos Não Circulantes, principalmente seus Imobilizados (prédios,
instalações, equipamentos, etc).
A saúde financeira de uma operação empresarial, em determinado momento, pode ser avaliada
pela capacidade de cobertura das exigibilidades de curto prazo e de longo prazo, ou seja, pelos
níveis de liquidez observados. De forma mais simples, os índices de liquidez avaliam quantos
reais a empresa dispõe nos seus Activos para fazer face aos compromisso/obrigações assumidas
que estão contempladas nos seus Passivos. Qualquer agente económico pode realizar este cálculo
bastando para tanto avaliar o quanto dispõe no seu caixa e bancos além de activos que em curto
espaço de tempo possam ser convertidos em dinheiro e comparar este valor com relação às
obrigações/compromissos que no mesmo período precisa honrar.
47
Costuma-se afirmar, com propriedade, que uma operação bem ajustada financeiramente é
condição necessária para a manutenção do negócio em condições saudáveis. Complementando,
pode-se atestar:
Na análise económico-financeira, existem três índices de liquidez que geralmente são apurados,
conforme veremos a seguir.
Liquidez geral
Liquidez corrente
Liquidez seca
A liquidez seca é um índice de gestão que visa analisar a capacidade financeira da operação,
eliminando o peso dos estoques na formação do capital de giro. Como no caso da liquidez
corrente, trata-se de um indicador que propicia uma determinada conclusão, considerando um
momento específico.
48
ATIVO CIRCULANTE – ESTOQUES / PASSIVO CIRCULANTE
A metodologia básica para determinar os prazos médios dos itens componentes do capital de giro
é a seguinte:
Obs: tomando-se como base uma análise com período anual, temos:
49
(ESTOQUE / CUSTO PROD. VENDIDOS) x 360
EXEMPLO:
GIRO DE CAIXA COM BASE NUM PERÍODO ANUAL: 360 / CICLO DE CAIXA =
Cada grupo pertencente ao ciclo operacional de caixa deve ser sistematicamente examinado,
considerando sua composição específica, o peso relativo em relação ao total e o prazo associado
ao grupo respectivo.
50
Dimensionamento da composição dos estoques da empresa, % sobre o investimento,
considerando-se o prazo médio ideal de rotação a nível de cada produto e/ou grupo de
produtos;
Análise de composição dos clientes da empresa, associando-se a possibilidade de
inadimplência ---> quanto maior a concentração em poucos clientes, maior será o grau de
risco;
concentração das compras em poucos fornecedores, o que pode representar um acréscimo
no risco em termos de política de preços, bem como no tocante à regularidade no
fornecimento.
Assim, quaisquer modificações no perfil do ciclo operacional e, consequentemente, financeiro,
poderá trazer modificações importantes para a geração de caixa da actividade.
A estrutura de capital significa como a empresa utiliza os seus recursos próprios ou os recursos
de terceiros para financiar suas actividade ou seus activos.
É comum a empresa utilizar recursos de terceiros como forma complementar para financiamento
de suas actividades, e o importante da análise está na verificação da composição do
endividamento, a qual pode comprometer em menor ou maior escala sua saúde financeira.
Indica qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação ao total das fontes de recursos.
A fórmula básica para determinação é:
Indica qual o percentual de obrigações em longo prazo em comparação ao total das fontes de
recursos. A fórmula básica é:
51
Se a composição do endividamento apresentar uma significativa concentração no passivo
circulante, a empresa pode vir a ter problemas em momentos de desaquecimento do mercado,
pois terá que gerar recursos para suportar os compromissos vencíveis a curto prazo. Caso haja
um maior equilíbrio entre curto e longo prazo, mesmo num momento de reversão de negócios, a
empresa terá mais tempo para gerar os recursos necessários.
Endividamento geral
Indica qual a parcela do capital de terceiros (de curto e longo prazo) em relação ao total das
fontes de recursos da empresa. A fórmula básica é:
Indica qual a parcela do capital de terceiros em relação ao património líquido. A fórmula básica
é:
Análise económica
52
Lucratividade do negócio
Trata-se de uma questão básica a ser considerada em qualquer análise gerencial. Um negócio
para ser considerado economicamente viável deve gerar um nível de lucratividade capaz de
remunerar o capital investido na actividade.
Margem bruta sobre vendas (%) apurada através da divisão do lucro bruto pela receita
operacional líquida, tratando-se do 1º nível de análise da performance operacional, que
avalia o peso dos custos em relação à receita operacional líquida;
Margem líquida (%) apurada pela divisão entre o lucro líquido e a receita operacional
líquida.
O índice de retorno sobre o activo indica a lucratividade que a empresa propicia em relação aos
investimentos totais representados pelo activo total médio.
Este indicador estabelece a relação entre as vendas do período e os investimentos totais efetuados
na empresa, os quais estão representados pelo activo total médio.
53
Margem líquida sobre as vendas
Então, o Retorno Sobre o Activo (RSA) pode ser apurado através da associação da margem
líquida obtida e do seu giro de activos.
Considerando o retorno sobre o investimento como um dos pontos principais de uma operação
empresarial, nada mais apropriado do que analisar a maneira pela qual é formado. É fundamental
o conhecimento das causas de formação do nível de retorno sobre o investimento. Para tal, foi
desenvolvida uma relação que procura analisar a capacidade de geração de lucros em relação à
receita (margem), com o grau de produtividade dos activos empregados na operação (giro).
= (Nº DE VEZES)
Determinada taxa de retorno pode ser obtida através de diversas composições de margem e giro.
Como exemplo, vamos imaginar uma taxa de retorno de 18%.
Com esse desdobramento da taxa de retorno, podemos identificar as causas imediatas observadas
que tenham propiciado uma queda ou incremento no indicador. No caso de uma redução da taxa
54
de retorno provocada por uma diminuição do giro, certamente o activo terá crescido em
proporção superior às vendas. Da mesma forma, a análise deverá ser feita quando a causa básica
tiver origem na margem.
Actividade proposta
Vamos realizar uma breve análise económico-financeira dos três últimos exercícios da
Mussapata Participações através dos seus Balanços Patrimoniais e dos seus Demonstrativos de
Resultados, calculando e comentando sobre os seguintes aspectos:
Mussapata Participações
Balanço Patrimonial 2012 2011 2010
Activo Circulante (milhões de Mzn) 511,2 497,7 390,4
Disponibilidades (milhões de Mzn) 18,1 21,9 44,7
Títulos e valores mobiliários (milhões de Mzn) 122,3 147,6 120,7
Contas a receber (milhões de Mzn) 279,7 244,1 156,4
Contas a compensar (milhões de Mzn) 5,4 16,7 14,5
Adiantamentos a funcionários/terceiros (milhões de Mzn) 26 17,5 6,2
Partes relacionadas (milhões de Mzn) 0,3 0,3 7,1
Despesas antecipadas (milhões de Mzn) 30,9 10,3 10
Impostos e contribuições (milhões de Mzn) 10,6 18,3 30,8
Outros (milhões de Mzn) 17,9 21,2 30,8
Activo Não Circulante (milhões de Mzn) 728,6 571 414,1
Realizável em Longo Prazo (milhões de Mzn) 125,8 79,1 58,7
Despesas antecipadas (milhões de Mzn) 1,3 0,7 2,2
Partes relacionadas (milhões de Mzn) 0 - 3,2
55
Depósitos judiciais (milhões de Mzn) 83,2 63,6 38,1
Impostos e contribuições (milhões de Mzn) 20,9 - -
Impostos Diferidos (milhões de Mzn) 20,4 14,9 15,3
Permanente (milhões de Mzn) 602,8 491,9 355,4
Investimentos (milhões de Mzn) 0,2 0,2 7,7
Imobilizado (milhões de Mzn) 294,7 263,8 211
Intangível (milhões de Mzn) 307,9 227,9 136,7
Total do Ativo (milhões de Mzn) 1.239,80 1.068,70 804,5
Passivo Circulante (milhões de Mzn) 193,3 134,7 139,5
Empréstimos e financiamentos (milhões de Mzn) 13,9 6,5 1,8
Fornecedores (milhões de Mzn) 35,4 18,2 17,8
Salários e encargos sociais (milhões de Mzn) 65,7 57,5 58
Obrigações tributárias (milhões de Mzn) 22,2 15,6 18,9
Mensalidades recebidas antecipadamente (milhões de 8,9 9 18,9
Mzn)
Adiantamento de convénio (milhões de Mzn) 2,9 2,9 -
Parcelamento de tributos (milhões de Mzn) 2,2 0,2 0,3
Dividendos a pagar (milhões de Mzn) 26,1 16,7 19,2
Compromissos a pagar (milhões de Mzn) 13 5,4 1,5
Outros (milhões de Mzn) 3,1 2,7 3,2
Exigível em Longo Prazo (milhões de Mzn) 339,5 315,1 79,1
Empréstimos e financiamentos (milhões de Mzn) 265,9 247,8 7,8
Compromissos a pagar (milhões de Mzn) 13 5,4 1,5
Provisão para contingências (milhões de Mzn) 23,2 32,4 36,4
Adiantamento de convénio (milhões de Mzn) 12 14,9 20,7
Parcelamento de tributos (milhões de Mzn) 6,4 4,4 1,5
Provisão para desmobilização de ativos (milhões de Mzn) 14 13,7 12,7
Impostos Diferidos (milhões de Mzn) 1,6 1,8 -
Compromissos a pagar (milhões de Mzn) 11,2 - -
Outros (milhões de Mzn) 5,1 - -
Património Líquido (milhões de Mzn) 707 618,9 585,9
Capital social (milhões de Mzn) 369,3 361,6 360,1
Gastos com emissões de acções (milhões de Mzn) -2,8 - -
Reservas de capital (milhões de Mzn) 114,3 109,8 106,9
Reservas de lucros (milhões de Mzn) 237,6 153,9 100,5
Lucros acumulados (milhões de Mzn) - - -
Dividendos Adicionais Propostos (milhões de Mzn) - - 19,2
Ajustes acumulados de conversão (milhões de Mzn) - - -0,4
Acções em tesouraria (milhões de Mzn) -11,3 -6,3 -0,3
Total do Passivo e Patrimônio Líquido 1.239,80 1.068,70 804,5
56
Exercícios de fixação
a) ( ) 32%
b) ( ) 48%
c) ( ) 61%
d) ( ) 45%
e) ( ) 25%
57
Questão 5: O ciclo operacional de uma empresa é composto de:
É a ferramenta mais eficaz na gestão financeira da empresa, o fluxo de caixa é o instrumento que
permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos
financeiros de sua empresa para um determinado período.
