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CURSO DE LICENCIATURA EM

CONTABILIDADE E AUDITORIA

3º Ano
Disciplina/Módulo: GESTÃO FINANCEIRA I
Código: ISCED12- FINA301
Total Horas/1o Semestre: 125
Créditos (SNATCA): 5
Número de Temas: 06

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED

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ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA

Direitos de autor (copyright)


Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e
contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste
manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação,
fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências
e Educação a Distância (ISCED).
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais
em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


Coordenação do Programa de Licenciaturas
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Beira – Moçambique
Telefone: 23323501
Cel: +258 823055839
Fax: 23323501
E-mail: direcção@isced.ac.mz
Website: www.isced.ac.mz

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Índice
TEMA-I INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA......................................................12
1.1. Finanças e Empresa.................................................................................................................13
1.2 As Principais Áreas em Finanças.....................................................................................................14
Tarefas do Gestor Financeiro.................................................................................................................15
Quem é o gestor financeiro?..................................................................................................................19
TEMA-II DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS.................................................................................21
2.1 Principais demonstrações financeiras..............................................................................................22
2.2 Características das principais demonstrações financeiras................................................................23
2.3 Características do balanço patrimonial............................................................................................25
2.4 Activo realizável em longo prazo....................................................................................................26
2.5 Demonstração de resultado do exercício..........................................................................................30
2.6 Demonstração do fluxo líquido de caixa..........................................................................................34
2.7 Demonstração do valor adicionado..................................................................................................36
2.8 Objectivos da análise económico-financeira....................................................................................39
2.9 Índices de liquidez...........................................................................................................................47
TEMA-III FLUXO DE CAIXA E PLANEAMENTO FINANCEIRO................................................58
3.1 FLUXO DE CAIXA........................................................................................................................58
3.2 Importância do panejamento financeiro do fluxo de caixa...............................................................60
3.3 Planeamento do fluxo de caixa a curto prazo...................................................................................60
3.4 Planeamento do fluxo de caixa a longo prazo..................................................................................61
3.5 Análise do fluxo de caixa de uma empresa......................................................................................62
3.6 Implantação do fluxo de caixa em uma micro empresa...................................................................64
3.7 Análise dos Resultados....................................................................................................................68
TEMA-IV RISCO E RETORNO...........................................................................................................69
4.2 Retornos Monetários........................................................................................................................73
4.3 Risco de um activo individual..........................................................................................................78
4.4 Risco e retorno de uma carteira.......................................................................................................83
TEMA-V VALOR DAS OBRIGAÇÕES...............................................................................................95
5.1 Taxa de juros e Retornos exigidos...................................................................................................95
5.3 Teoria da preferência por liquidez.................................................................................................104
5.4 Teoria da segmentação de Mercado...............................................................................................105

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TEMA-VI VALOR DAS ACÇÕES......................................................................................................109
6.1 Avaliação de Acções Ordinárias e Preferenciais............................................................................109
6.2 Avaliação de Acções Ordinárias....................................................................................................111

Visão geral
Bem-vindo ao Módulo de Gestão Financeira

Objectivos do Módulo

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Geral
Proporcionar ao estudante o conhecimento teórico e prático sobre as técnicas da gestão
financeira.
Objectivos específicos
Ao terminar o estudo deste módulo o estudante deverá ser capaz de:

 Conhecer os elementos fundamentais a considerar na gestão das finanças de uma


entidade;
 Elaborar um plano financeiro que satisfaça os objectivos de uma entidade quer a curto,
quer a médio e longo prazos;
 Identificar, avaliar e gerir o risco associado aos investimentos de uma entidade, visando
a sua minimização;
 Reconhecer a importância da gestão financeira para o alcance do fim último de uma
entidade, o lucro.
 Aplicar as técnicas de avaliação, para aconselhar a empresa em relação as opções de
investimento.

Quem deveria estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Contabilidade
e Auditoria do ISCED e outros como Gestão de Recursos Humanos, Administração, etc. Poderá
ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa
disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá
adquirir o manual.

Como está estruturado este módulo


Este módulo de Gestão Financeira, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em
Contabilidade e Auditoria, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se
segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.

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 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que
você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de
estudos.

Conteúdo desta Disciplina / módulo


Este módulo está estruturado em Temas. No final de cada tema, são incorporados antes
exercícios de auto-avaliação ou exemplos de exercícios. Os exercícios de avaliação têm as
seguintes características: Puros exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades
práticas, algumas incluindo estudo de casos.

Outros recursos
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si, num cantinho, mesmo o
recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de
aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza nas bibliotecas física e virtual do seu Centro de
Recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos,
CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na
biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação


Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e
de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram
apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos
e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a
seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem
entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também

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constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza
científica, quer de natureza diadáctico-pedagógica, etc sobre como é que deveriam ser ou
estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que o próximo módulo venha a
ser melhorado.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes
ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade,
etc.
Habilidades de estudo
O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se.
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e
alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é
importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as
quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,
procedendo como se segue:
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura.
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos
(ESTUDAR).
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou
não com a dos colegas e com o padrão.
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se
existir.
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como,
onde e quando estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus

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momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-
de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc.
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado
período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo
superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade
todos conteúdos de cada tema, no módulo.
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora.
Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se
continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias.
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao
efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um
elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência
entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas
não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz!
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser
estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a
questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na
sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar.
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar
produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o
estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode
ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a
estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a

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melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois
de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos
impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de
concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada
ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do
seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma
carta participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é
a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável:
entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de
interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do
ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar
dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a
distância, é de muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de
apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados
com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no
módulo.
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo
nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem
ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.

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Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de
entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos
trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser
devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de
mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerada plágio. A
honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente
separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez
seja uma avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do
total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de
contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta de forma detalhada do regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam
25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as
sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de
avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a
apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos

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assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o
respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação.

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TEMA-I INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Introdução
Aquele velho ditado popular que diz: “de Médico e Louco todo mundo tem um pouco”, deviria
ser: “de Médico, Louco e Administrador todo mundo tem um pouco”, pois a Administração é
inerente a todos, ou seja, sem que percebamos temos que usá-la na nossa casa, nas nossas
finanças pessoais, enfim, na nossa vida. Podemos observar a Administração actual, que faz-se
presente desde o sorveteiro até o um Presidente de uma Multinacional, pois ambos utilizam-se
das funções e ferramentas da administração, mas cada um em proporções diferentes, com o
mesmo objectivo, verem seus negócios prosperando.

Administrar um negócio, seja um modesto empreendimento ou uma grande sociedade anónima,


envolvem muitas funções diferentes, funções estas imprescindíveis para a organização ter
sucesso frente a seus clientes e concorrentes, mas é finanças que faz com que tudo aconteça.

Em Administração o conhecimento das técnicas administrativas é de importância fundamental,


mas não é o único insumo a uma adequada e bem-sucedida carreira em administração, seu modo
de agir, de pensar e a sua personalidade também são fundamentais, sua atitude enquanto
administrador é muito significativa no desempenho de suas funções. A Administração
Financeira, enquanto ramo do conhecimento de administração não foge a essas mesmas
premissas. Em toda a organização que um administrador se propuser a trabalhar, desempenhar
suas funções, ele estará solucionando problemas, coordenando e liderando equipes,
diagnosticando problemas, elencando ameaças e oportunidades para a empresa, sector ou
departamento por ele administrado, tudo isto de forma particular, único, com características
próprias.

As semelhanças dos seres vivos, pode-se dizer que as empresas são organismos com vida
(possuem até uma “cultura interna”) em constante transformação (evolução das espécies),
sujeitos às leis de Mercado (da natureza).
Portanto problemas e soluções em uma organização, não serão necessariamente os mesmos em
outra organização. Com isso, um administrador bem-sucedido em uma organização não será
necessariamente bem-sucedido em outra, pois as oportunidades, ameaças, cultura organizacional,

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estrutura empresarial, objectivos, etc. exigem um tratamento particular e diversificado, por isso
“velhas receitas” não são garantias de sucesso.
1.1 Finanças e Empresa
Finanças
Finanças são a aplicação de uma série de princípios económicos para maximizar a riqueza ou
valor total de um negócio. Mais especificamente maximizar a riqueza significa obter o lucro
mais elevado possível ao menor risco. Na realidade, ninguém sabe quando a riqueza máxima é
atingida, embora ela seja entendida como última meta de cada empresa.

Finanças é a arte e a ciência de administrar fundos, ou seja, é todo dinheiro aplicado em activos
que em contra partida gera uma quantia igual à aplicada gerada por algum tipo de financiamento.
Finanças nada mais é do que a grande responsável na manipulação de fontes monetárias, ou seja,
tudo que expressar valor.

O dicionário Aurélio define o termo Finanças como sendo a “ciência e a profissão do manejo do
dinheiro, particularmente do dinheiro do Estado”. De uma forma mais ampla, dizemos que ela
trata do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos
entre pessoas, empresas e governos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm
receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Em última análise, Finanças é a arte e a
ciência de administrar fundos.
Analisando o conceito parece ser alguma coisa um pouco distante do nosso dia-a-dia mas
diariamente temos envolvimento com as finanças. Tomamos decisões financeiras a todo o
momento. Na escolha pelo produto mais caro ou mais barato, na matrícula em um curso, no
parcelamento de alguma dívida, negociação salarial, escolha de um fundo de aposentadoria mais
adequado e assim por diante. Assim, precisamos entender de assuntos financeiros e tomar as
decisões financeiras corretas.

Eis que é importante manter-se a par dos novos avanços na moderna teoria de finanças tanto
quanto em relação aos desenvolvimentos praticados nos mercados financeiros. Finanças têm
surgido como uma disciplina importante que requer actualização constante dos antigos conceitos
e refinamento dos novos. Os últimos avanços nos métodos de avaliação podem ajudar a tomar

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melhores decisões. A emergência dos novos instrumentos financeiros, tais como futuros
financeiros, opções e outros direitos condicionados sobre passivos, supre os administradores com
os métodos mais sofisticados e efectivos para avaliar e, quando necessário, alterar decisões
financeiras.

1.2 As Principais Áreas em Finanças

Verifica-se, ano a ano, uma tendência cada vez maior de executivos oriundos da área financeira
ocupando os cargos mais altos nas organizações. Consequentemente, as matrículas nos
programas financeiros, tanto ao nível de graduação quanto de pós-graduação, vem crescendo em
grandes proporções. Nesse contexto, algumas áreas vêm se destacando e atraindo a atenção de
estudantes e profissionais por serem excelentes oportunidades de carreira. São elas: Finanças
Corporativas (ou Empresariais), Investimentos, Instituições Financeiras, Finanças
Internacionais e, por último, Consultoria em Finanças Pessoais.

Finanças Empresariais requerem do profissional financeiro conhecimento para decisões vitais


no âmbito empresarial, que podem envolver a estrutura de activos, a estrutura financeira ou
planeamento e controle da gestão e obtenção de resultado de empresas e órgãos governamentais.
É o tema principal desta disciplina e será discutido mais detalhadamente no decorrer do
semestre.

A área de Investimentos lida com activos financeiros, tais como acções, debentures, títulos
públicos e privados, derivativos e outras obrigações. E sua actividade o profissional financeiro
calcula preços desses activos, determina os riscos envolvidos e o retorno possível, analisa o
contexto para definição da melhor composição de carteiras para cada tipo de investidor. Esse
profissional pode actuar como Operador de Bolsa de Valores, Administrador de Carteiras de
Fundos ou ainda como Analista de títulos.

As Instituições Financeiras são aquelas que lidam primeiramente com assuntos financeiros,
como Bancos, Associações de Poupança e Empréstimo e Seguradoras. Essas instituições
necessitam profissionais para uma grande variedade de tarefas relacionadas a finanças. Pode

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actuar na área de empréstimos, captação de recursos, seguros, previdência privada e
capitalização entre outras.

Finança Internacionais pode ser definida como uma especialização que requer conhecimento em
todas as áreas citadas, sua actuação envolve aspectos internacionais como taxa de câmbio e risco
político, empréstimos internacionais, administração de carteira e análise de títulos de empresas
sediadas em vários países.

Consultoria em Finanças Pessoais é uma actividade com certa tradição nos Estados Unidos. Em
Moçambique vem se desenvolvendo de forma crescente. O Consultor de Finanças Pessoais
(CFP), conhecido também como Planeador de Finanças Pessoais, tem um foco de actuação muito
forte no planeamento financeiro. Sua actividade básica consiste em gerir as finanças pessoais
para facilitar o alcance de objectivos económico-financeiros pretendidos pelos clientes. Pode
auxiliar na administração do orçamento doméstico, na análise e na busca de alternativas para
endividamentos elevados, orientações sobre aplicação de recursos nas modalidades mais
adequados para cada perfil de investidor. Orienta ainda, na escolha de seguros e planos de
aposentadoria.

Tarefas do Gestor Financeiro


As actividades do gestor financeiro podem ser relacionadas às demonstrações financeiras básicas
da empresa. Suas actividades primárias fundamentais são: realizar análises e planeamento
financeiro; tomar decisões de investimento; e tomar decisões de financiamento.

Observando a figura 1, pode-se ver todas essas actividades demonstradas no Balanço


Patrimonial:

Análise e planeamento financeiro


Balanço patrimonial
Activos circulantes Passivos Circulantes
Activos permanentes Recursos permanentes

Decisões de investimento Decisões de financiamento


Figura 1 :Actividades-chaves do gestor financeiro

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As principais funções do gestor financeiro são:

 Análise e planeamento financeiro: analisar os resultados financeiros e planejar acções


necessárias para obter melhorias;

 A boa utilização dos recursos financeiros: analisar e negociar a captação dos recursos
financeiros necessários, bem como a aplicação dos recursos financeiros disponíveis;

 Crédito e cobrança: analisar a concessão de crédito aos clientes e administrar o


recebimento dos créditos concedidos;

 Caixa: efectuar os recebimentos e os pagamentos, controlando o saldo de caixa;

 Contas a receber e a pagar: controlar as contas a receber relativas às vendas a prazo e


contas a pagar relativas às compras a prazo, impostos e despesas operacionais.

As funções do administrador financeiro variam de acordo com o tamanho da empresa. Em


empresas de pequeno porte, essas funções muitas vezes são de responsabilidade de apenas uma
pessoa que desempenha actividades como tesouraria e controladoria.

A controladoria é gerenciada por um controller que lida com as questões contábeis da empresa
que engloba as seguintes responsabilidades: contabilidade gerencial, gestão de assuntos fiscais,
contabilidade financeira e de custos.

A tesouraria é administrada por um tesoureiro que é o principal administrador financeiro da


empresa e tem como principal função a gestão das actividades financeiras: planeamento
financeiro, captação, tomada de decisão de investimentos, gestão de caixa, gestão de actividades
de crédito, gestão do fundo de pensão da empresa e administração da área de câmbio.

No quotidiano de uma empresa as actividade de controller e tesoureiro estão directamente


ligadas, sendo as vezes sobrepostas, ficando assim difícil distingui-las entre administração
financeira e contabilidade.

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Existem duas diferenças básicas entre actividades de controladoria e finanças que devem ser
salientadas, são elas: a ênfase em fluxo de caixa e a tomada de decisões.

O administrador financeiro utiliza o princípio de regime de caixa que reconhece as receitas e as


despesas somente quando há entrada ou saída de caixa, já para os contadores, as demonstrações
financeiras envolvidas seguem o princípio do regime de competência.

No regime de competência, o impacto dos acontecimentos sobre o activo e o passivo é


reconhecido nos exercícios em que os serviços são prestados ou utilizados, e não quando se
recebe ou paga. Quer dizer a receita é reconhecida quando obtida e as despesas são reconhecidas
quando nelas se incorre, e não se paga ou recebe dinheiro.

Todo processo de apuração de resultado (lucro ou prejuízo) contábil e de posições patrimoniais


(activos e passivos) está ligado ao regime de competência, distinto do regime de caixa, em que o
impacto dos acontecimentos sobre o activo, o passivo e o resultado é reconhecido nos períodos
em que os respectivos fatos geradores ocorrem, e não quando se recebe ou paga.

Há que se considerar outra diferença básica entre contabilidade e finanças no que diz respeito à
tomada de decisão. Enquanto o foco dos contadores está voltado para a colecta de dados e a
apresentação dos dados financeiros, o foco dos administradores financeiros está na avaliação
desses dados financeiros e a posterior tomada de decisão, baseando-se nos possíveis retornos e
riscos existentes.

O administrador financeiro preocupa-se com a tomada de decisões de investimento e


financiamento. As decisões de investimento referem-se a escolha de como alocar os recursos em
activos circulantes, activos não circulante e permanentes, buscando um determinado retorno a
um determinado risco.

Já as decisões de financiamento estão relacionadas a definição das fontes desses recursos


utilizados e sua captação, combinando diferentes prazos de financiamentos de acordo com a
necessidade da empresa e decidindo qual será a proporção de capital de terceiros.

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O administrador financeiro, diante da complexidade do mundo empresarial, precisa de uma visão
holística da empresa e de seu relacionamento com o ambiente externo. Pois, o conhecimento de
técnicas e métricas financeiras isoladas se mostra insuficiente, sendo necessária uma abertura
para valores e informações estratégicas.

O administrador financeiro deve preocupar-se com três tipos básicos de questões:


Orçamento de Capital: Processo de planeamento e gestão dos investimentos de uma empresa
em longo prazo. Nessa função o administrador financeiro procura identificar as oportunidades de
investimento cujo valor para a empresa é superior a seu custo de aquisição. Em termos amplos,
isto significa que o valor do fluxo de caixa gerado por um activo supera o custo desse activo.

Estrutura de Capital: Combinação de capital de terceiros e capital próprio existente na


empresa. O administrador financeiro tem duas preocupações, no que se refere a essa área.
Primeiramente, quanto deve a empresa tomar emprestado? Em segundo lugar, quais são as fontes
menos dispendiosas de fundos para a empresa? Além destas questões, o administrador financeiro
precisa decidir exactamente como e onde os recursos devem ser captados, e, também, cabe ao
administrador financeiro à escolha da fonte e do tipo apropriado de recurso que a empresa, por
ventura, tomará emprestado.

Administração do Capital de Giro: Capitais de giro são os activos e passivos circulantes de


uma empresa. A gestão do capital de giro de uma empresa é uma actividade diária que visa
assegurar que a empresa tenha recursos suficientes para continuar suas operações e evitar
interrupções muito caras.

Estas três áreas de administração financeira – orçamento de capital, estrutura de capital e


administração do capital de giro – são muito amplas. Cada uma delas inclui uma variedade de
tópicos.
O administrador financeiro moderno precisa de uma visão integral da organização para detectar
oportunidades e ameaças, tanto internas, quanto externamente. Também é imprescindível a
capacidade de analisar dados e informações e fazer inferências acerca dos comportamentos e
acções futuros.

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Administrar é, em última análise, decidir. Todo administrador financeiro deve ser um
especialista em tomar decisões acertadas. A continuidade (sobrevivência) de uma empresa é
directamente dependente da qualidade das decisões tomadas por seus administradores. Daí a
importância de se combater o amadorismo na gestão financeira, contratando administradores
financeiros profissionais, actualizados e especializados para melhorar a qualidade das decisões
financeiras e garantir a continuidade da organização e geração de riqueza aos accionistas.

O processo de tomada de decisão vem assumindo complexidade e risco cada vez maior no
ambiente empresarial brasileiro. As elevadas taxas de juros, carga tributária, o reduzido volume
de crédito de longo prazo, as variações inflacionárias, bem como intervenções estatais na
economia, alterando as regras de mercado, exigem capacidade analítica e crítica dos
administradores financeiros.

Quem é o gestor financeiro?


Os administradores financeiros estão incumbidos da responsabilidade primária de maximizar o
preço da empresa enquanto mantêm o risco no mais baixo nível possível. A fim de atingir essas
metas, um administrador deve determinar quais investimentos resultarão em lucros mais
elevados aos menores riscos.
Os administradores devem usar políticas de investimento que minimizem o risco. Entretanto,
alguns administradores interpretam suas missões de maneira diferente. Eles visualizam seus
papéis como aqueles que evitam grandes erros.
Os administradores são frequentemente apanhados no meio, tentando agradar as duas principais
facções: os credores e os proprietários. Essa consideração é em especial importante quando a
dívida se torna uma importante fonte de financiamento. Os credores impõem certas restrições à
empresa, ora limitando os pagamentos de dividendos quando os lucros foram muito baixo, ora
forçando os administradores a manter a liquidez a um dado nível para assegurar o pagamento dos
empresários. Na tentativa de satisfazer as reivindicações impostas por esses credores, os
administradores financeiros são inclinados a dar muito mais atenção aos credores e pouca
atenção aos proprietários. Esse conflito pode tornar os administradores menos eficientes e
impedi-los de tirar vantagem das melhores oportunidades.

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Empresa
Já é célebre a definição de empresa dada por Asquini, para quem ela compreende quatro perfis.
Vejamos três significados jurídicos para o vocábulo técnico, que correspondente aos três
primeiros perfis:

1. Perfil subjectivo. A empresa é o empresário, pois empresário é quem exercita a actividade


económica organizada, de forma continuada. Nesse sentido, a empresa pode ser uma pessoa
física ou uma pessoa jurídica, pois ela é titular de direitos e obrigações. Quando se diz "arrumei
um emprego em uma empresa", temos a palavra empresa empregada com esse significado.

2. Perfil funcional. A empresa é uma actividade, que realiza produção e circulação de bens e
serviços, mediante organização de factores de produção (capital, trabalho, matéria prima etc).
Quando se diz "a empresa de estudar será proveitosa", temos a palavra empresa empregada com
esse significado.

3. Perfil objectivo (patrimonial). A empresa é um conjunto de bens. A palavra empresa é


sinónima da expressão estabelecimento comercial. Os bens estão unidos para uma actividade
específica, que é o exercício da actividade económica. Como exemplo desse significado,
podemos dizer "a mercadoria saiu ontem da empresa".

A empresa, portanto, tem todos esses significados. Há também um quarto perfil, criticado pela
doutrina por não corresponder a qualquer significado jurídico, mas apenas por estar de acordo
com a ideologia fascista, que controlava o Estado italiano por ocasião da positivação da teoria da
empresa:
4. Perfil corporativo. A empresa é uma instituição, uma organização pessoal, formada pelo
empresário e pelos colaboradores (empregados e prestadores de serviços), todos voltados para
uma finalidade comum.
Empresa significa empreendimento, associação de pessoas para exploração de um negócio. É o
conjunto de actividades do empresário. É toda organização económica civil, ou empresarial,
instituída para a exploração de um determinado ramo de negócio.

20
Empresa é a actividade económica organizada para a produção ou circulação de bens ou
serviços. Evidentemente, actividade, aqui, não significa um ato isolado, mas uma série pré-
determinada e coordenada de actos, visando uma finalidade produtiva. O termo empresa vem
sendo empregado em inúmeros sentidos, principalmente no de estabelecimento empresarial. Em
face do emprego inadequado do termo na legislação civil, comercial, trabalhista e fiscal, o
conceito de empresa, universalizado, passa a ter sua compreensão dificultada.

Giuseppe Ferri diz que “a empresa em um conceito económico, seria a combinação dos
elementos pessoais e reais, colocados em função de um resultado económico, e realizada em
vista de um intento especulativo de uma pessoa, que se chama empresário”

TEMA-II DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS


Introdução
Após conhecer os fundamentos básicos da Contabilidade, que é uma ferramenta de fundamental
importância no campo das Finanças Empresariais, vamos entender como os registos contáveis
são sintetizados expressando a estrutura patrimonial da empresa num determinado momento,
seus resultados ao longo de um certo período de tempo e alguns outros aspectos da sua operação
que se traduzem pelas Demonstrações Financeiras. Entre estas, destacamos duas que são de
fundamental importância para quem atua no campo da gestão empresarial em qualquer dos seus
segmentos. São elas o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício.
Além dessas, existem outras que podem nos ajudar a compreender melhor o desenvolvimento
das actividades empresariais no decurso de um determinado período, normalmente um ano, que
também vamos conhecer.
Objectivos:
 Identificar as demonstrações financeiras utilizadas pelas empresas.

 Compreender o significado das principais demonstrações financeiras.

 Identificar os principais usuários das demonstrações financeiras.

21
2.1 Principais demonstrações financeiras
As demonstrações financeiras podem ser consideradas como o produto final do processo de
apuração contábil. Contêm dados extraídos dos livros, registos e documentos que compõem o
sistema contábil de uma empresa.
Os relatórios contábeis elaborados periodicamente pelas empresas, mais conhecidos como
Demonstrações Financeiras, são os seguintes:
 Balanço Patrimonial;
 Demonstração de Resultado do Exercício;
 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do
Património Líquido;
 Demonstração dos Fluxos de Caixa;
 DVA - Demonstrativo do Valor Adicionado (para Companhia Aberta).

Além dessas acima mencionadas, o analista das demonstrações financeiras poderá utilizar-se
também de outras peças contábeis, tais como:
 Relatório Anual da Administração;

 Notas Explicativas;

 Parecer dos Auditores;

 Balanço Social e Ambiental.

As demonstrações contábeis devem obrigatoriamente ser feitas ao final de cada exercício social.
Usuários da contabilidade
A Contabilidade deve estar preparada para fornecer informações precisas e acuradas a vários
grupos de pessoas físicas e jurídicas, cujos interesses nem sempre são coincidentes.
Entre esses grupos destacamos: Sócios, accionistas e quotistas
O interesse primordial desse primeiro grupo de usuários das informações contábeis está ligado à
rentabilidade e solvabilidade de seus investimentos, uma vez que muitos membros desse grupo
não participam do dia-a-dia da empresa.

22
Administradores
Os administradores são os agentes responsáveis pela tomada de decisões, no dia-a-dia da
empresa, dentro de cada entidade a que pertencem. Essas decisões, visando ao futuro dos
negócios, têm como base o conhecimento detalhado de acontecimentos passados – dados
históricos – e do que está acontecendo no presente. Por esse motivo, o interesse nos dados
contábeis desse grupo de usuários atinge um grau de profundidade, análise e principalmente
frequência, muito maior que o dos demais grupos interessados.

Fornecedores
Esse grupo de usuários das informações contábeis tem basicamente as mesmas preocupações dos
sócios, accionistas e quotistas, isto é, a rentabilidade e a liquidez de seus recursos, sejam esses
fornecidos sob a forma de matéria-prima, produtos acabados, equipamentos ou recursos
financeiros. Uma vez que, via de regra, não tem ligação de propriedade com a empresa a quem
supre de algum recurso, a qualidade da informação contábil para esse grupo é de fundamental
importância, de forma a proteger os interesses de seus próprios sócios ou acionistas.

Governo
Baseado nas informações contábeis, o governo exerce o poder de fiscalizar e tributar. Embora
uma série de ajustes seja feita entre o lucro contábil apurado e o lucro a ser utilizado como base
para a incidência de impostos, é a partir das informações contábeis refletidas nos balanços que o
governo inicia o trabalho de análise quanto à adequação entre os valores tributados e a situação
da empresa.

2.2 Características das principais demonstrações financeiras


Balanço patrimonial
Conjunto de bens, direitos e obrigações, vinculados a uma entidade empresarial num
determinado momento, susceptíveis de avaliação económica. Trata-se do demonstrativo que visa
apresentar a situação financeira e patrimonial da empresa em um determinado momento, ou seja,
em uma data específica. É composto pelo grupo do activo (aplicações / investimentos na
empresa) e pelo passivo e património líquido (fontes de recursos disponíveis).
Vale assinalar que o Balanço Patrimonial oferece informações extremamente importantes às
quais podem ser observadas através de seus diversos grupos de contas.

23
Dessa forma, o Balanço Patrimonial, deverá apresentar:

(1) Activo e (2) Passivo e Património Líquido, caracterizados como os “grandes grupos”.

BALANÇO PATRIMONIAL
PASSIVO
ACTIVO E
PATRIMÓNIO LÍQUIDO

Definições básicas dos grandes grupos:

 ATIVO: bens e direitos de propriedade da empresa, mensuráveis monetariamente, que


representam benefícios presentes e / ou futuros. O activo expressa o investimentos da
empresa. No activo, relacionam-se todas as aplicações de recursos efetuadas pela
empresa.

 PASSIVO: Obrigações com capitais de terceiros utilizados pela empresa. Essas


obrigações representam fontes de recursos utilizadas pela empresa para financiar as
aplicações em seus activos.

 PATRIMÔNIO LÍQUIDO: Recursos dos proprietários aplicados na empresa

 PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO =Total de fontes de recursos que a empresa


conta para financiar seus investimentos
Como nem todas as operações possuem a mesma natureza, o Balanço Patrimonial é devidamente
segmentado, visando permitir um dimensionamento claro dos diversos grupos de contas e suas
características diversas. Os principais grupos e subgrupos de contas que pertencem aos grandes
grupos apresentados anteriormente no Balanço Patrimonial são:

24
Exemplo simplificado de estrutura do balanço patrimonial
ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
-Realizável em longo prazo -Exigível em longo prazo
Investimento
Imobilizado PATRIMÓNIO LÍQUIDO
Intangível

2.3 Características do balanço patrimonial


As contas do activo e do passivo e património líquido são agrupadas de acordo com o grau de
decrescente de liquidez. Liquidez refere-se à velocidade e facilidade com a qual um activo pode
ser convertido em caixa.
Percebemos então que qualquer usuário tem a possibilidade de avaliar num Balanço Patrimonial
como os activos estão distribuídos através da sua capacidade ou possibilidade de serem
convertidos em dinheiro.

GRAU DE LIQUIDEZ ATIVO PASSIVO


DECRESCENTE
RÁPIDA (ATÉ 360 DIAS) CIRCULANTE CIRCULANTE
LENTA (MAIS DE 360 REALIZÁVEL LONGO EXIGÍVEL LONGO
PRAZO PRAZO
DIAS)
PRATICAMENTE NULA INVESTIMENTOS, PATRIMÔNIO LÍQUIDO
IMOBILIZADO,
INTANGÍVEL

Vamos agora verificar mais detalhes sobre os grupos e subgrupos de contas que compõem o
Balanço Patrimonial.
Vale assinalar que a própria nomenclatura já define o propósito da conta, conforme exposto nas
definições a seguir:
ATIVO (Composto pelo activo circulante e o activo não circulante)

25
ATIVO CIRCULANTE – grau de liquidez rápida até 360 dias – curto prazo.
No activo circulante, são classificadas as disponibilidades financeiras da empresa como os saldos
bancários (caixa /disponível), aplicações financeiras de curto prazo, os créditos a receber,
também denominadas de contas a receber ou duplicatas a receber, os estoques, despesas
antecipadas, como suas principais contas.
Percebemos então que todas as contas que estão classificadas no Activo Circulante referem-se a
fatos/eventos de curta duração que em contabilidade corresponde a um período de até 360 dias.
Por isso, os recursos aplicados no Activo Circulante em financiamentos dos clientes – contas a
receber, aplicados em estoques, aplicados no caixa – são denominados de Capital de Giro.
OBS: As despesas antecipadas referem-se a recursos aplicados em serviços ou benefícios que
serão usufruídos também em exercícios futuros (seguros, assinaturas, etc).
ATIVO NÃO CIRCULANTE – grau de liquidez lenta ou quase nula (acima de 360 dias) –
longo prazo

2.4 Activo realizável em longo prazo


Nesse grupo, denominado de Realizável em Longo Prazo, encontramos contas similares àquelas
pertencentes ao Activo Circulante, como por exemplo, Contas a Receber de Clientes. Só que,
nesse caso, elas só serão recebidas após 360 dias do exercício encerrado, pois sua liquidez é mais
lenta.
Quanto aos demais itens que contemplam o Activo Não Circulante, temos:
Os INVESTIMENTOS, o IMOBILIZADO, o INTANGÍVEL que se referem a aplicações de
natureza de longo prazo, isto é, cuja liquidez é quase nula.
Investimentos
Trata-se dos valores que não são destinados a negociação, mas sim dirigidos para gerarem
benefícios à investidora através de sua participação no resultado das empresas em que os
recursos foram investidos. Contabiliza-se também nesse item todo investimento com finalidade
não operacional, sem prazo definido e que não se destina a actividade da empresa (obras de arte,
terrenos, etc).
Exemplo: participação accionaria em controladas e coligadas.

26
Imobilizado
No activo imobilizado, são classificados os direitos que tenham por objecto bens corpóreos
destinados à manutenção das actividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa
finalidade, inclusive decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e
controle desses bens.
Exemplo: máquinas, equipamentos, móveis e utensílios, edificações, etc.

Intangível
Compreende os direitos que tenham por objecto bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Como
exemplos podem ser citados direitos autorais, patentes, marcas, fundo de comércio, etc.
PASSIVO (Composto pelo passivo circulante, passivo não circulante e pelo património líquido).
 PASSIVO CIRCULANTE - obrigações cujos vencimentos ocorrerão até 360 dias - curto
prazo.

A composição desse grupo compreende as diversas modalidades de dívidas, tais como dívidas
para com os fornecedores, dívidas bancárias, dívidas com serviços de utilidade pública (luz,
telefone, água, gás), obrigações e provisões operacionais (férias, 13º salário, impostos, autuações
fiscais, etc), obrigações sociais (INSS), obrigações legais (impostos), etc.
 PASSIVO NÃO CIRCULANTE - obrigações cujos vencimentos ocorrerão acima de 360
dias – longo prazo.

Exigível em longo prazo


Diferencia-se o passivo circulante do exigível em longo prazo, apenas pelo prazo. É importante
frisar que todos os passivos exigíveis sujeitos a qualquer forma de indexação devem estar
totalmente actualizados na data do balanço. Da mesma forma, todos os empréstimos tomados em
longo prazo vencíveis no exercício subsequente são transferidos para o passivo circulante.
 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O património líquido é composto basicamente dos seguintes itens, conforme o detalhamento a


seguir:

27
- Capital social
Por capital subtende-se o valor investido pelos proprietários da empresa, sejam accionistas,
quotistas ou detentores de firma individual. Deve-se nesse item destacar como capital a
integralizar quaisquer valores ainda não integralizados pelos sócios ou accionistas.
- Reservas de capital
As reservas de capital são formadas por contas que representam valores recebidos e incorporados
directamente ao património líquido da empresa, as quais não transitam pela Demonstração de
Resultados. Como exemplo, podemos mencionar: ágio na emissão de acções, prémio pela
emissão de debentures, doações e subvenções para investimentos, bem como alienação de partes
beneficiárias.
- Ajuste de avaliação patrimonial / reserva de reavaliação- que abrigará outros ajustes de
activos, além do imobilizado.
- Reservas de lucros
Essas reservas nada mais são do que os lucros gerados pela empresa. Existem várias subdivisões
das reservas de lucros. As mais comummente encontradas são:

Reserva legal – parcela dos lucros que a legislação impede que seja distribuída.

 Reservas estatutárias – reservas criadas pelos estatutos da empresa para fazer frente às
utilizações futuras.

 Reservas para contingências – reservas para fazer frente às futuras perdas. Se essas perdas
ocorrerem são compensadas por essas reservas.
- Lucros ou prejuízos acumulados
Em lucros ou prejuízos acumulados, encontra-se o que restou do lucro da empresa após a
constituição das reservas, distribuição de dividendos e pagamentos de participações estatutárias
do lucro.
Após havermos discriminado os principais aspectos ligados ao Balanço Patrimonial, segue a
baixo exemplo de um Balanço Patrimonial da empresa Mussapata Participações dos últimos três
exercícios, onde poderemos observar com clareza diversos aspectos estudados anteriormente:

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Exemplo de Balanço Patrimonial – Mussapata Participações
Mussapata Participações
Balanço Patrimonial 2012 2011 2010
Activo Circulante (Milhões de Mzn) 511.2 497.7 390.4
Disponibilidades (Milhões de Mzn)
Títulos e valores imobiliários (Milhões de Mzn) 122.3 147.6 120.7
Contas a receber (Milhões de Mzn) 279.7 244.1 156.4
Contas a compensar (Milhões de Mzn) 5.4 16.7 14.5
Adiantamento a funcionários/terceiros (Milhões de Mzn) 26 17.5 6.2
Partes relacionadas (Milhões de Mzn) 0.3 0.3 7.1
Despesas antecipadas (Milhões de Mzn) 30.9 10.3 10
Impostos e contribuições (Milhões de Mzn) 10.6 18.3 30.8
Outros (Milhões de Mzn) 17.9 21.2 30.8
Activos não circulantes (Milhões de Mzn) 728.6 571 414.1
Realizável em longo prazo (Milhões de Mzn) 125.8 79.1 58.7
Despesas antecipadas (Milhões de Mzn) 1.3 0.7 2.2
Partes relacionadas (Milhões de Mzn) 0 - 3.2
Depósitos judiciais (Milhões de Mzn) 83.2 63.6 38.1
Impostos e contribuições (Milhões de Mzn) 20.9 - -
Impostos deferidos (Milhões de Mzn) 20.4 14.9 15.3
Permanente (Milhões de Mzn) 602.8 491.9 355.4
Investimentos (Milhões de Mzn) 0.2 0.2 7.7
Imobilizado (Milhões de Mzn) 294.7 263.8 211
Intangível (Milhões de Mzn) 307.9 227.9 136.7
Total do Activo (Milhões de Mzn) 1239.80 1068.70 804.5
Passivo circulante (Milhões de Mzn) 193.3 134.7 139.5
Empréstimos e financiamentos (Milhões de Mzn) 13.9 6.5 1.8
Fornecedores (Milhões de Mzn) 35.4 18.2 17.8
Salários e encargos sociais (Milhões de Mzn) 65.7 57.5 58
Obrigações tributárias (Milhões de Mzn) 22.2 15.5 18.9
Mensalidades recebidas antecipadamente (Milhões de Mzn) 8.9 9 18.9
Adiantamento do convénio (Milhões de Mzn) 2.9 2.9 -
Parcelamento de tributos (Milhões de Mzn) 2.2 0.2 0.3
Dividendos a pagar (Milhões de Mzn) 26.1 16.7 19.2
Compromissos a pagar (Milhões de Mzn) 13 5.4 1.5
Outros (Milhões de Mzn) 3.1 2.7 3.2
Exigível em longo prazo (Milhões de Mzn) 339.5 315.7 79.1
Empréstimos e financiamentos 265,9 247,8 7,8
Provisão para contingências (Milhões de Mzn) 23,2 32,4 36,4
Adiantamento de convénio (Milhões de Mzn) 12 14,9 20,7
Parcelamento de tributos (milhões de Mzn) 6,4 4,4 1,5
Provisão para desmobilização de activos (Milhões de Mzn) 14 13,7 12,7
Impostos Diferidos (Milhões de Mzn) 1,6 1,8 -
Compromissos a pagar (Milhões de Mzn) 11,2 - -

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Outros (Milhões de Mzn) 5,1 - -
Património Líquido (Milhões de Mzn) 707 618,9 585,9
Capital social (milhões de Mzn) 369,3 361,6 360,1
Gastos com emissões de acções (milhões de Mzn) -2,8 - -
Reservas de capital (milhões de Mzn) 114,3 109,8 106,9
Reservas de lucros (milhões de Mzn) 237,6 153,9 100,5
Lucros acumulados (milhões de Mzn) - - -
Dividendos Adicionais Propostos (Milhões de Mzn) - - 19,2
Ajustes acumulados de conversão (Milhões de Mzn) - - -0,4
Ações em tesouraria (Milhões de Mzn) -11,3 -6,3 -0,3
Total do Passivo e Patrimônio Líquido (Milhões de Mzn) 1.239,80 1.068,70 804,5

2.5 Demonstração de resultado do exercício


A demonstração de resultados do exercício tem como objectivo básico apurar o lucro ou prejuízo
obtido pela empresa durante determinado período (exercício social), com base no regime de
competência, independente do que foi efectivamente pago e/ou recebido.
Resumindo, a Demonstração de Resultado é um relatório que apresenta, de forma sintetizada, o
resultado de tudo o que a empresa vendeu, obteve de receita, e tudo o que a empresa gastou para
consecução dessas vendas.
São apresentados de forma dedutiva, com detalhes necessários das receitas, despesas, ganhos e
perdas e definem claramente o lucro ou prejuízo líquido do exercício.
Conforme mencionamos, ele é formado de diversas etapas, isto é, diversas apurações de
resultados para que seja possível analisar o desempenho da empresa, o que veremos nas aulas
futuras sobre Análise de Demonstrações Financeiras.
É um relatório contábil que evidencia a situação económica da empresa.