O fluxo de caixa é uma fonte de informações que ajuda aos administradores financeiros a
sustentarem suas análises. O fluxo de caixa é elaborado através de dados contábeis, visando
verificar os planos de contas mais importantes da empresa, tais como:
Vendas à Vista;
Vendas a Prazo;
Compras à Vista;
Compras a Prazo;
Impostos;
Salários; e
Aluguel.
O fluxo de caixa é o registo e o controle sobre a movimentação de caixa de qualquer empresa,
expressando as entradas e saídas de recursos financeiros ocorridos em curto e médio prazo. O
58
fluxo de caixa assume importante papel no planeamento financeiro da empresa. Portanto, deve
ser constantemente revisto e actualizado.
O fluxo de caixa vem sendo muito utilizado por administradores financeiros, pois é um dos
instrumentos que mais auxilia na obtenção do equilíbrio financeiro da empresa.
O fluxo de caixa como o método de captura e registo de fatos e valores que alteram o saldo do
caixa. A palavra caixa significa moeda e todos os valores que possam ser facilmente convertidos
em moeda, como depósitos bancários, cheques e aplicações de curtíssimo prazo e de alta
liquidez, conhecidos também como equivalentes de caixa.
O fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem ele não se saberá quando haverá recursos
suficientes para sustentar as operações ou quando haverá necessidade de financiamentos
bancários. Empresas que necessitam continuamente de empréstimos de última hora, poderão se
deparar com dificuldades de encontrar bancos que as financiem. O fluxo de caixa é um
instrumento de programação financeira, que corresponde às estimativas de entradas e saídas de
caixa em certo período de tempo projectado.
Uma boa administração necessita de informações para que a actividade da empresa flua de
maneira a atingir seu objectivo final que é o lucro. A partir de um fluxo de caixa bem planejado o
administrador da empresa passa a ter maior controle sobre os recursos financeiros.
59
Dessa forma o fluxo de caixa disponibiliza ao gestor programar e acompanhar os recebimentos
(entradas) e os pagamentos (saídas) de recursos financeiros, possibilitando à empresa a operar de
acordo com os objectivos a curto e a longo prazo.
O fluxo de caixa é o produto final da integração de contas a receber com contas a pagar. Pode-se
afirmar que o fluxo de caixa é um instrumento de controle e análise financeira que juntamente
com as demais demonstrações contábeis torna-se efectivamente um instrumento de apoio à
tomada de decisões de carácter financeiro.
Ao planejar o fluxo de caixa de uma empresa, procura-se formular de maneira explícita as tarefas
a serem cumpridas e prever a obtenção dos recursos necessários dentro de uma limitação
específica de prazo. Deste modo, as actividades da empresa e suas subunidades para um período
futuro, e a própria dimensão temporal já introduz uma distinção entre planeamento em longo
prazo e o planeamento em curto prazo.
60
O gerenciamento dos recursos a curto prazo é importante para um negócio e deve receber grande
atenção do administrador. Compreender a geração, controle e previsão financeiras de curto
prazo, entre outras fontes disponíveis (caixa, depósitos, aplicações financeiras de curto prazo,
entre outras fontes de liquidez), são os itens que representam dinheiro disponível para a empresa.
De acordo com os planos de acções aprovados pela cúpula directiva, deverão resultar de
expansão ou de modernização da capacidade de produção e/ou comercialização, lançamento de
novas linhas de produtos e crescimento almejado da empresa dentro de um ou três anos, ou em
futuro próximo.
O planeamento a longo prazo tem por objectivo demonstrar a possibilidade de serem geradas as
disponibilidades de caixa, indicando em que as possibilidades poderão ser insuficientes, a fim de
que o administrador fique apto a prever aumentos de capital social.
Sendo assim o planeamento a longo prazo tem por objectivo demonstrar a possibilidade de serem
geradas as disponibilidades de caixa, ou obtidos os recursos financeiros necessários à
manutenção das actividades planejadas para um certo período.
O administrador financeiro precisa ter cautela e obter dados contáveis e financeiros para planejar
o fluxo de caixa, sendo que se pode projectar numa planilha as entradas e saídas, incluindo:
Vendas à Vista;
Cobrança de Duplicatas a receber;
Pagamentos de Duplicatas;
Compras à Vista;
Folha de Pagamento;
Impostos (INSS, FGTS, entre outros);
61
Pagamento de despesas gerais (aluguel, luz, água, telefone, despesas de escritório, etc.).
Uma das vantagens do planeamento do fluxo de caixa é, sem dúvidas, antecipar eventuais
necessidades das fontes financeiras, facilitando o planeamento financeiro, buscando fontes
alternativas de recursos, a custos mais baixos.
Na elaboração do fluxo de caixa, utiliza se mapas auxiliares que tem como propósito planejar e
organizar as informações para o fechamento final do fluxo. A forma, consistência, periodicidade
e relevância desses mapas auxiliares, dependerá do tipo da empresa e da sua actividade
operacional. São exemplos de mapas auxiliares: despesas administrativas, pagamento de
fornecedores, despesas com vendas, venda a prazo entre outras.
Quanto aos desembolsos podem ser relacionados com as compras de mercadorias que quase no
total são a prazo, salários e ordenados com os encargos sociais pertinentes, despesas
administrativa, despesas com vendas, despesas financeiras e tributárias.
O prazo dos fluxos podem ser diários, semanais, mensais ou anuais. Recomenda-se o
planeamento e controle diário dos fluxos de caixa, para análise de curto prazo, pois desta forma
fornecerá informações mais detalhadas sobre os ingressos e desembolsos, seus prazos de
vencimento e o melhor dia do mês para projectar recebimento e compras.
São relacionados as projecções (P), o que efectivamente fora realizado (R) e a diferença (D)
entre o realizado e o projectado de todas as semanas dos meses do ano, conforme o modelo de
fluxo de caixa pelo método directo.