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO


Receita bruta de vendas de bens ou serviços

(-) Impostos sobre vendas


(-) Devoluções, descontos e abatimentos
(=) Receita operacional líquida
(-) Custo da mercadoria / produto / serviço vendido
(=) Resultado bruto

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(-) Despesas administrativas
(-) Despesas comerciais
= Resultado Operacional da Actividade ou Lucro Operacional Próprio
(-) Resultado financeiro líquido (receitas financeiras – despesas financeiras)
(-) Outras receitas/despesas operacionais
(=) Resultado operacional
(-) Receitas não operacionais
(-) Despesas não operacionais
(=) Resultado antes do imposto de renda
(-) Provisão para imposto de renda
(-) Participações no lucro
(=) Lucro ou Prejuízo líquido do exercício

Vamos estudar, a seguir, o significado das principais contas que compõem a Demonstração de
Resultado do Exercício.
 Receita bruta de venda de bens e serviços

Corresponde simplesmente ao resultado obtido pela quantidade vendida de bens e serviços vezes
seu preço.
 Receita operacional líquida
É a receita efectivamente obtida pela venda de produtos ou serviços da empresa. Isso significa
que do valor bruto recebido são deduzidos todos os impostos incidentes na venda (valores que
não pertencem à empresa, apenas que transitam pelo caixa), bem como as devoluções e os
descontos comerciais e abatimentos concedidos incondicionalmente. Descontos condicionais a
pagamentos antecipados ou em determinadas datas são contabilizados como despesas
financeiras.
 Custos dos produtos / mercadorias / serviços vendidos

Apresenta o custo histórico de aquisição do bem vendido, no caso de empresas comerciais ou


industriais acrescido dos gastos agregados ao valor dos estoques para a colocação das
mercadorias em condições de venda como transporte, seguro e demais despesas relacionadas a

31
tal fim, além de mão-de-obra, utilidades (energia eléctrica, água, etc) e a depreciação dos
equipamentos e instalações.
No caso da venda de serviços, as regras aplicáveis são as mesmas. No entanto, a maioria dessas
empresas não calcula esse custo, optando por lançar os valores componentes directamente como
despesas operacionais do exercício.
Portanto, poderemos encontrar as expressões: Custo de Produtos Vendidos/Custo e Mercadorias
Vendidas/Custo de Serviços Prestados, de acordo com a actividade da empresa.
 Resultado bruto (também encontrado nos livros como Lucro Bruto)

Representa a diferença entre o valor global da receita operacional líquida e o custo dos produtos
ou mercadorias ou serviços vendidos. O lucro bruto representa o quanto está disponível para a
empresa cobrir suas despesas operacionais, após o “pagamento” dos custos incorridos para a
efetivação da venda de seus produtos e/ou serviços.
 Resultado da actividade ou lucro operacional próprio

É o resultado da diferença entre o lucro bruto e as despesas de vendas, gerais e administrativas


consideradas como operacionais (entende-se como despesas operacionais aquelas que são
directamente geradas pela actividade que constitui o objecto social da empresa).
 Resultado operacional

É o resultado da diferença entre o lucro bruto e as despesas de vendas, gerais e administrativas


consideradas como operacionais (entende-se como despesas operacionais aquelas que são
directamente geradas pela actividade que constitui o objecto social da empresa), afectadas
também por outros aspectos operacionais como receitas e despesas financeiras e outras
receitas/despesas operacionais.
Enquadram-se como outras despesas operacionais os resultados de participações societárias em
outras empresas, mesmo que não sejam participações significativas (a receita e a despesa de
equivalência patrimonial) e as receitas de dividendos de investimentos avaliados pelo custo.
 Receitas e despesas não operacionais

32
Classificam-se nesse grupo basicamente os ganhos e as perdas de capital. Esses ganhos e perdas
resultam da venda de activos permanentes como, por exemplo, o lucro ou o prejuízo na venda de
um equipamento ainda não totalmente depreciado (imobilizado) ou a venda de um investimento
permanente (participação em uma controlada ou coligada).
 Provisão para imposto de renda

Pela legislação em vigor, o imposto de renda do exercício deve obrigatoriamente estar deduzido
do resultado do próprio exercício e considerado como uma exigibilidade no passivo circulante
(contabilizado como provisão para imposto de renda), até que seja efectivamente pago.
 Resultado líquido do exercício (Lucro ou Prejuízo)

O lucro ou prejuízo líquido representa a diferença entre o lucro após a incidência do imposto de
renda e as participações sobre o lucro devido a administradores, funcionários.
O resultado líquido apurado (lucro ou prejuízo) é transferido para a conta de lucros ou prejuízos
acumulados, respeitados os critérios vistos quando definimos o património líquido.
Essas duas demonstrações financeiras que acabamos de conhecer (Balanço Patrimonial e
Demonstração de Resultado) servem de base para diversos tipos de avaliação da empresa.
Através delas, podemos emitir opinião sobre o desempenho económico-financeiro, sua
capacidade de pagamento de compromissos para com terceiros, o volume de utilização de capital
de terceiros, a qualidade do lucro obtido nas suas operações, entre outros aspectos.
A seguir, apresentaremos outras Demonstrações Financeiras que podemos denominar como de
apoio para termos uma maior visibilidade da empresa e que nos auxiliam nas observações sobre
seu desempenho económico-financeiro.

Exemplo de uma Demonstração de Resultado do Exercício


Mussapata Participações
Demonstração de Resultados 2012 2011 2010
Receita Operacional Bruta (milhões de Mzn) 1.971,90 1.632,10 1.454,30
Mensalidades (milhões de Mzn) 1.946,60 1.608,70 1.435,70
Outras (milhões de Mzn) 25,3 23,4 18,6
Deduções da Receita Bruta (milhões de Mzn) -588,6 -483,6 -438,2
Descontos e Bolsas (milhões de Mzn) -523,8 -433,7 -396,4
Impostos (milhões de Mzn) -60,8 -49,9 -41,7

33
FGEDUC (milhões de Mzn) -4 - -
Receita Operacional Líquida (milhões de Mzn) 1.383,30 1.148,40 1.016,20
Custos dos Serviços Prestados (milhões de Mzn) -877,4 -765,5 -692,3
Pessoal e Encargo (milhões de Mzn) -621,6 -556,1 -508,6
Aluguéis, condomínio e IPTU (milhões de Mzn) -117,8 -102,6 -96,5
Material Didático (milhões de Mzn) -37,9 -29,4 -16,5
Serviços de Terceiros e Outros (milhões de Mzn) -56,6 -50,4 -50,7
Depreciação (milhões de Mzn) -43,5 -27,1 -19,8
Lucro Bruto (milhões de Mzn) 505,9 382,9 323,9
Despesas Comerciais, Gerais e Administrativas -357,2 -298,6 -263,4
(milhões de Mzn)
Despesas Comerciais (milhões de Mzn) -157,8 -113,8 -95,4
Provisionamento FIES (milhões de Mzn) -5,4 - -
PDD (milhões de Mzn) -80 -54,4 -41,6
Publicidade (milhões de Mzn) -72,4 -59,5 -53,9
Despesas Gerais e Administrativas (milhões de Mzn) -181,7 -169,7 -154,9
Pessoal e encargos (milhões de Mzn) -96,9 -79 -75,8
Outros (milhões de Mzn) -84,8 -90,6 -79,1
Depreciação (milhões de Mzn) -17,7 -15,1 -13
Depreciação e amortização (milhões de Mzn) 61,2 42,2 32,8
EBITDA (milhões de Mzn) 209,9 123 92,4
Resultado financeiro (milhões de Mzn) -33,8 -5,6 14,3
Depreciação e amortização (milhões de Mzn) -61,2 -42,2 -32,8
Resultado das atividades não continuadas (milhões de - -3,5 -1
Mzn)
Contribuição social (milhões de Mzn) -1,5 -1,5 1,8
Imposto de renda (milhões de Mzn) -3,8 -3,6 5
Lucro Líquido (milhões de Mzn) 109,7 70,2 80,7

2.6 Demonstração do fluxo líquido de caixa


O fluxo de caixa (cash flow) é considerado por muitos analistas um dos principais instrumentos
de análise, propiciando-lhes identificar o processo de circulação do dinheiro, através da variação
de caixa (e equivalentes). A análise do fluxo de caixa examina a origem e aplicação do dinheiro
que transitou pela empresa”.
Estudaremos esse assunto de forma detalhada nas nossas próximas aulas.

Abaixo um modelo de fluxo de caixa sugerido pela Comissão de Valores Mobiliários.


Descrição da Conta
Caixa Líquido Actividades Operacionais
Caixa Gerado nas Operações
Lucro líquido do exercício
Provisão, encargos, empréstimos, financiamentos

34
Depreciação, exaustão e amortização
Resultado na baixa e alienação de bens
Resultado de participações societárias
Ganho e perda na variação percentual
IR e CS diferidos
Provisão passivo actuarial
Provisão para contingências
Outras provisões
Variações nos activos e passivos
Contas a receber
Estoques
Créditos com controladas
Impostos a compensar
Fornecedores
Salários e encargos sociais
Tributos
Descrição da Conta
Caixa Líquido Actividades Operacionais
Caixa Gerado nas Operações
Lucro líquido do exercício
Provisão, encargos, empréstimos, financiamentos
Depreciação, exaustão e amortização
Resultado na baixa e alienação de bens
Resultado de participações societárias
Ganho e perda na variação percentual
IR e CS diferidos
Provisão passivo actuarial
Provisão para contingências
Outras provisões
Variações nos activos e passivos
Contas a receber
Estoques
Créditos com controladas
Impostos a compensar
Fornecedores
Salários e encargos sociais
Tributos
Contas a pagar - empresas controladas
Passivos contingentes
Instituições financeiras juros
Instituições financeiras swap
Caixa Líquido Actividades de Investimento
Depósitos judiciais
Investimentos
Imobilizado
Diferido
Caixa Líquido Actividades Financiamento

35
Empréstimos e financiamentos
Recebimento pela emissão de acções
Debentures
Instituições financeiras - principal
Dividendos e juros s/ capital próprio
Acções em tesouraria
Variação Cambial s/ Caixa e Equivalentes
Aumento (Redução) de Caixa e Equivalentes
Saldo Inicial de Caixa e Equivalentes
Saldo Final de Caixa e Equivalentes
Contas a pagar - empresas controladas
Passivos contingentes

2.7 Demonstração do valor adicionado


A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe contábil que evidencia, de forma
sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado
período e sua respectiva distribuição.
A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado, é calculada a partir da
diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros
utilizados no processo de produção da empresa.
A utilização do DVA como ferramenta gerencial pode ser resumida da seguinte forma:

 Como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência da


empresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o
valor das entradas, e

 Como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuição


da riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes
Financiadores e dos Accionistas.
O valor adicionado demonstra, ainda, a efectiva contribuição da empresa, dentro de uma visão
global de desempenho, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida, sendo
resultado do esforço conjugado de todos seus factores de produção.
A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social, constitui,
desse modo, uma importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de

36
elementos que permitem a análise do desempenho económico da empresa, evidenciando a
geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.

Demonstração do Valor Adicionado


Em Mzn 20X 20X2
1
DESCRIÇÃO
1-RECEITAS
1.1) Vendas de mercadoria, produtos e serviços
1.2) Provisão p/ devedores duvidosos – Reversão/ (Constituição)
1.3) Não operacionais
2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI)
2.1) Matérias-primas consumidas
2.2) Custos das mercadorias e serviços vendidos
2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.4) Perda/Recuperação de valores activos
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – RETENÇÕES
4.1) Depreciação, amortização e exaustão
5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA
ENTIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
– DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
8.1) Pessoal e encargos
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.3) Juros e aluguéis
8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos
8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício
* O total do item 8 deve ser exactamente igual ao item 7.
– DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Após a apresentação das principais Demonstrações Financeiras, vale assinalar que existem
algumas outras peças contábeis extremamente importantes que devem ser levadas em
consideração pelos gestores, no sentido de obter explicações detalhadas sobre diversas contas,
tanto do Balanço Patrimonial, quanto da Demonstração do Resultado e que são apresentadas de
forma sintética. Entre elas, destacamos o Relatório Anual e as Notas Explicativas.

37
Exercícios de Fixação
Questão 1: O Balanço Patrimonial é um demonstrativo que visa:
a) ( ) apresentar os resultados da empresa após o exercício encerrado.
b) ( ) apresentar a situação financeira e patrimonial da empresa em um determinado momento.
c) ( ) apresentar a variação do caixa no decorrer do exercício contábil.
d) ( ) apresentar a variação do património líquido.
e) ( ) apresentar o resultado do valor adicionado ao longo do exercício contábil da empresa.

Questão 2: O Activo Não Circulante é formado pelos seguintes subgrupos:


a) ( ) Realizável em Curto Prazo, Imobilizado, Investimentos, Intangível.
b) ( ) Realizável em Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado, Intangível.
c) ( ) Investimentos, Imobilizado, Património Líquido, Intangível.
d) ( ) Realizável em Longo Prazo, Património Líquido, Intangível.
e) ( ) Investimentos, Intangível, Financiamentos em Longo Prazo, Imobilizado.

Questão 3: A Demonstração de Resultados do Exercício tem como objectivo básico:


a) ( ) apurar o lucro ou prejuízo obtido pela empresa durante determinado período (exercício
social), com base no regime de caixa.
b) ( ) apurar o lucro ou prejuízo obtido pela empresa durante determinado período (exercício
social), com base no regime de capital.
c) ( ) apurar o lucro ou prejuízo obtido pela empresa durante determinado período (exercício
social), com base no regime de competência.
d) ( ) apurar o lucro ou prejuízo obtido pela empresa durante determinado período (exercício
social), com base no regime social.
e) ( ) apurar o lucro ou prejuízo obtido pela empresa durante determinado período (exercício
social), com base no regime contábil.

Questão 4: A Demonstração de Mutações do Património Líquido nos permite:


a) ( ) avaliar as alterações ocorridas no caixa da empresa entre dois exercícios contábeis.
b) ( ) conhecer a estrutura de capital da empresa.

38
c) ( ) analisar as principais variações nos resultados operacionais da empresa.
d) ( ) detalhar as principais modificações que afectaram o património líquido no período.
e) ( ) identificar os principais fatos que alteraram a situação patrimonial da empresa.

Questão 5: A Demonstração do Fluxo de Caixa propicia:


a) ( ) apurar o resultado do período, através da variação do caixa.
b) ( ) identificar as principais contas do activo e do passivo, através da variação do caixa.
c) ( ) identificar o processo de obtenção do resultado, através da variação do caixa.
d) ( ) identificar as contas de receitas e despesas, através da variação do caixa.
e) ( ) identificar o processo de circulação do dinheiro, através da variação de caixa.

2.8 Objectivos da análise económico-financeira


A Análise das Demonstrações Financeiras visa relatar, com base nas informações contábeis
fornecidas pelas empresas, a posição económico-financeira actual, as causas que determinaram a
evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise das demonstrações
financeiras, extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura (projectada) de
uma empresa.
O objectivo de um processo de análise económico-financeira é permitir uma visão clara e
abrangente do desempenho da empresa, considerando os vários aspectos envolvidos.
Convém afirmar que uma determinada operação empresarial, para alcançar plenamente as
condições de eficiência, deve atender de forma integral aos enfoques inerentes a qualquer
negócio.

ENFOQUE ECONÔMICO POTENCIALIDADE DE GERAÇÃO DE LUCROS

ENFOQUE FINANCEIRO CAPACIDADE DE GERAÇÃO DE CAIXA

ENFOQUE PATRIMONIAL OTIMIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS E DAS


FONTES DE FINANCIAMENTO

39
ENFOQUE DEMONSTRAÇÃO DE

ECONÔMICO RESULTADO DO EXERCÍCIO

ENFOQUE ENFOQUE

FINANCEIRO PATRIMONIAL

FLUXO DE CAIXA BALANÇO PATRIMONIAL

Tão importante quando a capacidade de geração de lucros está a potencialidade de geração de


caixa associada à estrutura do património e as fontes de financiamento utilizadas.

Metodologias de análise

No processo de realização de uma análise económico-financeira, podemos usar metodologias


diferentes, as quais, porém, convergem para o mesmo resultado. As metodologias mais utilizadas
por aqueles que realizam análises são denominadas de Análise Vertical, Análise Horizontal e
Análise por Quocientes ou Índices.

Também é possível conciliar o uso de aspectos ligados às três metodologias, o que dá mais
consistência aos pareceres emitidos pelos analistas.

Análise vertical

A Análise Vertical é obtida pela transformação dos valores de um grupo qualquer dos
demonstrativos contábeis em percentuais; com isso, podemos visualizar melhor a importância de
cada grupo no total que estamos considerando.

A análise vertical é a técnica mais simples e também uma das mais completas para a realização
da análise económico-financeira. Ela mede PROPORÇÕES entre valores, ajudando-nos a
determinar quais as contas de maior importância e relevância para a análise.

40
Na análise do Activo, ela mede como a empresa distribui ou usou seus recursos dentro do
Activo. É importante começar esta análise pelos principais grupos (Circulante, Não Circulante) e
só depois ver cada conta isoladamente (Duplicatas a Receber, Estoques, Imobilizado, etc).

Na análise do Passivo, ela mede como a empresa obteve os recursos que estão ajudando a
financiar seus Activos. É importante começar a análise pelo Património Líquido (a principal
fonte de recursos) e depois os dois grupos de dívidas (Circulante e Exigível L. Prazo) e só então
cada conta isoladamente. Não se deve, porém, analisar as contas dentro do Património (analise
apenas o total dele).

Na análise da Demonstração de Resultados, ela mede quanto cada custo ou despesa consumiu
das receitas e, no fim, se houve sobras (lucros) ou faltas (prejuízos).

FÓRMULA DE CÁLCULO
CÁLCULO VALOR DA CONTA X 100
ANÁLISE BASE
VERTICAL
Arredonde os resultados dos cálculos
Não use casas decimais

O Total do Activo é a base de cálculo para todas as contas do Activo.

O Total do Passivo é a base de cálculo para todas as contas do Passivo (que sempre tem o mesmo
total que o Activo).

A Receita Líquida de Vendas ou Vendas Líquidas é a base de cálculo para todas as contas de
Demonstração de Resultados.

Para cálculo na HP-12 C

O que é feito Dados Teclas


ETAPA 1 Eliminar casas decimais F CLX
Arquivar a BASE Valor MT da BASE ENTER
ETAPA 2 Cálculo MT da conta %T

41
Recuperação da BASE R
Para fazer todos os cálculos, utilize apenas a Etapa 2.

Quando for necessário trocar a BASE, volte para a Etapa 1.

Balanço Patrimonial de Adelino S.A.

Adelino 31/12/2005 31/12/2006 31/12/2007


Activo
Activo total 21879186 100% 26929543 100% 41477639 100%
Activo Circulante 12129178 55,44% 14053657 52,19% 15312973 35,18%
Disponível e Inv. CP 271399 1,24% 703233 2,61% 5139373 9,17%
Créditos Comerciais 7452865 34,06% 8284365 30,76% 4116939 8,41%
CP
Estoques 4018629 18,37% 4645052 17,25% 6056661 17,61%
Outros Activos CP 386285 1,77% 421007 1,56% 0 0,00%
Activo não circulante 9750008 44,56% 12875886 47,81% 26164666 64,82%
Realizável LP 882798 4,03% 1237603 4,60% 2572746 5,79%
Outros Ativos LP 882798 4,03% 1237603 4,60% 2572746 5,79%
Inv. em subsid. e 112668 0,51% 363873 1,35% 6690261 22,17%
outros
Imobilizado 8693501 39,73% 11183651 41,53% 15827944 33,96%
Intangíveis e ágio 61041 0,28% 90759 0,34% 1073715 2,90%
Passivo
Passivo e património 21879186 100% 26929543 100% 41477639 100%
líquido
Passivo Circulante 4189108 19,15% 5496694 20,41% 6587148 14,35%
Financiamento CP 1327248 6,07% 1959650 7,28% 2500985 6,41%
Debentures CP 2719 0,01% 1173 0,00% 38125 0,25%
Fornecedores CP 1675464 7,66% 2060250 7,65% 2586634 4,84%
Impostos a Pagar CP 306067 1,40% 420328 1,56% 462311 0,88%
Dividendos a Pagar 208774 0,95% 259454 0,96% 392 0,01%
CP
Outros Passivos CP 668836 3,06% 795839 2,96% 998701 1,97%
Passivo não 7549558 34,51% 8701736 32,31% 182413 43,24%
circulante
Exigível LP 7549558 34,51% 8701736 32,31% 182413 43,24%
Financiamento LP 5352420 24,46% 6347033 23,57% 12461128 31,49%
Debentures LP 969043 4,43% 758024 2,81% 903151 1,20%
Outros Passivos LP 1228095 5,61% 1596679 5,93% 4884134 10,55%
Part. accionistas 2098334 9,59% 2766475 10,27% 3929573 8,26%
minorit.
Património líquido 8042186 36,76% 9964638 37,00% 12712505 34,15%

42
Por exemplo:

Para calcular a Análise Vertical (“AV”) de cada conta do Balanço acima utilizando a calculadora
HP 12 C e a fórmula da página anterior, faça o seguinte:

CÁLCULO DA “AV” DO “DISPONÍVEL” (ATIVO CIRCULANTE) – ANO 2005

1) Tecle f e 0 para eliminar casas decimais.

2) Introduza o valor R$ 21879186 e tecle ENTER para arquivar a BASE = Total do Ativo.

3) Introduza o valor de R$ 271399 (Disponível e Inv CP), tecle % T. Aparecerá no visor 1.

Este resultado: esta conta representa 1,24% do Total do Activo.

Continue os cálculos das outras contas. Não é necessário iniciar o processo todo, mas, seguindo a
fórmula, executar somente a etapa 2.

Pela Análise Vertical, podemos, por exemplo, responder mais facilmente duas perguntas
fundamentais observando as contas do Balanço Patrimonial:

De onde vêm os recursos da empresa?

Podemos avaliar se os recursos se originam de Recursos Próprios – Património Líquido – ou de


Recursos de Terceiros – Passivo Circulante e Exigível em Longo Prazo. Podemos ir mais longe
verificando como estão constituídos estes recursos, tipo Empréstimos, que são onerosos ou
Fornecedores que são não onerosos/operacionais.

Onde esses recursos estão sendo aplicados?

Podemos verificar qual o percentual dos recursos que estão aplicados/alocados no Activo
Circulante e em quais contas e qual o percentual está alocado em Activos não Circulantes tipo
Imobilizados da empresa.

Demonstração de Resultados do Exercício da Gerdau S.A.