62
Figura 1 Modelo de fluxo de caixa semanal método directo
Venda à Vista
Recebimento com cartão Crédito
Recebimento com cartão Débito
2 Desembolso
Fornecedor
Salários
Pró-Labore
Despesa com pessoal
Despesa administrativa
Despesa com cartão
Despesa com cartão
Despesas financeiras
Despesas tributárias
Compras diversos
Aluguel
Condomínio
Findo de promoção
Outras despesas
3 Diferença do período (1-2)
4 Saldo inicial da caixa
5 Nível desejável de caixa
6 Empréstimo a captar
7 Aplicação financeira
8 Pagamento de empréstimo
9 Resgate de aplicação
10 Saldo final
Para que se tenha um eficiente fluxo de caixa, as projecções devem ser ordenadas e distribuídas
de forma racional. Os principais itens que compõem o fluxo são os seguintes:
Ingressos-São todos as entrada de caixa e banco, como as vendas à vista, vendas a prazo,
recebimentos de atrasados, receitas financeiras, vendas de activos, entre outros. Varia
conforme a actividade fim da empresa;
63
Desembolsos-É composto pelas compras à vista, compras a prazos com fornecedores,
salários com os encargos sociais, assim como todas as despesas administrativas, com
vendas, tributárias e financeiras geradas pelo processo de produção e comercialização;
Diferença do período-Apura se, neste item, o resultado entre os recebimentos e
pagamentos da empresa, ou seja, a partir dos valores projectados, de ingresso e
desembolsos, encontra se a diferença de valores, podendo ser positivo, negativo ou nulo;
Saldo inicial de caixa-É igual ao saldo final de caixa do período imediatamente anterior;
Nível desejado de caixa-É a determinação do capital de giro líquido necessário pela
empresa, em função do volume de ingressos e desembolsos futuros;
Empréstimos ou aplicação de recurso financeiros -Poderão ser captados empréstimos
para subir a necessidade de caixa, mediante a apuração do saldo da disponibilidade
acumulada, ou, quando houver excedentes, serão realizadas aplicações no mercado
financeiro;
Pagamento ou resgate de aplicação- As amortizações são devoluções do principal
tomado emprestado, enquanto o resgaste constituem se nos recebimentos do principal
aplicado;
Saldo final de caixa-É o nível desejado de caixa projectado para o período seguinte, que
será o saldo inicial de caixa do período subsequente.
Normalmente, o fluxo de caixa não é uniforme durante todo o mês, apresentando períodos
sazonais. Neste trabalho foi utilizado o fluxo semanal dentro dos meses realizados.
Dessa forma, a implantação do fluxo de caixa em uma pequena empresa, no caso, a empresa
Márcio Bueno de Castro – ME, apresentou-se como uma ferramenta básica e essencial da
administração financeira, tem como função fundamental registar as entradas e saídas de dinheiro
da empresa. Sendo assim, o fluxo de caixa é um retrato fiel da composição financeira da
empresa, e é ao mesmo tempo uma radiografia permanente das entradas e saídas de seus recursos
financeiros. Portanto, permite projectar o dia-a-dia, a evolução do que ela tem disponível, de
64
forma que se possa tomar com a devida antecedência, medidas cabíveis para enfrentar a escassez
ou o excesso de recursos. Justifica-se, portanto, a sua implantação na empresa a qual é objecto
deste estágio, uma vez que a mesma não adoptava nenhum procedimento ou instrumento para
que possibilitasse ter um planeamento e controle financeiro eficientes. Dessa forma o objectivo é
de proporcionar à empresa bases para implantação de uma administração financeira eficiente e
obtenção de controle e ajustes necessários entre prazos e valores das contas a pagar e contas a
receber. Assim, é possível resolver o problema financeiro principal da empresa que é o
descompasso entre as contas a pagar e as contas a receber, que leva a mesma às situações
constantes de insolvência, ou seja, a empresa quase sempre não tem recursos suficientes para
efectuar seus pagamentos no prazo.
Objectivo
PAGAMENTOS EFETUADOS
DEZEMBRO DE 2011
Data Histórico Valor Disponív Empréstim A
el o Receber/Terceiros
03/12/05 Pagtº INSS 180,00 142,00 38,00 150,00
04/12/05 Duplicata-Lixas 165,34 12,65 152,69 250,00
07/12/05 Duplicata-Madeiras 1.434,83 425,38 1.009,45 1.685,00
08/12/05 Salários 2.650,00 1.325,50 1.324,50 2.100,00
09/12/05 Despesas Viagem SP 258,00 98,50 159,50 525,00
08/12/05 Imposto-Simples 75,42 54,60 20,82 600,00
13/12/05 Duplica-Cola e Pregos 284,68 155,40 129,28 720,00
15/12/05 Energia Elétrica 384,25 321,50 62,75 540,00
17/1205 Reparo-Motor 420,00 342,00 78,00 248,00
20/12/05 Duplicatas-Madeiras 1.750,80 920,23 830,57 1.384,00
21/12/05 ISS 45,50 24,55 20,95 245,00
23/12/05 Telefone 136,64 82,95 53,69 220,00
24/12/05 ICMS Frete 158,80 130,37 28,43 190,00
28/12/05 Duplicata-Fechaduras 485,00 384,00 101,00 345,00
29/12/05 Prestação-Motor 350,60 211,28 139,32 385,00
29/12/05 Duplicata-Seladora 285,36 212,84 72,52 800,00
65
30/12/05 Duplicata-Madeira 2.284,60 1.120,60 1164,00 1.850,00
30/12/05 Contador 150,00 - 150,00 2.120,00
Quadro 1 – Pagamentos efetuados pela empresa no mês de Dezembro/2005.
PAGAMENTOS EFETUADOS
DEZEMBRO DE 2011
Data Controle Histórico Entrada Saída Saldo
Saldo Anterior 4.284,26
03/10/06 X 02 Camas 800,00 5.084,26
04/10/06 X INSS 180,00 4.904,26
04/10/06 X Duplicata-Verniz 132,49 4.771,77
05/10/06 X Duplicata/Madeiras 1.320,82 3.450,95
05/10/06 X Salários 2.650,00 800,95
07/10/06 X Despesa Viagem SP 220,00 580,95
07/10/06 X 01 Guarda Roupa 1.800,00 2.380,95
10/10/06 X Imposto-Simples 84,65 2.296,30
10/10/06 X 02 Cômodas 450,00 2.746,30
11/10/06 X 01 Armário Cozinha 950,00 3.696,30
11/10/06 X Duplicata/Cola e Lixa 124,83 3.571,47
13/10/06 X Luz 340,56 3.230,91
14/10/06 X Reparo-Máquina 148,20 3.082,71
17/10/06 X 01 Armário Embutido 920,00 4.002,71
18/10/06 X 01 Estante 540,00 4.542,71
18/10/06 X Duplicata/Madeiras 1.100,74 3.441,97
18/10/06 X ISS 35,00 3.406,97
19/10/06 X 02 Guarda Roupas 2.200,00 5.606,97
19/10/06 X 01 Mesa Grande 800,00 6.406,97
19/10/06 X Vales 480,00 5.926,97
20/10/06 X Telefone 118,45 5.808,52
20/10/06 X 02 Mesas Médias 1.100,00 6.908,52
24/10/06 X 01Criado Mudo 180,00 7.088,52
25/10/06 X ICMS Frete 123,96 6.964,56
25/10/06 X 02 Prateleiras-Loja 620,00 7.584,5
27/10/06 X 08 Cadeiras 640,00 8.224,56
27/10/06 X 01 Jogo Sofá 950,00 9.174,56
66
28/10/06 X Retirada 1.000,00 8.174,56
28/10/06 X Duplicata/Compensado 540,37 7.634,19
31/10/06 X Prestação-Motor 342,50 7.291,69
31/10/06 X Duplicata-Madeira 2.145,60 5.146,09
31/10/06 X Contador 150,00 4.996,09
TOTAIS 11.950,00 11.238,17
Quadro 2 - Fluxo de caixa da empresa no período de 01/10/2006 a 31/10/2006.
O fluxo de caixa apresentado no quadro 2 mostra o benefício principal que sua adopção trouxe à
empresa, que foi a conquista de uma situação financeira estável, ou seja, a empresa passou a ter
sempre dinheiro em caixa para quitar seus compromissos.
Ainda não foi mensurado exactamente o quanto os benefícios dessas actividades adicionais
trazem em termos de valores para a empresa, mas verificamos que a execução de algumas delas
67
pelo colaborador responsável pelo fluxo de caixa, proporcionaram maior tempo disponível para o
gerente, para que o mesmo pudesse alavancar os negócios da empresa, o que também resulta em
ganhos financeiros.