DEMONSTRAÇÃO 31/12/2005 31/12/2006 31/12/2007


DE RESULTADO
Receita Bruta 25485818 27510940 27510940

43
Impostos sobre 4240070 3994180 3570738
Vendas
Receita líquida 21245748 100% 23516760 100% 30613528 100%
operacional
Custo Produtos 15519861 73,05% 17020825 72,38% 23131527 75,56%
Vendidos
Lucro Bruto 5725887 26,95% 6495935 27,62% 7482001 24,44%
Despesas 1654707 7,79% 2158349 9,18% 2496592 8,16%
operacionais próprias
Despesas com 514443 2,42% 516927 2,20% 618938 2,02%
Vendas
Despesas 1140264 5,37% 1641422 6,98% 1877654 6,13%
Administrativas
Outras rec.(desp) 131426 0,62% -19972 -0,08% -171958 -0,56%
operacionais
Lucro operac. 4202606 19,78% 4317614 18,36% 4813451 15,72%
próprio/actividade
Resultado -29916 -0,14% 321735 1,37% 332569 1,09%
Financeiro
Equivalência -131195 -0,62% -244804 -1,04% 118399 0,39%
patrimonial
Lucro Operacional 4041495 19,02% 4394545 18,69% 5264419 17,20%
Resultados não 292755 1,38% -67153 -0,29% 0 0,00%
Operacionais
LAIR 4334250 20,40% 4327392 18,40% 5264419 17,20%
Provisão imposto de 915043 4,31% 907604 3,86% 872315 2,85%
renda
IR Diferido 146628 0,69% -88675 -0,38% 82011 0,27%
Partic./Contrib. 27339 0,13% 16174 0,07% 0 0,00%
Estatutária
Participação 463900 2,18% 611367 2,60% 757342 2,47%
accionista
minoritário
Lucro líquido 2781340 13,09% 2880922 12,25% 3552751 11,61%

Para calcular a Análise vertical (“AV”) da Demonstração de Resultados (DRE) com a fórmula da
HP 12C, procede-se da mesma forma que no cálculo do Activo e Passivo, mudando apenas a
BASE que passa a ser a RECEITA LÍQUIDA. A análise inicia-se pela Receita Líquida (vale
100%).

CÁLCULO DA “AV” DE CUSTOS PRODUTOS VENDIDOS – ANO 2005

1) Tecle f e 0 para eliminar casas decimais.

44
2) Introduza o valor R$ 21245748 e tecle ENTER para arquivar a BASE (Receita Líquida).

3) Introduza o valor de R$ 15519861 (Custo dos Produtos Vendidos) e tecle % T. Aparecerá no


visor 73,05. Este resultado: esta conta representa 73,05% da Receita Líquida.

Análise horizontal

A Análise Horizontal mostra a evolução histórica dos itens dos demonstrativos contábeis de um
período para outro, visando caracterizar tendências.

É sempre realizada através de índices. O índice do ano-base é 100 e os anos subsequentes são
expressos em relação ao ano-base.

Vejamos o seguinte exemplo:

RUBRICAS 19X0 AH 19X1 AH VAB


Receita 152.427,00 100,00% 175.291,00 115,00% 15,00%
Operacional
Líquida
CMV (133.034,00) 100,00% (146.337,00) 110,00% 10,00%
Lucro Bruto 20.393,00 100,00% 28.954,00 141,98% 41,98%
AH = Análise Horizontal = Rubrica 19X1: Rubrica 19X0 x 100

VAB = Variação em Relação ao Ano Base = (Rubrica 19X1: Rubrica 19X0) - 100

Quando estamos montando as planilhas de demonstrativos, é recomendável mostrar apenas a


variação em relação ao ano-base; no exemplo, Receita Operacional Líquida seria apresentada
como 115,00% = (115,00 - 100).

Podemos também utilizar a HP 12 C para realizarmos o cálculo conforme abaixo:

CÁLCULO DA “AH” DA RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA – ANO 19x1

4) Tecle f e 0 para eliminar casas decimais.

5) Introduza o valor R$ 152427 e tecle ENTER para arquivar a BASE (Receita Operacional
Líquida 19x0).

45
6) Introduza o valor de R$ 175291 (Receita Opercaional Líquida 19x1) e tecle Δ%. Aparecerá no
visor 15,00. Este resultado representa 15,00% de acréscimo sobre a Receita Operacional Líquida
de 19x0.

A Análise Horizontal é utilizada por muitos analistas para complementar a Análise de


Desempenho da empresa. Para verificarmos se houve crescimento real ou não da Receita Líquida
Operacional, por exemplo, devemos comparar o índice obtido com a taxa deinflação do período;
no caso, se a inflação foi superior ao índice, houve um decréscimo, caso contrário, houve um
acréscimo real da Receita Operacional Líquida no período.

Análise por Quocientes / Índices

Quociente, como o próprio nome indica, é o resultado da divisão de um grupo de contas por
outro grupo de contas. Saber extrair informações úteis desses quocientes (índices) é o ponto forte
da Análise das Demonstrações Financeiras.

Depois de obtermos o índice, não devemos de imediato afirmar que ele é ruim, regular ou bom; é
necessário:

a) Compará-lo com o índice do sector de actividade da empresa;

b) Verificar se ele foi apurado de forma consistente;

c) Examinar uma série histórica (vários balanços).

Podemos, na Análise das Demonstrações Financeiras, dividir os índices em quatro grupos:

a) Índices de Liquidez;

b) Índices da Actividade ou Operacionais;

c) Índices de Estrutura de Capital ou Endividamento;

d) Índices de Rentabilidade e Lucratividade.

46
Análise Financeira

O Enfoque financeiro e patrimonial

Questões financeiras relevantes

Algumas questões são fundamentais dentro do processo de administração empresarial,


contemplando os aspectos de curto e longo prazo da operação.

A EMPRESA POSSUI PROBLEMAS FINANCEIROS IMEDIATOS?

A EMPRESA APRESENTA FÔLEGO PARA CONVIVER COM PERÍODOS DE


RECESSÃO?

A empresa é eficiente como um todo?

Como resposta, podemos dizer que os problemas financeiros imediatos podem ser medidos pelo
nível de liquidez apresentado pela operação. Já a capacidade para conviver com períodos de
recessão (redução do nível de actividade), pode ser avaliada pela forma que a empresa financia
sua operação (fontes de financiamento utilizadas).

No que toca à eficiência, resta avaliar se a empresa está aplicando de forma adequada seus
recursos de modo que obtenha o máximo aproveitamento na administração dos seus Ativos
Circulantes e dos seus Ativos Não Circulantes, principalmente seus Imobilizados (prédios,
instalações, equipamentos, etc).

2.9 Índices de liquidez


Liquidez

A saúde financeira de uma operação empresarial, em determinado momento, pode ser avaliada
pela capacidade de cobertura das exigibilidades de curto prazo e de longo prazo, ou seja, pelos
níveis de liquidez observados. De forma mais simples, os índices de liquidez avaliam quantos
reais a empresa dispõe nos seus Activos para fazer face aos compromisso/obrigações assumidas
que estão contempladas nos seus Passivos. Qualquer agente económico pode realizar este cálculo
bastando para tanto avaliar o quanto dispõe no seu caixa e bancos além de activos que em curto
espaço de tempo possam ser convertidos em dinheiro e comparar este valor com relação às
obrigações/compromissos que no mesmo período precisa honrar.
47
Costuma-se afirmar, com propriedade, que uma operação bem ajustada financeiramente é
condição necessária para a manutenção do negócio em condições saudáveis. Complementando,
pode-se atestar:

É IMPOSSÍVEL SOBREVIVER SEM LIQUIDEZ

Na análise económico-financeira, existem três índices de liquidez que geralmente são apurados,
conforme veremos a seguir.

Liquidez geral

A liquidez geral visa analisar a capacidade financeira da empresa, considerando os horizontes de


curto, médio e longo prazo. Avalia a capacidade geral de pagamento da empresa, do ponto de
vista gerencial, entretanto, trata-se de um indicador gerencial de pouca validade.

ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO


PASSIVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO

Liquidez corrente

A liquidez corrente é determinada pela comparação entre os itens componentes do ativo


circulante com o passivo circulante, medindo, assim, pontualmente, a capacidade de pagamento
de curto prazo.

ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE = ATIVO CIRCULANTE/ PASSIVO


CIRCULANTE

Liquidez seca

A liquidez seca é um índice de gestão que visa analisar a capacidade financeira da operação,
eliminando o peso dos estoques na formação do capital de giro. Como no caso da liquidez
corrente, trata-se de um indicador que propicia uma determinada conclusão, considerando um
momento específico.

48
ATIVO CIRCULANTE – ESTOQUES / PASSIVO CIRCULANTE

O ciclo e o giro de caixa

O permanente aumento no nível de rotatividade do capital de giro aplicado no negócio é fator


decisivo para a manutenção do equilíbrio financeiro da operação. O capital de giro pode ser
definido como sendo a parcela de recursos utilizada directamente na operação corrente da
empresa (caixa, contas a receber, estoques, etc). Para tanto, é fundamental o acompanhamento
sistemático do ciclo operacional, destacando-se os factores relevantes.

Na verdade, um ciclo de caixa ajustado, influenciará positivamente o comportamento do capital


de giro investido. O ciclo operacional da empresa é aquele que envolve o quotidiano da empresa,
sua actividade principal, seu funcionamento no dia a dia. A optimização dos prazos médios de
permanência de estoques, contas a receber e contas a pagar, deve ser um objectivo permanente
por parte da administração da empresa.

O ciclo operacional de caixa é mensurado através da seguinte relação:

PRAZO MÉDIO DE PERMANÊNCIA DE ESTOQUES ( + ) PRAZO MÉDIO DE


CONTAS A RECEBER ( + ) = CICLO OPERACIONAL
PRAZO MÉDIO DE CONTAS A PAGAR ( - ) = CICLO DE CAIXA ou FINANCEIRO

Conhecendo-se o ciclo de caixa, pode-se determinar consequentemente o giro de caixa da


empresa, ou seja, o de rotação com base num determinado período de tempo.

A metodologia básica para determinar os prazos médios dos itens componentes do capital de giro
é a seguinte:

Obs: tomando-se como base uma análise com período anual, temos:

PRAZO MÉDIO PERMANÊNCIA DE ESTOQUES

49
(ESTOQUE / CUSTO PROD. VENDIDOS) x 360

PRAZO MÉDIO DE CONTAS A RECEBER

(CONTAS A RECEBER / RECEITA LÍQUIDA ) x 360

PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DAS CONTAS A PAGAR

(CONTAS A PAGAR / CUSTO DE PRODUTOS VENDIDOS) x 360

EXEMPLO:

Suponha uma empresa operando dentro das seguintes condições:

PRAZO MÉDIO DE PERMANÊNCIA DE ESTOQUE ---- 45 DIAS;

PRAZO MÉDIO DE CONTAS A RECEBER --------------. 35 DIAS;

PRAZO MÉDIO DE CONTAS A PAGAR ----------------. 30 DIAS;

CICLO DE CAIXA --------------------------------------- 45 + 35 - 30 = 50 DIAS

GIRO DE CAIXA COM BASE NUM PERÍODO ANUAL: 360 / CICLO DE CAIXA =

360 / 50 DIAS = 7,2 VEZES

Cada grupo pertencente ao ciclo operacional de caixa deve ser sistematicamente examinado,
considerando sua composição específica, o peso relativo em relação ao total e o prazo associado
ao grupo respectivo.

A administração correta do ciclo operacional e financeiro da empresa é factor fundamental para a


qualidade do fluxo de caixa decorrente, ou seja, a geração de caixa de determinada operação é
consequência directa das premissas assumidas no ciclo financeiro. Como exemplo, podemos
citar:

50
 Dimensionamento da composição dos estoques da empresa, % sobre o investimento,
considerando-se o prazo médio ideal de rotação a nível de cada produto e/ou grupo de
produtos;
 Análise de composição dos clientes da empresa, associando-se a possibilidade de
inadimplência ---> quanto maior a concentração em poucos clientes, maior será o grau de
risco;
 concentração das compras em poucos fornecedores, o que pode representar um acréscimo
no risco em termos de política de preços, bem como no tocante à regularidade no
fornecimento.
Assim, quaisquer modificações no perfil do ciclo operacional e, consequentemente, financeiro,
poderá trazer modificações importantes para a geração de caixa da actividade.

Endividamento / Estrutura de capital

A estrutura de capital significa como a empresa utiliza os seus recursos próprios ou os recursos
de terceiros para financiar suas actividade ou seus activos.

É comum a empresa utilizar recursos de terceiros como forma complementar para financiamento
de suas actividades, e o importante da análise está na verificação da composição do
endividamento, a qual pode comprometer em menor ou maior escala sua saúde financeira.

Endividamento de curto prazo

Indica qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação ao total das fontes de recursos.
A fórmula básica para determinação é:

PASSIVO CIRCULANTE / PASSIVO TOTAL

Endividamento em longo prazo

Indica qual o percentual de obrigações em longo prazo em comparação ao total das fontes de
recursos. A fórmula básica é:

EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO / PASSIVO TOTAL

51
Se a composição do endividamento apresentar uma significativa concentração no passivo
circulante, a empresa pode vir a ter problemas em momentos de desaquecimento do mercado,
pois terá que gerar recursos para suportar os compromissos vencíveis a curto prazo. Caso haja
um maior equilíbrio entre curto e longo prazo, mesmo num momento de reversão de negócios, a
empresa terá mais tempo para gerar os recursos necessários.

Endividamento geral

Indica qual a parcela do capital de terceiros (de curto e longo prazo) em relação ao total das
fontes de recursos da empresa. A fórmula básica é:

PASSIVO CIRCULANTE + EXIG. EM LONGO PRAZO / PASSIVO TOTAL

Passivo / Património líquido

Indica qual a parcela do capital de terceiros em relação ao património líquido. A fórmula básica
é:

PASSIVO CIRCULANTE + EXIG. EM LONGO PRAZO / PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Análise económica

Análise de performance do resultado (lucratividade) e de retorno da aplicação de recursos


(rentabilidade).

Ao realizar a apuração dos indicadores económicos, estamos realizando uma avaliação da


operação da empresa, tendo em vista que através desses indicadores, se comparados ano a ano,
poderemos perceber se estão ocorrendo ganhos de margens sobre a receita líquida operacional,
acréscimos ou decréscimos dos indicadores de retorno sobre o investimento e sobre o capital
próprio da empresa.

52
Lucratividade do negócio

Trata-se de uma questão básica a ser considerada em qualquer análise gerencial. Um negócio
para ser considerado economicamente viável deve gerar um nível de lucratividade capaz de
remunerar o capital investido na actividade.

Assim, devemos eleger alguns indicadores de desempenho, os quais podemos destacar:

 Margem bruta sobre vendas (%)  apurada através da divisão do lucro bruto pela receita
operacional líquida, tratando-se do 1º nível de análise da performance operacional, que
avalia o peso dos custos em relação à receita operacional líquida;

 Margem EBITDA (%)  apurada através da divisão do lucro operacional da atividade +


depreciação pela receita operacional líquida, observando o impacto das despesas
operacionais (fixas + variáveis), administrativas e comerciais no contexto da operação;

 Margem líquida (%)  apurada pela divisão entre o lucro líquido e a receita operacional
líquida.

Retorno sobre o activo (RSA)

RSA = LUCRO LÍQUIDO/ ATIVO TOTAL

O índice de retorno sobre o activo indica a lucratividade que a empresa propicia em relação aos
investimentos totais representados pelo activo total médio.

Pode ser decomposto da seguinte maneira, conforme abaixo:

Giro do Activo (GA)

GIRO DO ATIVO (GA) = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA / ATIVO TOTAL


MÉDIO

Este indicador estabelece a relação entre as vendas do período e os investimentos totais efetuados
na empresa, os quais estão representados pelo activo total médio.

53
Margem líquida sobre as vendas

Margem líquida = LUCRO LÍQUIDO/ RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

Compara o lucro líquido em relação às vendas líquidas do período, fornecendo o percentual de


lucro que a empresa está obtendo em relação ao seu faturamento.

Então, o Retorno Sobre o Activo (RSA) pode ser apurado através da associação da margem
líquida obtida e do seu giro de activos.

RETORNO SOBRE O ATIVO (MARGEM x GIRO)

Considerando o retorno sobre o investimento como um dos pontos principais de uma operação
empresarial, nada mais apropriado do que analisar a maneira pela qual é formado. É fundamental
o conhecimento das causas de formação do nível de retorno sobre o investimento. Para tal, foi
desenvolvida uma relação que procura analisar a capacidade de geração de lucros em relação à
receita (margem), com o grau de produtividade dos activos empregados na operação (giro).

A fórmula básica para a determinação está definida da seguinte forma:

MARGEM = LUCRO LÍQUIDO / RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (%)

GIRO = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA / ATIVO TOTAL MÉDIO

= (Nº DE VEZES)

Determinada taxa de retorno pode ser obtida através de diversas composições de margem e giro.
Como exemplo, vamos imaginar uma taxa de retorno de 18%.

GIRO (nº de vezes) 1 2 3


MARGEM (%) 18% 9% 6%
=
RETORNO SOBRE O ATIVO 18% 18% 18%

Com esse desdobramento da taxa de retorno, podemos identificar as causas imediatas observadas
que tenham propiciado uma queda ou incremento no indicador. No caso de uma redução da taxa

54
de retorno provocada por uma diminuição do giro, certamente o activo terá crescido em
proporção superior às vendas. Da mesma forma, a análise deverá ser feita quando a causa básica
tiver origem na margem.

Rentabilidade do capital próprio

Este indicador de desempenho visa avaliar a eficiência do patrimônio líquido aplicado na


operação da empresa. Trata-se da remuneração líquida obtida pelos recursos dos acionistas. A
fórmula básica de cálculo é composta da seguinte forma:

LUCRO LÍQUIDO DO PERÍODO / PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÉDIO

Actividade proposta

Vamos realizar uma breve análise económico-financeira dos três últimos exercícios da
Mussapata Participações através dos seus Balanços Patrimoniais e dos seus Demonstrativos de
Resultados, calculando e comentando sobre os seguintes aspectos:

 Indicadores da Liquidez ou Capacidade de Pagamento.


 Indicadores da Actividade destacando Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa.
 Indicadores da Estrutura de Capital ou Endividamento.
 Indicadores de Lucratividade e Rentabilidade.

Balanço Patrimonial – Mussapata Participações

Mussapata Participações
Balanço Patrimonial 2012 2011 2010
Activo Circulante (milhões de Mzn) 511,2 497,7 390,4
Disponibilidades (milhões de Mzn) 18,1 21,9 44,7
Títulos e valores mobiliários (milhões de Mzn) 122,3 147,6 120,7
Contas a receber (milhões de Mzn) 279,7 244,1 156,4
Contas a compensar (milhões de Mzn) 5,4 16,7 14,5
Adiantamentos a funcionários/terceiros (milhões de Mzn) 26 17,5 6,2
Partes relacionadas (milhões de Mzn) 0,3 0,3 7,1
Despesas antecipadas (milhões de Mzn) 30,9 10,3 10
Impostos e contribuições (milhões de Mzn) 10,6 18,3 30,8
Outros (milhões de Mzn) 17,9 21,2 30,8
Activo Não Circulante (milhões de Mzn) 728,6 571 414,1
Realizável em Longo Prazo (milhões de Mzn) 125,8 79,1 58,7
Despesas antecipadas (milhões de Mzn) 1,3 0,7 2,2
Partes relacionadas (milhões de Mzn) 0 - 3,2

55
Depósitos judiciais (milhões de Mzn) 83,2 63,6 38,1
Impostos e contribuições (milhões de Mzn) 20,9 - -
Impostos Diferidos (milhões de Mzn) 20,4 14,9 15,3
Permanente (milhões de Mzn) 602,8 491,9 355,4
Investimentos (milhões de Mzn) 0,2 0,2 7,7
Imobilizado (milhões de Mzn) 294,7 263,8 211
Intangível (milhões de Mzn) 307,9 227,9 136,7
Total do Ativo (milhões de Mzn) 1.239,80 1.068,70 804,5
Passivo Circulante (milhões de Mzn) 193,3 134,7 139,5
Empréstimos e financiamentos (milhões de Mzn) 13,9 6,5 1,8
Fornecedores (milhões de Mzn) 35,4 18,2 17,8
Salários e encargos sociais (milhões de Mzn) 65,7 57,5 58
Obrigações tributárias (milhões de Mzn) 22,2 15,6 18,9
Mensalidades recebidas antecipadamente (milhões de 8,9 9 18,9
Mzn)
Adiantamento de convénio (milhões de Mzn) 2,9 2,9 -
Parcelamento de tributos (milhões de Mzn) 2,2 0,2 0,3
Dividendos a pagar (milhões de Mzn) 26,1 16,7 19,2
Compromissos a pagar (milhões de Mzn) 13 5,4 1,5
Outros (milhões de Mzn) 3,1 2,7 3,2
Exigível em Longo Prazo (milhões de Mzn) 339,5 315,1 79,1
Empréstimos e financiamentos (milhões de Mzn) 265,9 247,8 7,8
Compromissos a pagar (milhões de Mzn) 13 5,4 1,5
Provisão para contingências (milhões de Mzn) 23,2 32,4 36,4
Adiantamento de convénio (milhões de Mzn) 12 14,9 20,7
Parcelamento de tributos (milhões de Mzn) 6,4 4,4 1,5
Provisão para desmobilização de ativos (milhões de Mzn) 14 13,7 12,7
Impostos Diferidos (milhões de Mzn) 1,6 1,8 -
Compromissos a pagar (milhões de Mzn) 11,2 - -
Outros (milhões de Mzn) 5,1 - -
Património Líquido (milhões de Mzn) 707 618,9 585,9
Capital social (milhões de Mzn) 369,3 361,6 360,1
Gastos com emissões de acções (milhões de Mzn) -2,8 - -
Reservas de capital (milhões de Mzn) 114,3 109,8 106,9
Reservas de lucros (milhões de Mzn) 237,6 153,9 100,5
Lucros acumulados (milhões de Mzn) - - -
Dividendos Adicionais Propostos (milhões de Mzn) - - 19,2
Ajustes acumulados de conversão (milhões de Mzn) - - -0,4
Acções em tesouraria (milhões de Mzn) -11,3 -6,3 -0,3
Total do Passivo e Patrimônio Líquido 1.239,80 1.068,70 804,5

56
Exercícios de fixação

Questão 1: Uma boa análise económico-financeira contempla três grandes enfoques,


conforme uma das alternativas abaixo:

a) ( ) Enfoque financeiro, enfoque do endividamento, enfoque da rentabilidade do investimento.


b) ( ) Enfoque patrimonial, enfoque económico, enfoque financeiro.
c) ( ) Enfoque financeiro, enfoque da liquidez, enfoque económico.
d) ( ) Enfoque do endividamento, enfoque do lucro e enfoque da liquidez.
e) ( ) Enfoque orçamentário, enfoque financeiro e enfoque patrimonial.