68
Constatamos que a implantação do fluxo de caixa na empresa em questão, proporcionou à
mesma a construção de uma base sólida a partir da qual ela veio a ter controles financeiros
eficientes. Implantado o fluxo de caixa, consequentemente outros objectivos foram alcançados,
mas destacamos em especial um objectivo que julgamos ser primordial para a sobrevivência da
empresa, que foi a obtenção do controle e o ajuste necessário entre prazos e valores das contas a
pagar e a receber, resolvendo o descompasso existente entre as mesmas, evitando situações de
insolvência pelas quais a empresa passou constantemente. A confecção do fluxo de caixa aliada
às análises pontuais das entradas e saídas de dinheiro, bem como do saldo de caixa projectado
e/ou realizado, permitiu à empresa ser pró-activa, antecipando os prazos e valores da contas a
receber aos prazos e valores das contas a pagar. Entre os demais objectivos a alcançados
destacamos: a efetivação de sistemas de cobranças eficientes, programação para as compras e
pagamentos, controle dos custos e das despesas, cumprimento das metas estabelecidas e dos
prazos de entrega e diminuição das contas a receber.
O risco diz respeito ao grau de incerteza do investimento, ou seja, é a possibilidade de perda dos
recursos aplicados. Os investidores precisam saber lidar constantemente com a necessidade de
equilibrar o risco e o retorno. Eles devem escolher suas aplicações entre o menor risco possível e
o maior retorno possível.
Existem alguns factores que podem ser determinantes para aferir o risco em relação ao retorno,
são eles:
Volatilidade: Os mercados estão sempre analisando o que pode ou não acontecer no futuro e as
expectativas causadas por essa análise podem fazer com que os preços subam ou desçam.
69
Também é importante conhecer vários tipos de risco: Em qualquer tipo de investimento, existem
diferentes tipos de riscos, entre eles estão:
• Risco de mercado - os riscos que provêem dos movimentos positivos e negativos que ocorrem
sempre no mercado bolsista.
• Risco político - o risco de determinado país mudar políticas que afectam aquilo em que se
investiu.
• Risco de taxas de juro - o valor do investimento pode ser afectado pela variação das taxas de
juro.
• Risco de crédito - quando determinada empresa ou indivíduo consegue pagar o que lhe foi
emprestado ou os juros desse valor.
• Risco de país - o risco associado ao facto de determinado país não ser capaz de pagar as suas
obrigações financeiras.
• Risco de câmbio externo - quando as variações das taxas de câmbio de determinado país
afectam o investimento.
Usar a pirâmide de risco: A pirâmide de risco mostra os diferentes tipos de investimentos, desde
o menos arriscado ao mais arriscado.
E por último, compreender a relação entre risco e retorno: O investidor deverá ser capaz de
avaliar os diferentes tipos de risco associados a cada tipo de investimento.
Risco é a possibilidade de perda financeira. Os activos considerados mais arriscados são os que
oferecem maiores possibilidades de perda financeira. Risco é usado como sinónimo de incerteza
e refere-se à variabilidade dos retornos associados a um activo.
Retorno pode ser visto como tudo aquilo que um determinado investimento rendeu durante
determinado período, pode se calcular um retorno de um activo isoladamente ou o retorno de
uma carteira de activos, em que nesse último o retorno esperado é definido pela média ponderada
do retorno de cada activo em relação a sua participação no total da carteira.
70
Com relação à avaliação do retorno de investimento existem também várias ferramentas, as mais
comuns são:
Valor Presente Líquido – VPL: É um método mais completo que o payback, pois é uma técnica
de orçamento de capital sofisticada; encontrada ao se subtrair o investimento inicial de um
projecto de valor presente de seus fluxos de entrada de caixa, descontados a uma taxa igual ao
custo de capital da empresa..
E por fim, a Taxa Interna de Retorno – TIR: a taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de
desconto que iguala o valor presente de fluxos de entradas de caixa com o investimento inicial
associado a um projecto, por conseguinte tornando o VPL = $ 0.
Se soubéssemos com antecedência por quanto uma acção seria vendida em algum momento no
futuro, investir seria uma tarefa fácil. Infelizmente, é difícil – se não impossível – fazer esse tipo
de previsão com algum grau de certeza.
Como resultado, os investidores costumam tomar o histórico como base de previsão do futuro.
Iniciaremos avaliando as características de risco e retorno de um activo individual e
concluiremos com uma análise das carteiras de activos.
Definição de risco
71
No contexto dos negócios e das finanças, risco é a chance de perda financeira. Activos (reais ou
financeiros) que apresentam maior chance de perda são considerados mais arriscados do que os
que trazem uma chance menor.
O risco pode ser usado de forma intercambiável com o termo incerteza em referência à
variabilidade dos retornos associados a um determinado activo.
72
• A forma mais básica de calcular o retorno é:
Exemplo
Robin, dona do fliperama Gameroom, deseja aferir o retorno de duas de suas máquinas, a
Conqueror e a Demolition. A Conqueror foi comprada há um ano por $ 20.000 e tem valor actual
de mercado de $ 21.500. Durante o ano, gerou $ 800 em receitas após impostos. A Demolition
foi comprada há quatro anos; seu valor no ano recém-encerrado caiu de $ 12.000 para $ 11.800.
Durante o ano, gerou $ 1.700 em receitas após impostos.
Rendimento Corrente (pode-se ganhar algum dinheiro enquanto se tem posse do activo),
Ganho de Capital (o valor do activo pode sofrer variação)
73
Exemplo1: Suponha que você tenha comprado algumas acções da Vídeo Concept no início do
ano. E estando agora do no final do ano deseja calcular qual foi o desempenho de seu
investimento.
Um ponto importante é que caso a empresa tenha sido rentável, ela pode optar por distribuir
parte dos seus lucros aos accionistas, e você como accionista receberá algum dinheiro. Este
dinheiro equivale ao rendimento corrente da acção.
Dados:
Dividendo: $185
Investimento
Inicial: $ -3.700
74
4.2 Prémio por Risco
Retorno excedente exigido, de uma aplicação em um ativo com risco, acima do exigido de uma
aplicação livre de risco.
Risco (Variabilidade dos Retornos)
Risco está associado a volatilidade do retorno dos investimentos.
Variância= σ2=Σ( Ri−R)2
n-1
Desvio padrão= σ=√ Variância
Exemplo2:
Existem dois tipos de acções, a acção L e a acção U.
Espera-se que a acção L tenha um retorno de 25% no próximo ano.
Espera-se que a acção U um retorno de 20% no mesmo período.
Alguém investiria na acção U dado que está possui um rendimento inferior a acção L?
75
Exemplo 3:
Dadas as seguintes informações dos projectos de investimentos A e B, calcular: qual o projecto
propicia uma melhor compensação entre risco e retorno?
Projecto A Projecto B
Prob (%) Taxa de retorno (%) Prob (%) Taxa de retorno (%)
10 10 5 12
20 12 35 15
40 15 35 18
20 22 15 20
10 24 10 25
RETORNO ESPERADO
Projecto A Projecto B
0.10 X 10 = 1.00 0.05 X 12 = 0.60
0.20 X 12 = 2.40 0.35 X 15 = 5.25
0.40 X 15 = 6.00 0.35 X 18 = 6.30
0.20 X 22 = 4.40 0.15 X 20 = 3.00
0.10 X 24 = 2.40 0.10 X 25 = 2.50
E(R)A = 16.20% E(R)A = 17.65%
VARIÂNCIA
Projecto A Projecto B
(10 – 16,2)2 x 0,10 = 3,844 (12 – 17,65)2 x 0,05 = 1,596
(12 – 16,2)2 x 0,20 = 3,528 (15 – 17,65)2 x 0,35 = 2,458
(15 – 16,2)2 x 0,40 = 0,576 (18 –17,65)2 x 0,35 = 0,043
(22 – 16,2)2 x 0,20 = 6,728 (20 – 17,65)2 x 0,15 = 0,828
VAR = 20,76 VAR = 10,38
DP = 4,56 DP = 3,21
Fórmula da CV= s
ER
76
Exemplo 4: dadas as seguintes informações para um projecto com três cenários económicos
diferentes, calcular em qual cenário ocorre o menor risco para investimento.
DESVIO PADRÃO (s )
RECESSÃO⇒(10−3)2 .0,30
√ 14,70=3,83
NORMAL⇒(20−8)2 .0,40
√57,60=7,59
EXPANSÃO⇒(30−12)2 .0,40
√129,60=11,38
77
4.3 Risco de um activo individual
A Norman Company, uma fabricante de equipamentos de golfe sob medida, quer escolher entre
dois investimentos, A e B. Cada um exige desembolso inicial de $ 10.000 e tem taxa de retorno
anual mais provável de 15%. A administração estimou os retornos associados aos resultados,
pessimista e optimista de cada investimento. As três estimativas de cada activo e sua amplitude
podem ser encontradas na Tabela 1. O activo A parece menos arriscado do que o B. O tomador
de decisões, avesso ao risco, preferiria o activo A ao B, uma vez que o A oferece o mesmo
retorno mais provável, porém com menor risco (menor amplitude).
Tabela 1 Activos A e B
78
Risco de um activo individual: distribuição de probabilidade contínua
• O indicador estatístico mais comum de risco de um activo é o desvio padrão, σr ou sr que mede
a dispersão em torno do valor esperado
79
Tabela 2 Valores esperados dos retornos dos activos A e B
80
Tabela 3 Cálculo do desvio padrão dos retornos dos activos A e B
• O coeficiente de variação, CV, consiste em uma medida de dispersão relativa que é útil na
comparação dos riscos de activos com diferentes retornos esperados.
82
avessos ao risco, eles SEMPRE optarão por investir em carteiras em vez de em activos
individuais.
Os investidores manterão carteiras para diversificar uma parcela do risco que é como “colocar
todos os ovos em um único cesto”. Se um investidor mantiver um activo individual, sofrerá
integralmente as consequências de um mau desempenho. Não é o caso de um investidor que
possua uma carteira diversificada de activos.
• O retorno de uma carteira é dado pela média ponderada dos retornos dos ativos individuais que
a compõem e pode ser calculado como indica a Equação 5.5.
rj = retorno do ativo j
Vamos admitir que queiramos determinar o valor esperado e o desvio padrão dos retornos da
carteira XY, criada pela combinação de partes iguais (50% cada) dos activos X e Y. Os retornos
previstos dos activos X e Y para cada um dos próximos cinco anos podem ser vistos nas colunas
1 e 2, respectivamente, da parte A da Tabela 5.7. Na coluna 3, os pesos de 50% dos activos X e
Y, juntamente com os respectivos retornos das colunas 1 e 2 são substituídos na Equação 5.5. A
coluna 4 mostra os resultados do cálculo — um retorno esperado da carteira de 12% ao ano.
Tabela 5.7 Retorno esperado, valor esperado e desvio padrão dos retornos da carteira XY
83
Como mostra a parte B da Tabela 5.7, o valor esperado desses retornos da carteiras ao longo do
período de cinco anos também é de 12%. Na parte C da Tabela 5.7, o desvio padrão da carteira
XY é calculado como 0%. Esse valor não deve surpreender, pois o retorno esperado é o mesmo a
cada ano, isto é, 12%. Não há variabilidade dos retornos esperados entre um ano e outro.
Tabela 5.7 Retorno esperado, valor esperado e desvio padrão dos retornos da carteira XY
84
A diversificação é intensificada dependendo do quanto os retornos dos ativos ‘movem-se’ em
conjunto. Esse movimento costuma ser medido por uma estatística conhecida como ‘correlação’,
como indica a figura a seguir. Correlações.
Figura 5.5
Tabela 5.8 Retornos previstos, valores esperados e desvios padrão dos activos X, Y e Z e das
carteiras XY e XZ
85
Tabela 5.9 Correlação, retorno e risco de diversas combinações de dois activos em carteiras
86
Risco de uma carteira: inclusão de activos em uma carteira
σM
N o de acções
0
4.5 Risco e Retorno: O modelo de formação de preços de activos (CAPM — capital asset
pricing model)
No slide anterior, pôde-se observar que uma boa parte do risco de uma carteira pode ser
eliminada simplesmente mantendo-se muitas acções. O risco do qual não é possível livrar-se com
a inclusão de acções (sistemático) não pode ser eliminado pela diversificação porque essa
variabilidade é causada por eventos que afectam a maioria das acções de modo similar. Podemos
87
citar como exemplo as mudanças nos factores macroeconómicos, tais como as taxas de juros, a
inflação e o ciclo de negócios.
Em outras palavras, eles observaram que a maioria das acções cai quando os juros sobem, mas
algumas caem muito mais. Eles inferiram que, se pudessem medir essa variabilidade – o risco
sistemático –, poderiam elaborar um modelo para formar preços de activos usando somente esse
risco. O risco não sistemático (relativo à empresa) é irrelevante porque pode ser facilmente
eliminado.
Para medir o risco sistemático de um activo, eles simplesmente usaram os retornos históricos da
‘carteira do mercado’ — a carteira de TODOS os activos — comparados aos retornos de um
activo individual.
88
Figura 5.9 Derivação do betaa
89
Tabela 5.12 As carteiras V e W de Mario Austino
O retorno exigido de todos os activos compõe-se de duas partes: a taxa de retorno livre de risco e
o prémio pelo risco.
O prémio pelo risco é uma função tanto das condições de mercado quanto do activo em si.
A taxa de retorno livre de risco (RF) é geralmente estimada a partir do retorno das Letras do
Tesouro norte-americano (T-bill)
90
O prémio pelo risco de mercado, que é o retorno exigido para investimentos em qualquer activo
de risco em vez da taxa de retorno livre de risco.
Beta, um coeficiente de risco que mede a sensibilidade do retorno de uma acção em particular às
mudanças nas condições de mercado.
Após estimar o beta, que mede o risco sistemático de um activo ou carteira específica, as
estimativas das demais variáveis no modelo podem ser obtidas para calcular o retorno exigido de
um activo ou uma carteira.
91
Figura 5.10 Reta do mercado de títulos
92
Risco e retorno: comentários sobre o CAPM
O CAPM baseia-se em dados históricos o que significa que os betas podem ou não reflectir
efectivamente a variabilidade futura dos retornos. Dessa forma, os retornos exigidos
especificados pelo modelo devem ser usados somente como aproximações.
O CAPM também pressupõe que os mercados são eficientes. Embora o mundo perfeito do
mercado eficiente pareça pouco realista, há estudos que respaldam a existência das expectativas
descritas pelo CAPM em mercados activos, como a Bolsa de Nova York.O CAPM baseia-se em
dados históricos o que significa que os betas podem ou não reflectir efectivamente a
variabilidade futura dos retornos.
Dessa forma, os retornos exigidos especificados pelo modelo devem ser usados somente como
aproximações. O CAPM também pressupõe que os mercados são eficientes. Embora o mundo
perfeito do mercado eficiente pareça pouco realista, há estudos que respaldam a existência das
expectativas descritas pelo CAPM em mercados activos, como a Bolsa de Nova York.
93
Tabela 5.13 Resumo das principais definições e fórmulas de risco e retorno
94
TEMA-V VALOR DAS OBRIGAÇÕES
Obrigações, conceitos gerais e definições
Segundo Cruz (1999), uma “Obrigação” pode definir-se como um título de dívida, negociável,
pelo qual a entidade emitente se compromete a pagar ao seu detentor (o obrigacionista), um certo
rendimento periódico (o juro), e a “reembolsar o capital”, nos termos estipulados à data de
emissão na respectiva ficha técnica.
Destinados à obtenção de recursos por prazos relativamente longos, as emissões destes valores
mobiliários são realizados por entidades que anseiam captar fundos a médio e longo prazo para
fazer face às suas necessidades de financiamento, podendo utilizar os montantes recolhidos por
esta via, por exemplo, na implementação de projectos de investimento ou em ajustamento nas
respectivas estruturas de capitais.
Tal como para qualquer outro instrumento financeiro, importa identificar os emitentes e os
destinatários típicos.