Questão 2: Através das demonstrações financeiras podemos calcular diversos tipos de


indicadores que são divididos em grupos que nos levam ao entendimento e avaliação dos
seguintes tópicos:

a) ( ) da capacidade de pagamento, da capacidade gerencial, da actividade económica, da


estrutura de capital.
b) ( ) Da estrutura de capital, do sistema de governança corporativa, da capacidade de
pagamento, da actividade económica.
c) ( ) Da actividade económica, da estrutura de capital, da actividade operacional, da
concorrência.
d) ( ) da sua estrutura de capital, da actividade operacional, da actividade económica, da
capacidade de pagamento.
e) ( ) Da sua estrutura orçamentária, da actividade gerencial, da actividade económica, da
estrutura de capital.

Questão 3: Um índice de liquidez corrente igual a dois irá demonstrar que:

a) ( ) A empresa encontra-se à beira da insolvência.


b) ( ) A empresa tem plena capacidade de honrar seus compromissos.
c) ( ) A capacidade de honrar os compromissos está no limite.
d) ( ) A empresa é muito lucrativa.
e) ( ) A empresa está em concordata.

Questão 4: Comparando o índice de participação do capital próprio das empresas abaixo


indique qual das empresas tem menor participação do capital de terceiros.

a) ( ) 32%
b) ( ) 48%
c) ( ) 61%
d) ( ) 45%
e) ( ) 25%

57
Questão 5: O ciclo operacional de uma empresa é composto de:

a) ( ) Prazo médio de recebimentos mais prazo médio de contas a pagar.


b) ( ) Prazo médio de conversão de estoques mais prazo médio de fornecedores.
c) ( ) Prazo médio de recebimentos menos prazo médio de empréstimos.
d) ( ) Prazo médio de conversão de estoques mais prazo médio de recebimentos.
e) ( ) Prazo médio de empréstimos menos prazo médio de caixa

TEMA-III FLUXO DE CAIXA E PLANEAMENTO FINANCEIRO

3.1 FLUXO DE CAIXA


O fluxo de caixa é considerado umas das principais ferramentas gerenciais, pois permite a
visualização das operações feitas pela empresa, auxiliando na tomada de decisão, medindo as
necessidades futuras de recursos, a capacidade de pagamento dos compromissos assumidos, bem
como a disponibilidade para investimentos.

É a ferramenta mais eficaz na gestão financeira da empresa, o fluxo de caixa é o instrumento que
permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos
financeiros de sua empresa para um determinado período.

O fluxo de caixa é uma fonte de informações que ajuda aos administradores financeiros a
sustentarem suas análises. O fluxo de caixa é elaborado através de dados contábeis, visando
verificar os planos de contas mais importantes da empresa, tais como:

 Vendas à Vista;
 Vendas a Prazo;
 Compras à Vista;
 Compras a Prazo;
 Impostos;
 Salários; e
 Aluguel.
O fluxo de caixa é o registo e o controle sobre a movimentação de caixa de qualquer empresa,
expressando as entradas e saídas de recursos financeiros ocorridos em curto e médio prazo. O

58
fluxo de caixa assume importante papel no planeamento financeiro da empresa. Portanto, deve
ser constantemente revisto e actualizado.

O fluxo de caixa vem sendo muito utilizado por administradores financeiros, pois é um dos
instrumentos que mais auxilia na obtenção do equilíbrio financeiro da empresa.

Manter o controlo financeiro é essencial para a sobrevivência de qualquer organização, bem


como a sua evolução e permanência no mercado. O fluxo de caixa surge como uma ferramenta
peculiar, pois possibilita ao administrador planejar, controlar e analisar as receitas, despesas e
investimentos em determinado período de tempo. O fluxo de caixa é uma ferramenta prática de
fácil elaboração e entendimento que demonstra as operações financeiras que serão realizadas
pela empresa, facilitando a tomada de decisão.

O fluxo de caixa como o método de captura e registo de fatos e valores que alteram o saldo do
caixa. A palavra caixa significa moeda e todos os valores que possam ser facilmente convertidos
em moeda, como depósitos bancários, cheques e aplicações de curtíssimo prazo e de alta
liquidez, conhecidos também como equivalentes de caixa.

O fluxo de caixa pode ser também conceituado como:

O instrumento utilizado pelo administrador financeiro com o objectivo de apurar os somatórios


de ingressos e de desembolsos financeiros da empresa, em determinado momento,
prognosticando assim se haverá excedentes ou escassez de caixa, em função do nível desejado de
caixa pela empresa.

O fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem ele não se saberá quando haverá recursos
suficientes para sustentar as operações ou quando haverá necessidade de financiamentos
bancários. Empresas que necessitam continuamente de empréstimos de última hora, poderão se
deparar com dificuldades de encontrar bancos que as financiem. O fluxo de caixa é um
instrumento de programação financeira, que corresponde às estimativas de entradas e saídas de
caixa em certo período de tempo projectado.

Uma boa administração necessita de informações para que a actividade da empresa flua de
maneira a atingir seu objectivo final que é o lucro. A partir de um fluxo de caixa bem planejado o
administrador da empresa passa a ter maior controle sobre os recursos financeiros.

59
Dessa forma o fluxo de caixa disponibiliza ao gestor programar e acompanhar os recebimentos
(entradas) e os pagamentos (saídas) de recursos financeiros, possibilitando à empresa a operar de
acordo com os objectivos a curto e a longo prazo.

O fluxo de caixa é o produto final da integração de contas a receber com contas a pagar. Pode-se
afirmar que o fluxo de caixa é um instrumento de controle e análise financeira que juntamente
com as demais demonstrações contábeis torna-se efectivamente um instrumento de apoio à
tomada de decisões de carácter financeiro.

Deste modo, o gerenciamento do fluxo de caixa é importante para o planeamento e controle


financeiro para qualquer empresa, pois oferta subsídios para a tomada de decisão e para acções
preventivas e correctivas em relação às disponibilidades.

3.2 Importância do panejamento financeiro do fluxo de caixa


Planejar é uma das tarefas mais importantes do administrador financeiro, e que não é uma das
tarefas mais fáceis. Através do planeamento é que realiza uma gestão eficaz. Se não planejar as
actividades, há o risco de ser surpreendido por imprevistos e colocar a organização em grandes
dificuldades, ou até mesmo levá-la à falência. O planeamento se faz necessário em todas as
actividades de uma empresa, mas, principalmente nas actividades da área financeira.

A função de planeamento relaciona-se com a primeira etapa de elaboração do fluxo de caixa. Em


termos práticos, as empresas que o utilizam dificilmente fracassam. O mesmo não ocorre com
aquelas que dele não fazem uso para planejar e controlar as suas actividades operacionais.

Ao planejar o fluxo de caixa de uma empresa, procura-se formular de maneira explícita as tarefas
a serem cumpridas e prever a obtenção dos recursos necessários dentro de uma limitação
específica de prazo. Deste modo, as actividades da empresa e suas subunidades para um período
futuro, e a própria dimensão temporal já introduz uma distinção entre planeamento em longo
prazo e o planeamento em curto prazo.

3.3 Planeamento do fluxo de caixa a curto prazo


O planeamento em curto prazo é feito para um período mais curto de tempo, acompanhado da
previsão de seus reflexos financeiros. O principal insumo inclui a previsão de vendas e várias
formas de dados operacionais e financeiros. Os resultados mais importantes incluem orçamentos
operacionais como o orçamento de caixa e as demonstrações financeiras projectadas.

60
O gerenciamento dos recursos a curto prazo é importante para um negócio e deve receber grande
atenção do administrador. Compreender a geração, controle e previsão financeiras de curto
prazo, entre outras fontes disponíveis (caixa, depósitos, aplicações financeiras de curto prazo,
entre outras fontes de liquidez), são os itens que representam dinheiro disponível para a empresa.

3.4 Planeamento do fluxo de caixa a longo prazo


O planeamento a longo prazo apresenta menos detalhes no fluxo de caixa, pois o mesmo altera
os saldos de caixa para o futuro.

De acordo com os planos de acções aprovados pela cúpula directiva, deverão resultar de
expansão ou de modernização da capacidade de produção e/ou comercialização, lançamento de
novas linhas de produtos e crescimento almejado da empresa dentro de um ou três anos, ou em
futuro próximo.

O planeamento a longo prazo tem por objectivo demonstrar a possibilidade de serem geradas as
disponibilidades de caixa, indicando em que as possibilidades poderão ser insuficientes, a fim de
que o administrador fique apto a prever aumentos de capital social.

O planeamento financeiro a longo prazo busca conhecer antecipadamente o impacto da


implementação de acções planejadas sobre a situação financeira da empresa, indicando ao gestor
se haverá excesso ou insuficiência de recursos financeiros.

Sendo assim o planeamento a longo prazo tem por objectivo demonstrar a possibilidade de serem
geradas as disponibilidades de caixa, ou obtidos os recursos financeiros necessários à
manutenção das actividades planejadas para um certo período.

O administrador financeiro precisa ter cautela e obter dados contáveis e financeiros para planejar
o fluxo de caixa, sendo que se pode projectar numa planilha as entradas e saídas, incluindo:

 Vendas à Vista;
 Cobrança de Duplicatas a receber;
 Pagamentos de Duplicatas;
 Compras à Vista;
 Folha de Pagamento;
 Impostos (INSS, FGTS, entre outros);

61
 Pagamento de despesas gerais (aluguel, luz, água, telefone, despesas de escritório, etc.).

Uma das vantagens do planeamento do fluxo de caixa é, sem dúvidas, antecipar eventuais
necessidades das fontes financeiras, facilitando o planeamento financeiro, buscando fontes
alternativas de recursos, a custos mais baixos.

Dessa forma, o planeamento financeiro através da projecção do fluxo de caixa é de grande


importância para qualquer empresa, independente do seu porte, pois proporciona aos gestores a
visão antecipada dos embolsos e desembolsos de caixa. Sua utilização torna-se, deste modo,
indispensável.

3.5 Análise do fluxo de caixa de uma empresa


O fluxo de caixa é constituído a partir das informações relativas a todas as entradas e saídas
projectadas, assim como os dados já de conhecimento da empresa.

Na elaboração do fluxo de caixa, utiliza se mapas auxiliares que tem como propósito planejar e
organizar as informações para o fechamento final do fluxo. A forma, consistência, periodicidade
e relevância desses mapas auxiliares, dependerá do tipo da empresa e da sua actividade
operacional. São exemplos de mapas auxiliares: despesas administrativas, pagamento de
fornecedores, despesas com vendas, venda a prazo entre outras.

Quanto aos desembolsos podem ser relacionados com as compras de mercadorias que quase no
total são a prazo, salários e ordenados com os encargos sociais pertinentes, despesas
administrativa, despesas com vendas, despesas financeiras e tributárias.

O prazo dos fluxos podem ser diários, semanais, mensais ou anuais. Recomenda-se o
planeamento e controle diário dos fluxos de caixa, para análise de curto prazo, pois desta forma
fornecerá informações mais detalhadas sobre os ingressos e desembolsos, seus prazos de
vencimento e o melhor dia do mês para projectar recebimento e compras.

São relacionados as projecções (P), o que efectivamente fora realizado (R) e a diferença (D)
entre o realizado e o projectado de todas as semanas dos meses do ano, conforme o modelo de
fluxo de caixa pelo método directo.

62
Figura 1 Modelo de fluxo de caixa semanal método directo

Fluxo de caixa- ano


Itens Mês
1a Semana 2a Semana 3a Semana 4a Semana
P R D P R D P R D P R D
1 Ingresso

Venda à Vista
Recebimento com cartão Crédito
Recebimento com cartão Débito
2 Desembolso

Fornecedor
Salários
Pró-Labore
Despesa com pessoal
Despesa administrativa
Despesa com cartão
Despesa com cartão
Despesas financeiras
Despesas tributárias
Compras diversos
Aluguel
Condomínio
Findo de promoção
Outras despesas
3 Diferença do período (1-2)
4 Saldo inicial da caixa
5 Nível desejável de caixa
6 Empréstimo a captar
7 Aplicação financeira
8 Pagamento de empréstimo
9 Resgate de aplicação
10 Saldo final

Para que se tenha um eficiente fluxo de caixa, as projecções devem ser ordenadas e distribuídas
de forma racional. Os principais itens que compõem o fluxo são os seguintes:

 Ingressos-São todos as entrada de caixa e banco, como as vendas à vista, vendas a prazo,
recebimentos de atrasados, receitas financeiras, vendas de activos, entre outros. Varia
conforme a actividade fim da empresa;

63
 Desembolsos-É composto pelas compras à vista, compras a prazos com fornecedores,
salários com os encargos sociais, assim como todas as despesas administrativas, com
vendas, tributárias e financeiras geradas pelo processo de produção e comercialização;
 Diferença do período-Apura se, neste item, o resultado entre os recebimentos e
pagamentos da empresa, ou seja, a partir dos valores projectados, de ingresso e
desembolsos, encontra se a diferença de valores, podendo ser positivo, negativo ou nulo;
 Saldo inicial de caixa-É igual ao saldo final de caixa do período imediatamente anterior;
 Nível desejado de caixa-É a determinação do capital de giro líquido necessário pela
empresa, em função do volume de ingressos e desembolsos futuros;
 Empréstimos ou aplicação de recurso financeiros -Poderão ser captados empréstimos
para subir a necessidade de caixa, mediante a apuração do saldo da disponibilidade
acumulada, ou, quando houver excedentes, serão realizadas aplicações no mercado
financeiro;
 Pagamento ou resgate de aplicação- As amortizações são devoluções do principal
tomado emprestado, enquanto o resgaste constituem se nos recebimentos do principal
aplicado;
 Saldo final de caixa-É o nível desejado de caixa projectado para o período seguinte, que
será o saldo inicial de caixa do período subsequente.
Normalmente, o fluxo de caixa não é uniforme durante todo o mês, apresentando períodos
sazonais. Neste trabalho foi utilizado o fluxo semanal dentro dos meses realizados.

3.6 Implantação do fluxo de caixa em uma micro empresa


Planejar e registar com antecedência seus recebimentos e pagamentos no decorrer de um período,
bem como manter controle constante sobre eles permite à empresa ser pró-activa e livrar-se de
dias “apertados”, nos quais a contas a pagar são superiores às contas a receber.

Dessa forma, a implantação do fluxo de caixa em uma pequena empresa, no caso, a empresa
Márcio Bueno de Castro – ME, apresentou-se como uma ferramenta básica e essencial da
administração financeira, tem como função fundamental registar as entradas e saídas de dinheiro
da empresa. Sendo assim, o fluxo de caixa é um retrato fiel da composição financeira da
empresa, e é ao mesmo tempo uma radiografia permanente das entradas e saídas de seus recursos
financeiros. Portanto, permite projectar o dia-a-dia, a evolução do que ela tem disponível, de

64
forma que se possa tomar com a devida antecedência, medidas cabíveis para enfrentar a escassez
ou o excesso de recursos. Justifica-se, portanto, a sua implantação na empresa a qual é objecto
deste estágio, uma vez que a mesma não adoptava nenhum procedimento ou instrumento para
que possibilitasse ter um planeamento e controle financeiro eficientes. Dessa forma o objectivo é
de proporcionar à empresa bases para implantação de uma administração financeira eficiente e
obtenção de controle e ajustes necessários entre prazos e valores das contas a pagar e contas a
receber. Assim, é possível resolver o problema financeiro principal da empresa que é o
descompasso entre as contas a pagar e as contas a receber, que leva a mesma às situações
constantes de insolvência, ou seja, a empresa quase sempre não tem recursos suficientes para
efectuar seus pagamentos no prazo.

Objectivo

O objectivo principal da implantação do fluxo de caixa na empresa Márcio Bueno de Castro -


ME foi proporcionar à empresa a construção de uma base sólida para que a mesma venha a ter
controles financeiros eficientes.

PAGAMENTOS EFETUADOS

MÁRCIO BUENO DE CASTRO ME

DEZEMBRO DE 2011
Data Histórico Valor Disponív Empréstim A
el o Receber/Terceiros
03/12/05 Pagtº INSS 180,00 142,00 38,00 150,00
04/12/05 Duplicata-Lixas 165,34 12,65 152,69 250,00
07/12/05 Duplicata-Madeiras 1.434,83 425,38 1.009,45 1.685,00
08/12/05 Salários 2.650,00 1.325,50 1.324,50 2.100,00
09/12/05 Despesas Viagem SP 258,00 98,50 159,50 525,00
08/12/05 Imposto-Simples 75,42 54,60 20,82 600,00
13/12/05 Duplica-Cola e Pregos 284,68 155,40 129,28 720,00
15/12/05 Energia Elétrica 384,25 321,50 62,75 540,00
17/1205 Reparo-Motor 420,00 342,00 78,00 248,00
20/12/05 Duplicatas-Madeiras 1.750,80 920,23 830,57 1.384,00
21/12/05 ISS 45,50 24,55 20,95 245,00
23/12/05 Telefone 136,64 82,95 53,69 220,00
24/12/05 ICMS Frete 158,80 130,37 28,43 190,00
28/12/05 Duplicata-Fechaduras 485,00 384,00 101,00 345,00
29/12/05 Prestação-Motor 350,60 211,28 139,32 385,00
29/12/05 Duplicata-Seladora 285,36 212,84 72,52 800,00

65
30/12/05 Duplicata-Madeira 2.284,60 1.120,60 1164,00 1.850,00
30/12/05 Contador 150,00 - 150,00 2.120,00
Quadro 1 – Pagamentos efetuados pela empresa no mês de Dezembro/2005.

O fluxo de caixa referente ao mês de Novembro de 2006, demonstrado no quadro 2 a seguir,


mostra outra realidade da empresa em relação às contas a pagar. Constata-se facilmente, que,
com a adopção do fluxo de caixa, foi possível à empresa programar-se de forma que todas as
vezes que ocorreu o vencimento de uma obrigação ela teve saldo suficiente para ser liquidá-la.

PAGAMENTOS EFETUADOS

MÁRCIO BUENO DE CASTRO ME

DEZEMBRO DE 2011
Data Controle Histórico Entrada Saída Saldo
Saldo Anterior 4.284,26
03/10/06 X 02 Camas 800,00 5.084,26
04/10/06 X INSS 180,00 4.904,26
04/10/06 X Duplicata-Verniz 132,49 4.771,77
05/10/06 X Duplicata/Madeiras 1.320,82 3.450,95
05/10/06 X Salários 2.650,00 800,95
07/10/06 X Despesa Viagem SP 220,00 580,95
07/10/06 X 01 Guarda Roupa 1.800,00 2.380,95
10/10/06 X Imposto-Simples 84,65 2.296,30
10/10/06 X 02 Cômodas 450,00 2.746,30
11/10/06 X 01 Armário Cozinha 950,00 3.696,30
11/10/06 X Duplicata/Cola e Lixa 124,83 3.571,47
13/10/06 X Luz 340,56 3.230,91
14/10/06 X Reparo-Máquina 148,20 3.082,71
17/10/06 X 01 Armário Embutido 920,00 4.002,71
18/10/06 X 01 Estante 540,00 4.542,71
18/10/06 X Duplicata/Madeiras 1.100,74 3.441,97
18/10/06 X ISS 35,00 3.406,97
19/10/06 X 02 Guarda Roupas 2.200,00 5.606,97
19/10/06 X 01 Mesa Grande 800,00 6.406,97
19/10/06 X Vales 480,00 5.926,97
20/10/06 X Telefone 118,45 5.808,52
20/10/06 X 02 Mesas Médias 1.100,00 6.908,52
24/10/06 X 01Criado Mudo 180,00 7.088,52
25/10/06 X ICMS Frete 123,96 6.964,56
25/10/06 X 02 Prateleiras-Loja 620,00 7.584,5
27/10/06 X 08 Cadeiras 640,00 8.224,56
27/10/06 X 01 Jogo Sofá 950,00 9.174,56

66
28/10/06 X Retirada 1.000,00 8.174,56
28/10/06 X Duplicata/Compensado 540,37 7.634,19
31/10/06 X Prestação-Motor 342,50 7.291,69
31/10/06 X Duplicata-Madeira 2.145,60 5.146,09
31/10/06 X Contador 150,00 4.996,09
TOTAIS 11.950,00 11.238,17
Quadro 2 - Fluxo de caixa da empresa no período de 01/10/2006 a 31/10/2006.

Relação Custo Benefício

No início da implantação do fluxo de caixa, a empresa teve que desembolsar o equivalente a


4.500,00 Mts (quatro mil e quinhentos meticais) referente aos custos com a compra de um
microcomputador, impressora, mesa, papel e adequação de um local próprio para a execução da
actividade (pintura e rede eléctrica). Os custos posteriores foram somente relativos aos
pagamentos de salários do colaborador contratado. Por outro. Com o fluxo de caixa já
implantado, os benefícios começaram a aparecer. Pois o mesmo passou a fornecer dados que
serviram de estudo e análise para a tomada de decisão gerencial sobre o quanto produzir em
determinado período, o prazo concedido nas vendas a crédito e os sistemas de cobrança
adequados para cada venda efetuada a prazo.