95
expectativa de inflação e pela preferência pela liquidez. A maior percepção do risco resulta em
um maior retorno exigido e menor valores de activos, como veremos a seguir
A taxa real de juros, k*, é a taxa que cria um equilíbrio entre a oferta de recursos financeiros
(dinheiro) e a demanda por recursos financeiros, em um mundo perfeito, sem inflação, onde os
fornecedores e tomadores de fundos não têm preferência por liquidez e todos os resultados são
conhecidos. Ela pode ser expressa pela Equação 12.1:
k* = kj – PI (12.1)
onde
A taxa real de juros calculada com precisão é dada pela seguinte expressão:
Taxa de juros livre de risco, RF, é a taxa que se obtém em investimento livre de risco. Como não
há risco, o prémio pelo risco, PRj, é igual a zero. Com isto, temos:
Taxa livre de risco = Taxa real de retorno + Prémio esperado pela inflação
RF = k* + PI (12.2)
A taxa nominal de juros é a taxa de juros não ajustada pela inflação. É a taxa verdadeira, ela é
cobrada pelo fornecedor e paga pelo tomador de recursos. A taxa nominal difere da taxa real de
dois factores de juros, k*, em consequência: (1) expectativas de inflação reflectidas em um
prémio por inflação (PI) e (2) características do título emitido e do emissor, tais como risco de
96
inadimplência e cláusulas contratuais, reflectidas em um prémio pelo risco (PR). Usando essa
notação, a taxa nominal de juros do título 1, k1, é dada pela Equação 12.3:
k1 = k* + PI + PR1 (12.3)
Exemplo: Suponha que Gabriela tenha $ 9.000 disponíveis. Ela pode aplicá-los em um
investimento bancário com taxa de juros de 12%, pelo prazo de um ano, ou pode gastá-los
comprando 9.000 bijuterias a $1,00 em uma butique. Se ela fizer a aplicação, receberá, no final
do ano, $ 10.080 ($ 9.000 × 1,12). Para sabermos se o investimento foi um bom negócio, temos
que considerar a inflação do período.
Vamos considerar a taxa de inflação de 5% durante esse ano; então, a butique cobrará $ 1,05 pela
mesma bijuteria no final do ano. Se colocar todo o seu dinheiro na aplicação bancária, poderá
comprar no final do ano 9.600 ($ 10.080 ÷ $1,05) bijuterias. Assim, poderá aumentar a compra
de bijuterias em 6,67%. Ou seja, 6,67% é o que a Gabriela está ganhando realmente em seu
investimento, depois de considerar a inflação. Se considerarmos a fórmula de aproximação, a
taxa real seria igual a 7% (12% – 5%).
Estrutura temporal de taxas de juros é a relação entre a taxa de juros e o prazo de vencimento.
Por exemplo, se tivermos um empréstimo que pague $ 1 tanto no período 1 como no período 2, o
seu valor presente será:
onde temos que a entrada de caixa do primeiro ano é actualizado à taxa de juros à vista actual
para um ano e a entrada de caixa do segundo ano à taxa à vista actual para dois anos. A série de
taxas à vista r1, r2, etc. é uma forma de expressar a estrutura temporal da taxas de juros.
97
O entendimento da estrutura temporal de taxas de juros é importante para o administrador
financeiro nas tomadas de decisões de:
Financiamento – decidindo se vai tomar emprestado via emissão de títulos de dívida de curto ou
de longo prazo;
T
a
x
a A
s
d
e
j B
u
r C
o
s
98
Esta curva mostra o retorno esperado até o vencimento de títulos de risco semelhantes e prazos
de vencimento diferentes. O Gráfico 12.1 Mostra as três formas da curva do retorno até o
vencimento. Na maior parte das vezes, a estrutura temporal da taxa de juros é uma curva
inclinada para cima (curva ascendente), o que reflecte a expectativa de maiores taxas de juros no
futuro; com isto, há aumento da rentabilidade do título à medida que o prazo de aplicação cresce.
Ela é representada no Gráfico 12.1 pela curva A. Às vezes, ocorre uma curva horizontal de juros,
como a recta B, indicando que pode não haver diferenças entre as taxas de juros de curto prazo e
de longo prazo, reflectindo, portanto, uma expectativa estável das taxas, em que a rentabilidade é
a mesma, qualquer que seja o prazo de aplicação. A curva C apresenta uma inclinação para baixo
(curva descendente), indicando a expectativa de que as taxas de juros de curto prazo sejam
maiores do que aquelas de prazo maior.
A estrutura temporal mais usual tem uma inclinação ascendente, que quer dizer que as taxas de
juros de longo prazo são maiores do que as taxas de curto prazo. Entretanto, às vezes, acontece o
contrário, e as taxas de juros de curto prazo são maiores do que as de longo prazo, fazendo com
que a curva da estrutura temporal fique descendente. A razão da ocorrência destas mudanças na
estrutura temporal das curvas de juros pode ser explicada por três teorias: (1) teoria das
expectativas, (2) teoria da preferência por liquidez e (3) teoria da segmentação do mercado.
Segundo a teoria das expectativas, as taxas de juros de longo prazo são determinadas pelos seus
níveis atuais e pelas expectativas de evolução das taxas de juros de curto prazo, podendo assim
ser utilizadas para estimar as taxas de juros de curto prazo futuras.
r1 = é a taxa de juros à vista de uma obrigação com prazo de vencimento de 1 ano detida desde o
período 0 até o período 1.
r2 = é a taxa de juros à vista de uma obrigação com prazo de vencimento de 2 anos detida desde o
período 0 até o período 2.
99
r = é a taxa de juros à vista com prazo de vencimento de 1 ano estabelecida no período 1 (ela é
1 2
f2 = taxa a termo. É a taxa de juros implícita para 1 ano a partir do período 1 contida na taxa de
juros à vista para 2 anos, r2.
Exemplo: Joaquim tem $1.000 disponíveis para investimento por dois anos e tem duas
alternativas de investimento: investir em uma obrigação de 1 ano à taxa à vista para 1 ano ou
investir em uma obrigação com prazo de vencimento de 2 anos. A taxa de juros à vista para 1
ano, r1, no período 0 é de 10%; a taxa de juros à vista para 2 anos, r 2, é de 11% e há uma
expectativa de que a taxa a vista para obrigações com prazo de 1 ano no período 1, 1r2, seja de
12% (é uma taxa desconhecida no momento actual (0), sendo, portanto, estimada).
Isto posto:
1ª alternativa: Investir em uma obrigação de 1 ano à taxa à vista para 1 ano, r 1 de 10%. Aplicar
o resultado em uma obrigação com prazo de 1 ano à taxa estimada estabelecida no ano 1, 1r2 de
11%. O resultado final desta aplicação será igual a $ 1.232.
2ª alternativa: Investir em uma obrigação com prazo de vencimento de 2 anos à taxa r2 de 11%.
Isto significa que ele irá investir à taxa de juros à vista para 2 anos, r2. No final de 2 anos, vai
receber $ 1.232, ou seja:
100
Podemos entender que Joaquim está investindo por 1 ano à taxa de juros à vista r1 e, no segundo
ano, está investindo à taxa a termo f2. Esta taxa a termo representa a rentabilidade adicional que
Joaquim obtém por emprestar por 2 anos, em vez de 1 ano. Esta taxa a prazo está implícita na
taxa de juros à vista para o prazo de 2 anos.
Como consideramos que a taxa de juros à vista para o prazo de 2 anos é igual a 11%, então, a
taxa a termo f2 deve ser igual a 12%.
Onde, fn é a taxa a termo para o n-ésimo ano, rn é a taxa à vista para o prazo de n anos e rn-1 é a
taxa à vista para o prazo de n – 1 anos.
A taxa de juros à vista para obrigações com prazo de vencimento de 2 anos, 11%, é uma média
da taxa de juros à vista para vencimento de 1 ano, 10% e da taxa a termo de 12%.
rn= r1+f2
2
r2=0,10+0,12
2
r2 =0.11=11%
101
$1.000 1.000 (1 + r2)2
Investir na obrigação à taxa r1
Desdobramento da 2ª estratégia
Hoje Ano 1 Ano 2 (resultado final)
Dadas as duas alternativas, como deveria Joaquim aplicar? Se ele for um investidor racional, é
claro que irá aplicar na alternativa que vai lhe render o maior retorno esperado.
Pela teoria das expectativas, a curva da taxa de juros depende somente das expectativas dos
participantes do mercado sobre as taxas de juros futuras. Assim, se os investidores acreditam que
as taxas de juros irão subir, a curva de rendimento será inclinada para cima. Se eles acreditam
que as taxas de juros irão cair, ela será inclinada para baixo. No primeiro caso, os investidores
não estão dispostos a comprar títulos de longo prazo, uma vez que o rendimento é menor do que
os de curto prazo. Os investidores terão melhores retornos investindo em títulos de curto prazo e
renovando o investimento no vencimento. A expectativa de queda nas taxas de juros à vista no
futuro levará os investidores a investir em títulos de longo prazo.