O fluxo de caixa apresentado no quadro 2 mostra o benefício principal que sua adopção trouxe à
empresa, que foi a conquista de uma situação financeira estável, ou seja, a empresa passou a ter
sempre dinheiro em caixa para quitar seus compromissos.

Analisando a situação financeira da empresa a partir da comparação do quadro de pagamentos


em Dezembro de 2005 (anterior à adopção do fluxo de caixa), com a situação financeira após a
implantação do fluxo de caixa, constata-se que na relação custo benefício, os benefícios foram
muito superiores aos custos. Em números, podemos concluir que se a empresa teve um custo
inicial de 4.500,00 Mts (quatro mil e quinhentos meticais) e custos mensais de 300,00 Mts
(trezentos meticais), por outro lado com a implantação do fluxo de caixa, ela deixou de pagar o
equivalente a 5.385,47 Mts (Cinco mil trezentos e oitenta e cinco meticais e quarenta e sete
centavos) comparando-se com o mês Junho de 2005, somente de empréstimos, sem contar os
juros.

Ainda não foi mensurado exactamente o quanto os benefícios dessas actividades adicionais
trazem em termos de valores para a empresa, mas verificamos que a execução de algumas delas
67
pelo colaborador responsável pelo fluxo de caixa, proporcionaram maior tempo disponível para o
gerente, para que o mesmo pudesse alavancar os negócios da empresa, o que também resulta em
ganhos financeiros.

Cronograma para Implantação do Fluxo de Caixa - Período de Março a Dezembro de 2006


Actividade Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro
Levantamento/Necessidades X
Levantamento dos Custos X
Recrutamento de pessoal X
Selecção do colaborador X
Contratação e Treinamento X
Implantação do fluxo de caixa X
Verificações e Controles X X X X X X
Análises do fluxo de caixa X X X X X
Ajustes e Correcções X X X X X X
Inserção de Novos Campos X X
Inserção de Novas Funções X X
Consolidação do fluxo de caixa X
Quadro 3 – Cronograma de Implantação do Fluxo de Caixa.

3.7 Análise dos Resultados


Após seis anos da implantação do fluxo de caixa na empresa podemos dizer que os resultados
esperados quando da sua implantação, foram plenamente alcançados e até mesmos superados.
Esperava-se que a empresa saísse da situação de insolvência constante em que estava e viesse
atingir uma situação financeira no mínimo estável, possuindo recursos suficientes para quitar
suas obrigações no vencimento, sem recorrer a empréstimos junto a bancos ou a terceiros. Após
a adopção do fluxo de caixa, a empresa não só passou de uma situação de insolvência para uma
situação de solvência, como também conseguiu outros resultados positivos. Dentre esses
resultados podemos destacar o controle e o equilíbrio entre as contas a receber e as contas a
pagar, eliminando o descompasso antes existente entre elas, a adopção de um sistema eficiente
de vendas a prazo, implantação de um sistema de cobrança eficiente, cumprimento das metas
propostas, entregas no prazo, controle nas retiradas, adequação de preços ao mercado e acima de
tudo, a empresa passou a ter lucratividade. Com a continuidade do cronograma de implantação
do fluxo de caixa, que como já citado acima, prevê-se a incorporação de novos campos e novas
funções ao mesmo, espera-se adicionar novos e bons resultados aos já conquistados, que seriam:
diminuição de estoques, melhor programação e maior controle sobre as compras e maior
lucratividade.

68
Constatamos que a implantação do fluxo de caixa na empresa em questão, proporcionou à
mesma a construção de uma base sólida a partir da qual ela veio a ter controles financeiros
eficientes. Implantado o fluxo de caixa, consequentemente outros objectivos foram alcançados,
mas destacamos em especial um objectivo que julgamos ser primordial para a sobrevivência da
empresa, que foi a obtenção do controle e o ajuste necessário entre prazos e valores das contas a
pagar e a receber, resolvendo o descompasso existente entre as mesmas, evitando situações de
insolvência pelas quais a empresa passou constantemente. A confecção do fluxo de caixa aliada
às análises pontuais das entradas e saídas de dinheiro, bem como do saldo de caixa projectado
e/ou realizado, permitiu à empresa ser pró-activa, antecipando os prazos e valores da contas a
receber aos prazos e valores das contas a pagar. Entre os demais objectivos a alcançados
destacamos: a efetivação de sistemas de cobranças eficientes, programação para as compras e
pagamentos, controle dos custos e das despesas, cumprimento das metas estabelecidas e dos
prazos de entrega e diminuição das contas a receber.

TEMA-IV RISCO E RETORNO


Investimento é a aplicação de algum tipo de recurso (dinheiro ou títulos) com a expectativa de
receber algum retorno futuro superior ao aplicado. A estes investimentos estão associados o risco
e o retorno, os quais estão directamente interligados. Isto significa que, para retornos cada vez
maiores o investidor também correrá riscos cada vez maiores

O risco diz respeito ao grau de incerteza do investimento, ou seja, é a possibilidade de perda dos
recursos aplicados. Os investidores precisam saber lidar constantemente com a necessidade de
equilibrar o risco e o retorno. Eles devem escolher suas aplicações entre o menor risco possível e
o maior retorno possível.

Existem alguns factores que podem ser determinantes para aferir o risco em relação ao retorno,
são eles:

Volatilidade: Os mercados estão sempre analisando o que pode ou não acontecer no futuro e as
expectativas causadas por essa análise podem fazer com que os preços subam ou desçam.

69
Também é importante conhecer vários tipos de risco: Em qualquer tipo de investimento, existem
diferentes tipos de riscos, entre eles estão:

• Risco de mercado - os riscos que provêem dos movimentos positivos e negativos que ocorrem
sempre no mercado bolsista.

• Risco político - o risco de determinado país mudar políticas que afectam aquilo em que se
investiu.

• Risco de taxas de juro - o valor do investimento pode ser afectado pela variação das taxas de
juro.

• Risco de crédito - quando determinada empresa ou indivíduo consegue pagar o que lhe foi
emprestado ou os juros desse valor.

• Risco de país - o risco associado ao facto de determinado país não ser capaz de pagar as suas
obrigações financeiras.

• Risco de câmbio externo - quando as variações das taxas de câmbio de determinado país
afectam o investimento.

Usar a pirâmide de risco: A pirâmide de risco mostra os diferentes tipos de investimentos, desde
o menos arriscado ao mais arriscado.

E por último, compreender a relação entre risco e retorno: O investidor deverá ser capaz de
avaliar os diferentes tipos de risco associados a cada tipo de investimento.

Risco é a possibilidade de perda financeira. Os activos considerados mais arriscados são os que
oferecem maiores possibilidades de perda financeira. Risco é usado como sinónimo de incerteza
e refere-se à variabilidade dos retornos associados a um activo.

Retorno pode ser visto como tudo aquilo que um determinado investimento rendeu durante
determinado período, pode se calcular um retorno de um activo isoladamente ou o retorno de
uma carteira de activos, em que nesse último o retorno esperado é definido pela média ponderada
do retorno de cada activo em relação a sua participação no total da carteira.

70
Com relação à avaliação do retorno de investimento existem também várias ferramentas, as mais
comuns são:

Payback ou Período de Recuperação: “o período de payback, definido como o número


esperado de anos necessários para recuperar o investimento original, foi o primeiro método
formal utilizado para avaliar projectos de orçamento de capital.

Payback Descontado: O conceito é parecido com o original. O período de payback descontado é


definido como o número de anos necessário para recuperar o investimento dos fluxos líquidos de
caixa descontados.

Valor Presente Líquido – VPL: É um método mais completo que o payback, pois é uma técnica
de orçamento de capital sofisticada; encontrada ao se subtrair o investimento inicial de um
projecto de valor presente de seus fluxos de entrada de caixa, descontados a uma taxa igual ao
custo de capital da empresa..

E por fim, a Taxa Interna de Retorno – TIR: a taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de
desconto que iguala o valor presente de fluxos de entradas de caixa com o investimento inicial
associado a um projecto, por conseguinte tornando o VPL = $ 0.

4.1 Fundamentos de risco e retorno

Se soubéssemos com antecedência por quanto uma acção seria vendida em algum momento no
futuro, investir seria uma tarefa fácil. Infelizmente, é difícil – se não impossível – fazer esse tipo
de previsão com algum grau de certeza.

Como resultado, os investidores costumam tomar o histórico como base de previsão do futuro.
Iniciaremos avaliando as características de risco e retorno de um activo individual e
concluiremos com uma análise das carteiras de activos.

Definição de risco

71
No contexto dos negócios e das finanças, risco é a chance de perda financeira. Activos (reais ou
financeiros) que apresentam maior chance de perda são considerados mais arriscados do que os
que trazem uma chance menor.

O risco pode ser usado de forma intercambiável com o termo incerteza em referência à
variabilidade dos retornos associados a um determinado activo.

Principais fontes de risco que afectam os administradores financeiros e os accionistas

Retorno é o ganho ou prejuízo total que se tem com um investimento.

72
• A forma mais básica de calcular o retorno é:

Exemplo

Robin, dona do fliperama Gameroom, deseja aferir o retorno de duas de suas máquinas, a
Conqueror e a Demolition. A Conqueror foi comprada há um ano por $ 20.000 e tem valor actual
de mercado de $ 21.500. Durante o ano, gerou $ 800 em receitas após impostos. A Demolition
foi comprada há quatro anos; seu valor no ano recém-encerrado caiu de $ 12.000 para $ 11.800.
Durante o ano, gerou $ 1.700 em receitas após impostos.

4.2 Retornos Monetários


Esse retorno é formado por dois componentes:

 Rendimento Corrente (pode-se ganhar algum dinheiro enquanto se tem posse do activo),
 Ganho de Capital (o valor do activo pode sofrer variação)

73
Exemplo1: Suponha que você tenha comprado algumas acções da Vídeo Concept no início do
ano. E estando agora do no final do ano deseja calcular qual foi o desempenho de seu
investimento.

Um ponto importante é que caso a empresa tenha sido rentável, ela pode optar por distribuir
parte dos seus lucros aos accionistas, e você como accionista receberá algum dinheiro. Este
dinheiro equivale ao rendimento corrente da acção.

Outra parcela do seu retorno é o ganho ou perda de capital com a acção.

Dados:

 Preço da acção: $37,


 Você vai comprar 100 acções » gasto total: $3.700,
 A acção dá um dividendo de $1,85 por acção,
 O valor da acção eleva-se a $ 40.33.
Calcular o retorno monetário total.

No final do ano você terá obtido um rendimento de :

 Dividendo: $1,85 × 100 = $185,


 As 100 acções agora valem: $40.33 × 100 = $ 4.033.
Ganho de capital: $ 4.033 - $ 3.700 = $ 333.

Retorno monetário total = Dividendo + Ganho (ou perda) de capital.

Retorno monetário total = $185 + $ 333 = $ 518.

Dividendo: $185

Tempo __0_______________________________ GC= $4.033*

Investimento
Inicial: $ -3.700

*GC= Ganho de capital

74
4.2 Prémio por Risco
Retorno excedente exigido, de uma aplicação em um ativo com risco, acima do exigido de uma
aplicação livre de risco.
Risco (Variabilidade dos Retornos)
Risco está associado a volatilidade do retorno dos investimentos.
Variância= σ2=Σ( Ri−R)2
n-1
Desvio padrão= σ=√ Variância

Exemplo2:
Existem dois tipos de acções, a acção L e a acção U.
Espera-se que a acção L tenha um retorno de 25% no próximo ano.
Espera-se que a acção U um retorno de 20% no mesmo período.
Alguém investiria na acção U dado que está possui um rendimento inferior a acção L?

A resposta vai depender dos riscos dos 2 investimentos!

Estado da Probabilidade do estado da Retorno do título


Economia economia Acção L Acção U
Recessão 50% - 20% 10%
Crescimento 50% 70% 30%

E(RL) = 0,5 x – 20 % + 0,5 x 70 % = 25 %


E(RU) = 0,5 x 10 % + 0,5 x 30 % = 20 %

Variância RL = 0,5 x (-45%)2 + 0,5 x (+ 45%)2 = 0,2025;


σ L=0,45=45

Variância RU = 0,5 x (-10%)2 + 0,5 x (10%)2 = 0,01;


σU=0,1=10

acção L tem retorno esperado maior, mas também um risco maior.

75
Exemplo 3:
Dadas as seguintes informações dos projectos de investimentos A e B, calcular: qual o projecto
propicia uma melhor compensação entre risco e retorno?

Projecto A Projecto B
Prob (%) Taxa de retorno (%) Prob (%) Taxa de retorno (%)
10 10 5 12
20 12 35 15
40 15 35 18
20 22 15 20
10 24 10 25

RETORNO ESPERADO
Projecto A Projecto B
0.10 X 10 = 1.00 0.05 X 12 = 0.60
0.20 X 12 = 2.40 0.35 X 15 = 5.25
0.40 X 15 = 6.00 0.35 X 18 = 6.30
0.20 X 22 = 4.40 0.15 X 20 = 3.00
0.10 X 24 = 2.40 0.10 X 25 = 2.50
E(R)A = 16.20% E(R)A = 17.65%

VARIÂNCIA
Projecto A Projecto B
(10 – 16,2)2 x 0,10 = 3,844 (12 – 17,65)2 x 0,05 = 1,596
(12 – 16,2)2 x 0,20 = 3,528 (15 – 17,65)2 x 0,35 = 2,458
(15 – 16,2)2 x 0,40 = 0,576 (18 –17,65)2 x 0,35 = 0,043
(22 – 16,2)2 x 0,20 = 6,728 (20 – 17,65)2 x 0,15 = 0,828
VAR = 20,76 VAR = 10,38
DP = 4,56 DP = 3,21

COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV)

Fórmula da CV= s
ER

CVA= 4,56 =0.28 Analisando do ponto de vista da compensação entre risco e


16,20 retorno, o projecto “B” é o melhor investimento, porque tem
CVB = 3,21 = 0.18 risco menor por unidade de retorno, portanto, consideramos o
17,65 mais viável para ser implementado.

76
Exemplo 4: dadas as seguintes informações para um projecto com três cenários económicos
diferentes, calcular em qual cenário ocorre o menor risco para investimento.

CONDIÇÕES RETORNO PROBABILIDADE k.P =E(R)


ECONÔMICAS EFETIVO (P)
(K)
RECESSÃO 10% =0,10 30%=0,30 3%

NORMAL 20% =0,20 40%=0,40 8%

EXPANSÃO 30%= 0,30 40%=0,40 12%


0,10 . 30 = 3%
0,20 . 40 = 8%
0,30 . 40 = 12%

DESVIO PADRÃO (s )

RECESSÃO⇒(10−3)2 .0,30

√ 14,70=3,83

NORMAL⇒(20−8)2 .0,40

√57,60=7,59

EXPANSÃO⇒(30−12)2 .0,40

√129,60=11,38

COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV)


Se considerarmos somente o retorno esperado,
Formula: CV=s diremos que o investimento se realizad0 no
Ē(R) cenário económico em expansão terá maior
RECESSÃO⇒CV=3,83 =1,28 retorno, isto é, em 12%. Porém, analisado pelo
3 coeficiente de variação, se efectivado em um
NORMAL⇒CV=7,59 =0,9487 cenário económico normal ou em expansão, o
8 risco é menor.
EXPANSÃO⇒CV =11,38 =0,9483
12

77
4.3 Risco de um activo individual

A Norman Company, uma fabricante de equipamentos de golfe sob medida, quer escolher entre
dois investimentos, A e B. Cada um exige desembolso inicial de $ 10.000 e tem taxa de retorno
anual mais provável de 15%. A administração estimou os retornos associados aos resultados,
pessimista e optimista de cada investimento. As três estimativas de cada activo e sua amplitude
podem ser encontradas na Tabela 1. O activo A parece menos arriscado do que o B. O tomador
de decisões, avesso ao risco, preferiria o activo A ao B, uma vez que o A oferece o mesmo
retorno mais provável, porém com menor risco (menor amplitude).
Tabela 1 Activos A e B

Risco de um activo individual: distribuição de probabilidades


Figura 1 Gráficos de barras

78
Risco de um activo individual: distribuição de probabilidade contínua

Figura 2 Distribuições de probabilidades contínuas

Mensuração de risco de um activo individual: retorno esperado

• O indicador estatístico mais comum de risco de um activo é o desvio padrão, σr ou sr que mede
a dispersão em torno do valor esperado

• O valor esperado de um retorno, ou r, é o retorno mais provável de um activo.

79
Tabela 2 Valores esperados dos retornos dos activos A e B

Tabela 3 Valores esperados dos retornos dos activos A e B

Mensuração de risco de um activo individual: Desvio Padrão

• A expressão do desvio padrão dos retornos, σr, ou sr é dada na Equação a seguir.

80
Tabela 3 Cálculo do desvio padrão dos retornos dos activos A e B

Tabela Retornos históricos, desvios padrão e coeficientes de variação de alguns investimentos


em títulos (1926-2006)

Figura 5.4 Curva senoide


81
Mensuração de risco de um activo individual: coeficiente de variação

• O coeficiente de variação, CV, consiste em uma medida de dispersão relativa que é útil na
comparação dos riscos de activos com diferentes retornos esperados.

• A Equação 5.4 dá a expressão do coeficiente de variação:

4.4 Risco e retorno de uma carteira


Uma carteira de investimento refere-se a qualquer conjunto ou combinação de activos
financeiros. Se partirmos do pressuposto de que todos os investidores são racionais e, portanto,

82
avessos ao risco, eles SEMPRE optarão por investir em carteiras em vez de em activos
individuais.

Os investidores manterão carteiras para diversificar uma parcela do risco que é como “colocar
todos os ovos em um único cesto”. Se um investidor mantiver um activo individual, sofrerá
integralmente as consequências de um mau desempenho. Não é o caso de um investidor que
possua uma carteira diversificada de activos.

Retorno de uma carteira

• O retorno de uma carteira é dado pela média ponderada dos retornos dos ativos individuais que
a compõem e pode ser calculado como indica a Equação 5.5.

wj = proporção do valor total em unidades monetárias da carteira representado pelo ativo j

rj = retorno do ativo j

Risco e retorno de uma carteira: retorno esperado e desvio padrão

Vamos admitir que queiramos determinar o valor esperado e o desvio padrão dos retornos da
carteira XY, criada pela combinação de partes iguais (50% cada) dos activos X e Y. Os retornos
previstos dos activos X e Y para cada um dos próximos cinco anos podem ser vistos nas colunas
1 e 2, respectivamente, da parte A da Tabela 5.7. Na coluna 3, os pesos de 50% dos activos X e
Y, juntamente com os respectivos retornos das colunas 1 e 2 são substituídos na Equação 5.5. A
coluna 4 mostra os resultados do cálculo — um retorno esperado da carteira de 12% ao ano.

Tabela 5.7 Retorno esperado, valor esperado e desvio padrão dos retornos da carteira XY

83
Como mostra a parte B da Tabela 5.7, o valor esperado desses retornos da carteiras ao longo do
período de cinco anos também é de 12%. Na parte C da Tabela 5.7, o desvio padrão da carteira
XY é calculado como 0%. Esse valor não deve surpreender, pois o retorno esperado é o mesmo a
cada ano, isto é, 12%. Não há variabilidade dos retornos esperados entre um ano e outro.

Tabela 5.7 Retorno esperado, valor esperado e desvio padrão dos retornos da carteira XY

84
A diversificação é intensificada dependendo do quanto os retornos dos ativos ‘movem-se’ em
conjunto. Esse movimento costuma ser medido por uma estatística conhecida como ‘correlação’,
como indica a figura a seguir. Correlações.

Figura 5.5

Tabela 5.8 Retornos previstos, valores esperados e desvios padrão dos activos X, Y e Z e das
carteiras XY e XZ

85
Tabela 5.9 Correlação, retorno e risco de diversas combinações de dois activos em carteiras

Figura 5.8 Redução do risco

86
Risco de uma carteira: inclusão de activos em uma carteira

Risco da carteira (SD)


Risco não sistemático
(diversificável)

σM

Risco não sistemático


0 (não diversificável) o
N de acções

Carteira de activos puramente


Risco dacarteira domésticos

(SD) Carteira de activos domésticos e


internacionais
σM

N o de acções
0
4.5 Risco e Retorno: O modelo de formação de preços de activos (CAPM — capital asset
pricing model)

No slide anterior, pôde-se observar que uma boa parte do risco de uma carteira pode ser
eliminada simplesmente mantendo-se muitas acções. O risco do qual não é possível livrar-se com
a inclusão de acções (sistemático) não pode ser eliminado pela diversificação porque essa
variabilidade é causada por eventos que afectam a maioria das acções de modo similar. Podemos

87
citar como exemplo as mudanças nos factores macroeconómicos, tais como as taxas de juros, a
inflação e o ciclo de negócios.

No início da década de 1960, pesquisadores da área de finanças (Sharpe, Treynor e Lintner)


desenvolveram um modelo de formação de preços de activos que mede somente a quantidade de
risco sistemático de um activo em particular.

Em outras palavras, eles observaram que a maioria das acções cai quando os juros sobem, mas
algumas caem muito mais. Eles inferiram que, se pudessem medir essa variabilidade – o risco
sistemático –, poderiam elaborar um modelo para formar preços de activos usando somente esse
risco. O risco não sistemático (relativo à empresa) é irrelevante porque pode ser facilmente
eliminado.

Para medir o risco sistemático de um activo, eles simplesmente usaram os retornos históricos da
‘carteira do mercado’ — a carteira de TODOS os activos — comparados aos retornos de um
activo individual.

A inclinação da recta de regressão — beta — mede o risco sistemático (não diversificável) de um


activo. Em geral, as empresas cíclicas como as automobilísticas possuem betas elevados ao passo
que outras relativas estáveis, como as de serviços públicos, apresentam betas baixos.

O cálculo do beta é demonstrado no slide a seguir.

88
Figura 5.9 Derivação do betaa

Tabela 5.10 Coeficientes beta seleccionados e sua interpretação

Tabela 5.11 Coeficientes beta de acções seleccionadas (10 de Julho de 2007)

89
Tabela 5.12 As carteiras V e W de Mario Austino

O retorno exigido de todos os activos compõe-se de duas partes: a taxa de retorno livre de risco e
o prémio pelo risco.

O prémio pelo risco é uma função tanto das condições de mercado quanto do activo em si.
A taxa de retorno livre de risco (RF) é geralmente estimada a partir do retorno das Letras do
Tesouro norte-americano (T-bill)

O prémio pelo risco de uma acção compõe-se de duas partes:

90
O prémio pelo risco de mercado, que é o retorno exigido para investimentos em qualquer activo
de risco em vez da taxa de retorno livre de risco.

Beta, um coeficiente de risco que mede a sensibilidade do retorno de uma acção em particular às
mudanças nas condições de mercado.

Após estimar o beta, que mede o risco sistemático de um activo ou carteira específica, as
estimativas das demais variáveis no modelo podem ser obtidas para calcular o retorno exigido de
um activo ou uma carteira.

A Benjamin Corporation, uma empresa de software em fase de crescimento, quer determinar o


retorno exigido sobre o activo Z, que tem beta de 1,5. A taxa de retorno livre de risco é 7%; o
retorno da carteira de mercado é 11%. Substituindo bZ = 1,5, RF = 7% e rm = 11% no modelo de
formação de preços de activos, temos um retorno exigido de:

rZ = 7% + 1,5 [11% – 7%]


rZ = 13%

91
Figura 5.10 Reta do mercado de títulos

Figura 5.11 A inflação desloca a SML

Figura 5.12 A aversão ao risco desloca a SML

92
Risco e retorno: comentários sobre o CAPM

O CAPM baseia-se em dados históricos o que significa que os betas podem ou não reflectir
efectivamente a variabilidade futura dos retornos. Dessa forma, os retornos exigidos
especificados pelo modelo devem ser usados somente como aproximações.

O CAPM também pressupõe que os mercados são eficientes. Embora o mundo perfeito do
mercado eficiente pareça pouco realista, há estudos que respaldam a existência das expectativas
descritas pelo CAPM em mercados activos, como a Bolsa de Nova York.O CAPM baseia-se em
dados históricos o que significa que os betas podem ou não reflectir efectivamente a
variabilidade futura dos retornos.

Dessa forma, os retornos exigidos especificados pelo modelo devem ser usados somente como
aproximações. O CAPM também pressupõe que os mercados são eficientes. Embora o mundo
perfeito do mercado eficiente pareça pouco realista, há estudos que respaldam a existência das
expectativas descritas pelo CAPM em mercados activos, como a Bolsa de Nova York.

93
Tabela 5.13 Resumo das principais definições e fórmulas de risco e retorno

94
TEMA-V VALOR DAS OBRIGAÇÕES
Obrigações, conceitos gerais e definições

O que são obrigações

Segundo Cruz (1999), uma “Obrigação” pode definir-se como um título de dívida, negociável,
pelo qual a entidade emitente se compromete a pagar ao seu detentor (o obrigacionista), um certo
rendimento periódico (o juro), e a “reembolsar o capital”, nos termos estipulados à data de
emissão na respectiva ficha técnica.

Destinados à obtenção de recursos por prazos relativamente longos, as emissões destes valores
mobiliários são realizados por entidades que anseiam captar fundos a médio e longo prazo para
fazer face às suas necessidades de financiamento, podendo utilizar os montantes recolhidos por
esta via, por exemplo, na implementação de projectos de investimento ou em ajustamento nas
respectivas estruturas de capitais.

Tal como para qualquer outro instrumento financeiro, importa identificar os emitentes e os
destinatários típicos.

5.1 Taxa de juros e Retornos exigidos


Fundamentos de taxas de juros

O objectivo da avaliação é estabelecer o valor de mercado de activos geradores de renda ou fluxo


de caixa. A determinação do valor dos activos num dado instante é um processo simples,
aplicável sobre séries de benefícios esperados de debentures, acções, imóveis, fábricas,
máquinas, equipamentos etc. O valor de mercado de activos é o valor presente dos fluxos de
caixa esperados desses activos.

Um dos problemas básicos enfrentados pelo administrador financeiro é a determinação do valor


presente desses fluxos. Estes fluxos de caixa são trazidos para o valor presente por uma taxa de
desconto, que representa o custo do dinheiro, para quem está demandando os recursos. Quando
há um empréstimo directo, o custo de sua captação é denominado taxa de juros; quando os
recursos são obtidos pela venda de títulos de valores mobiliários – debentures ou acções –, o
custo para quem emitiu o título é chamado retorno exigido. Os factores que compõem o custo
dos fundos são: a taxa real de retorno (r*), um prémio esperado pela inflação (PI) e um prémio
pelo risco (PR). Ignorando o risco, o custo dos fundos é a taxa real de juros ajustada pela

95
expectativa de inflação e pela preferência pela liquidez. A maior percepção do risco resulta em
um maior retorno exigido e menor valores de activos, como veremos a seguir

Taxa real de juros

A taxa real de juros, k*, é a taxa que cria um equilíbrio entre a oferta de recursos financeiros
(dinheiro) e a demanda por recursos financeiros, em um mundo perfeito, sem inflação, onde os
fornecedores e tomadores de fundos não têm preferência por liquidez e todos os resultados são
conhecidos. Ela pode ser expressa pela Equação 12.1:

k* = kj – PI (12.1)

onde

kj = taxa nominal de juros do investimento j

PI = Prémio esperado pela inflação

Nota explicativa: A Equação 12.1 é uma fórmula de aproximação.

A taxa real de juros calculada com precisão é dada pela seguinte expressão:

Taxa real de juros =1 + taxa nominal de juros -1


1 + taxa de inflação

Taxa de juros livre de risco

Taxa de juros livre de risco, RF, é a taxa que se obtém em investimento livre de risco. Como não
há risco, o prémio pelo risco, PRj, é igual a zero. Com isto, temos:

Taxa livre de risco = Taxa real de retorno + Prémio esperado pela inflação

RF = k* + PI (12.2)

Taxa nominal de juros (retorno)

A taxa nominal de juros é a taxa de juros não ajustada pela inflação. É a taxa verdadeira, ela é
cobrada pelo fornecedor e paga pelo tomador de recursos. A taxa nominal difere da taxa real de
dois factores de juros, k*, em consequência: (1) expectativas de inflação reflectidas em um
prémio por inflação (PI) e (2) características do título emitido e do emissor, tais como risco de

96
inadimplência e cláusulas contratuais, reflectidas em um prémio pelo risco (PR). Usando essa
notação, a taxa nominal de juros do título 1, k1, é dada pela Equação 12.3:

k1 = k* + PI + PR1 (12.3)

Exemplo: Suponha que Gabriela tenha $ 9.000 disponíveis. Ela pode aplicá-los em um
investimento bancário com taxa de juros de 12%, pelo prazo de um ano, ou pode gastá-los
comprando 9.000 bijuterias a $1,00 em uma butique. Se ela fizer a aplicação, receberá, no final
do ano, $ 10.080 ($ 9.000 × 1,12). Para sabermos se o investimento foi um bom negócio, temos
que considerar a inflação do período.

Vamos considerar a taxa de inflação de 5% durante esse ano; então, a butique cobrará $ 1,05 pela
mesma bijuteria no final do ano. Se colocar todo o seu dinheiro na aplicação bancária, poderá
comprar no final do ano 9.600 ($ 10.080 ÷ $1,05) bijuterias. Assim, poderá aumentar a compra
de bijuterias em 6,67%. Ou seja, 6,67% é o que a Gabriela está ganhando realmente em seu
investimento, depois de considerar a inflação. Se considerarmos a fórmula de aproximação, a
taxa real seria igual a 7% (12% – 5%).

5.2 Estrutura temporal de taxas de juros

Estrutura temporal de taxas de juros é a relação entre a taxa de juros e o prazo de vencimento.
Por exemplo, se tivermos um empréstimo que pague $ 1 tanto no período 1 como no período 2, o
seu valor presente será:

VP = 1/(1 + r1)= 1/ (1 + r2)2

onde temos que a entrada de caixa do primeiro ano é actualizado à taxa de juros à vista actual
para um ano e a entrada de caixa do segundo ano à taxa à vista actual para dois anos. A série de
taxas à vista r1, r2, etc. é uma forma de expressar a estrutura temporal da taxas de juros.

97
O entendimento da estrutura temporal de taxas de juros é importante para o administrador
financeiro nas tomadas de decisões de:

Financiamento – decidindo se vai tomar emprestado via emissão de títulos de dívida de curto ou
de longo prazo;

Investimento – decidindo se vai investir na compra de títulos de dívida de curto ou de longo


prazo.

5.2 Curvas de taxas de juros


Um título de dívida pode ficar mais caro ou mais barato após a determinação de seu preço inicial.
Para compreender por que os preços se alteram, é necessário identificar a relação geral que há
entre as taxas de juros dos títulos de curto prazo e as taxas de juros de longo prazo. Essa relação
pode ser verificada em qualquer período pela comparação do retorno esperado até o vencimento
(YTM) de títulos com diferentes prazos de vencimento. O YTM é utilizado por ser uma medida
rápida e resumida da rentabilidade gerada por uma obrigação. Esta comparação pode ser feita
graficamente, relacionando-se as taxas de juros ou de retorno ao prazo de vencimento. O gráfico
resultante é denominado curva de taxas de juros.

Gráfico 12.1-Curvas de taxa de retorno de investimentos em títulos de dívidas

T
a
x
a A
s
d
e
j B
u
r C
o
s

Prazo de vencimento (anos)

98
Esta curva mostra o retorno esperado até o vencimento de títulos de risco semelhantes e prazos
de vencimento diferentes. O Gráfico 12.1 Mostra as três formas da curva do retorno até o
vencimento. Na maior parte das vezes, a estrutura temporal da taxa de juros é uma curva
inclinada para cima (curva ascendente), o que reflecte a expectativa de maiores taxas de juros no
futuro; com isto, há aumento da rentabilidade do título à medida que o prazo de aplicação cresce.
Ela é representada no Gráfico 12.1 pela curva A. Às vezes, ocorre uma curva horizontal de juros,
como a recta B, indicando que pode não haver diferenças entre as taxas de juros de curto prazo e
de longo prazo, reflectindo, portanto, uma expectativa estável das taxas, em que a rentabilidade é
a mesma, qualquer que seja o prazo de aplicação. A curva C apresenta uma inclinação para baixo
(curva descendente), indicando a expectativa de que as taxas de juros de curto prazo sejam
maiores do que aquelas de prazo maior.

Teorias da estrutura temporal

A estrutura temporal mais usual tem uma inclinação ascendente, que quer dizer que as taxas de
juros de longo prazo são maiores do que as taxas de curto prazo. Entretanto, às vezes, acontece o
contrário, e as taxas de juros de curto prazo são maiores do que as de longo prazo, fazendo com
que a curva da estrutura temporal fique descendente. A razão da ocorrência destas mudanças na
estrutura temporal das curvas de juros pode ser explicada por três teorias: (1) teoria das
expectativas, (2) teoria da preferência por liquidez e (3) teoria da segmentação do mercado.

Teoria das expectativas

Segundo a teoria das expectativas, as taxas de juros de longo prazo são determinadas pelos seus
níveis atuais e pelas expectativas de evolução das taxas de juros de curto prazo, podendo assim
ser utilizadas para estimar as taxas de juros de curto prazo futuras.

Isto posto, considerando:

r1 = é a taxa de juros à vista de uma obrigação com prazo de vencimento de 1 ano detida desde o
período 0 até o período 1.

r2 = é a taxa de juros à vista de uma obrigação com prazo de vencimento de 2 anos detida desde o
período 0 até o período 2.

99
r = é a taxa de juros à vista com prazo de vencimento de 1 ano estabelecida no período 1 (ela é
1 2

desconhecida no período 0).

f2 = taxa a termo. É a taxa de juros implícita para 1 ano a partir do período 1 contida na taxa de
juros à vista para 2 anos, r2.

Exemplo: Joaquim tem $1.000 disponíveis para investimento por dois anos e tem duas
alternativas de investimento: investir em uma obrigação de 1 ano à taxa à vista para 1 ano ou
investir em uma obrigação com prazo de vencimento de 2 anos. A taxa de juros à vista para 1
ano, r1, no período 0 é de 10%; a taxa de juros à vista para 2 anos, r 2, é de 11% e há uma
expectativa de que a taxa a vista para obrigações com prazo de 1 ano no período 1, 1r2, seja de
12% (é uma taxa desconhecida no momento actual (0), sendo, portanto, estimada).

Isto posto:

Temos que r1 = 10%, r2 = 11% r = 12%.


1 2

1ª alternativa: Investir em uma obrigação de 1 ano à taxa à vista para 1 ano, r 1 de 10%. Aplicar
o resultado em uma obrigação com prazo de 1 ano à taxa estimada estabelecida no ano 1, 1r2 de
11%. O resultado final desta aplicação será igual a $ 1.232.

$ 1.000 × (1 + r1) × [1 + E(1r2)]

$ 1.000 × (1 + 0,10) × (1 + 0,12) = $ 1.232.

2ª alternativa: Investir em uma obrigação com prazo de vencimento de 2 anos à taxa r2 de 11%.

Isto significa que ele irá investir à taxa de juros à vista para 2 anos, r2. No final de 2 anos, vai
receber $ 1.232, ou seja:

$ 1.000 × (1 + 0,11)2 = $1.232

Desdobramento da 2ª alternativa: Esta mesma alternativa de investimento pode ser interpretada


de outra forma:

100
Podemos entender que Joaquim está investindo por 1 ano à taxa de juros à vista r1 e, no segundo
ano, está investindo à taxa a termo f2. Esta taxa a termo representa a rentabilidade adicional que
Joaquim obtém por emprestar por 2 anos, em vez de 1 ano. Esta taxa a prazo está implícita na
taxa de juros à vista para o prazo de 2 anos.

Como consideramos que a taxa de juros à vista para o prazo de 2 anos é igual a 11%, então, a
taxa a termo f2 deve ser igual a 12%.

(1 + r2)2 = (1 + r1)(1 + f2)


(1 + 0,11)2 = ( 1 + 0,10) + (1 + f2)
(1,11)2 = 1,10 + (1 + f2)
f2 =(1,11)2 =0,12=12%
1,10

Desse resultado, podemos inferir que: fn= (1+rn)n -1


(1+rn-1)n-1

Onde, fn é a taxa a termo para o n-ésimo ano, rn é a taxa à vista para o prazo de n anos e rn-1 é a
taxa à vista para o prazo de n – 1 anos.

A taxa de juros à vista para obrigações com prazo de vencimento de 2 anos, 11%, é uma média
da taxa de juros à vista para vencimento de 1 ano, 10% e da taxa a termo de 12%.

rn= r1+f2
2
r2=0,10+0,12
2
r2 =0.11=11%

Quadro 12.1: Alternativas de investimento de Joaquim, que dispõe de $1.000


para aplicação por dois anos
1ª Estratégia: Investir em duas obrigações de 1 ano
Hoje Ano 1 Ano 2(resultado final)
$1.000 $1.000 (1 + r1) $1.000 (1+r1)(1 + 1r2)
Investir na primeira
obrigação à taxa r1 Investir na segunda
Obrigação à taxa 1r2
2ª estratégia: Investir em uma obrigação de 2 anos
Hoje Ano 1 Ano 2 (resultado final)

101
$1.000 1.000 (1 + r2)2
Investir na obrigação à taxa r1
Desdobramento da 2ª estratégia
Hoje Ano 1 Ano 2 (resultado final)

$1.000 $1.000 (1 + r1) $1.000 (1+r1)(1 + f2)


Investir no Investir no 2º ano
1 ano a r1
à taxa a termo
implícita, f2

Dadas as duas alternativas, como deveria Joaquim aplicar? Se ele for um investidor racional, é
claro que irá aplicar na alternativa que vai lhe render o maior retorno esperado.
Pela teoria das expectativas, a curva da taxa de juros depende somente das expectativas dos
participantes do mercado sobre as taxas de juros futuras. Assim, se os investidores acreditam que
as taxas de juros irão subir, a curva de rendimento será inclinada para cima. Se eles acreditam
que as taxas de juros irão cair, ela será inclinada para baixo. No primeiro caso, os investidores
não estão dispostos a comprar títulos de longo prazo, uma vez que o rendimento é menor do que
os de curto prazo. Os investidores terão melhores retornos investindo em títulos de curto prazo e
renovando o investimento no vencimento. A expectativa de queda nas taxas de juros à vista no
futuro levará os investidores a investir em títulos de longo prazo.
Na teoria da expectativa, os preços dos títulos, estabelecidos pelos investidores, são baseados
unicamente nas taxas de juros. Eles são, portanto, indiferentes ao prazo de vencimento, não
vendo os títulos de longo prazo com maior risco dos que os de curto prazo, sendo, portanto, o
risco pelo prazo de vencimento igual a zero. Então, a taxa de juros nominal sobre os títulos livre
de risco é determinada pela taxa de retorno livre de risco. Entretanto, há diferentes expectativas
com relação à inflação associada aos diferentes prazos de vencimento. Essas expectativas irão
causar variação na taxa livre de risco de acordo com o vencimento do título. Incluindo o
subscrito t, para indicar o prazo de vencimento, podemos reescrever a Equação 12.2 como se
segue:
Taxa livre de risco no período t = Taxa real de retorno + Prémio esperado pela inflação no
período t.

RFt = k* + Plt

102
Exemplo: Suponha que a taxa real seja de 2,73% e permaneça constante. Suponha também que
as taxas esperadas de inflação para os próximos três anos sejam as indicadas a seguir:

Ano Taxa de inflação anual Taxa média anual esperada de inflação


esperada (%) (%)
2008 3,0% 3%
2009 3,5% (3,0%+3,5%)/2=3,23%
2010 4% (3,0%+3,5%+4,0%)3=3,5

De acordo com estas expectativas, o seguinte padrão de taxa de juros deve existir:

Ano Taxa real de juros Prémio pela inflação Taxa nominal de juros, RFt
(1) (2) (3) = (1) + (2)
2008 2,73% 3% 5,73%
2009 2,73 % 3,25% 5,98 %
2010 2,73 % 3,5% 6,23%

Na prática, é impossível observar a taxa de inflação esperada ou a taxa real livre de risco. Porém,
se a hipótese das expectativas estiver correta, podemos encontrar, pela curva de rentabilidade, a
melhor avaliação do mercado de títulos de dívida sobre as taxas de juros futuras.

Exemplo
Suponha que os títulos do governo de 1 e 2 anos de vencimento estejam rendendo 9% e 12%
respectivamente. Com esta informação, podemos calcular a expectativa do mercado de quanto as
taxas com prazo de 1 ano renderão daqui a 1 ano.

Resposta Comentada
Como a taxa de 1 ano, r1 , é de 9%, e a taxa de 2 anos, r 2 , é de 12%, a taxa implícita para 1 ano
contida na taxa de juros à vista para 2 anos, f2 , será de 15%, como podemos verificar a seguir:

r1 = 9% r2 = 12% f2 = ?

A taxa a termo para prazo de vencimento de 1 ano a partir do período 1, pode ser encontrada pela
fórmula:

103
fn = (1+ rn)n -1
(1+ rn-1)n-1
f2 = (1+ 0,12)2 -1
(1+ 0, 09)1
f2 =(1.254) – 1 =0.151=15.15%
(1.09)

Sabemos, também, que a taxa de juros à vista para obrigações com prazo de vencimento de 2
anos é a média da taxa de juros à vista para vencimento de 1 ano e da taxa a termo. Ou seja

r2 =r1 +r2
2
Entao
0.12=0.09+f2
2
0.12x2 = 0.09xf2
f2 = 0, 24- 0, 09
f2 = 0,15= 15%

A taxa de juros com prazo de vencimento de 1 ano esperada para o Segundo ano a partir de
agora, f2 , é de 15%. Empiricamente, a teoria das expectativas é mais importante.

5.3 Teoria da preferência por liquidez


Pela teoria da preferência por liquidez, os títulos de dívida de longo prazo têm um retorno maior
do que os títulos de curto prazo. Isto deve ocorrer por duas razões:
1. Os investidores normalmente aceitam um menor retorno por investimentos em títulos de curto
prazo. Isto ocorre por que o risco dos títulos de curto prazo é menor do que os dos títulos de
longo prazo, considerando a sua maior liquidez, já que podem ser convertidos em dinheiro com
menos perigo de perda do principal. Além disso, a volatilidade no valor do título de curto prazo é
menor que a volatilidade do de longo prazo, visto que os seus preços são menos sensíveis às
oscilações das taxas de juros.