Na teoria da expectativa, os preços dos títulos, estabelecidos pelos investidores, são baseados
unicamente nas taxas de juros. Eles são, portanto, indiferentes ao prazo de vencimento, não
vendo os títulos de longo prazo com maior risco dos que os de curto prazo, sendo, portanto, o
risco pelo prazo de vencimento igual a zero. Então, a taxa de juros nominal sobre os títulos livre
de risco é determinada pela taxa de retorno livre de risco. Entretanto, há diferentes expectativas
com relação à inflação associada aos diferentes prazos de vencimento. Essas expectativas irão
causar variação na taxa livre de risco de acordo com o vencimento do título. Incluindo o
subscrito t, para indicar o prazo de vencimento, podemos reescrever a Equação 12.2 como se
segue:
Taxa livre de risco no período t = Taxa real de retorno + Prémio esperado pela inflação no
período t.
RFt = k* + Plt
102
Exemplo: Suponha que a taxa real seja de 2,73% e permaneça constante. Suponha também que
as taxas esperadas de inflação para os próximos três anos sejam as indicadas a seguir:
De acordo com estas expectativas, o seguinte padrão de taxa de juros deve existir:
Ano Taxa real de juros Prémio pela inflação Taxa nominal de juros, RFt
(1) (2) (3) = (1) + (2)
2008 2,73% 3% 5,73%
2009 2,73 % 3,25% 5,98 %
2010 2,73 % 3,5% 6,23%
Na prática, é impossível observar a taxa de inflação esperada ou a taxa real livre de risco. Porém,
se a hipótese das expectativas estiver correta, podemos encontrar, pela curva de rentabilidade, a
melhor avaliação do mercado de títulos de dívida sobre as taxas de juros futuras.
Exemplo
Suponha que os títulos do governo de 1 e 2 anos de vencimento estejam rendendo 9% e 12%
respectivamente. Com esta informação, podemos calcular a expectativa do mercado de quanto as
taxas com prazo de 1 ano renderão daqui a 1 ano.
Resposta Comentada
Como a taxa de 1 ano, r1 , é de 9%, e a taxa de 2 anos, r 2 , é de 12%, a taxa implícita para 1 ano
contida na taxa de juros à vista para 2 anos, f2 , será de 15%, como podemos verificar a seguir:
r1 = 9% r2 = 12% f2 = ?
A taxa a termo para prazo de vencimento de 1 ano a partir do período 1, pode ser encontrada pela
fórmula:
103
fn = (1+ rn)n -1
(1+ rn-1)n-1
f2 = (1+ 0,12)2 -1
(1+ 0, 09)1
f2 =(1.254) – 1 =0.151=15.15%
(1.09)
Sabemos, também, que a taxa de juros à vista para obrigações com prazo de vencimento de 2
anos é a média da taxa de juros à vista para vencimento de 1 ano e da taxa a termo. Ou seja
r2 =r1 +r2
2
Entao
0.12=0.09+f2
2
0.12x2 = 0.09xf2
f2 = 0, 24- 0, 09
f2 = 0,15= 15%
A taxa de juros com prazo de vencimento de 1 ano esperada para o Segundo ano a partir de
agora, f2 , é de 15%. Empiricamente, a teoria das expectativas é mais importante.
104
2. Os demandadores de fundos, na outra ponta, geralmente preferem dívida de longo prazo. Por
isto, estão dispostos a pagar taxas mais altas por financiamentos de longo prazo, pois isto reduz o
risco de, em condições adversas, ter de renovar dívidas de curto prazo a um custo desconhecido.
A preferência dos fornecedores e tomadores de fundos faz com que as taxas de curto prazo sejam
menores que as taxas de longo prazo. A introdução do prémio de liquidez e do prémio pelo risco
do vencimento para títulos de longo prazo faz com que a curva de rendimento tenha uma
inclinação ascendente.
Exemplo
Considere que as taxas de juros sobre títulos do Tesouro com prazo de vencimento de 1 ano
estão actualmente em 7%, enquanto títulos do Tesouro com prazo de vencimento de 2 anos estão
rendendo 8,5%. Se a teoria das expectativas puras está correta, qual será a expectativa dos
investidores quanto ao rendimento daqui a 1 ano sobre os títulos de 1 ano?
Resposta Comentada
Sendo a taxa de 1 ano, r1, de 7,0%, e a taxa de 2 anos, r2, de 8,5%, a taxa a vista esperada para o
segundo ano, f2, será de 10%:
r2 = r1 + r 2
2
0.085= 0.07+f2
2
105
0.085x2=0.07xf2
f2= 0,17 - 0, 07
f2= 0.10=10%
O rendimento de 1 ano esperado para o segundo ano a partir de agora, f2 , é de 10%.
onde:
V0 = valor do activo na data zero
FCt = fluxo de caixa esperado no final do ano t
k = taxa de retorno exigido
n = período avaliado
Por essa fórmula, podemos observar que três dados são fundamentais no processo de avaliação:
os fluxos de caixa (que são os benefícios), as datas (épocas) de ocorrência desses fluxos de caixa
e o risco associado com a ocorrência desses fluxos, que determina o retorno exigido.
106
Taxa de cupom de 12% – que é a taxa de juros declarada no título. Os cupons são os pagamentos
de juros que o credor promete fazer periodicamente; no nosso exemplo, $ 120 (= $ 1.000 × 0,12)
por ano. Valor de face de $ 1.000 é o preço do título, ou seja, montante que será pago no final do
empréstimo.
Prazo de vencimento de 10 anos – que é o número de anos até que o título de dívida seja pago.
Lembre-se de que valor de face é também chamado valor nominal, valor de resgate e valor ao par
(neste caso, quando o valor nominal é igual ao valor de venda).
O diagrama do fluxo de caixa desse título é:
0 1 2 3 … 10
Bo =1000
B0 = J x ∑ 1 +Mx 1
t=1
(1+kd)1 (1+kd)n
107
Primeira Fórmula
Segunda fórmula
B0 = J x FJVPA12%,10 + M x FJVP12%,10
B0 = 120 x 5,650 + 1000 + 0.322
B0 = 678 + 322 = 1000
A obrigação vale $ 1.000, que é exactamente o seu valor de face. Isto ocorreu porque a taxa de
juros declarada no cupom, 10%, é igual à taxa de retorno exigida.
B0 = J x FJVPA10%,10 + M x FJVP10%,10
B0 = 120 x 6,144 + 1000 x 0.386
B0 = 737 + 386 = 1123
O valor do título de dívida é agora de, aproximadamente, $ 1.123; isto ocorre porque a taxa de
juros declarada no cupom, 12%, é maior que a taxa de retorno exigida, 10%. Isto quer dizer que a
obrigação está rendendo mais que a taxa do título que está sendo negociado no mercado com
igual risco, e os investidores estão dispostos a pagar um pouco mais para conseguir esse cupom a
108
mais. Neste caso, o título deverá estar sendo negociado com prémio ou ágio, cujo valor é a
diferença entre o valor de mercado e o valor nominal.
Prémio = Valor de mercado - Valor nominal
Prémio = 1123 – $ 1.000 = 123.
Vamos considerar, agora, que o retorno exigido seja de 13%, maior que a taxa de juros declarada
no cupom, 12%. Com isto, o preço do título é igual a aproximadamente $ 946:
B0 = J x FJVPA13%,10 + M x FJVP13%,10
B0 = 120 x 5,426 + 1000 x 0.295
B0 = 651 + 295 = 946
O título agora está sendo negociado por aproximadamente 946, que é menor do que o seu valor
de face de $ 1.000. Isto acontece porque a taxa de retorno exigida é menor que a taxa de cupom;
como este título está rendendo menos que os títulos negociados no mercado de igual risco, os
investidores estão dispostos a pagar por ele menos que o seu valor nominal de 1.000.
Como ele está sendo negociado por menos que o seu valor nominal, diz-se que ele está sendo
vendido com desconto ou deságio. No caso em questão, o deságio é de 54.
109
reagem rapidamente a novas informações e reflectem as informações publicamente disponíveis
sobre determinada empresa e sobre suas acções. Com os preços das acções sendo determinados
de maneira justa e completa, os investidores não precisam procurar por acções incorrectamente
avaliadas para tirar proveito disso.