104
2. Os demandadores de fundos, na outra ponta, geralmente preferem dívida de longo prazo. Por
isto, estão dispostos a pagar taxas mais altas por financiamentos de longo prazo, pois isto reduz o
risco de, em condições adversas, ter de renovar dívidas de curto prazo a um custo desconhecido.
A preferência dos fornecedores e tomadores de fundos faz com que as taxas de curto prazo sejam
menores que as taxas de longo prazo. A introdução do prémio de liquidez e do prémio pelo risco
do vencimento para títulos de longo prazo faz com que a curva de rendimento tenha uma
inclinação ascendente.

5.4 Teoria da segmentação de Mercado


A teoria da segmentação de mercado é a terceira explicação para as formas da curva de
rendimento. Esta teoria estabelece que o mercado de empréstimos tem segmentos específicos,
com base nos prazos de vencimentos. Nestes segmentos específicos, os credores e investidores
concentram suas transacções, negociando com estruturas de prazo de acordo com seu
planeamento de caixa. Como a curva de rendimentos é segmentada em mercados distintos, a
oferta e a demanda dentro de cada segmento determina a sua taxa de juros prevalecente. A forma
da curva de rendimento é determinada pela mudança na relação oferta/demanda em um desses
segmentos de mercado.

Exemplo
Considere que as taxas de juros sobre títulos do Tesouro com prazo de vencimento de 1 ano
estão actualmente em 7%, enquanto títulos do Tesouro com prazo de vencimento de 2 anos estão
rendendo 8,5%. Se a teoria das expectativas puras está correta, qual será a expectativa dos
investidores quanto ao rendimento daqui a 1 ano sobre os títulos de 1 ano?
Resposta Comentada
Sendo a taxa de 1 ano, r1, de 7,0%, e a taxa de 2 anos, r2, de 8,5%, a taxa a vista esperada para o
segundo ano, f2, será de 10%:
r2 = r1 + r 2
2

0.085= 0.07+f2
2

105
0.085x2=0.07xf2
f2= 0,17 - 0, 07
f2= 0.10=10%
O rendimento de 1 ano esperado para o segundo ano a partir de agora, f2 , é de 10%.

5.5 Avaliação Das Obrigações


Fundamentos da avaliação
Como já foi dito anteriormente, o valor de qualquer activo é simplesmente o valor presente dos
benefícios futuros esperados deste activo. Podemos, portanto, encontrar o valor de qualquer
activo, descontando os fluxos de caixa que se espera receber durante o período analisado, por
uma taxa de desconto, que é o retorno exigido desse activo.
A equação geral para encontrar o valor de qualquer activo é:

V0 = FC1 + FC1 …+ FCn


(1+K)1 (1+K)2 (1+K)n

onde:
V0 = valor do activo na data zero
FCt = fluxo de caixa esperado no final do ano t
k = taxa de retorno exigido
n = período avaliado

Por essa fórmula, podemos observar que três dados são fundamentais no processo de avaliação:
os fluxos de caixa (que são os benefícios), as datas (épocas) de ocorrência desses fluxos de caixa
e o risco associado com a ocorrência desses fluxos, que determina o retorno exigido.

Avaliação de uma obrigação


A partir da equação geral, podemos avaliar uma obrigação, começando pela descrição de suas
características básicas, calculando a seguir o seu valor via fluxo de caixa descontado.
Características
Uma obrigação, normalmente, é um empréstimo com pagamento de juros periódicos e reembolso
do principal no término do empréstimo.
Exemplo: Tudocapta S.A. emitiu, em 1º de Janeiro de 2008, títulos de dívida de dez anos, cupom
de 12% e valor de face de $ 1.000. Os juros são pagos anualmente.
Em nosso exemplo, temos:

106
Taxa de cupom de 12% – que é a taxa de juros declarada no título. Os cupons são os pagamentos
de juros que o credor promete fazer periodicamente; no nosso exemplo, $ 120 (= $ 1.000 × 0,12)
por ano. Valor de face de $ 1.000 é o preço do título, ou seja, montante que será pago no final do
empréstimo.
Prazo de vencimento de 10 anos – que é o número de anos até que o título de dívida seja pago.
Lembre-se de que valor de face é também chamado valor nominal, valor de resgate e valor ao par
(neste caso, quando o valor nominal é igual ao valor de venda).
O diagrama do fluxo de caixa desse título é:

0 1 2 3 … 10

120 120 120 … 120 Cupom


1000 Valor da face
O valor de um título (obrigação) é o valor presente dos pagamentos que seu emitente está
contratualmente obrigado a fazer do momento da avaliação até a data de vencimento. Então, o
valor do título do Tudocapta pode ser calculado como a seguir:
Bo = 120 + 120 + … + 120 + 1000
(1+kd) (1+kd)
1 2
(1+kd) 10
(1+kd)10
taxa de desconto é a taxa de retorno que o mercado exige para investir no título de dívida de
acordo com o seu risco. É representado por kd. Supondo que a taxa de retorno exigida seja igual à
taxa de cupom de 12%, o valor do título da Tudocapta é:

Bo = 120 + 120 + … + 120 + 1000


(1+kd)1 (1+kd)2 (1+kd)10 (1+kd)10

Bo =1000

A equação do modelo básico do valor de um título de dívida é:


n

B0 = J x ∑ 1 +Mx 1
t=1
(1+kd)1 (1+kd)n

Dessa equação geral, podemos reescrever:

B0 = J x 1- [1/(1+kd)n] B0 = J x FJVPAkd,t + M x FJVPkd,n


Kd
Podemos calcular o valor da obrigação utilizando as equações acima:

107
Primeira Fórmula

BO = 120 x 1-[1/(1+0.12)10] + 1000 x 1/(1+0.12)10


0.12
B0 = 120 x 1- 0.321973 + 321, 973
0.12
B0 = 120 x (0, 678027/0,12) + 321, 9732
B0 = 120 x 5, 650223 + 321, 9732
B0 = 678, 0268 + $ 321, 9732 = 1.000

Segunda fórmula
B0 = J x FJVPA12%,10 + M x FJVP12%,10
B0 = 120 x 5,650 + 1000 + 0.322
B0 = 678 + 322 = 1000

A obrigação vale $ 1.000, que é exactamente o seu valor de face. Isto ocorreu porque a taxa de
juros declarada no cupom, 10%, é igual à taxa de retorno exigida.

Comportamento do valor do título de dívida


Na realidade, o valor de face de um título de dívida raramente é igual ao seu valor de mercado.
Factores tais como retorno exigido e prazo de vencimento têm influência sobre o valor de uma
obrigação.

Retornos exigidos e valor da obrigação


Toda vez que a taxa de retorno exigido é diferente da taxa de juros de cupom, o valor do título é
diferente do seu valor nominal. Para exemplificar o efeito da mudança nas taxas de retorno
exigido no valor do título, vamos supor que a taxa de retorno exigida seja de 10%.
Calculando o seu valor pela segunda fórmula e as tabelas financeiras acima, temos:

B0 = J x FJVPA10%,10 + M x FJVP10%,10
B0 = 120 x 6,144 + 1000 x 0.386
B0 = 737 + 386 = 1123

O valor do título de dívida é agora de, aproximadamente, $ 1.123; isto ocorre porque a taxa de
juros declarada no cupom, 12%, é maior que a taxa de retorno exigida, 10%. Isto quer dizer que a
obrigação está rendendo mais que a taxa do título que está sendo negociado no mercado com
igual risco, e os investidores estão dispostos a pagar um pouco mais para conseguir esse cupom a

108
mais. Neste caso, o título deverá estar sendo negociado com prémio ou ágio, cujo valor é a
diferença entre o valor de mercado e o valor nominal.
Prémio = Valor de mercado - Valor nominal
Prémio = 1123 – $ 1.000 = 123.

Vamos considerar, agora, que o retorno exigido seja de 13%, maior que a taxa de juros declarada
no cupom, 12%. Com isto, o preço do título é igual a aproximadamente $ 946:

B0 = J x FJVPA13%,10 + M x FJVP13%,10
B0 = 120 x 5,426 + 1000 x 0.295
B0 = 651 + 295 = 946

O título agora está sendo negociado por aproximadamente 946, que é menor do que o seu valor
de face de $ 1.000. Isto acontece porque a taxa de retorno exigida é menor que a taxa de cupom;
como este título está rendendo menos que os títulos negociados no mercado de igual risco, os
investidores estão dispostos a pagar por ele menos que o seu valor nominal de 1.000.
Como ele está sendo negociado por menos que o seu valor nominal, diz-se que ele está sendo
vendido com desconto ou deságio. No caso em questão, o deságio é de 54.

Desconto = Valor nominal – Valor de mercado


Desconto = 1.000 – 946 = 54.

TEMA-VI VALOR DAS ACÇÕES

6.1 Avaliação de Acções Ordinárias e Preferenciais


Vamos considerar nesta aula que o mercado é eficiente, e que, a cada instante, todas as acções de
risco semelhante são avaliadas de forma que o retorno esperado seja igual ao exigido. Mercado
eficiente é a suposição da eficiência do mercado no qual são negociados os títulos, em que todos
os investidores têm a mesma informação e expectativa sobre os títulos, em que todos os
investidores são racionais e encaram os títulos de maneira semelhante, em que não há restrição
sobre investimentos, não há impostos nem custos de transacção e em que nenhum dos
investidores é suficientemente grande para afectar significativamente o mercado.
Com a consideração do mercado eficiente, o mercado de acções está em equilíbrio, com preços
justos, o que significa que os retornos esperados são iguais aos exigidos. Os preços das acções

109
reagem rapidamente a novas informações e reflectem as informações publicamente disponíveis
sobre determinada empresa e sobre suas acções. Com os preços das acções sendo determinados
de maneira justa e completa, os investidores não precisam procurar por acções incorrectamente
avaliadas para tirar proveito disso.
O retorno percentual sobre o investimento de um accionista pode ser dividido em duas partes:
dividendos recebidos, que são o retorno corrente; ganho de capital, que é a valorização do preço
da acção. Então, considerando o período de um ano, o retorno de uma acção ordinária é igual à
soma dos dividendos esperados, acrescida ou reduzida de qualquer ganho ou perda de capital,
dividido pelo preço de aquisição da empresa:
Ŝ = D1 +P1 – P0
P1
Onde,

Ŝ = retorno esperado da acção


P0 = preço actual da acção
P1 = preço esperado da acção ao final de um ano
D1 = dividendo esperado por acção

Por exemplo, suponha que as acções da Dermadus S. A. estejam sendo vendidas, actualmente,
por $ 100, cada uma. Há uma expectativa de que haverá, para o próximo ano, distribuição de
dividendos no valor de $ 8 por acção. Também se espera que as acções da Dermadus sejam
negociadas por $ 105, cada uma, ao final de um ano. O retorno esperado pelos accionistas será,
portanto, de 13%:
Ŝ = $ 8 + $ 105 100 = 0,13 = 13%
$100

O investidor espera, assim, um retorno de 13%. Se conhecermos as expectativas dos investidores


com relação aos dividendos, aos preços e ao retorno exigido, S s, também podemos estimar o
preço actual de uma acção:
P 0 = D 1 + P1
1+Ss

Retorno exigido, Ss, é o retorno especificado pelos investidores, a cada período, para um dado
nível de risco. É a taxa mínima de retorno de uma acção ordinária que um accionista considera
aceitável.

110
Considerando os dados anteriores da Dermadus S. A., e considerando que o retorno exigido para
acções de risco semelhante ao da Dermadus seja de 13%, aplicando a fórmula acima, temos que
o preço actual da acção da empresa deverá ser igual a $ 100.

P0 = $ 8+$ 105 = $ 100


1,13

Entretanto, o preço de venda que o actual investidor receberá vai depender dos dividendos
esperados pelos futuros investidores. Neste exemplo, vamos considerar que $ 100 é o preço
correto, porque estamos supondo que o mercado é eficiente. Com isso, nenhum outro preço
poderia vigorar no mercado por muito tempo. Se o P0 fosse superior a $ 100, a taxa de retorno
esperada das acções da Dermadus seria menor que a taxa de retorno exigida para acções de risco
semelhante (Ŝ < Ss) e, então, os investidores venderiam as acções da Dermadus e aplicariam os
recursos em outros títulos, o que provocaria a queda do preço das acções da Dermadus. Esta
queda, supondo-se que não haja nenhuma mudança nos benefícios esperados, causa uma
elevação do retorno esperado ao nível do retorno exigido.
Se P0 fosse menor que $ 100, o processo seria inverso. As acções da Dermadus estariam
oferecendo um retorno superior ao retorno de outras acções de risco equivalente (Ŝ > Ss). Se o
retorno esperado fosse superior ao retorno exigido, os investidores comprariam o activo,
causando o aumento de seu preço e a diminuição de seu retorno esperado ao ponto em que se
iguala ao retorno exigido.

6.2 Avaliação de Acções Ordinárias


A acção de uma empresa representa uma fracção de seu capital social. Constitui um tipo de
investimento denominado de Risco. Basicamente, a lucratividade de uma acção depende dos
dividendos recebidos (parcela do lucro distribuído aos accionistas), de outros eventuais ganhos,
do preço futuro de venda da acção e do preço pago por ela.

Do que depende o preço de venda? Dos dividendos pagos. Os modelos que procuram avaliar as
acções geralmente se baseiam nos dividendos esperados. Desta forma, define-se o Valor Teórico
de uma acção o valor presente dos dividendos esperados, calculado com base em uma taxa
compatível com o risco do investimento realizado.

111
O preço com que uma acção é negociada no mercado é chamado de Cotação ou Valor de Mercado. Em
um mercado pulverizado, em que todos têm acesso a informações relevantes, o preço de mercado tende a
acompanhar o seu valor teórico. Assim, um dos problemas com que se depara o analista do mercado de
acções consiste em obter seu valor teórico e tentar encontrar acções cujas cotações estejam abaixo dos
seus valores teóricos.

Modelo com Dividendos Esperados Constantes

É o caso onde se admite que D1= D2= ...= D

D D D D

0 1 2 3 n

Chamando de P0 o valor teórico, k a taxa de juros considerada, e D = D1= D2= ..., teremos que
P0é o valor actual de uma sequência uniforme infinita,
P0 = D
k

Exemplo: A acção de uma empresa tem dividendos esperados de $2,00 por ano, começando
daqui a um ano. Sabendo-se que o valor de risco do investimento compatível com uma taxa de
juros de 10%a.a.,qual o valor teórico da acção?
D=2; k= 10%
P0 = 2/0,10=20

Modelo de Gordon (Crescimento Constante)


Neste modelo, admite-se que os dividendos cresçam a uma taxa percentual g constante em
termos reais.
D2 = D1 (1+g)
D3 = D2 (1+g) = D1 (1+g)2
D4 = D3 (1+g) = D1 (1+g)3

Assim, chamando de P0 o valor teórico, e de k a taxa utilizada, teremos:


P0 = D1 + D1 (1+g) + D1 (1+g)2 + …
(1+k) (1+k)2 (1+k)3

112
P 0 = D1 1 + (1+g) + (1+g)2 + …
(1+k) (1+k) (1+k)2

Esta expressão é a soma dos termos de uma progressão geométrica (PG) cujo primeiro termo (a1)
é igual a 1 e a razão vale
q = 1+g
1+k
A soma dos termos de uma PG infinita, onde a razão está entre 0 e 1 vale
S = a1
1-q
Desta forma,

S = 1/ [1-(1+g)/(1+k)]
S = 1+k
1+g
Assim
P0 = D1 x [(1+k)/(1+g)]
(1+k)
P 0 = D1
(k-g)

Exemplo:
Estima-se que os dividendos anuais proporcionados por uma acção cresçam a uma taxa real
constante de 2%a.a. Admitindo-se que o valor esperado do próximo dividendo seja $5,00 daqui a
um ano, obtenha o valor teórico da acção, sabendo-se que o risco do investimento é compatível
com uma taxa real de 10% a.a.
Temos:
g = 2% a.a D1 = 5 k = 10% a.a.
Logo
P0 = 5/(0,10-0,02)
P0 = 62,50

Observações:
Usualmente, o valor da taxa k é obtido utilizando-se o modelo CAPM (Capital Asset Pricing
Model). A taxa real de crescimento pode ser estimada estatisticamente por meio dos valores
históricos dos dividendos, expressos em termos reais

113
Modelo CAPM
Willian Sharpe e John Lintner (início dos anos 60)

ß = Ri - Rf
Rm - Rf
Ri Taxa de Retorno do Investimento
Rf Taxa de Retorno de um Investimento Livre de Risco
Rm Taxa Média de retorno do Mercado

Avaliação de Acções Preferenciais


Acções preferenciais são títulos híbridos, uma vez que são semelhantes aos títulos de dívida de
longo prazo em alguns aspectos e às acções ordinárias em outros. São semelhantes a títulos de
dívida, uma vez que têm valor nominal e dividendo fixo ou mínimo declarado, os quais devem
ser pagos antes do pagamento dos dividendos relativos às acções ordinárias. Entretanto, se a
empresa não pagar dividendos preferenciais, não será declarada insolvente, como ocorre com o
não-pagamento de juros. As acções preferências, como as ordinárias, não têm prazo de
vencimento. Se os pagamentos de dividendos são para sempre, a emissão de acção preferencial é
uma perpetuidade, cujo valor é encontrado pela fórmula a seguir:
P p = Dp
kp

Onde
Pp = valor da acção preferencial
Dp = dividendo preferencial
kp = taxa de retorno exigida

O dividendo preferencial pode ser declarado em unidades monetárias ou em percentual. Quando


são declarados em unidades monetárias, a acção é frequentemente denominada “acção
preferencial com dividendos de x unidades monetárias ao ano”. Assim sendo, espera-se que uma
acção preferencial com dividendo de $ 3 pague aos accionistas $ 3 de dividendos, por acção, por
ano.
Quando os dividendos das acções preferenciais são declarados como uma taxa percentual anual,
essa taxa representa um percentual do valor nominal (ou de face) das acções, valor que se iguala
aos dividendos anuais. Dessa forma, uma acção preferencial de 4%, com um valor nominal de $
40,50, deverá pagar um dividendo anual de $ 1,62 (0,04 x $ 40,50 nominal = $ 1,62).
114
Exemplo
Qual o valor da ação preferencial da Qualisol S. A., que paga dividendo de $ 10 por ano, e a taxa
de retorno exigida é de 10%?
Resposta Comentada
Dp =$ 10 kp = 0,10

Aplicando a fórmula acima, temos:


P p = Dp PP = $ 10,00 = $ 100,00
kp 0,10

O valor da ação preferencial é igual a $ 100,00.

CONCLUSÃO
Como o objectivo do administrador financeiro é maximizar o valor da acção, é importante
verificar como se determina o preço e/ou o valor de uma acção, para que se possa tomar as
decisões financeiras adequadas.
O risco, reflectido pelo retorno exigido, ss, é o retorno expresso pelo dividendo ou pela taxa de
crescimento, ou por ambos; são variáveis básicas na avaliação das acções. Além do risco e do
retorno exigido, o valor do dinheiro no tempo é também um elemento básico na avaliação. O
valor presente dos dividendos ou dos fluxos de caixa estima o valor de mercado, que pode variar
de acordo com as expectativas; por isto, o investidor não pode saber o valor de Mercado
enquanto uma transacção não ocorrer de fato.

Exercícios
1- Quanto um investidor deveria pagar pela acção ordinária de uma empresa com taxa de
crescimento zero e dividendos anuais de $ 4, se ele quisesse retorno de 12% sobre seu
investimento?
Resposta Comentada
Esta é uma acção com crescimento nulo, portanto, devemos utilizar o modelo de avaliação de
acções de crescimento nulo, que é: PO = D1 Utilizando os dados dos problemas, temos:
ss
PO = $ 4 = $ 33, 33

115
0,12

O analista deveria pagar aproximadamente $ 33,33 por acção.

2-A Paracruz S. A. tem acções preferenciais de 10%, que foram vendidas pelo valor nominal de
$ 87. Se a taxa de retorno exigida sobre essa acção é de 8%, qual deve ser o seu valor de
mercado?
Resposta Comentada
O primeiro passo para se encontrar esse valor de mercado é calcular o montante anual, em
dinheiro, dos dividendos preferenciais, já que o dividendo é declarado como uma percentagem
do valor nominal da acção, $ 87. Então:

Dividendo anual = 0,10 x $ 87 = $ 8,70


Substituindo o dividendo anual, Dp , de $ 8,70 e o retorno exigido, k p, de 8% na equação,
chegamos ao que deve ser o valor de mercado da acção preferencial:
Pp = $ 8,70 = $108,75
0,08

O valor de mercado da acção preferencial da Paracruz S. A. será de $ 108,75.

3. A Cia. ABC tem uma emissão de acções preferenciais que pagam dividendos anuais de $ 5.
Estima-se que a taxa de retorno exigida das acções preferenciais seja de 13%. Isto posto, qual o
valor da acção preferencial?

Dp = $ 5 kp = 13%

Aplicando a fórmula, temos:

P p = Dp PP = $ 5 = $ 38,46
kp 0,13

O valor da acção preferencial é igual a $ 38,46.

Bibliografia

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E Prática. 9. Ed. Atlas; São Paulo.

116
 Menezes, H.C. (2001). Princípios de gestão financeira (8ª. ed.). Lisboa, Portugal:
Editorial Presença
 Neto,A. A. (2006),Finanças Corporativas E Valor. 2. Ed. São Paulo: Atlas,
 Viegas, A. L.C.; Cruz, M.A. (2009) Fundamentos de Financas, volume 2; Fundacao
CICERJ; Rio de Janeiro- Brasil.
 Weston J. F.; Brighan, E. F. (2000), Fundamentos Da Administração Financeira. 10.Ed.
Makron Books;São Paulo.

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