O retorno percentual sobre o investimento de um accionista pode ser dividido em duas partes:
dividendos recebidos, que são o retorno corrente; ganho de capital, que é a valorização do preço
da acção. Então, considerando o período de um ano, o retorno de uma acção ordinária é igual à
soma dos dividendos esperados, acrescida ou reduzida de qualquer ganho ou perda de capital,
dividido pelo preço de aquisição da empresa:
Ŝ = D1 +P1 – P0
P1
Onde,
Por exemplo, suponha que as acções da Dermadus S. A. estejam sendo vendidas, actualmente,
por $ 100, cada uma. Há uma expectativa de que haverá, para o próximo ano, distribuição de
dividendos no valor de $ 8 por acção. Também se espera que as acções da Dermadus sejam
negociadas por $ 105, cada uma, ao final de um ano. O retorno esperado pelos accionistas será,
portanto, de 13%:
Ŝ = $ 8 + $ 105 100 = 0,13 = 13%
$100
Retorno exigido, Ss, é o retorno especificado pelos investidores, a cada período, para um dado
nível de risco. É a taxa mínima de retorno de uma acção ordinária que um accionista considera
aceitável.
110
Considerando os dados anteriores da Dermadus S. A., e considerando que o retorno exigido para
acções de risco semelhante ao da Dermadus seja de 13%, aplicando a fórmula acima, temos que
o preço actual da acção da empresa deverá ser igual a $ 100.
Entretanto, o preço de venda que o actual investidor receberá vai depender dos dividendos
esperados pelos futuros investidores. Neste exemplo, vamos considerar que $ 100 é o preço
correto, porque estamos supondo que o mercado é eficiente. Com isso, nenhum outro preço
poderia vigorar no mercado por muito tempo. Se o P0 fosse superior a $ 100, a taxa de retorno
esperada das acções da Dermadus seria menor que a taxa de retorno exigida para acções de risco
semelhante (Ŝ < Ss) e, então, os investidores venderiam as acções da Dermadus e aplicariam os
recursos em outros títulos, o que provocaria a queda do preço das acções da Dermadus. Esta
queda, supondo-se que não haja nenhuma mudança nos benefícios esperados, causa uma
elevação do retorno esperado ao nível do retorno exigido.
Se P0 fosse menor que $ 100, o processo seria inverso. As acções da Dermadus estariam
oferecendo um retorno superior ao retorno de outras acções de risco equivalente (Ŝ > Ss). Se o
retorno esperado fosse superior ao retorno exigido, os investidores comprariam o activo,
causando o aumento de seu preço e a diminuição de seu retorno esperado ao ponto em que se
iguala ao retorno exigido.
Do que depende o preço de venda? Dos dividendos pagos. Os modelos que procuram avaliar as
acções geralmente se baseiam nos dividendos esperados. Desta forma, define-se o Valor Teórico
de uma acção o valor presente dos dividendos esperados, calculado com base em uma taxa
compatível com o risco do investimento realizado.
111
O preço com que uma acção é negociada no mercado é chamado de Cotação ou Valor de Mercado. Em
um mercado pulverizado, em que todos têm acesso a informações relevantes, o preço de mercado tende a
acompanhar o seu valor teórico. Assim, um dos problemas com que se depara o analista do mercado de
acções consiste em obter seu valor teórico e tentar encontrar acções cujas cotações estejam abaixo dos
seus valores teóricos.
D D D D
0 1 2 3 n
Chamando de P0 o valor teórico, k a taxa de juros considerada, e D = D1= D2= ..., teremos que
P0é o valor actual de uma sequência uniforme infinita,
P0 = D
k
Exemplo: A acção de uma empresa tem dividendos esperados de $2,00 por ano, começando
daqui a um ano. Sabendo-se que o valor de risco do investimento compatível com uma taxa de
juros de 10%a.a.,qual o valor teórico da acção?
D=2; k= 10%
P0 = 2/0,10=20
112
P 0 = D1 1 + (1+g) + (1+g)2 + …
(1+k) (1+k) (1+k)2
Esta expressão é a soma dos termos de uma progressão geométrica (PG) cujo primeiro termo (a1)
é igual a 1 e a razão vale
q = 1+g
1+k
A soma dos termos de uma PG infinita, onde a razão está entre 0 e 1 vale
S = a1
1-q
Desta forma,
S = 1/ [1-(1+g)/(1+k)]
S = 1+k
1+g
Assim
P0 = D1 x [(1+k)/(1+g)]
(1+k)
P 0 = D1
(k-g)
Exemplo:
Estima-se que os dividendos anuais proporcionados por uma acção cresçam a uma taxa real
constante de 2%a.a. Admitindo-se que o valor esperado do próximo dividendo seja $5,00 daqui a
um ano, obtenha o valor teórico da acção, sabendo-se que o risco do investimento é compatível
com uma taxa real de 10% a.a.
Temos:
g = 2% a.a D1 = 5 k = 10% a.a.
Logo
P0 = 5/(0,10-0,02)
P0 = 62,50
Observações:
Usualmente, o valor da taxa k é obtido utilizando-se o modelo CAPM (Capital Asset Pricing
Model). A taxa real de crescimento pode ser estimada estatisticamente por meio dos valores
históricos dos dividendos, expressos em termos reais
113
Modelo CAPM
Willian Sharpe e John Lintner (início dos anos 60)
ß = Ri - Rf
Rm - Rf
Ri Taxa de Retorno do Investimento
Rf Taxa de Retorno de um Investimento Livre de Risco
Rm Taxa Média de retorno do Mercado
Onde
Pp = valor da acção preferencial
Dp = dividendo preferencial
kp = taxa de retorno exigida
CONCLUSÃO
Como o objectivo do administrador financeiro é maximizar o valor da acção, é importante
verificar como se determina o preço e/ou o valor de uma acção, para que se possa tomar as
decisões financeiras adequadas.
O risco, reflectido pelo retorno exigido, ss, é o retorno expresso pelo dividendo ou pela taxa de
crescimento, ou por ambos; são variáveis básicas na avaliação das acções. Além do risco e do
retorno exigido, o valor do dinheiro no tempo é também um elemento básico na avaliação. O
valor presente dos dividendos ou dos fluxos de caixa estima o valor de mercado, que pode variar
de acordo com as expectativas; por isto, o investidor não pode saber o valor de Mercado
enquanto uma transacção não ocorrer de fato.
Exercícios
1- Quanto um investidor deveria pagar pela acção ordinária de uma empresa com taxa de
crescimento zero e dividendos anuais de $ 4, se ele quisesse retorno de 12% sobre seu
investimento?
Resposta Comentada
Esta é uma acção com crescimento nulo, portanto, devemos utilizar o modelo de avaliação de
acções de crescimento nulo, que é: PO = D1 Utilizando os dados dos problemas, temos:
ss
PO = $ 4 = $ 33, 33
115
0,12
2-A Paracruz S. A. tem acções preferenciais de 10%, que foram vendidas pelo valor nominal de
$ 87. Se a taxa de retorno exigida sobre essa acção é de 8%, qual deve ser o seu valor de
mercado?
Resposta Comentada
O primeiro passo para se encontrar esse valor de mercado é calcular o montante anual, em
dinheiro, dos dividendos preferenciais, já que o dividendo é declarado como uma percentagem
do valor nominal da acção, $ 87. Então:
3. A Cia. ABC tem uma emissão de acções preferenciais que pagam dividendos anuais de $ 5.
Estima-se que a taxa de retorno exigida das acções preferenciais seja de 13%. Isto posto, qual o
valor da acção preferencial?
Dp = $ 5 kp = 13%
P p = Dp PP = $ 5 = $ 38,46
kp 0,13
Bibliografia
116
Menezes, H.C. (2001). Princípios de gestão financeira (8ª. ed.). Lisboa, Portugal:
Editorial Presença
Neto,A. A. (2006),Finanças Corporativas E Valor. 2. Ed. São Paulo: Atlas,
Viegas, A. L.C.; Cruz, M.A. (2009) Fundamentos de Financas, volume 2; Fundacao
CICERJ; Rio de Janeiro- Brasil.
Weston J. F.; Brighan, E. F. (2000), Fundamentos Da Administração Financeira. 10.Ed.
Makron Books;São Paulo.
117